IGREJA ADVENTISTA: UM MOVIMENTO DA MODERNIDADEi
Ismael Fuckner (UFPA)
O movimento adventista surgiu nos Estados Unidos da América em meados do
século XIX e foi trazido por missionários ao Brasil no início do século XX. Os adventistas
do sétimo dia espalhados por diversos países consideram-se portadores de uma verdade
única e salvadora que deve ser pregada a todos os seres humanos. Este tipo de
exclusivismo é considerado por Pierre Sanchis (1997) como uma característica das
religiões modernas, pois o autor entende que a modernidadeii traz consigo a “emergência
de definição” - de ser fiel a um grupo exclusivo.
Logo que surgem, os adventistas lutam para defenderem-se de práticas alimentares,
uso de trajes e inovações como cinema em voga no auge da Modernidade. A cidade e seus
efeitos maléficos à saúde física e mental foi também combatida. Os adventistas do sétimo
dia formataram um corpus doutrinário incorporando formas de identidade afeitas ao
exclusivismo religioso em oposição ao secularismo da época e reelaboram seus
significados reencantando-se e encantando suas práticas ao incorporarem ao seu ethos
símbolos da modernidade à sombra de velhos dogmas. São marcas identitárias (vistas pelo
olhar de não-adventistas) deste grupo religioso hoje: os cuidados com o corpo por meio de
uma dieta alimentar natural e vegetariana e a preocupação com o uso do tempo na
preservação do sábado como um dia de descanso e adoração, ressignificados com discursos
médicos e conceitos ecológicos e que podem ser percebidas em suas práticas cotidianas,
num tempo que muitos teóricos já chamam de pós-modernoiii.
Rute Fuckner, uma
professora adventista de Santa Catarina, ao rememorar o passado mostra um pouco daquilo
que se espera de um fiel adventista:
Não sei por que, mas de vez em quando uma brisa bate em meu rosto e entra pela
janela da minha alma, trazendo lembranças de fatos vividos na infância. Elas me
levam ao tempo em que minha mãe usava o ferro de passar roupa cheio de brasas
para deixar nossas roupas prontinhas para o sábado. Meu saudoso pai bem antes do
pôr do soliv, já estava tocando gaita de boca para nos lembrar de que era hora de
estar com tudo pronto. (...) Minha mãe costurava, lavava roupas para ajudar nas
despesas, ou cuidava da horta cantando hinos que ficaram registrados em minha
mente. Diariamente fazíamos os cultos matutino e vespertino. De onde vinha tanta
sabedoria para administrar o tempo com uma família tão grande? (...) Será que
nossos filhos também sentirão saudades de nosso lar? (REVISTA ADVENTISTA,
2010: 17)
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Weber (1989) comenta que os protestantes ascéticos consideram-se guardiães do
corpo e do tempo que lhes foram confiados por Deus aos quais se subordinavam como
administradores. É meu objetivo colocar em discussão aqui as ressignificações produzidas
por adventistas de tradições herdadas desses reformadores protestantes, em solo brasileiro
e mais especificamente no estado do Pará.
As perguntas de Rute podem muito bem expressar algumas das questões que
pretendo aqui discutir. Como os adventistas em seu cotidiano celebram os rituais prescritos
pela igreja? Eles conseguem ou buscam manter estes ideais tão caros para Rute? Como eles
administram o tempo e o corpo? Como celebram seus cultos nas tardes de sexta – feira
antes do pôr - do - sol sem “o ferro de passar roupa cheio de brasas”? Como são
administradas as famílias em que as mães terminam sua jornada de trabalho no mesmo
horário e até após o seu marido chegar em casa e não têm mais tempo nem gosto de
cultivar uma horta no quintal? Ou seja, buscar compreender o que faz um adventista na
busca pela felicidade ou ainda o que faz para “viver num mundo que ele é incapaz de
compreender” (GEERTZ, 1978: 158).
