RAZÓN Y PALABRA
Primera Revista Electrónica en Iberoamérica Especializada en Comunicación
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Jornalismo, assessoria de imprensa e as novas
diretrizes curriculares no brasil
Journalism, Media Relations and New Curriculum
Guidelines in Brazil
Cíntia Xavier
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná, Brasil
cintia_xavierpg@yahoo.com.br
Paula Melani-Rocha
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná, Brasil
paulamelani@gmail.com
Fecha de recepción: 10 de junio 2016
Fecha de recepción evaluador: 15 de junio de 2016
Fecha de recepción corrección: 10 de julio de 2016
Resumo
No momento em que os cursos de Jornalismo do Brasil estão se adequando às novas
Diretrizes Curriculares, aprovadas em setembro de 2013, se faz necessária uma reflexão
sobre a participação do jornalista nas assessorias de imprensa. O tema é pertinente, pois
temos quase 40% dos jornalistas atuando em assessorias, conforme aponta o Perfil do
Jornalista Brasileiro divulgado em 2012. O artigo discute se a formação do jornalista está
adequada à demanda de trabalho nas assessorias. A reflexão perpassa pelo conhecimento
e formação em jornalismo, conceitos de assessoria de imprensa e transformações no
mercado de trabalho. O texto traz o resultado de uma pesquisa com ex-alunos do curso
de Jornalismo da Universidade de Ponta Grossa sobre a formação e o mercado de trabalho
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e o resultado das reflexões dos professores do curso ao propor a nova disciplina para a
grade curricular implantada em 2015.
Palavras-chave: Jornalismo. Conhecimento. Formação Superior. Assessoria de
Imprensa. Diretrizes Curriculares. Mercado de Trabalho.
Resumen
En un momento en que los cursos de Periodismo en Brasil se están adaptando a las nuevas
directrices del plan de estudios, adoptado en septiembre de 2013, una reflexión sobre la
participación del periodista en gabinetes de comunicación es necesaria. El tema es
relevante porque, según el informe sobre el Perfil del Periodista Brasileño de 2012,
tenemos casi el 40% de los profesionales trabajando en gabinetes de prensa. Este artículo
analiza si la formación del periodista en la universidad es adecuada a la demanda de
trabajo en esos gabinetes. La reflexión relaciona el conocimiento y la formación en
Periodismo, así como conceptos relativos a gabinetes de comunicación y a
transformaciones en el mercado laboral. El texto presenta los resultados de una encuesta
con ex alumnos de la Universidad de Ponta Grossa sobre la formación y el mercado de
trabajo, además de las reflexiones de los docentes del curso durante la propuesta de la
nueva disciplina para el plan de estudios implantado en 2015.
Palabras clave: Periodismo. Conocimiento. Educación Superior. Gabinete de
Comunicación. Directrices Del Plan de Estudios. Mercado De Trabajo.
Abstract
The moment that journalism courses in Brazil are adapting to new curriculum guidelines,
approved in September 2013, is a reflection on the participation of the journalist in the
press offices is necessary. The issue is pertinent since we have almost 40% of journalists
working in advisors, as shown by the profile of the Brazilian Journalist released in 2012.
The article aims to discuss the formation of a journalist's right to demand work in offices.
The discussion is guided by knowledge and training in journalism, press office concepts,
and transformations in the labor market. The paper presents a theoretical discussion,
brings the result of a survey of former students of Journalism at the University of Ponta
Grossa about the job market in media relations and the result of the reflections of
professors to think for a new discipline the curriculum implemented in 2015.
Key words: Journalism, Knowledge, University Education, Press Office, Curriculum
Guidelines, Labor Market.
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Introdução
O mercado de trabalho em jornalismo não é estático, ele acompanha as
transformações do jornalismo e da própria sociedade ao longo de sua história. Na
emergência de novas mídias e com a imersão da tecnologia em todas as etapas do
processo de produção jornalística, algumas funções desapareceram, outras foram
incorporadas por diferentes postos em uma redação e novas surgiram. Jornais fecharam,
outros foram vendidos, alguns transpuseram para o universo online e nesta alternância
dos negócios, empresas de jornalismo buscam novas formas de gestão no modelo pós
industrial, consagrado pelo mundo digital e conectado. O professor José Esteves Rei, da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Portugal) ao participar de uma mesa de
debate na Universidade Fernando Pessoa defendeu que diversos fatores concorrem e se
comungam na configuração dessa crise do jornalismo e acrescentou que “é essa
multifactorialidade que lhe confere o caráter complexo, denso e resistente à análise e que
torna o estudo e a investigação tão fundamentais” (Neto, 2007, p.25). Entre as mudanças
que contribuem para tal cenário, o professor apontou:
as alterações nas redações e nas rotinas jornalísticas, nomeadamente com a
emergência e impacto da Internet;as transformações nos gêneros e formatos, com especial
incidência naquelas que o ciberjornalismo tem vindo a desenvolver; as lógicas
empresariais e dos grupos mediáticos, especialmente no respeitante às orientações
editoriais; na formação e nos papeis e identidades dos jornalistas; naquilo que Carlos
Chaparro tem vindo a designar por “revolução das fontes”, provavelmente um dos
campos mais decisivos das mudanças no campo jornalístico; e, finalmente, nos desafios
para o jornalismo e para a cidadania, decorrentes do acesso e uso de ferramentas de autoedição em rede. (Neto, 2007, p.25).
