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REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia .volume 3.número 1.2000 207 A ocupação islâmica do Castelo dos Mouros (Sintra): interpretação comparada* CATARINA COELHO R E S U M O Centro de defesa de um território essencialmente rural, no extremo ocidental do Garb al-Andaluz, o Castelo dos Mouros apresenta uma estrutura de planta irregular, para além das várias reconstruções ali realizadas. Em 1993, na sequência das escavações arqueológicas efectuadas na encosta sul do castelo, foram postas a descoberto evidências da ocupação muçulmana desta fortificação, através do aparecimento de três silos completamente entulhados, um deles em associação com um pavimento argamassado. O conjunto dos materiais cerâmicos exumados insere-se num leque cronológico entre os séculos IX-XI. A B S T R A C T The defensive center of an essentially rural territory in the extreme west of the Garb al-Andalus, the Castelo dos Mouros is characterized by a plan with an irregular structure, with constructions of later settlements added to it. In 1993, following an archaeological survey, evidence was found that confirms the Moorish occupation of this castle. Three storage pits were found completely filled; one was associated with a mortar-paved floor. The ceramics found date to between the 9th and 11th centuries. 1. O território Fontes islâmicas descrevem, nos séculos XI e XII, a região de Sintra realçando a sua riqueza em recursos naturais, cujo aproveitamento permitiria, por um lado, o desenvolvimento da agricultura e da pastorícia e, por outro, pela proximidade do Oceano Atlântico, a utilização dos recursos marinhos. Instalado num dos cumes sobranceiros da Serra de Sintra, numa área de “caos de blocos” que tão bem caracterizam a área oriental deste maciço isolado, o denominado Castelo dos Mouros domina toda uma vasta região de plataformas calcárias circundantes constituídas por terrenos essencialmente agrícolas pertencentes aos clássicos agri olisiponenses. A rede hidrográfica da serra onde está implantado revela-se através de pequenas, mas numerosas, linhas de água, assim como de fontes naturais de água límpida e fresca. REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia .volume 3.número 1.2000 208 A caracterização das potencialidades da região de Sintra foi, como já dissemos, objecto de análise por diversos geógrafos, historiadores e viajantes islâmicos, nomeadamente Almunime Alhimiari, que ao compilar escritos anteriores descreve a proximidade do mar em relação à vila de Sintra, bem como a riqueza e fertilidade dos seus frutos, assim como as violetas selvagens que crescem na serra e o âmbar recolhido na costa vizinha (Coelho, 1989, p. 63). A situação geográfica que ocupa, grosso modo um território a Norte do estuário do Tejo, faz com que se constitua como parte integrante dos cinco territórios geo-históricos do Garb al-Andaluz (Torres, 1992). Identificada por Al-Bakri, no século XI como uma das oito cidades mais importantes do Garb al-Andaluz, Sintra comportava no seu termo Cascais, que ainda na Baixa Idade Média funcionava como seu porto marítimo – muito embora tenha sido desvinculado daquele território através da Carta Régia de 1364 – e parte de Mafra (Marques, 1988). De Sintra partiam três importantes vias terrestres que a ligavam a Mafra, a Cascais, através de Alcabideche e, a mais significativa, a Lisboa, grande centro urbano a Leste, importante plataforma de redistribuição e encontro de diversas redes viárias e das mais variadas culturas. Sabendo que a definição do espaço no Al-Andaluz admitia uma distância de cerca de 100 km, no máximo, e os 40 km, no mínimo, entre as principais cidades, podemos observar essa realidade, por exemplo, para Santarém e Lisboa, no primeiro caso, e para Sintra e Lisboa, no segundo. A importância de Sintra durante a ocupação muçulmana deve ser analisada destacando a particularidade das relações estabelecidas com Lisboa. Contextualizando cronológica, política, administrativa e economicamente a área da península de Lisboa não pode ser percebida sem a devida articulação entre as duas comunidades mais ocidentais do Garb al-Andaluz. A região de Lisboa sempre gozou de uma certa autonomia face aos centros de decisão política do Al-Andaluz, o que lhe confere, ao mesmo tempo, uniformidade e especificidade. Por outro lado, não esqueçamos que a partir do século XI, constitui-se como uma área de fronteira estabelecendo o limite mais ocidental da Marca Inferior. Com efeito, durante a administração do califado parece evidente a distância relativamente ao lugar central. Para alguns autores (Marques, 1993), poderá