Igreja Adventista do 7º Dia: um movimento da modernidade
O movimento adventista contemporâneo foi formado por pessoas que começaram a
esperar e a pregar a segunda vinda de Jesus a Terra entre os anos de 1840 e 1860 nos
Estados Unidos e na Europa e vai além dos limites do adventismo do sétimo dia e até
mesmo do protestantismo, pois havia entre aqueles pregadores alguns representantes do
catolicismo como o padre Manuel de Lacunzav (1731-1801). Os adventistas do sétimo dia
são herdeiros do movimento mileriano, um dos movimentos adventistas da época, que
incluía pessoas das mais variadas denominações e tinha como líder o batista William
Millervi (1782-1849). Esse fazendeiro pregou durante aproximadamente 13 anos em pelo
menos 500 cidades. Mais de 200 pastores aceitaram suas concepções sobre o iminente
retorno de Cristo a Terra e o conseqüente final deste mundo. Estima-se que o número de
crentes que se uniu a ele chegou a 100.000 pessoas. A Igreja Adventista do Sétimo Dia
(IASD) foi sendo consolidada a partir deste movimento embrionário e possui atualmente
mais de 12 milhões de membros espalhados em quase todos os países do mundo.
(SEAMAN, 2001)
Como Jesus não apareceu na data em que os “mileritas” esperavam, aqueles
seguidores de Miller experimentaram o que ficou conhecido no meio adventista como “o
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grande desapontamento”. A maioria dos que haviam se juntado ao movimento saiu em
profunda desilusão e alguns deles retornaram às suas igrejas de origem. Uns poucos, no
entanto, voltaram a pesquisar o assunto para tentar entender o que havia acontecido ou se
haviam cometido algum erro de interpretação dos textos bíblicosvii. O movimento
adventista surgiu naquele cenário confuso, a partir de um pequeno grupo que se recusou a
desistir. Despontaram no meio daquelas pessoas vários líderes que construíram a base do
que viria a ser a IASD, curiosamente todos apresentavam graves dificuldades com sua
saúde e muitas preocupações com alimentação.
Destacam-se como líderes da IASD Tiago Springer Whiteviii (1821-1881) que,
quando menino, era débil fisicamente e sofria especialmente de uma enfermidade nos
olhos, que o impediu de ir à escola até os 19 anos. Ellen Gold Harmonix (1827-1915) que,
aos nove anos, enquanto voltava para casa de uma escola pública, foi ferida por uma pedra
atirada por uma colega da classe. Teve o nariz quebrado e, na melhor das hipóteses um
choque, pois o ferimento foi seguido por três semanas de inconsciência. A experiência
deixou-a desfigurada, doente e debilitada. Por dois anos esteve incapaz de manter suas
mãos suficientemente firmes para escrever e o esforço a deixava tonta. Dessa maneira, sua
educação formal foi interrompida quando tinha apenas 9 anos de idade. José Batesx (17921872) que, aos 30 anos de idade, abandonou o uso de bebidas alcoólicas e logo depois
parou de mascar fumo e fumar e aos 40 anos abandonou chá, café, carne, manteiga,
gordura, bolos muito açucarados, queijo e condimentos. Assim, antes de os adventistas se
organizarem em um grupo religioso, José Bates era um entusiasta advogado dos princípios
de saúde que a IASD passou a defender mais tarde.
