Although indigenous arts have always been present, with great diversity and sophistication, among... more Although indigenous arts have always been present, with great diversity and sophistication, among peoples all over the world, they only began to be included in art history and exhibited in the Western art system from the second half of the 20th century onwards. In Brazil, the process was even later, with a particular effervescence in the last ten years, with great indigenous protagonism. However, the ways of collecting and exhibiting indigenous works within the art system are complex and thorny, ranging from ethical issues to techniques for preserving things that are often made to be ephemeral. They involve ontological misunderstandings and language barriers. They encompass decisions about how to identify and contextualise exhibition elements. They require cultural translation efforts and respect for the visibility regimes specific to each object and image - what can be seen, by whom. They require rapprochement between curatorship and mediation/education. It was with these challenges in mind and the lack of forums to discuss them that we set out to bring together, in this dossier, reflections on indigenous art exhibitions and collections in/of Latin America. After all, the projects have multiplied, but the memories about them often end up being restricted to the people directly involved. We were also interested in stimulating reflections that moved between the history of art, anthropology, museology and other neighbouring disciplines, and that put side by side indigenous and non-indigenous thought. In other words, we sought to build a panoramic, interdisciplinary and, whenever possible, inter-epistemic dossier.
Embora as artes indígenas sempre tenham estado presentes, com grande diversidade e sofisticação, entre povos do mundo todo, elas só começaram a ser incluídas na história da arte, e exibidas no sistema da arte ocidental a partir da segunda metade do século XX. No Brasil, o processo foi ainda mais tardio, observando-se uma especial efervescência nos últimos dez anos, com grande protagonismo indígena. Porém, os modos de colecionar e expor obras indígenas dentro do sistema da arte são complexos e espinhosos, abrangendo desde questões éticas, até técnicas de preservação de coisas muitas vezes feitas para serem efêmeras. Passam por mal-entendidos ontológicos e por barreiras linguísticas. Abarcam decisões sobre como identificar e contextualizar os elementos da exposição. Exigem esforços de tradução cultural e respeito aos regimes de visibilidade próprios de cada objeto e imagem – o que pode ser visto, por quem. Demandam aproximações entre curadoria e mediação/educação. Foi pensando nesses desafios e na falta de fóruns de discussão sobre eles que nos propusemos a reunir, no presente dossiê, reflexões sobre exposições e coleções de artes indígenas na/da América Latina. Afinal, os projetos têm se multiplicado, contudo, as memórias sobre eles muitas vezes acabam ficando restritas às pessoas diretamente envolvidas. Interessava-nos, também, estimular reflexões que transitassem entre a história da arte, a antropologia, a museologia e outras disciplinas vizinhas, e que colocassem lado a lado o pensamento indígena e o não-indígena. Em outras palavras, procuramos construir um dossiê panorâmico, interdisciplinar e, sempre que possível, interepistêmico.
O artigo compartilha e discute experiências que vêm sendo desenvolvidas na Universidade Federal d... more O artigo compartilha e discute experiências que vêm sendo desenvolvidas na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no âmbito da Cátedra Kaapora de Conhecimentos Tradicionais e não-Hegemônicos. Criada em 2016 e vinculada à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, a Kaapora funciona como uma plataforma de diálogos entre os saberes acadêmicos e os não acadêmicos. Um de seus diferenciais é a valorização do protagonismo dos detentores de saberes e formas expressivas não-hegemônicos, assim como a abertura a suas formas próprias de construção e transmissão de conhecimento. Trata-se de um conjunto de iniciativas que combinam ensino, pesquisa e extensão, levadas a cabo por docentes e estudantes de diversos cursos e campi da Unifesp. A Cátedra Kaapora promove cursos dentro e fora da grade curricular, oficinas, palestras presenciais e remotas, visitas técnicas, levantamentos, residências artísticas e publicações – sozinha ou em parceria com outras entidades. Assim, contribui para ampliar os horizontes intelectuais, estéticos e epistemológicos dos envolvidos e para transformar a universidade em uma “pluriversidade”.
