Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                
Skip to main content
Esse artigo toma a caracterização de Lévi-Strauss das "sociedades frias" como inspiração para discutir o regime de historicidade karajá, um povo do Brasil Central. Sua mitologia narra um tempo da criação, onde diversos aspectos do mundo... more
Esse artigo toma a caracterização de Lévi-Strauss das "sociedades frias" como inspiração para discutir o regime de historicidade karajá, um povo do Brasil Central. Sua mitologia narra um tempo da criação, onde diversos aspectos do mundo são criados e a humanidade adquire os conhecimentos que hoje a caracterizam enquanto tal. Já a ação no mundo atual não é criadora: antes, as ações fazem aparecer formas que já estavam lá, desde o princípio, pois inscritas pelo mito. Dessa maneira, as ações atuais fazem aparecer ou uma continuidade em relação aos tempos antigos, pois elicitam os mesmos nexos relacionais, ou uma ruptura marcada para com "a cultura". Em um caso como no outro, o que é colocado em evidência é a potência "fria" de seu regime de historicidade, ou seu caráter contrahistórico. Para dar conta desse regime, escapando da ideia de história formulada em termos de mudança e continuidade, argumento que é preciso separar o problema da história do problema do tempo.
Os dados do censo do IBGE de 2000 chamaram atenção, dentre outras questões, para o volume da população autodeclarada indígena que se encontrava em "situação de domicílio" urbana (38,5%). Por um lado, esses números são mais efeito do... more
Os dados do censo do IBGE de 2000 chamaram atenção, dentre outras questões, para o volume da população autodeclarada indígena que se encontrava em "situação de domicílio" urbana (38,5%). Por um lado, esses números são mais efeito do momento histórico que indicativos de uma mudança de situação: a presença indígena nas cidades brasileiras não é, certamente, recente. Mas, por outro, eles não dizem muito, pois tomam como dado o que seria uma "situação de domicílio urbana". Ou, para fugir dos termos técnicos, eles tomam como dado o que seria uma cidade. E o que é, afinal, uma cidade? E o que é uma cidade do ponto de vista indígena? Ou então, no que precisamente uma cidade difere de uma aldeia e vice-versa? É sobre algumas dessas questões que esse texto se debruça. Tomando o caso de algumas aldeias karajá como foco de análise, gostaria de evidenciar não apenas a perspectiva desse grupo específico sobre o espaço urbano, como também a maneira como são confrontados pelos entendimentos e práticas dos brancos vizinhos. As cidades à beira do rio Araguaia surgiram, quase sem exceção, sobre sítios de ocupação karajá e, por isso, são entendidas pelos índios como estando dentro de seu território; ao mesmo tempo, elas são um limite para eles, criando constrangimentos de naturezas diversas. A convivência de índios e regionais tensiona diferentes modos de habitar e produzir lugares. Mais, porém, que dar conta dessa diferença, o que gostaria de fazer nesse texto é apontar como se trata, com efeito, de uma tensão; se há confluências, ainda que equívocas, mesmo essas são assimétricas. P A L A V R A S-C H A V E Índios em cidade. Inỹ-Karajá. Conflito. Território.
Resumo Esse artigo se propõe a analisar as conjunções e disjunções entre os Karajá e os ixỹju, povos "estrangeiros". Começo analisando a mitologia karajá para mostrar como o surgimento da humanidade é narrado como uma alter-constituição,... more
Resumo Esse artigo se propõe a analisar as conjunções e disjunções entre os Karajá e os ixỹju, povos "estrangeiros". Começo analisando a mitologia karajá para mostrar como o surgimento da humanidade é narrado como uma alter-constituição, isto é, a maneira como a condição inỹ fez-se a partir de Outros. Analiso, então, o nexo entre inỹ e ixỹju estabelecido pelo conceito de ixỹ, argumentando que, remetendo à produção de parentesco territorialmente situada, ele a um só tempo conecta e separa humanos verdadeiros e estrangeiros. Por fim, retraço brevemente as histórias de guerra e paz entre os Karajá e seus vizinhos para, depois, explorar algumas consequências da incorporação de pessoas (corpos), cantos e espíritos inimigos. O trajeto até os espíritos ixỹju é proposital, pois interessa notar, mais ou outra coisa que a origem Outra da humanidade, a 'vertigem Outra' que caracteriza certos aspectos de sua vida atual, sobretudo no que diz respeito ao ritual. Palavras-chave: Inỹ-Karajá; mitologia; história; guerra; ritual. Abstract The aim of this paper is to provide an analysis of the conjunctions and disjunctions between the Central Brazilian Karajá and the ixỹju, "foreign" peoples. I begin analyzing karajá mythology in order to show that humanity's origin is narrated as a process of alter-constitution, that is, the manner in which inỹ condition was made out of Others. R@U, 11 (2), jul./dez. 2019: 196-225.