Em 1860, em Battle Creek, Michigan, EUA, um grupo de congregações adventistas
escolheu o nome oficial do movimento e em 1863 foi organizada formalmente a igreja com
um número de 3.500 membros. Em 1903, a sede da denominação mudou de Battle Creek,
Michigam, para Washington, DC, e em 1989 para Silver Spring, Maryland, onde continua
a funcionar até hoje. Os fundadores da IASD deram muita ênfase ao ensino de uma
rigorosa prática alimentar como um dos elementos do que ficou conhecida como “a grande
reforma de saúde” e à observância do sétimo dia da semana como um dia reservado
exclusivamente às atividades religiosas que ficou conhecida como “a grande reforma do
sábado”. Essas práticas, segundo eles, complementariam a obra iniciada pelos líderes da
“primeira reforma religiosa”, liderada por Martinho Lutero (1483-1546), cujos seguidores
ficaram conhecidos como protestantes; bem como pela “segunda reforma religiosa”,
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liderada por Ulrico Zuínglio (1484-1531) e João Calvino (1509-1564), cujos seguidores
passaram a se autodenominar de reformados. Daí a grande similaridade entre os princípios
defendidos pelos adventistas do sétimo dia e os preceitos da ascese protestantexi
sobejamente analisado por Weber (1989), especialmente no último capítulo de seu
magnífico livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
A publicação e distribuição de literatura, juntamente com a construção de
sanatórios e casas de recuperação, foram as principais alavancas para o crescimento do
movimento adventista. A primeira editora adventista começou a funcionar em 1855, em
Battle Creek, Michigan e foi devidamente legalizada em 1861, com o nome de SeventhDay Adventist Publishig Association. Em 1993, a IASD possuía 56 casas publicadoras,
espalhadas em cinqüenta e três países. Os adventistas do sétimo dia consideram a obra de
publicações como uma das maiores fontes de sucesso da igreja, bem como uma evidência
da inspiração divinaxii dada a Ellen White, em 1848. (PACHECO, 2001)
Em conseqüência da expansão das publicações e da obra missionária idealizada
pelo movimento adventista, no final do século XIX já havia missionários adventistas
instalados em todos os continentes. Os primeiros missionários adventistas que vieram dos
Estados Unidos para o Brasil transmitiam suas idéias através de folhetos e revistas que
ingressavam prioritariamente nas colônias de imigrantes alemães e austríacos, nos estados
de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo. O primeiro missionário adventista a chegar
ao Brasil, em 1893, foi o colportorxiii Albert Stauffer, que iniciou a venda de livros
publicados em língua inglesa e alemã. A IASD foi iniciada oficialmente no Brasil em
1895, com o batismo do missionário estadunidense Guilherme Stein Jr., na cidade de
Piracicaba, estado de São Paulo. (VIEIRA, 1995)
De lá para cá a igreja vem se expandindo pelo território nacional e possuía em
2004, segundo dados oficiais da Igreja, 1.329.662 membros no Brasil. Essa instituição
religiosa preza muito pelo trabalho de publicação e divulgação de suas doutrinas e filosofia
de vida e por isso foi criada em 1907, na cidade de São Bernardo do Campo – SP, a
Sociedade de Tratados do Brasil passa a ser a primeira editora adventista no país, que
recebeu o nome de Casa Publicadora Brasileira, em 1920 e atualmente funciona em
modernos estabelecimentos na cidade de Tatuí – SP. (PRESTES FILHO, 2006)
Muita coisa já foi publicada em folhetos, jornais, revistas e livros a respeito da
IASD. No entanto, somente a partir de 1972 dissertações e teses têm sido produzidas sobre
o tema nas universidades brasileiras. Isto representa uma mudança significativa no olhar
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sobre os adventistas do sétimo dia, já que até aquele momento a produção bibliográfica
restringia-se aos adeptos do adventismo ou a seus opositores - uma produção
predominantemente apologética. Essas pesquisas acadêmicas perfazem um total de 15
trabalhosxiv em diversas áreas do conhecimento como história, ciências da religião,
educação, psicologia, antropologia e sociologia.
Essas pesquisas contêm uma diversidade de discursos apresentados sob diversas
perspectivas teórico-metodológicas peculiares à área específica de conhecimento de cada
um deles e abarcam temas diversos peculiares às próprias especificidades da cosmovisão
adventista e apresentam a idéia de providência divina na história demarcando o “tempo do
fim”xv como o fundamento da visão missionária da IASD desde sua formação, como
procurei expor acima. Com o objetivo de expandir suas crenças e modos de vida os
adventistas criaram uma sólida estrutura burocrática de grande articulação com o sistema
capitalista estadunidense e brasileiro e defendem o uso racional dos dízimos na
manutenção dos pastores e das ofertas em empreendimentos no campo educacional, tanto
na educação básica como superior, e na construção de hospitais e clínicas, além da
edificação de templos e divulgação de literatura. (PEREIRA, 1998 e OLIVEIRA FILHO,
1972)
Os adventistas do sétimo dia do Marco
Em minha pesquisa de mestrado em antropologiaxvi me propus a investigar sobre as
práticas alimentares deste grupo religioso que freqüenta a Igreja Adventista do Sétimo Dia
do Marco, em Belém do Pará e como embasamento para esta discussão utilizei também o
conteúdo de algumas dissertações já produzidas sobre os adventistas no Brasil,
especialmente três delasxvii que se referem a aspectos específicos: saúde e sábado.
