Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                
Skip to main content
O objetivo desta tese é analisar as manifestações discursivas de sujeitos que passaram por situações em que o deslocamento era questão de sobrevivência, observando regularidades e dispersões que possam surgir a partir delas. Parte-se da... more
O objetivo desta tese é analisar as manifestações discursivas de sujeitos que passaram por situações em que o deslocamento era questão de sobrevivência, observando regularidades e dispersões que possam surgir a partir delas. Parte-se da hipótese de que as formas de nomear o humano em situação de refúgio (re)(a)presentam a não fixidez de significantes que buscam categorizar experiências e representações de identidade. A partir de dois corpora – um formado por refugiados (Haiti, Venezuela, Moçambique, Síria e Brasil) e outro por deslocados internos (Brumadinho) –, produzidos a partir de dez entrevistas semiestruturadas, em formato de áudio e seguindo as diretrizes do Comitê de Ética em Pesquisa em Ciências Humanas da Unicamp (CEP-CH/Unicamp), selecionamos 46 recortes, organizados em três capítulos-eixos de pesquisa. Inseridos na perspectiva teórico-metodológica discursivo-desconstrutiva, os resultados de análise desses recortes não só questionam a pretensa fixidez das categorias de migração, como também apontam que os processos de nomeação relativos à migração se dão como acontecimentos discursivos, evidenciando um ideal inalcançável de humano que embasa as representações de quem ou o que é estrangeiro e denunciando o caráter ficcional da cidadania. Pudemos observar que o contato com as implicações subjetivas dos participantes em seus processos de deslocamento rasga as malhas dos discursos que tentam normatizar, categorizar e limitar a experiência humana.
O objetivo do presente trabalho é analisar como se dão as representações identitárias de três mulheres que estiveram em conflito com a lei durante a adolescência, problematizando o que dizem de si e considerando o imaginário de... more
O objetivo do presente trabalho é analisar como se dão as representações identitárias de três mulheres que estiveram em conflito com a lei durante a adolescência, problematizando o que dizem de si e considerando o imaginário de adolescentes, de jovens em conflito com a lei e de mulheres na sociedade. A partir dos estudos da linguagem, buscamos problematizar como se materializam ou se (re)produzem nos dizeres das participantes, assim como em suas representações de si e do outro, discursos recorrentes em nosso sistema homogeneizante, que parece ignorar a construção de identidades como um tecido contínuo, multifacetado e inacabado. Então, a partir da perspectiva discursivo-desconstrutiva cunhada por Coracini (2003, 2007, 2010, 2012, entre outros), consideramos que falar de si permite que sejam rastreados fragmentos da constituição identitária do sujeito que se expõe ao relatar sua história (CORACINI, 2008). Ademais, partimos do pressuposto de que dizeres recorrentes no senso comum (re)produzem estigmas sobre jovens em conflito com a lei, minimizando a adolescência a uma identidade generalizante e efêmera, assim como buscando moldar e predizer o comportamento feminino. Apesar disso, fazemos a hipótese de que os dizeres (re)produzidos sobre jovens mulheres em conflito com a lei não correspondem às suas representações de si. Essa hipótese se desdobra em três perguntas: (i) quais são e como se manifestam linguisticamente as representações que essas mulheres que estiveram em conflito com a lei têm de si?; (ii) de que forma essas representações convergem e/ou divergem das narrativas autorizadas sobre os sujeitos em conflito com a lei?; e (iii) caso apareçam questões relacionadas a gênero e a raça em seus dizeres, de que modo elas interferem nas representações que as participantes têm de si? O corpus da pesquisa, coletado oralmente e posteriormente transcrito, foi produzido com seu consentimento livre e esclarecido, partindo de um roteiro semiestruturado que visou fomentar depoimentos acerca de suas vivências. Como resultado principal, temos a confirmação parcial de nossa hipótese, pois, apesar de haver interferência do imaginário do que é ser mulher, adolescente e desviante da lei em suas representações identitárias, as representações dessas mulheres por vezes (re)produzem e por vezes excedem ou extrapolam formações discursivas que silenciam e impõem verdades aos grupos dos quais fazem parte.