mesmo ter ocorrido, esporadicamente, uma Cora em Sintra no século X, relacionada com a existência de um bispado por volta de 974. De acordo com a informação anterior, podemos, eventualmente, pensar na formação de um lqlim em Sintra, que abarcaria Cascais e Mafra nos limites do seu termo. Aparentemente, nos inícios do século X com a fragmentação do Al-Andaluz em diversos Reinos Taifas, Lisboa e a região que abrangia, a depender, então, directamente de Badajoz, passa a ter um papel mais interveniente na vida política da taifa a que pertencia. Segundo Váldez Fernández (1995, p. 281), o papel desta relação era fundamental, uma vez que Badajoz “... dispone además del puerto de Lisboa como importante salida natural a su comercio exterior, una parte del cual alcanzaba horizontes mais dilatados que los propiamente ibéricos”. Há, ainda, que realçar o facto da dinastia aftássida reinante em Badajoz, de origem berbere, possuir fortes ligações a Santarém e Lisboa (Marques, 1993). A constante situação de moeda de troca em que as cidades, que compunham estes reinos, eram colocadas aquando da existência de conflitos fez com que estas mesmas cidades e vilas constituíssem, segundo Borges Coelho (19862, p. 57), “repúblicas semi-independentes” que asseguravam, por um lado, a paz e independência em situações de conflito e, por outro, o estabelecimento de laços interfronteiriços entre os vários reinos vizinhos, como é o caso de Badajoz e Sevilha que, dividindo entre si, ocupavam todo o Sul do actual território português. A ocupação islâmica do Castelo dos Mouros (Sintra):interpretação comparada 209 CATARINA COELHO 1.1. A toponímia Com a atribuição do Foral a Sintra, em 1154, ficaram definidos os limites do seu termo, mais propriamente a “área para lavrar e plantar”. Observando a toponímia ali registada, reconhecemos o predomínio dos nomes começados por -al- comummente aceites como de origem muçulmana (Machado, 1940): Fig. 1 Foral – “área para lavrar e plantar”. Almograve (al-mugavir > o que faz incursões), Almorquim, Alfouvar (al-fauwara > o bolhão), Alcolombal (al+columbare [latim] > pombal), Almargem (al-marje > o prado, campo), Alpolentim (al+polemtin [latim] > farinha de cevada (?)), Almornos (vocábulo híbrido ?), Algueirão(al-g(u)erane > cova, gruta, barranco), Almoçageme (al-mesijide > a mesquita), Almosquer, Alconde, Arrabalde (arabade > subúrbios), Alcobela (ab-qubba > a cúpula + ela sufixo românico > “cupulazinha”), Maçufal (maçfal > o lugar que está em baixo), Moçaravia (de muçtarabe > moçárabe - local de moçárabes) e Calaferrim (termo que discutiremos mais adiante). Mais recentemente, outros autores (Marques, 1993), apoiaram a tese anterior, salientando, contudo, a influência berbere nesta região do Garb al-Andaluz, nomeadamente das suas tribos e clãs, influência essa que se viria a perpetuar, mais uma vez, na toponímica local: Hawwara > Alfavar; Matmata > Massamá; Sadfura > Assafora e Banu Qasim > Cacém. Por outro lado, o mesmo autor aponta raízes etimológicas idênticas no que diz respeito aos nomes relacionados com produtos agrícolas, nomeadamente: • REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia .volume 3.número 1.2000 210 Tin > (figo) } al-bim-a-tin (poço do figo ou figueira ) ou ainda ben-ath-then (poço do lodo) > •Borratém (Rio de Mouro); Luz (amendoeira) } Qu’al-luz (vale da amendoeira) > Queluz. Denotam-se, ainda, algumas alusões feitas ao território recentemente conquistado (1147), nomeadamente de índole militar, ou seja, à defesa desta área, bem como com à sua administração. A importância da comunidade islâmica é bem destacada, uma vez que, ainda, no reinado de D. Dinis se faz referência num documento de Chancelaria, aos mouros forros de Colares, acontecendo o mesmo posteriormente, de acordo com testemunhos que temos vindo a observar em documentação medieval de contratos de compra e venda de propriedades. A confirmar a continuação da tradição muçulmana nesta área estão as escavações arqueológicas realizadas em Colares, onde se identificou algum espólio cerâmico claramente muçulmano (séculos X-XI), proveniente de silos entulhados. Por outro lado, diversos trabalhos arqueológicos, quer a nível de escavação quer de prospecção, realizados em sítios de reconhecida ocupação romana, nomeadamente villae, distribuídos pelos anteriormente referidos agri olisiponenses, revelaram uma lata cronologia na utilização do espaço rural. 