Entendo que a antropologia possui especificidades marcantes em relação às demais
áreas do conhecimento que buscam compreender as mulheres e os homens em suas
relações sociais. Carlos Rodrigues Brandão destaca, além do relativismo, que para alguns
antropólogos é um “artigo de fé”, a vocação holística da antropologia que busca estudar
“desde o ponto de vista das relações que produzem a totalidade dos fenômenos sociais de
que são parte [e] aspira ainda a lidar com estruturas, relações e símbolos sociais como fatos
sociais totais, feliz expressão de Marcel Mauss, um dos fundadores da Antropologia
Social”. (1987: 49) Considerei, portanto, fundamental que esta pesquisa fosse
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acompanhada de representações de adventistas de um lugar específico, e foi na igreja do
Marco que realizei esta pesquisa de campo.
A igreja do Marco conta com uma forte expressão na cidade de Belém do Pará,
pois, além de possuir um templo bem localizado, na Travessa Barão do Triunfo - entre a
Av. Almirante Barroso e a Av. João Paulo II -, é a maior Igreja Adventista do Norte do
Brasil, com aproximadamente 2 mil membros que participam semanalmente de cultos e
outras programações. Meu primeiro contato com esse grupo de adventistas ocorreu em
1992 quando iniciei um trabalho como professor de história no Instituto Adventista Grão
Pará, instituição de educação básica fundada em 1961 que está localizada exatamente em
frente a esta Igreja. Segundo Prestes Filho (2006: 17), os primeiros missionários
adventistas chegaram na Amazônia em 1927. O pastor estadunidense John Brown chegou
em Belém do Pará, com os colportores Hanz Mayr, a esposa deste e André Gedrath. A
igreja do Marco não foi a primeira igreja adventista a ser construída na cidade de Belém,
mas é a maior e a mais conhecida delas. As primeiras reuniões desta igreja foram
realizadas nas dependências do pátio interno do Instituto Adventista Grão-Pará em 1967 e
o atual templo da Igreja Adventista do Sétimo Dia do Marco foi inaugurado no ano de
1979.
Geralmente a Igreja Adventista do Marco é associada ao Hospital Adventista de
Belém, por sua credibilidade conquistada em toda a região após 57 anos de funcionamento
na cidade. Por ser considerada “igreja de rico” e carregar a fama de liberal, agrega pessoas
de um nível sócio-econômico superior às demais no estado e é formada, em parte, por
muitos estudantes universitários e por pessoas com formação acadêmica de nível superior,
inclusive alguns professores e médicos ligados às escolas adventistas e ao hospital
adventista. Meu contato, portanto, foi predominantemente com pessoas com uma formação
acadêmica de nível médio e superior, o que não se vê nas demais igrejas adventistas na
cidade. Por esta razão, alguns adventistas em Belém comentam que há quatro igrejas
adventistas: a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a Igreja Adventista da Promessa, a Igreja
Adventista da Reformaxviii e a Igreja Adventista do Marco. Os adventistas do Marco,
portanto, parece que formam um grupo distinto dentre os demais adventistas nesta cidade.
Considerei interessante aprofundar uma pesquisa neste lócus em especial, pois é ali,
a meu ver, que se estabelecem as relações mais intensas e complexas entre os princípios
oficiais da Igreja e as práticas consideradas secularizantes, com forte expressão nas
grandes cidades, como é o caso de Belém. Este entrelaçamento se dá por conta da própria
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condição sócio - econômica dos membros desta igreja que os diferenciam dos demais
adventistas nesta metrópole. Este grupo específico de adventistas constitui um segmento
urbano que vive num contexto sócio-cultural específico e diferente dos demais adventistas
de Belém. Só para citar alguns exemplos é na Igreja Adventista do Marco que os jovens
fazem mais uso de jóias e cosméticos, freqüentam aos cinemas da cidade, namoram
pessoas que não compartilham as mesmas crenças e se relacionam sexualmente antes do
casamento com maior freqüência do que em outras igrejas adventistas da cidade; práticas
que são proibidas pela liderança da igreja.