Research Interests:
Research Interests:
Os Karajá, Javaé e Ixỹbiòwa são três grupos indígenas que habitam a calha do rio Araguaia. Todos falam variantes de uma mesma língua (família Karajá, tronco Macro-Jê) e utilizam o mesmo termo de autodesignação: inỹ. As inúmeras... more
Os Karajá, Javaé e Ixỹbiòwa são três grupos indígenas que habitam a calha do rio Araguaia. Todos falam variantes de uma mesma língua (família Karajá, tronco Macro-Jê) e utilizam o mesmo termo de autodesignação: inỹ. As inúmeras similaridades entre eles tornam evidente que fazem parte de um mesmo conjunto. Por muito tempo, com efeito, os Javaé e Ixỹbiòwa foram tratados como “subgrupos” karajá, ao lado dos “karajá propriamente ditos”. A predominância desse modelo hierárquico, entretanto, acabou por eclipsar muitas das diferenças entre os três grupos. Esse texto trata das narrativas karajá sobre a origem e a diferenciação da humanidade inỹ, procurando extrair daí um modelo alternativo para pensar a relação entre os três grupos que fuja tanto de um esquema hierárquico (três “subgrupos karajá”), quanto de uma segmentação dura entre “três grupos distintos”; pois há, entre Karajá, Javaé e Ixỹbiòwa, não apenas diferenciações, como também identificações. O que a mitologia aqui tratada evidencia é que, desde o surgimento mesmo da humanidade, não há mais que uma polaridade elementar, aquela entre Eu e Outro, a emergir no seio de uma unidade aparente e replicando-se a cada novo nível de contraste, ou em cada nova “unidade”.
Essa tese trata da transformação no e do universo inỹ por meio do intercruzamento de dois contrastes, quais sejam, aquele entre o espaço residencial feminino (ixỹ) e o pátio ritual masculino (ijoina), e aquele entre o “tempo dos antigos”... more
Essa tese trata da transformação no e do universo inỹ por meio do intercruzamento de dois contrastes, quais sejam, aquele entre o espaço residencial feminino (ixỹ) e o pátio ritual masculino (ijoina), e aquele entre o “tempo dos antigos” e o “tempo do pessoal de hoje”. Guiado pelo primeiro contraste, desenvolvo uma etnografia sobre produção de parentesco – que tem lugar fundamentalmente no espaço residencial – e transformação ritual masculina como modos de ações voltados em sentidos opostos.  A partir desse material, apresento uma série de elementos que apontam para uma associação entre feminino e humanidade, de um lado, e masculino e alteridade, de outro. O segundo contraste se faz presente ao longo de todo o texto e, em alguns lugares, experimento com certas possibilidades de transformação estrutural que alguns de seus elementos específicos colocam – como entre aldeias circulares (jê-bororo) e lineares (Inỹ), e do “virar branco” como uma transformação análoga àquela que, para uma pessoa viva, a morte implica.
Research Interests:
Research Interests:
GEDELLI/UFMT. Esta obra reúne algumas das contribuições apresentadas durante o IX Encontro Macro-Jê, o qual foi realizado na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia, em Barra do Garças - MT, de 20 a 22 de... more
GEDELLI/UFMT.

Esta obra reúne algumas das contribuições apresentadas durante o IX Encontro Macro-Jê, o qual foi realizado na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia, em Barra do Garças -
MT, de 20 a 22 de junho de 2018.

Organização: Maxwell Miranda, Águeda Aparecida da Cruz Borges, Áurea Cavalcante Santana, Suseile Andrade Sousa.

Outras autoras e autores não referenciados no Academia.edu: Damaris Kaninsanh Felisbino, Eliseu Waduipi Tsipré, Fábia Fulni-ô, Maria Elisa Martins Ladeira, Mário André Coelho da Silva, Mirelly Paolla Borges de Carvalho.
Edição completa do dossiê publicado da Revista R@U.