2. O Castelo dos Mouros Segundo um excerto das Memórias Paroquiais de 1758 a Serra de Sintra define-se como um marco na paisagem, onde está localizada uma antiga fortaleza a todos os níveis inexpugnável e de alargadas dimensões: “(...), servindo de guia aos que navegam o mar oceanno, de que está afastado duas legoas (...), compõe-se esta montanha de calhaos de imensa grandeza, (...) sem ligadura, sustentados só no equilíbrio, principalmente os que estão na mayor eminência da serra, onde se vem vestígios da antiga fortificação dos mouros, formando uma vila sufficienteniente considerável” (Azevedo, 1982, p.169). Centro de defesa de um território, como já vimos, essencialmente rural, no extremo ocidental do Garb al-Andaluz, o Castelo dos Mouros apresenta-se como uma estrutura de planta irregular, mau grado as sucessivas reconstruções de que foi alvo. Pela observação linear da estrutura amuralhada e de acordo com o sítio onde está implantado, bem como pelo território rural que domina penso que podemos afirmar estar na presença de um grande albacar. A confirmar tal ideia temos a existência de uma cisterna localizada à entrada do castelo, ou pelo menos à entrada da actual porta principal, mas seguramente no centro recinto amuralhado. Pelo que anteriormente foi já estabelecido, no que diz respeito aos testemunhos, arqueológicos e não só, detectados no território abrangido pelo castelo, bem como pela proximidade da vila de Sintra, no “sopé” da serra, onde foram igualmente exumados vestígios muçulmanos, quer a nível estrutural quer material, podemos, uma vez mais, confirmar as funções de controle e protecção que este recinto encerrava em si mesmo. Definida, portanto, a sua função em termos estratégicos de povoamento, importa pois observar mais em pormenor a sua estrutura. O aparelho construtivo que apresenta – e salvaguardando, como dissemos, as várias reconstruções a que foi sujeito, quer após a Reconquista, quer, ainda, no século XIX de acordo com o espírito romântico de D. Fernando II que “invadiu” toda a área da Serra de Sintra – revela uma base executada segundo a técnica apurada da soga e tissão. Para Pavón Maldonado (1993, p. 20-25), existirão contudo duas fases distintas de construção. A mais antiga dataria dos séculos IX-X, à semelhança do que acontece noutras realidades penin- 211 A ocupação islâmica do Castelo dos Mouros (Sintra):interpretação comparada CATARINA COELHO Fig. 2 Planta do Castelo dos Mouros, esc. 1:2000. sulares. A segunda fase estaria patente tanto na edificação de algumas das torres existentes, onde as diferentes técnicas construtivas parecem revelá-lo, como pela ampliação do recinto amuralhado, desta feita, para um grande albacar, tendo em vista a protecção da população ali concentrada. A existência de um estreito adarve escalonado com um pequeno murete sugere alguma relação com os exemplos das estruturas amuralhadas de Badajoz, Cáceres e Silves. Quanto ao aparelho propriamente dito, podemos descrevê-lo, a partir do lanço da muralha melhor conservado, que apresenta cerca de 2,13 m de espessura e 15 m de comprimento, no qual estão inseridas duas torres semicirculares. A técnica construtiva – soga e tissão – caracteriza-se, neste caso específico, por faixas de silhares com cerca de 0,30 a 0,40 m de altura, colocados ora em largura ora em comprimento, intervaladas por faixas de pedras bastante estreitas e curtas, integradas numa argamassa com grande percentagem de gesso. REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia .volume 3.número 1.2000 Fig 3 Vista geral do Castelo dos Mouros. Fig 4 Troço de muralha mais antigo – pormenor do aparelho construtivo. 212 213 A ocupação islâmica do Castelo dos Mouros (Sintra):interpretação comparada CATARINA COELHO As torres semicirculares, anteriormente referidas, são executadas no mesmo aparelho construtivo e perfeitamente integradas no desenrolar de todo o lanço da muralha em análise. Interiormente são ocas desde a base tendo uma delas no exterior uma pequena escada de acesso com cinco degraus. Por estes acede-se a uma porta com ombreira recortada, cujo vão mede cerca de 1,68 m. de altura por 0,90 m. de largura. Segundo Pavón Maldonado, e de acordo com exemplos semelhantes encontrados na área de Jaén, poderão ter existido nas torres de Sintra andares de madeira, cuja presença de pequenos buracos para emadeiramentos parece sugerir. Idêntica à estrutura da porta, agora descrita, revela-se o pequeno postigo presente neste lanço conservado da muralha. A abertura foi em tempos utilizada como porta de emergência ou escapatória do interior do recinto amuralhado, já que devido às suas reduzidas dimensões (0,56 m de comprimento por 0,67 m de altura e 0,60 m de profundidade) se torna impossível atribuir-lhe qualquer outra funcionalidade. Para o mesmo autor, em épocas posteriores esta pequena abertura terá servido para escoar águas, pois observa-se que