Por compreender que a religião e os religiosos são construídos historicamente na
trama social, adotei de forma predominante uma abordagem interpretativa na qual o
conceito de cultura é semiótico, seguindo os passos de Geertz, para quem “o homem é um
animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu. [Deste modo, o autor define]
a cultura como sendo essas teias e a sua análise; portanto, não como uma ciência
experiencial em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura de
significados” (1978: 4). Assim, no decorrer da pesquisa, permaneci atento aos discursos
contidos em palestras e sermões proferidos aos adventistas do Marco com o propósito de
coletar depoimentos em momentos distintos e extrair deles significados de suas práticas.
Minha perspectiva durante a pesquisa não foi a de um adventista que nunca passou pela
“domesticação teórica do olhar” (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1996: 15), nem tampouco
igual ao olhar daqueles que têm a prática da pesquisa de campo, mas nunca participaram
dos rituais peculiares ao universo adventista. Sinto-me numa posição intermediária entre o
nativo e o pesquisador, pois nasci numa família adventista e sou membro batizado nesta
igreja desde meus 9 anos de idade e mesmo permanecendo afastado das práticas formais
peculiares ao universo adventista por aproximadamente 8 anos nunca deixei de conviver
com adventistas nem de manter certas práticas em meu dia a dia.
Foi instigante perceber, nos dias de hoje, o interesse, por ensinamentos que
conduzem a um tradicionalismo que remonta pelo menos ao início da modernidade,
motivado talvez por um inconformismo com a contemporaneidade ou, usando mais uma
vez as palavras de Geertz, pela “confusão moral da vida contemporânea [que faz] as
pessoas voltarem-se para ideias e valores mais conhecidos, mais profundamente arraigados
e mais familiares” (2001: 158). E por que não dizer, na tentativa de dar um “beliscão” no
destino utilizando-se de símbolos repassados geração após geração no “impulso de retirar
um sentido da experiência, de dar-lhe forma e ordem” (GEERTZ, 1978: 158).
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No entanto, a pesquisa não seria completa sem uma atenta observação participante
aos cultos realizados no templo e nas residências, pois como lembra Cardoso de Oliveira,
citando Radcliffe- Brown: “no empenho de compreender uma religião devemos primeiro
concentrar atenção mais nos ritos que nas crenças” (1996: 19). Os adventistas são educados
a serem extremamente cuidadosos com a vestimenta especialmente nos cultos de sábado, a
prepararem a melhor comida para o almoço do sábado, deixando tudo pronto antes do pôr
– do – sol da sexta feira e cantar muito em todas as cerimônias. Tudo isto e muito mais
pode ser observado atentamente durante a pesquisa e a partir daí foi possível produzir
algumas etnografias, que são descrições densas, segundo Geertz (1978), essenciais para
compreender como são ressignificados os princípios estabelecidos pela igreja em um lócus
específico em solo paraense.