Com o intuito de contribuir para expandir os campos da Estetica e da Historia da Arte, e propondo... more Com o intuito de contribuir para expandir os campos da Estetica e da Historia da Arte, e propondo uma reflexao interdisciplinar que tem como ponto de partida a Antropologia, este texto apresenta, de modo panorâmico e introdutorio, a pintura dos povos aborigenes da Australia. Este tipo de producao artistica, bem como as politicas publicas que possibilitaram sua insercao no sistema das artes ocidental, sao ainda pouco conhecidos no Brasil, e ajudam a pensar no contexto brasileiro por meio do contraste. Destacam-se, aqui, alguns dos principais movimentos artisticos e dos mais conhecidos artistas indigenas que floresceram na Australia ao longo do seculo XX. Apontam-se tambem os ricos dialogos e as complexas tensoes que perpassam esse universo.
CARELLI, Vincent. Iauarete: cachoeira das oncas. Documentario em video. 48 minutos. Video nas Ald... more CARELLI, Vincent. Iauarete: cachoeira das oncas. Documentario em video. 48 minutos. Video nas Aldeias/IPHAN/FOIRN, 2006.
A arte contemporânea dos povos indigenas da Australia e um fenomeno sui generis e ainda pouco con... more A arte contemporânea dos povos indigenas da Australia e um fenomeno sui generis e ainda pouco conhecido no Brasil. Ancora-se em praticas e valores tradicionais, e, ao mesmo tempo, esta inserida nas instituicoes museologicas e no mercado de arte. Na Australia, sua valorizacao e institucionalizacao vem ocorrendo, gradualmente, desde os anos 1970, gracas a uma rede de apoio intersetorial e interetnica, abrangendo de orgaos publicos a cooperativas de artistas, de premios a leiloes. O reconhecimento internacional se faz igualmente notar em iniciativas como a encomenda feita a oito aborigines australianos, em 2006, para que realizassem intervencoes permanentes no edificio do Musee du Quai Branly, em Paris. Do ponto de vista formal, trata-se de uma producao muito diversificada, que pode ser dividida em movimentos ou estilos regionais, como a pintura "abstrata" de tinta acrilica sobre tela do Deserto Central, a pintura figurativa de pigmentos naturais sobre entrecasca de arvore de...
O sistema das artes vem se tornando cada vez mais internacional, com a formacao de redes e fluxos... more O sistema das artes vem se tornando cada vez mais internacional, com a formacao de redes e fluxos. Entretanto, as criacoes populares e indigenas costumam ser ignoradas ou relegadas a segundo plano. A dicotomia arte versus artesanato e uma das estrategias de hierarquizacao desse sistema. O presente artigo aborda duas maneiras pelas quais as formas expressivas dos povos indigenas vem sendo inseridas na sociedade envolvente: sua paulatina circulacao no sistema das artes e seu recente reconhecimento como patrimonio cultural. A maioria dos dados e trazida da Australia, pais em que, a partir dos anos 1970, formou-se uma rede impressionante de fomento as artes indigenas, compreendendo premiacoes, alas especiais em museus, cooperativas de artistas e galerias comerciais nas grandes cidades. Nas paginas finais sao abordados tambem exemplos brasileiros.
A Proa conversou com Sally Price, entre outros assuntos, sobre o anonimato que costuma pairar sob... more A Proa conversou com Sally Price, entre outros assuntos, sobre o anonimato que costuma pairar sobre as artes nao-ocidentais, sobre a criacao do Musee du Quai Branly, em Paris, e sobre sua longa parceria com seu marido Richard Price. Apesar de curta, a entrevista levanta questoes instigantes sobre as relacoes entre arte, Antropologia e praticas museologicas. Serve como um aperitivo para a vasta obra dessa antropologa que, alem do pensamento agudo, brinda o leitor com um estilo prazeroso e bem humorado, quase literario. (Talvez o prazer que chega aos leitores esteja relacionado, de alguma maneira, a linda vista da varanda da residencia do casal Price na Martinica, onde os dois passam metade do ano escrevendo).