parte do postigo foi tapado e consequentemente aplanado na base formando uma rampa para melhor exercer a sua “nova” função. O autor estabelece, ainda, alguns paralelos para este tipo de aberturas em Vascos e Talavera de la Reina. A partir dos 4/5 m de altura a técnica construtiva altera-se, registando-se uma segunda fase de edificação das muralhas, cujo aparelho de menor qualidade não define uma cronologia precisa. Realce-se que a existência de uma mudança ao nível da técnica utilizada não implica, necessariamente, a presença de uma ruptura político-cultural, isto é, muçulmana-cristã. Num outro pano da muralha, cujo aparelho se apresenta mais imperfeito, são notórias as diferentes técnicas construtivas ali empregues. Parece-nos evidente que o aparelho registado na parte superior da parede é um testemunho efectivo das reconstruções do século XIX. Se observarmos a parte exterior deste lanço da muralha podemos constatar, sem quaisquer dúvidas, a área da “costura” das várias técnicas utilizadas. Neste mesmo troço do recinto amuralhado está implantada a tradicionalmente chamada porta árabe do Castelo dos Mouros. É formada por um evidente arco de ferradura, tão característico neste tipo de elementos arquitectónicos (Bermúdez Cano, 1995). Esta porta encontra-se, actualmente, bastante degradada, uma vez que dá acesso à referida torre, no interior da qual foi instalado, há já alguns anos, o posto de electricidade que abastece toda a rede de iluminação do monumento. Descritas as estruturas, importa agora pensar, embora com alguma dificuldade, na cronologia a atribuir ao albacar sintrense. Para tal iremos fazer a análise: (1) dos dados estabelecidos pela proposta de Pavón Maldonado; (2) da micro-toponímia; (3) dos resultados obtidos no sítio de São Pedro de Canaferrim. Ficou claro que para Pavón Maldonado o recinto amuralhado do Castelo dos Mouros apresenta duas fases distintas de construção. Uma primeira Fig 5 Porta Árabe do Castelo dos Mouros. REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia .volume 3.número 1.2000 214 fase mais antiga seria atribuível aos séculos IX-X, tendo em linha de conta a morfologia do aparelho empregue no lanço de muralha melhor conservado, podendo obter-se paralelos nas muralhas emirais e califais de outras áreas peninsulares. Ainda de acordo com o mesmo autor, enquanto nos séculos X-XI observamos a generalização do emprego da taipa para a construção ou reforço dos recintos amuralhados no actual território português, em Sintra regista-se a utilização de uma aparelho de alvenaria estreita preenchida com pequenas pedras, sugerindo, desta forma, a adopção de diferentes técnicas construtivas face ao terreno onde as estruturas eram implantadas. No que diz respeito à microtoponímia do local observamos que o termo Calaferrim – que na documentação medieval precede o topónimo Canaferrim – encerra em si mesmo mais alguns contributos para tentar aferir a cronologia do Castelo de Sintra. Recorrendo a alguns conceituados autores que sobre esta matéria pensaram temos presente as seguintes propostas: Calaferrim – topónimo híbrido formado por qala’â (povoação situada em planalto ou rochedo escarpado)+ ferrium (de ferro - águas ou terrenos) (Machado, 1967). Calaferrim > qala’a } qal’at > cat- ou cal- } termo relacionado com estruturas defensivas (Marques, 1993). Pelo exposto chegamos à conclusão de que o topónimo Calaferrim, constituído pelo prefixo qal’a, está intimamente relacionado quer com a área onde a fortificação está implantada, quer com a própria estrutura em si. O caso específico de -ferrim é ainda algo controverso. Por outro lado, concentrando-nos, especificamente, no prefixo qal’a e recorrendo a Acién Almansa (1992, p. 140), obtemos a indicação de que estes topónimos aparecem muitas vezes utilizados como sinónimos de hisn e relacionados, na generalidade, com fortalezas de grandes dimensões, particularmente inacessíveis. Trata-se de um dos topónimos mais cedo utilizados e para o autor “... una de las formas del primitivo asentamiento de la población árabe, e independientenente de la posterior evolución de los topónimos (...), su posterior identificación con husun o modun, como apareceu en las fuentes, el que se llama así a una fundación califal: Qal’at Jalifa (Calatalifa)...” (Acién Almansa, 1992, p. 141). Outros exemplos citados são os casos de Calatayud e Calatrava. Estes elementos vêm juntar-se aos aspectos arquitectónicos valorizando a tese da antiguidade do Castelo dos Mouros. A verificar-se esta ideia teríamos a relação do nome qal’a com a primeira fase do recinto amuralhado apontada por Pavón Maldonado para o século IX. • • 3. O exemplo do