Editora chefe
Profª Drª Antonella Carvalho de Oliveira
Editora executiva
Natalia Oliveira
Assistente editorial
Flávia Roberta Barão
Bibliotecária
Janaina Ramos
Projeto gráfico
Bruno Oliveira
Camila Alves de Cremo
Daphynny Pamplona
Luiza Alves Batista
Natália Sandrini de Azevedo
Imagens da capa
iStock
Edição de arte
Luiza Alves Batista
2022 by Atena Editora
Copyright © Atena Editora
Copyright do texto © 2022 Os autores
Copyright da edição © 2022 Atena Editora
Direitos para esta edição cedidos à Atena
Editora pelos autores.
Open access publication by Atena Editora
Todo o conteúdo deste livro está licenciado sob uma Licença de Atribuição
Creative
Commons.
Atribuição-Não-Comercial-NãoDerivativos
4.0
Internacional (CC BY-NC-ND 4.0).
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade
exclusiva dos autores, inclusive não representam necessariamente a posição oficial da Atena Editora.
Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores,
mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
Todos os manuscritos foram previamente submetidos à avaliação cega pelos pares, membros do
Conselho Editorial desta Editora, tendo sido aprovados para a publicação com base em critérios de
neutralidade e imparcialidade acadêmica.
A Atena Editora é comprometida em garantir a integridade editorial em todas as etapas do processo
de publicação, evitando plágio, dados ou resultados fraudulentos e impedindo que interesses
financeiros comprometam os padrões éticos da publicação. Situações suspeitas de má conduta
científica serão investigadas sob o mais alto padrão de rigor acadêmico e ético.
Conselho Editorial
Ciências Biológicas e da Saúde
Profª Drª Aline Silva da Fonte Santa Rosa de Oliveira – Hospital Federal de Bonsucesso
Profª Drª Ana Beatriz Duarte Vieira – Universidade de Brasília
Profª Drª Ana Paula Peron – Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Prof. Dr. André Ribeiro da Silva – Universidade de Brasília
Profª Drª Anelise Levay Murari – Universidade Federal de Pelotas
Prof. Dr. Benedito Rodrigues da Silva Neto – Universidade Federal de Goiás
Prof. Dr. Cirênio de Almeida Barbosa – Universidade Federal de Ouro Preto
Profª Drª Daniela Reis Joaquim de Freitas – Universidade Federal do Piauí
Profª Drª Débora Luana Ribeiro Pessoa – Universidade Federal do Maranhão
Prof. Dr. Douglas Siqueira de Almeida Chaves – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Prof. Dr. Edson da Silva – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Profª Drª Elizabeth Cordeiro Fernandes – Faculdade Integrada Medicina
Profª Drª Eleuza Rodrigues Machado – Faculdade Anhanguera de Brasília
Profª Drª Elane Schwinden Prudêncio – Universidade Federal de Santa Catarina
Profª Drª Eysler Gonçalves Maia Brasil – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Prof. Dr. Ferlando Lima Santos – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Profª Drª Fernanda Miguel de Andrade – Universidade Federal de Pernambuco
Prof. Dr. Fernando Mendes – Instituto Politécnico de Coimbra – Escola Superior de Saúde de Coimbra
Profª Drª Gabriela Vieira do Amaral – Universidade de Vassouras
Prof. Dr. Gianfábio Pimentel Franco – Universidade Federal de Santa Maria
Prof. Dr. Helio Franklin Rodrigues de Almeida – Universidade Federal de Rondônia
Profª Drª Iara Lúcia Tescarollo – Universidade São Francisco
Prof. Dr. Igor Luiz Vieira de Lima Santos – Universidade Federal de Campina Grande
Prof. Dr. Jefferson Thiago Souza – Universidade Estadual do Ceará
Prof. Dr. Jesus Rodrigues Lemos – Universidade Federal do Piauí
Prof. Dr. Jônatas de França Barros – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Prof. Dr. José Aderval Aragão – Universidade Federal de Sergipe
Prof. Dr. José Max Barbosa de Oliveira Junior – Universidade Federal do Oeste do Pará
Profª Drª Juliana Santana de Curcio – Universidade Federal de Goiás
Profª Drª Lívia do Carmo Silva – Universidade Federal de Goiás
Prof. Dr. Luís Paulo Souza e Souza – Universidade Federal do Amazonas
Profª Drª Magnólia de Araújo Campos – Universidade Federal de Campina Grande
Prof. Dr. Marcus Fernando da Silva Praxedes – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Profª Drª Maria Tatiane Gonçalves Sá – Universidade do Estado do Pará
Prof. Dr. Maurilio Antonio Varavallo – Universidade Federal do Tocantins
Profª Drª Mylena Andréa Oliveira Torres – Universidade Ceuma
Profª Drª Natiéli Piovesan – Instituto Federacl do Rio Grande do Norte
Prof. Dr. Paulo Inada – Universidade Estadual de Maringá
Prof. Dr. Rafael Henrique Silva – Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados
Profª Drª Regiane Luz Carvalho – Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino
Profª Drª Renata Mendes de Freitas – Universidade Federal de Juiz de Fora
Profª Drª Sheyla Mara Silva de Oliveira – Universidade do Estado do Pará
Profª Drª Suely Lopes de Azevedo – Universidade Federal Fluminense
Profª Drª Vanessa da Fontoura Custódio Monteiro – Universidade do Vale do Sapucaí
Profª Drª Vanessa Lima Gonçalves – Universidade Estadual de Ponta Grossa
Profª Drª Vanessa Bordin Viera – Universidade Federal de Campina Grande
Profª Drª Welma Emidio da Silva – Universidade Federal Rural de Pernambuco
Microbiologia: avanços através dos séculos e constante
atualizações tecnológicas 2
Diagramação:
Correção:
Indexação:
Revisão:
Organizador:
Camila Alves de Cremo
Maiara Ferreira
Amanda Kelly da Costa Veiga
Os autores
Benedito Rodrigues da Silva Neto
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M626 Microbiologia: avanços através dos séculos e constante
atualizações tecnológicas 2 / Organizador Benedito
Rodrigues da Silva Neto. – Ponta Grossa - PR: Atena,
2022.
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-258-0395-1
DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.951221108
1. Microbiologia. I. Silva Neto, Benedito Rodrigues da
(Organizador). II. Título.
CDD 579
Elaborado por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
Atena Editora
Ponta Grossa – Paraná – Brasil
Telefone: +55 (42) 3323-5493
www.atenaeditora.com.br
contato@atenaeditora.com.br
DECLARAÇÃO DOS AUTORES
Os autores desta obra: 1. Atestam não possuir qualquer interesse comercial que constitua um conflito
de interesses em relação ao artigo científico publicado; 2. Declaram que participaram ativamente da
construção dos respectivos manuscritos, preferencialmente na: a) Concepção do estudo, e/ou
aquisição de dados, e/ou análise e interpretação de dados; b) Elaboração do artigo ou revisão com
vistas a tornar o material intelectualmente relevante; c) Aprovação final do manuscrito para
submissão.; 3. Certificam que os artigos científicos publicados estão completamente isentos de dados
e/ou resultados fraudulentos; 4. Confirmam a citação e a referência correta de todos os dados e de
interpretações de dados de outras pesquisas; 5. Reconhecem terem informado todas as fontes de
financiamento recebidas para a consecução da pesquisa; 6. Autorizam a edição da obra, que incluem
os registros de ficha catalográfica, ISBN, DOI e demais indexadores, projeto visual e criação de capa,
diagramação de miolo, assim como lançamento e divulgação da mesma conforme critérios da Atena
Editora.
DECLARAÇÃO DA EDITORA
A Atena Editora declara, para os devidos fins de direito, que: 1. A presente publicação constitui apenas
transferência temporária dos direitos autorais, direito sobre a publicação, inclusive não constitui
responsabilidade solidária na criação dos manuscritos publicados, nos termos previstos na Lei sobre
direitos autorais (Lei 9610/98), no art. 184 do Código Penal e no art. 927 do Código Civil; 2. Autoriza
e incentiva os autores a assinarem contratos com repositórios institucionais, com fins exclusivos de
divulgação da obra, desde que com o devido reconhecimento de autoria e edição e sem qualquer
finalidade comercial; 3. Todos os e-book são open access, desta forma não os comercializa em seu
site, sites parceiros, plataformas de e-commerce, ou qualquer outro meio virtual ou físico, portanto,
está isenta de repasses de direitos autorais aos autores; 4. Todos os membros do conselho editorial
são doutores e vinculados a instituições de ensino superior públicas, conforme recomendação da
CAPES para obtenção do Qualis livro; 5. Não cede, comercializa ou autoriza a utilização dos nomes e
e-mails dos autores, bem como nenhum outro dado dos mesmos, para qualquer finalidade que não o
escopo da divulgação desta obra.
APRESENTAÇÃO
Sabemos que a microbiologia é um vasto campo que inclui o estudo dos seres
vivos microscópicos nos seus mais vaiados aspectos como morfologia, estrutura, fisiologia,
reprodução, genética, taxonomia, interação com outros organismos e com o ambiente além
de aplicações biotecnológicas. A microbiologia como ciência iniciou a cerca de 200 anos,
entretanto os avanços na área molecular, como a descoberta do DNA, elevaram a um
novo nível os estudos desse contexto, além de abrir novas frentes de pesquisa e estudo.
Como ciência básica a microbiologia utiliza células microbianas para analisar os processos
fundamentais da vida, e como ciência aplicada ela é praticamente a linha de frente de
avanços importantes na medicina, agricultura e na indústria.
Deste modo, mais uma vez, temos o prazer de abordar o contexto da microbiologia,
agora, dando continuidade ao tema correlacionando os avanços através dos séculos e
consequentemente as constantes atualizações tecnológicas observadas nos últimos anos.
Assim, apresentamos aqui o novo volume deste contexto denominado: “Microbiologia:
Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas, volume 2” que
compreende trabalhos e pesquisas desenvolvidas em diversos institutos contendo análises
de processos biológicos embasados em células microbianas ou estudos científicos na
fundamentação de atividades microbianas com capacidade de interferir nos processos de
saúde/doença.
Mais uma vez a Atena Editora demonstra seu comprometimento com um dos
alicerces do desenvolvimento científico em nosso país e a capacidade de enxergar
importantes temas tais como os avanços no campo da microbiologia. Parabenizamos,
desde já, cada autor, e convidamos o leitor para aprofundar seus conhecimentos neste
campo tão promissor.
Desejo a todos uma ótima leitura!
Benedito Rodrigues da Silva Neto
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................. 1
EVALUACIÓN DE LA CALIDAD SENSORIAL Y MICROBIOLÓGICA DE UNA MAYONESA
DE SOYA (Glycine max) CON TRES CONCENTRACIONES DE CULANTRO DE POZO
(Eryngium foetidum L)
Jordan Javier García Mendoza
José Patricio Muñoz Murillo
Virginia Estefanía Zambrano Rodríguez
Omar Octavio Zambrano Chica
https://doi.org/10.22533/at.ed.9512211081
CAPÍTULO 2 ...............................................................................................................12
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO GLICOLICO DE ROMÃ
EM MICROORGANISMOS DO SÍTIO ORAL
Barbara Letícia Souza Moreira
Lucas de Paula Ramos
https://doi.org/10.22533/at.ed.9512211082
CAPÍTULO 3 ...............................................................................................................19
BIOPOLÍMEROS CONSERVAÇÃO DE CÉLULAS DE RIZOBACTÉRIAS EM MEIOS DE
CULTURA ALTERNATIVOS
Manuella Costa Sousa
Lillian França Borges Chagas
Kellen Ângela Oliveira de Sousa
Celso Afonso Lima
Gabriel Soares Nobrega
Ana Licia Leão Ferreira
Milena Barreira Lopes
Dalilla Moreira de Oliveira Moura
Adriana Santos Neves Ribeiro
Aloísio Freitas Chagas Junior
https://doi.org/10.22533/at.ed.9512211083
CAPÍTULO 4 ...............................................................................................................39
CONTROLE DE Aedes aegypti no DISTRITO FEDERAL
Rosilene Gomes Sousa
Lucas Santos de Sousa
Ana Cristina Rodrigues da Cruz
Lana Cristina Evangelista Ferreira de Sá
Michellen Maria Gomes Resende
Larissa Leite Barbosa
Joselita Brandão de Sant’Anna
Raphael da Silva Affonso
Eleuza Rodrigues Machado
https://doi.org/10.22533/at.ed.9512211084
SUMÁRIO
CAPÍTULO 5 ...............................................................................................................65
DETECÇÃO VIRAL AMBIENTAL EM ÁGUAS NO BRASIL: REVISÃO SISTEMÁTICA DA
LITERATURA
Andrea Carvalho da Cruz
Sylvia de Fátima dos Santos Guerra
https://doi.org/10.22533/at.ed.9512211085
CAPÍTULO 6 ...............................................................................................................76
A PROTEÔMICA COMO FERRAMENTA PARA O DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO
Benedito Rodrigues da Silva Neto
https://doi.org/10.22533/at.ed.9512211086
CAPÍTULO 7 ...............................................................................................................84
DOENÇA DE CHAGAS E OS MICRORNAS
Larissa Rodrigues de Sousa
Alania Frank Mendonça
Ana Carla Silva Jansen
Francisca de Brito Souza Araújo
Antonia Claudia da Conceição Palmeira
Vanilza da Silva
Eldevan da Silva Barbosa
Ana Gabrielly de Melo Matos
Ygor Victor Ferreira Pinheiro
Juliana Maria Trindade Bezerra
Andréa Pereira da Costa
Jaqueline Diniz Pinho
https://doi.org/10.22533/at.ed.9512211087
SOBRE O ORGANIZADOR ....................................................................................... 97
ÍNDICE REMISSIVO ...................................................................................................98
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
EVALUACIÓN DE LA CALIDAD SENSORIAL Y
MICROBIOLÓGICA DE UNA MAYONESA DE SOYA
(Glycine max) CON TRES CONCENTRACIONES DE
CULANTRO DE POZO (Eryngium foetidum L)
Data de aceite: 01/08/2022
Data de submissão: 25/05/2022
Jordan Javier García Mendoza
Universidad Técnica de Manabí, Facultad
de Ciencias Zootécnicas, Departamento de
Procesos Agroindustriales
Portoviejo – Ecuador
http://orcid.org/0000-0002-1204-580X
José Patricio Muñoz Murillo
Universidad Técnica de Manabí, Facultad
de Ciencias Zootécnicas, Departamento de
Procesos Agroindustriales
Portoviejo – Ecuador
http://orcid.org/0000-0002-9161-685X
Virginia Estefanía Zambrano Rodríguez
Universidad Técnica de Manabí, Facultad
de Ciencias Zootécnicas, Departamento de
Procesos Agroindustriales
Portoviejo – Ecuador
https://orcid.org/0000-0001-5855-8590
Omar Octavio Zambrano Chica
Universidad Técnica de Manabí, Facultad
de Ciencias Zootécnicas, Departamento de
Procesos Agroindustriales
Portoviejo – Ecuador
https://orcid.org/0000-0002-8001-3957
en diversos productos agroindustriales. El
objetivo de esta investigación fue evaluar el
efecto de tres concentraciones de culantro
de pozo (5%, 10% y 15%) sobre la calidad
sensorial y microbiológica de una mayonesa de
soya. Se evaluaron microrganismos patógenos
(Salmonella; Coliformes totales; Recuento de
mohos y levaduras; Staphylococcus aureus).
Para el análisis de datos del perfil sensorial
se utilizó ANOVA no paramétrico y prueba
de Kruskal Wallis para la comparación de
promedios, mediante un test hedónico con
escala de 9 puntos, los catadores no entrenados
evaluaron los atributos, olor; color; sabor y
textura. La variable olor presentó un p>0,05%,
mientras que los demás atributos si fueron
estadísticamente significativos p<0,05%. El
tratamiento de mayor aceptación fue el T3 (15%
culantro de pozo), todos los tratamientos fueron
microbiológicamente aceptables, el valor de
grasa para el mejor tratamiento fue de 34,3%.
La adición de culantro de pozo en la mayonesa
de soya influyó sobre calidad sensorial del
producto, todos los tratamientos cumplieron con
los parámetros de calidad exigidos por la norma
INEN 2295.
PALABRAS CLAVE: Análisis sensorial; culantro
de pozo; Eryngium foetidum L; mayonesa de
soya; grasa.
RESUMEN: La utilización de hierbas aromáticas
como el culantro de pozo ha sido en su gran
mayoría de aprovechamiento gastronómico, por
lo tanto, existe la necesidad de involucrar esta
materia prima rica en compuestos bioactivos
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 1
1
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE SENSORIAL E MICROBIOLÓGICA DE UMA
MAIONESE DE SOJA (Glycine max) COM TRÊS CONCENTRAÇÕES DE
CULANTRO DE POZO (Eryngium foetidum L)
RESUMO: O uso de ervas aromáticas como o coentro tem sido principalmente para uso
gastronômico, portanto, há a necessidade de envolver essa matéria-prima rica em compostos
bioativos em diversos produtos agroindustriais. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o efeito
de três concentrações de coentro (5%, 10% e 15%) na qualidade sensorial e microbiológica
de uma maionese de soja. Microrganismos patogênicos (Salmonella; Coliformes Totais;
Contagem de bolores e leveduras; Staphylococcus aureus) foram avaliados. ANOVA não
paramétrica e teste de Kruskal Wallis foram utilizados para análise dos dados do perfil
sensorial para comparação de médias, por meio de teste hedônico com escala de 9 pontos,
os provadores não treinados avaliaram os atributos, olfato; cor; sabor e textura. A variável
odor apresentou p>0,05%, enquanto os demais atributos foram estatisticamente significantes
p<0,05%. O tratamento mais aceito foi o T3 (15% coentro do poço), todos os tratamentos
foram microbiologicamente aceitáveis, o valor de gordura para o melhor tratamento foi de
34,3%. A adição de coentro na maionese de soja influenciou na qualidade sensorial do
produto, todos os tratamentos atenderam os parâmetros de qualidade exigidos pela norma
INEN 2295.
PALAVRAS-CHAVE: Análise sensorial; bem coentro; Eryngium foetidum L; maionese de
soja; gordo.
EVALUATION OF THE SENSORY AND MICROBIOLOGICAL QUALITY OF
A SOY MAYONNAISE (Glycine max) WITH THREE CONCENTRATIONS OF
CORIANDER (ERYNGIUM foetidum L)
ABSTRACT: The use of aromatic herbs such as coriander has been mostly for gastronomic
use, therefore, there is a need to involve this raw material rich in bioactive compounds in
various agro-industrial products. The objective of this research was to evaluate the effect of
three concentrations of coriander (5%, 10% and 15%) on the sensory and microbiological
quality of a soy mayonnaise. Pathogenic microorganisms (Salmonella; Total Coliforms; Count
of molds and yeasts; Staphylococcus aureus) were evaluated. Non-parametric ANOVA
and Kruskal Wallis test were used for the sensory profile data analysis for the comparison
of means, through a hedonic test with a 9-point scale, the untrained tasters evaluated the
attributes, smell; colour; flavor and texture. The odor variable presented p>0.05%, while the
other attributes were statistically significant p<0.05%. The most accepted treatment was T3
(15% coriander from well), all treatments were microbiologically acceptable, the fat value for
the best treatment was 34.3%. The addition of coriander in soy mayonnaise influenced the
sensory quality of the product, all treatments met the quality parameters required by the INEN
2295 standard.
KEYWORDS: Sensory analysis; well coriander; Eryngium foetidum L; soy mayonnaise; fat.
1 | INTRODUCCIÓN
La mayonesa es una emulsión de gotas de aceite en agua (O/W) y según la
Organización Mundial de la Salud considera que uno de los principales ingredientes de este
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 1
2
producto es la grasa en un 78,5% (Mendoza et al., 2020), por esta razón, en los últimos
años se ha incrementado la producción de mayonesas y aderezos con bajo contenido de
grasa, debido a disminuir el contenido de aceite y con el fin de prevenir enfermedades
crónicas asociadas a un alto consumo de grasa (Campos et al., 2021).
En este caso como alternativa saludable se encuentra la mayonesa de soya, la cual
presenta entre sus características principales la sustitución total del huevo por proteína de
soya, lo que le confiere al producto propiedades especiales que lo convierten en un aderezo
dietético que no aporta colesterol y presenta buena digestibilidad (Campos et al., 2021),
de acuerdo a la norma INEN 2295, (2010) a este producto se lo puede considerar como
mayonesa baja en calorías, y según su normativa se le pueden añadir o no condimentos,
especias y hierbas aromáticas.
Entre las recientes plantas de interés agroindustrial se encuentra el Eryngium
foetidum L, miembro de la familia Umbelliferae, es conocido por varios nombres comunes,
entre ellos; cilantro de hoja larga o espinoso, coulante, recao, cilantro silvestre y culantro de
pozo, la hierba es autóctona de América tropical, hoy en día se cultiva y extiende por todo el
mundo, comprende más de 200 especies (Shavandi et al., 2012) es una hierba bienal que
se usa ampliamente como planta medicinal en la mayoría de las regiones tropicales. Tiene
una importancia creciente como planta de especia cultivada en India, Vietnam, Australia y
otros lugares (Paul et al., 2011).
Las hojas de E. foetidum a menudo se sustituyen por hojas de cilantro debido a su
olor similar, se emplea en el tratamiento de la diabetes, el reumatismo, varios trastornos
antiinflamatorios, respiratorios (resfriado, asma, tos, sinusitis) y estomacales (Thomas et
al., 2017), también se utilizan ampliamente para adornar, marinar, aromatizar y sazonas los
alimentos (Singh et al., 2014), el uso de esta planta en el Ecuador es de forma tradicional
con un enfoque en la aplicación culinaria existen distintas maneras de conservarla
sin que pierda sus propiedades condimentarías, puede ser usada en platos fuertes y
postres a base de su infusión (Rosero et al., 2020; Aswathy & Oommen, 2014).
En su composición presentan una excelente fuente de vitaminas A, B1, B2, y C
(Lingaraju et al., 2016), por otra parte, se han identificado varios constituyentes químicos
de E. foetidum incluyendo aceites esenciales como (E)-2-dodecenal (eryngial), triterpenoides
(estigmasterol), terpenos (limoneno) y saponinas (Rojas et al., 2014). Otros estudios han
documentado presencia de compuestos bioactivos (polifenoles, taninos, antocianinas,
flavonoides, carotenoides y ácido ascórbico) (Singh et al., 2012). En los últimos diez años,
numerosos artículos de investigación científica han citado usos tradicionales de E. foetidum,
especialmente en América Latina y Asia. Veintiún estudios mencionaron el uso de la especie
en etnomedicina en forma de té para tratar la inflamación, y nueve lo mencionaron con la
aplicación en gastronomía para preparar comidas típicas (Rodrigues et al., 2022).
En Ecuador se presentan cultivos de E. foetidum en la zona litoral y sobre todo en
épocas de lluvias abunda la población de esta planta, a pesar de aquello, las personas aún
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 1
3
desconocen de sus propiedades, por lo que es considerada como una maleza y proceden
a eliminarla (Requelme, 2019), razón por la cual, es importante generar estudios que
permitan aprovechar y recuperar la seguridad alimentaria de este cultivo. Por otra parte, se
ha demostrado que la mayonesa de soya presenta menos calorías y grasas, ideales para
una dieta balanceada (Muñoz, 2015), así como un gran interés por su consumo al ser un
alimento nutritivo y saludable (Villegas, 2016), sin embargo, el producto se encuentra en
pleno auge, por lo tanto, existe la necesidad de involucrar en su formulación ingredientes
naturales que permitan impulsar aún más sus propiedades y beneficios para el consumidor.
Por tal razón, en esta investigación se evaluó el efecto de tres concentraciones de culantro
de pozo sobre las características sensoriales y microbiológicas de una mayonesa de soya.
2 | METODOLOGÍA
2.1 Lugar de la experimentación
La investigación se desarrolló en el Laboratorio de Procesos Agroindustriales en el
área de Lácteos de la Facultad de Ciencias Zootécnicas, Universidad Técnica de Manabí.
Geográficamente se encuentra ubicada en el cantón Chone km 2 ½ vía Boyacá, sitio Ánima,
a 00°41′17″ de latitud Sur y 80°07′25″ de longitud Oeste.
Para la elaboración de la mayonesa de soya, se trabajó con leche de soya, aceite
de soya, ajo, pimienta molida, mostaza, cebolla y sal, los cuales fueron adquiridos en el
supermercado local (gran Akí), el culantro de pozo se obtuvo de huertos familiares de
la comunidad cañales del cantón Chone provincia de Manabí, y el ácido ascórbico fue
suministrado por el Laboratorio de la Facultad.
2.2 Diseño experimental
Se utilizó un diseño experimental completamente al azar, con arreglo factorial, el
factor en estudio, correspondió a las concentraciones de culantro de pozo, al 5%, 10%, y
15%. Se formularon tres tratamientos con sus respectivas replicas, obteniendo un total de
9 unidades experimentales. En la tabla 1, se detallan los tratamientos en estudio.
Las concentraciones del culantro de pozo (CP) se obtuvieron en relación a la base
100% de la mayonesa de soya (MS), es decir; T1 (100% MS + 5% CP), T2 (100% MS + 10%
CP) y T3 (100% MS + 15% CP).
Tratamientos
Factor A:
Concentraciones de culantro de pozo
Replicas
T1
5%
3
T2
10%
3
T3
15%
3
Tabla 1. Formulación de los tratamientos en estudio del diseño experimental.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 1
4
2.3 Procedimiento experimental
2.3.1
Material vegetal deshidratado (Culantro de pozo)
Se receptó hojas de culantro de pozo, luego se realizó la selección correspondiente de
aquellas en buen estado, descartando aquellas con presencia de deterioro, posteriormente
se desinfectaron con una solución de 2ppm de hipoclorito de sodio en dos litros de agua,
seguido fueron acondicionadas y llevadas a secado artificial a una temperatura de 45ºC por
5 horas el proceso se llevó a cabo en un deshidratador marca BYRD con capacidad de 12
bandejas de acero inoxidable, continuamente se procedió a moler las hojas deshidratadas
en un molino de acero inoxidable (marca corona #50), el material vegetal molido con el fin
de obtener un menor tamaño de partícula fue tamizado en un tamiz #35, posteriormente se
pesó y empacó en fundas Ziploc selladas al vacío, para luego ser almacenadas.
2.3.2
Mayonesa de soya con adición de culantro de pozo
Para el procedimiento de elaboración de mayonesa de soya, se utilizó una Licuadora
(Oster Xpert Series) luego en el recipiente de vidrio se añadió la leche de soya junto con
el ajo, pimienta molida, mostaza, cebolla, y sal; se licuó esta mezcla durante 5 minutos,
de forma continua se añadió el culantro de pozo (5%, 10% y 15% de acuerdo a cada
tratamiento) y se continuó licuando por 2 minutos más, seguido se agregó lentamente el
aceite de soya, posteriormente se incorporó el ácido ascórbico, formada la mezcla se siguió
homogenizando por 3 minutos más, terminada la homogenización el producto fue envasado
en envases de vidrio previamente esterilizados para su posterior almacenamiento.
2.4 Análisis microbiológicos
A todos los tratamientos en estudio se le evaluó su calidad microbiológica por medio
de los siguientes análisis: salmonella (NTE INEN 1529-15), coliformes (NTE INEN 1529-6),
recuento de mohos y levaduras (NTE INEN 1529-10) y Staphylococcus aureus (NTE INEN
1529-14).
2.5 Análisis sensorial
Para la evaluación de perfil sensorial se contó con la participación de 40 panelistas
no entrenados, a los cuales se les facilitó las muestras codificadas en orden aleatorio
más un vaso con agua purificada, seguido se les entregó un test hedónico con escala de
calificación de 9 puntos siendo 1 la más baja y 9 la más alta (1 = me disgusta muchísimo;
2 = me disgusta mucho; 3 = me disgusta moderadamente; 4 = me disgusta poco; 5 = ni
me gusta ni me disgusta; 6 = me gusta poco; 7 = me gusta moderadamente; 8 = me gusta
mucho; 9 = me gusta muchísimo), posteriormente los panelistas evaluaron en términos de
calidad los atributos color, olor, sabor y textura.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 1
5
Al mejor tratamiento escogido por los catadores no entrenados, se le realizó análisis
de grasa según lo establecido en la norma INEN 2295:2010.
2.6 Análisis estadístico
El procesamiento de los datos se llevó acabo en el programa estadístico InfoStat
versión libre. Se aplicó en los valores sensoriales análisis de varianza no paramétrico y
prueba de Kruskal Wallis al 0,05% de significancia y 95% de confianza.
3 | RESULTADOS Y DISCUSIÓN
3.1 Calidad microbiológica de la mayonesa de soya con culantro de pozo
En la tabla 2 se detallan los resultados microbiológicos de los tratamientos en
estudio, de tal forma, se demostró ausencia de microorganismos en salmonella, coliformes
totales y Staphylococcus aureus, por otra parte, mohos y levaduras presentaron un valor
de 2,0 x 101.
Los resultados de Salmonella se encuentran relacionados a los expuestos por Ruiz
(2014) de ausencia de este patógeno en mayonesas preparadas en pollerías del centro
histórico de Cuenca.
Los valores de Staphylococcus se encuentran diferentes a los presentados por
Tinoco & Ochoa (2017) los autores determinaron, que un total del 19,4% de muestras de
mayonesa que se expenden en locales de alimentos del terminal terrestre de Cuenca, se
encontraban contaminadas por S. aureus.
En esta investigación los microorganismos evaluados en cada tratamiento se
encontraron dentro del límite permisible por la norma INEN 2295 (2010), siendo un producto
con calidad microbiológica apto para el consumidor.
Es importante mencionar que el control microbiológico en mayonesas de todo tipo
es importante, ya que al ser un producto de consumo masivo y presentar varias formas
de elaboración y almacenamiento, puede brindar las condiciones adecuadas para la
proliferación de microorganismo patógenos, aquello está relacionado a lo expresado por
Gómez & Alvarado (2014) quienes indican que este tipo de producto y en especial los que
se procesan con yema de huevo es uno de los alimentos (caseros) más implicados en
intoxicaciones alimentarias por ser susceptible a sufrir contaminación y posterior desarrollo
microbiano.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 1
6
Tratamientos
Microorganismos
patógenos
T1
T2
T3
Salmonella /25 g-1
Ausencia
Ausencia
Ausencia
Coliformes totales NMP/g
Ausencia
Ausencia
Ausencia
Recuento de mohos y levaduras UFC/g-1
2,0 x 101
2,0 x 101
2,0 x 101
Staphylococcus aureus UFC/g
Ausencia
Ausencia
Ausencia
-1
Tabla 2. Resultados de calidad microbiológica de la mayonesa de soya con culantro de pozo.
3.2 Análisis sensorial de la mayonesa de soya con culantro de pozo
En la tabla 3 se presentaron los resultados de análisis de varianza no paramétrico,
el cual demostró que no existe diferencia significativa para la variable Olor, sin embargo,
los demás atributos si fueron estadísticamente significativos entre los tratamientos. A los
parámetros del perfil sensorial que presentaron diferencia significativa se les aplicó prueba
de comparación de promedios según Kruskal Wallis, los cuales se detallan a continuación.
Tratamientos
Atributos
Sensoriales
T1
T2
T3
Sig. Kruskal Wallis.
E.E
Olor
7,03a
7,20a
7,73a
0,2100ns
0,29
Color
7,07
7,37
ab
8,00
b
0,0396*
0,26
Sabor
7,03
7,30
ab
8,00
b
0,0330*
0,26
Textura
7,13a
7,53a
8,03b
0,0558*
0,26
a
a
Tabla 3. Resultados de análisis de varianza no paramétrico y comparación de promedios según la
prueba de Kruskal Wallis para los atributos de perfil sensorial. Medias con una letra en común no son
significativamente diferentes (p<0,05). * = significancia estadística. ns = no significativo.
3.2.1
Color
El análisis de varianza no paramétrico demostró diferencia significativa para la
variable color, por lo tanto, se realizó la comparación de promedios según la prueba de
Kruskal Wallis, la cual ordenó a los tratamientos en dos rangos (a) y (b), de esta forma se
logró determinar que el tratamiento T2 no fue estadísticamente significativo con el T1 y T3,
mientras que el T3 si presentó diferencia estadística frente al T1, de tal forma se identificó
que el tratamiento con mayor aceptación fue el T3 con una media de 8,00 y categoría según
escala hedónica de me gusta mucho, estos valores se encuentran superior a los reportados
por la literatura de Reyes & Sánchez (2021) con un promedio de aceptación de 3,43 (no me
gusta – ni me disgusta) para una mayonesa con aceite de Sacha inchi, al contario, estudios
como el de Gaffrey (2014) manifestaron un grado de aceptación levemente superior (77%)
en una mayonesa con quitosano.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 1
7
3.2.2
Sabor
De acuerdo con los resultados del análisis de varianza no paramétrico se logró
determinar que la variable sabor presentó diferencia significativa, por lo tanto, se procedió
a realizar la comparación de promedios mediante la prueba de contraste Kruskal Wallis
la cual ordenó a los tratamientos en dos rangos (a) y (b), de este modo se estableció
que el tratamiento T1 fue significativamente diferente frente al T3 mientras que el T2
no presentó diferencia significativa frente a los demás tratamientos, estos resultados
permitieron establecer que el tratamiento con mejor aceptación por parte de los catadores
no entrenados fue el T3 con una media de 8 y categoría de me gusta mucho, los valores de
este estudio se encuentran similares a los detallados en la literatura de Ayala et al. (2017)
quienes determinaron buena aceptabilidad en una mayonesa de aguacate. Otros estudios
como el de Maldonado (2015) demostraron mayor preferencia sobre este atributo en una
mayonesa con mucílago de chía y 0,5 g-kg-1 de goma guar frente a productos comerciales.
