‘A visão chinesa do passado’ In: Beltrão, C. [org.] A busca do antigo. 1 ed.Rio de
janeiro: Nau, 2011, p. 19-23.
A Visão Chinesa do Passado
Sair em busca de uma visão chinesa sobre o passado é o mesmo que investigar
um objeto do senso-comum: ao afirmarmos que os chineses têm UMA visão, estaremos
sendo reducionistas; mas se investirmos na idéia de buscar "as visões chinesas", teremos
a surpresa de constatar que elas se remetem sempre a um conceito unificador, baseado
na indefectível concepção de Li (理, princípio). Que visão chinesa de passado, pois, nos
decidimos a investigar aqui?
Optei por analisar este "princípio" de observação do passado, que a meu ver,
tanto influencia as teorias históricas eruditas quanto abrange as percepções populares.
Ele não é A Visão, como poderíamos imaginar, mas um conjunto de noções - muitas
vezes problemáticas - que, no entanto, delineiam as formas de investigar ou constatar o
passado dentro desta civilização. As teorias historiográficas já foram analisadas em
outros textos meus (BUENO, 2004), por isso, elas não serão aqui o foco principal. Isso
poderia fazer com alguém perguntasse: "mas como a história será alijada de uma
investigação do passado?", mas não é este o caso. A estrutura do pensar chinês
pressupõe que a concepção de Li precede a formação das ciências: logo, as mesmas
ciências são ângulos de investigação sobre o princípio das coisas, e no caso da História,
esta se dedica ao estudo da ação humana ao longo do séculos, privilegiando uma busca
acerca das formulações morais e culturais da sociedade. Assim sendo, a história lida com
o que é passado: mas o que é o passado? O que é o Li do passado?
Ao definirmos o foco de nosso trabalho, por conseguinte, é necessário também
explicar um pouco da abordagem que aqui utilizaremos. A história chinesa é
predominantemente confucionista, e foi a partir do grande mestre Confúcio que os
chineses absorveram - ou negaram - a necessidade constante de olhar o passado e
investigar as antigas tradições.* As consagradas frases "mestre é aquele que, por meio do
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antigo, descobre o novo" e "amo o passado, e nele me inspiro" tornaram-se referências
na compreensão da história e no entendimento dos objetos que ela buscava. No entanto,
como pretendemos nos ater a concepção de principio (Li) que define esta visão do
passado, escolhi um conjunto de referencias que não se dirigem (ou fazem parte)
diretamente a ciência histórica confucionista, mas que nos permitem compreender
melhor o nosso objeto de estudo. Passemos, pois, a esta análise.
A perenidade do tempo
Era uma vez um homem do país de Ch’a que se inquietava que o céu
um dia caísse, e ele não sabia onde esconder-se. Isso o perturbava
tanto que ele não podia comer nem dormir. Havia outro que se afligia
com a aflição desse homem, e foi dar-lhe uma explicação, falando
assim:
— O céu é formado somente de ar acumulado. Não há lugar onde não
haja ar. Sempre que te moves ou respiras, vives justamente neste céu.
Por que precisas então preocupar-te que o céu venha abaixo?
Disse o outro homem:
— Se o céu não fosse realmente nada mais que o ar, não cairiam o sol,
a lua e as estrelas?
E o homem que explicava disse:
— Mas o sol, a lua e as estrelas também não são mais que ar (Qi)
acumulado que se tornou brilhante. Ainda que eles caíssem, não
poderiam machucar ninguém.
— Mas que seria se a terra fosse destruída?
E o outro respondeu:
— A terra é somente formada de sólidos acumulados, que enchem
todo o espaço. Não há lugar onde não haja sólidos. Quando andas e
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pisas no chão, tu te moves o dia inteiro nesta terra. Por que, pois
precisas temer que ela seja destruída?
Então aquele homem pareceu compreender e ficou muito contente, e
o que lhe explicara tudo sentiu que ele entendera e também ficou
muito satisfeito.
Quando Chang luzi soube disso, riu e disse:
— O arco-íris, as nuvens e os nevoeiros, os ventos e as chuvas e as
quatro estações... Não são todos eles formados de ar acumulado no
céu? As montanhas e os picos, os rios e os mares, o metal e a pedra, a
água e o fogo... Não são todos formados de sólidos acumulados na
terra? Uma vez que sabemos que são formados de ar acumulado e de
sólidos acumulados, como podemos dizer que são indestrutíveis? O
infinitamente grande e o infinitesimalmente pequeno não se podem
saber, explorar ou conjeturar exaustivamente.... É matéria que se deve
admitir sem prova. Os que se inquietam com a destruição do universo,
pensam naturalmente com excessiva antecipação, mas os que afirmam
que ele não pode ser destruído também estão enganados. Uma vez que
o céu e a terra devem ser destruídos, eles acabarão finalmente pela
destruição. E quando forem destruídos, por que nos haveríamos de
afligir com isso?