No Brasil, dados do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São
Paulo mostram alterações no perfil do mercado de trabalho nacional no período de 1995
a 2005. Enquanto em 1995, o país tinha 18.566 jornalistas registrados e os setores que
mais empregavam eram jornal e extra-redação, sendo este composto por assessorias,
produtoras e ensino superior, com a proporção de 1.996 em jornais e 1.785 em extraredação, em 2005, somavam 35.322 registros, porém o número em jornais caiu para
1.301, já em extra-redação saltou para 6.860 (Rocha; Sousa, 2008). Assim, nesses dez
anos, o aumento no número de jornalistas registrados no país foi de mais de 90%, porém
ele não ocorreu em todos os setores do mercado, se por um lado o setor extra- redação
teve um crescimento de 73,9% de profissionais atuantes, os jornais sinalizaram uma
queda de 34,8% profissionais contratados.
Pesquisa sobre o perfil do Jornalista Brasileiro1, divulgada em 2012, revela que
40% dos jornalistas atuam em assessoria de imprensa, de comunicação, ou em outras
ações que utilizam conhecimento jornalístico e que são consideradas fora da mídia (Mick,
2012). A assessoria de imprensa tem ampliado a influência que exerce dentro das
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redações. Vários aspectos se refletem para a compreensão de que há um fortalecimento
das assessorias e seus efeitos sobre as notícias publicadas nas páginas dos jornais. Entre
os fatores que contribuem para o aumento da participação das assessorias como fontes
nos jornais está a pressão com relação aos horários de fechamento dos diários e a estrutura
das redações. Tais situações são identificadas como constrangimentos organizacionais
(Soloski, 1993; Breed, 1993).
Frente à crescente participação do assessor de imprensa nas redações, da
divulgação dos releases nos produtos jornalísticos e mesmo à diversidade de sua atuação
com as redes sociais e uso da tecnologia, a presente reflexão busca abordar dois eixos
considerados relevantes para o Jornalismo. O primeiro deles, justamente, está relacionado
com a profissionalização das assessorias de imprensa e que é hoje espaço de atuação para
os jornalistas formados. O segundo deles está relacionado com as novas diretrizes
curriculares, que orientam a formação superior mais focada para o debate sobre o
Jornalismo.
A discussão se propõe em identificar a relevância que as assessorias exercem no
cotidiano das redações, quer na perspectiva da literatura existente, quer pelos resultados
das pesquisas empíricas, trazidas para o debate. Tais investigações in loco demonstram
que o trabalho (releases, sugestões de pauta, promoção de eventos) realizado pelas
assessorias tem sido aceito, reconhecido e utilizado pelos jornalistas e pelos jornais. Os
releases chegam como sugestão de pauta e de fonte, mas muitas vezes servem como
material "pronto" que vai para as páginas do jornal, sem alterações.
O segundo aspecto abordado diz respeito a alguns itens que constam das diretrizes
curriculares. Em especial a caracterização da formação específica em Jornalismo, dando
conta das particularidades e desafios propostos pela sociedade contemporânea, conforme
aponta o documento elaborado pela comissão de especialistas da área (2009). Há a defesa,
ainda, de que a área acadêmica de Jornalismo é mais antiga que a da Comunicação (2009).
Para o fechamento do processo reflexivo proposto optou-se por trazer algumas
facetas da formação em jornalismo no currículo em vigor da Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG) e a nova ementa para os ingressantes em 2015. O objetivo é
demonstrar como são trabalhados os conteúdos de assessoria de imprensa dentro do curso
e as novas incorporações. Chama-se a atenção para a queixa dos egressos da graduação,
para a falta de maiores conteúdos sobre assessoria nas grades curriculares. Esse último
dado, a partir de uma pesquisa de avaliação da graduação, realizada pela Comissão
Permanente de Avaliação da UEPG, foi publicado em 2011.2
O percurso metodológico passa pela revisão de literatura de conceitos de
assessoria de imprensa, conhecimento e formação em jornalismo, transformações no
mercado de trabalho e no perfil do jornalista, associado às experiências de docência. Por
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fim, dados coletados durante orientações de pesquisas que observaram o trabalho dos
jornalistas nas redações, reflexões promovidas pelo grupo de pesquisa Lógicas de
Produção e Consumo no Jornalismo3, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG),
são trazidos para o debate.
Assessor de imprensa e jornalismo
Na literatura os primeiros registros da figura do assessor de imprensa e suas
interfaces com o jornalismo datam de 1906, quando o repórter americano Ivy Lee tornouse assessor de imprensa de John Rockfeller, proprietário da Colorado Fuel and Iron C.O.
O empresário era acusado de atirar nos trabalhadores em greve e Ivy Lee, que conhecia a
lógica da imprensa por ser jornalista, o orientou a colaborar com as investigações policiais
e, simultaneamente, o assessor realizou um trabalho junto aos editores de jornais. Com
isso, Lee conseguiu reverter a imagem de crise da empresa perante a opinião pública.