En esta investigación fue relevante la aceptación por parte de los catadores no entrenados
por la mayonesa de soya con mayor concentración de culantro de pozo (15%).
3.2.3
Textura
El análisis de varianza no paramétrico estableció con un p<0,05 diferencia estadística
significativa en el atributo textura, por lo tanto, se realizó la comparación de promedios
según la prueba de Kruskal Wallis, la cual ordenó a los tratamientos en dos rangos (a) y
(b), de esta forma de determinó que el tratamiento T1 frente al T2 no presentaron diferencia
significativa, pero el T3 si fue estadísticamente significativo frente a los demás tratamientos,
de acuerdo a los resultados, el T3 se manifestó como el mejor tratamiento escogido por los
catadores no entrenados con una media de 8,03 y categoría de aceptación según escala
hedónica de me gusta mucho. Los valores de esta investigación se encuentran superior a
los manifestados por Reyes & Sánchez (2021) para una mayonesa con aceite de oliva cuyo
promedio de preferencia fue de 2,8 (no me gusta), por otra parte, investigaciones como la
de Muñoz (2015) determinaron una aceptación sensorial de 9,14 puntos en una mayonesa
de soya con 0,7% de goma xantana.
3.3 Análisis bromatológico
En la tabla 4 se detalla el resultado de grasa evaluado al mejor tratamiento escogido
por los jueces no entrenados, siendo su valor de 34,3% se encuentra dentro de los límites
permisibles por la norma INEN 2295, (2010) la cual establece un máximo de <65% de grasa
de extracto etéreo %m/m. El valor detallado en este estudio, se encuentra relacionado al
expresado por Mezones & Vásquez (2011) dando un porcentaje de grasa de 37,08% en
una salsa tipo mayonesa con característica especial de ser picante al haber utilizado ají
escabeche (Capsium baccatum).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 1
8
Parámetro
Resultado
Grasa
34,3%
Tabla 4. Resultado de grasa para el mejor tratamiento T3.
4 | CONCLUSIONES
Se determinó que el tratamiento en estudio de mayor aceptación y con una
apreciación de me gusta mucho fue el T3 (15% CP), lo cual indicó que a mayor concentración
de culantro de pozo mejor será la aprobación de la mayonesa de soya por parte de los
catadores no entrenados.
Todos los tratamientos fueron microbiológicamente aceptables, por otra parte, el
contenido de grasa en el mejor tratamiento cumplió con lo exigido por la norma INEN 2295.
El culantro de pozo puede ser considerado como alternativa natural para potenciar
la calidad sensorial y microbiológica de la mayonesa de soya.
REFERENCIAS
Aswathy, P., & Oommen, P. (2014). Carminative, phytochemical and antioxidant potentialities of the leaf
extracts of Eryngium foetidum L (Apiaceae). World Journal of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences,
3(6), 2269-2280.
Ayala, R., Cocotle, Y., Cortés, J., & Guzmán, R. (2017). Aderezo de mayonesa de aguacate “HASS”
procesado con ultrasonido: calidad química, microbiológica y sensorial. Jalisco, México: Memorias del
V Congreso Latinoamericano del Aguacate.
Campos Muiño, A., Panadés Ambrosio, G., Carballo Pérez, I., & Silvia Falco, A. (2021). Desarrollo de
un aderezo de soya tipo mayonesa. Ciencia y Tecnología de los Alimentos, 31(2), 1-6.
Gaffrey, M. (2014). Mayonesa con quitosano. (Trabajo Final de Grado, Universidad Fasta) Repositorio
digital ufasta.
Gómez, K., & Alvarado, P. (2014). Efecto inhibitorio del filtrado de un cultivo de Lactobacillus sp en la
supervivencia de Salmonella enteritidis, Salmonella sp. y Staphylococcus aureus en mayonesa casera.
Pueblo Continente, 25(1), 45-52.
INEN 2295. (2010). Mayonesa. Requisitos. Obtenido de https://www.normalizacion.gob.ec/buzon/
normas/2295.pdf
Lingaraju, D., Sudarshana, M., Mahendra, C., & Poornachandra, K. (2016). Phytochemical screening
and antimicrobial activity of leaf extracts of Eryngium foetidum L. (Apiaceae). Indo American Journal of
Pharmaceutical Research, 6(2), 1-6.
Maldonado, L. (2015). Evaluación del uso del mucilago de chía y la goma guar en la elaboración de
mayonesa. (Tesis de Grado, Universidad Técnica de Ambato) Repositorio digital uta.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 1
9
Mendoza Combat, J. C., Mendoza, M. P., Ávila García, B., & Ariza Díaz, M. L. (2020). Formulación de
mayonesa baja en grasa usando almidón de maíz modificado. Memorias Biotecnología, Bioinformática
e Ingeniería de Alimentos-Expotech, 1-8.
Mezones Chumacero, L. M., & Vásquez Torres, J. O. (2011). Formulación y elaboración de mayonesa
picante utilizando ají escabeche (Capsium baccatum). (Tesis de Grado, Universidad Nacional del
Santa) Repositorio institucional digital uns.
Muñoz Lema, A. (2015). Estudio del efecto estabilizante de goma xantana en la elaboración de la
mayonesa de Glycine max (Soya). (Trabajo de Titulación, Escuela Superior Politécnica de Chimborazo)
Repositorio digital espoch.
Paul, J., Seaforth, C., & Tikasingh, T. (2011). Eryngium foetidum L.: A review. Fitoterapia, 82(3), 302308.
Requelme, G. (2019). Efecto del deshidratado molido de Eryngium foetidum en los parámetros
bioquímicos de la sangre de pollos de engorde. (Trabajo de Titulación, Universidad Técnica de
Machala) Repositorio digital utmach.
Reyes Parrales, S., & Sánchez Miranda, J. (2021). “Análisis de las propiedades fisicoquímicas y
sensoriales de la aplicación del aceite de girasol, oliva y sacha Inchi en la elaboración de mayonesa,
aderezo césar y alioli. (Tesis de Grado, Universidad de Guayaquil) Repositorio digital ug.
Rodrigues, T., Silva, M., Gurgel, E., Oliveira, M., & Lucas, F. (2022). Eryngium foetidum L. (Apiaceae):
A literature review of traditional uses, chemical composition, and pharmacological activities. EvidenceBased Complementary and Alternative Medicine, 1-15.
Rojas, P., Graziose, R., Vesely, B., Poulev, A., Mbeunkui, F., Grace, M., & Raskin, I. (2014).
Leishmanicidal activity of a daucane sesquiterpene isolated from Eryngium foetidum. Pharmaceutical
Biology, 52(3), 397-401.
Rosero Gómez, C., Lorena Zambrano, M., García, K., & Viracocha, L. (2020). Nomenclatura y usos del
culantro de monte (Eryngium foetidum L.) en la comunidad San Antonio de Padua, cantón Quinsaloma,
Provincia de Los Ríos – Ecuador. Boletín Latinoamericano y del Caribe de Plantas Medicinales y
Aromáticas, 19(3), 334-343.
Ruiz, J. (2014). Determinación de Salmonella spp en mayonesa preparada en pollerías ubicadas en el
centro histórico de Cuenca. (Tesis de Maestría, Universidad del Azuay) Repositorio digital uazuay.
Shavandi, M. A., Haddadian, Z., & Ismail, M. H. (2012). Eryngium foetidum L. Coriandrum sativum and
Persicaria odorata L.: A Review. Journal of Asian Scientific Research, 2(8), 410-426.
Singh, B., Ramakrishna, Y., & Ngachan, S. (2014). Spiny coriander (Eryngium foetidum L.): a commonly
used, neglected spicing-culinary herb of Mizoram, India. Genetic Resources and Crop Evolution, 61,
1085–1090.
Singh, S., Singh, D., Banu, S., & Salim, K. (2012). Determination of Bioactives and Antioxidant Activity in
Eryngium foetidum L.: A Traditional Culinary and Medicinal Herb. Proceedings of the National Academy
of Sciences, India Section B: Biological Sciences, 83, 453–460.
Thomas, P., Essien, E., Ntuk, S., & Choudhary, M. (2017). Eryngium foetidum L. Essential Oils:
Chemical composition and antioxidant capacity. Medicines, 4(2), 2-7.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 1
10
Tinoco Alvear, M. L., & Ochoa Coronel, E. M. (2017). Determinación de Staphylococcus aureus en las
mayonesas de los locales de expendio de alimentos en el Terminal Terrestre de Cuenca. (Tesis de
Maestría, Universidad del Azuay) Repositorio digital uazuay.
Villegas Aparicio, K. (2016). Asociación de pequeños comerciantes de productos derivados de soya
en la ciudad de Esmeraldas. (Tesis de Grado, Pontificia Universidad Católica del Ecuador) Repositorio
digital pucese.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 1
11
CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA
DO EXTRATO GLICOLICO DE ROMÃ EM
MICROORGANISMOS DO SÍTIO ORAL
Data de aceite: 01/08/2022
Data de submissão: 26/05/2022
Barbara Letícia Souza Moreira
Instituto Taubaté de Ensino Superior
Taubaté - SP
http://lattes.cnpq.br/2853653245768884
Lucas de Paula Ramos
Instituto Taubaté de Ensino Superior
Taubaté - SP
http://lattes.cnpq.br/0723165440915483
RESUMO: As infecções da cavidade oral
possuem um amplo perfil etiológico microbiano
que varia de acordo com cada microambiente
da boca. Tais infecções muitas vezes requerem
tratamento antimicrobiano, o que pode levar ao
desenvolvimento de resistência. Há, portanto,
a necessidade de encontrar novas estratégias
terapêuticas baseadas em compostos naturais
derivados de plantas. Objetivo: deste estudo foi
determinar o efeito antimicrobiano do extrato de
Punica granatum (romã), contra Staphylococcus
aureus, Enterococcus faecalis e Candida
albicans. Metodologia: O extrato glicólico da
romã foi adquirido pela Empresa Vidraria Real
com os devidos laudos e especificações. A
atividade antimicrobiana do extrato foi realizada
contra as cepas de referência: Candida albicans
ATCC18804, Staphylococcus aureus ATCC6538
e Enterecoccus feacalis ATCC4083 através
do teste de Microdiluição em Caldo, protocolo
M7-A6 para bactéria e protocolo M27-A2
para leveduras. Resultados: O extrato na
concentração de 60 mg/ml foi capaz de promover
Concentração Inibitória Miníma e Concentração
Microbicida Miníma contra Candida albicans
e conseguiu obter Concentração Inibitória
Miníma para Staphylococcus aureus, porém não
promoveu nenhum efeito antimicrobiano contra
Enterococcus faecalis. Conclusão: Os resultados
obtidos neste estudo mostram a importância das
indicações terapêuticas das plantas medicinais
como método alternativo e de baixo custo já que
a aplicação do extrato glicólico de romã foi capaz
de promover atividade antimicrobiana sobre a
cepa de Candida albicans obtendo concentração
inibitória mínima e concentração microbicida
mínima sobre o fungo o que valida a utilidade do
extrato de Punica granatum como um potente
agente antimicrobiano.
PALAVRAS-CHAVE: Resistência bacteriana,
fitoterápicos, extrato de Punica granatum.
EVALUATION OF THE ANTIMICROBIAL
ACTIVITY OF POMEGRANATE GLYCOL
EXTRACT ON ORAL MICROORGANISMS
ABSTRACT: Infections of the oral cavity have
a broad microbial etiologic profile that varies
with each microenvironment of the mouth.
Such infections often require antimicrobial
treatment, which can lead to the development
of resistance. There is, therefore, a need to find
new therapeutic strategies based on natural
plant-derived compounds. Objective: This study
was to determine the antimicrobial effect of
Punica granatum (pomegranate) extract against
Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis
and Candida albicans. Methodology: The
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 2
12
pomegranate glycolic extract was purchased from Vidraria Real Company with the proper
reports and specifications. The antimicrobial activity of the extract was performed against
the reference strains: Candida albicans ATCC18804, Staphylococcus aureus ATCC6538 and
Enterecoccus feacalis ATCC4083 through the Microdilution broth protocols M7A6 for bacteria
and M27-A2 for yeast. Results: The extract at the concentration of 60 mg/ml was able to promote
Minimal Inhibitory Concentration and Minimal Microbicidal Concentration against Candida
albicans and was able to obtain Minimal Inhibitory Concentration for Staphylococcus aureus,
but did not promote any antimicrobial effect against Enterococcus faecalis. Conclusion: The
results obtained in this study show the importance of the therapeutic indications of medicinal
plants as an alternative and low cost method since the application of the glycolic extract
of pomegranate was able to promote antimicrobial activity on the Candida albicans strain
obtaining minimum inhibitory concentration and minimum microbicidal concentration on
the fungus which validates the usefulness of the extract of Punica granatum as a potent
antimicrobial agente.
KEYWORDS: Bacterial resistance, herbal medicines, Punica granatum extract.
INTRODUÇÃO
As infecções da cavidade oral apresentam amplo perfil etiológico microbiano, que
varia de acordo com o ecossistema específico de cada parte da boca, causando uma
enorme gama de doenças com diferentes frequências e gravidade. Dentre essas infecções,
as odontogênicas sozinhas respondem por 7% a 10% do total de antibioticoterapia utilizada
nas populações, sendo que alguns casos requerem uma combinação de tratamentos e
medicamentos para resolução. Além disso, vários estudos têm demonstrado que as
infecções orais podem ser um fator de risco para o aparecimento, desenvolvimento
e progressão de doenças sistêmicas. Tudo isso, somado ao problema da crescente
resistência bacteriana aos antimicrobianos, cria uma necessidade premente de encontrar
novas estratégias antimicrobianas (ROJAS et al.,2021).
Dentro da etiologia microbiana das infecções da cavidade oral, a flora patogênica é
composta principalmente por espécies de Streptococcus e Staphylococcus, além de uma
série de microrganismos oportunistas. O Streptococcus mutans tem sido frequentemente
associado ao aparecimento e progressão da cárie dentária – doença de grande repercussão
na cavidade oral – bem como a outras infecções de origem odontogênica. Staphylococcus
aureus está presente em abscessos de origem odontogênica, sendo o segundo
microrganismo mais importante após o grupo viridans de Streptococcus, e aparecendo
recorrentemente em diferentes lesões infecciosas da cavidade oral. A Escherichia
coli, que é um microrganismo muito importante da família Enterobacteriaceae, também
é frequentemente encontrada em infecções da cavidade oral e tem grande capacidade
de desenvolver resistência a antimicrobianos. Enterococcus faecalis está associado a
infecções do canal radicular, além de ser reconhecido por sua ampla resistência a diversos
agentes antimicrobianos (ROJAS et al.,2021; SANTOS,2004).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 2
13
“Por fim, a Candida albicans é um fungo oportunista e, devido ao seu longo tempo de
persistência nos tecidos que infecta, está intimamente associada à estomatite relacionada
à dentadura e a diferentes tipos de candidíase de difícil tratamento” (SANTOS,2004).
A resistência aos antibióticos se desenvolve de forma natural como uma consequência
da habilidade da população bacteriana de se adaptar. O uso indiscriminado de antibióticos
aumenta a pressão seletiva e, também, a oportunidade de bactérias serem exposta aos
mesmos. Aquela oportunidade facilita a aquisição de mecanismos de resistência. O uso
intenso de antibióticos na medicina, na produção de alimentos para animais e na agricultura
tem causado um aumento na resistência àquelas drogas em todo mundo (TEIXEIRA;
FIGUEIREDO; FRANÇA,2019).
A resistência antimicrobiana tornou-se o principal problema de saúde pública no
mundo, afetando todos os países, desenvolvidos ou não. Ela é uma inevitável consequência
do uso indiscriminado de antibióticos em humanos e animais. Na Europa e na América do
Norte, Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), Streptococcus pneumoniae
não susceptível à penicilina (PNSSP), enterococos resistente à vancomicina (VRE) e
Enterobacteriaceae produtoras de beta-lactamase de espectro ampliado (ESBL) têm
emergido e se espalhado nos hospitais e nas comunidades (SANTOS,2004; TEIXEIRA;
FIGUEIREDO; FRANÇA,2019).
O comportamento particular de muitas espécies microbianas envolvidas em
infecções da cavidade oral, e a dificuldade de tratar algumas delas, tem levado a um
crescente interesse na busca e desenvolvimento de novos agentes antimicrobianos
naturais à base de plantas. Em todo o mundo, muitas espécies vegetais diferentes têm sido
utilizadas como fontes de medicamentos naturais para o tratamento de doenças. Estudos
in vitro descobriram que alguns extratos brutos de espécies vegetais são potencialmente
úteis no controle da multirresistência (PEREIRA et al.,2006).
A utilização de plantas medicinais vem cada vez mais sendo estimulada
pela OMS, por ser acessível economicamente a grande parte da população. Em torno de
80% da população dos países em desenvolvimento utiliza deste tipo de medicamentos
(PEREIRA et al,2006).
Punica granatum (romã) é uma planta da família Punicaceae, conhecida
popularmente como romanzeira, romeira e granada. Sua origem é proveniente da Ásia,
mas é amplamente cultivada há muitas gerações na Europa. A P. granatum é utilizada em
vários sistemas médicos tradicionais e nos últimos 15 anos houve aumento considerável
em estudar essa espécie (SAAD; LÉDA; SÁ; SEIXLACK,2016).
Os constituintes da romã incluem taninos altamente hidrolisáveis (punicalinas
e punicalaginas), ácido elágico (um componente de elagitaninos) e ácido gálico (um
componente de galotaninos) (EL-BAHY; ABDELAZIZ; KHALAFALLA,2019).
Os compostos flavonóides da romã têm fortes efeitos antioxidantes e ajudam a regular
o sistema imunológico. Eles também podem ser eficazes no tratamento de câncer, doenças
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 2
14
cardiovasculares crônicas, inflamações e periodontite crônica. Devido à sua elagitanina e
punicalagina, a romã tem efeitos antibacterianos e suas propriedades antivirais contra o
vírus do herpes foram comprovadas. Em geral, a romã é altamente eficaz para acelerar
o processo de cicatrização de feridas, principalmente estomatites aftosas, devido às suas
propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, antimicrobianas, antimicrobianas, antivirais
e antifúngicas (TAVANGAR; ASLANI; NIKBAKHT,2019).
O extrato da casca da romã rico em polifenóis tem apresentado um forte efeito
antisséptico e também atividade antibacteriana contra gram-negativas e gram-positivas.
Muitos estudos demonstram a eficácia biológica da Punica granatum, tal como seu
potencial para inibição do crescimento de bactérias gram-positivas, especialmente do
Staphylococcus aureus (TELES; COSTA,2014).
Diante da problemática de resistência antimicrobiana global associado aos poucos
estudos que avaliam a atividade antimicrobiana do extrato de romã o objetivo do presente
trabalho foi determinar a atividade antimicrobiana do extrato de Punica granutum contra
Candida albicans, Staphyloccocus aureus e Enterococcus faecalis.
METODOLOGIA
Foi adquirido o extrato glicólico de Punica granutum (Romã) da empresa Vidraria Real
(São Paulo, SP) na concentração de 240 mg/ml, com os devidos laudos e especificações.
Foram utilizadas cepas de referências American Type Culture Collection (ATCC) de
Candida albicans ATCC18804, Staphylococcus aureus ATCC6538 e Enterecoccus feacalis
ATCC4083.
A Tabela 1 mostra a avaliação da concentração do extrato:
Microorganismos
Concentração do Extrato de Romã (mg/ml)
Candida albicans
60
30
15
7,5
3,75
1,875
0,937
0,468
0,234
0,117
Staphylococcus aureus
60
30
15
7,5
3,75
1,875
0,937
0,468
0,234
0,117
Enterococcus faecalis
60
30
15
7,5
3,75
1,875
0,937
0,468
0,234
0,117
Tabela 1. Avaliação da concentração do extrato
Fonte: Autores.
Para a determinação da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) para
os micro-organismos aeróbios foi utilizado o método de microdiluição em caldo, segundo
Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI), normas M7-A6 (NCCLS M7-A6,2003) e
M27-A2 (NCCLS M27-A2,2002). Para isso as bactérias foram reativadas, do congelamento
a -80ºC, em ágar Brain Hearth Infusion (Himedia, Mumbai, Índia) com incubação de
24h/37ºC. Após reativação das cepas foi realizado a preparação do inóculo, onde colônias
isoladas foram transferidas para um tubo contendo solução fisiológica estéril (NaCl 0,9%),
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 2
15
posteriormente foi realizado o ajuste da turbidez desta solução, padronizando a solução em
espectrofotômetro, na concentração de 106 UFC/mL.
O teste foi realizado em microplacas, onde foram adicionados 100 μL do caldo
Mueller Hinton (Himedia, Mumbai, India) em 10 poços por grupo teste, sendo que todos
os grupos foram avaliados em duplicata. Após adição do meio de cultura, foi realizado a
diluição dos extratos, para isso foram adicionados 100 μL dos extratos apenas no primeiro
poço da microplaca (TPP, Suíça) de cada grupo teste, de onde se foi iniciado uma série de
10 diluições.
Após o preparo das diluições do extrato, foram adicionados os inóculos padronizados,
inserindo 100 μL da suspensão de micro-organismo em cada poço da microplaca de 96
poços. A placa foi incubada em estufa bacteriológica por 24h/37ºC, posteriormente foi
realizada a determinação da CIM (Concentração Inibitória Mínima), sendo o poço com a
menor concentração do extrato que não apresentou turvação.
Para que a concentração microbicida mínima (CMM) dos extratos fosse determinada,
foram semeados 10 μL da CIM, bem como 10 μL de uma concentração acima e de uma
concentração abaixo dela em ágar BHI. Após 48 h de incubação, a CMM foi determinada na
menor concentração semeada que não apresentou crescimento de colônias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Vários agentes antimicrobianos vêm sendo estudados, com o objetivo de
inibir ou reduzir a formação do biofilme dental, crescimento bacteriano, e consequentemente
a adesão de microrganismos à superfície dentária (PEREIRA et al,2006).
(PEREIRA et al.,2006) afirmaram que a Punica granatum possui ação antimicrobiana
específica sobre bactérias presentes no biofilme supragengival, produzindo uma
interferência na síntese de poliglicanos, agindo, então, no mecanismo de aderência das
bactérias sobre as superfícies dos dentes e da boca.
No presente estudo, buscou-se verificar a ação do extrato glicólico de Punica granatum
sobre espécies de microrganismos aeróbios predominantes no sítio oral; Staphylococcus
aureus, Enterococcus faecalis e Candida albicans. Os resultados demonstram a eficácia do
extrato da romã sobre as linhagens ensaiadas (Tabela 2).
Microorganismos
CIM (mg/ml)
CMM (mg/ml)
Candida albicans (ATCC 18804)
Staphylococcus aureus (ATCC 6538)
Enterococcus faecalis (ATCC 4083)
60
60
Ausente
60
Ausente
Ausente
Tabela 2. Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Microbicida Mínima (CMM) em meio
liquido do extrato glicólico de Punica granatum (Romã) sobre Candida albicans, Staphylococcus aureus
e Enterococcus faecalis
Fonte: Autores.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 2
16
Subprodutos de romã e punicalaginas são capazes de inibir significativamente
o crescimento de Escherichia coli patogênica, Pseudomonas aeruginosa, Clostridia e
Staphylococcus aureus. (SORRENTI et al.,2019)
O extrato hidroalcoólico de romã a 10% apresentou atividade antibacteriana e
apresentou ação inibitória sobre bactérias do gênero Staphylococcus, principalmente
sobre S. aureus (MOREIRA et al.,2014). Já no presente estudo o extrato glicólico de romã
apresentou concentração inibitória mínima sobre S. aureus na concentração de 60 mg/ml
e sobre C. albicans.
De qualquer forma, e a partir da inibição bacteriana verificada, os resultados
apresentados pelo presente estudo permitem destacar o potencial terapêutico do extrato de
romã. Assim, a utilização de produtos naturais, principalmente a confecção de fitoterápicos
a partir da romã, pode representar alternativa importante para a resistência bacteriana
antibióticos e uma nova terapia.
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste estudo mostram a importância das indicações
terapêuticas das plantas medicinais como método alternativo e de baixo custo já que a
aplicação do extrato glicólico de romã foi capaz de promover atividade antimicrobiana
sobre a cepa de Candida albicans obtendo concentração inibitória mínima e concentração
microbicida mínima sobre o fungo o que valida a utilidade do extrato de Punica granatum
como um potente agente antimicrobiano. Já sobre as cepas bacterianas, o extrato
demonstrou atividade inibitória no crescimento apenas de Staphylococcus aureus e não
promoveu nenhuma atividade antimicrobiana para Enterococcus faecalis.
REFERÊNCIAS
El-Bahy NM, Abdelaziz AR, Khalafalla RE. In-vitro evaluation of Nigella sativa and Punica granatum
effect on protoscolices of hydatid cysts. Rev Bras Parasitol Vet. 2019 Jun 13;28(2):210-4. doi:
10.1590/S1984-29612019019
Moreira GMB, Matsumoto LS, Silva RMG, Domingues PF, Mello-Peixoto ECT. Atividade
antibacteriana do extrato hidroalcoólico de Punica granatum Linn. sobre Staphylococcus
spp. isolados de leite bovino. Pesq Vet Bras. 2014Jul;34(7):626-32. doi: 10.1590/S0100736X2014000700003
NCCLS. M7-A6: Metodologia dos testes de sensibilidade a agentes antimicrobianos por diluição
para bactéria de crescimento aeróbico: norma aprovada – sexta edição [Internet]. Wayne, PA:
NCCLS; 2003 [acesso em 2022 maio 24]. Disponível em: https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/
manuais/clsi/clsi_opasm7_a6.pdf
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 2
17
NCCLS. M27-A2: Método de referência para testes de diluição em caldo para determinação da
sensibilidade de leveduras à terapia antifúngica: norma aprovada – segunda edição [Internet].
Wayne, PA: NCCLS; 2002 [acesso em 2022 maio 24]. Disponível em: https://www.anvisa.gov.br/
servicosaude/manuais/clsi/clsi_OPAS1M27-A2.pdf
Pereira JV, Pereira MSV, Sampaio FC, Sampaio MCC, Alves PM, Araújo CRF, Higino JS.
Efeito antibacteriano e antiaderente in vitro do extrato da Punica granatum Linn. sobre
microrganismos do biofi lme dental. Rev Bras Farmacogn. 2006;16(1):88-93. doi: 10.1590/S0102695X2006000100016
Rojas AM, Durango CJ, García SE, Castañeda-Peláez D, García DA, Gamboa F. Anacardium
excelsum phytochemical analysis and in vitro antimicrobial activity against oral cavity
microorganisms. Acta Odontol Latinoam. 2021 Sept;34(2):127-35. doi: 10.54589/aol.34/2/127
Saad GA, Léda PHO, Sá IM, Seixlack ACC. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na
prática clínica. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016.
Santos NQ. A resistência bacteriana no contexto da infecção hospitalar. Texto Contexto Enferm.
2004;13(n.esp):64-70. doi: 10.1590/S0104-07072004000500007
Sorrenti V, Randazzo CL, Caggia C, Ballistreri G, Romeo FV, Fabroni S, et al. Beneficial Effects of
Pomegranate Peel Extract and Probiotics on Pre-adipocyte Differentiation. Front Microbiol. 2019
Apr 3; 10:660. doi: 10.3389/fmicb.2019.00660
Tavangar A, Aslani A, Nikbakht N. Comparative study of Punica granatum gel and triadent oral
paste effect on recurrent aphthous stomatitis, a double blind clinical trial. J Dent (Shiraz). 2019
Sep;20(3):184-9. doi: 10.30476/DENTJODS.2019.44913
Teixeira AR, Figueiredo AFC, França RF. Resistência bacteriana relacionada ao uso indiscriminado
de antibióticos. Saúde Foco [Internet]. 2019 [acesso em 2022 maio 24] ;(11):853-75. Disponível em:
https://portal.unisepe.com.br/unifia/wpcontent/uploads/sites/10001/2019/09/077_RESISTÊANCIABACTERIANA-RELACIONADA-AO-USO-INDISCRIMINADO-DE-ANTIBIÓTICOS.pdf
Teles DG, Costa MM. Estudo da ação antimicrobiana conjunta de extratos aquosos de Tansagem
(Plantago major l., Plantaginaceae) e Romã (Punica granatum l., Punicaceae) e interferência
dos mesmos na ação da amoxicilina in vitro. Rev Bras Pl Med. 2014;16(2 Supl I):323-8. doi:
10.1590/1983-084X/11_123
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 2
18
CAPÍTULO 3
BIOPOLÍMEROS CONSERVAÇÃO DE CÉLULAS
DE RIZOBACTÉRIAS EM MEIOS DE CULTURA
ALTERNATIVOS
Dalilla Moreira de Oliveira Moura
Data de aceite: 01/08/2022
Data de submissão: 02/06/2022
Universidade Federal do Tocantins UFT
Gurupi – TO
http://lattes.cnpq.br/1195107964910353
Manuella Costa Sousa
Adriana Santos Neves Ribeiro
Universidade Federal do Tocantins
Gurupi – TO
http://lattes.cnpq.br/0256046793020150
Universidade Federal do Tocantins UFT
Gurupi – TO
http://lattes.cnpq.bb/1020515710111294
Lillian França Borges Chagas
Aloísio Freitas Chagas Junior
Universidade Federal do Tocantins
Gurupi – TO
http://lattes.cnpq.br/6412767227344500
Universidade Federal do Tocantins
Gurupi – TO
http://lattes.cnpq.br/9286795171322846
Kellen Ângela Oliveira de Sousa
Universidade Federal do Tocantins
Gurupi -TO
http://lattes.cnpq.br/5604850625107241
Celso Afonso Lima
Universidade Federal do Tocantins
Gurupi – TO
http://lattes.cnpq.br/0782819751659217
Gabriel Soares Nobrega
Universidade Federal do Tocantins UFT
Gurupi – TO
http://lattes.cnpq.br/0870938234878939
Ana Licia Leão Ferreira
Universidade Federal do Tocantins UFT
Gurupi – TO
http://lattes.cnpq.br/8744647007023408
Milena Barreira Lopes
Universidade Federal do Tocantins UFT
Gurupi – TO
http://lattes.cnpq.br/7450218592360093
RESUMO: Os inoculante são formulados
com microrganismos de ação benéfica para
plantas numa composição simples e acessível
economicamente, sendo alguns empregados na
fixação biológica de nitrogênio. Os inoculantes
necessitam de um transportador de qualidade
que garante a concentração de células ativas,
além de tolerar variações de temperatura,
umidade, aeração e tempo de armazenamento
sem que apresente altos níveis de contaminantes,
tornando necessário o uso de conservantes.
Polímeros como carboximetilcelulose (CMC)
e goma xantana (GX) têm sido usados para a
fabricação de inoculantes relacionado à sua
capacidade de limitar a transferência de calor, e
às suas propriedades reológicas, que é a medida
da viscosidade e tensão de escoamento. Desta
forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a
eficiência destes biopolímeros na preservação de
células de Bradyrhizobium elkanii Bradyrhizobium
diazoefficiens, Azospirillum sp. e Pseudomonas
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
19
fluorescens em meios de cultura alternativos (MS1, MS2 e MS3) com 7, 15, 30, 45, 60, 90,
120, 150, 180 e 210 dias a 5 °C. Os inoculantes foram avaliados por 210 dias, aferindo o pH
e realizando contagem de UFC mL-1 a partir do plaqueamento pela técnica Spread Plate. Foi
possível concluir que a utilização dos biopolímeros foi eficiente na conservação e viabilidade
de células dos microrganismos durante o período de armazenamento a 5 °C, sendo o meio
de cultura MS2 o que obteve melhores resultados em UFC mL -1 para os microrganismos nos
quais foi testado, obtendo aos 210 dias 3,0 x108 UFC mL-1 com a utilização de CMC e 1,4 x108
UFC mL-1 com GX para B. elkanii, 1,3 x107 UFC mL-1 com CMC e 6,0 x106 UFC mL-1 com GX
para B. diazoefficiens, 8,5 x108 UFC mL-1 com GX para Azospirillum sp. e que o meio MS3
foi viável para a conservação de Pseudomonas fluorescens, mantendo 1,5 x108 UFC mL-1
quando conservado com CMC.
PALAVRAS-CHAVE: Inoculante, Microrganismo, Conservante.
BIOPOLYMERS IN THE CONSERVATION OF RIZOBACTERIA CELLS IN
ALTERNATIVE CULTURE MEDIA
ABSTRACT: The inoculants are formulated with microorganisms of beneficial action for plants
in a simple and affordable composition; some being employed in biological nitrogen fixation.