Liezi soube do que Chang luzi falara, e riu dizendo:
— Os que afirmam que o céu e a terra podem ser destruídos não têm
razão, e os que asseguram que são indestrutíveis também estão em
erro. A destruição e a indestrubilidade são coisas de que nada
podemos saber. Contudo, são ambas o mesmo. Portanto, um homem
vive e nada sabe da morte; morre e nada conhece da vida; chega e não
sabe da partida; e parte sem saber da chegada. Por que a questão de
haver ou não haver destruição deve importunar os nossos espíritos?
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Esta primeira historia de Liezi é perfeita para ilustrar a concepção do tempo perene e
criativo que subjaz o pensamento chinês sobre o passado. O mundo material é um
mundo de mutação, mas regido por regras que pertencem a um ciclo cósmico cuja
duração está muito além do tempo da vida humana. Neste caso, a observação do
passado, tal como feita pela história, tenta captar estas leis cósmicas, de modo que
possamos nos harmonizar com elas, buscando o ajuste ideal. Contudo, o mesmo
passado é um eterno relatório de conquistas, inovações, erros e contextos que mudam,
se alternam ou se reproduzem, mostrando que o conhecimento antigo pode apenas
embasar novas respostas.
Por isso, a história de Liezi nos mostra o universo como está - e não o que ele é.
Isso é importante: os chineses não desenvolveram o verbo ser (是 shi) na sua filosofia,
mas sim o conceito de que algo está (在 zai), e de que as coisas são as manifestações
transitórias de princípios. Assim, o passado é uma marca cronológica, um ponto nos
estados da matéria, que serve de referência para apreender o princípio que se investiga.
As coisas foram, estão e estarão; e a visão do passado é, por conseqüência, o
acompanhamento do que muda, a partir daquilo que permanece (o Li). A própria noção
de tempo (时 shi) era vaga e cíclica, calendárica, e não necessariamente cronológica. O
registro dos ciclos cabia, pois, ao laborioso trabalho do historiador.
Lu Tanglai (1137-81) percebeu isso quando citou o mesmo Liezi, para propor
uma visão da história que tratasse da reconstrução do passado como uma escolha de
temas que melhor representariam “uma noção de passado”. Mas qual passado? Aquele
que corresponde, justamente, aos anseios de uma sociedade, neste mesmo tempo
presente:
Hu Qiuzi perguntou uma vez a Liezi porque ele gostava de viajar. Liezi
respondeu: “as pessoas viajam para ver sempre as mesmas coisas; eu
viajo para observar como as coisas mudam”. Esta é a regra para
observar e compreender a história. Muitas pessoas, quando examinam
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a história, simplesmente olham os períodos de ordem e acham que
estão em ordem; olham os períodos de desordem e acreditam que
estão em desordem, observam um fato e não sabem mais do que este
mesmo fato os diz. Mas isso é realmente apreciação histórica? Quem
olha para os acontecimentos de hoje observa coisas favoráveis e
perigosas, enxerga erros e acertos de todos os tempos. Abra, porém,
um livro diante de si mesmo. Imagine diante de você milhares de
coisas ocorrendo ao mesmo tempo, e você terá que decidir qual delas é
a que melhor representa o contexto. Se você olha a história desse
modo, seu conhecimento o favorece em sua inteligência a perspicácia.
Este é realmente o melhor modo de ler a história.
Assim sendo, o que fazemos é acumular uma grande quantidade de conhecimentos, que
provém desde as épocas ancestrais e continuam a ser desenvolvidos. Fan Yizhi entendia
que o papel do passado não era servir de âncora para as dúvidas humanas, mas de base
para o seu desenvolvimento. Assim, preservar o passado é, de fato, acessar o conjunto de
experiências que já serviram a humanidade em algum momento - porém, mais do que
isso, o passado é o espaço em que se encontram os vestígios que provam a existência dos
princípios, o alicerce das manifestações sobre as quais se estabelecem nossas dúvidas e
dilemas:
Os conhecimentos vêm se acumulando desde os tempos imemoriais
até hoje, e nós nascemos depois das gentes antigas. Às vezes
examinamos a experiência dos antigos para resolver problemas de
hoje, mas não devemos nos submeter a isso. Cada vez que vejo um
problema pendente de solução desde mil anos atrás, começo a
investigá-lo para achar uma solução... mas como não vou me sentir
infinitamente feliz de ter nascido em nosso tempo, quando tenho a
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minha disposição as exposições e elucidações feitas por tantas pessoas
de erudição e virtude, assim como resultado das discussões e debates
feitas por homens de tão grande talento e inteligência? Não é tão difícil
nem trabalhoso resumir a sabedoria de tantas pessoas e de tantas
épocas para descobrir qual delas pode ser a mais apropriada.