Chizzotti (1991: 91) destaca a importância da observação participantexix, pois
segundo ele: “Sua ressurgência em pesquisa tem auxiliado interpretações mais globais das
situações analisadas”. No entanto, adverte o autor, que sua aplicação exige: “cuidados e um
registro adequado para garantir a fiabilidade e pertinência dos dados e para eliminar
impressões meramente emotivas, deformações subjetivas e interpretações fluidas, sem
dados comprobatórios”. Na história da formação da antropologia como uma ciência social,
há uma tradição neste sentido iniciada nos trabalhos de Malinowski que considera que uma
pesquisa bem estruturada pode mostrar muito sobre uma dada realidade, mas o antropólogo
as compara ao “esqueleto” de um corpo. Para ele é necessário também que o pesquisador
adentre nos meandros de um grupo social para que não faltem “carne e sangue” à sua
pesquisa. (MALINOWSKI, 1976: 40)
Uma etnografia dos adventistas do Marco
Uma incursão pela culinária regional, intermediada em especial pelo trabalho do
casal de antropólogos paraenses Maria Angelica Motta-Maués e Raymundo Heraldo
Maués (1978 e 1980), demonstrará com maior clareza que as restrições anunciadas pelos
interlocutoresxx não vêm do céu, mas daqui mesmo da terra, o que acabou influenciando na
escolha do título de minha dissertação. Isso porque pode-se encontrar em muitos tabus
alimentares da região norte do Brasil uma certa aproximação com as restrições instituídas
pela IASD. Assim, foi possível aproximar certas práticas alimentares de moradores do
estado do Pará, com hábitos defendidos pelos membros da igreja do Marco como Sara,
uma dona de casa, adventista de berçoxxi, mas vegetariana há pouco tempo, que afirma não
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comer de jeito nenhum caranguejo, camarão, siri, peixe de pele (o peixe têm que ter
escama e barbatana), carne de porco e seus derivados: mortadela e presunto; e que só pode
comer animal que tem casco fendido e que rumina e aves com papo e moela. O pato,
segundo ela, não deve ser comido porque não tem moela. Minhas amigas cozinheiras me
mostraram uma mesa farta e apetitosa com variadas receitas vegetarianas e ovo-lactovegetarianasxxii. A comida pode ser diversificada, havendo espaço tanto para os
ingredientes importados como para as iguarias da culinária regional, pois as pessoas
reinventam o que é prescrito e adaptam as regras ao seu gosto pessoal e ao estilo de vida da
própria família. Boa parte dos adventistas está preocupada em praticar uma dieta
vegetariana (sem uso de ovos, leite e seus derivados), mas também com uma dieta
“natural” (sem produtos químicos) com o objetivo de prevenir ou curar diversas doenças.
Sara conta que suas amigas “pegam no seu pé” porque ela usa gérmen de trigo em
tudo o que faz. E também granola, pão integral e óleo de milho. Ela diz que gosta de variar,
tem vezes que usa feijão, grão-de-bico, ervilha, lentilha. Segundo ela, todos eles têm ferro
e o mesmo valor nutritivo do feijão. “Agora, eu vou te confessar uma coisa, eu gosto
mesmo é do feijão preto”, desabafa. Conta que a casca da banana também é alimento e
contém fibras e bons nutrientes: “pode ser picada e misturada ao refogado da farofa para
surpreender o pessoal na hora do almoço, em vez de se jogar alimento nutritivo na lata do
lixo”. Ela evita usar óleo refinado e açúcar branco, mas concorda que apesar de ser
prejudicial em excesso, uma certa quantidade de gorduras e óleos é necessária para o corpo
e por esta razão utiliza o azeite de oliva e o óleo de girassol. Explica que as gorduras
vegetais tendem a ser mais saudáveis, sendo para ela um dos benefícios mais evidentes da
dieta vegetariana.
Lia indica arroz integral, temperado levemente com ervas e limão e salpicado com
castanha-do-pará e sementes de girassol. Recomenda cozinhar o arroz em uma mistura de
água e suco de maçã, misturando brócolis com uva-passa, sementes de girassol e amêndoas
nas saladas. “Fica muito gostoso cozinhar cenouras, nabos, repolho e outros vegetais em
suco de laranja e fazer a pizza sem queijo, mas com muitas coberturas vegetais”, sugere.
Conta também que prepara panquecas com berinjela e croquetes de soja ou de grão-de-bico
e indica vatapá de palmito para o almoço de sábado. Diz que é possível também fazer bifes
com diversos vegetais, como: cenoura, batata, ervilha, soja etc. Ela diz também que comida
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feita na grelha é mais saudável quando feita com alimentos vegetais. Pode-se grelhar fatias
grossas de vegetais embebidos em molho grosso, como berinjelas, pepinos ou tomates.