Inoculants need a quality carrier that guarantees the concentration of active cells, in addition
to tolerating variations in temperature, humidity, aeration and storage time without presenting
high levels of contaminants, making it necessary to use preservatives. Polymers such as
carboxymethylcellulose (CMC) and xanthan gum (GX) have been used for the manufacture
of inoculants related to their ability to limit heat transfer, and to their rheological properties,
which is the measure of the viscosity and flow strain. Thus, the objective of this work was to
evaluate the efficiency of these biopolymers in the preservation of Bradyrhizobium elkanii
Bradyrhizobium diazoefficiens, Azospirillum sp. e Pseudomonas fluorescens in alternative
culture media (MS1, MS2 and MS3) with 7, 15, 30 45, 60, 90, 120, 150, 180 and 210 days at 5
°C. The inoculants were evaluated at 210 days, measuring pH and CFU mL-1. It was concluded
that the use of biopolymers was efficient in the conservation and viability of microorganism
cells during the storage period at 5 °C, being the culture medium MS2 that obtained the best
results in UFC mL-1 for the microorganisms in which it was tested, obtaining at 210 days 3,0
x108 CFU mL-1 with use of CMC e 1,4 x108 CFU mL-1 with GX for B. elkanii, 1,3 x107 CFU mL-1
with CMC, and 6,0 x106 CFU mL-1 with GX for B. diazoefficiens, 8,5 x108 CFU mL-1 with GX for
Azospirillum sp. and that the medium MS3 was feasible for the conservation of Pseudomonas
fluorescens, keeping 1,5 x108 CFU mL-1 when preserved with CMC.
KEYWORDS: Inoculant, Microorganism, Preservative.
1 | INTRODUÇÃO
Inoculante é um produto formulado com uma ou diversas linhagens ou espécies
de microrganismos de ação benéfica para o desenvolvimento de plantas em uma solução
utilizada para transportá-los direto da fabricação numa determinada composição que seja de
simples manuseio e acessível economicamente, podendo ser de origem inorgânica, orgânica
ou até mesmo sintética (XAVIER et al., 2020). Alguns dos inoculantes mais utilizados são
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
20
os rizobiais, empregados principalmente para fixação biológica de nitrogênio, em culturas
como soja e feijão (SILVA et al., 2013). As chamadas rizobactérias são promotoras de
crescimento em plantas, atuam diretamente na supressão de doenças, na produção de
fitormônios, solubilização de nutrientes do solo, aumento da permeabilidade das raízes
e fixação de nitrogênio (MONCADA et al., 2020). São bactérias gram-negativas capazes
de criar uma relação simbiôntica de fixação de nitrogênio nas raízes de leguminosas,
garantindo o desenvolvimento na ausência de fertilizante nitrogenado, além de diminuir as
taxas de óxido nitroso (N2O) no solo (RAMONGOLALAINA, 2020).
O processo de simbiose ocorre quando os rizóbios se diferenciam em bacteroides, os
quais formam nódulos radiculares fixadores de nitrogênio intracelulares, que transformam
moléculas de nitrogênio em amônio, aprimorando o crescimento vegetal, além de fazer com
que a planta forneça ácidos dicarboxílicos para os rizóbios como fonte de carbono, energia
e redutores (LIU, 2017).
O grande desafio da produção de inoculantes é ajustar as formulações para que
tenha em campo o mesmo desempenho que no laboratório, garantindo a longevidade
e estabilidade do microrganismo, com a capacidade de mantê-los viáveis após meses
de armazenagem, sem a presença de contaminantes e mutações (SILVA et al., 2013).
Há poucos estudos realizados na área de conservantes para inoculantes agrícolas,
porém alguns autores apostam no uso de polímeros utilizados na indústria alimentícia
e farmacêutica, como por exemplo o uso de amido e carboximetiolcelulose (CMC) para
avaliar o armazenamento de rizóbios (FERNANDES JÚNIOR et al., 2009).
Diversos
tipos
de
polímeros
como
carboximetilcelulose,
goma
arábica,
polivinilpirrolidona e alginato, têm sido usados para a fabricação de inoculantes relacionado
à sua capacidade de limitar a transferência de calor, e às suas propriedades reológicas,
sendo normalmente utilizados como compostos adesivos quando aplicados em sementes,
e protegendo contra dessecação durante a secagem à vácuo (SILVA et al., 2010).
Alguns microrganismos produzem exopolímeros que são biopolímeros produzidos
pelo metabolismo do próprio fungo ou bactéria, e até algas, e são importantes para a
proteção das células microbianas contra substâncias antimicrobianas, dessecação,
bacteriófagos e estresse osmótico (HUSSAIN et al., 2017). Alguns veículos a base de
polímeros vêm sendo testados em rizobactérias, como por exemplo a goma xantana e a
carboximetilcelulose testadas como adjuvantes em Pseudomonas fluorescens (PRAVEEN
BIRADAR & SANTHOSH, 2018).
O polímero carboximetilcelulose é fisiologicamente inerte e atóxico, sendo muito
aplicado em indústrias alimentícias e farmacêuticas em virtude de sua viscosidade (SANZ
et al., 2005). Já para o uso em inoculantes, é devido sua propriedade adesiva que melhora
a fixação em sementes de leguminosas, protegendo-as de bactérias nocivas durante o
armazenamento, além de promover o encapsulamento das células prevenindo contra
estresses ambientais (REIS & ALVES, 2015).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
21
Goma xantana é um biopolímero natural biodegradável, de baixo custo, capaz
de promover o encapsulamento de células bacterianas e liberá-las no ambiente após a
degradação do material no ambiente (SILVA et al., 2010).
Neste estudo é abordado a utilização de carboximetilcelulose e goma xantana
como conservante para inoculantes a base de Bradyrhizobium elkanii, Bradyrhizobium
diazoefficiens, Azospirillum sp. e Pseudomonas fluorescens, em diferentes meios de
cultura, com o objetivo de manter a concentração adequada de células bacterianas por um
longo período de prateleira.
2 | METODOLOGIA
Os experimentos foram realizados no laboratório de Agromicrobiologia Aplicada
e Biotecnologia, da Universidade Federal do Tocantins – Campus de Gurupi, no período
de abril de 2019 a setembro de 2020. As cepas dos microrganismos utilizados foram de
Bradyrhizobium elkanii, Bradyrhizobium diazoefficiens, Azospirillum sp. e Pseudomonas
fluorescens, todas obtidas do banco de cepas do laboratório, armazenadas a 5 °C em tubos
de conservação com meios específicos para cada microrganismo.
Foram testados três meios de cultura, MS1, MS2, e MS3 cuja formulação está
especificada na tabela 1. Os meios foram formulados no intuito de utilizar reagentes menos
onerosos a fim de tornar a formulação simples, porém com nutrientes necessários aos
microrganismos. Os meios de cultura foram preparados em Erlenmeyer de 1 L, devidamente
identificados, e o pH foi ajustado para 6,0. Em seguida esterilizou-se o meio de cultura em
autoclave a 121°C durante 30 minutos.
MS1
MS2
MS3
1000 mL H2O (destilada)
1000 mL H2O (destilada)
1000 mL H2O (destilada)
10 mL de melaço de soja
16 mL de melaço de soja
5,0 g de peptona
0,50 g de fosfato de potássio
4,0 g de extrato de levedura
5,0 g de extrato de levedura
3,0 g de cloreto de sódio
5,0 g de sulfato de magnésio
2,5 g de extrato de levedura
3,0 g de sulfato de magnésio
0,5 g de sulfato de potássio
16 mL de melaço de soja
Tabela 1: Composição do Meio de cultura MS1, MS2 e MS3
Fonte: Autor
Após o meio de cultura atingir temperatura ambiente, os Erlenmeyers foram
inoculados com os microrganismos transferindo as cepas com o auxílio de uma alça
de inoculação estéril, em cabine de fluxo laminar. Para o Bradyrhizobium elkanii,
Bradyrhizobium diazoefficiens e Azospirillum sp. foram realizadas as fermentações nos
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
22
meios de cultura MS1 e MS2, e para o Pseudomonas fluorescens foi utilizado apenas o
meio de cultura MS3, visto que para a fermentação deste microrganismo, é necessário um
meio de cultura mais rico em nutrientes. Logo após a inoculação os Erlenmeyers foram
colocados em incubadora Shaker (Novatecnica®) a 28°C, e 120 rpm por 96 horas.
Logo após a inoculação, retirou-se uma amostra de cada Erlenmeyer, aferiuse o pH e realizou-se o plaqueamento por superfície pela técnica Spread Plate para a
quantificação de microrganismo em unidades formadoras de colônia (UFC mL-1) no tempo
0 h, nas diluições 104, 106 e 108, e incubou-se as placas de Petri em estufa bacteriológica
a 28 ºC por 72 horas para que fosse possível fazer a contagem das colônias. O mesmo
procedimento foi realizado com 24, 48, 72 e 96 h para controle da fermentação. O controle
do pH foi realizado a partir das amostras retiradas em cada tempo de fermentação, a cada
24 horas, utilizando pHmetro digital de bolso (Hanna Instruments®).
As soluções conservantes foram preparadas adicionando 0,1 g do biopolímero
em 100 mL de água destilada, e em seguida foi esterilizado a 121 ºC por 30 minutos.
Para cada meio de cultura, foi adicionado, após as 96 horas de fermentação, 15 mL da
solução conservante em 150 mL de inóculo fermentado, fazendo a homogeneização, e
depois transferindo para tubos de polipropileno do tipo Falcon de 15 mL, devidamente
identificados, e armazenados em geladeira a 5 °C. Foram armazenados 10 tubos Falcon
para cada tratamento, sendo um tratamento a testemunha sem o biopolímero, outro o
inóculo com solução conservante de goma xantana, e inóculo com solução conservante de
carboximetilcelulose.
Os tratamentos foram armazenados em geladeira a 5 °C, a fim de garantir melhor
preservação do microrganismo, e foi retirado uma amostra a cada período de avaliação,
sendo eles: 0, 7, 15, 30, 45, 60, 90, 120, 150, 180, e 210 dias.
Para cada avaliação foi realizado o plaqueamento pela técnica Spread Plate, em
meio de cultura CCY, nas diluições 104, 106 e 108, em triplicatas, incubando as placas
em estufa bacteriológica a 28 ºC, por 72 horas para que fosse realizada a contagem das
colônias. Também foi realizado a aferição do pH das amostras utilizando-se pHmetro digital
de bolso (Hanna Instruments®).
Os dados do experimento foram avaliados em fatorial duplo em delineamento
inteiramente casualizado, sendo um fator o meio de cultura, e outro os biopolímeros. Os
experimentos foram submetidos à análise de variância e teste de médias por meio do
software estatístico Rstudio versão 1.3. As avaliações em plaqueamento pela técnica
Spread Plate foram realizadas em triplicata, e os dados foram submetidos ao teste de Tukey
a 5% de significância. Os gráficos foram confeccionados utilizando o software SigmaPlot
versão 12.0.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
23
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Bradyrhizobium elkanii
Para a fermentação com Bradyrhizobium elkanii foi possível observar que desde o
início o microrganismo adaptou-se melhor ao meio de cultura MS2, visto que no tempo zero
obteve 1,0x1010 UFC mL-1 no meio MS1, e 4,5x1010 UFC mL-1 no meio MS2 (Tabela 2), o que
pode ser explicado devido a composição, que tornou o meio MS1 mais ácido, impossibilitando
que o ambiente estivesse adequado para o metabolismo deste microrganismo, que segundo
Martins et al. (1997), considera que o pH ideal para Bradyrhizobium sp. seja entre 6,8 a 7,0.
Unidades Formadora de Colônias (UFC mL-1)
MS1
testemunha
CMC
GX
testemunha
CMC
GX
0
1,0x1010 a
1,0x1010 a
1,0x1010 a
4,5x1010 a
4,5x1010 a
4,5x1010 a
7
2,5x109 b
7,0x109 a
8,0x109 a
2,3x1010 a
3,6x1010 a
3,7x1010 a
15
1,5x10 b
3,0x10 a
2,0x10 ab
1,6x10 b
1,9x10 ab
2,5x1010 a
30
1,3x108 c
2,6x108 b
7,0x108 a
7,0x109 b
8,0x109 b
2,5x1010 a
45
3,0x10 c
2,4x10 b
7,0x10 a
1,8x10 c
3,5x10 b
1,4x1010 a
60
2,3x107 b
1,6x108 a
3,2x108 a
5,3x108 b
8,7x108 b
1,2x1010 a
90
5,2x10 b
1,6x10 a
2,9x10 a
2,7x10 b
8,0x10 a
1,0x109 a
120
4,7x106 c
5,0x107 b
1,3x108 a
2,1x108 b
5,2x108 a
8,4x108 a
150
3,6x10 c
4,0x10 b
1,0x10 a
1,7x10 b
4,6x10 a
5,5x108 a
180
1,0x106 b
3,0x107 a
3,0x107 a
1,5x108 b
3,7x108 a
2,0x108 ab
210
0,0x10 b
2,0x10 a
2,0x10 a
3,0x10 c
3,0x10 a
1,4x108 b
CV(%)(2)
(1)
MS2
Tempo
(dias)
9
7
6
6
0
9
8
8
7
5
9
8
8
8
5
10
9
8
8
7
2,45
10
9
8
8
8
1,53
Médias seguidas de mesma letra minúscula, nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a
5%. (2) CV: Coeficiente de Variação.
Tabela 2: Influência da utilização de carboximetilcelulose (CMC) e goma xantana (GX) na preservação
de células de Bradyrhizobium elkanii durante 210 dias de armazenamento a 5 °C.(1).
Fonte: Autor
Segundo Romeiro (2001), um método de preservação ideal deve ser simples, barato,
e não demandar equipamento sofisticado, complementando o que diz Mariano, Assis e
Silveira (2005), que cada microrganismo deveria ter seu próprio método de conservação
já que cada um se comporta de uma determinada maneira quando exposto a diferentes
condições. Para que ocorra a multiplicação de um microrganismo para a produção de
inoculante é necessário realizar processos fermentativos utilizando um meio de cultura
adequado para o metabolismo do microrganismo de interesse (VOSS et al., 2013). De
acordo com Woiciechowski et al. (2013), a utilização do melaço de soja é uma alternativa
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
24
devido à redução de custos com matéria prima já que este composto é rico em açúcares,
nitrogênio e outros macronutrientes.
A utilização dos biopolímeros carboximetilcelulose (CMC) e goma xantana (GX)
garantiram maior número de UFC mL-1 durante os 210 dias de armazenamento em relação
ao tratamento sem conservante, para os dois meios de cultura testados. Na tabela 2 é
possível observar que a partir do sétimo dia de conservação as médias dos tratamentos
com conservante foram superiores nas avaliações no meio MS1. Para a fermentação no
meio MS2, houve diferença estatística a partir dos 15 dias de armazenamento, sendo que
desta data até 60 dias, os tratamentos com GX apresentaram maior número de unidades
formadoras de colônias, e a partir dos 90 dias até o último dia de avaliação, os tratamentos
com GX e CMC foram estatisticamente iguais, e superiores à testemunha.
De acordo com o Ministério da Agricultura, a concentração mínima em inoculantes
deve ser de 108 unidades formadoras de colônia, entretanto, conforme a “INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 13”, de 24 de março de 2011, os inoculantes para leguminosas devem
conter pelo menos 1,0x109 UFC por grama ou mililitro (MAPA, 2011), tornando o meio MS2
com adição de conservante a melhor opção, visto que alcançou valores mais próximos ao
recomendado.
Goma xantana foi testada por Tumelero e Denardin (2008) com o objetivo de avaliar
preservação das bactérias Ralstonia solanacearum e Pectobacterium atrosepticum por um
longo período em diferentes formas de armazenamento, sendo em temperatura ambiente,
refrigerador e freezer, e em todas as condições houve decréscimo na concentração de
células viáveis.
Nas figuras 1 e 2 é possível observar que o pH das amostras aumentou, o que
pode ser devido às características do microrganismo, já que segundo Lima et al. (2012),
espécies de Azorhizobium e Bradyrhizobium tem a tendência de alcalinizar o meio de
cultura, enquanto Mesorhizobium, Rhizobium e Sinorhizobium tendem a acidificar o meio.
A diferença da UFC inicial do meio MS1 pode ser devido ao pH do meio ter iniciado um
pouco mais ácido, e segundo Perez et al. (1994), microrganismos simbióticos fixadores de
nitrogênio são sensíveis à pH ácido, o que pode limitar o crescimento. Dentre os polímeros
analisados por Denardin e Freire (2000) está a goma xantana, que foi empregada no intuito
de acondicionar células de Bradyrhizobium elkanii durante oito meses, porém também se
constatou o decréscimo da concentração de células viáveis.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
25
Figura 1: Relação da sobrevivência (UFC mL-1) e o potencial hidrogeniônico (pH) de Bradyrhizobium
elkanii, no meio MS1 durante 210 dias de conservação a 5 °C.
Fonte: Autor
Figura 2: Relação da sobrevivência (UFC mL-1) e o potencial hidrogeniônico (pH) de Bradyrhizobium
elkanii, no meio MS2 durante 210 dias de conservação a 5 °C.
Fonte: Autor
A preservação de Bradyrhizobium elkanii e Bradyrhizobium diazoefficiens foi
avaliada por Schuh (2005), e este alega que biopolímeros como goma xantana, goma jataí
e goma guar, podem ser empregados como base para formulação de inoculantes.
Bradyrhizobium diazoefficiens
Para a fermentação com Bradyrhizobium diazoefficiensi, foi possível observar que o
microrganismo se adaptou bem nos dois meios de cultura, visto que ambos apresentaram
1,00x1010 UFC mL-1 inicialmente (Tabela 3), diferindo pouco o valor do pH inicial, que para
o meio MS1 foi de 7,0 e 7,3 para o MS2. A utilização dos bipolímeros carboximetilcelulose
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
26
(CMC) e goma xantana (GX) garantiram maior número de UFC mL-1 durante os 210 dias de
armazenamento em relação ao tratamento sem conservante, para os dois meios de cultura
testados.
Observando a tabela 3, é possível concluir que para o meio MS1, os tratamentos
com conservantes garantiram maior número de colônias a partir do décimo quinto dia de
armazenamento, e nas duas últimas avaliações, 180 e 210 dias, os valores de UFC mL-1
foram respectivamente melhores no tratamento com goma xantana. Já para a fermentação
no meio MS2, apesar de ter apresentado diferença estatística entre quinze e quarenta
e cinco dias, onde o tratamento com goma xantana foi melhor, nas avaliações de 60,
150 e 180 dias, não diferiram estatisticamente, porém com 210 dias o tratamento com
carboximetilcelulose foi o melhor, seguido do tratamento com goma xantana que também
foi superior à testemunha.
De acordo com Mohamed, Hassan e Abdelgain (2019), inoculantes líquidos
com aditivos poliméricos foram capazes de colaborar na sobrevivência de inoculantes
rizobiais por até sessenta dias em temperatura ambiente e a 4 °C, enfatizando que a
sobrevivência celular depende tanto do tipo de aditivo quanto do microrganismo utilizado.
Para sobrevivência de Rhizobium leguminosarum em diferentes materiais transportadores
testados por Argal et al. (2015), foi constatado que a população diminuiu gradativamente
em todos os testes nos 180 dias de armazenamento.
Nas figuras 3 e 4 é possível observar o comportamento do microrganismo em
relação ao pH do meio de cultura e ao tempo, que diminui a quantidade de células ao longo
dos 210 dias, porém os resultados dos tratamentos com conservantes foram superiores à
testemunha sem conservante. Na figura 3 é possível observar que entre trinta e sessenta
dias a quantidade de UFC mL-1 teve redução no declínio de células, e pode ser relacionado
com os valores de pH, que ficaram entre valores de 6,8 e 7,1, e segundo Oliveira e
Magalhães (1999), estirpes de Bradyrhizobium spp. têm crescimento melhor em pH mais
básico a neutro do que ácido, explicando a manutenção da viabilidade das colônias no meio
MS2 com CMC e GX.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
27
Unidades Formadora de Colônias (UFC mL-1)
MS1
testemunha
CMC
GX
testemunha
CMC
GX
0
1,0x1010 a
1,0x1010 a
1,0x1010 a
1,0x1010 a
1,0x1010 a
1,0x1010 a
7
2,0x109 a
3,5x109 a
3,5x109 a
6,0x109 a
7,5x109 a
8,0x109 a
15
1,0x10 b
2,5x10 ab
3,0x10 a
2,5x10 b
5,0x10 ab
6,5x109 a
30
2,9x108 b
1,0x109 a
1,0x109 a
5,9x108 b
1,1x109 b
5,5x109 a
45
2,5x10 b
5,8x10 ab
1,1x10 a
2,2x10 b
3,5x10 b
1,0x109 a
60
6,0x107 b
2,1x108 a
3,9x108 a
2,0x108 a
2,5x108 a
4,0x108 a
90
2,5x10 b
1,2x10 a
1,5x10 a
1,0x10 b
2,3x10 a
2,4x108 a
120
9,8x106 b
7,0x107 a
1,5x108 a
5,0x107 b
2,0x108 a
2,0x108 a
150
7,0x10 a
9,3x10 a
1,5x10 a
4,0x10 a
6,5x10 a
7,0x107 a
180
9,0x105 c
3,4x106 b
1,0x107 a
1,0x107 a
1,5x107 a
1,5x107 a
210
6,0x10 c
7,0x10 b
1,4x10 a
2,3x10 c
1,3x10 a
6,0x106 b
CV (%)(2)
(1)
MS2
Tempo
(dias)
9
8
7
6
5
9
8
8
6
5
9
9
8
7
6
9
8
8
7
6
2,07
9
8
8
7
7
1,84
Médias seguidas de mesma letra minúscula, nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a
5%. (2) CV: Coeficiente de Variação.
Tabela 3: Influência da utilização de carboximetilcelulose (CMC) e goma xantana (GX) na preservação
de células de Bradyrhizobium diazoefficiens durante 210 dias de armazenamento a 5 °C (1)
Fonte: Autor
Figura 3: Relação da sobrevivência (UFC mL-1) e o potencial hidrogeniônico (pH) de Bradyrhizobium
diazoefficiens, no meio MS1 durante 210 dias de conservação a 5 °C.
Fonte: Autor
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
28
Figura 4: Relação da sobrevivência (UFC mL-1) e o potencial hidrogeniônico (pH) de Bradyrhizobium
diazoefficiens, no meio MS2 durante 210 dias de conservação a 5 °C.
Fonte: Autor
Rohr (2007) estudou a sobrevivência de células de Bradyrhizobium japonicum,
armazenado por três meses a temperatura ambiente, adicionadas a misturas poliméricas
de carboximetilcelulose e amido, em diferentes proporções, e pode concluir que a utilização
destes polímeros contribuiu para a sobrevivência do microrganismo apresentando
excelentes resultados, alcançando 8,64 log de células mL-1 utilizando a proporção 50/50
de cada biopolímero.
Nas figuras 1, 2, 3, e 4 é possível observar a relação de aumento do pH em todos
os tratamentos, com a queda no número de colônias, e segundo Somasegaran e Hoben
(1994), como o pH ótimo para Bradyrhizobium é 6,8 ± 02, em pH de valores superiores a
7 ocorre a diminuição da taxa de crescimento bacteriano, que segundo Prescott, Harley
e Klein (2002), se deve ao fato da presença de produtos de degradação de proteínas
alcalinas durante o metabolismo, que modificam o estado de ionização das moléculas de
nutrientes, diminuindo a disponibilidade para o microrganismo.
Azospirillum sp.
A fermentação com Azospirillum sp. foi realizada utilizando os meios de cultura MS1
e MS2, porém o microrganismo não se adaptou bem ao meio MS1 e foi constatado a
morte celular 24 horas o início do cultivo, mas já em relação ao meio MS2, este foi eficaz
no processo fermentativo, visto que alcançou 1,1x1010 em 96 horas de fermentação, com
pH em torno de 6,5, muito próximo do pH ideal para este microrganismo, que segundo
Romero-Perdomo et al. (2015) seria de 6,8.
Na tabela 4, é possível observar comportamento do Azospirillum sp. durante o
período de prateleira com a adição dos biopolímeros, e perceber a influência destes na
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
29
manutenção das células viáveis.
Unidades Formadora de Colônias (UFC mL-1)
Tempo
(dias)
testemunha
0
1,1x1010 a
1,1x1010 a
1,1x1010 a
7
8,5x109 a
1,1x1010 a
1,1x1010 a
15
5,5x10 b
1,0x10 a
1,0x1010 a
30
4,0x109 b
9,0x109 a
9,0x109 a
45
2,5x10 b
6,5x10 a
7,5x109 a
60
1,0x109 c
2,5x109 b
5,0x109 a
90
1,9x10 a
2,9x10 a
3,0x109 a
120
1,2x109 b
2,2x109 a
2,8x109 a
150
1,0x10 b
1,8x10 a
2,1x109 a
180
5,9x108 b
7,2x108 ab
1,0x109 a
210
3,0x10 c
5,3x10 b
8,5x108 a
9
9
9
9
7
CV (%)(2)
(1)
CMC
GX
10
9
9
9
8
1,12
Médias seguidas de mesma letra minúscula, nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a
5%. (2) CV: Coeficiente de Variação.
Tabela 4: Influência da utilização de carboximetilcelulose (CMC) e goma xantana (GX) na preservação
de células de Azospirillum sp. durante 210 dias de armazenamento a 5 °C (1) no meio de cultura MS1.
Fonte: Autor
Conforme visto na tabela, a partir de 15 dias de armazenamento houve diferença
estatística entre os tratamentos, e a UFC mL -1 apresentou melhores valores com a presença
dos biopolímeros, dando destaque para a goma xantana, a qual obteve melhor resultado
tanto ao longo do período de armazenamento como com 210 dias. De acordo com Bashan
e De-Bashan (2015), apesar de existirem muitos meios de cultura para Azospirillum spp.,
a maioria deles não é considerada vantajosa devido a baixa quantidade de células e aos
altos custos de produção, sendo então vantajoso a produção com meio de cultura MS2.
Na figura 5 está representado o comportamento do inoculante a base de Azospirillum
armazenado durante 210 dias e sua relação com o pH do meio, podendo afirmar que entre
15 e 150 dias o pH se manteve dentro da faixa ideal para o microrganismo, que segundo
Contreras-Ângulo et al. (2019), o meio de cultura para Azospirillum deve estar ajustado em
torno de 7.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
30
Figura 5: Relação da sobrevivência (UFC mL-1) e o potencial hidrogeniônico (pH) de Azospirillum sp.,
no meio MS2 durante 210 dias de conservação a 5 °C.
Fonte: Autor
Alguns autores sugerem que um bom inoculante deva conter entre 108 e 109 UFC
mL-1, enquanto outros afirmam ser necessário apenas valores entre 106 e 107 UFC mL-1,
e com isso pode ser considerado que o inoculante produzido com meio de cultura MS2
adicionado de carboximetilcelulose ou goma xantana seja um produto eficiente para ser
comercializado, visto que a matéria prima utilizada para a formulação do meio de cultura
não é onerosa e os resultado de UFC mL-1 conseguiram alcançar 108 mesmo após 210 dias
de armazenamento (GARCIA-FRAILE et al., 2015).
Reetha et al. (2014) observaram a sobrevivência de Azospirillum lipoferum utilizando
o encapsulamento de células com alginato de sódio aditivado com ácido húmico, porém
esta é uma alternativa dispendiosa em relação à adição dos biopolímeros diretamente no
inoculante.
Outro fator relacionado ao período de armazenamento é a baixa oxigenação, uma
vez que o recipiente fica fechado durante todo o período, e isso pode não ter prejudicado
o Azospirillum sp., pois são microrganismos microaerófilos, e segundo Alexandre et al.
(2000), a concentração ideal de oxigênio para o Azospirillum brasiliense é em torno de 4
μM.
Pseudomonas fluorescens
Para fermentação com Pseudomonas fluorescens foi utilizado o meio de cultura MS3,
visto que este meio contém os reagentes mais adequados para o melhor desenvolvimento
do microrganismo, e com ele foi possível obter 6,0x109 UFC mL
-1
após 96 horas de
fermentação. O meio MS3 foi elaborado visando suprir as necessidades nutricionais da
Pseudomonas fluorescens, a qual é geralmente cultiva em meio King’s B, porém ele não
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
31
garante longos períodos de prateleira, e segundo Biniarz et al. (2018) já foram testadas
outras possíveis formulações otimizando este meio, o que levou a necessidade de
desenvolver um meio alternativo que suplementasse a composição do melaço de soja,
componente testado com outros microrganismos. Na tabela 5 pode-se observar como
a adição dos biopolímeros a este meio após a fermentação foi eficiente para manter a
viabilidade das células, onde já com 7 dias após o início do período de prateleira pode ser
observado diferença entre os tratamentos.
Durante as avaliações foi constatado que a utilização de goma xantana garantiu maior
UFC mL -1 em todos os tempos, e que após os 7 dias, apenas entre 45 e 90 dias a utilização
de carboximetilcelulose foi estatisticamente igual tanto ao tratamento sem conservação
quanto com goma xantana, mas que após 90 dias apresentou valores superiores de UFC
mL -1 em relação à testemunha.
Unidades Formadora de Colônias (UFC mL-1)
Tempo
(dias)
testemunha
CMC
GX
0
6,0x109 a
6,0x109 a
6,0x109 a
7
5,0x10 c
1,3x10 b
6,3x109 a
15
2,5x108 b
7,5x108 a
5,0x108 a
30
2,0x10 a
3,6x10 a
3,9x108 a
45
1,7x108 b
2,1x108 ab
3,7x108 a
60
1,2x10 b
2,1x10 ab
3,7x108 a
90
1,0x108 b
1,9x108 ab
3,4x108 a
120
9,0x10 b
1,8x10 a
2,5x108 a
150
7,5x107 b
1,8x108 a
1,6x108 a
180
6,5x10 b
1,7x10 a
1,3x108 a
5,0x107 b
1,5x108 a
1,0x108 a
8
8
8
7
7
210
CV (%)
(1)
9
8
8
8
8
1,75
(2)
Médias seguidas de mesma letra minúscula, nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a
5%. (2) CV: Coeficiente de Variação.
Tabela 5: Influência da utilização de carboximetilcelulose (CMC) e goma xantana (GX) na preservação
de células de Pseudomonas fluorescens durante 210 dias de armazenamento a 5 °C (1) no meio de
cultura MS3.
Fonte: Autor
De acordo com Biniarz et al. (2018) e Scales et al. (2014), o pH ideal para o
crescimento de Pseudomonas é entre 4 e 8, porém foi observado que em pH muito baixo
ocorre a inibição do microrganismo e de acordo com a figura 6, é notável que o pH entre 7,3
e 7,5 obteve melhores resultados na preservação do número de células.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
32
Figura 6: Relação da sobrevivência (UFC mL-1) e o potencial hidrogeniônico (pH) de Pseudomonas
fluorescens, no meio MS3 durante 210 dias de conservação a 5 °C.
Fonte: Autor
Em estudo feito por Gonçalves et al. (2017), foi notado que o crescimento de
Pseudomonas fluorescens se deu melhor em condições de pH mais próximo ao neutro, o
que pode comprovar o bom resultado obtido na fermentação com o meio MS3 que alcançou
109 UFC mL-1 em pH igual a 7,3.
Foi comprovado por Trivedi et al. (2005) que a utilização de alginato na formulação
de inoculante com Pseudomonas corrugata garantiu resultados superiores em relação a
inoculantes líquidos ou a base de carvão para inoculação de plantas de milho.
A conservação de inoculantes, segundo Balatti (1992) tem como característica
indispensável a manutenção da viabilidade das células microbianas sem a presença de
contaminantes, e que o método de preservação não cause mutações ou variação das
características funcionais do microrganismo. Sendo assim, foi possível concluir com
os dados apresentados que a utilização de carboximetilcelulose e goma xantana foram
eficazes na manutenção das características primárias dos microrganismos nos meios de
cultura testados.
Nas figuras 7A, 7B, 7C e 7D estão representadas respectivamente as unidades
formadoras de colônia (UFC mL-1) de Bradyrhizobium elkanii, Bradyrhizobium diazoefficiens
e Azospirillum sp. no meio de cultura MS2, e Pseudomonas fluorescens no meio de cultura
MS3, resultado do plaqueamento pela técnica Spread Plate, sendo as placas superiores
referentes ao tempo 0, nas diluições 104, 106 e 108, respectivamente, e nas placas inferiores
está representado da mesma maneira o plaqueamento do tempo 210 dias, sendo que nas
figuras 7A e 7C, as placas com 210 dias é resultado da conservação com o biopolímero
goma xantana, e nas figuras 7B e 7D com carboximetilcelulose. confirmando a eficácia
destes biopolímeros em manter a viabilidade celular da bactéria, sem a presença de
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
33
contaminantes, e sem alteração em suas características morfológicas.
A: Bradyrhizobium elkanii, B: Bradyrhizobium diazoefficiens, C: Azospirillum sp., D: Pseudomonas
fluorescens.
Figura 7: Unidade formadora de colônia (UFC mL-1) de Bradyrhizobium elkanii, Bradyrhizobium
diazoefficiens e Azospirillum sp. nos tempos zero (T0) e 210 dias (T210), no meio MS2, e
Pseudomonas fluorescens no meio MS3.