Although indigenous arts have always been present, with great diversity and sophistication, among... more Although indigenous arts have always been present, with great diversity and sophistication, among peoples all over the world, they only began to be included in art history and exhibited in the Western art system from the second half of the 20th century onwards. In Brazil, the process was even later, with a particular effervescence in the last ten years, with great indigenous protagonism. However, the ways of collecting and exhibiting indigenous works within the art system are complex and thorny, ranging from ethical issues to techniques for preserving things that are often made to be ephemeral. They involve ontological misunderstandings and language barriers. They encompass decisions about how to identify and contextualise exhibition elements. They require cultural translation efforts and respect for the visibility regimes specific to each object and image - what can be seen, by whom. They require rapprochement between curatorship and mediation/education. It was with these challenges in mind and the lack of forums to discuss them that we set out to bring together, in this dossier, reflections on indigenous art exhibitions and collections in/of Latin America. After all, the projects have multiplied, but the memories about them often end up being restricted to the people directly involved. We were also interested in stimulating reflections that moved between the history of art, anthropology, museology and other neighbouring disciplines, and that put side by side indigenous and non-indigenous thought. In other words, we sought to build a panoramic, interdisciplinary and, whenever possible, inter-epistemic dossier.
Embora as artes indígenas sempre tenham estado presentes, com grande diversidade e sofisticação, entre povos do mundo todo, elas só começaram a ser incluídas na história da arte, e exibidas no sistema da arte ocidental a partir da segunda metade do século XX. No Brasil, o processo foi ainda mais tardio, observando-se uma especial efervescência nos últimos dez anos, com grande protagonismo indígena. Porém, os modos de colecionar e expor obras indígenas dentro do sistema da arte são complexos e espinhosos, abrangendo desde questões éticas, até técnicas de preservação de coisas muitas vezes feitas para serem efêmeras. Passam por mal-entendidos ontológicos e por barreiras linguísticas. Abarcam decisões sobre como identificar e contextualizar os elementos da exposição. Exigem esforços de tradução cultural e respeito aos regimes de visibilidade próprios de cada objeto e imagem – o que pode ser visto, por quem. Demandam aproximações entre curadoria e mediação/educação. Foi pensando nesses desafios e na falta de fóruns de discussão sobre eles que nos propusemos a reunir, no presente dossiê, reflexões sobre exposições e coleções de artes indígenas na/da América Latina. Afinal, os projetos têm se multiplicado, contudo, as memórias sobre eles muitas vezes acabam ficando restritas às pessoas diretamente envolvidas. Interessava-nos, também, estimular reflexões que transitassem entre a história da arte, a antropologia, a museologia e outras disciplinas vizinhas, e que colocassem lado a lado o pensamento indígena e o não-indígena. Em outras palavras, procuramos construir um dossiê panorâmico, interdisciplinar e, sempre que possível, interepistêmico.
O artigo compartilha e discute experiências que vêm sendo desenvolvidas na Universidade Federal d... more O artigo compartilha e discute experiências que vêm sendo desenvolvidas na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no âmbito da Cátedra Kaapora de Conhecimentos Tradicionais e não-Hegemônicos. Criada em 2016 e vinculada à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, a Kaapora funciona como uma plataforma de diálogos entre os saberes acadêmicos e os não acadêmicos. Um de seus diferenciais é a valorização do protagonismo dos detentores de saberes e formas expressivas não-hegemônicos, assim como a abertura a suas formas próprias de construção e transmissão de conhecimento. Trata-se de um conjunto de iniciativas que combinam ensino, pesquisa e extensão, levadas a cabo por docentes e estudantes de diversos cursos e campi da Unifesp. A Cátedra Kaapora promove cursos dentro e fora da grade curricular, oficinas, palestras presenciais e remotas, visitas técnicas, levantamentos, residências artísticas e publicações – sozinha ou em parceria com outras entidades. Assim, contribui para ampliar os horizontes intelectuais, estéticos e epistemológicos dos envolvidos e para transformar a universidade em uma “pluriversidade”.
Com o intuito de contribuir para expandir os campos da Estetica e da Historia da Arte, e propondo... more Com o intuito de contribuir para expandir os campos da Estetica e da Historia da Arte, e propondo uma reflexao interdisciplinar que tem como ponto de partida a Antropologia, este texto apresenta, de modo panorâmico e introdutorio, a pintura dos povos aborigenes da Australia. Este tipo de producao artistica, bem como as politicas publicas que possibilitaram sua insercao no sistema das artes ocidental, sao ainda pouco conhecidos no Brasil, e ajudam a pensar no contexto brasileiro por meio do contraste. Destacam-se, aqui, alguns dos principais movimentos artisticos e dos mais conhecidos artistas indigenas que floresceram na Australia ao longo do seculo XX. Apontam-se tambem os ricos dialogos e as complexas tensoes que perpassam esse universo.