Com essa postura, Lee criou na imprensa americana uma espécie de tolerância aos
acidentes e problemas de grande repercussão. Ele abriu as portas das empresas e
indústrias para as quais trabalhava, e mostrou os processos produtivos, maquinários e
profissionais técnicos que, por sua vez, não se furtaram a dar explicações sobre o
funcionamento dessas empresas. Tais iniciativas se complementaram com o estímulo do
contato entre dirigentes e jornalistas. (Carvalho; Reis, 2006, p.85).
Desde então a participação do assessor de imprensa ganhou visibilidade nas
guerras mundiais e expandiu para outros países. A relação entre redações e assessorias de
imprensa é relato recorrente nos estudos sobre Jornalismo. Lippmann (2008, p.294-295)
aponta que o assessor (que ele denomina de homem do publicismo) é o contato do repórter
com muitos fatos dos quais este não teria acesso de outra forma. O assessor será
responsável por oferecer ao repórter a imagem que deseja que o público veja (Lipmann,
2008, p. 294). Porém, a assessoria não precisava necessariamente ser exercida por
jornalista, nos EUA e países da Europa, sobretudo, dão preferência a profissionais que
não atuam como jornalistas. Em Portugal e França, por exemplo, quando tal função é
desempenhada por jornalista, este precisa entregar sua carteira de jornalista no sindicato
ou órgão representativo. Na França, contudo, a assessoria de imprensa é o setor que mais
emprega jornalistas (Neveu, 2005).
No Brasil, na década de 1980, durante uma crise no mercado em jornalismo, o
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, na gestão da então
presidente Lú Fernandes, abriu duas novas frentes de trabalho para o jornalista, com o
propósito de melhorar as oportunidades para os profissionais: o free lancer e o assessor
de imprensa. Como a própria presidente considera:
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(...) de 1981 a 1984, que foi o tempo da nossa gestão, pegamos a pior recessão
do século, pode-se dizer. E isso estourou em nossa cabeça. Mas toda crise carrega consigo
um potencial de criatividade e o Sindicato se abriu em duas frentes que hoje são de grande
importância no mercado: a absorção de 'frilas' e a organização das assessorias de
imprensa. (Ribeiro, 1998, p. 159).
Nesse período, o sindicato também realizou o 1º Congresso de Assessoria de
Imprensa e oportunizou este campo como mercado empregador para jornalistas. Era um
momento favorável também no campo político, pois o país almejava a democracia e o
fim da ditadura, com isso suscitava a necessidade de novos atores sociais. De acordo com
Lú Fernandes:
Na democracia as coisas não se resolvem só no gabinete, como Governo, as
empresas, o dono do jornal. É preciso dar contas à sociedade, existe a opinião pública, é
preciso uma intermediação entre o poder e o povo. Essa intermediação quem faz é a mídia
e, para chegar à mídia, você precisa de pessoal especializado. O Governo sabe disso, as
empresas sabem disso, os jornais precisam disso: estava aberto o campo para as
assessorias de imprensa. (Ribeiro, 1998, p. 160).
Em 1986, a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), na gestão do então
presidente Audálio Dantas, editou o Manual de assessoria de imprensa, delimitando as
competências e atribuições de jornalistas, relações públicas e publicitários, com a
anuência da presidente da Conferp (Conselho Federal de Relações Públicas), Vera
Giangrande.
No serviço público, de acordo com Sant’Anna (2009, apud Schmitz, 2010) os
jornalistas ocupam 82% dos cargos de assessor. Ainda em seu estudo sobre fontes,
Schmitz (2010) traz que as redações pautam 80% do material oferecido pelos assessores
de imprensa. Com isso, a imprensa na maioria das vezes passa a ser pautada, em vez de
pautar e buscar a notícia (Bueno, 2009).
Isso transforma os jornalistas em editores das notícias produzidas pelas fontes. A
nossa pesquisa mostra claramente os objetivos finais das fontes nas relações com a mídia.
Demonstra uma atitude preventiva de identificar e eliminar as vulnerabilidades das
organizações, em minimizar as notícias desfavoráveis, por isso agendam a mídia,
pautando em vez de serem pautadas (80%) (Schmitz, 2010, p. 10, 11).
Em jornais pequenos, pontualmente, não há estrutura suficiente para permitir a
saída da redação, para que todos os repórteres possam fazer a apuração nos locais dos
fatos, assim será necessário ofertar condições para que os repórteres apurem as pautas
pelo telefone (Onaga4, 2012). Dados de 2013 mostram que nos dois impressos diários de
Ponta Grossa, por exemplo, as duas redações contavam com oito profissionais cada uma,
entre repórteres, repórter fotográfico e chefe de redação (Rocha, Oliveira, Kuhl, 2013).
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Em muitos casos, o material que chega das assessorias não é apenas uma indicação de
pauta, acaba se tornando notícia, sendo que o texto não sofre alterações.
As repórteres afirmam que utilizam os releases apenas para fechar a página do
jornal quando não há matérias. Entretanto, nas observações percebe-se que o fator tempo
também influencia na publicação dos releases. Tiveram momentos em que surgiram
pautas perto do final do expediente, mas não foram apuradas. Assim, utilizaram as
matérias de assessorias por falta de tempo para a apuração. (Onaga, 2012, p. 97).