Fonte: Autor
Nestas figuras foi observado o decréscimo do número de colônias após os
210 dias de armazenamento, porém foi satisfatório pelo fato de não ter a presença de
microrganismos contaminantes, o que poderia influenciar na competição por nutrientes
entre o microrganismo e algum possível contaminante, acarretando na diminuição de
células viáveis, e consequente ineficiência do inoculante, estando de acordo com o que
diz Deaker et al. (2004) que consideram o número de células viáveis e o número máximo
de contaminantes toleráveis, como sendo os parâmetros necessários para classificar um
inoculante.
Confrontando os resultados obtidos nesta pesquisa de que o meio de cultura MS2, e
MS3 com adição de biopolímero goma xanatana ou carboximetilcelulo foram eficientes na
manutenção de células viáveis das rizobactérias testadas, e a ausência de contaminantes,
com os resultados de uma pesquisa realizada por Herrmann e Lesueur (2013) na qual
foram avaliados 65 inoculantes comerciais, sendo que destes, somente 37% estavam puros
e 63% apresentavam contaminação por uma ou mais estirpes bacterianas, o inoculante
produzido pode ser considerado de boa qualidade.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
34
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de biopolímeros como goma xantana (GX) e carboximetilcelulose
(CMC) foi eficiente na conservação e viabilidade de células de Bradyrhizobium elkanii,
Bradyrhizobium diazoefficiens, Azospirillum sp. e Pseudomonas fluorescens durante 210
dias de armazenamento a 5 °C.
O meio de cultura MS2 composto por melaço de soja e extrato de levedura foi mais
eficiente do que o meio MS1 na manutenção de UFC mL -1.
REFERÊNCIAS
ALEXANDRE, G.; GREER, S. E.; ZHULIN, I.B. Energy taxis is the dominant behavior in Azospirillum
brasilense. Journal of Bacteriology, v. 182, n. 21, p. 6042-6048, 2000.
ARGAL, M. S.; RAWAT, A. K.; AHER, S. B.; RAJPUT, P. S. Bioefficacy and shelf life of Rhizobium
leguminosarum loaded on different carriers. Applied Biological Research, v. 17, n. 2, p. 1-7, 2015.
BALATTI, A. P. Producción de inoculantes para Leguminosas: tecnologia de las fermentaciones
aplicada a los géneros Rizhobium y Bradyrhizobium. Santa Rosa, Argentina. Ediciones Trabuco
Editorial. 152 p., 1992.
BASHAN, Y.; DE-BASHAN, L. E. Inoculant Preparation and Formulations for Azospirillum spp. In:
Handbook for Azospirillum. Springer, Cham, 2015. p. 469-485.
BINIARZ, P.; COUTTE, F.; GANCEL, F.; LUKASZEWICZ, M. High-throughput optimization of medium
components and culture conditions for the efficient production of a lipopeptide pseudofactin by
Pseudomonas fluorescens BD5. Microbial cell factories, v. 17, n. 1, p. 121, 2018.
CONTRERAS-ANGULO, J. R.; MATA, T. M.; CUELLAR-BERMUDEZ, S. P.; CAETANO, N. S.;
CHANDRA, R. GARCIA-PEREZ, J. S.; MUYLAERT, K.; PARRA-SALDIVAR, R. Symbiotic co-culture
of Scenedesmus sp. and Azospirillum brasilense on N-deficient media with biomass production for
biofuels. Sustainability, v. 11, n. 3, p. 707, 2019.
DEAKER, R.; ROUGHLEY, R.; KENNEDY, I. R. Legume seed inoculation technology: a review. Soil
Biology and Biochemistry, Elmsford, v. 36, n. 8, p. 1275-1288, 2004
DENARDIN, N. D.; FREIRE, J. R. J. Assessment of polymers for the formulation of legume inoculants.
World Journal of Microbiology and Biotechnology, v. 16, n. 3, p. 215-217, 2000.
FERNANDES JÚNIOR, P. I.; ROHR, T. G.; OLIVEIRA, P. J. D.; XAVIER, G. R.; RUMJANEK, N. G.
Polymers as carriers for rhizobial inoculant formulations. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 44, n.
9, p. 1184-1190, 2009.
GARCÍA-FRAILE, P.; MENÉNDEZ, E.; RIVAS, R. Role of bacterial biofertilizers in agriculture and
forestry. AIMS Bioeng, v2, p.183–205, 2015.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
35
GONÇALVES, L. D. D. A.; PICCOLI, R. H.; PERES, A. D. P.; SAÚDE, A. V. Predictive modeling of
Pseudomonas fluorescens growth under different temperature and pH values. Brazilian journal of
microbiology, v. 48, n. 2, p. 352-358, 2017.
HERRMANN, L.; LESUEUR, D. Challenges of formulation and quality of biofertilizers for sucessful
inoculation. Applied Microbiology and Biotechnology, Berlin, v. 97, n. 20, p. 8859-8873, 2013.
HUSSAIN, A.; ZIA, K. M.; TABASUM, S.; NOREEN, A.; ALI, M.; LQBAL, R.; ZUBER, M. Blends and
composites of exopolysaccharides; properties and applications: A review. International Journal of
Biological Macromolecules, v. 94, p. 10–27, 2017.
LIMA, A. A.; FERNANDES JÚNIOR, P. I.; PASSOS, S. R.; PAULO, F. S.; NOSOLINE, S. M.; FARIA,
S. M.; GUERRA, J. G. M.; RUMJANEK, N. G.; XAVIER, G. R. Diversidade e capacidade simbiótica de
rizóbios isolados de nódulos de Mucuna-Cinza e Mucuna-Anã. Revista Brasileira de Ciência do Solo,
v. 36, n. 2, p. 337-348 2012.
LIU, Y.; JIANG, X.; GUAN, D.; ZHOU, W.; MA, M.; ZHAO, B.; CAO, F. LI, L.; LI, J. Transcriptional
analysis of genes involved in competitive nodulation in Bradyrhizobium diazoefficiens at the presence of
soybean root exudates. Scientific reports, v. 7, n. 1, p. 1-11, 2017.
MARIANO, R. L. R.; ASSIS, S. M. P.; SILVEIRA, E. Preservação de bactérias fitopatogênicas. Manual
de Práticas em Fitobacteriologia. 2a. ed. Recife. UFRPE, p. 35-45, 2005.
MARTINS, L. M. V.; XAVIER, G. R.; NEVES, M. C. P.; RUMJANEK, N. G. Características relativas
ao crescimento em meio de cultura e a morfologia de colônias de” rizóbio”. Embrapa AgrobiologiaComunicado Técnico (INFOTECA-E), 1997.
MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Instrução Normativa Nº
13, de 24/03/2011. Disponível em: <http://extranet. agricultura.gov.br/sislegis/> Acesso em: 6 jun. 2020.
MOHAMED, S. S., HASSAN, M. A., ABDELGANI, M.E. The shelf life of Rhizobial liquid inoculants
amended with diferente polymeric additives. Australian Journal of Basic and Applied Sciences. P
28-36, 2019.
MONCADA, A., MICELI, A., VETRANO, F. Use of plant growth-promoting rhizobacteria (PGPR) and
organic fertilization for soilless cultivation of basil. Scientia Horticulturae, v. 275, p. 109733, 2020.
OLIVEIRA, L.A.; MAGALHÃES, H.P. de. Quantitative evaluation of acidity tolerance of root nodule
bacteria. Revista de Microbiologia. v. 30: 203–208, 1999.
PEREZ-GALDONAF, R.; KAHN, M. L. Effects of organic acids and low pH on Rhizobium meliloti
104A14. Microbiology, v. 140, n. 5, p. 1231-1235, 1994.
PRESCOTT, L. M., HARLEY, J. P., KLEIN D. A., Microbiology, McGraw-Hill, New York, 2002.
PRAVEEN BIRADAR, B.J.; SANTHOSH, G.P., Cell Protectants, Adjuvants, Surfactant and Preservative
and their Role in Increasing the Shelf Life of Liquid Inoculant Formulations of Pseudomonas
fluorescens. International Journal of Pure e Applied Bioscience. V. 6, n. 4, p. 116-122, 2018.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
36
RAMONGOLALAINA, C. Dual-luciferase assay and siRNA silencing for nodD1 to study the
competitiveness of Bradyrhizobium diazoefficiens USDA110 in soybean nodulation. Microbiological
Research, p. 126488, 2020.
REIS, V. M.; ALVES, G. C. Inoculantes contendo bactérias fixadoras de nitrogênio para aplicação na
cultura do milho. Ciências Agrárias: Tecnologias e Perspectivas. p. 82 – 97, 2015.
REETHA, D.; KUMARESAN, G.; JOHN MILTON, D. Studies to improve the shelf life of Azospirillum
lipoferum immobilized in alginate beads. International Journal of Recent Scientific Research, v. 5, p.
2178-2182, 2014.
ROHR, T.G. Estudo reológico da mistura carboximetilcelulose/ amido e sua utilização como
veículo de inoculação bacteriano. 2007. 113f. Dissertação (Mestrado em Ciências), Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2007.
ROMEIRO, R. S. Preservação de bactérias fitopatogênicas. 1.ed. Viçosa. UFV, 2001. Pp. 87-96.
ROMERO-PERDOMO, F.; CAMELO-RUSINQUE, M.; CRIOLLO-CAMPOS, P.; BONILLA-BUITRAGO,
R. Efecto de la temperatura y el pH en la producción de biomasa de Azospirillum brasilense C16
aislada de pasto guinea. Pastos y Forrajes, v. 38, n. 3, p. 171-175. 2015.
SANZ, T.; FERNÁNDEZ, M. A.; SALVADOR, A.; MUNOZ, J.; FISZMAN, S. M. Thermogelation
properties of methylcellulose (MC) and their effecton a batter formula. Food Hydrocolloids, v. 19, n. 1,
p. 141-147, 2005.
SCALES, B. S.; DICKSON, R. P.; LIPUMA, J. J.; HUFFNAGLE, G. B. Microbiology, genomics, and
clinical significance of the Pseudomonas fluorescens species complex, an unappreciated colonizer of
humans. Clinical microbiology reviews, v. 27, n. 4, p. 927-948, 2014.
SILVA, M. F.; OLIVEIRA, P. J.; XAVIER, G. R., RUMJANEK, N. G.; REIS, V. M. Inoculantes formulados
com polímeros e bactérias endofíticas para a cultura da cana-de-açúcar. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v. 44, n. 11, p. 1437-1443, 2010.
SILVA, C. R. R.; JUNIOR, M. A. L.; FIGUEIREDO, M. V. B.; STAMFORD, N. P.; ALVES, G. Viabilidade
de conservação de rizóbios por condicionadores líquidos. Revista Ciência Agronômica, v. 44, n. 4, p.
661-668, 2013.
SOMASEGARAN, P., HOBEN, H. J. Handbook for rhizobia: methods in legume-Rhizobium technology.
Springer Science & Business Media, 1994.
TRIVEDI, P.; PANDEY, A.; PALNI, L. M. S. Carrier-based preparations of plant growth-promoting
bacterial inoculants suitable for use in cooler regions. World Journal of Microbiology and
Biotechnology, v. 21, n. 6-7, p. 941-945, 2005.
TUMELERO, A. I.; DENARDIN, N. D. Uso de polímeros em formulações para preservação de
Pectobacterium atrosepticum e Ralstonia solanacearum. Summa phytopathol. Botucatu, v. 34, n. 1, p.
58-61. 2008.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
37
VOSS, G. B. Produção de Bacillus subtilis em biorreator airlift e sua aplicação no controle de
nematoide de galhas do tomateiro. 2013. 115f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Alimentos).
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2013.
XAVIER, G.R.; RUMJANEK, N. G.; GUEDES, R. E. Inoculante. Agência EMBRAPA de Informação
Tecnológica, Brasília. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br>. Acesso em: 19 jun.
2020.
WOICIECHOWSKI, A. L.; CARVALHO, J. C.; SPIER, M. R.; SOCCOL, C. Emprego de resíduos
agroindustriais em bioprocessos alimentares. Biotecnologia de alimentos, coleção Ciência,
tecnologia, engenharia de alimentos e nutrição, editora Atheneu, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte, v. 1, p. 143-172, 2013.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 3
38
CAPÍTULO 4
CONTROLE DE Aedes aegypti NO DISTRITO
FEDERAL
Raphael da Silva Affonso
Data de aceite: 01/08/2022
Rosilene Gomes Sousa
Ciências Biológicas, da Faculdade Anhanguera
de Brasília – Polo Águas Claras, Águas Claras,
Distrito Federal
Lucas Santos de Sousa
Ciências Biológicas, da Faculdade Anhanguera
de Brasília – Polo Águas Claras, Águas Claras,
Distrito Federal
Ana Cristina Rodrigues da Cruz
Programa de Pós-Graduação em Entomologia
da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,
Minas Gerais, Brasil
Lana Cristina Evangelista Ferreira de Sá
Ciências Biológicas, da Faculdade Anhanguera
de Brasília – Polo Águas Claras, Águas Claras,
Distrito Federal
Michellen Maria Gomes Resende
Programa de Pós-Graduação em Entomologia
da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,
Minas Gerais, Brasil
Larissa Leite Barbosa
Biomedicina e Farmácia, da Faculdade
Anhanguera de Brasília – Polo Águas Claras,
Águas Claras, Distrito Federal
Joselita Brandão de Sant’Anna
Biomedicina e Farmácia, da Faculdade
Anhanguera de Brasília – Polo Águas Claras,
Águas Claras, Distrito Federal
Biomedicina e Farmácia, da Faculdade
Anhanguera de Brasília – Polo Águas Claras,
Águas Claras, Distrito Federal
Eleuza Rodrigues Machado
Ciências Biológicas, Biomedicina, Enfermagem
e Farmácia, da Faculdade Anhanguera de
Brasília – Polo Águas Claras, Águas Claras,
Distrito Federal
RESUMO: Aedes aegypti ocupa diversas
regiões do Mundo, provocando uma série de
impactos sanitários, em virtude da transmissão
de doenças como: Dengue, Chikungunya, Zika
e febre amarela urbana, etc. Nesse âmbito, a
presente pesquisa objetivou discorrer acerca
do monitoramento e dos métodos de combate
ao inseto executados no Distrito Federal (DF),
considerando as vantagens e desvantagens
de cada processo. Assim, utilizou-se o método
de revisão bibliográfica na pesquisa, no qual
66 referências relevantes foram selecionadas
utilizando as plataformas: SciELO e LILACS, bem
como manuais e sites governamentais. Na busca
dos artigos usaram as palavras-chave: A. aegypti;
Combate; Distrito Federal. Caracterizado pelas
naturezas qualitativa e quantitativa, o trabalho
contou com a coleta de dados presentes em
informativos do Levantamento de Índices do A.
Aegypti (LIRAa), dando importância aos meses
de fevereiro, maio, agosto e novembro de 2018
e de 2019, concomitantemente. Inicialmente,
discorreu-se sobre os aspectos gerais do inseto
e, posteriormente, dados acerca da distribuição
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
39
e índices de infestação no DF foram apresentados. Em vista do exposto, concluiu-se que
os dados aqui apresentados são imprescindíveis à construção de projetos e à execução de
políticas públicas mais estratégicas contra o A. aegypti no DF, e também que as medidas
atualmente adotadas devem ser aprimoradas, enquanto técnicas inovadoras têm de ser
estudadas e colocadas à prova, visando reduzir o número de infecções e óbitos causados
pelas doenças transmitidas por este mosquito.
PALAVRAS-CHAVE: A. aegypti; Controle; Distrito Federal.
ABSTRACT: Aedes aegypti occupys different regions of the world, causing a series of health
impacts, due to the transmission of diseases such as: Dengue, Chikungunya, Zika and urban
yellow fever, etc. in this scope, the present research aimed to discuss about the monitoring
and the methods of fighting the insect performed in the Federal District (DF), considering
the advantages and disadvantages of each process. Thus, the bibliographic review method
was used in the research, in which 66 relevant references were selected using the platforms:
SciELO and LILACS, as well as government manuals and websites. In the search for articles,
the following keywords were used: A. aegypti; Combat; Federal District. Characterized by
the qualitative and quantitative natures, the work relied on the collection of data present in
information from the survey of A. aegypti index (LIRAa), giving importance to the months of
February, May, August and November 2018 and 2019, considerately. Initially, the general
aspects of the insect was discussed and, later, data about the distribution and infestation index
in the DF were presented. In view of the foregoing, it is concluded that the data presented
here are essential for the construction of projects and the implementation of more strategic
public policies against A. aegypti in DF, and also that the measures currently adopted must be
improved, while innovative techniques must be studied and put to the test, in order to reduce
the number of infections and deaths caused by diseases transmitted by this mosquito.
KEYWORDS: A. aegypti; Control; Federal District.
1 | INTRODUÇÃO
A. aegypti (Diptera: Culicidae) é encontrado em diversos países, com maior
predominância naqueles localizados nas zonas tropicais. No Brasil, ele está presente em
todas as regiões, causando sérios impactos à saúde pública, pois é o principal vetor da
Dengue, Chikungunya, Zika e febre amarela urbana. Em território brasileiro, é popularmente
conhecido como “mosquito da Dengue”, devido ao elevado nível de propagação da doença
(GLASSER; GOMES, 2002; SILVA; SANTOS, 2018; BRASIL, 2019).
É evidente que, nas décadas mais recentes, houve um pronunciamento considerável
das populações do mosquito. Tal fato, pode ser justificado pelo crescimento populacional
humano, juntamente à ausência de planejamento estrutural dos centros urbanos, que
expandem de maneira desordenada, promovendo o desenvolvimento de uma infraestrutura
precária, criando, portanto, um ambiente favorável à proliferação do mosquito, aumentando
as possibilidades de transmissão de arboviroses (VELÁSQUEZ et al., 2007; ACIOLE, 2009;
BRASIL, 2014).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
40
O aumento do número de casos de Dengue registrados no DF foi a principal
motivação para a realização deste estudo. Apesar das campanhas de combate à doença e
controle do mosquito, há escassez significativa na quantidade de dados acerca dos focos
do mosquito em ambientes públicos, residências, indústrias, etc. Assim, a indagação que
esta pesquisa procurou resolver foi: como se dá o monitoramento e o combate ao mosquito
no DF? (SILVA et al., 2006; CATÃO et al., 2009).
Destarte, o objetivo primário desta pesquisa foi redigir sobre o monitoramento e
os métodos de combate contra o A. aegypti no DF, evidenciando suas vantagens e
desvantagens. A partir do objetivo geral da pesquisa, delimitaram-se objetivos específicos:
1) apresentar as principais características do A. aegypti; 2) analisar o monitoramento do
inseto no DF; 3) avaliar os métodos de combate ao A. aegypti, explanando o uso e a
eficácia.
2 | METODOLOGIA
O desenvolvimento do artigo foi baseado no método bibliográfico de pesquisa,
dentro do qual foram seguidas as etapas: definição do tema; seleção de questões para
revisão; estabelecimento de critérios de busca, inclusão e exclusão de estudos, definindo,
assim, as informações a serem extraídas dos trabalhos selecionados. Utilizaram-se estudos
publicados entre as décadas de 90 e 2000, encontrados a partir das palavras-chave: A.
aegypti; Combate; e Distrito Federal. Realizou-se uma varredura de publicações nas bases
de dados SciELO e LILACS, manuais e sites governamentais, nos quais foram encontrados
e selecionados 66 trabalhos confeccionados em língua inglesa e portuguesa.
Diante disso, a pesquisa foi desenvolvida de forma segmentada, em capítulos, sendo
o primeiro formado pela contextualização do tema, contendo o histórico e os aspectos
gerais do A. aegypti. Na segunda parte, descreveu-se todo o esquema de monitoramento
do A. aegypti no DF, utilizando com fonte o LIRAa, banco de dados informativo de resumo
epidemiológico, do qual extraíram-se informações sobre os meses de fevereiro, maio,
agosto e novembro de 2018 e de 2019. No último capítulo, analisaram-se os dados tratados
no tópico anterior, informando a eficácia do combate ao mosquito no DF, delineando, sob
uma perspectiva geral, as vantagens e desvantagens.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Histórico do A. aegypti
Entre outros aspectos, a capacidade de transmitir doenças virais, especialmente
a Dengue, é o que confere importância ao A. aegypti. O epíteto específico da espécie
remete ao Egito, onde o inseto foi encontrado e descrito pela primeira vez por Linnaeus,
em 1762. O invertebrado está presente em trópicos e subtrópicos – difundido, por exemplo,
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
41
por grande parte do continente americano; sudeste da Ásia; e em todo o território indiano.
Suspeita-se que o artrópode chegou ao Brasil entre os séculos XVI e XIX, em decorrência
do enorme fluxo de embarcações advindas de outras regiões do mundo no período colonial,
época em que a comercialização e o transporte de africanos escravizados eram massivos
(FORATTINI, 2002; GETIS et al., 2008; OLIVEIRA, 2013).
A disseminação do A. aegypti ocorreu com a destruição do hábitat natural provocada
pelas pressões antrópicas. Com isso, parte da população silvestre migrou em direção
aos grandes centros urbanos, adaptando-se facilmente à sobrevivência em meio aos
aglomerados humanos (ZARA et al., 2016; SOUSA et al., 2022).
Apesar de possuir grande potencial adaptativo, o A. aegypti é dificilmente encontrado
em ambientes silvestres e semissilvestres, visto que tais locais são pouco ocupados pelo
homem. Porém, a alta taxa de proliferação da espécie no espaço urbano é, em grande
medida, causada pelas atividades antrópicas que resultam no descarte indiscriminado
de resíduos sólidos sintéticos, como: pneus e materiais de plástico e de vidro, que são
potenciais criadouros do inseto (NATAL, 2002; VAREJÃO et al., 2005; ZARA et al., 2016).
Em meados do século XX, no Brasil, as políticas de saúde pública de combate
ao mosquito se tornaram mais consistentes, em virtude do aumento do número de casos
de febre amarela urbana, que levou milhares de indivíduos a óbito. Na época, o controle
do inseto se dava por métodos mecânicos e químicos, nos quais os possíveis criadouros
eram remanejados e/ou submetidos a doses de inseticidas. No entanto, tais técnicas não
surtiam efeitos inteiramente satisfatórios, pois não garantiam a obliteração definitiva do
vetor (COSTA et al., 2011).
Embora a pouca efetividade da metodologia de combate ao inseto, registros apontam
que a sua erradicação foi conseguida em dois momentos: 1958 e 1973. Todavia, três anos
após ao último desarraigamento, houve a reintrodução do A. aegypti no Brasil, devido
a falhas cometidas pela vigilância epidemiológica, e também em razão do crescimento
populacional desenfreado sucedido em todos os estados brasileiros, o que contribuiu
fortemente com a distribuição do invertebrado, que, hodiernamente, ocupa cerca de 5.523
municípios (TAUIL, 2001; MACIEL; JÚNIOR; MARTELLI, 2008).
3.2 Classificação do A. aegypti
Estima-se que a ordem Diptera, da qual o A. aegypti faz parte, possui cerca de
85.000 espécies, das quais 200 atuam como vetores de agentes patogênicos, tais como:
vírus, bactérias, protozoários e helmintos. O gênero Aedes reúne aproximadamente
900 espécies, sendo 44 subgêneros, dos quais o que mais se destaca é o Stegomyia
(ELDRIDGE; EDMAN, 2000; SANTOS, 2008).
As fêmeas apresentam um alto grau de antropofilia, isto é, possuem afinidade em
relação aos organismos humanos, dos quais o material sanguíneo é sorvido. Os picos de
atividade hematofágica ocorrem no período diurno. O processo de digestão acontece entre
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
42
48 a 72 horas após a alimentação. O sangue humano é essencial à produção e à deposição
dos ovos, sendo que, nesta última, os mosquitos buscam por locais ou recipientes que
estejam com acúmulo de água, preferencialmente, pobre em matéria orgânica. Uma vez
que o espaço ideal é encontrado, os ovos são posicionados nas superfícies internas do
sítio, próximo à lâmina d’água. A oviposição ocorre com maior intensidade no período
noturno ou nas primeiras horas do dia (AZEVEDO, 2015).
Os ovos do A. aegypti medem, em média, 1 mm de comprimento, possuindo
contorno alongado e fusiforme. No momento da postura, os ovos apresentam coloração
esbranquiçada, que é gradativamente modificada ao longo do desenvolvimento do embrião,
tornando-se negra (BRASIL, 2001).
Em circunstâncias regulares, o ciclo de vida do A. aegypti dura entre 15 e 30 dias,
período no qual o desenvolvimento é subdividido em: ovo, larva (dividida em: L1, L2, L3 e
L4), pupa e adulto (SANTOS, 2008).
Em condições hostis, a quiescência (estado de baixa atividade metabólica, no qual
a maturação do embrião é interrompida) dos ovos permite com que haja manutenção do
ciclo na natureza, isto é, durante variações climáticas caracterizadas pela baixa umidade,
a viabilidade dos ovos pode chegar a pouco mais de um ano, até que haja um ambiente
favorável à eclosão (SILVA; SILVA, 1999; ARRUDA, 2005).
3.3 Criadouros do mosquito
Tem-se ciência de que o processo de dispersão do A. aegypti ocorre fundamentalmente
de forma passiva, isto é, pela da disseminação de ovos a partir da resistência à dessecação,
que resulta na aderência dos ovos a longo prazo às paredes internas de recipientes que
têm a capacidade de acumular temporariamente água e que, futuramente, serão focos de
reprodução e criadouros do mosquito. De maneira implícita, tal modelo de difusão mantém
e amplia a presença do vetor (SOUZA-SANTOS, 1999; SANTOS, 2008; SAMPAIO, 2019).
Em um único ciclo gonadotrófico, a fêmea é capaz de realizar múltiplas ingestões
de sangue, o que aumenta as possibilidades de transmissão de doenças. Ademais,
a disposição dos ovos também ocorre em um mesmo ciclo, no entanto, em ambientes
diferentes, nos quais a fêmea distribui os ovos em grupos segregados, aumentando o
número de focos do inseto, além de dificultar as ações de controle (ZARA et al., 2016;
SILVA-FILHO et al., 2021).
Estudos que envolvem a soltura e captura de A. aegypti afirmam que as fêmeas são
capazes de percorrer cerca de 800 metros medidos entre o ponto de liberação e os sítios
de oviposição. Na dispersão ativa, a fêmea busca sítios de oviposição e de hospedeiros
como mecanismo de disseminação dos agentes causadores de doenças aos homens, isso
torna-se de grande relevância como dados epidemiológicos (HONÓRIO et al., 2003).
A distância média de dispersão é considerada como um importante parâmetro
dentro do estudo epidemiológico, pois é a distância máxima de deslocamento que reflete na
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
43
disseminação do A. aegypti. Obras que tratam sobre a dispersão do mosquito concluíram
que a distância percorrida pelo voo é, geralmente, abaixo de 100 metros (HARRINGTON
et al., 2005; SANTOS, 2008).
Portanto, existem alguns lugares de preferência, dentre os quais: hábitats aquáticos
instáveis, sejam eles naturais ou mesmo artificiais, cobertos por águas pluviais; ocos de
árvores; folhas; garrafas; latas; pneus; vasos/pratos de plantas; calhas; ou qualquer tipo
de objeto destinado ao armazenamento de água em uso doméstico, nesse caso, recobra
as cisternas, caixa d’água, além de tambores, tanques, tonéis, etc. (FREITAS et al., 2007;
SOUSA et al., 2022).
As condições climáticas (temperatura, pluviosidade, altitude) interferem no ciclo
vital do A. aegypti, além da domiciliação, dispersão, repasto e reprodução (DONALÍSIO;
GLASSER, 2002; FREITAS et al., 2007).
3.4 Monitoramento do A. aegypti no DF
No DF, os casos de Dengue têm aumentando de forma exponencial. Até fevereiro
de 2020, foram registrados cerca de sete mil casos. Dessa forma, conclui-se, logicamente,
que o número de focos do mosquito aumentou drasticamente. À vista disso, evidenciase a importância da vigilância epidemiologia no monitoramento do mosquito, visto que é
um programa responsável pelo controle e redução de infecções transmitidas pelo inseto
(DISTRITO FEDERAL, 2020).
3.5 Vigilância e monitoramento epidemiológico do A. aegypti
A vigilância e monitoramento do A. aegypti é iniciado a partir da coleta das larvas. A
proposta é medir a densidade populacional do mosquito em áreas urbanas por vistoria de
depósitos de água e outros recipientes, geralmente localizados em regiões residenciais e
imóveis industriais, como borracharias e ferros-velhos, os quais são considerados regiões
estratégicas na busca de criadouros, pois possuem alto potencial de oferecer ambientes
propícios para criadouros de mosquitos (BRAGA; VALLE, 2007).
No Brasil, o levantamento da população de A. aegypti consiste na coleta de larvas
e/ou pupas, que são contabilizadas e usadas como base de dados na verificação do
impacto das doenças transmitidas pelo mosquito. Assim, por essas informações, praticamse métodos de eliminação das larvas e pupas do vetor, especialmente nas regiões mais
afetadas. Vale destacar que a geração de dados não deve ser fundamentada na medida
abundante da população do inseto adulto, pois, dessa maneira, seria ineficaz estimar a
transmissão, apesar de estar sendo usado para essa finalidade (BRASIL, 2001).
Há, também, métodos usados na coleta de mosquitos adultos, visando estimar o
risco de transmissão de doenças. No entanto, tal procedimento é deveras oneroso, tanto
em tempo, quanto em capital, tornando inviável essa categoria de coleta, que só é realizada
em situações específicas, como mostrado em estudo com mais detalhe (ELDRIDGE;
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
44
EDMAN, 2000).
O trabalho epidemiológico do mosquito no DF é complexo, pois os dados de coleta
e de densidade populacional de adultos são desconhecidos, dificultando, portanto, as
políticas de controle. O comportamento do vetor também configura um dos empecilhos,
dado que o hábito de repousar ocorre no interior dos imóveis, em ambientes com pouca
luminosidade, inviabilizando a coleta, restando meramente a possibilidade de estimar o
total de espécimes da espécie (CARVALHO et al., 2004; BRAGA; VALLE, 2007).
Além dos obstáculos supracitados, há, também, a relação entre a abundância
relativa de mosquitos adultos e o número de casos de transmissão, que, comumente, é
desconhecido, causando, assim, imprecisão na organização dos dados. Ainda, há uma
discrepância desconhecida entre a apuração de vetores coletados e no número de
indivíduos que se dispõe na área de coleta, ou seja, não há como determinar a quantidade
exata de mosquitos. Todavia, é possível estabelecer uma relação de quantificação que
consiste no número de vetores adultos por pessoa, porém, não é um método totalmente
eficiente, pois não é suficiente para quantificar o risco de transmissão (BRASIL, 2001;
PINHEIRO; TADEI, 2002; OLIVEIRA, 2020).
Além da coleta de larvas, a medição da população do vetor também pode ser
realizada com o auxílio de armadilhas de oviposição (ovitrampas), que simulam um
ambiente favorável à disposição dos ovos. As ovitrampas são recipientes de cor preta,
preenchidos com água e acompanhados por uma palheta de madeira de superfície áspera,
onde os ovos ficam aderidos. Na água, colocam-se compostos larvicidas, de modo a tornar
a medição mais eficiente (BESERRA et al., 2010; MIYAZAKI et al., 2019).
As estratégias de controle químico do mosquito empregadas pelas póliticas de saúde
pública do DF nos últimos anos não estão apresentando efeitos satisfatórios, pois o índice
de infestação continua o mesmo. Ademais, as ações de combate não são homogêneas e
apresentam pouca durabilidade, além da insuficiência de medidas educativas e ambientais
direcionadas à população (FEITOSA; SOBRAL; JESUS, 2015).
“O número de casos prováveis de Dengue registrados no Brasil em janeiro deste ano
foi mais que dobrou em comparação ao mesmo período de 2018”. Conforme o Ministério da
Saúde, até o dia 2 de fevereiro, o aumento era de 149%, passando de 21.992 para 54.777
casos prováveis, uma incidência de 26,3 casos por 100 mil. Sabe-se que, em determinado
período do ano, a ocorrência de A. aegypti aumenta consideravelmente, especialmente
nas épocas de maior precipitação pluviométrica. Entre os meses de janeiro e fevereiro,
aproximadamente 200 mil imóveis foram inspecionados no DF, com o objetivo de combater
e prevenir a Dengue (BERMUDI et al., 2017; DISTRITO FEDERAL, 2020).
3.6 Monitoramento do A. aegypti no DF
Em Brasília, o monitoramento do mosquito foi considerado como prioridade pela
Secretária de Saúde do DF, que, junto ao Executivo Intersetorial de Gestão de Prevenção
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
45
e Controle da Dengue (Geiplandengue), vem promovendo ações de vigilância do inseto
(FREITAS; RODRIGUES; ALMEIDA, 2011).
As ações sempre integraram o Plano de Ação, de Prevenção e Controle da Dengue,
que iniciou em 2011, contando como participantes: agentes de vigilância ambiental, militares
das Forças Armadas, bem como o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), a Companhia
Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), Agência de Fiscalização (Agefis), e a
Fundação Nacional de Saúde (Funasa) (GREGÓRIO, 2018).
Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS) busca a realização de cursos, palestras
e treinamentos, promovendo a capacitação de profissionais das regionais de saúde e
parcerias, como a Agefis, que é responsável pela fiscalização, principalmente quando se
trata do monitoramento de canteiros de obras (BRASIL, 2015; ALMEIDA, 2020). “Para
comunicar focos do mosquito à Vigilância Ambiental a SES disponibilizou para a população
o hotsite ‘Brasília Contra o Aedes’. Além disso, é possível tirar dúvidas e acompanhar os
casos do DF por localidade” (DISTRITO FEDERAL, 2018, p. 1).
A Secretária de Saúde ressalta que o monitoramento e combate contra o A. aegypti
são realizados pela inspeção de prédios administrativos de órgãos públicos e de empresas
privadas, além de residências e comércios. Há, ainda, a mobilização semanal de escolas
da rede pública e demais órgãos, com a finalidade de fomentar a eliminação do vetor
(DISTRITO FEDERAL, 2018; LIMA, 2018).
Em novembro de 2018, com apoio da Subsecretária de Vigilância à Saúde, a
Secretária de Saúde do DF desenvolveu um programa de monitoramento chamado
Levantamento Rápido de Índices para A. aegypti (LIRAa), o qual possibilita que o usuário
observe a distribuição do vetor, de forma rápida e acessível (BRASIL, 2012; DISTRITO
FEDERAL, 2018; CAVALCANTE, 2019; SILVA et al., 2020), conforme mostrado no quadro
(Quadro 1).
No quadro (Quadro 1) é apresentado os códigos referentes à classificação dos
recipientes de depósitos, apresentados como grupos e subgrupos. Essa categoria de
classificação determina os grupos mais expostos no DF no período entre maio de 2018 e
novembro de 2019.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
46
Grupo
Subgrupo
Tipos de recipientes/depósitos
A1
Armazenamento de água para consumo humano: caixa d’água
elevada ligada à rede pública e/ou sistema de abastecimento
particular (poços e cisternas).
A2
Armazenamento de água para consumo humano: depósitos ao
nível de solo para armazenamento doméstico: tonel, tambor,
barril, tina, depósitos de barros (filtros, moringas e potes),
depósitos em obras e horticultura.
B
B
Depósitos móveis: vasos/frascos com água, prato, pingadeira,
recipiente de degelo de refrigeradores, bebedouros, pequenas
fontes ornamentais
C
C
Depósitos fixos: calhas, ralos, sanitários (em desuso), tanques em
obras/borracharias, máquinas/equipamentos em pátios, piscinas
e fontes ornamentais, floreiras em cemitérios, cacos de vidros em
muros
D1
Depósitos passíveis de remoção/proteção: pneus e outros
materiais rodantes (câmara de ar e manchões).
D2
Depósitos passíveis de remoção/proteção: lixo (recipientes
plásticos e latas), sucatas em pátios, ferro-velho e entulhos.
E
Depósitos naturais: folhas de bromélias, ocos em árvores,
buracos em rochas, restos de animais (cascas e carapaças).
A
D
E
Quadro 1. Classificação dos tipos de depósitos com potencial de se tornarem criadouros para a postura
de ovos das fêmeas de A. aegypti.
Fonte: Adaptado de Rodrigues; Lima (2019, p. 254).
Nas figuras (Figuras 1 a 4) são mostrado detalhadamente os níveis registrados em
cada mês (RODRIGUES; LIMA, 2019).
Figura 1. DPs do DF, registrados nos meses de maio e agosto de 2018, respectivamente.
Fonte: Adaptado de Distrito Federal (2018, p. 1).
Figura 2. DPs do DF, registrados no mês de novembro de 2018 e fevereiro de 2019, respectivamente.
Fonte: Adaptado de Distrito Federal (2018, p. 1).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
47
Figura 3. DPs do DF, registrados no mês de maio e agosto de 2019, respectivamente.
Fonte: Adaptado de Distrito Federal (2019, p. 1).
Figura 4. DP do DF, registrado no mês de novembro de 2019.
Fonte: Adaptado de Distrito Federal (2019, p. 1).
O monitoramento realizado pela Vigilância Entomológica do DF, apresentado seguiu
um padrão, no qual a primeira etapa é iniciada com a definição do grupo e subgrupo de
depósito. Dessa maneira, analisando os meses de maio, agosto e setembro de 2018,
constatou-se o subgrupo A2, enquanto, no mês de agosto, verificou-se o subgrupo B.
Em 2019, o subgrupo A2 foi observado nos meses de fevereiro, maio e novembro, ao
passo que, em agosto, atestou-se o subgrupo B (DISTRITO FEDERAL, 2018; DISTRITO
FEDERAL, 2019).
Os Índices de Infestação Predial (IIP) apresentados nas Figuras 5 a 8 visam
demonstrar quais as regiões em que os dados foram mais alarmantes nos anos de 2018 e
2019. As informações foram representadas por cores, de forma que: 1. Verde: baixo risco
(satisfatório); 2. Amarelo: alerta; 3. Vermelho: alto risco (OLIVEIRA et al., 2016).
Figura 5. IIP do DF, registrados nos meses de maio e agosto de 2018, respectivamente.
Fonte: Adaptado de Distrito Federal (2018, p. 1).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
48
Figura 6. IIP do DF, registrados nos meses de novembro de 2018 e fevereiro de 2019, respectivamente.
Fonte: Adaptado de Distrito Federal (2018-19, pp.1).
Figura 7. IIP do DF, registrado nos meses de maio e agosto de 2019, respectivamente.
Fonte: Adaptado de Distrito Federal (2019, p. 1).
Figura 8. IIP do DF, registrado em novembro de 2019.
Fonte: Adaptado de Distrito Federal (2019, p. 1).
Analisando o IIP de 2018, percebe-se que, no mês de novembro, houve um maior
número significativo de focos do mosquito, com um percentual de 1,48%. Posteriormente,
em maio, registraram-se 0,77%, e em agosto, a porcentagem foi de 0,20%. No ano de
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
49
2019, em maio, o resultado foi de 1,45%; em novembro, 0,74%; e, em agosto, 0,18%.
Logo, entre os meses de maio de 2018 e maio de 2019, houve um crescimento do número
de focos, passando de 0,77 para 1,48%. Em contrapartida, entre os meses novembro de
2018 e novembro de 2019, houve uma queda, passando de 1,48 para 0,74% (DISTRITO
FEDERAL, 2018).
Os quadros (Quadros: 2 a 8) representam, separadamente, a relação entre
as Regiões Administrativas (RAs) e seus respectivos códigos de grupos e subgrupos
referentes aos depósitos predominantes (DPs). Ademais, explanam, por cores e símbolos,
apresentados anteriormente, os níveis de maior e menor risco de alerta no DF, por RA
(DISTRITO FEDERAL, 2018; DISTRITO FEDERAL, 2019).
Quadro 2. IIP e DP por RA, obtidos no mês de maio de 2018.
Fonte: Distrito Federal (2018).
A partir destes resultados, percebe-se que: durante o período de maio de 2018,
apenas o Lago Norte foi considerado como uma área de alto risco, com um IIP de 5,16%,
com um foco classificado dentro do subgrupo A2. As regiões de: Brasília, Fercal, Itapoã,
Paranoá, Park Way, Planaltina, São Sebastião, Sobradinho II e Varjão, apresentaram um
IIP oscilando entre 1,01 e 2,94%, além de estarem sendo consideradas localidades em
estado de alerta, com focos avaliados nos subgrupos A2, D2 e B (DISTRITO FEDERAL,
2018).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
50
Quadro 3. IIP e DP por RA, obtidos no mês de agosto de 2018.
Fonte: Distrito Federal (2018).
O monitoramento realizado em agosto de 2018 revelou que a região do Lago Sul
apresentou um índice elevado equivalente a 1,13%, mesmo em uma época de seca, o que
pode ser justificado pela localização da cidade, próxima ao Lago Paranoá. A mesma RA
foi classificada no subgrupo B, além de estar em estado de alerta (DISTRITO FEDERAL,
2018).
Quadro 4. IIP e DP por RA, obtidos no mês de novembro de 2018.
Fonte: Distrito Federal (2018).
No quadro (Quadro 4) mostrou uma quantidade expressiva de regiões com IIPs
elevados, bem como com um número considerável de RAs em estado de alerta, como:
Brazlândia, Taguatinga, Núcleo Bandeirante, Candagolândia, Sudoeste/Octogonal,
São Sebastião, Paranoá, Itapoã, Sobradinho, Park Way, Gama, Brasília, Varjão, Jardim
Botânico e Planaltina. A oscilação dos índices variou entre 1, 06 a 3,18%. Nestas regiões,
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
51
os subgrupos predominantes foram A2 e B, as áreas de alto risco foram: Sobradinho II,
Lago Sul, Fercal e Lago Norte, com oscilação entre 4,55 a 8,74% (DISTRITO FEDERAL,
2018).
Quadro 5. IIP e DP por RA, obtidos no mês de fevereiro de 2019.
Fonte: Distrito Federal (2019).
No mês de fevereiro de 2019, observaram que nove cidades: Gama, Paranoá,
Planaltina, SCIA, São Sebastião, Jardim Botânico, Park Way, Itapoã e Lago Norte estavam
em estado de alerta, com índice oscilando entre 1,00 a 3,25%, com os subgrupos A2, B, C,
D1 e D2. As regiões de baixo risco: Taguatinga e Guará, mostraram oscilação entre 0,09 e
0,94%, sendo o subgrupo A2 o mais predominante (DISTRITO FEDERAL, 2019).
Quadro 6. IIP e DP por RA, obtidos nos mês de maio de 2019.
Fonte: Distrito Federal (2019).
No mês maio de 2019, grande maioria das RAs estavam em estado de alerta.
As oscilações variam entre 1,07 e 3,87%, e, novamente, A2 foi o subgrupo dominante.
Somente oito regiões foram consideradas de baixo risco: Guará, SCIA, Ceilândia, Riacho
Fundo II, Santa Maria, Cruzeiro, Sudoeste e Águas Claras (DISTRITO FEDERAL, 2019).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
52
Quadro 7. IIP e DP por RA, obtidos no mês de agosto de 2019.
Fonte: Distrito Federal (2019).
No mês de agosto de 2019, todas as regiões, exceto Lago Sul, foram caracterizadas
como áreas de baixo risco. A variação foi de 0,00 a 0,42% (a menor, em relação aos meses
anteriores), e A2 e B foram os subgrupos que mais se destacaram (DISTRITO FEDERAL,
2019).
Quadro 8. IIP e DP por RA, obtidos no mês de novembro de 2019.
Fonte: Distrito Federal (2019).
Assim, nos meses de agosto e novembro de 2019, as áreas de baixo risco
prevaleceram, com um balanço de 0,00 a 0,59%, e somente dez regiões foram colocadas
em estado de alerta. O grupo A2 foi o de maior evidência, no âmbito geral das regiões
(DISTRITO FEDERAL, 2019).
De acordo com o LIRAa (2018), os meses de maio e novembro foram os mais
preocupantes, nos quais houve uma gama de RAs em estado de alerta e alto risco. Em
2019, o mês de maio foi o mês mais crítico, pois maioria das áreas estava em status de
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
53
alerta (DISTRITO FEDERAL, 2018; DISTRITO FEDERAL, 2019).
Em prol da melhoria do sistema de saúde do DF, em 2015, foi promovido a
subdivisão das RAs em Regiões de Saúde (RS): Norte, Sul, Leste, Oeste, Centro, CentroSul e Sudeste, como mostrado no quadro (Quadro 9) (DISTRITO FEDERAL, 2019).
Região de Saúde
RAs
Central
Asa Norte, Lago Norte e Sul, Cruzeiro, Sudoeste/Octogonal, Varjão e Asa Sul
Centro Sul
Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo I e II, Park Way, Candangolândia, Guará,
S.I.A. e SCIA (Estrutural)
Leste
Itapoã, Paranoá, Jardim Botânico e São Sebastião
Norte
Planaltina, Sobradinho, Sobradinho II e Fercal
Oeste
Brazlândia e Ceilândia
Sudeste
Taguatinga, Vicente Pires, Águas Claras, Samambaia e Recanto das Emas
Sul
Gama e Santa Maria
Quadro 9. Distribuição de Regiões de Saúde, entre Cidades Administrativas do Distrito Federal, no ano
de 2019.
Fonte: Distrito Federal (2019).
Para explanar o nível de eficiência das RSs, no combate às doenças transmitidas
pelo A. aegypti, a sequência de quadros (Quadros 10 a 14) representam o IIP e o DP por
região (DISTRITO FEDERAL, 2018; DISTRITO FEDERAL, 2019).
Quadro 10. Distribuição das IIPs e DPs, nas RSs do DF, mês de maio de 2018.
Fonte: Distrito Federal (2018).
No mês maio de 2018, a RS Leste, que comporta as áreas: Itapoã, Paranoá, Jardim
Botânico e São Sebastião, foi a que mais se destacou em maior número de casos, com
um índice de 1,59%, em estado de alerta e classificação A2 (DISTRITO FEDERAL, 2018).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
54
Quadro 11. Distribuição das IIPs e DPs, das RSs do DF, mês de agosto de 2018.
Fonte: Distrito Federal (2018).
No mês de agosto de 2018, todas as regiões estavam em situação de baixo risco,
com um balanceamento entre 0,00 e 0,66%, sendo o subgrupo A2 o que mais se destacou
(DISTRITO FEDERAL, 2018).
Quadro 12. Distribuição das IIPs e DPs, nas RSs do DF, mês de novembro de 2018.
Fonte: Distrito Federal (2018).
No mês de novembro de 2018, quatro RSs: Sul, Leste, Norte e Central estavam
em estado de alerta, com uma oscilação entre 1,24 a 3,69%. As áreas Sudoeste, Leste e
Centro-Sul foram consideradas de baixo risco, com IIP máximo de 0,88%, e o grupo A2 foi
dominante em todas as regiões (DISTRITO FEDERAL, 2018).
Quadro 13. Distribuição das IIPs e DPs, nas RSs do DF, mês de fevereiro de 2019.
Fonte: Distrito Federal (2019).
No mês de fevereiro de 2019, a maioria das RSs estavam em situação de baixo
risco, com IIP máximo de 0,75%. As áreas Central, Norte e Leste apresentaram estado de
alerta, com IIP máximo de 1,81% (DISTRITO FEDERAL, 2019).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
55
Quadro 14. Distribuição das IIPs e DPs, nas RSs do DF, mês de maio de 2019.
Fonte: Distrito Federal (2019).
Em mês maio de 2019, as RSs Sudoeste, Central, Leste e Norte mostraram uma
variação de IIP de 1,39 a 2,55%, tendo como subgrupo A2 e B, no estado de alerta. Apenas
três regiões foram classificadas como de baixo risco, com IIP máximo de 0,98%, como
mostrado nos quadros (Quadros 15 e 16) (DISTRITO FEDERAL, 2019).
Quadro 15. Distribuição das IIPs e DPs, nas RSs do DF, mês de agosto de 2019.
Fonte: Distrito Federal (2019).
No mês de agosto de 2019, todas as regiões exibiram situação de baixo risco, com
IIP máximo de 0,64% (DISTRITO FEDERAL, 2019).
Quadro 16. Distribuição das IIPs e DPs, nas RSs do DF, mês de novembro de 2019.
Fonte: Distrito Federal (2019).
Assim, de acordo com o monitoramento dos focos de reprodução do mosquito
ocorrido durante o mês de novembro de 2019, as regiões Leste e Norte se destacaram,
apresentando índices de 0,00 a 0,64%, classificadas dentro do subgrupo A2, e estavam em
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
56
estado de alerta (DISTRITO FEDERAL, 2019).
Os dados abordados são de extrema importância fundamental para o direcionamento
de políticas de saúde pública voltadas ao combate ao A. aegypti, pois, uma vez que a
distribuição e a concentração do mosquito são compreendidas, há, consequentemente,
uma maior possibilidade de que as técnicas de controle do vetor gerem bons resultados.
Além da esfera pública, os dados, em conjunto com campanhas sanitárias educacionais,
acabam mobilizando a população em prol da destruição e/ou tratamento adequado de
potenciais criadouros, especialmente nas regiões em que há maior incidência de doenças
transmitidas pelo mosquito (ROSSI; ROSSI, 2011).
4 | EFICÁCIA DO COMBATE AO A. AEGYPTI
4.1 Plano de ação no combate ao A. aegypti
Entre os meses de janeiro e fevereiro de 2019, cerca de 200 mil imóveis foram
inspecionados no DF, com vistas à eliminação de criadouros do mosquito. Nesse sentido,
torna-se necessário avaliar o nível de eficácia dos métodos utilizados contra o inseto,
evidenciando as suas vantagens e desvantagens (VALLE; PIMENTA; CUNHA, 2015;
DISTRITO FEDERAL, 2019).
No dia 30 de outubro de 2019, os representantes governamentais do DF em parceria
com a Secretaria de Saúde, anunciaram uma força tarefa com o objetivo de reduzir o
número de casos de Dengue, Chikungunya, Zika e febre amarela urbana. A reunião foi
realizada no auditório da Academia dos Bombeiros, com a presença de administradores
regionais e secretários (DISTRITO FEDERAL, 2019).
O plano de ação desenvolvido pelo governo estabeleceu um compromisso com
a comunidade do DF em prol da preservação da saúde e dignidade de sobrevivência
humana. Dessa forma, as campanhas circularam em espaços públicos: escolas, hospitais,
postos de saúde, etc., e veículos de comunicação: televisão, rádio, internet, jornais, etc.,
e a população foi orientada a praticar medidas básicas de controle do A. aegypti, como:
remanejameto de potenciais criadouros, otratamento e a destinação adequados de resíduos
sólidos, remoção de água acumulada em recipientes, calhas, caixas d’água, entre outros
(OLIVEIRA; ARAUJO; SAITO, 2018).
De acordo com o plano de enfrentamento, uma das metas é, entre os anos de 2020
e 2023, reduzir o tempo de resposta do mosquito contra as técnicas convencionalmente
utilizadas, como a aplicação de inseticidas, visto que uma série de estudos relatam que
populações adquirem resistência aos compostos químicos (GUIRADO; BICUDO, 2009;
CARVALHO, 2018).
O objetivo do plano foi nivelar todos os profissionais em um padrão multidisciplinar,
de forma que projetos sejam elaborados e discutidos por indivíduos qualificados acerca
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
57
de como prevenir e agir em uma possível epidemia causada por qualquer das arboviroses
mencionadas. Para tal, os preparos teórico e prático são imprescindíveis, ainda mais quando
se trata de um plano executado em uma unidade federativa que possui todos os insumos
básicos de controle do mosquito (DISTRITO FEDERAL, 2019; CHAVES; EVANGELISTA;
FERNANDES, 2020).
O aumento do contingente de colaboradores e veículos foi essencial para a execução
do plano. Nesse âmbito, dobrou-se a quantidade de fumacês de 40 para 80 veículos;
contratou-se mais 200 agentes de vigilância sanitária, com reforço de motocicletas que
realizam a pulverização de Ultrabaixo Volume (UBV), além do apoio de 1,5 mil agentes do
Corpo de Bombeiros (FRIEDRICH et al., 2018; DISTRITO FEDERAL, 2019).
O plano de ação engloba cinco eixos temáticos fundamentais no combate ao A.
aegypti: 1. Coordenação; 2. Assistência; 3. Vigilância; 4. Apoio logístico; 5. Mobilização;
6. Comunicação; e 7. Educação em saúde. Cada um desses pilares deve ser seguido por
todas as RAs, para que as metas sejam atingidas com êxito em toda a região do DF (SILVA;
JORGE; JÚNIOR, 2015; DISTRITO FEDERAL, 2019).
4.2 Eficácia do combate ao A. aegypti
A quantidade de DPs nas RAs que apresentam estado de alerta e áreas de alto
risco é essencial para o planejamento de práticas de combate ao inseto, visto que, além de
comportar focos, as regiões sanitariamente comprometidas contribuem para a migração do
mosquito em direção às demais localidades, comprometendo a saúde de indivíduos que,
eventualmente, tomam medidas de prevenção contra o mosquito (HIRAGI et al., 2009).
O levantamento de imóveis é uma parte relevante para o rápido alcance do resultado.
Por amostragem, a quantidade de residências com recipientes contendo larvas de A. aegypti
proporcionou conhecer os tipos de depósitos e as várias possibilidades de criadouros do
mosquito, configurando uma importante fonte de informação para a mobilização social,
permitindo um olhar direcionado para os problemas identificados em cada área (SILVA,
2013).
4.3 Vantagens e desvantagens dos métodos de combate ao A. aegypti
Uma das vantagens do processo controle do A. aegypti é a maneira com o governo
busca transmitir informações relevantes à população por meio do LIRAa, um sistema de
dados de rápido e fácil acesso. Ademais, os servidores que inspecionam as residências
e demais locais de possível infestação, juntamente ao auxílio dos veículos difusores
de inseticidas, desempenham um papel importante na redução da proliferação do vetor
(DISTRITO FEDERAL, 2019; SILVA, 2020).
A busca por apoio de várias equipes e órgãos do GDF, com o propósito de combater
a doença também são fundamentais para minimizar a incidência de casos de infecção por
arboviroses. Ainda, hodiernamente, as mídias sociais são ferramentas altamente eficientes
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
58
para a disseminação de informações educativas voltadas ao público de todas as idades,
especialmente os mais jovens (OLIVEIRA; ARAUJO; SAITO, 2018; DISTRITO FEDERAL,
2019).
A maior desvantagem está relacionada ao alcance limitado das políticas de
saúde pública em relação às comunidades marginalizadas, desfavorecidas socialmente
e economicamente, e que, portanto, não possuem a menor possibilidade de acesso ao
ambiente educacional e às tecnologias disponíveis, facilitando a propagação de vetores
e doenças, pois a aplicação de medidas de prevenção e tratamento é escassa ou nula
(SEGATA, 2017).
5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados aqui apresentados são imprescindíveis à construção de projetos e
à execução de políticas públicas mais promissoras contra o A. aegypti no DF, como a
disponibilidade de informações acerca da distribuição do mosquito entre as RAs tratadas
favorece, especialmente, as regiões em estado de alerta ou de alto risco, as quais são mais
suscetíveis a um nível elevado de transmissibilidade de arboviroses, sobretudo a Dengue,
sendo áreas que requerem maior atenção.
DF é uma região com excelente potencial de combate ao mosquito, devido as
técnicas tradicionais de controle mecânico e químico, sendo este último o mais debatido
nos últimos anos dentro da temática, visto que o uso intensivo de inseticidas sintéticos
acarreta o surgimento de populações invulneráveis do A. aegypti, tornando a problemática
sanitária ainda mais complexa. Estudos recentes têm abordado a possibilidade de uso de
insumos naturais na produção de inseticidas potencialmente mais sustentáveis e eficazes
em relação aos anteriores.
A veiculação de campanhas educativas de combate às doenças transmitidas pelo
culicídeo é indispensável, em espaços públicos, como escolas, que detêm grande parcela
da população de crianças e adolescentes em processo de aprendizagem. A orientação
das comunidades do DF, juntamente à aplicação direcionada promovida pelas decisões
governamentais, compõe um cenário sanitário bastante promissor.
DF segue com instabilidades no que tange a proliferação do vetor. Assim, as medidas
já adotadas devem ser aprimoradas, ao mesmo tempo que técnicas inovadoras têm de ser
estudadas e colocadas à prova, visando reduzir o número de infecções e óbitos causados
pelas doenças transmitidas pelo A. aegypti.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
59
REFERÊNCIAS
ACIOLE, S. D. G. Avaliação da atividade inseticida dos óleos essenciais das plantas amazônicas
Annonaceae, Boraginaceae e de Mata Atlântica Myrtaceae como alternativa de controle às
larvas de Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera: Culicidae). 2009. 85 f. Dissertação (Mestrado em
Biologia Humana e Ambiente) - Universidade de Lisboa, Lisboa, 2009.
ALMEIDA, L. B. V. Perfil epidemiológico da Dengue no Distrito Federal de 2009 a 2019. 2020. 70 f.
Monografia (Graduação em Medicina) - Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2020.
ARRUDA, E. A. P. Fecundidade, fertilidade e quiescência dos ovos de Aedes aegypti Linnaeus,
1762 (Diptera: Culicidae) em resposta a variações de temperatura e umidade. 2005. 50 f.
Dissertação (Mestrado em Biologia Animal) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2005.
AZEVEDO, J. B. Análise do ciclo biológico do Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) exposto a
cenários de mudanças climáticas previstas pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate
Change). 2015. 53 f. Dissertação (Mestrado em Entomologia) - Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia, Manaus, 2015.
BERMUDI, P. M. M.; KOWALSKI, F.; MENZATO, M. M.; FERREIRA, M. C.; PASSOS, W. B. S.; OKU, V.
J. A.; KUMOW, A.; LUCIO, T. V. F. M.; LIMA-CAMARA, T. N.; URBINATTI, P. R.; NETO, F. C. Criadouro
de Aedes aegypti em reservatório subterrâneo de água da chuva: um alerta. Rev. de Saúde Pública,
São Paulo, v. 51, n. 122, p. 1-5, 2017.
BESERRA, E. B.; FERNANDES, C. R. M.; SOUSA, J. T. S.; FREITAS, E. M.; SANTOS, K. D. Efeito
da qualidade da água no ciclo de vida e na atração para oviposição de Aedes aegypti (L.) (Diptera:
Culicidae). Rev. Neotropical Entomology, Paraná, v. 39, n. 6, p. 1016-1023, 2010.
BRAGA, I. A.; VALLE, D. Aedes aegypti: histórico do controle no Brasil. Rev. Epidemiologia e
Serviços de Saúde, Brasília, v. 16, n. 2, p. 113-118, 2007.
BRASIL. Fundação Nacional da Saúde (Funasa). Dengue: instruções para pessoal de combate ao
vetor. Brasília, 2001. 84 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Levantamento rápido de índices para Aedes aegypti - LIRAa para
vigilância entomológica do Aedes aegypti no Brasil: metodologia para avaliação dos índices de
Breteau e Predial e tipo de recipientes. Brasília, 2012. 84 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde alerta para aumento de 149% dos casos de
Dengue no país. Brasília, 2019. 5 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Prevenção e resposta à introdução do vírus Chikungunya no
Brasil. Brasília, 2014. 100 p.
BRASIL. Secretaria de Estado da Saúde. Guia de orientação para treinamento de técnicos de
Laboratório de Entomologia. Santa Catarina, 2015. 73 p.
CARVALHO, B. L. Análise do perfil de suscetibilidade de seis populações de Aedes aegypti do
Distrito Federal ao análogo de hormônio juvenil Pyriproxyfen. 2018. 141 f. Dissertação (Mestrado
em Medicina Tropical) - Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
60
CARVALHO, M. S. L.; CALDAS, E. D.; DEGALLIER, N.; VILARINHOS, P. T. R.; SOUZA, L. C. K. R.;
YOSHIZAWA, M. A. C.; KNOX, M. B.; OLIVEIRA, C. Suscetibilidade de larvas de Aedes aegypti ao
inseticida temefós no Distrito Federal. Rev. de Saúde Pública, São Paulo, v. 38, n. 5, p. 623-629, 2004.
CATÃO, R. C.; GUIMARÃES, R. F.; JÚNIOR, O. A. C.; GOMES, R. A. T. Análise da distribuição do
Dengue no Distrito Federal. Rev. Espaço & Geografia, Brasília, v. 12, n. 1, p. 81-103, 2009.
CAVALCANTE, A. C. P. Levantamento rápido de índices para Aedes aegypti (LIRAa): identificação
de áreas de risco e mensuração de impactos de intervenções educativas. 2019. 72 f. Dissertação
(Mestrado em Saúde Pública) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2019.
CHAVES, M. O.; EVANGELISTA, M. S. N.; FERNANDES, F. M. C. Educação em saúde sobre o Aedes
aegypti: relato de experiência. Rev. Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 73, n. 3, p. 1-6, 2020.
COSTA, Z. G. A.; ROMANO, A. P. M.; ELKHOURY, A. N. M.; FLANNERY, B. Evolução histórica da
vigilância epidemiológica e do controle da febre amarela no Brasil. Rev. Pan-Amazônica de Saúde,
Pará, v. 2, n. 1, p. 11-26, 2011.
DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Resumo da Situação Entomológica
do Distrito Federal - Aedes aegypti LIRAa - maio/2018. Brasília, 2018. 18 p.
DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Resumo da Situação Entomológica
do Distrito Federal - Aedes aegypti LIRAa - agosto/2018. Brasília, 2018. 18 p.
DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Resumo da Situação Entomológica
do Distrito Federal - Aedes aegypti LIRAa - novembro/2018. Brasília, 2018. 18 p.
DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Resumo da Situação Entomológica
do Distrito Federal - Aedes aegypti LIRAa - fevereiro/2019. Brasília, 2019. 18 p.
DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Resumo da Situação Entomológica
do Distrito Federal - Aedes aegypti LIRAa - maio/2019. Brasília, 2019. 18 p.
DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Resumo da Situação Entomológica
do Distrito Federal - Aedes aegypti LIRAa - agosto/2019. Brasília, 2019. 18 p.
DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Resumo da Situação Entomológica
do Distrito Federal - Aedes aegypti LIRAa - novembro/2019. Brasília, 2019. 18 p.
DONALÍSIO, M. R.; GLASSER, C. M. Vigilância entomológica e controle de vetores do Dengue. Rev.
Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 5, n. 3, p. 259-272, 2002.
ELDRIDGE, B. F.; EDMAN, J. D. Medical Entomology. 1º Ed. Estados Unidos: Editora Springer, 2000.
FEITOSA, F. R. S.; SOBRAL, I. S.; JESUS, E. N. Indicadores socioambientais como subsídio à
prevenção e controle da Dengue. Rev. Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental,
Santa Maria, v. 19, n. 3, p. 351-368, 2015.
FORATTINI, O. P. Culicidologia Médica. 1º Ed. Brasil: Editora da Universidade de São Paulo
(EDUSP), 2002.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
61
FREITAS, R. M.; MARQUES, W. A.; PERES, R. C.; CUNHA, S. P.; OLIVEIRA, R. L. Variation in Aedes
aegypti (Diptera: Culicidae) container productivity in a slum and a suburban district of Rio de Janeiro
during dry and wet seasons. Rev. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 102, n. 4,
p. 489-496, 2007.
FREITAS, R. M.; RODRIGUES, C. S.; ALMEIDA, M. C. M. Estratégia Intersetorial para o controle da
Dengue em Belo Horizonte (Minas Gerais), Brasil. Rev. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 20, n. 3, p.
773-785, 2011.
FRIEDRICH, K.; ALMEIDA, V. E. S.; AUGUSTO, L. G. S.; GURGEL, A. M.; SOUZA, M. M. O.;
ALEXANDRE, V. P.; CARNEIRO, F. F. Agrotóxicos: mais venenos em tempos de retrocessos de
direitos. Rev. OKARA: Geografia em debate, João Pessoa, v. 12, n. 2, p. 326-347, 2018.
GETIS, A.; MORRISON, A. C.; GRAY, K.; SCOTT, T. W. Characteristics of the Spatial Pattern of the
Dengue Vector, Aedes aegypti, in Iquitos, Peru. Rev. American Journal of Tropical Medicine and
Hygiene, Estados Unidos, v. 69, p. 494-505, 2008.
GLASSER; C. M.; GOMES, A. C. Clima e sobreposição da distribuição de Aedes aegypti e Aedes
albopictus na infestação do Estado de São Paulo. Rev. de Saúde Pública, São Paulo, v. 36, n. 2, p.
166-172, 2002.
GREGÓRIO, L. S. Relações entre a dinâmica espaço-temporal da Dengue e os padrões urbanos
no Distrito Federal, Brasil. 2018. 252 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade de Brasília,
Brasília, 2018.
GUIRADO, M. M.; BICUDO, H. E. M. C. Alguns aspectos do controle populacional e da resistência a
inseticidas em Aedes aegypti (Diptera, Culicidae). Rev. Boletim Epidemiológico Paulista, São Paulo,
v. 6, n. 64, p. 5-14, 2009.
HARRINGTON, L. C.; SCOTT, T. W.; LERDTHUSNEE, K.; COLEMAN, R. C.; COSTERO, A.; CLARK,
G. G.; JONES, J. J.; KITTHAWEE, S.; KITTAYAPONG, P.; SITHIPRASASNA, R.; EDMAN, J. D.
Dispersal of the dengue vector Aedes aegypti within and between rural communities. American
Journal of Tropical Medecine and Hygiene, Baltimore, v. 72, n. 2, p. 209-220, 2005.
HIRAGI, C.; SIMÕES, K.; MARTINS, E.; QUEIROZ, P.; LIMA, L.; MONNERAT, R. Variabilidade
Genética em populações de Aedes aegypti (L.) (Diptera: Culicidae) utilizando marcadores de RAPD.
Rev. Neotropical Entomology, Paraná, v. 38, n. 4, p. 542-547, 2009.
HONÓRIO, N. A.; SILVA, W. C.; LEITE, P. J.; GONÇALVES, J. M.; LOUNIBOS, L. P.; OLIVEIRA, R. L.