CARELLI, Vincent. Iauarete: cachoeira das oncas. Documentario em video. 48 minutos. Video nas Ald... more CARELLI, Vincent. Iauarete: cachoeira das oncas. Documentario em video. 48 minutos. Video nas Aldeias/IPHAN/FOIRN, 2006.
A arte contemporânea dos povos indigenas da Australia e um fenomeno sui generis e ainda pouco con... more A arte contemporânea dos povos indigenas da Australia e um fenomeno sui generis e ainda pouco conhecido no Brasil. Ancora-se em praticas e valores tradicionais, e, ao mesmo tempo, esta inserida nas instituicoes museologicas e no mercado de arte. Na Australia, sua valorizacao e institucionalizacao vem ocorrendo, gradualmente, desde os anos 1970, gracas a uma rede de apoio intersetorial e interetnica, abrangendo de orgaos publicos a cooperativas de artistas, de premios a leiloes. O reconhecimento internacional se faz igualmente notar em iniciativas como a encomenda feita a oito aborigines australianos, em 2006, para que realizassem intervencoes permanentes no edificio do Musee du Quai Branly, em Paris. Do ponto de vista formal, trata-se de uma producao muito diversificada, que pode ser dividida em movimentos ou estilos regionais, como a pintura "abstrata" de tinta acrilica sobre tela do Deserto Central, a pintura figurativa de pigmentos naturais sobre entrecasca de arvore de...
O sistema das artes vem se tornando cada vez mais internacional, com a formacao de redes e fluxos... more O sistema das artes vem se tornando cada vez mais internacional, com a formacao de redes e fluxos. Entretanto, as criacoes populares e indigenas costumam ser ignoradas ou relegadas a segundo plano. A dicotomia arte versus artesanato e uma das estrategias de hierarquizacao desse sistema. O presente artigo aborda duas maneiras pelas quais as formas expressivas dos povos indigenas vem sendo inseridas na sociedade envolvente: sua paulatina circulacao no sistema das artes e seu recente reconhecimento como patrimonio cultural. A maioria dos dados e trazida da Australia, pais em que, a partir dos anos 1970, formou-se uma rede impressionante de fomento as artes indigenas, compreendendo premiacoes, alas especiais em museus, cooperativas de artistas e galerias comerciais nas grandes cidades. Nas paginas finais sao abordados tambem exemplos brasileiros.
A Proa conversou com Sally Price, entre outros assuntos, sobre o anonimato que costuma pairar sob... more A Proa conversou com Sally Price, entre outros assuntos, sobre o anonimato que costuma pairar sobre as artes nao-ocidentais, sobre a criacao do Musee du Quai Branly, em Paris, e sobre sua longa parceria com seu marido Richard Price. Apesar de curta, a entrevista levanta questoes instigantes sobre as relacoes entre arte, Antropologia e praticas museologicas. Serve como um aperitivo para a vasta obra dessa antropologa que, alem do pensamento agudo, brinda o leitor com um estilo prazeroso e bem humorado, quase literario. (Talvez o prazer que chega aos leitores esteja relacionado, de alguma maneira, a linda vista da varanda da residencia do casal Price na Martinica, onde os dois passam metade do ano escrevendo).
Entrevista com Benoît de L’Estoile, professor na École Normale Supérieure (Paris) feita por Eduar... more Entrevista com Benoît de L’Estoile, professor na École Normale Supérieure (Paris) feita por Eduardo Dimitrov, Ilana Seltzer Goldstein, Mariana de Campos Françozo
The chapter is part of the book "Arts in the Margins of World Encounters", edited by Willemijn de... more The chapter is part of the book "Arts in the Margins of World Encounters", edited by Willemijn de Jong, Eriko Aoki and John Clammer. It begins by presenting general information on the indigenous peoples living in Brazil today. Then, it gives an overview of their artistic forms, pointing out the singularities and, at the same time, raising issues or practices common to some of them. For example it looks at ephemerality. Most people do not keep the pieces, masks, or adornments after having used them in rituals. Out of context, they are no longer effective, valuable, or even safe. This can generate tensions when indigenous items are transformed into museum artefacts. Further the text analyses the ubiquity of graphism. The compositions are based on repetitive or alternate geometric patterns printed on different surfaces. They may serve as a code for reading social distinctions––there are specific graphisms for each phase of the life cycle or for belonging to clans and moieties; but they may also serve as a link with the world of invisible beings. The chapter also deals with the agency of images and objects, in the sense that they can act on humans and trigger effects. Moreover, synaesthesia is considered, in that several artistic languages are combined. Finally, the chapter addresses the relative invisibility of indigenous arts in Brazil, both in museums and in the art market, while at the same time signalling the emergence, in recent years, of some contemporary indigenous artists, who combine individual poetic research with political and cultural activism.