O texto da assessoria acaba sendo usado na íntegra. Porém não trata-se de uma
prática exclusiva aos jornais pequenos, veículos maiores e de cobertura regional também
utilizam esse material. Isso deve-se, também, ao fato do assessor enquanto profissional
formado dominar o processo de produção da informação, conhecer a rotina jornalística
da redação e apresentar o texto de acordo com os “padrões jornalísticos” das mídias
ofertadas. Segundo Duarte (2010, p. 311), a fonte “apresenta a informação de maneira
embalada, prêt-à-porter, pronta para uso, ou pelo menos, para facilitar o trabalho da
redação”. Assim, o release acaba sendo um facilitador nas pressões do processo de
produção dos jornais, considerando aqui os elementos tempo e espaço, bem como o
enxugamento crescente dos organogramas das redações.
Assessoria, Agendamento e Debate Público
Dentro dos efeitos da teoria da agenda, McCombs (2009) considera expressivo o
poder exercido pelas assessorias em relação à agenda da mídia. "Sem os subsídios
fornecidos de forma rotineira pelos profissionais das relações públicas nos setores
público, não lucrativo e privado, a agenda da mídia seria consideravelmente diferente em
abrangência e conteúdo" (McCombs, 2009, p. 161).
A forma de entender a importância que a assessoria de imprensa tem perpassa
pelo subsídio direto de informação que é ofertada, em muitos casos, pelos assessores
(MCCOMBS, 2009, p. 159). Boa parte do material que vem de assessorias de imprensa
vem dos órgãos governamentais. Ao tratar do acompanhamento dos jornais (diários de
Lousiana, EUA), McCombs (2009, p. 160) aponta que "um pouco mais da metade destes
subsídios de informação fornecida por estes funcionários públicos de comunicação, em
boa medida através de press releases escritos, mas também através de conversas pessoais
ocasionais, apareceram posteriormente como notícias".
De outro lado, há o interesse objetivo das assessorias e das instituições que
possuem estruturas para o contato frequente com a agenda da mídia. As assessorias de
imprensa trabalham na perspectiva de que chamar a atenção da mídia auxilia a entrada de
assuntos na pauta da agenda pública, que interessam ao assessorado. As instituições, que
geralmente são fontes, constatam a necessidade de capturar a atenção da mídia, porque
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entendem que ao fazê-lo estão capitalizando a atenção da agenda pública, que tais
assuntos entrem na pauta de debate do público (McCombs, 2009, p.161).
A partir da estruturação e sofisticação das assessorias Sant'Anna (2007) cunhou o
termo jornalistas das fontes para fazer referência ao profissional que atua em assessorias
que tenham os próprios meios de comunicação.5 Há a identificação da criação de meios
de comunicação, também denominados de Mídia das Fontes (Sant'Anna, 2006) que
seriam mantidos pelas próprias fontes.
Desta forma, a imprensa tradicionalmente vista como um expectador externo aos
fatos começa a perder a totalidade do domínio da cena informativa. A opinião pública
passa a contar com informações coletadas, selecionadas, tratadas editorialmente, filtradas
e difundidas por entidades ou movimentos sociais, ou seja, corporações detentoras de
interesses corporativos. (Sant'Anna, 2006, p.3).
A mídia das fontes (Sant'Anna, 2006) surge como forma de ocupar espaço na
agenda da mídia ampliando a participação das instituições, em geral, que estão na
chamada agenda política (McCombs, 2009). Não resta dúvida que o interesse, nesse caso,
é estar presente na agenda pública, para além do uso da propaganda, usufruindo da
credibilidade que o discurso vindo do Jornalismo oferece (McCombs, 2009). A
especialização das assessorias, com a criação dos veículos de comunicação e aumento no
número de profissionais trabalhando para as mídias das fontes, revelam uma espécie de
disputa, ou preocupação em publicizar as ações das fontes, que possuem tais canais. As
assessorias especializadas entram na disputa por oferecer informações, e até mesmo,
medindo forças com a mídia convencional.
A existência de mecanismos de difusão de ideias, valores, mensagens e conceitos
por meios de comunicação de massa distintos dos tradicionais deve ser vista como uma
busca de espaço na esfera pública, como uma disputa por um pedaço, grande ou pequeno,
hegemônico ou não, de um lugar ao sol em nossa sociedade contemporânea. (Sant'Anna,
2006, p.8).
Sant'Anna (2006) faz um mapeamento dos veículos que identifica como Mídia
das Fontes. Lista os canais do Senado como também as emissoras de rádio, os jornais e
as revistas do MST (Movimento dos Sem Terra) emissoras radiofônicas do Exército, da
Justiça e do Congresso Nacional. Identifica ainda o poder Judiciário e diversas
Assembleias Legislativas estaduais que possuem emissoras de televisão, além de jornais
e agência de notícias. No campo das entidades de classe, a Confederação Nacional das
Indústrias - CNI, a Central Única dos Trabalhadores – CUT possuem emissoras de TV.
Citando também os canais religiosos de rádio e TV, e mesmo o Folha Universal que tem
ampla circulação. O próprio blog criado pela Petrobrás, em junho de 2009, “Fatos e
dados”, atuou como mídia da fonte.