Neste trabalho iremos analisar duas reportagens feitas no ano de 2016, acerca de Dilma Rousseff e Marcela Temer, para observar quais performances do gênero feminino aparecem na mídia em um contexto (que interpretamos como) de golpe... more
Neste trabalho iremos analisar duas reportagens feitas no ano de 2016,
acerca de Dilma Rousseff e Marcela Temer, para observar quais performances do gênero feminino aparecem na mídia em um contexto (que interpretamos como) de golpe políticomidiático e quais são as produções de sentido que emergem desses textos em relação às
mulheres neles citadas. Ressaltamos que este artigo foi produzido em contexto de greve de estudantes, funcionários e docentes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que durou de maio a julho de 2016, sendo resultado de discussões feitas no GT: Gênero e Sexualidade, formado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) no primeiro semestre do mesmo ano, coordenado pela Profa. Dra. Isadora Lins França e pela Dra. Carolina Branco Castro Ferreira.
Partindo de uma perspectiva discursivo-desconstrutiva (CORACINI, 2007, 2010, entre outros), em nossa dissertacao de mestrado tratamos sobre a analise discursiva de dizeres de tres mulheres que estiveram em conflito com a lei durante a... more
Partindo de uma perspectiva discursivo-desconstrutiva (CORACINI, 2007, 2010, entre outros), em nossa dissertacao de mestrado tratamos sobre a analise discursiva de dizeres de tres mulheres que estiveram em conflito com a lei durante a adolescencia. O objetivo de nosso trabalho foi analisar como se deram as representacoes identitarias dessas mulheres, problematizando o que dizem de si e considerando o imaginario de adolescentes, de jovens em conflito com a lei e de mulheres na sociedade. A partir dos estudos da linguagem, buscamos problematizar como se materializam ou se (re)produzem nos dizeres das participantes, assim como em suas representacoes de si e do outro, discursos recorrentes em nosso sistema homogeneizante, que parece ignorar a construcao de identidades como um tecido continuo, multifacetado e inacabado. Quanto a metodologia, gravamos e transcrevemos as entrevistas perante assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e selecionamos os recortes que pareciam nos...
O objetivo do presente trabalho é analisar como se dão as representações identitárias de três mulheres que estiveram em conflito com a lei durante a adolescência, problematizando o que dizem de si e considerando o imaginário de... more
O objetivo do presente trabalho é analisar como se dão as representações identitárias de três mulheres que estiveram em conflito com a lei durante a adolescência, problematizando o que dizem de si e considerando o imaginário de adolescentes, de jovens em conflito com a lei e de mulheres na sociedade. A partir dos estudos da linguagem, buscamos problematizar como se materializam ou se (re)produzem nos dizeres das participantes, assim como em suas representações de si e do outro, discursos recorrentes em nosso sistema homogeneizante, que parece ignorar a construção de identidades como um tecido contínuo, multifacetado e inacabado. Então, a partir da perspectiva discursivo-desconstrutiva cunhada por Coracini (2003, 2007, 2010, 2012, entre outros), consideramos que falar de si permite que sejam rastreados fragmentos da constituição identitária do sujeito que se expõe ao relatar sua história (CORACINI, 2008). Ademais, partimos do pressuposto de que dizeres recorrentes no senso comum (re)produzem estigmas sobre jovens em conflito com a lei, minimizando a adolescência a uma identidade generalizante e efêmera, assim como buscando moldar e predizer o comportamento feminino. Apesar disso, fazemos a hipótese de que os dizeres (re)produzidos sobre jovens mulheres em conflito com a lei não correspondem às suas representações de si. Essa hipótese se desdobra em três perguntas: (i) quais são e como se manifestam linguisticamente as representações que essas mulheres que estiveram em conflito com a lei têm de si?; (ii) de que forma essas representações convergem e/ou divergem das narrativas autorizadas sobre os sujeitos em conflito com a lei?; e (iii) caso apareçam questões relacionadas a gênero e a raça em seus dizeres, de que modo elas interferem nas representações que as participantes têm de si? O corpus da pesquisa, coletado oralmente e posteriormente transcrito, foi produzido com seu consentimento livre e esclarecido, partindo de um roteiro semiestruturado que visou fomentar depoimentos acerca de suas vivências. Como resultado principal, temos a confirmação parcial de nossa hipótese, pois, apesar de haver interferência do imaginário do que é ser mulher, adolescente e desviante da lei em suas representações identitárias, as representações dessas mulheres por vezes (re)produzem e por vezes excedem ou extrapolam formações discursivas que silenciam e impõem verdades aos grupos dos quais fazem parte.