sítio de São Pedro de Canaferrim Em 1993, na sequência das escavações arqueológicas levadas a cabo por Teresa Simões visando o estudo da implantação de comunidades do Neolítico antigo na Estremadura, foram postas a descoberto evidências arqueológicas da ocupação muçulmana do Castelo dos Mouros. O sítio de São Pedro de Canaferrim localiza-se entre os 395 m. e os 402 m. de altitude, com as coordenadas UTM 29SMC664941. A sondagem foi implantada numa área que abrange dois patamares da vertente SE do Castelo dos Mouros, a cerca de 1,1 km a NNE do vértice geodésico da Cruz Alta, junto às ruínas da antiga igreja paroquial de São Pedro de Canaferrim. Definida a área de escavação, com apenas 8 m2, verificou-se que nas UE’s 1 e 2, a presença de uma camada de terras amarelas muito compactadas que poderá estar relacionada com uma pequena estrutura de taipa UE 1, ou, eventualmente, com a desagregação da mesma. Este facto A ocupação islâmica do Castelo dos Mouros (Sintra):interpretação comparada 215 Fig 6 CATARINA COELHO Localização do Castelo dos Mouros (Sintra), esc. 1:25 000. merece especial destaque, uma vez que não foi, até ao momento, identificado qualquer vestígio de taipa nas estruturas visíveis do Castelo dos Mouros. Registou-se uma grande variedade cronológica relativamente aos materiais recolhidos. Na sequência da escavação, e sob a estrutura referida, foi identificado um pavimento UE 6 com alguns carvões e material cerâmico associados, aparentemente, a um pequeno muro UE 3. Na argamassa, algo rude, desta estrutura – aquando da sua destruição para registo da ocupação neolítica – identificaram-se alguns fragmentos de cerâmica que, pelo o seu estado deteriorado, não nos forneceram quaisquer dados relativos à sua cronologia. Sob este solo de ocupação registou-se uma camada de terras UE 7 indiferenciadas em planta, mas significativamente marcadas no corte estratigráfico sul. Numa primeira análise, estamos perante outro momento de ocupação e respectivo pavimento. Contudo, não se pode assegurar qualquer diferenciação material. Relacionado com este solo regista-se a abertura de um silo UE 9 que poderá estar na origem da indefinição do pavimento na sua observação horizontal. REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia .volume 3.número 1.2000 216 Finalmente, foram identificados mais dois silos, UE’s 10 e 11, escavados nos níveis arqueológicos anteriores, cujo limite inferior aparece registado na rocha de base bastante friável. Entulhados com fragmentos de telhas, pedras e abundante espólio cerâmico verificou-se, no entanto, uma escassa existência de material metálico e, sobretudo, osteológico. A disposição destes dois silos apresenta-se curiosa, uma vez que se regista o rompimento de um UE 11 pelo outro UE 10, fenómeno que só podemos observar ao nível da estratigrafia, já que pela observação dos materiais cerâmicos exumados não obtemos qualquer diferenciação cronológica. Pela análise do espólio recolhido, na sua grande maioria material cerâmico, estas estruturas parecem ter funcionado, numa última fase de utilização, como uma área de lixeira, uma vez que alguns dos fragmentos apresentam sinais de fogo pós-fractura. Devemos, entretanto, realçar que o sítio de São Pedro de Canaferrim se localiza, como já dissemos na encosta sul do castelo, ou seja, na área mais abrigada dos ventos dominantes e, por isso mesmo, excelente para o armazenamento de alimentos, função original das estruturas subterrâneas identificadas. Aliás, são visíveis por todo o recinto amuralhado vestígios de aberturas no solo testemunhando a presença de outros silos, que confirmam a existência das “concavidades” descritas nas Memórias Paroquiais de 1758. Analisando o espólio cerâmico exumado – ainda que salvaguardando o estado bastante fragmentado em que se encontra – é possível registar uma grande variedade tipológica, salientando-se: (a) cinco grupos fundamentais quanto à forma: I. Panelas [grupo Burma, Qidr de Rosselló Bordoy (1991, p.168)]. Esta forma aparece registada em número bastante significativo. Predominando no conjunto das formas fechadas, integra-se facilmente nas tipologias peninsulares elaboradas para este tipo de recipiente. Na sua maioria encontram-se paralelos em ambientes dos séculos IX-X para as mais antigas, nomeadamente na Alcáçova de Silves (Gomes, 1988), no Castelo Velho de Alcoutim (Catarino, 1988), nas Mesas do Castelinho, em Almodôvar (Fabião e Guerra, 1994), em Cascais (Rodrigues, 1990), em Córdova (Fuentes Santos et al., 1994), em Saragoça (Galve Izquierdo, 1988) e em Alicante (Azuar Ruiz, 1989), apenas para referir alguns (Est. I: 1-6). II. Potes [grupo Qulla de Rosselló Bordoy (1991, p. 164)]. Registados em pequena escala estes recipientes apresentam-se como fiéis testemunhos da armazenagem de alimentos a que se destinavam. Muito embora não tenham ainda sido recolhidos quaisquer fragmentos de grandes talhas não é de ignorar totalmente a sua presença neste contexto, sobretudo tendo em atenção as reduzidas dimensões da área intervencionada (Est. I: 7-9). III. Cântaros [grupo Yarra, Surba de Rosselló Bordoy (1991, p. 164)]. Foram recolhidos apenas três fragmentos de bordo associados a esta forma específica. Apresentando ou não pinturas sobre o bordo, estes exemplares obtêm paralelos em Mértola (Khawli, 1994), Silves (Gomes, 1988), e Palmela (1993), ainda que para contextos já mais tardios, dos séculos XI-XII (Est.I: 10-12). A ocupação islâmica do Castelo dos Mouros (Sintra):interpretação comparada 217 CATARINA COELHO IV. Jarrinhas [grupo Yarra de Rosseiló Bordoy (1991, p. 165)]. O grupo das jarrinhas apresenta-se bastante homogéneo. Apenas um fragmento nos permite obter a forma do recipiente na sua quase totalidade, ainda que lhe faltem as asas (Est. I: 13). Pela análise dos bordos, bojos e asas, que registam uma tendência para as jarras de colo alto, cilíndrico, ou ligeiramente convexos, de corpo com tendência bitroncocónica e carena baixa onde vão colar as asas, obtemos paralelos nos sítios arqueológicos assinalados anteriormente para o grupo 1 em contextos dos séculos IX-XI (Est.I: 13-20). V. Pratos [grupo Sahfa, Tayfur, Gidâr de Rosselló Bordoy (1991, p.167)]. Os pratos e taças, com ou sem decoração, são indiscutivelmente o grupo que melhor está representado na totalidade do conjunto recolhido. Por comparação com outras estações arqueológicas podemos inseri-lo na sua maioria em contextos dos séculos X-XI, à excepção de um fragmento que define um ambiente já tardio, encontrando-se na Alcáçova de Silves associado à camada 2, ou seja, relativa à ocupação almóada (Gomes, 1988, p. 223) (Est.II: 5-11). De realçar a existência de apenas um fragmento de bordo de alguidar (Est. II: 12) pertencente, aparentemente, a contextos mais tardios, e de apenas uma tampa, ainda que fragmentada (Est. I: 21). Registe-se, ainda, o aparecimento de três fragmentos de bico de candeia, um dos quais de pasta branca compacta e bem depurada, com decoração a vidrado melado claro. (b) quatro grupos quanto às técnicas decorativas: I. vidrados melados com ou sem decoração a óxido de manganês (Est. II: 5); II. vidrados com decoração a verde e manganês (alguns dos quais revelam claramente motivos decorativos específicos, tais como o cordão da eternidade (Est. II: 6) e um pequeno bolbo de flor de lótus); III. pinturas a branco e a óxido de ferro sobre superfícies não vidradas (Est. I: 4, 17 e 18; Est. II: 3 e 4); IV. cordões plásticos digitados ou ungulados (Est. II: 1 e 2). Sistematizando, os materiais recolhidos em São Pedro de Canaferrim agrupam-se em três claros grupos quer em relação à sua distribuição no terreno, quer relativamente à sua cronologia: • • materiais de superfície e revolvimento que, para além de registarem uma grande heterogeneidade tipológica, apresentam uma larga diacronia; fragmentos provenientes das camadas de ocupação preservadas (UE’s 5, 6 e 7), podendo ser englobados num ambiente claramente do século X, possivelmente IX, muito embora se verifiquem as intrusões em metade desta área e, simultaneamente, o registo de espólio ligeiramente posterior: material cerâmico proveniente de três silos e, por isso mesmo, posterior ao conjunto anterior, enquadrável num contexto do século XI, ou mesmo mais tardio. • REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia .volume 3.número 1.2000 218 4. Em conclusão Pelo que expusemos ao longo deste trabalho, podemos pensar na atribuição de uma data sensivelmente antiga para a fundação do Castelo dos Mouros. Quer através da observação do aparelho construtivo das muralhas, quer pela análise da micro-toponímia – qal’a –, quer ainda pelos dados obtidos no registo arqueológico, parece resultar evidente uma origem recuada ao século IX para o recinto amuralhado de Sintra. Como vimos, este reconhecimento não coloca qualquer entrave a posteriores obras de restauro ou remodelação, ainda sob domínio islâmico, uma vez que a importância que a região de Sintra adquire ao longo dos tempos está já por demais estabelecida. A existência de um albacar que exerce simultaneamente funções de defesa e controle sobre um território vasto, essencialmente agrícola, revela a principal razão de ser do Castelo dos Mouros, em Sintra, durante pelo menos cerca de quatro séculos, isto é, desde a sua fundação até momentos imediatamente posteriores