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Todo esse quadro complexo da existência das mídias das fontes revela um espaço
de atuação para os profissionais formados em jornalismo. Só no Senado Federal atuam
mais de 100 jornalistas divididos entre emissora de TV, rádio, jornal e nas agências de
notícias (Sant'Anna, 2007). A Petrobrás, segundo Lemos (2013), empregava 1.150
pessoas, destas 400 na Comunicação Institucional e 750 em outras áreas e braços da
empresa desempenhando atividades de assessoria.
Há ainda um crescimento no país de ONGs, coletivos, associações comunitárias
que também empregam jornalistas como assessores de imprensa, pois embora favorecidos
pelas redes sociais, eles também precisam das mídias tradicionais para expressar-se. Nas
manifestações que ocorreram no país em 2013, isso tornou-se perceptível quando os
jovens dependiam da mídia tradicional para que o movimento galgasse visibilidade e
continuidade, fortalecendo também o debate público. “Esse aparente paradoxo decorre
do fato de que a velha mídia, sobretudo a televisão, (ainda) controla e detém o monopólio
de ‘tornar as coisas públicas’” (Lima, 2013, p.90). Ao final parece que temos uma
ampliação significativa dos canais de atuação, que inicialmente seria voltado para o
profissional de relações públicas, mas que acaba sendo espaço de atuação para os
jornalistas.
O assessor e as novas diretrizes para o jornalismo
Os cursos de graduação no Brasil seguem as regulamentações das diretrizes
curriculares. Os planos pedagógicos dos cursos de Comunicação e Jornalismo em vigor
em 2014, respeitam as Diretrizes Curriculares publicadas em 4 de julho de 2001. Como
mostramos acima, o jornalismo e o mercado de trabalho estão em transformação e, nesse
período de 13 anos, o exercício da profissão registrou inovações e alterações. É
compromisso da academia trazer para a formação do futuro profissional tais
considerações, não com o propósito apenas de subsidiar as demandas do mercado, mas
de formar um profissional crítico apto a atuar neste cenário e interagir respeitando as
deontologias de sua profissão.
Nesse sentido, as novas Diretrizes Curriculares para a Formação em Jornalismo
no Brasil publicadas pelo Conselho Nacional de Educação, no Diário Oficial da União
em setembro de 2013, vêm justamente para atender esse descompasso entre academia e
o cenário do jornalismo atual. O prazo para implementação e adequação dos currículos
das escolas é de dois anos. No documento que dá suporte para as diretrizes há uma densa
discussão sobre o papel do Jornalismo na sociedade contemporânea, além de tratar da
especificidade do curso de Jornalismo, contudo ele aponta eixos temáticos, propiciando
liberdade para os cursos pensar e implantar sua estrutura de disciplinas e projetos. As
instituições de ensino do país estão elaborando e implantando os novos projetos
pedagógicos. Debates e trocas de conhecimento entre pesquisadores, professores e
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profissionais de mercado estão ocorrendo em âmbito nacional, desde então, na busca de
atualizarem os currículos.
O texto trabalha com o reconhecimento da profissão na perspectiva internacional.
No Brasil, o Jornalismo é regulamentado e descrito no Código Brasileiro de Ocupações
do Ministérios do Trabalho (Diretrizes, 2009, p.10). Controle e estandartização da
aprendizagem profissional, monopolização do mercado profissional, além de códigos
deontológicos são elementos necessários para o reconhecimento de uma profissão e do
profissionalismo no Jornalismo (Soloski, 1993).
O levantamento histórico que consta do documento faz uma recuperação de como
no Brasil houve a negação para a formação específica em Jornalismo, em prol de uma
tentativa de formar um "comunicador polivalente" ou "profissional polivalente" a partir
do contexto da Guerra Fria e das ditaduras militares na América Latina (Diretrizes, 2009,
p.11). A formação do comunicador polivalente orientou as diretrizes curriculares desde
1969 e lançou um currículo base na Comunicação para os primeiros anos de graduação e
as especificidades a partir das habilitações que eram ofertadas.
A partir desta perspectiva, o conteúdo profissional do curso passou a ser
caracterizado como "meramente técnico e destituído do interesse teórico. Por outro lado,
a teoria da comunicação evoluiu desvinculada do exercício da profissão, focada numa
crítica geral da mídia, sem o compromisso com o diálogo para uma intervenção prática
na mesma (Diretrizes, 2009, p.13).
O documento resgata historicamente a existência da área acadêmica do Jornalismo
como anterior à da Comunicação. Enquanto a primeira teve seu primeiro curso de
graduação nos Estados Unidos em 1908, a segunda teve origem como área científica em
1940 (Diretrizes, 2009).
A partir do ano 2000, começam a surgir debates defendendo a necessidade do
retorno para a formação específica em Jornalismo. O Fórum Nacional de Professores em
Jornalismo -FNPJ em 2006, Federação Nacional de Jornalistas – Fenaj, em 2006 e Unesco
em 2007 aprovam documentos defendendo a especificidade da área e a necessidade da
formação em Jornalismo e não mais a partir da Comunicação Social e das habilitações
(Diretrizes, 2009).