Neste trabalho iremos analisar duas reportagens feitas no ano de 2016, acerca de Dilma Rousseff e Marcela Temer, para observar quais performances do gênero feminino aparecem na mídia em um contexto (que interpretamos como) de golpe... more
Neste trabalho iremos analisar duas reportagens feitas no ano de 2016, acerca de Dilma Rousseff e Marcela Temer, para observar quais performances do gênero feminino aparecem na mídia em um contexto (que interpretamos como) de golpe políticomidiático e quais são as produções de sentido que emergem desses textos em relação às mulheres neles citadas. Ressaltamos que este artigo foi produzido em contexto de greve de estudantes, funcionários e docentes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que durou de maio a julho de 2016, sendo resultado de discussões feitas no GT: Gênero e Sexualidade, formado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) no primeiro semestre do mesmo ano, coordenado pela Profa. Dra. Isadora Lins França e pela Dra. Carolina Branco Castro Ferreira.
Neste trabalho iremos analisar duas reportagens feitas no ano de 2016, acerca de Dilma Rousseff e Marcela Temer, para observar quais performances do gênero feminino aparecem na mídia em um contexto (que interpretamos como) de golpe... more
Neste trabalho iremos analisar duas reportagens feitas no ano de 2016, acerca de Dilma Rousseff e Marcela Temer, para observar quais performances do gênero feminino aparecem na mídia em um contexto (que interpretamos como) de golpe políticomidiático e quais são as produções de sentido que emergem desses textos em relação às mulheres neles citadas. Ressaltamos que este artigo foi produzido em contexto de greve de estudantes, funcionários e docentes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que durou de maio a julho de 2016, sendo resultado de discussões feitas no GT: Gênero e Sexualidade, formado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) no primeiro semestre do mesmo ano, coordenado pela Profa. Dra. Isadora Lins França e pela Dra. Carolina Branco Castro Ferreira.
Reflexão sobre as ressignificações propostas pela ocupação das escolas públicas do estado de São Paulo, assim como sobre o redesign do ensino público proposto pelos próprios alunos.
RESUMO O objetivo deste artigo é discutir o ensino de literatura no Brasil a partir da análise do curta-metragem Meu amigo Nietzsche (2012), que representa, a nosso ver, um discurso de resistência no cenário de crise democrática em que... more
RESUMO O objetivo deste artigo é discutir o ensino de literatura no Brasil a partir da análise do curta-metragem Meu amigo Nietzsche (2012), que representa, a nosso ver, um discurso de resistência no cenário de crise democrática em que vivemos. O filme apresenta a história de Lucas, um menino da periferia de Brasília que encontra dificuldades de leitura na vida escolar e, advertido pela professora, tenta melhorar suas práticas por iniciativa própria. Ao se deparar com um exemplar de Assim falou Zaratustra (NIETZSCHE, [1883] 2011), Lucas parece desenvolver práticas de letramento crítico a partir de um processo de descoberta dos sentidos das palavras, que evoluiu para uma reflexão filosófica sobre o mundo a seu redor. Assim, a partir da análise de algumas cenas do curta-metragem, tencionamos refletir sobre a literatura e seu ensino, assim como sobre a recepção da leitura crítica em um mundo conformado. Palavras-chave: letramento crítico; meu amigo Nietzsche; ensino de literatura; leitura subjetiva. ABSTRACT This article aims to discuss literature teaching in Brazil with the analysis of the short film Meu amigo Nietzsche (2012). In our perspective, this film presents a discourse of resistance in the scenario of democratic crisis we are living. The film presents the story of Lucas, a boy from the periphery of Brasilia who has reading difficulties and, advised by the teacher, tries to improve his practices on his own. When he finds a copy of Assim falou Zaratustra (NIETZSCHE, [1883] 2011), Lucas seems to develop critical literacy practices in a process of discovering the meanings of words that evolved into a philosophical reflection on the world around him. Thus, from the analysis of a few scenes of the short film, we intend to reflect on literature and its teaching, as well as on the reception of critical reading in a conformed world.