(Fan Yizhi, 1611-1671)
Até aqui, pois, já constatamos duas coisas: a primeira, de que a relação tempo-matéria é
entendida como um fenômeno natural, extenso, cujo padrão é atemporal (ou seja, não
tem fim nem começo) e o que se investiga, por conseguinte, são suas manifestações
materiais e observáveis- o que entendemos, por fim, como passado; segundo, que este
conjunto de vestígios serve fundamentalmente para apreender os princípios que
embasam a cultura, estruturando sua continuidade ou sua mudança.
A Perenidade das Coisas
Houve uma muralha da china
Ela ruiu, mas foi consertada com novos tijolos
Iguais aos antigos
Mas a pergunta é: depois que ela foi consertada
Ela continua a mesma, ou é outra?
Simon Leys percebeu com bastante propriedade, em seu Ensaios sobre a China (2007),
que os chineses transferiram o problema de manter a materialidade do passado (em seus
monumentos, palácios ou escritos) para a manutenção dos princípios que estruturam a
reconstrução - contínua - deste mesmo passado. Ao captar o princípio de algo, o letrado,
artesão ou cientista compreendem também a melhor forma de manifestá-lo; e como
estas formas vão absorvendo os conhecimentos do passado, elas vão se desenvolvendo e
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se aprimorando continuamente - ou, ao menos, esta é a visão chinesa da recriação do
passado.
Alexander Stille (A destruição do passado, 2005) observou diretamente este
problema na questão da conservação de monumentos históricos e objetos artísticos
chineses. A ancestralidade de uma peça torna-a motivo de veneração: no entanto, os
chineses não vêem problema algum em conservar esta mesma relíquia por meio de
réplicas. Aliás, hoje não são raras as coleções e museus de réplicas chinesas, que atendem
diretamente ao fim patrimonial e educativo de ensinar história, arqueologia, artes e
conservação de bens do passado!
Do mesmo modo, a preservação dos textos, sempre problemática por conta das
inúmeras queimas de livros feitas na história desta civilização, torna bastante
complicado o estudo deste passado. Muitas vezes, as fontes precisam de uma profunda
exegese para serem situadas no tempo e no espaço; e mesmo assim, em alguns
momentos, sua aceitação depende quase de uma certa fé no escrito preservado. Não é à
toa, portanto, que a história chinesa se entende como um gênero literário, e que sua
busca é essencialmente pela moral contida nos exemplos antigos.
O dilema da muralha, antes exposto, demonstra uma questão fundamental nesta
visão chinesa de passado: a muralha que lá está é, a princípio, a mesma. Seu desenho,
sua estrutura fundamental (seu Li) ordenam a manifestação da idéia de muralha: o que
muda, portanto, é a casca, a representação material.
Da mesma maneira, o passado é um alicerce - possivelmente imaginário, pois
talvez não possa ser provado, mas "real" pelo simples fato de subsistir - e assim, a
manifestação do mesmo se dá por esta conexão com o presente, com o autor que busca
invocar as idéias antigas para elucidar as questões a que se propõe investigar;
Aos estudar o que dizem os antepassados, as únicas referências de que
dispomos são as que restaram, e o que acabamos por fazer é comparálas, inevitavelmente, com o nosso próprio pensamento, para saber se
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suas palavras esgotam ou não os conceitos; se não os esgotam,
buscamos saber se eles podem nos proporcionar um pensamento mais
profundo. Este modo de refletir é o mais apropriado, e não nos
permite omissões. (Wang Fuzhi, 1619-1692)
A idéia de que olhar o passado é um processo de descoberta do que está oculto nos
próprios vestígios - a subjetividade aparente do conceito de Li - é constatada,
finalmente, pela observação precisa de Huang Zongxi, que utiliza a própria estrutura do
ideograma Li para compreender os modos de penetrar no passado. Nela, Huang mostra
que os detalhes de um discurso são apenas a parte aparente de um princípio manifesto;
Hanyu falava da análise crítica que suprime todos os clichês. Por
clichês, entendemos os pontos de convergência em um texto em que se
concentram os pensamentos daqueles que carecem de idéias próprias.