Na caracterização da proposta das Diretrizes Curriculares, no que se refere ao
cenário em que o jornalismo está inserido, há espaço para o debate sobre o crescimento
da importância da fonte com a configuração das novas mídias.
Assim, no plano pragmático da linguagem, o principal problema que se coloca ao
Jornalismo atual reside naquele fenômeno denominado "revolução das fontes". Uma
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revolução acelerada pelas tecnologias de difusão, graças às quais a notícia se tornou a
mais eficaz ferramenta do agir institucional, nos cenários e conflitos da atualidade
(Diretrizes, 2009, p.5-6).
O fortalecimento do trabalho do assessor está ligado em parte pela ampliação do
interesse e participação das fontes no processo de formulação da notícia. O perfil do
jornalista brasileiro (Mick, 2012) também aponta para a atuação profissional do jornalista,
na qual denomina fora da mídia. Os profissionais que atuam fora da mídia (assessoria de
imprensa ou comunicação) ou outras ações que utilizam conhecimento jornalístico
representam 40%.
A atuação do jornalista como assessor é também lembrada, em pelo menos um
item da proposta, agora em vigor, das diretrizes curriculares: "Incluir na formação as
rotinas de trabalho do Jornalista em assessoria a instituições de todos os tipos" (Diretrizes,
2009, p.17). Como essa discussão vai fazer parte das novas grades curriculares, o desafio
é formular um conteúdo que tenha condições de ofertar uma formação mais adequada ao
profissional que vai atuar em assessorias.
A formação em jornalismo na UEPG e as inovações em
assessoria de imprensa
O curso de Jornalismo da UEPG está com duas grades, uma em vigor desde 2005,
é a sexta grade curricular desde que o curso foi criado em 1985, e outra que entrou em
vigor em 2015. Em 2004, o curso de Jornalismo deixou de ser matutino, passando a ser
integral, manhã e tarde.
A transformação do curso para integral fez parte da proposta de ampliar e
melhorar a graduação, prevendo uma futura inserção na Pós-Graduação. Houve maior
preocupação com a iniciação científica e maior inserção das atividades de extensão. O
vestibular e o processo seletivo seriado, além das cotas de escola pública e para negros,
são as formas de entrada na graduação, sendo que o curso oferece 44 vagas anuais.
Atualmente, a graduação possui 150 alunos e o corpo docente é formado 18 professores,
há sete projetos de extensão em andamento e cinco grupos de pesquisa, envolvendo
alunos da graduação e do mestrado. A duração do curso é de quatro anos.
A UEPG possui apenas a graduação em Jornalismo, diferente de outras
instituições que oferecem, no chamado tronco da Comunicação Social, as graduações de
Publicidade e Propaganda e Relações Públicas. Com conteúdo de assessoria, há duas
disciplinas, que são obrigatórias no curso de Jornalismo da UEPG de 2005, voltadas
especificamente para tratar de assessoria uma de Imprensa e outra de Comunicação. Cada
disciplina possui carga horária de 68 horas anuais. Assessoria de Comunicação está
ofertada no terceiro ano da graduação:
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407053 - ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Estruturas organizacionais. Planejamento e comunicação organizacional
estratégica: conceitos gerais e abrangência. Plano estratégico de comunicação: princípios,
processos e formulações. Assessoria de comunicação e seus campos integrados: Relações
Públicas, Assessoria de Imprensa, Publicidade e Propaganda e Marketing. Comunicação
organizacional na era digital. Comunicação organizacional e gerenciamento de crise. O
assessor de comunicação: perfil e habilidades (Currículo Jornalismo, 2005).
No caso da disciplina de Assessoria de Imprensa, esta se dedica ao relacionamento
com a mídia. Assessoria de Imprensa está posicionada no quarto ano da graduação:
407021 - ASSESSORIA DE IMPRENSA
Assessoria de Imprensa e relacionamentos com a mídia: ação estratégica de
comunicação das organizações com seus públicos interno e externo. Produtos e serviços
de Assessoria de imprensa. Implantação e administração de assessoria de imprensa. A
empresa como fonte de informação. Jornalismo empresarial (impresso, eletrônica e online). Informação organizacional e interesse público. O cotidiano da Assessoria de
Imprensa. O assessor de imprensa: perfil e habilidades. O jornalista assessor: a realidade
brasileira. Avaliação de desempenho na mídia. Prática: análise de casos (Currículo
Jornalismo, 2005).
A primeira, Assessoria de Comunicação é mais ampla, para englobar todos os
tipos de assessoria, trabalhando inclusive com temas voltados a Relações Públicas e
comunicação organizacional. A Assessoria de Comunicação, como está formatada na
ementa, tem por meta oferecer formação do gestor em comunicação, que pode, em
algumas instituições, incluir o trabalho do assessor de imprensa.
Na disciplina Assessoria de Imprensa entende-se que ela deve trabalhar a relação
entre a empresa/instituição com as redações jornalísticas. A disciplina de Assessoria de
Imprensa está voltada para propor o debate em que a empresa ou a instituição é fonte de
informação.