RESUMO O objetivo deste artigo é discutir o ensino de literatura no Brasil a partir da análise do curta-metragem Meu amigo Nietzsche (2012), que representa, a nosso ver, um discurso de resistência no cenário de crise democrática em que... more
RESUMO O objetivo deste artigo é discutir o ensino de literatura no Brasil a partir da análise do curta-metragem Meu amigo Nietzsche (2012), que representa, a nosso ver, um discurso de resistência no cenário de crise democrática em que vivemos. O filme apresenta a história de Lucas, um menino da periferia de Brasília que encontra dificuldades de leitura na vida escolar e, advertido pela professora, tenta melhorar suas práticas por iniciativa própria. Ao se deparar com um exemplar de Assim falou Zaratustra (NIETZSCHE, [1883] 2011), Lucas parece desenvolver práticas de letramento crítico a partir de um processo de descoberta dos sentidos das palavras, que evoluiu para uma reflexão filosófica sobre o mundo a seu redor. Assim, a partir da análise de algumas cenas do curta-metragem, tencionamos refletir sobre a literatura e seu ensino, assim como sobre a recepção da leitura crítica em um mundo conformado.
RESUMO: O objetivo deste artigo é fazer algumas reflexões sobre a tradução como um estado permanente em que se encontra o migrante, que vive entre-línguas e entre-culturas. Aborda-se, para tanto, as práticas tradutórias como práticas do... more
RESUMO: O objetivo deste artigo é fazer algumas reflexões sobre a tradução como um estado permanente em que se encontra o migrante, que vive entre-línguas e entre-culturas. Aborda-se, para tanto, as práticas tradutórias como práticas do sujeito se inscrever em uma outra língua-cultura que não a materna. Nosso corpus se volta para os dizeres de sujeitos que passaram por situação de migração forçada e a análise que empreendemos é fundamentada principalmente na condição do migrante como sujeito traduzido, como propõe Cronin (2006) e no conceito de hos(ti)pitalidade, desenvolvido por Derrida (2000). Palavras-chave: migração, tradução, hospitalidade, subjetividade, refugiados. ABSTRACT: The goal of this article is to present considerations regarding translation as a permanent state for the migrant that lives between-languages and between-cultures. Translation practices are discussed as practices of the subject to inscribe him/herself in another language-culture that is not his/her first. The corpus is constituted by sayings of people that went through forced migration and the analysis we endeavor follows mainly the condition of the migrant as a translated being, as Cronin (2006) proposes as well as in the concept of hos(ti)pitality developed by Derrida (2000).
The goal of this article is to present considerations regarding translation as a permanent state for the migrant that lives between-languages and between-cultures. Translation practices are discussed as practices of the subject to... more
The goal of this article is to present considerations regarding translation as a permanent state for the migrant that lives between-languages and between-cultures. Translation practices are discussed as practices of the subject to inscribe him/herself in another language-culture that is not his/her first. The corpus is constituted by sayings of people that went through forced migration and the analysis we endeavor follows mainly the condition of the migrant as a translated being, as Cronin (2006) proposes as well as in the concept of hos(ti)pitality developed by Derrida (2000).
evento Lacan avec les philosophes, organizado pela UNESCO em maio 1990, este texto é a transcrição de uma comunicação de Derrida, que se deu em resposta às falas de René Major (Depuis Lacan) e de Stephen Melville (Depuis Lacan?). Seu... more
evento Lacan avec les philosophes, organizado pela UNESCO em maio 1990, este texto é a transcrição de uma comunicação de Derrida, que se deu em resposta às falas de René Major (Depuis Lacan) e de Stephen Melville (Depuis Lacan?). Seu contexto de produção se deu em uma situação polêmica em que Alain Badiou iniciou um debate sobre o lugar de Jacques Derrida depois de Lacan. O texto foi reeditado e publicado na obra de Derrida, Résistances, de la psychanalyse. Paris: éditions Galilée, 1996. Agradecemos calorosamente a Pierre Alferi por ter nos autorizado a publicação da tradução.