Dispersal of Aedes aegypti and Aedes albopictus (Diptera: Culicidae) in an urban endemic Dengue area
in the State of Rio de Janeiro, Brazil. Rev. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.
98, n. 2, p. 191-198, 2003.
LIMA, D. F. Plataforma Aedesmaps: uma proposta para o controle de doenças transmitidas pelo
mosquito Aedes aegypti. 2018. 76 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Biomédica) - Universidade
de Brasília, Brasília, 2018.
MACIEL, I. J.; JÚNIOR, J. B. S.; MARTELLI, C. M. T. Epidemiologia e desafios no controle do Dengue.
Rev. de Patologia Tropical, Goiás, v. 37, n. 2, p. 111-130, 2008.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
62
MIYAZAKI, R. D.; RIBEIRO, A. L. M.; PIGNATTI, M. G.; JÚNIOR, J. H. C.; PIGNATI, M. Monitoramento
do mosquito Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera: Culicidae), por meio de ovitrampas no Campus
da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, Estado de Mato Grosso. Rev. da Sociedade
Brasileira de Medicina Tropical, Brasília, v. 42, n. 4, p. 392-397, 2009.
NATAL, D. Bioecologia do Aedes aegypti. Rev. O Biológico, São Paulo, v. 64, n. 2, p. 205-207, 2002.
OLIVEIRA, F. L. B.; MILLIONS, R. M.; JUNIOR, J. J. A.; OLIVEIRA, F. L. B. Índices de infestação predial
do Aedes aegypti por ciclo em Santa Cruz, Rio Grande do Norte, Brasil - 2007 a 2013. Rev. Eletrônica
Gestão & Saúde, Brasília, v. 7, n. 1, p. 260-269, 2016.
OLIVEIRA, K. C. Estudo da diversidade urbana e periurbana de mosquitos (Diptera: Culicidae) no
Distrito Federal. 2020. 214 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical) - Universidade de Brasília,
Brasília, 2020.
OLIVEIRA, L. M.; ARAUJO, A. S. R.; SAITO, C. H. Educação ambiental crítico-emancipadora
e a compreensão da campanha contra o mosquito Aedes aegypti no Brasil. Journal of Social,
Technological and Environmental Science, Goiás, v. 7, n. 2, p. 82-107, 2018.
OLIVEIRA, T. E. S. Condições microclimáticas e a proliferação de vetores da dengue e febre
amarela em uma escola de Cuiabá - MT. 2013. 48 f. Dissertação (Mestrado em Física Ambiental) Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2013.
PINHEIRO, V. C. S.; TADEI, W. P. Frequency, diversity, and productivity study on the Aedes aegypti
most preferred containers in the city of Manaus, Amazonas, Brazil. Rev. do Instituto de Medicina
Tropical de São Paulo, São Paulo, v. 44, n. 5, p. 245-250, 2002.
RODRIGUES, E. A. S.; LIMA, S. C. Associação entre a incidência do levantamento de índice rápido
de Aedes aegypti (LIRAa) e as condições climáticas em Uberlândia, minas gerais, brasil, entre 2014 a
2016. Rev. Caminhos de Geografia, Uberlândia, v. 20, n. 72, p. 251-263, 2019.
ROSSI, C. F. F.; ROSSI, T. M. F. Representações sociais, educação e prevenção de doenças
em políticas públicas de saúde. X Congresso Nacional de Educação, 2011, Curitiba, Pontifícia
Universidade Católica do Paraná, 2011. 11 p.
SAMPAIO, M. H. S. Efeito larvicida da própolis em Aedes aegypti Linnaeus (Diptera: Culicidae).
2019. 23 f. Monografia (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Uberlândia,
Minas Gerais, 2019.
SOUSA, L. S.; CRUZ, A. C. R.; MAGIOLE, B. R.; RESENDE, M. M. G.; MACHADO, E. R. Efetividade
da atividade larvicida de óleos essenciais frente ao Aedes aegypti. In: SILVA, C. D. D.; FERREIRA, H.
R. P. Entomologia: diversidade e evolução dos insetos. Paraná: Atena, 2022. p. 14-41.
SANTOS, M. A. V. M. Aedes aegypti (Diptera: Culicidae): estudos populacionais e estratégias
integradas para controle vetorial em municípios da Região metropolitana do Recife, no período
de 2001 a 2007. 2008. 220 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Fundação Oswaldo Cruz, Recife,
2008.
SEGATA, J. O Aedes aegypti e o digital. Rev. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 23, n. 48, p.
19-48, 2017.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
63
SILVA, H. H. G.; SILVA, I. G. Influência do período de quiescência dos ovos sobre o ciclo de vida de
Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera, Culicidae) em condições de laboratório. Rev. da Sociedade
Brasileira de Medicina Tropical, Brasília, v. 32, n. 4, p. 349-355, 1999.
SILVA, L. R. G.; SANTOS, F. L. P. Predição numérica do controle mecânico na dinâmica populacional
dos mosquitos da Dengue. Rev. Brasileira de Biomedicina, Lavras, v. 36, n. 2, p. 316-335, 2018.
SILVA, M. B. A.; ALMEIDA, L. A. N.; NUNES, N. P. S.; FERREIRA, G. M. O. G.; QUININO, L. G. M.
LOPES. K. A. M.; BRITO, M. I. B. S. Utilização do levantamento rápido de índice para Aedes aegypti
(LIRAa) como ferramenta de vigilância à introdução do vírus Chikungunya em Recife. Rev. Brazilian
Journal of Health Review, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 936-954, 2020.
SILVA, M. M. Rastreamento do foco do Aedes aegypti utilizando processamento de imagens e
sistema de informações geográficas no Distrito Federal. 2013. 157 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Biomédica) - Universidade de Brasília, Brasília, 2013.
SILVA, R. M.; JORGE, M. S. B.; JÚNIOR, A. G. S. Planejamento, gestão e avaliação nas práticas de
saúde. 1º Ed. Fortaleza: Editora da Universidade Estadual do Ceará, 2015.
SILVA, V. C.; SCHERER, P. O.; FALCÃO, S. S.; ALENCAR, J.; CUNHA, S. P.; RODRIGUES, I. M.;
PINHEIRO, N. L. Diversidade de criadouros e tipos de imóveis frequentados por Aedes albopictus e
Aedes aegypti. Rev. de Saúde Pública, São Paulo, v. 40, n. 6, p. 1106 -1111, 2006.
SILVA-FILHO, E. S.; ARAÚJO-PIOVEZAN, T. G.; DANTAS, J. O.; SILVESTRE, M. J.; ALVES, A. E. O.;
RIBEIRO, G. T. Controle de larvas de Aedes aegypti por ninfas de libélula (Odonata) sob condições
laboratoriais. Rev. Ensaios e Ciência, Sergipe, v. 25. n. 2, p. 239-242, 2021.
SOUZA-SANTOS, R. Fatores associados à ocorrência de formas imaturas de Aedes aegypti na Ilha do
Governador, Rio de Janeiro, Brasil. Rev. da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Brasília, v.
32, n. 4, p. 373-382, 1999.
TAUIL, P. L. Urbanização e ecologia do Dengue. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.17
(Suplemento), p. 99-102, 2001.
VALLE, D.; PIMENTA, D. N.; CUNHA, R. V. Dengue: teorias e práticas. Rio de Janeiro: Editora
Fiocruz, 2015.
VAREJÃO, J. B. M.; SANTOS, C. B.; REZENDE, H. R.; BEVILACQUA, L. C.; FALQUETO, A.
Criadouros de Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762) em bromélias nativas na cidade de Vitória,
ES. Rev. da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Brasília, v. 38, n. 3, p. 238-240, 2005.
VELÁSQUEZ, C. M. R. V.; CODEÇO, C. T.; HONÓRIO, N. A.; SABROZA, P. S.; MORESCO, M.;
CUNHA, I. C. L.; LEVINO, A.; TOLEDO, L. M.; LUZ, S. L. B. Distribution of Dengue vectors in
neighborhoods with different urbanization types of Manaus, state of Amazonas, Brazil. Rev. Memórias
do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 102, n. 5, p. 617-623, 2007.
ZARA, A. L. S. A.; SANTOS, S. M.; FERNANDES-OLIVEIRA, E. S.; CARVALHO, R. G.; COELHO, G. E.
Estratégias de controle do Aedes aegypti: uma revisão. Rev. de Epidemiologia e Serviços de Saúde,
Goiânia, v. 25, n. 2, p. 391-404, 2016.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 4
64
CAPÍTULO 5
DETECÇÃO VIRAL AMBIENTAL EM ÁGUAS NO
BRASIL: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Data de aceite: 01/08/2022
Andrea Carvalho da Cruz
Biomédica e acadêmica do curso de pósgraduação em Microbiologia com ênfase em
bacteriologia clínica e ambiental da Faculdade
Metropolitana da Amazônia
Sylvia de Fátima dos Santos Guerra
Farmacêutica, Doutora, Professora orientadora
do curso de pós-graduação da Faculdade
Metropolitana da Amazônia
RESUMO: A água é um elemento vital não
só à natureza, mas em todas as atividades
desenvolvidas pelo homem. Considerando o
impacto que a água não tratada representa
para a saúde pública, sendo ela um veículo de
transmissão de doenças, torna-se de fundamental
importância à investigação desses agentes
virais, permitindo avaliar tanto a qualidade da
água bem como as cepas circulantes dos vírus
de disseminação entérica. Desta forma, este
artigo objetivou identificar os tipos de vírus
encontrados em análises de água ambiental de
diferentes localidades do Brasil, realizando uma
revisão sistemática descritiva da literatura. Foram
incluídos no estudo artigos publicados entre
os anos 2007 e 2017, nos idiomas português e
inglês, disponíveis nas bases de dados SciELO,
MEDLINE, LILACS, BVS – BIREME e PUBMED
e obtidos empregando o descritor “viral detection
in water samples”. Foram encontrados 2.105
artigos, dos quais 17 foram selecionados para o
estudo e após análise obteve-se 10 tipos virais
(Adenovírus, Astrovírus, Enterovírus, Norovírus,
Polyomavírus Rotavírus, Sapovírus, Torque teno
vírus, Vírus Gemicircular e Vírus da hepatite A)
em diferentes matrizes de água (água do mar,
fontes de água potável, água superficial [lagoa
e lagoa salobre], águas residuais urbanas e
tratados de esgoto). O adenovírus foi abordado
em 27% (9/17) dos artigos científicos, seguido
do rotavirus em 24% (8/17) e norovirus com 18%
(6/17) das publicações. Os métodos quantitativos
de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase)
fazem a detecção dos vírus, com resultados
fidedignos. As publicações acerca do tema
refletem que à falta de informação sobre vírus
entéricos, onde eles representam uma ameaça
para a saúde humana.
PALAVRAS-CHAVE: Gastroenterites, Água
ambiental, Vírus na água.
ENVIRONMENTAL VIRAL DETECTION
IN WATERS IN BRAZIL: SYSTEMATIC
LITERATURE REVIEW
ABSTRACT: Water is a vital element not only
to nature, but to all activities developed by man.
Considering the impact that untreated water
represents for public health, being a vehicle for
the transmission of diseases, it is of fundamental
importance to investigate these viral agents,
allowing to evaluate both the quality of the water
as well as the circulating strains of the virus.
enteric dissemination. In this way, this article
aimed to identify the types of viruses found in
environmental water analyzes from different
Brazilian locations, performing a descriptive
systematic review of the literature. The study
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 5
65
included articles published between 2007 and 2017, in the Portuguese and English languages,
available in the SciELO, MEDLINE, LILACS, BVS - BIREME and PUBMED databases and
obtained using the descriptor "viral detection in water samples". A total of 2,105 articles were
found, of which 17 were selected for the study and 10 virus types (Adenovirus, Astrovirus,
Enterovirus, Norovirus, Polyomavirus Rotavirus, Sapovirus, Torque teno virus, Gemicircular
virus and Hepatitis A virus) were found in different water sources (sea water, sources of
drinking water, surface water [lagoon and brackish lagoon], urban waste water and sewage
treatment). Adenovirus was approached in 27% (9/17) of the scientific articles, followed by
rotavirus in 24% (8/17) and norovirus with 18% (6/17) of the publications. Quantitative PCR
(Polymerase Chain Reaction) methods detect viruses with reliable results. The publications
on the subject reflect the lack of information on enteric viruses where they pose a threat to
human health.
KEYWORDS: Gastroenteritis, Environmental water, Virus in water.
1 | INTRODUÇÃO
A água é um elemento vital não só à natureza, mas em todas as atividades
desenvolvidas pelo homem. Apesar de todos os esforços para diminuir o seu desperdício, a
água está se tornando cada vez mais um bem escasso, e sua qualidade é uma preocupação
crescente, principalmente em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, causando riscos à
saúde e ao bem- estar do homem (NEVES, 2003).
A poluição ambiental, contaminação da água, devido à falta de esgoto sanitário,
tem colocado cada dia mais, a questão do uso da água no centro dos interesses em todo o
mundo, pois propicia a disseminação de diferentes agentes etiológicos, incluindo os virais,
sendo os surtos de doenças virais, principalmente as entéricas, por veiculação hídrica
descritos em muitos países. (MORESCO, 2011)
Uma das primeiras evidências de doença de veiculação hídrica deu-se em 1940,
nos Estados Unidos (EUA) após várias pessoas apresentarem problemas gastrointestinais,
logo após ocorreu um surto de hepatite em Nova Délhi (Índia), em 1950, consequência
da contaminação da água por patógenos virais provenientes do esgoto. Depois desse
acontecido, tiveram início os estudos na área da virologia ambiental. (MORESCO, 2011;
TAVARES, 2005; PRADO, 2011).
No Brasil, na década de 1970 que foram registradas as primeiras pesquisas na área
da virologia ambiental (PRADO e MIAGOSTOVICH, 2014). Contudo, estudos desenvolvidos
abordando esta temática ainda são escassos (SPADA, 2012).
Os vírus entéricos são estáveis no ambiente aquático, possuindo resistência a
diversos agentes físicos e químicos utilizados nos processos de tratamento de água e
esgoto, permanecendo por longos períodos na água, resistindo a condições ambientais
diversas tornando-se uma fonte de infecção. (MORESCO, 2011; TAVARES et al., 2005).
Diante do exposto, considerando o impacto que a água não tratada representa para
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 5
66
a saúde pública, sendo ela um veículo de transmissão de doenças, torna-se de fundamental
importância à investigação desses agentes virais, permitindo avaliar tanto a qualidade
da água bem como as cepas circulantes dos vírus de disseminação entérica. Assim, o
presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão sistemática descritiva da literatura
com enfoque nos tipos de vírus encontrados em análises de água ambiental de diferentes
localidades do Brasil.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo trata-se de uma revisão sistemática da literatura, no qual
o objetivo é descrever os conhecimentos científicos publicados acerca de um tema de
interesse (TEIXEIRA et al., 2013).
A questão norteadora da presente revisão é: Quais os agentes virais causadores de
patologias aos seres humanos detectados em análises de água (água do mar, fontes de
água potável, água superficial [lagoa e lagoa salobre]), águas residuais urbanas e tratados
de esgoto no Brasil?
A busca dos artigos foi realizada através das bases de dados online LILACS (Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências de Saúde), SciELO (ScientificElectronic Library
Online), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS – BIREME) e Pubmed (U.S National Library of
Medicine).
A busca foi realizada no mês de janeiro/2018 e compreendeu estudos publicados
entre os anos 2007 a 2017, nos idiomas português e inglês, com resumos disponíveis nas
bases de dados selecionadas, utilizando o descritor: “viral detection in water samples”.
Os critérios de inclusão foram artigos científicos originais publicados entre os anos
de 2007 à 2017, nos idiomas português e inglês e que a detecção viral em águas. Os
critérios de exclusão foram artigos de revisão, artigos duplicados, relato de caso e estudos
ambientais que não analisaram a água.
Para a coleta dos dados foi realizada a tradução dos artigos e leitura, frente à
pergunta norteadora.
3 | RESULTADOS
Este estudo detectou 2.105 artigos originais selecionados na busca primária. A
tabela 1 mostra a quantidade de artigos selecionados por base de dados.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 5
67
Base de artigos
Número de artigos
BIBLIOTECA V. EM SAUDE (BVS)
1.210
LILACS
28
SCIELO
19
PUBMED
848
Total
2.105
Tabela 1. Número de artigos encontrados por bases de dados.
Fonte: elaboração própria.
Após análise, foram excluídos 2.088 a partir da revisão do título e resumo por não
responderem à pergunta, estarem em duplicata e não atenderem os critérios de inclusão
do estudo. Foram elegíveis apenas 17 estudos para fazer parte do escopo desta revisão.
Na tabela 2 são apresentados os estudos que foram publicados no Brasil, entre os
anos 2007 e 2017 que relataram a detecção de vírus em amostras de água.
AUTOR
ANO
PUBLICAÇÃO
TITULOS
ASSIS et al
2014
Relationship between viral detection and turbidity in a
watershed contaminated with group A rotavirus.
ASSIS et al
2016
Detection and Molecular Characterization of
Gemycircularvirus from Environmental Samples in Brazil.
DE PAULA et al
2007
Hepatitis A virus in environmental water samples from the
Amazon Basin.
ELMAHDY et al
2016
Spatial distribution of enteric viruses and somatic coliphages
in a Lagoon used as drinking water source and recreation in
Southern Brazil
FIORETTI et al
2016
Occurrence of human sapoviruses in wastewater and stool
samples in Rio De Janeiro, Brazil.
FUMIAN et al
2010
Molecular detection, quantification and characterization of
human polyomavirus JC from waste water in Rio De Janeiro,
Brazil.
HELDT et al
2016
Hepatitis E Virus in Surface Water, Sediments, and Pork
Products Marketed in Southern Brazil
MIAGOSTOVICH
et al
2008
Molecular Detection and Characterization of Gastroenteritis
Viruses Occurring Naturally in the Stream Waters of Manaus,
Central Amazônia, Brazil.
RIGOTTO et al
2010
Assessment of adenovirus, hepatitis A virus and rotavirus
presence in environmental samples in Florianopolis, South
Brazil.
SPILKI et al
2013
Detection of human adenovirus, rotavirus and enterovirus in
water samples collected on dairy farms from Tenente Portela,
Northwest of Rio Grande do Sul, Brazil.
SILVA et al
2015
High Species C Human Adenovirus Genome Copy Numbers
in the Treated Water Supply of a Neotropical Area of the
Central-West Region of Brazil.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 5
68
TEIXEIRA et al
2017
Norovirus genogroups I and II in environmental water
samples from Belém city, Northern Brazil.
VECCHIA
2012
First description of Adenovirus, Enterovirus, Rotavirus and
Torque teno virus in water samples collected from the Arroio
Dilúvio, Porto Alegre, Brazil.
VIEIRA et al
2017
The Impact of the Extreme Amazonian Flood Season on the
Incidence of Viral Gastroenteritis Cases.
VIEIRA et al
2012
Detection of enteric viruses in recreational waters of an
urban lagoon in the city of Rio de Janeiro, Brazil.
VICTORIA et al
2010
Assessment of norovirus contamination in environmental
samples from Florianópolis City, Southern Brazil.
VICTORIA et al
2014
Gastroenteric virus dissemination and influence of rainfall
events in urban beaches in Brazil.
Tabela 2. Estudos sobre detecção de vírus em amostras de água publicados no Brasil, entre 2007 e
2017.
Fonte: elaboração própria.
Na tabela 3 serão descritos os diferentes tipos de amostras de águas ambientais
que foram analisadas é os respectivos vírus encontrados.
Autor / Ano
Vírus detectados
Áreas de coleta das amostras
ASSIS et al / 2014
Rotavírus (A)
Amostras de águas superficiais de uma bacia
hidrográfica em Minas Gerais (MG).
ASSIS et al / 2016
Vírus Gemicircular
Amostras de água do rio coletadas em Manaus,
região amazônica e águas residuais de uma área
de estação de tratamento localizada no Rio de
Janeiro(RJ).
DE PAULA et al /
2007
Vírus da Hepatite A
Amostras de água da Bacia Amazônica (AM)
ELMAHDY et al /
2016
Adenovírus,
Rotavírus (A) e
Vírus da Hepatite A
Amostras de água e amostras de sedimentos da
lagoa Peri (SC).
FIORETTI et al /
2016
Sapovírus
Amostras aguas residuais (RJ).
FUMIAN et al / 2010
Poliomavírus JC
Águas residuais de uma estação de tratamento de
esgoto (STP) localizada no Rio de Janeiro(RJ).
HELDT et al / 2016
Não detectado
Amostras de água coletadas dos afluentes do rio
Sinos (RS).
MIAGOSTOVICH et
al /2008
Adenovírus,
Rotavírus (A),
Astrovírus e
Norovírus
Amostras de água de córregos na bacia hidrográfica
em torno da cidade de Manaus (AM).
RIGOTTO et al /
2010
Adenovírus,
Rotavírus (A) e
Vírus da Hepatite A
Amostras de água de várias fontes (água do mar,
lagoa água salobre, águas residuais urbanas, fontes
de água potável - com e sem cloração e água
derivada de um riacho poluído), (FLORIANOPOLIS).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 5
69
SPILK et al / 2013
Adenovírus,
Rotavírus (A) e
Enterovírus
Amostras de água potável de poços e molas
artesianas de fazendas leiteiras de Tenente Portela,
Noroeste do Rio Grande do Sul (RS).
SILVA et al / 2015
Adenovírus,
Amostras de água tratada de um reservatório
(CERRADO DO BRASIL).
TEIXEIRA et al /
2017
Norovírus
Amostras ambientais da região norte do Brasil.
As amostras de água foram de diferentes fontes e
esgoto (BELEM).
VECCHIA et al /
2012
Adenovírus,
Enterovírus e Torque
teno vírus
Amostras de água superficiais provenientes do
Arroio Dilúvio, Porto Alegre, Brasil.
VIEIRA et al / 2017
Adenovírus,
Rotavírus (A) e
Norovírus
Água de água da bacia do rio Negro (AM).
VIEIRA et al / 2012
Adenovírus,
Rotavírus (A) e
Norovírus
Amostras de águas superficiais de uma lagoa
urbana (Lagoa Rodrigo de Freitas) na cidade do Rio
de Janeiro. Amostras de água da lagoa e de outros
ecossistemas interligados (rio e praia), (RJ).
VICTORIA et al /
2010
Norovírus
Amostras de agua, incluindo a água do mar, água
potável, água superficial (lagoa e lagoa salobre) e
tratados de esgoto (FLORIANOPOLIS).
VICTORIA et al /
2014
Adenovírus,
Rotavírus (A) e
Norovírus
Amostra de água recreativa em uma praia urbana
localizada na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Tabela 3. Tipos de amostras analisadas é vírus encontrados.
Fonte: elaboração própria.
O Gráfico 1, demonstra os tipos virais detectados nas análises laboratoriais dos
estudos realizados no Brasil em diferentes tipos de amostras de água.
Gráfico 1. Tipos virais detectados nas análises laboratoriais.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 5
70
4 | DISCUSSÃO
A transmissão de vírus através de água está se tornando cada vez mais frequente,
inclusive no Brasil, por possuírem uma atividade de carga viral que mesmo em baixas
concentrações pode desenvolver doenças, segundo Silva et al. (2015) ressaltando estes
como um problema de saúde pública.
O presente estudo identificou dez tipos virais, sendo os mais frequentes o Adenovírus
e o Rotavírus, seguido por Norovírus, evidenciando a importância que esses vírus têm
de ocasionar problemas gastrointestinais, seja por fatores determinantes ou oportunistas,
mostrando que há prevalência desses agentes em diversos estados do Brasil e diferentes
matrizes de água (RIGOTTO et al., 2010; VICTORIA et al., 2010).
Muitos estudos relatam a detecção de diferentes tipos de vírus após análises de
água. Segundo Vieira et al. (2012), os vírus que estão associados a surtos de doenças
de veiculação hídrica são as espécies de Rotavírus da espécie A (RVA), Norovírus (NoV)
Adenovírus (HAdV) e o vírus da Hepatite A (HAV). Estes agentes foram detectados nas
análises realizadas no Brasil tanto em amostras de água ambiental como água residuais
tratadas.
Os resultados de detecção desses vírus humanos nos diferentes sítios de coleta,
mostraram que o HAdV foi o mais prevalente, sendo detectado em 27% (9/17) dos estudos
analisados, demonstrando que os HAdV são, dos vírus veiculados por água, os mais
estudados e detectados, tornando-se amplamente distribuídos (MIAGOSTOVICH et al.,
2008; SPILKI et al., 2013; VECCHIA et al., 2012; VIEIRA et al., 2012; VIEIRA et al., 2017;
VICTORIA et al., 2014).
Estudo levado a efeito por Elmahdy et al. (2016) detectou 82,4% de HAdV
infecciosos em amostras de água superficiais da bacia hidrográfica da lagoa Peri (SC). Tal
vírus foi também o mais prevalente em estudo conduzido por Rigotto et al. (2010), os quais
obtiveram 64,9% de positividade para HAdV na análise de diferentes fontes de água. Silva
et al. (2015) registraram 76,6% de HAdV em amostras de reservatórios de água tratados.
O segundo vírus mais encontrado nos diferentes sítios de coleta de água foi o RVA,
presente em 24% (8/17) dos estudos analisados (ELMAHDY et al., 2016; MIAGOSTOVICH
et al., 2008; SPILKI et al., 2013; VIEIRA et al., 2012; VIEIRA et al., 2017; VICTORIA et al.,
2014). Dos estudos mais recentes que detectaram o RVA em amostras ambientais, está
o trabalho de Rigotto et al. (2010) que detectou RVA tanto em amostras de agua como
tecidos de ostras.
Segundo Assis et al. (2014) o RVA foi detectado em todos os períodos com
positividade de 62,5% das amostras de água superficiais analisadas indicando que o
período de coleta não influenciou a detecção deste agente, mostrando a ocorrência de
contaminação fecal destas fontes de água. Miagostovich et al. (2008) em seu estudo
detectou 44,2% de RAV em amostras de aguas de córregos e ainda relata que esse vírus
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 5
71
sempre foi causa de preocupação, especialmente em reservatório de água, uma vez que já
se mostrou resistente a altas concentrações de cloro.
Segundo Silva et al. (2015) há necessidade de desenvolvimento de métodos mais
eficientes para o monitoramento remoção e inativação desses vírus tanto em água tratada
como ambiental, principalmente para o Adenovírus por ele possuir altas taxas de replicação
e mutabilidade em hospedeiros, onde as partículas virais produzidas por esses hospedeiros
possuem patogenicidade aumentada, elevando o risco de transmitir doenças (RIGOTTO et
al., 2010).
A detecção do genoma desses vírus em amostras de água, onde apresenta os
coliformes fecais dentro dos limites estabelecidos pela lei, destaca o fato que esse parâmetro
microbiológico é inadequado para indicar contaminação viral e, consequentemente, avaliar
os riscos potenciais para a saúde humana (MIAGOSTOVICH et al., 2008; VIEIRA et al.,
2012; ASSIS et al., 2014).
Outro vírus avaliado, foi a detecção de Norovírus (NoV) o terceiro mais abundante
presente em 18% (6/17) das amostras. Isso sugere que existe uma ampla distribuição
desses vírus no ambiente, mas ele não está associado só ao contato humano com águas
como também ao consumo de marisco contaminado. Por ele possuir diferentes cepas (GI e
GII) pode ocorrer recombinação se uma pessoa consumir os dois fatores (água e marisco),
podendo levar a origem de uma nova cepa de NoV. (RIGOTTO et al., 2010; VIEIRA et al.,
2012; VIEIRA et al., 2017).
Embora se tenha ocorrência de infecções por NoV ao longo do ano, os maiores
relatos ocorrem durante os meses mais frios como descrito por Teixeira et al. (2017)
com positividade de 33,9% para NoV em amostras ambientais coletadas mensalmente
de diferentes fontes de água e esgoto. Victoria et al. (2010) detectou 23% em diferentes
amostras (água do mar, água potável, água superficial (lagoa e lagoa salobre) e tratados
de esgotos.
A prevalência de Vírus da Hepatite A (HAV) ficou em torno de 9% (3/17). Estudos
voltados para a detecção de HAV reportam a facilidade que este vírus tem de adsorverse em partículas sólidas suspensas no ambiente aquático, protegendo-se de fatores
ambientais (ELMAHDY et al., 2016; RIGOTTO et al., 2010).
DE Paula et al. (2007) detectaram em amostras de água da Bacia Amazônica
92% de cargas virais de HAV, enquanto que Elmahdy et al. (2016) detectaram 54,8% em
amostras de água superficiais da bacia hidrográfica da lagoa Peri (SC) em amostras de
verão e inverno.
O presente estudo também evidenciou outros tipos virais como o Vírus Gemicircular,
Sapovírus, Polyomavírus, Torque teno vírus e o Astrovírus todos presentem em 3% (1/17)
evidenciando assim que outros tipos virais de menos importância ou nunca estudados e ou
detectados podem transmitir doenças em um hospedeiro susceptível. (ASSIS et al., 2016;
FIORETTI et al., 2016; FUMIAN et al., 2010; VECCHIA et al., 2012; MIAGOSTOVICH et
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 5
72
al., 2008).
O Sapovírus (SaV) já é relatado há bastante tempo na literatura principalmente em
outros países como Japão, Espanha e Itália. Segundo Fioretti et al. (2016) o seu trabalho
foi o primeiro a detectar o SaV no Brasil enfatizando que existe uma diversidade genética
desse vírus circulando na cidade do Rio de Janeiro.
O estudo evidenciou que o método mais utilizado para concentrar vírus em
amostras de água foi a filtração de membrana com carga negativa, associados a métodos
quantitativos de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase). No entanto, os métodos de PCR
apenas fazem a detecção dos vírus, mas não são capazes de quantificar suas cargas virais
(DE PAULA et al., 2007; MIAGOSTOVICH et al., 2008; VICTORIA et al., 2010; VIEIRA et
al., 2012; RIGOTTO et al., 2008).
Segundo Rigotto et al. (2010) o número elevado de amostras positivas para esses
vírus se dá devido eles possuírem alta resistência à luz ultravioleta e altas temperaturas,
possuindo capacidade de sobreviver em condições adversas explicando os níveis de
contaminação. Miagostovich et al. (2008), então sugere que esses vírus sejam utilizados
como os indicadores mais confiáveis para o monitoramento ambiental, devido sua
prolongada persistência em ambientes aquáticos.
5 | CONCLUSÃO
O presente artigo abordou as publicações acerca dos tipos virais que foram
detectados em análises de água em estudos realizados no Brasil. O trabalho destaca a
importância que os vírus têm de ocasionar problemas no ser humano, principalmente às
gastroenterites, as quais vem se destacando no cenário global.
A contaminação viral de diferentes matrizes de água (água do mar, fontes de água
potável, água superficial (lagoa e lagoa salobre), águas residuais urbanas e tratados de
esgoto, evidencia contaminação por dejetos humanos, principalmente nas localidades
próximas às zonas urbanas, onde se encontra população ao redor dessas fontes de água,
causados por uma urbanização desenfreada, sem redes de esgoto e ou saneamento básico
e, portanto, estão sujeitas à contaminação.
As técnicas moleculares de PCR não são capazes de fornecer informações sobre
o poder de infecção da partícula viral, detectam apenas os genomas que podem ser de
partículas infecciosas, vírus inativados ou defectivos.
As publicações acerca do tema refletem que há falta de informação sobre vírus
entéricos, visto que eles representam uma ameaça para a saúde humana.
REFERÊNCIAS
ASSIS et al. Relationship between viral detection and turbidity in a watershed contaminated with group
A rotavirus. Environ SciPollut Res. 2014
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 5
73
ASSIS et al. Detection and Molecular Characterization of Gemycircularvirus from Environmental
Samples in Brazil. Food Environ Virol, v.8, p.305–309, July 2016.
DE PAULA et al. Hepatitis A virus in environmental water samples from the Amazon Basin. WATER
RESEARCH, v. 41, p. 1169– 1176, 2007.
ELMAHDY et al. Spatial distribution of enteric viruses and somatic coliphages in a Lagoon used as
drinking water source and recreation in Southern Brazil. International Journal of Hygiene and
Environmental Health, p.1-3, July 2016. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijheh.2016.07.009.
FIORETTI et al. Occurrence of human sapoviruses in wastewater and stool samples in Rio De Janeiro,
Brazil. Journal of Applied Microbiology, v.121, p.855-862, 2016.
FUMIAN et al. Molecular detection, quantification and characterization of human polyomavirus JC from
wastewater in Rio De Janeiro, Brazil. Journal of Water and Health, v. 8, n.3, p.1-8, 2010.
HELDT et al. Hepatitis E Virus in Surface Water, Sediments, and Pork Products Marketed in Southern
Brazil. Food Environ Virol, v. 8, p.200–205, May 2016.
LUZ et al. Contaminação viral e bacteriana em águas subterrâneas na porção aflorante do Aquífero
Guaraní, município de Ivoti, RS. Rev. Ambient. Água. vol. 12 n. 5 Taubaté – Sep. / Oct. 2017
MIAGOSTOVICH et al. Molecular Detection and Characterization of Gastroenteritis Viruses
Occurring Naturally in the Stream Waters of Manaus, Central Amazonia, Brazil. APPLIED AND
ENVIRONMENTAL MICROBIOLOGY. Vol.74, No.2, p. 375–382, Jan. 2008.