No caso da formação específica para o Jornalismo, Assessoria de Comunicação
estaria numa posição mais voltada para as outras graduações, como Relações Públicas,
Publicidade e Propaganda. Já a disciplina de Assessoria de Imprensa tem maior ligação
com o Jornalismo, uma vez que é o jornalista que está melhor preparado para atuar na
assessoria de imprensa. No entanto, as duas disciplinas não dão mais conta de atender as
novas demandas e inovações do jornalismo. Há o problema da compreensão de que faltam
assuntos relacionados à assessoria de imprensa por parte dos jornalistas que atuam na
assessoria de imprensa, como aponta a avaliação de cursos realizada pela UEPG.
Em 2011 a Universidade, cumprindo uma das exigências dos Sinaes (Sistema
Nacional de Avaliação do Ensino Superior), realizou avaliação com egressos do curso de
Jornalismo (entre 2006 e 2010), obtendo 99 respostas num universo de 143 possíveis
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respondentes, chegando a uma taxa de resposta de 60%, tal porcentagem ficou acima da
expectativa para este tipo de consulta, conforme aponta o Relatório de Avaliação dos e
Egressos do Curso de Jornalismo (2011).
O Relatório sistematiza questões organizadas pela Comissão Permanente de
Avaliação e traz retorno sobre a qualidade da graduação. Entre as informações prestadas
pelos jornalistas formados pela UEPG estão as deficiências da formação, como falta de
equipamentos, a falta de aproximação com a prática profissional, falta de estágio,
deficiências da disciplina de assessoria de imprensa. Os egressos observaram também
como deficitário a falta de disciplinas voltadas às tecnologias. 17% das respostas apontam
que a formação recebida na graduação em relação a sua aplicabilidade na vida
profissional foi regular. Estas respostas vieram dos graduados que consideraram o curso
de Jornalismo da UEPG bom, índice que chegou em 69%.
No ensejo de atender as demandas da assessoria de imprensa juntamente com a
proposta das novas Diretrizes Curriculares para o Curso de Jornalismo, uma comissão
formada para por professores para estudar e propor as disciplinas do curso de Jornalismo
da UEPG definiu implantar a disciplina Assessoria de Mídia, com 68h, no terceiro
semestre da grade curricular, tendo como ementa:
Plano estratégico de comunicação: princípios, processos e formulações.
Assessoria de mídia e seus campos integrados. Comunicação organizacional na era
digital. Comunicação organizacional e gerenciamento de crise. Assessoria e
relacionamentos com a mídia: ação estratégica de comunicação das organizações com
seus públicos interno e externo. Produtos e serviços de Assessoria de mídia. Implantação
e administração de assessoria. A empresa como fonte de informação. Jornalismo
empresarial (impresso, eletrônica e on-line). Informação organizacional e interesse
público. O cotidiano da Assessoria de Imprensa. O assessor de imprensa: perfil e
habilidades. O jornalista assessor: a realidade brasileira. Avaliação de desempenho na
mídia. Prática: análise de casos.
Buscou-se atualizar a formação do jornalista trazendo as transformações do
mercado em assessoria sem sombrear com as competências do relações públicas e
publicitário. A disciplina dialoga com as outras que estão distribuídas na nova grade
curricular costurando um conhecimento acumulativo e interdisciplinar, contemplando os
seis eixos temáticos propostos nas Diretrizes Curriculares: Eixo de formação
humanística; Eixo de fundamentação específica; Eixo de fundamentação conceitual; Eixo
de formação profissional; Eixo de aplicação processual; e Eixo de prática laboratorial.
Em especial a disciplina Jornalismo, Políticas Públicas e Cidadania com carga horária de
68h, que será ofertada no terceiro semestre curricular:
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Sociedade civil, cidadania e políticas públicas. Noções que orientam as políticas
públicas sociais: diversidade, direitos humanos e democracia participativa. Minorias
sociais e abordagem de temas de interesse público na mídia: acessibilidade, igualdade de
gênero, relações étnico-raciais, inclusão social, populações vulneráveis e educação
quanto ao uso de drogas. Variações do jornalismo cidadão: práticas de mídia comunitária,
popular e alternativa. A cobertura de políticas públicas sociais: perspectivas e desafios
para o jornalismo.
Tal disciplina propicia ao discente o conhecimento sobre políticas públicas,
práticas de mídia comunitária, popular e alternativa, os quais podem ser agregados à
atividade do assessor de mídia dependendo do seu campo de atuação, potencializando as
novas portas de assessoria que já estão presentes no mercado, alavancadas pela internet.
Outra disciplina que atua de forma transversal na formação do assessor, é Gestão de
Produção Jornalística, com carga horária de 68h, situada, no quarto semestre:
Conceitos de gestão (organização, recursos humanos e negócios). Gestão de
produção (informativa). Ecossistema e ambiência no Jornalismo contemporâneo (pósindustrial). Mutações da esfera pública (caracterizações do campo e identidades, marcas
e imagens). Criação de valor em Jornalismo (Roberto Pickard). Jornalismo como
empreendimento. Gestão em ambiências online e offline. Big data (como gerenciar,
mensurar e avaliar produções editoriais na era da base de dados). Modelos de gestão
(conteúdo, edição, curadoria). Relacionamentos com diferentes públicos (indicadores de
consumo, audiência e condições de acesso). Perfil de gestor (em Jornalismo). Gestão
colaborativa (parcerias, permutas, sincronias e conselhos editoriais) em tempos de
convergência tecnológica. Papel, atribuições e qualidades de um gestor (de produção) em
Jornalismo com seu público. Estudo de caso.