Publicado na Revista Arcádia, este artigo visa refletir, a partir de "Capitães da Areia" (AMADO, [1937] 2009), sobre delinquência na adolescência e o chamado "direito de morte", proposto por Foucault ([1976] 2007).
Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar uma interpretação do filme O que ficou para trás (2020), do diretor Remi Weekes, partindo não apenas da narrativa, mas também do contexto cultural e de migração forçada dos personagens... more
Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar uma interpretação do filme O que ficou para trás (2020), do diretor Remi Weekes, partindo não apenas da narrativa, mas também do contexto cultural e de migração forçada dos personagens principais, Bol e Rial Majur. Nessa história dramática de perda e solicitação de refúgio, mobilizaremos a psicanálise transcultural (MORO, 2015, BINKOWSKI; BERRIEL, 2018) enquanto discurso ou perspectiva para nos voltarmos a uma análise do que entendemos como trabalho de luto dos personagens a partir da língua-cultura dinka. Enquadrado no gênero horror, o filme nos apresenta não só a trajetória de Bol e Rial no novo país e o (des)acolhimento na Inglaterra, como também suas lutas internas com o que parece ter ficado para trás, como a tradução do título nos aponta, mas que os acompanha e se reapresenta durante toda a trama. Trabalhamos a dimensão do horror no luto via o Unheimlich freudiano e a dessubjetivação daqueles que, como Bol e Rial, arriscam-se a sobreviver inscritos em novas dimensões de alteridade e de laço social. Palavras-chave: luto; psicanálise transcultural; migração forçada.
O objetivo deste artigo é apresentar uma interpretação do filme O que ficou para trás (2020), do diretor Remi Weekes, partindo não apenas da narrativa, mas também do contexto cultural e de migração forçada dos personagens principais, Bol... more
O objetivo deste artigo é apresentar uma interpretação do filme O que ficou para trás (2020), do diretor Remi Weekes, partindo não apenas da narrativa, mas também do contexto cultural e de migração forçada dos personagens principais, Bol e Rial Majur. Nessa história dramática de perda e solicitação de refúgio, mobilizaremos a psicanálise transcultural (MORO, 2015, BINKOWSKI; BERRIEL, 2018) para nos voltarmos ao que entendemos como trabalho de luto a partir da língua-cultura dinka. Enquadrado no gênero horror, o filme nos apresenta não só a trajetória de Bol e Rial no novo país e o (não) acolhimento da Inglaterra, como também suas lutas internas com o que parece ter ficado para trás, como a tradução do título nos aponta, mas que os acompanha e se reapresenta durante toda a trama. Trabalhamos a dimensão do horror no luto via o Unheimlich freudiano e a dessubjetivação daqueles que, como Bol e Rial, arriscam-se a sobreviverem inscritos em novas dimensões de alteridade e de laço social.