Global Art in Local Art Worlds. Changing Hierarchies of Value, 2022
Chapter integrating the volume "Global Art in Local Art Worlds. Changing Hierarchies of Value", e... more Chapter integrating the volume "Global Art in Local Art Worlds. Changing Hierarchies of Value", edited by Oscar Salemink, Amélia Siegel Corrêa, Jens Sejrup, Vibe Nielsen. My reflection, called "Indigenous protagonism and its impact on the Brazilian art system", is a dialogue with Tonny Bennett´s chapter "Re-collecting, re-classifying, re-ordering Indigenous art and the contemporary Australian art field".
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Papers by Ilana Goldstein
Embora as artes indígenas sempre tenham estado presentes, com grande diversidade e sofisticação, entre povos do mundo todo, elas só começaram a ser incluídas na história da arte, e exibidas no sistema da arte ocidental a partir da segunda metade do século XX. No Brasil, o processo foi ainda mais tardio, observando-se uma especial efervescência nos últimos dez anos, com grande protagonismo indígena. Porém, os modos de colecionar e expor obras indígenas dentro do sistema da arte são complexos e espinhosos, abrangendo desde questões éticas, até técnicas de preservação de coisas muitas vezes feitas para serem efêmeras. Passam por mal-entendidos ontológicos e por barreiras linguísticas. Abarcam decisões sobre como identificar e contextualizar os elementos da exposição. Exigem esforços de tradução cultural e respeito aos regimes de visibilidade próprios de cada objeto e imagem – o que pode ser visto, por quem. Demandam aproximações entre curadoria e mediação/educação. Foi pensando nesses desafios e na falta de fóruns de discussão sobre eles que nos propusemos a reunir, no presente dossiê, reflexões sobre exposições e coleções de artes indígenas na/da América Latina. Afinal, os projetos têm se multiplicado, contudo, as memórias sobre eles muitas vezes acabam ficando restritas às pessoas diretamente envolvidas. Interessava-nos, também, estimular reflexões que transitassem entre a história da arte, a antropologia, a museologia e outras disciplinas vizinhas, e que colocassem lado a lado o pensamento indígena e o não-indígena. Em outras palavras, procuramos construir um dossiê panorâmico, interdisciplinar e, sempre que possível, interepistêmico.
Embora as artes indígenas sempre tenham estado presentes, com grande diversidade e sofisticação, entre povos do mundo todo, elas só começaram a ser incluídas na história da arte, e exibidas no sistema da arte ocidental a partir da segunda metade do século XX. No Brasil, o processo foi ainda mais tardio, observando-se uma especial efervescência nos últimos dez anos, com grande protagonismo indígena. Porém, os modos de colecionar e expor obras indígenas dentro do sistema da arte são complexos e espinhosos, abrangendo desde questões éticas, até técnicas de preservação de coisas muitas vezes feitas para serem efêmeras. Passam por mal-entendidos ontológicos e por barreiras linguísticas. Abarcam decisões sobre como identificar e contextualizar os elementos da exposição. Exigem esforços de tradução cultural e respeito aos regimes de visibilidade próprios de cada objeto e imagem – o que pode ser visto, por quem. Demandam aproximações entre curadoria e mediação/educação. Foi pensando nesses desafios e na falta de fóruns de discussão sobre eles que nos propusemos a reunir, no presente dossiê, reflexões sobre exposições e coleções de artes indígenas na/da América Latina. Afinal, os projetos têm se multiplicado, contudo, as memórias sobre eles muitas vezes acabam ficando restritas às pessoas diretamente envolvidas. Interessava-nos, também, estimular reflexões que transitassem entre a história da arte, a antropologia, a museologia e outras disciplinas vizinhas, e que colocassem lado a lado o pensamento indígena e o não-indígena. Em outras palavras, procuramos construir um dossiê panorâmico, interdisciplinar e, sempre que possível, interepistêmico.
Indigenous art and the contemporary Australian art field".