São lugares comuns, emaranhados no texto, e é preciso eliminá-los
para chegar a captar o que é essencial. Fazer isso é como a operação de
lapidar o jade oculto dentro da pedra bruta. É necessário perfurar a
pedra dura para alcançar o jade que está lá dentro, e não tomar por
jade qualquer pedra vagabunda. (Huang Zongxi, 1610-1695)
A densidade do passado chinês
Com todas estas considerações, ainda assim, a China está imersa em seu passado, de
uma forma que dificilmente podemos compreender. Eles usam uma língua e uma escrita
milenar, que os permitem ler textos ancestrais como se tivessem sido escritos ontem;
embora os vestígios arqueológicos estejam saindo agora de suas tumbas (esta ciência é
recente no país, embora os chineses a praticassem de maneira amadora no passado),
algumas técnicas de confecção de peças cerâmicas, de metais ou mesmo de culinária se
preservaram, e é possível, por exemplo, fazer uma porcelana Song idêntica às originais.
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Esta situação torna complexa - pra não dizer confusa - a percepção dos chineses
acerca de sua própria cultura em relação ao passado. Muitas vezes, o chinês comum tem
a impressão de que as coisas sempre foram do jeito que estão – e, no entanto, ele percebe
igualmente que há uma contradição latente entre um prédio moderno e uma edificação
antiga, por exemplo. O que ocorre, neste caso, é que o imaginário percebe um fio
condutor nas manifestações e visões deste passado (ou, de seu Li), mas a carência de um
estudo das formas do passado (o atributo do letrado) não o permite discernir
corretamente o que é novo, antigo, ou mesmo se há uma diferença entre os dois.
Tal indistinção amarra a existência do ser humano, se ele não possuir
conhecimentos sobre o passado. Daí a importância capital que o estudo da história tem
para o intelectual chinês - seja para afirmá-lo, seja para negá-lo. Mesmo assim, sabendo
que esta recolha enciclopédica sobre o antigo, unida a uma interpretação "materialista"
(pois até onde ela não é idealista?) do mesmo torna a compreensão do passado um
processo bastante discutível, até que ponto, então, o próprio passado não é meramente
um estado de coisas, ou de percepção, sobre algo? Um prédio novo, construído e
inspirado em formas arquitetônicas antigas é, de fato, um prédio novo? Um texto escrito
hoje, mas que emprega antigas teorias é, realmente, um livro novo? Mas se o passado for
um ponto de partida na matéria, no plano da mutação, logo existem prédios e livros
novos, existem descobertas científicas, e o conhecimento se acumula desde os tempos
antigos, então.
O conto de Liezi, portanto, é significativo para perceber que o processo de
investigação do plano da mutação só nos dá evidências, mas não explica devidamente o
princípio da continuidade que amarra os estados do tempo e da matéria - passado,
presente e futuro. O passado - por mais contraditório que seja-, só parece realmente
existente se for eficaz, sendo manifestado por alguém que o domina, o compreende e
sabe aplicá-lo ou recriá-lo. Tal só pode ser realizado por alguém que consiga captar os
sentidos do passado (o Li) e os ponha em prática, como propunha Wang Chong, o
cético da dinastia Han:
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São inumeráveis neste mundo os que estudam com aplicação, sabem
muito e guardam tudo na memória. Mas apenas uma em cada dez mil
pessoas sabe escrever livros e ensaios sobre as coisas do passado e do
presente. Estes não são apenas capazes de possuir os mesmos
conhecimentos, mas sabem também aplicá-los. Se alguém entra numa
montanha, conhece as árvores e sabe quais são altas e baixas, conhece
as ervas e sabe quais são compridas ou curtas, mas não sabe qual
madeira é boa para se fazer uma cabana, ou não sabe para que doença
serve uma erva, a estes que possuem um amplo conhecimento das
coisas mas não sabe aplicá-los, nós podemos chamá-los de
colecionadores de livros, que os colecionam, mas não os lêem.
(Wang Chong, 27-97)
Os colecionadores de livros aos quais Wang Chong se refere tornam sem sentido o
passado. Por desconhecerem os princípios que regem as obras que lêem, superficializam
o seu conteúdo, e afastam-se de sua compreensão. No entanto, se o passado pode ser
invocado e aplicado por alguém que o compreende, poderá ele existir de modo perene,
como discutimos? Ou o sábio apenas liga a grande trama dos conhecimentos
acumulados?
Parece-me que a conclusão deste processo nos leva a pensar que o passado
chinês, portanto, "aconteceu" em função pura e simplesmente de existir agora...
Referências
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http://orientalismo.blogspot.com/2009/12/historia-imaginaria-da-china.html, 2009
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