Resumo: Este trabalho tem como objetivo refletir sobre as formas de nomeação dos refugiados, conforme propõe o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR ou UNHCR, em sua sigla em inglês), assim como sobre o conceito de... more
Resumo: Este trabalho tem como objetivo refletir sobre as formas de nomeação dos refugiados, conforme propõe o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR ou UNHCR, em sua sigla em inglês), assim como sobre o conceito de alienação via psicanálise no que tange a situação de sujeitos que se deslocaram forçadamente. A justificativa deste trabalho é a de que, considerando a crise diaspórica que temos acompanhando globalmente, questionamentos acerca da terminologia que abarca os grupos de sujeitos refugiados podem endossar discussões (que se mostram cada vez mais urgentes) e investigações sobre os sujeitos que estão vivendo (n)essas situações, principalmente considerando o papel fundamental da linguagem na constituição de suas representações identitárias. Ademais, para podermos melhor entender como se dão essas representações, é necessário considerarmos como os processos de alienação podem se dar na situação desses sujeitos, nas relações com o Outro durante sua trajetória. Nossa perspectiva teórica é discursivo-desconstrutiva, conforme proposta por Coracini (2007), embasando-se nos pensamentos de Michel Foucault, Jacques Derrida e Jacques Lacan, considerando seus (des)encontros teóricos. Metodologicamente, pretendemos apresentar uma análise das discussões feitas pelos principais órgãos envolvidos no auxílio a refugiados, assim como da Declaração Internacional dos Direitos Humanos, entre outros textos legais e teóricos que possam embasar nossa argumentação. Palavras-chave: análise do discurso; refugiados; psicanálise; desconstrução. Abstract: This work presents reflections upon the ways of classifying refugees, as proposed by the United Nations High Commissioner for Refugees (UNHCR), as well as on the concept of alienation via psychoanalysis whilst focusing on subjects who have been forcibly displaced. The justification for this work is that, considering the current diasporic crisis, questions about the terminology that covers the groups of refugees can endorse discussions (which are increasingly urgent) and investigations about those who are living these situations, especially considering the fundamental role of language in the constitution of their identity. In addition, in order to better understand how these representations are given, it is necessary to consider how the processes of alienation can occur, considering the relations with the Other during their trajectory. Our theoretical perspective is discursive-deconstructive, as proposed by Coracini (2007), based on the thoughts of Michel Foucault, Jacques Derrida and Jacques Lacan, considering their theoretical encounters and dispersions. Methodologically, we intend to present an analysis of the discussions made by the main institutions involved in refugee assistance, as well as the International Declaration of Human Rights, among other legal and theoretical texts that may support our argument.
Resumo: O presente artigo traz uma discussão sobre documentos oficiais que versam sobre sujeitos considerados refugiados. Para fazê-la, analisamos a partir da perspectiva discursivo-desconstrutiva (CORACINI, 2007) trechos de documentos do... more
Resumo: O presente artigo traz uma discussão sobre documentos oficiais que versam sobre sujeitos considerados refugiados. Para fazê-la, analisamos a partir da perspectiva discursivo-desconstrutiva (CORACINI, 2007) trechos de documentos do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e da Convenção de Genebra (1951). Esta proposição faz parte de nossa tese de doutorado em andamento, que se propõe a investigar representações identitárias de refugiados, assim como seus processos de luto (FREUD, [1917], 1996). Para podermos nos lançar a esse estudo, mostrou-se premente investigar o(s) limite(s) do nome "refugiado" nos discursos que efetivamente balizam suas condições de (sobre)vivência e de asilo em outros países, observando efeitos de sentido que emergem dos próprios documentos que embasam essa designação. Palavras-chave: Linguagem; Refugiado; Psicanálise. Introdução O objetivo deste artigo é iniciar uma discussão sobre os limites da nomeação de um sujeito como refugiado, questionamento que pretendemos expandir em nossa tese de doutorado. Neste texto, focamo-nos em uma análise preliminar de dois documentos que versam sobre esse tema: uma sessão do site do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR ou UNHCR, em sua sigla em inglês) e dois trechos da Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados ou Convenção de Genebra (1951). Esse artigo está relacionado à nossa tese de doutoramento por considerarmos o processo de nomeação relevante para os estudos de representações identitárias 1-foco de nossa tese. Isso, pois, antes mesmo de nascermos, somos atravessados pela linguagem e ao chegarmos ao mundo-muitas vezes, antes disso, enquanto somos "gestacionados"-nos é dado um nome. A esse ato de nomear estão implicados sentidos, expectativas e histórias que farão parte da nossa trajetória, acompanhando-nos por toda a vida (e, em alguns casos, até depois dela). Entretanto, não 1 Como abordamos em nossa dissertação de mestrado (GAMBASSI, 2018).