MORESCO, V. Detecção de Rotavírus em amostras de águas de superfície através de técnicas
moleculares e de cultivo celular.48f. Universidade Federal de Santa Catarina, Curso de Graduação em
Ciências Biológicas, Florianópolis, 2008.
MORESCO, V. Detecção e quantificação de patógenos entéricos virais em amostras de agua do mar.
2011. 129f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) – Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2011.
NEVES, K. O. Qualidade microbiológica da água de abastecimento público e alternativo no município
de Ouro Preto, Minas Gerais. 2003. 89f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) –
Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2003.
PRADO, T. Ocorrência de Rotavírus, Adenovírus, Norovírus e Vírus da Hepatite A em estações de
tratamento de esgoto no Rio de Janeiro e avaliação de metodologias de recuperação viral em lodo
de esgoto. 2011. 178f. Tese (Doutorado em Biologia Parasitária) - Fundação Oswaldo Cruz, Instituto
Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,2011.
PRADO, T; MIAGOSTOVICH, M. P. Virologia ambiental e saneamento no Brasil: uma revisão narrativa.
Cad. Saúde Pública, v.30, n.7, p.1367-1378, jul, Rio de Janeiro, 2014.
RIGOTTO et al. Assessment of adenovirus, hepatitis A virus and rotavirus presence in environmental
samples in Florianopolis, South Brazil. Journal of Applied Microbiology, v. 109, p. 1979–1987, 2010.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 5
74
SPADA, P.K.P. Detecção de Adenovírus Humanos em amostras de água superficial e esgoto não
tratado oriundas de diversos ecossistemas aquáticos da cidade de Belem-Pa.93f. Dissertação
(Mestrado) - Universidade Federal do Para, Núcleo de Medicina Tropical, Belém, 2012.
SILVA et al. High Species C Human Adenovirus Genome Copy Numbers in the Treated Water Supply of
a Neotropical Area of the Central-West Region of Brazil. Food EnvironVirol, v. 7, p. 286–294, 2015.
SPILKI, F. R. et al. Detection of adenovirus, rotavirus and enterovirus in water samples collected
on dairy farms from Tenente Portela, Northwest of Rio Grande do Sul, Brazil. Brazilian Journal of
Microbiology, v. 44, n. 3, p. 953- 957, 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-83822013000300046.
TAVARES, T. M; CARDOSO, D. D. de P; BRITO, W.M.E.D. Vírus Entéricos veiculados por água:
aspectos microbiológicos e de controle de qualidade da água. REVISTA DE PATOLOGIA TROPICAL,
Vol. 34, n.2, p. 85-104. maio-ago, Goiânia, 2005.
TEIXEIRA, D.M. Detecção e Genotipagem de Norovírus em diferentes amostras de água e esgoto não
tratado na cidade de Belém, Para, Brasil. 89f. Dissertação (Mestrado) -Universidade Federal do Para,
Núcleo de Medicina Tropical, Belém, 2014
TEIXEIRA, E. et al. Revisão Integrativa da Literatura passo-a-passo. Convergência com outros
métodos. REV. ENF UFPI. Teresina, n.2, p. 3-7, dec. 2013.
TEIXEIRA et al. Norovirus genogroups I and II in environmental water samples from Belém city,
Northern Brazil. Journal of Water and Health, Vol.15, n. 1,p. 1-12, 2017.
VECCHIA, A. D. et al. First description of Adenovirus, Enterovirus, Rotavirus and Torque teno virus in
water samples collected from the Arroio Dilúvio, Porto Alegre, Brazil. Brazilian Journal of Biology, v.
72, n. 2, p. 1-7, 2012
VIEIRA et al. The Impact of the Extreme Amazonian Flood Season on the Incidence of Viral
Gastroenteritis Cases. Food Environ Virol, v.9, p.195–207, February 2017.
VIEIRA et al. Detection of enteric viruses in recreational waters of an urban lagoon in the city of Rio de
Janeiro, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 107, n.6, p.778-784, September 2012.
VICTORIA et al. Assessment of norovirus contamination in environmental samples from Florianopolis
City, Southern Brazil. Journal of Applied Microbiology, v.109, p.231–238, 2010.
VICTORIA et al. Gastroenteric virus dissemination and influence of rainfall events in urban beaches in
Brazil. Journal of Applied Microbiology, v.117, p. 1210--1218, 2014.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 5
75
CAPÍTULO 6
A PROTEÔMICA COMO FERRAMENTA PARA O
DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO
Data de aceite: 01/08/2022
Benedito Rodrigues da Silva Neto
Pós-Doutor em Genética Molecular com
concentração em Proteômica e Bioinformática.
Doutorado em Medicina Tropical e Saúde
Pública pela Universidade Federal de Goiás.
Mestrado em Biologia Celular e Molecular
RESUMO: A proteômica é o estudo que
descreve e quantifica proteínas, assim como
suas interações, variações populacionais e
alterações em resposta a uma modificação
patológica
ou
fisiológica.
Pretendemos
aqui, descrever as inovações promovidas
pela proteômica no contexto laboratorial de
diagnóstico bacteriano, que cada vez mais
contribuem para o avanço do desenvolvimento
científico da pesquisa clínica. Selecionamos e
analisamos publicações disponíveis na base
de dados Pubmed relacionadas aos termos
Proteômic,bacteriological and clinic diagnostic.
Nos últimos 12 anos as publicações relacionadas
à Proteômica têm tido um crescimento
constante, assim como sua correlação com
o diagnóstico clínico, ensaios executados in
vitro, e consequentemente a técnica LC-MSMS. A proteômica ainda tem a sua aplicação
marjoritária voltada a pesquisa científica, devido
à fatores econômicos, no entanto é uma área
cientifica que tem avançado e se desenvolvido
como nenhuma outra na última década, e pode
contribuir de forma significativa na especificidade
e acurácia do diagnóstico clínico de bactérias.
PALAVRAS-CHAVE: Proteômica; diagnostico
clinico; bacteriologia.
PROTEOMICS AS A TOOL FOR
BACTERIOLOGICAL DIAGNOSIS
ABSTRACT: Proteomics is the study that
describes and quantifies proteins, as well as their
interactions, population variations and changes
in response to a pathological or physiological
modification. We intend here to describe the
innovations promoted by proteomics in the
laboratory context of bacterial diagnosis, which
increasingly contribute to the advancement of
the scientific development of clinical research.
We selected and analyzed publications available
in the Pubmed database related to the terms
Proteomic, bacteriological and clinical diagnostic.
In the last 12 years, publications related to
proteomics have had a constant growth, as well
as their correlation with clinical diagnosis, in vitro
tests, and consequently the LC-MS-MS technique.
Proteomics still has its major application focused
on scientific research, due to economic factors,
however it is a scientific area that has advanced
and developed like no other in the last decade,
and can significantly contribute to the specificity
and accuracy of clinical diagnosis. of bacteria.
KEYWORDS: Proteomics; clinical diagnosis;
bacteriology.
INTRODUÇÃO
De
acordo
com
Tortora,
Funke
e
Case (2012), a maioria de nós considera as
bactérias como criaturas pequenas e invisíveis,
potencialmente perigosas. Na realidade são
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 6
76
poucas as espécies que causam doenças em humanos, animais, plantas ou qualquer outro
organismo. (...) sem as bactérias, a maior parte da vida como a conhecemos não seria
possível. (...) são importantes para o mundo da microbiologia, para a medicina, e ainda têm
a capacidade de ilustrar princípios biologicamente incomuns ou interessantes. Contudo,
sabemos que em 1840, depois dos primeiros trabalhos de Pasteur, Friedrich Gustav Jacob
Henle (1809-1885), em uma notável publicação, expôs as suas ideias, estabelecendo
condições básicas para que um agente microscópico particular pudesse ser considerado
causador de uma doença infecciosa ou infectocontagiosa.
Seguindo as ideias de Pasteur, que ao destruir a teoria da ‘geração espontânea’,
John Needham 1745, afirmou estar o ar cheio de micróbios, e levando em conta que as
fermentações e as putrefações são também obras de microrganismos, o médico Oliver
W. Holmes (1809-1894) insistia que a febre puerperal era contagiosa e, provavelmente,
ocasionada por um agente transmitido de uma mãe para outra, por intermédio dos médicos
e das parteiras.
Sabemos que o período entre 1880 e 1900 representa a época áurea da Bacteriologia,
com a descoberta de várias bactérias patogênicas. Por exemplo, foi nesse período, em
1881, durante um congresso internacional, ocorrido em Londres, que Louis Pasteur teve a
oportunidade de tomar conhecimento da introdução, por Robert Koch, dos meios sólidos
(gelatina, ágar, etc.) na Bacteriologia (até então Pasteur só usava meios líquidos, o que
praticamente impossibilitava o isolamento bacteriano). Koch também desenvolveu técnicas
de fixação e coloração, muitas das quais utilizamos até os dias de hoje.
O progresso nesta importante área da ciência foi exponencial, com o avanço da
tecnologia e principalmente o advento da Biologia Molecular, a bacteriologia ganhou lugar
de destaque na pesquisa básica, no desenvolvimento de fármacos, na engenharia genética
e também no diagnóstico clínico/molecular.
Por meio do sequenciamento do genoma de diversos organismos, os cientistas
chegaram à conclusão que apenas as sequencias nucleotídicas não seriam suficientes
para compreender as funções dos genes de forma plena, pois para alcançar este alvo se
faz necessário o estudo completo das proteínas expressas. Devido ao fato do genoma
não está diretamente relacionado com a atividade biológica, mas sim as proteínas, pois
dentro do processo da elaboração proteica existem modificações que ocorrem após a
transcrição da fita de DNA em RNAm e após a tradução do RNAm em peptídeo, e todo este
processo determina a função biológica desempenhada pelo produto final da ação gênica,
isto é a proteína produzida. Gerando assim, a necessidade do estudo proteômico para
compreender plenamente as ações gênicas (GÓES e OLIVEIRA, 2014).
Em contraste com o genoma o proteoma é extremamente dinâmico, variando de
acordo com as condições micro e macro ambientais, e por meio de seu estudo é possível
determinar: a expressão de um gene; as concentrações proteicas; as modificações pós
traducionais; os processos metabólicos regulatórios e/ou sinalizadores relacionados
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 6
77
a um estado fisiológico, patológico ou terapêutico e ainda a descoberta de novos alvos
terapêuticos e moléculas bioativas. Logo, a proteômica apresenta maior complexidade
em relação a genômica, e caracteriza um avanço no estudo de sistemas biológicos
(CHANDRASEKHAR et al., 2014).
É fundamental lembrarmos que o diagnóstico laboratorial possui extrema importância
na determinação da patologia e do tratamento mais seguro, eficaz e recomendado a ser
procedido pela equipe medica. De acordo com os avanços moleculares já alcançados,
é evidente que os estudos e avanços na área proteômica podem contribuir nos avanços
diagnósticos. E assim como afirma Emídio, et al (2015) o estudo do proteoma, bem como
a elucidação da função das proteínas no contexto em que são expressas são de grande
relevância para o diagnóstico de doenças, assim como aquelas causadas por bactérias.
DESENVOLVINEMTO
As células procarióticas são os menores microrganismos unicelulares existentes,
medindo geralmente de 1 a 1,5 μm de largura por 2 a 6 μm de comprimento, ou seja,
seu tamanho é da ordem de milésimos de milímetros, mas podem ser observadas em
microscopia ótica, o que não ocorre com os vírus, que, possuidores de dimensões inferiores
a 0,2 mm (limite de visibilidade do microscópio óptico) não podem ser observados neste
instrumento (NOGUEIRA; MIGUEL, 2009; JORGE, 2010). A Escherichia coli, que é a mais
estudada das bactérias, apresenta aproximadamente 1 μm de diâmetro. Contudo, as
menores bactérias são os micoplasmas, formas que não apresentam parede celular e têm
diâmetro de aproximadamente 0,1 μm. No outro extremo temos as bactérias assimiladoras
de enxofre, do gênero Beggiatoa, como B. gigantea, que por sua vez apresentam
comprimento de 26 a 60 μm.
Pela microscopia eletrônica observamos certas estruturas definidas nas bactérias,
localizadas interna e externamente à parede celular. Determinadas estruturas estão
presentes em certas espécies bacterianas; outras estão presentes mais frequentemente em
uma espécie que nas demais. Estruturas fundamentais, como parede celular, membrana
citoplasmática e citoplasma estão presentes em todas as bactérias. A estrutura que merece
um destaque particular é a parede celular, que caracteriza-se por estrutura rígida que
recobre a membrana citoplasmática, conferindo forma às bactérias. A parede celular está
presente em todas as bactérias, exceção feita ao grupo dos micoplasmas, constituídos
basicamente de uma macromolécula complexa denominada peptideoglicano (também
chamada de mucopeptídeo ou mureína). O peptideoglicano é uma molécula constituída por
dois açúcares aminados: N-acetil-glicosamina e ácido N- acetil-murâmico, os quais estão
ligados um ao outro intercaladamente.
Todas as atividades bacterianas dependem obrigatoriamente das habilidades do
microrganismo em sobreviver no meio ambiente em que se encontra e se multiplicar. O
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 6
78
crescimento, tanto em meios de cultura no laboratório quanto em habitats naturais, somente
pode ocorrer quando todos os nutrientes exigidos para obtenção de energia e para síntese
de novos componentes celulares estão disponíveis. Segundo Jorge (2010), os nutrientes
requeridos pelos microrganismos refletem diretamente sua capacidade fisiológica. De
maneira geral, quanto mais simples seu requerimento nutricional, maior a extensão da
complexidade fisiológica. O estudo das diferenças fisiológicas entre microrganismos
com exigências nutricionais diferentes nos leva a compreender as diferenças, tanto das
propriedades fisiológicas quanto do modo pelo qual respondem às alterações ambientais.
Deste modo, o crescimento bacteriano consiste essencialmente do equilíbrio na
síntese dos componentes do citoplasma, inclusões e parede celular, a partir de materiais
disponíveis em seu ambiente. O crescimento bacteriano exige a presença de nutrientes
essenciais em concentrações ideais para as células e em ambiente propício. Assim, as
bactérias necessitam de uma série de exigências de natureza física, inorgânica e orgânica
para seu crescimento.
Observemos as principais características relacionadas à divisão conceitual das
bactérias:
1 Cocos Gram-positivos
Constituem um grupo muito diverso de microrganismos, estudados em conjunto
devido à forma esférica de suas células e por sua característica de positividade à coloração
de Gram. Não formam endosporos, são geralmente imóveis e suas células costumam-se
apresentar na forma esférica ou ligeiramente alongada.
O grupo apresenta gêneros de microrganismos aeróbios, anaeróbios facultativos e
anaeróbios estritos. A forma de arranjo de suas células e a produção da enzima catalase são
particularidades convenientes na caracterização dos gêneros. Vamos discutir os gêneros
Staphylococcus, Streptococcus, Enterococcus, Peptostreptococcus e Stomatococcus.
2 Cocos Gram-negativos
Dentre os cocos Gram-negativos vamos tratar em maiores detalhes sobre os
gêneros Neisseria, Branhamella (gênero Moraxella, subgênero Branhamella) e Veillonella.
O gênero Neisseria é responsável pela gonorreia, doença sexualmente transmissível, e pela
meningite cérebro-espinhal epidêmica. Branhamella são microrganismos comensais do
trato respiratório humano, podendo, eventualmente, tornar-se patogênicos. Veillonella são
cocos anaeróbios obrigatórios encontrados na microbiota bucal humana, não apresentando
geralmente potencial patogênico (RIBEIRO; JORGE, 2010).
3 Bacilos Gram-positivos
Muitos gêneros de bacilos Gram-positivos estão presentes na natureza e vários
deles são importantes em doenças humanas. Vamos apresentar os bacilos Gram-positivos
formadores de esporos dos gêneros Bacillus e Clostridium e os não esporulados dos
gêneros Corynebacterium, mas temos também os Actinomyces e Lactobacillus.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 6
79
4 Bacilos Gram-negativos
A família Enterobacteriaceae constitui um grupo heterogêneo de bastonetes Gramnegativos. Muitas espécies fazem parte da microbiota normal do trato intestinal dos animais
e do homem, também estão presentes no solo, vegetação e água.
Os membros dessa família são bastonetes Gram-negativos, anaeróbicos facultativos,
com 0,5 a 2,0 μm de largura por 1,0 a 4,0 μm de comprimento, não formadores de esporos,
são móveis por flagelos peritríqueos ou imóveis. Possuem exigências nutricionais simples,
fermentam glicose e outros carboidratos, não produzem oxidase e reduzem nitratos a
nitritos. A maioria pode ser cultivada em meios de cultura simples e coram-se por corantes
derivados da anilina.
Apresentam pili na superfície celular, os quais, em algumas espécies, conferem fator
de aderência às superfícies epiteliais. Apresentam pili sexual, importantes na transferência
de fatores de resistência aos antibióticos entre os mesmos e diferentes membros da
família. Apresentam lipopolissacarídeos (LPS) na parede celular, chamados de endotoxinas
(UENO; JORGE, 2010). O Bergey’s Manual of Determinative Bacteriology (1984) divide a
família Enterobacteriaceae em oito tribos, baseado em homologia do DNA.
5 Espiroquetas
Espiroquetas são microrganismos espiralados (spira: espiral; chaet: cabelo), móveis,
que formam um grupo heterogêneo de microrganismos. Em relação à parede celular
das espiroquetas, sobre a camada de peptideoglicano encontra-se camada contendo os
filamentos axiais (endoflagelos), que são recobertos por membrana externa semelhante à
das Gram-negativas. Três gêneros da família Treponemataceae apresentam importância
por produzirem doença no ser humano: Treponema, Borrelia e Leptospira.
6 Micobactérias
Representam um grupo de bacilos pertencente ao gênero Mycobacterium, são
bactérias em forma de bastonetes delgados, caracteristicamente ácido resistentes,
aeróbios, não esporulados, imóveis e que não apresentam cápsula. Estão largamente
distribuídas no solo e água, algumas espécies são parasitas obrigatórios e patogênicas
para vertebrados. Por fim, são ricas em lipídios, incluindo ácidos graxos, fosfolipídeos
e ceras. Até 60% de sua parede celular é constituída de lipídios, em contraste com as
bactérias Gram-negativas, que apresentam em torno de 20% e as Gram-positivas de 1
a 4%. Podemos dizer que é a presença dos ácidos micolicos que interfere na resposta à
coloração de Gram (JORGE, 2010).
De uma maneira geral, as bactérias podem ser observadas de duas formas, a
primeira a fresco, através de observação de suspensão bacteriana entre lâmina e lamínula,
ou pela gota pendente, e a segunda através de um esfregaço fixado e corado.
Geralmente, a observação a fresco é utilizada para visualização da mobilidade e
morfologia de bactérias espiraladas (que podem ficar distorcidas se fixadas), ou mesmo
em outras bactérias, para observar alterações na divisão celular e formação de esporos.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 6
80
Neste caso, utiliza-se geralmente um microscópio de campo escuro, pois as bactérias ao
microscópio de campo claro tendem a aparecer transparentes, sendo necessária, muitas
vezes, a utilização de filtros de densidade neutra para diminuir a intensidade luminosa e
facilitar a visualização.
Todavia métodos automatizados e capazes de identificar maior número de amostras,
com maior acurácia e com tempo otimizado são necessários. No final da década de 70
O’ Farrel (1975) desenvolveu a inovadora técnica de eletroforese bidimensional (2D) que
separa as proteínas utilizando dois parâmetros diferentes, na primeira dimensão por ponto
isoelétrico (ponto onde a carga líquida seja igual a zero) e na segunda por peso molecular.
Aplicando esta técnica pesquisadores deram início a bases de dados de proteínas,
desenvolvendo o que anos depois viria a ser a proteômica. E de acordo com Parker, Warren
e Mocanu (2010) e Weber (2013) no ano de 1994 o termo proteoma foi proposto por Marc
Wilkins para denominar todo conteúdo de proteínas expressas por um genoma.
De acordo com Galdos-Riveros (et al., 2010) no início das análises proteômicas o
principal objetivo era apenas a identificação em larga escala de todas as proteínas presentes
em uma célula ou tecido. Contudo, este proposito foi modificado, sendo direcionado ao
estudo das diferentes características funcionais das proteínas, tais como: interações de
proteína com proteína; existência de isoformas, isto é, formas distintas de uma proteína
que são produzidas a partir de genes diferentes ou por processo alternativo; diferenciação
da expressão proteica em estado patológico ou fisiológico; modificações pós-traducionais;
atividades e estruturas.
A proteômica atua descrevendo e quantificando o conjunto de proteínas de uma
organela, assim como suas interações, variações populacionais e alterações em resposta
a uma modificação patológica ou fisiológica em seu meio ambiente (Barbosa et al., 2012). E
segundo Emídio et al., (2015) A proteômica tem crescido e ampliado sua área de atuação,
abrangendo a descoberta de novas drogas, terapias e diagnósticos, inovando também
na microbiologia e na bioquímica. Assim, a proteômica tornou possível a identificação e
caracterização de moléculas endógenas ou exógenas específicas de um determinado
estado patológico, denominadas de marcadores biológicos. O que contribui imensamente
no diagnóstico precoce, favorecendo também o prognóstico e o tratamento do paciente.
O procedimento aplicado nos ensaios proteômicos baseia-se na utilização conjunta de
diferentes técnicas, tais como: eletroforese, cromatografia, espectrometria de massas e
as ferramentas da bioinformática, desta maneira executasse a separação e identificação
proteica (EMIDIO et al., 2015).
A técnica da espectrometria de massas baseia-se no fato de que cada composto
possui uma fragmentação única, um padrão de espectro de massa específico. Consistindo
basicamente, na ionização de um composto e na avaliação da razão massa/carga (m/z)
dos íons, em fase gasosa. O equipamento utilizado compreende uma fonte de ionização,
um ou mais analisadores de massas, um detector e um sistema de aquisição de dados
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 6
81
(BARBOSA et al., 2012).
Na espectrometria de massas a amostra proteica passa pela ionização seja por
electrospray (ESI) ou por dessorção a laser assistida por matriz (MALDI), em seguida um
analisador ou múltiplos analisadores irão medir a massa dos íons, os mais utilizados são o
analisador de massa quadrupolo e/ou o de tempo de voo (ToF), e podem ser empregados
em conjunto como instrumentos espectrométricos de massa em tandem QToF. As massas
obtidas formam uma espécie de impressão digital (fingerprinting) da proteína. Softwares
especiais permitem comparar o fingerprinting da proteína com os presentes nos bancos
de dados, identificando a mesma se estiver presente no banco (EL-ANEED et al., 2009).
O proteoma de um microrganismo é uma entidade dinâmica que se altera
constantemente em resposta aos diversos fatores externos. Através das informações
obtidas pela descrição das proteínas encontradas em uma dada patologia é possível
não apenas estabelecer um diagnóstico mais rápido e seguro, mas também determinar o
melhor tratamento a ser prescrito e a eficácia do mesmo. Com os avanços nas técnicas
de proteômica e com os sistemas de processamento de dados, desenvolvidos pela
bioinformática, a proteômica em conjunto com a farmacogenômica poderão nos conduzir à
novas formas de diagnóstico e tratamento (MATA, 2004; WEBER, 2013).
REFERÊNCIAS
1. O’FARRELL, P. H. Eletroforese bidimensional de alta resolução de proteínas. J. Biol. Chem.
v. 250, n. 10, p. 4007-4021, 1975. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/
PMC2874754/pdf/nihms201444.pdf>. Acesso em 06 de março de 2018.
2. PARKER, C. E. WARREN, M. R. MOCANU, V. Neuroprotemics. Fronteiras na Neurociência.
Universidade da Carolina do Norte. Editor Oscar Alzate. Cap 5. Boca Raton (FL): CRC Press / Taylor
& Francis; 2010. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK56018/>. Acesso em 11 de
março de 2018.
3. WEBER, S. S. Abordagens proteômicas e suas aplicações no campo da hematologia. Artigo
de conclusão do curso de pós-graduação em Hematologia Laboratorial, AC&T, São José do Rio Preto.
2013. Disponível em: < http://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/IMAGENS/revista_virtual/
hematologia/hemato27.pdf>. Acesso em 11 de março de 2018.
4. MATA, O. M. Farmacogenética, farmacogenómica y proteômica. Monografía XV: Nuevos avances
en medicamentos en la medicina personalizada. REAL ACADEMIA NACIONAL DE FARMACIA. 2004.
Disponível em: <http://www.analesranf.com/index.php/mono/article/view/534/552>. Acesso em 02 de
setembro de 2017.
5. BARBOSA, E. B. et al. Proteômica: metodologias e aplicações no estudo de doenças humanas. Rev
Assoc Med Bras. V. 58, n. 3, pg: 366-375, 2012.
6. GALDOS-RIVEROS, A. C. et al. Proteômica: novas fronteiras na pesquisa clínica. ENCICLOPÉDIA
BIOSFERA, Centro Científico Conhecer – Goiânia. V.6, N.11. 2010.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 6
82
7. GÓES, A. C. S. OLIVEIRA, B. V. X. Projeto genoma humano: um retrato da construção do
conhecimento científico sob a ótica da revista Ciência Hoje. Ciênc. Educ., Bauru, v. 20, n. 3, p. 561-577,
2014.
8. EMIDIO, N. B. et al. Proteômica: uma introdução aos métodos e aplicações. HU Revista, Juiz de
Fora, v. 41, n. 3 e 4, p. 101-111, jul./dez. 2015.
9. CHANDRASEKHAR, K. et al. A short review on proteomics and its applications. International
Letters of Natural Sciences Online. Vol. 17, pg 77-84. 2014.
10. ROCHA, T. L. et al. Eletroforese em gel bidimensional e análise de proteoma. Comunicado
técnico 136. Embrapa. Brasília. 2005.
11. EL-ANEED, A; Cohen A; Banoub, J. Mass spectrometry, review of the basics: electrospray,
maldi, and commonly used mass analyzers. Journal Applied Spectroscopy Reviews, v. 44, e. 3, p.
210-230, mar. 2009.
12. ZHAO, X. et al. Quantitative Proteomic Analysis of Optimal Cutting Temperature (OCT)
Embedded Core-Needle Biopsy of Lung Cancer. Journal of The American Society for Mass
Spectrometry, v. 28, e. 10, p. 2078-2089, Oct. 2017.
13. AYRES, M. et al. Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas. Bio Estat. Belém
do Pará, Brasil, 2007.
14. JORGE, Antonio Olavo Cardoso. Micobactérias. In: JORGE, Antônio Olavo Cardoso. Princípios de
microbiologia e imunologia. São Paulo: Santos Editora, 2010.
15. JUNQUEIRA, Juliana Campos; JORGE, Antonio Olavo Cardoso. Bacilos Gram- positivos. In:
JORGE, Antônio Olavo Cardoso. Princípios de microbiologia e imunologia. São Paulo: Santos Editora,
2010.
16. KOGA-ITO, Cristiane Yumi; JORGE, Antonio Olavo Cardoso. Características gerais dos fungos. In:
JORGE, Antônio Olavo Cardoso. Princípios de microbiologia e imunologia. São Paulo: Santos Editora,
2010.
17. MOURA, Roberto de Almeida et al. Técnicas de laboratório. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2008.
18. NOGUEIRA, Joseli Maria da Rocha; MIGUEL, Lucieny de Faria Souza. Bacteriologia. In:
MOLINARO, Etelcia Moraes; CAPUTO, Luzia Fátima Gonçalves; AMENDOEIRA, Maria Regina Reis
(orgs.). Conceitos e métodos para a formação de profissionais em laboratórios de saúde: volume 1. Rio
de Janeiro: EPSJV; IOC, 2009.
19. OPAS, ANVISA, REDE RM, CGLAB/SVS/MS. Medidas de prevenção e controle da resistência
microbiana e programa de uso racional de antimicrobianos em serviços de saúde. São Paulo: Disciplina
de Infectologia da UNIFESP, 2007.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 6
83
CAPÍTULO 7
DOENÇA DE CHAGAS E OS MICRORNAS
Ana Gabrielly de Melo Matos
Data de aceite: 01/08/2022
Data de submissão: 30/06/2022
Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
Bacabal - Maranhão
http://lattes.cnpq.br/1409134844631350
Larissa Rodrigues de Sousa
Ygor Victor Ferreira Pinheiro
Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
Zé Doca-Maranhão
http://lattes.cnpq.br/5592182089146389
Universidade Federal do Delta do ParnaíbaUFDPar
Parnaíba-Piauí
http://lattes.cnpq.br/1264968110471451
Alania Frank Mendonça
Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
Zé Doca-Maranhão
http://lattes.cnpq.br/3865263332119363
Ana Carla Silva Jansen
Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
Zé Doca-Maranhão
http://lattes.cnpq.br/4905415169864624
Francisca de Brito Souza Araújo
Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
Zé Doca-Maranhão
http://lattes.cnpq.br/3517596979383542
Antonia Claudia da Conceição Palmeira
Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
Zé Doca-Maranhão
http://lattes.cnpq.br/8834474096531833
Vanilza da Silva
Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
Zé Doca-Maranhão
http://lattes.cnpq.br/3468384469650398
Eldevan da Silva Barbosa
Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
Zé Doca-Maranhão
http://lattes.cnpq.br/8385390184626184
Juliana Maria Trindade Bezerra
Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
Lago da Pedra-Maranhão
http://lattes.cnpq.br/6550540890812922
Andréa Pereira da Costa
Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
São Luís-Maranhão
http://lattes.cnpq.br/9060175466064691
Jaqueline Diniz Pinho
Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
Zé Doca-Maranhão
http://lattes.cnpq.br/6694295336757147
RESUMO: As doenças parasitárias representam
um sério problema de saúde pública, estima-se
que mais de um bilhão de pessoas no mundo são
acometidas. Dentre essas, a doença de Chagas
(DC), zoonose causada pelo Trypanosoma cruzi
(T. cruzi). Alguns estudos apontam a resistência e
a patogênese da DC aos microRNAs (miRNAs).
Os microRNAs são moléculas endógenas de
RNAs de fita simples, não codificantes (ncRNAs)
de proteínas que funcionam regulando a
expressão gênica e desempenham uma série de
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
84
processos fisiológicos e patológicos. Acredita-se que essas moléculas estejam envolvidas na
resposta inflamatória e na modulação das respostas imunes inatas e adaptativas em doenças
infecciosas. Nesse contexto, esta revisão se propõe a abordar o papel dos microRNAs
na DC, pois, evidências emergentes têm apontado para o direcionamento terapêutico de
ncRNAs, como miRNAs e RNAs não codificantes longos (lncRNAs), representando uma
abordagem atraente para o tratamento de vários tipos de doenças. No presente estudo,
foram reunidas as principais pesquisas realizadas com microRNAs em DC no mundo. Dentre
os microRNAs observados envolvidos na DC, destaca-se o miR-155, que demonstrou ser
um regulador principal de células hematopoiéticas, incluíndo monócitos, macrófagos, células
T e células B, afetando a expressão de citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias. Além
deste, a superexpressão de miR-21 e miR-146a foi observada no coração e no plasma de
camundongos em ambas as fases da DC. De acordo com os dados, percebe-se que os
microRNAs desempenham diversas funções em um indivíduo acometido pela DC, desde a
resistência à infecção como também na regulação de processos patológicos, principalmente
cardíacos. Desta forma, compreender os mecanismos de ação dos microRNAs diante da
patologia é fundamental para o entendimento da DC a nível molecular e consequentemente
para o manejo da doença.
PALAVRAS-CHAVE: Doenças parasitárias; ncRNAs; doença de chagas.
CHAGAS DISEASE AND MICRONES
ABSTRACT: Parasitic diseases represent a serious public health problem, and it is estimated
that more than one billion people worldwide are affected. Among these is Chagas disease
(CD), a zoonosis caused by Trypanosoma cruzi (T. cruzi). Some studies point the resistance
and pathogenesis of CD to microRNAs (miRNAs). MicroRNAs are endogenous singlestranded, non-coding RNAs (ncRNAs) molecules of proteins that function by regulating gene
expression and play a number of physiological and pathological processes. These molecules
are believed to be involved in the inflammatory response and in the modulation of innate and
adaptive immune responses in infectious diseases. In this context, this review proposes
to address the role of microRNAs in CD, because, emerging evidence has pointed to the
therapeutic targeting of ncRNAs, such as miRNAs and long non-coding RNAs (lncRNAs),
representing an attractive approach for the treatment of various types of diseases. Among
the microRNAs observed to be involved in CD, miR-155 has been shown to be a key regulator
of hematopoietic cells, including monocytes, macrophages, T cells, and B cells, affecting the
expression of pro-inflammatory and anti-inflammatory cytokines. In addition, overexpression
of miR-21 and miR-146a was observed in the heart and plasma of mice in both phases of CD.
According to the data, microRNAs play several functions in an individual affected by CD, from
resistance to infection to the regulation of pathological processes, especially cardiac. Thus,
understanding the mechanisms of action of microRNAs in the face of pathology is fundamental
to the understanding of CD at the molecular level and consequently to the management of
the disease.