O assessor de comunicação também pode ser um gestor, no sentido em que pode
administrar a empresa de assessoria, como um negócio independente, com uma carta de
assessores. O conhecimento em gestão é relevante para a formação do jornalista também
nesse cenário. É claro que a formação do assessor também perpassa outras disciplinas
como Métodos de Apuração Jornalística, Ética, Planejamento Estratégico de Mídia,
Políticas de Comunicação, Gêneros Jornalísticos enfim, todas que foram introduzidas
procurando olhar para o atual campo de atuação do jornalismo e suas potencialidades.
Considerações finais
Ao final do processo de reflexão é importante reforçar que o presente texto não
entrou no debate se o profissional que atua na assessoria de imprensa é jornalista. Dentro
deste escopo, haveria espaço ainda para fazer reflexões sobre a dimensão dos problemas
éticos que tal atuação geram. Bucci (2010) aponta um embaralhamento e uma confusão
na atuação do jornalista e do assessor de imprensa, especialmente a partir da cultura
sindical. O presente texto não trouxe o debate, porque houve a compreensão de que o
foco era entender que os graduados em Jornalismo estão atuando nas assessorias de
imprensa (Mick, 2012) e as transformações do mercado no contexto da profissão.
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A literatura e as entradas de muitos autores (Lippmann, 2008; Onaga, 2012;
Sant'Anna, 2006, 2007) demonstram a importância da figura do assessor dentro das
instituições e do contato com as redações jornalísticas. Tal contato não é inocente, o
assessor e seu assessorado tem interesse em fazer parte da pauta da agenda midiática para
tentar influenciar a os temas da agenda pública (McCombs, 2009).
As novas diretrizes que pretendem especificar a formação do jornalista,
entendendo o Jornalismo como uma área de conhecimento, que produz ciência, ainda
incluem a necessidade de trazer conteúdos sobre assessoria de imprensa. Há a
compreensão, a partir da consulta aos egressos de que a universidade tem papel
importante no processo de formação dos profissionais que vão atuar na assessoria de
imprensa. A avaliação institucional realizada pela instituição levantou que os egressos,
que atuam na área, apontam falta de maior quantidade de conteúdos sobre assessoria de
imprensa.
O currículo anterior de Jornalismo da UEPG tinha duas cadeiras para debater
Assessoria de Comunicação e Assessoria de Imprensa. A primeira com um caráter mais
amplo de atuação e o segundo é específica a relação do assessor de imprensa e das
redações com foco na assessoria como fonte. No debate sobre como trabalhar tais
assuntos na formação em Jornalismo o que deve ser central é entender que a reflexão deve
ser baseada no Jornalismo e na sua deontologia, explorando suas potencialidades no
trabalho do assessor.
Assim, outras estruturas disciplinares da nova grade da UEPG trazem à tona o
debate sobre assessoria de imprensa, inclusive a disciplina de Ética. As Teorias do
Jornalismo também podem oferecer conteúdo que trabalhem a relação entre o Jornalismo
e os assessores de imprensa. Assim como as disciplinas Jornalismo, Políticas Públicas e
Cidadania e Gestão de Produção jornalística oportunizam conhecimento pertinente à
formação do futuro assessor de imprensa.
Naturalmente as novas diretrizes não dizem quais são as disciplinas que devem
fazer parte da formação do jornalista. As diretrizes orientam os eixos que devem estar
contemplados no processo, trabalhando as especificidades da profissão. Como fazer para
encaminhar todos os eixos e relacioná-los com disciplinas e competências e habilidades
é o desafio que os professores de jornalismo estão enfrentando nessa empreitada, a
presente discussão não pretende saná-la mas agregar às discussões que estão ocorrendo.
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Notas
1
A pesquisa foi realizada por meio de enquete em rede com 2.731 jornalistas de todos os estados do país e
do exterior.
2
(http://sites.uepg.br/proplan/2014-12-23-11-40-42/gestao-de-avaliacao/graduacao/ensinopresencial/avaliacao-dos- egressos/secisa)
3
O grupo foi criado em 2009, reúne os professores Cíntia Xavier, Hebe Maria Gonçalves de Oliveira,
Marcelo Engel Bronosky, Paula Melani Rocha, Rafael Schoenherr, alunos da graduação em Jornalismo e
da Pós-Graduação em Jornalismo da UEPG. Ao longo dos últimos 6 anos, mais de 30 estudantes já
passaram pelo grupo pela Iniciação Científica ou pelo mestrado em Jornalismo. O respectivo grupo é
cadastrado no diretório do CNPq.
4
Pesquisa de acompanhamento da redação realizada no jornal Diário dos Campos em 2012. A pesquisa foi
realizada dentro do grupo de Pesquisa Lógicas de Produção e Consumo no Jornalismo.
5
Na pesquisa Sant'Anna (2007) estuda o os jornalistas que trabalham no Senado Federal, na Rádio Senado,
TV Senado, Rádio Agência Senado, Agência Senado de Notícias e Jornal do Senado.
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