à Reconquista. Sintra, Setembro de 1996 Catálogo Estampa I 1. CSP1(93)F3[6]11 Panela. Bordo boleado com ligeira inflexão externa; asa fitiforme; pasta homogénea e compacta laranja escuro acastanhado; c.n.p.. médios e finos; superfícies alisadas castanho acinzentado, com aguada cinzenta (exterior); diâmetro do bordo: 140 mm. 2. CSP1(93)F3[6]20 Panela. Bordo boleado, colo com leve ressalto; asa fitiforme, pasta homogénea e compacta laranja; c.n.p. finos e médios; superfícies alisadas laranja acastanhado; diâmetro do bordo: 134 mm. 3. CSP1(93)F3[8]11 Panela. Bordo espessado externamente, colo curvo-côncavo; pasta homogénea e compacta castanha escura; c.n.p.. finos (micáceos); superfícies alisadas castanho escuro; diâmetro do bordo: 136 mm. 4. CSP1(93)F3 [6]26 Panela. Bordo espessado externamente; colo alto estrangulado; pasta homogénea e compacta com núcleo cinzento acastanhado; c.n.p.. finos e médios; superfícies alisadas laranja (interior) e creme rosada (exterior); diâmetro do bordo: 120 mm. 5. CSP1(93)F3[11]28 Panela ou pote. Bordo boleado em barbela; paredes curvo-convexas; colo curvo-côncavo; pasta homogénea e compacta laranja acastanhada escura; c.n.p.. finos (micáceos); superfícies alisadas castanho alaranjado; diâmetro do bordo: 110 mm. 219 Estampa 1 A ocupação islâmica do Castelo dos Mouros (Sintra):interpretação comparada CATARINA COELHO REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia .volume 3.número 1.2000 220 6. CSP1(93)E3[0]33 Panela ou pote. Bordo boleado em barbela; pasta homogénea e compacta cinzenta acastanhada; c.n.p. finos e médios; superfícies alisadas castanho acinzentado, com engobe alaranjado (exterior); diâmetro do bordo: 110 mm. 7. CSP1(93)F3[11]17 Pote. Bordo recto levemente exvertido com ligação ao colo em curva contínua; pasta homogénea muito depurada cinzenta rosada; c.n.p. finos (micáceos); superfícies alisadas rosa claro (interior) e laranja claro (exterior); diâmetro do bordo: 130 mm. 8. CSP1(93)F3[8]17 Pote. Bordo boleado com inflexão externa; colo evasé; pasta muito porosa rosada; c.n.p. finos, médios e grossos; superfícies alisadas creme rosado/alaranjado; diâmetro do bordo: 170 mm. 9. CSP1(93)E3[1]31 Pote. Bordo direito com inflexão externa; pasta homogénea castanha clara rosada; c.n.p. finos e médios; superfícies alisadas castanho escuro; diâmetro do bordo: 222 mm. 10. CSP1(93)F3[11]16 Cântaro. Bordo boleado com inflexão interna, com uma fina canelura na quebra da ligação ao colo; pasta homogénea cinzenta clara; c.n.p. finos e médios (calcários); superfícies alisadas com engobe castanho amarelado; diâmetro do bordo: 100 mm. 11. CSP1(93)F3[8]6 Cântaro. Bordo espessado interna e externamente com ligeira inflexão interna; colo cilíndrico; pasta homogénea compacta de núcleo castanho; superfícies alisadas laranja forte; pingos de cor branca sobre o bordo; diâmetro do bordo: 120 mm. 12. CSP1(93)F3[5]2 Cântaro. Bordo plano estendido em aba; pasta homogénea compacta de núcleo cinzento; c.n.p. finos e médios; superfícies alisadas laranja forte; diâmetro do bordo: 142 mm. 13. CSP1(93)F3[7]35 Jarrinha. Bordo direito; colo cilíndrico tendencialmente curvo-convexo; bojo acentuadamente curvo-convexo; pasta homogénea compacta castanha clara; c.n.p. finos (micáceos); superfícies alisadas castanho claro; diâmetro do bordo: 66 mm. 14. CSP1(93)F3[7]26 Jarrinha. Bordo boleado com ligeiro espessamento interno, formando um pequeno sulco; asa de secção oval; pasta homogénea compacta laranja; c.n.p. finos e médios; superfícies alisadas laranja; diâmetro do bordo: 72 mm. 221 A ocupação islâmica do Castelo dos Mouros (Sintra):interpretação comparada CATARINA COELHO 15 CSP1(93)F3[11]16 Jarrinha. Bordo boleado com inflexão externa e ligeiro espessamento interno formando um pequeno sulco; asa de secção oval; pasta homogénea compacta laranja escura; c.n.p. finos e médios; superfícies alisadas laranja; diâmetro do bordo: 80 mm. 16. CSP1(93)E3[0]7 Jarrinha. Bordo boleado com ligeiro espessamento; colo curto curvo-côncavo; pasta homogénea compacta laranja; c.n.p. finos; superfícies alisada laranja forte; diâmetro do bordo: 52 mm. 17. CSP1(93)F3[11]13 Jarrinha. Bordo direito boleado; colo cilíndrico com um a canelura muito fina; pasta homogénea compacta laranja acastanhado claro; c.n.p. finos; superfícies alisadas laranja forte; diâmetro do bordo: 52 mm. 18. CSP1(93)F3[1]33 Jarrinha. Bordo boleado com ligeiro espessamento interno; ligação para o colo apresenta uma fina canelura; pasta homogénea compacta creme alaranjada; c.n.p. finos; superfícies alisadas com engobe creme esbranquiçado; apresenta pingos de óxido de ferro sobre o bordo; diâmetro do bordo: 70 