KEYWORDS: Parasitic diseases; ncRNAs; chagas disease.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
85
1 | INTRODUÇÃO
As doenças parasitárias são um sério problema de saúde pública. Estima-se que mais
de um bilhão de pessoas no mundo estejam diretamente ligadas à uma parasitose. Entre
essas, têm-se a doença de Chagas (DC), que tem como agente causador o Trypanosoma
cruzi (T. cruzi) (Carlos Chaga, 1909); (MEDINA et al., 2020).
A DC é encontrada com mais frequência na América Central e do Sul, sendo uma
infecção transmissível, que acomete o sangue e ataca o coração. Um dos meios mais comuns
é a infecção transmitida pelas fezes do inseto infectado, sendo este o Triatoma infestans,
conhecido popularmente como barbeiro, não sendo este a única espécie transmissora.
Também pode ser adquirida por meio da ingestão de carnes e bebidas contaminadas pelo
parasita. A DC tem dois estágios, a fase aguda e a fase crônica, sendo que na fase crônica,
cerca de sete a cada dez pessoas não apresentam sintomas, e em média, de 20 a 30% dos
contaminados desenvolvem manifestações crônicas (JHA et al., 2020).
Além disso, ainda não existe vacina para a DC, somente o tratamento durante a
fase aguda da doença, que é feito com o uso do medicamento benzonidazol e nifurtimox,
para que assim não evolua para a fase crônica. No entanto, o tratamento não tem grande
eficácia, necessitando assim de agentes quimioterápicos mais avançados (FERREIRA et
al., 2019)
Alguns estudos apontam a resistência e a patogênese da DC aos microRNAs
(miRNAs) (FERREIRA, 2020). Essas são moléculas endógenas curtas que funcionam
regulando a expressão gênica. Entende-se que os miRNAs são expressos diferencialmente
em diferentes tipos de doenças, além de desempenhar papéis fundamentais na patogênese
da doença, que a caracterização de miRNAs específicos associados à doença pode levar
a aplicações clínicas (NONAKA, 2018). Nesse contexto, esta revisão se propõe a abordar
o papel dos microRNAs na DC.
2 | REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Epidemiologia
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 2021
aproximadamente 6 milhões de pessoas estejam infectadas pelo T. cruzi no mundo,
mais de 75 milhões de pessoas em risco e 12.000 mortes por anos, sendo, uma doença
endêmica em 21 países, ocorrendo principalmente na América Latina em países como
o Brasil, Colômbia, Chile e Argentina, estando também presente na América do Norte,
Europa, Japão e Austrália devido a globalização (OMS, 2022).
No Brasil, a DC é um grave problema de saúde pública, sendo a quarta causa
de morte entre as doenças infecto-parasitárias, onde em 2021, estima-se que houvesse
pelo menos um milhão de pessoas infectadas pelo parasita (BRASIL, 2021). Segundo o
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
86
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no Brasil no ano de 2020 foram
notificados 180 casos da doença de chagas aguda (DCA). Ainda, segundo esses dados,
das regiões brasileiras, o Norte do país apresentou a maior incidência da doença. Na
região Norte do Brasil há predomínio da transmissão oral da DC, que ocorre pela ingestão
de alimentos contaminados, uma vez que o número de infecções está relacionado ao
consumo de polpas de açaí infectadas pelo protozoário, e a região Norte concentra a maior
produtividade e consumo da fruta (FARIAS & BRITO, 2020; MORAES et al., 2021).
É importante salientar, que no Brasil apenas os casos agudos são de notificação
obrigatória no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, e no país, a maioria
dos indivíduos infectados estão na fase crônica da doença (SANTOS et al., 2020). Dessa
forma, os números de casos são bem mais expressivos, o que contribui para que a doença
seja negligenciada no Brasil e o país seja considerado um dos principais focos endêmicos
da DC (FERNANDES et al., 2019).
2.2 Transmissão
A transmissão do T. cruzi pode ocorrer de forma vetorial, oral, congênita e
transfusões sanguíneas, sendo a forma oral e vetorial as mais comuns (GERES, RABI &
BONATTI, 2022). A transmissão oral possui um destaque epidemiológico expressivo no
Brasil, especialmente na Região Amazônica, sendo o principal meio de infecção do agente
nos últimos anos e ocorre através da ingestão de alimento cru, mal-cozido e contaminado
pelas fezes ou urina dos triatomíneos, popularmente conhecidos no Brasil como “barbeiros”
(LIDANI et al., 2019, SANTANA et al., 2019).
A transmissão vetorial é a principal via de infecção por T. cruzi e ocorre quando
insetos (hematófagos da ordem Heteroptera, família Reduviidae, mais conhecidos como
triatomíneos, infectados por T. cruzi), ao realizar o repasto sanguíneo, defeca durante ou
logo após a hematofagia, eliminando os protozoários sobre a pele do indivíduo. Então,
nesse momento as formas infectantes do parasita são transferidas para a circulação do
hospedeiro, via solução de continuidade, ou pelas mucosas, dando início a fase aguda da
doença (WOLLSCHEID et al., 2016).
A forma de transmissão vertical ou congênita, ocorre quando a gestante infectada
transmite o protozoário para o filho por via transplacentária, ou no momento do parto
(FREITAS, 2021). Caso a mãe seja portadora da fase aguda da doença o bebê pode ser
infectado durante a amamentação, ou caso seja portadora da fase crônica e haja presença
de lesões ou sangramentos durante a amamentação também pode haver a transmissão
(MATTOS, 2017).
A infecção por transfusões sanguíneas e transplante de órgão acontece quando o
paciente em estado saudável, recebe um órgão de um doador infectado (BENJAMIN et al.,
2012). É importante ressaltar que em décadas passadas a Doença de Chagas Transfusional
(DCT) foi muito comum, mas atualmente raramente ocorre, devido a iniciativa dos Países
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
87
do Cone Sul para a eliminação da doença de Chagas, a partir de 1991, intensificando
as ações de controle das atividades hemoterápicas, através da normatização de regras,
procedimentos e de efetiva vigilância epidemiológica, a fim de reduzir o risco de DCT
(DIAS, 2006; ARRAIS et al., 2019).
2.3 Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da infecção pelo T. cruzi deve ter suporte da epidemiologia, da clínica
e confirmação do agente etiológico pelo diagnóstico laboratorial. Este pode ser dividido,
didaticamente, em 3 categorias: parasitológicos, sorológicos e moleculares (LUQUETTI &
RASSI, 2000).
Os métodos parasitológicos são classificados em diretos e indiretos e baseiamse na demonstração do parasito sob a forma de tripomastigotas em amostras de sangue
e outros líquidos orgânicos diretamente ao exame microscópico e indireto. Os métodos
diretos são mais indicados para a doença em fase aguda e incluem o exame de sangue
a fresco, esfregaço sanguíneo, gota espessa e métodos de concentração. No exame de
sangue a fresco, esfregaço sanguíneo e gota espessa, o sangue deve ser coletado nos
estágios iniciais de sintomas, sendo o teste direto a fresco o mais sensível e deve ser o
método de escolha para a fase aguda. (BRASIL, 2013; ALVES et al., 2018; MALTA, 2022).
Os métodos de concentração dos parasitos (micro-hematócrito ou Strout) aumentam
a probabilidade de detecção da parasitemia e são indicados quando a pessoa possui os
sintomas a mais de 30 dias e o teste direto a fresco der negativo, devendo ser os testes de
escolha, uma vez que a parasitemia começa a baixar (ALVES et al., 2018).
Já os exames parasitológicos indiretos são os mais indicados para a doença na fase
crônica, por apresentarem uma maior eficácia, visto que a doença neste estágio apresenta
parasitemia baixa. Inclui, o xenodiagnóstico e a hemocultura (TURCINSKI, FELIX & ITO,
2021).
Além dos métodos acima, existem os testes sorológicos, que têm como princípio a
ligação antígeno -anticorpo e que são utilizados na fase crônica, sendo essencial o uso de
um teste de elevada sensibilidade associado a outro de alta especificidade. Os testes de
Immunoenzyme Assay - ELISA, Imunofluorescência Indireta - IFI e Hemaglutinação Indireta
- HAI são os indicados para determinar o diagnóstico. A confirmação ocorre quando pelo
menos dois testes são reagentes (BRASIL, 2013; CARVALHO et al., 2022; MACEDO et al.,
2020).
Utiliza-se também a Reação em Cadeia de Polimerase ou PCR, onde todo o
processo de diagnóstico é baseado no uso de oligonucleotídeos sintéticos que amplificam
sequências de DNA específicas para o patógeno alvo. Sendo este método importante para
o prognóstico e diagnóstico da doença (CAVATÃO, 2022).
Em caso de transmissão congênita, o teste mais indicado é o teste sorológico. Caso
o teste sorológico seja negativo, a criança está livre da doença. Em caso positivo, faz-se
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
88
necessário o tratamento etiológico imediato da criança (LIMA et al., 2019).
Os tratamentos mais utilizados são baseados no uso de medicamentos destinados
ao controle da doença e a eliminação do parasita (RIBEIRO et al., 2017). Em pessoas com
doença aguda, o medicamento mais indicado é o benzonidazol, que deve ser indicado
especificamente por profissional habilitado assim que a patologia for confirmada (SANTOS
et al., 2022).
É necessário ressaltar que não existem tratamentos eficazes disponíveis para
combater a doença de Chagas, isso decorre da ausência de insights para a produção de
novas terapias, portanto, novos medicamentos são necessários com urgência (MARTÍNESCOLANO et al., 2020). Nesse contexto, evidências emergentes têm apontado para
o direcionamento terapêutico de RNAs não codificantes (ncRNAs), como microRNAs
(miRNAs) e RNAs não codificantes longos (lncRNAs), representando uma abordagem
atraente para o tratamento de vários tipos de doenças (WINKLE et al., 2021).
2.4 Micrornas
Os microRNAs são moléculas endógenas de RNAs de fita simples, não codificantes
de proteínas, e apresentam em sua estrutura cerca de 18-25 nucleotídeos, os quais são
capazes de regular a expressão a nível pós-transcricional (LU & ROTHENBERG, 2017).
Essa classe de pequenos RNAs não codificantes funciona como importantes reguladores
da expressão gênica, além de serem poderosos reguladores de várias atividades celulares,
incluindo crescimento celular, diferenciação, desenvolvimento e apoptose (SALIMINEJAD
et al., 2019).
Essas biomoléculas desempenham um papel significativo na modulação de uma
série de processos fisiológicos e patológicos (BAHSKARAN & MOHAN, 2014) e funcionam
principalmente ligando-se a sequências alvo complementares no RNA mensageiro (mRNA)
e interferindo na maquinaria de tradução, impedindo ou alterando a produção do produto
proteico (MOHR & MOTT, 2015). Acredita-se também que os microRNAs estão envolvidos
tanto na resposta inflamatória quanto na modulação das respostas imunes inatas e
adaptativas em doenças infecciosas (MOHR & MOTT, 2015).
A biogênese dos microRNAs inicia-se no núcleo, com a síntese de um longo transcrito
chamado de pri-miRNA, sintetizado pela RNA-polimerase II (ANNESE et al., 2020). Os primiRNAs são subsequentemente clivados por uma enzima DROSHA/DGCR8 formando os
pré-miRNAs. Logo, estes são exportados do núcleo para o citoplasma por uma proteína de
membrana denominada Exportin-5, após este processo a estrutura resultante, é designada
miRNA precursor (pré-miRNA) (PARDINI et al., 2018; NAHAND et al., 2019).
No citoplasma, os pré-miRNAs são processados pela enzima DICER, que remove
a alça na estrutura stem-loop, resultando na formação de um dúplex de RNA. Este dúplex
de RNA é incorporado ao complexo de silenciamento induzido por RNA (RISC), no qual
as duas fitas de RNA são separadas. Uma destas fitas permanece associada ao RISC e
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
89
constitui o miRNA maduro e a fita complementar sofre degradação (Figura 1) (PARDINI et
al., 2018; NAHAND et al., 2019).
Figura 01- Biogênese dos MicroRNAs.
Fonte: Autores, 2022.
Os microRNAs estão associados a diversas patologias, e participam ativamente dos
mecanismos fisiopatológicos da DC, atuando diretamente na relação parasita-hospedeiro
(IMPROTA & ARAS, 2021). A DC caracteriza-se por apresentar intensos processos
inflamatórios e fibróticos induzidos pela perpetuação do parasita nos tecidos e órgãos
afetados. A resposta imune na DC é complexa e várias células imunes desempenham
diferentes papéis no estabelecimento e controle da infecção (CARDOSOS; REIS-CUNHA
& BARTHOLOMEU, 2015; JHA, et al., 2020).
Acredita-se que as respostas imunes diferenciais do hospedeiro contribuam para
a suscetibilidade ou resistência à infecção (JHA et al., 2020; CARDOSO et al., 2015). O
sucesso ou o fracasso da infecção depende destas interações complexas entre parasitahospedeiro nas quais os parasitas podem modular a expressão gênica da célula hospedeira,
por meio de microRNAs (miRNAs) que reprimem mRNAs de uma maneira específica
(CASTILLO et al., 2018), como visto na tabela 01, onde encontra-se os principais trabalhos
realizados com microRNAs em doença de Chagas (Tabela 01).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
90
microRNAs
miR-146a
miR-208a
miR-21
miR-133b
miR-208b
miR-30a
miR-190b
Característica
Envolvido nos
mecanismos de
controle do receptor
TRL (Toll-Like)
Regulador essencial
dos genes envolvidos
na hipertrofia e fibrose
cardíaca
Regulador de
vários processos
relacionados
à patogênese
de doenças
cardiovasculares,
(proliferação/apoptose
/crescimento/morte de
células cardíacas)
Controla o fator de
crescimento do tecido
conjuntivo (CTGF)7
e regula a expressão
de alguns fatores
transcricionais, como
o GATA-4, que está
associado à ativação
de genes cardíacos
pró-hipertróficos
Associação à fibrose e
remodelação cardíaca
viabilidade celular
Gene alvo
Relação com
a DC
Uso potencia
TRL*
Super expresso
durante a
fase aguda e
indeterminada
da doença
Biomarcador
para DC
(regulador
positivo em
ambas as
fases)
PI3K/AKT/
mTOR**,
GATA-4***
Super expressão
durante a fase
aguda
Biomarcador
da Fase
Crônica da
Doença de
Chagas
SPRYL e
CADML****
Está envolvido
na fibrose e
hipertrofia
cardíaca em
resposta à
infecção pelo
T. cruzi (Super
expressão).
Alvo
terapêutico
para a
cardiomiopatia
chagásica
CTGF*****
GATA-4***
Origem do
estudo
México/
Brasil
Referências
NAVARRO et al.,
2015; BALLINASVERDUGO et al.,
2021.
China/
Brasil
ZHANG et
al., 2017;
LINHARESLACERDA et al.,
2018;
IMPROTA-CARIA
& JUNIOR, 2021
México/
Brasil
NAVARRO et al.,
2015;
NONAKA et al.,
2021;
BALLINASVERDUGO et al.,
2021
Brasil
IMPROTA-CARIA
& JUNIOR, 2021;
Brasil
MONTEIRO et al.,
2015
Biomarcador
Superexpresso
em pacientes
com DC.
-
Biomarcador
e Alvo
terapêutico
-
PTEN******
Diminuição
das taxas de
viabilidade celular
pela modulação
negativa da
expressão da
proteína PTEN
em células
infectadas
Alvo terapêutico
para a
cardiomiopatia
chagásica
*-Toll-Like
**- ***- GATA Binding Protein 4
****- ******- Fator de crescimento do tecido conjuntivo
******- fosfatase e homólogo de tensina
Tabela 01: microRNAs relacionados à DC.
Fonte: Autores, 2022.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
91
Dentre os microRNAs, o miR-155, demonstrou ser o regulador principal de células
hematopoiéticas, incluindo monócitos, macrófagos, células T e células B, afetando a
expressão de citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias (VIGORITO et al., 2013). Este
também é conhecido por desempenhar um importante papel na modulação imune contra
algumas doenças parasitárias, na qual sua ausência causou parasitemia e diminuição
da sobrevivência em camundongos infectados, sugerindo assim que este microRNA é
imunoregulador para o controle da infecção pelo T. cruzi (JHA, 2020).
Além do miR-155, miR-21 e miR-146a também são considerados importantes
reguladores de diversos processos relacionados à patogênese de doenças cardiovasculares,
incluindo proliferação/apoptose de células musculares lisas vasculares, crescimento/morte
de células cardíacas e funções de fibroblastos cardíacos (CAO, SHI & G, 2017; DUYGU &
MARTINS, 2015).
A superexpressão de miR-21 e miR-146a foi observada no coração e no plasma de
camundongos em ambas as fases da DC. Na fase aguda da doença foram encontrados
miR-21 e miR-146a, enquanto que na fase crônica foi encontrado apenas o miR-146a
supra regulado, sugerindo potenciais biomarcadores para DC. Neste mesmo estudo foram
identificados, através de análise funcional, onze genes alvos, os quais são membros
da família SMAD5. Esta família de genes é mediadora na via de sinalização do TGF-β
(NAVARRO et al., 2015).
Recentemente foi relatado que o mir-21 está associado com fibrose e resposta imune
em camundongos cronicamente infectados com T. cruzi, e que o bloqueio deste microRNA
em células com cardiomiopatia crônica é uma abordagem terapêutica promissora para a
cardiomiopatia chagásica (NONAKA et al., 2021).
Outro miRNA relacionado a DC, é o miR-208a, específico do coração que
desempenha um papel crítico na disfunção cardíaca, levando à insuficiência cardíaca,
pois, este microRNA por si só é o suficiente para induzir arritmias, remodelação cardíaca
e regular a expressão de componentes da via de hipertrofia e do sistema de condução
cardíaco (OLIVEIRA-CARVALHO, OLIVEIRA-CARVALHO & BOCCHI, 2013).
Além disso o miR- 208a é também considerado um importante regulador no sistema
de condução cardíaco, auxiliando na regulação da expressão de genes de miofibras de
contração rápida e lenta no coração. Alguns estudos envolvendo a DC relatam uma maior
expressão deste microRNA principalmente na fase crônica da doença (LACERDA et al.,
2018; BALLINAS-VERDUGO et al., 2021; HUANG et al., 2021).
Quanto ao miR-190b, por sua vez, este contribui negativamente para a sobrevivência
de células infectadas pelo T. cruzi ao reprimir a expressão da proteína PTEN, quando
comparado às células não infectadas, e demonstra também uma estreita conexão
modulatória com o controle da expressão de PTEN, o que colabora com a viabilidade de
células infectadas por T. cruzi (MONTEIRO et al., 2015).
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
92
3 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos dados encontrados, percebe-se que os MicroRNAs desempenham
diversas funções em um indivíduo acometido pela DC, desde a resistência à infecção como
também na regulação de processos patológicos, principalmente cardíacos. Desta forma,
compreender os mecanismos de ação dos MicroRNAs diante da patologia é fundamental
para o entendimento da DC a nível molecular e consequentemente para o manejo da
doença.
REFERÊNCIAS
ALVES D. F. et al. Método de diagnóstico para a doença de chagas: uma atualização. Revista
Brasileira de Análise Clínica. v. 50, n. 4, p. 330-333, 2018.
ANNESE, T. et al. microRNAs biogenesis, functions and role in tumor angiogenesis. Frontiers in
Oncology. v. 10, p. 581007, 2020.
ARRAIS. F. M. A. et al. Perfil entomológico da doença de Chagas no município de Potengi - CE, Brasil.
Saúde (Santa Maria). v. 45, n. 1, p. 1-13.
BALLINAS-VERDUGO, M. A. et al. Circulating miR-146a as a possible candidate biomarker in the
indeterminate phase of Chagas disease. Biological research, v. 54, n. 1, p. 1-16, 2021.
BALLINAS-VERDUGO, M.A et al. Circulating miR-146a as a possible candidate biomarker in the
indeterminate phase of Chagas disease. Biological research. v. 54, n. 21, 2021.
BARCELOS, Lucas Silva et al. Diagnóstico da doença de Chagas: Avaliação da reação cruzada
em pacientes com leishmaniose visceral. Research, Society and Development, v. 10, n. 4, p.
e55910414597-e55910414597, 2021.
BENJAMIN, R. J. et al. Trypanosoma cruzi infection in North America and Spain: evidence in support of
transfusion transmission (CME). Transfusion, v. 52, n. 9, p. 1913-1921, 2012.
BRASIL, 2021. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico | Secretaria de Vigilância em Saúde |
Ministério da Saúde. Especial Doença de Chagas | Abr. 2021.
BRASIL, 2022. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Ministério
da Saúde lança campanha para combater a transmissão da doença de Chagas no Brasil. Abr. 2022.
CARDOSO, M. S.; REIS-CUNHA, J. L.; BARTHOLOMEU, D. C. Evasion of the immune response by
Trypanosoma cruzi during acute infection. Frontiers in Immunology, v. 6, p. 659, 2016.
CARVALHO, T. P. A. et al. A importância do diagnóstico precoce da doença de Chagas congênita.
Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento. v. 11, n. 4, p. e15111427077, 2022.
CAVATÃO, F. G. Padronização e validação da técnica de PCR em tempo real (qpcr) para a
detecção e quantificação de Trypanosoma cruzi em sangue total. Trabalho de Conclusão de Curso
(Especialização). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Hospital das Clínicas de Porto Alegre,
Análises Clínicas, Porto Alegre, 2022.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
93
DA SILVA MACEDO G. P. et al. Revalidação do painel sorológico empregado na avaliação dos kits
de diagnóstico da doença de Chagas. Vigilância Sanitária em Debate: Sociedade, Ciência &
Tecnologia. v. 8, n. 4, p. 124-128, 2020.
DE MATTOS, E. C.; PEREIRA-CHIOCCOLA, V. L. Associação de métodos para detecção de
Trypanosoma cruzi em alimentos. BEPA. Boletim Epidemiológico Paulista. v. 16, n. 189, 2019.
DE MIRANDA. Y. Situação atual: Diagnóstico laboratorial – situação atual. Portal da Doença de
Chagas. v. 2, p. 7, 2017.
DE SOUSA, R. L. Doença de Cha gas: uma atualização bibliográfica. Revista Brasileira de Análise
Clínica. v. 51, n. 2, p. 103-06, 2019.
DIAS, J. C. P. Doença de Chagas e transfusão de sangue no Brasil: vigilância e desafios. Rev. bras.
Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. v. 28(2), p. 81-87, 2006.
DUYGU, B; DA COSTA MARTINS, P. A. miR-21: a star player in cardiac hypertrophy. Cardiovascular
Research. v. 105, n. 3, p. 235-237, 2015.
FARIAS, R. T. S; BRITO, D. M. C. B. (2020). O Açaí Como Referência Sociocultural Para Pensar,
Refletir E Construir Conhecimentos Geográficos Nas Escolas Ribeirinhas Da Amazônia Brasileira.
Ciência Geográfica, XXIV(2), 833-843.
FERNANDES A. L. B. et al. Doença de chagas no Brasil: panorama da incidência e prevalência entre
os anos 2000 e 2013. Brazilian Journal of Development. v. 5, n. 10, p. 18200-18207, 2019.
FERREIRA A. M, et al. Reações adversas ao benzonidazol no tratamento da Doença de Chagas:
revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados e controlados. Caderno de saúde coletiva. v.
27, n. 3, 2019.
FREITAS, N. E. M. Antígenos recombinantes quiméricos do Trypanosoma cruzi conjugados à
peroxidase e sua avaliação como ferramenta diagnóstica da doença de Chagas crônica. Tese
Doutorado. 2021.
GERES, L. F.; RABI, L. T.; BONATTI, T. R. A importância da vigilância epidemiológica no combate
à Doença de Chagas: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde. v. 15, n. 1, p.
e9492-e9492, 2022.
HUANG XH. et al. miR-208a em hipertrofia cardíaca e remodelação. Frontiers in Cardiovascular
Medicine. v. 8, p. 1 - 9, 2021.
IMPROTA-CARIA, A. C.; ARAS JÚNIOR, R. Physical Exercise Training and Chagas Disease: Potential
Role of MicroRNAs. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 117, n. 1, p. 132-141, 2021.
JHA, B. K. et al. MicroRNA-155 deficiency exacerbates Trypanosoma cruzi infection. Infection and
Immunity, v. 88, n. 7, p. e00948-19, 2020.
LIDANI K. C. F. et al. Chagas Disease: From Discovery to a Worldwide Health Problem. Frontiers in
Public Health. v. 7, n. 166, p. 1 - 13, 2019.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
94
LINHARES-LACERDA et al. Circulating Plasma MicroRNA-208a as Potential Biomarker of Chronic
Indeterminate Phase of Chagas Disease. Microbiology Journal - BMC Journal. 2018.
LUQUETTI, A. O.; RASSI, A. Diagnóstico laboratorial da infecção pelo Trypanosoma cruzi.
Trypanosoma cruzi e Doença de chagas, v. 2, p. 344 - 378, 2000.
MACFARLANE, L.-A.; MURPHY, P. R. MicroRNA: biogenesis, function and role in cancer. Current
genomics. v. 11, n. 7, p. 537-561, 2010.
MALTA, A. L. C.; JAQUES, U.; RODRIGUES, B. S. S. L. Atualizações sobre o diagnóstico, tratamento e
epidemiologia da doença de chagas via oral no Brasil. Brazilian Journal of Development. v. 8, n. 4, p.
26989-27009, 2022.
MARTIN-ESCOLANO J, MEDINA-CARMONA E, MARTIN-ESCOLANO R. Chagas Disease: Current
View of an Ancient and Global Chemotherapy Challenge. ACS Infectious Diseases. v.13;6(11), p.
2830-2843, 2020.
MEDINA, L. et al. Trypanosoma cruzi and Toxoplasma gondii induce a differential microRNA profile in
human placental explants. Frontiers in immunology. v. 11, p. 595250, 2020.
MONTEIRO et al. Mir-190b negatively contributes to the Trypanosoma cruzi-infected cell survival by
repressing PTEN protein expression. Mem Inst Oswaldo Cruz. v. (8), p. 996-10022015, 2015.
MORAES et al., 2021. Doença de Chagas na Região Norte do Brasil: Análise dos casos no período de
2010 a 2019. Research, Society and Development. v. 10, n. 5, e48210514193, 2021.
NAHAND, J. N. et al.“microRNAs: New prognostic, diagnostic, and therapeutic biomarkers in cervical
cancer.” Journal of cellular physiology. v. 234,10, p.17064-17099, 2019.
NAVARRO, I. C. et al. Perfil de MicroRNA Transcriptomo em Coração de Trypanosoma cruzi Camundongos Infectados: Resultados Parasitológicos e Cardiológicos. PLOS Neglected Tropical
Diseases. 9(6): e0003828, 2015.
NONAKA, C. K. V. et al. Therapeutic miR-21 Silencing Reduces Cardiac Fibrosis and Modulates
Inflammatory Response in Chronic Chagas Disease. International Journal of Molecular Sciences. v.
22, n. 7, p. 3307, 2021.
OLIVEIRA-CARVALHO V, CARVALHO VO, BOCCHI EA. The emerging role of miR-208a in the heart.
DNA and Cell Biology. 2013 v.1, p. 8-12, 2013.
PARDINI, B. et al. MicroRNAs as markers of progression in cervical cancer: ao systematic review. BMC
Cancer. v. 18, n. 1, p. 696, 2018.
POLACHINI, R. et al. Avaliação da via das lectinas no soro de pacientes com doença de Chagas
crônica pela detecção de C4 por Elisa. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 58,
2022.
SANTANA, R. A. G. et al. Transmissão oral do Trypanosoma cruzi, Amazônia brasileira. Doenças
infecciosas emergentes. v. 25, n. 1, p. 132, 2019.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
95
SANTOS, D. R. et al. DOENÇA DE CHAGAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA. Revista JRG de
Estudos Acadêmicos. v. 5, n. 10, p. 15, 2022.
SANTOS, E. F. et al. Doença de Chagas aguda no Brasil de 2001 a 2018: uma análise espaçotemporal nacional. PLoS doenças tropicais negligenciadas. v. 14, n. 8, p. e0008445, 2020.
TURCINSKI, B.; FELIX, E. G.; ITO, K. J. A. As perspectivas de tratamento para a doença de Chagas:
revisão da literatura. 2021.
VIGORITO E, KOHLHAAS S, LU D, LEYLAND R. miR-155: an ancient regulator of the immune system.
Journal Of Clinical Immunology-BMC. v. 253(1), p. 146-57, 2013.
WINKLE M. et al. Terapêutica de RNA não codificante - desafios e soluções potenciais. Nature reviews
drug discovery. p. 629 - 651, 2021.
WOLLSCHEID, E. L. et al. Panorama da doença de chagas e tendências na sua transmissão vertical.
Cadernos Técnicos de Saúde da FASEH, v. 2, p. 31, 2016
ZANG et al. Association between circulating microRNA-208a and severity of coronary heart disease.
Revista Escandinava de Investigação Clínica e Laboratorial. v.78, n.3, p.219-223, 2018.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Capítulo 7
96
SOBRE O ORGANIZADOR
BENEDITO RODRIGUES DA SILVA NETO - Possui graduação em Ciências Biológicas
pela Universidade do Estado de Mato Grosso (2005), com especialização na modalidade
médica em Análises Clínicas e Microbiologia (Universidade Candido Mendes - RJ). Em
2006 se especializou em Educação no Instituto Araguaia de Pós graduação Pesquisa e
Extensão. Obteve seu Mestrado em Biologia Celular e Molecular pelo Instituto de Ciências
Biológicas (2009) e o Doutorado em Medicina Tropical e Saúde Pública pelo Instituto de
Patologia Tropical e Saúde Pública (2013) da Universidade Federal de Goiás. Pós-Doutorado
em Genética Molecular com concentração em Proteômica e Bioinformática (2014). O
segundo Pós doutoramento foi realizado pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
em Ciências Aplicadas a Produtos para a Saúde da Universidade Estadual de Goiás (2015),
trabalhando com o projeto Análise Global da Genômica Funcional do Fungo Trichoderma
Harzianum e período de aperfeiçoamento no Institute of Transfusion Medicine at the Hospital
Universitatsklinikum Essen, Germany. Seu terceiro Pós-Doutorado foi concluído em 2018
na linha de bioinformática aplicada à descoberta de novos agentes antifúngicos para
fungos patogênicos de interesse médico. Palestrante internacional com experiência nas
áreas de Genética e Biologia Molecular aplicada à Microbiologia, atuando principalmente
com os seguintes temas: Micologia Médica, Biotecnologia, Bioinformática Estrutural e
Funcional, Proteômica, Bioquímica, interação Patógeno-Hospedeiro. Sócio fundador da
Sociedade Brasileira de Ciências aplicadas à Saúde (SBCSaúde) onde exerce o cargo de
Diretor Executivo, e idealizador do projeto “Congresso Nacional Multidisciplinar da Saúde”
(CoNMSaúde) realizado anualmente, desde 2016, no centro-oeste do país. Atua como
Pesquisador consultor da Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de Goiás - FAPEG.
Atuou como Professor Doutor de Tutoria e Habilidades Profissionais da Faculdade de Medicina
Alfredo Nasser (FAMED-UNIFAN); Microbiologia, Biotecnologia, Fisiologia Humana, Biologia
Celular, Biologia Molecular, Micologia e Bacteriologia nos cursos de Biomedicina, Fisioterapia
e Enfermagem na Sociedade Goiana de Educação e Cultura (Faculdade Padrão). Professor
substituto de Microbiologia/Micologia junto ao Departamento de Microbiologia, Parasitologia,
Imunologia e Patologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da
Universidade Federal de Goiás. Coordenador do curso de Especialização em Medicina
Genômica e Coordenador do curso de Biotecnologia e Inovações em Saúde no Instituto
Nacional de Cursos. Atualmente o autor tem se dedicado à medicina tropical desenvolvendo
estudos na área da micologia médica com publicações relevantes em periódicos nacionais
e internacionais.
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Sobre o organizador
97
ÍNDICE REMISSIVO
A
A. aegypti 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 54, 57, 58, 59
Água 23, 43, 44, 45, 47, 57, 60, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75
Água ambiental 65, 67, 71
Análisis sensorial 1, 5, 7
B
Bacteriologia 65, 76, 77, 83, 97
C
Conservante 20, 22, 23, 25, 27
Controle 14, 23, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 75, 83,
88, 89, 90, 91, 92
Culantro de pozo 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9
D
Diagnóstico clínico 76, 77
Distrito Federal 39, 40, 41, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60,
61, 62, 63, 64
Doença de Chagas 84, 86, 87, 88, 89, 91, 93, 94, 95, 96
Doenças parasitárias 84, 85, 86, 92
E
Eryngium foetidum L 1, 2, 3, 9, 10
Extrato de Punica granatum 12, 17
F
Fitoterápicos 12, 17
G
Gastroenterites 65, 73
Grasa 1, 3, 6, 8, 9, 10
I
Inoculante 19, 20, 24, 30, 31, 33, 34, 38
M
Mayonesa de soya 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Índice Remissivo
98
Microrganismo 13, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 78, 82
N
ncRNAs 84, 85, 89
P
Proteômica 76, 78, 81, 82, 83, 97
R
Resistência bacteriana 12, 13, 17, 18
V
Vírus 15, 42, 60, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75
Microbiologia: Avanços através dos séculos e constante atualizações tecnológicas 2
Índice Remissivo
99