mm. 19. CSP1(93)F3[7]10 Jarrinha. Bordo boleado; ressalto na passagem para o colo cilíndrico; apresenta vestígios do arranque da asa; pasta homogénea compacta castanha clara; c.n.p. finos; superfície alisadas cinzento (interior) e creme acastanhado (exterior); diâmetro do bordo: 69 mm. 20. CSP1(93)F3[7]1 Jarrinha ou jarro. Bordo boleado com ligeira inflexão externa; ressalto na ligação ao colo tendencialmente convexo; pasta homogénea compacta laranja; c.n.p. finos e médios; superfícies alisadas laranja avermelhado; diâmetro do bordo: 90 mm. 21. CSP1(93)F3[5]5 Tampa. Paredes troncocónicas; pega em forma de mamilo ao centro; fundo plano; pasta heterogénea compacta castanha clara; c.n.p. finos, médios e grossos; superfícies rugosas laranja (interior) e creme acastanhado (exterior); diâmetro do fundo: 70 mm. REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia .volume 3.número 1.2000 Estampa 2 222 A ocupação islâmica do Castelo dos Mouros (Sintra):interpretação comparada 223 CATARINA COELHO Estampa II 1. CSP1(93)F3[8]2 Pote. Parede curvo-côncava; pasta homogénea laranja avermelhada; c.n.p. finos e médios; superfícies alisadas com engobe laranja acastanhado claro; aplicação de um cordão plástico ungulado com 6 mm de espessura e cinco depressões; espessura da parede: 8 mm. 2. CSP1(93)F3[7]62 Parede com aplicação de dois cordões plásticos paralelos digitados; pasta homogénea compacta laranja forte, c.n.p. muito abundantes finos e médios; superfícies alisadas laranja forte; espessura parede: 6 mm. 3. CSP1(93)F3[11]19 Jarrinha. Parede com pingos de cor branca; pasta homogénea compacta laranja; c.n.p. finos (micáceos); superfícies alisadas laranja com vestígios de engobe cinzento (exterior); espessura parede: 4 mm. 4. CSP1(93)F3[8]7 Cântaro. Parede com linhas paralelas horizontais e onduladas de cor branca; pasta homogénea compacta laranja acastanhada; c.n.p. muito abundantes finos e médios (calcários); superfícies alisadas castanho alaranjado (interior) e laranja escuro (exterior); espessura da parede: 7 mm. 5. CSP1(93)F3[8]7 Prato. Pé anelar; pasta homogénea compacta rosa acastanhada; c.n.p. finos e médios; superfícies com vidrado interno e externo melado escuro; decoração sobre o fundo com pingos de óxido de manganês; diâmetro do fundo: 110 mm. 6. CSP1(93)F3[8]7 Prato. Pé anelar; pasta homogénea compacta laranja rosada; c.n.p. finos, médios e grandes; superfícies vidradas interna e externamente de cor creme amarelada; decoração a verde e manganês representando parte do cordão da eternidade; diâmetro do fundo: 160 mm. 7. CSP1(93)E3[1]92 Prato. Bordo boleado com espessamento externo; paredes curvo-côncavas; pasta homogénea muito compacta; c.n.p. muito finos; superfícies vidradas de cor creme; decoração a verde e manganês; diâmetro do bordo: 135 mm. 8. CSP1(93)E3[0]6 Prato. Bordo boleado com inflexão externa; paredes curvo-côncavas; pasta homogénea compacta rosada; c.n.p. finos e médios; superfícies vidradas de cor branca (interior) e melada (exterior); decoração a verde e manganês; diâmetro do bordo: 230 mm. REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia .volume 3.número 1.2000 224 9. CSP1(93)F3[8]10 Tacinha. Bordo boleado; paredes curvo-côncavas com ligeira canelura paralela ao bordo; pasta homogénea compacta laranja escura; c.n.p. finos (micáceos); superfícies alisadas de cor castanha; diâmetro do bordo: 110 mm. 10. CSP1(93)E3[0]86 Taça. Bordo boleado espessado interna e externamente; paredes curvo-côncavas; pasta homogénea xistosa laranja acastanhadas; c.n.p. finos; superfícies alisadas de cor castanha; diâmetro do bordo: 117 mm. 11. CSP1(93)F3[7]17 Taça. Bordo boleado com ligeiro bisel interno; paredes curvo-côncavas; pasta homogénea semi-compacta laranja acastanhada; c.n.p. finos e médios; superfície externa alisada castanho alaranjado, superfície interna com engobe castanho avermelhado; diâmetro do bordo: 200 mm. 12. CSP1(93)F3[1]1 Alguidar. Bordo em aba com dupla inflexão externa; paredes curvo-côncavas; pasta homogénea xistosa acinzentada; c.n.p. finos, médios e grossos; superfície alisada com engobe laranja acinzentado; decoração no bordo feita a partir de linhas concêntricas incisas na aba e digitações na aresta; diâmetro do bordo: 318 mm. A ocupação islâmica do Castelo dos Mouros (Sintra):interpretação comparada 225 * CATARINA COELHO Comunicação apresentada ao II Congreso de Arqueología Peninsular (Zamora, 1996) BIBLIOGRAFIA AA-VV. (1993) - Catálogo da exposição: Arqueologia em Palmela 1988/92. Palmela: Câmara Municipal. ACIÉN ALMANSA, M. (1992) - Poblamiento y forticación en el sur de Al-Andalus. 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