Lia disse que seu patrão adora pizza de berinjela, assado de palmito, mas no meio
da refeição ele sempre pede um ovinho frito, às vezes dois. Ele tem muita preocupação
com a “má combinação”: frutas doces com frutas cítricas ou frutas com verduras, por
exemplo, são consideradas como uma péssima combinação alimentar. Por esta razão Lia
não prepara sobremesa durante a semana, só aos sábados “que é um dia especial”.
Normalmente as frutas são reservadas para a refeição da manhã ou de final de tarde. As
saladas de frutas devem ser feitas respeitando-se o tipo de fruta (só as doces, como a
banana e o mamão ou só as cítricas, como a laranja e o abacaxi) e o açúcar refinado pode
ser substituído por mel de abelha.
As refeições de sábado são especiais, a comida deve ser preparada com mais
cuidado. Geralmente se prepara tudo na sexta feira, antes do sol se pôr, conta Ana. O
pastor Moisés lembra, com lágrimas nos olhos, como era gostoso quando sua mãe
começava a limpar a casa e cobrir os assados, conta que o arroz e alguns pratos ficavam na
geladeira e “eram apenas aquecidos no sábado quando voltávamos do culto divino”xxiii.
Quando chegava a hora do culto do por do sol, na sexta feira, seu pai ia para a sala e tinha
que estar tudo pronto e todos deveriam estar banhados, mas o jantar era servido sempre
após o culto doméstico. Este é o momento ritual mais marcante para um adventista.Assado
é uma palavra mágica para os nossos interlocutores. Quase todos os pratos carnívoros
podem ser substituídos por assados. Assado de palmito, de berinjela, de chuchu, de soja
etc. Davi comenta que é fascinado por aquela casquinha crocante e quentinha que fica por
cima dos legumes. Ele conta que quando estudava no colégio interno “adorava comer
assado com suco natural geladinho, que era servido geralmente aos sábados”.
Uma olhada atenta nas dicas culinárias dos adventistas é suficiente para perceber
como os adventistas do Marco misturam ingredientes da cozinha regional com uma lista de
ingredientes muito peculiares a outras regiões do mundo, inclusive ao hemisfério norte.
Podem ser saboreados numa mesma refeição o famoso cheiro verde com folhas de louro ou
ainda os flocos de aveia intercalados com farinha d’água, apenas para ficarmos com alguns
exemplos. Essas reinvenções feitas especialmente por donas de casa recebem uma marca
especial no preparo de pratos em que se prioriza a beleza, em especial no preparo de
saladas que geralmente são feitas com critérios na variedade de cores. No entanto, suas
reinvenções culinárias são também adaptações de uma cozinha vegetariana com temperos
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da macrobiótica japonesa, como shoyu e tamari. São utilizados ingredientes diversos
vindos da Índia, a exemplo dos iogurtes e diversas receitas com derivados do leite,
mesclados por delícias da cozinha brasileira como a feijoada (adaptada para feijoada
vegetariana) e com temperos paraenses e pratos regionais modificados. É possível
encontrar também as deliciosas massas italianas, já há muito tempo incorporadas ao
cardápio nacional, com um toque especial contendo farinha integral, queijo de soja e
recheios vegetais. Penso que esta seja uma boa maneira peculiar de abordar um tema
candente – Modernidade & Globalização.
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em Ciências da Religião) – Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, 2006.
ROCHA, Wagner Neves. O sábado e o tempo: análise de alguns aspectos simbólicos
relativos à guarda do sábado na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Dissertação (Mestrado
em Antropologia Social) – Museu Nacional. Rio de Janeiro, 1972.
SANCHIS, Pierre. O Campo Religioso Contemporâneo no Brasil. In: ORO, Ari Pedro &
STEIL, Carlos Alberto (Orgs.). Globalização e Religião. Petrópolis: Vozes; Porto Alegre:
UFRGS, 1997.
SCHEROKI, Florival. Uma análise da representação socialdo dízimo entre adventistas do
sétimo dia: o sagrado e o profano na vida moderna. Dissertação (Mestrado em Psicologia)
– Departamento de Psicologia - Universidade de São Paulo. São Paulo, 1998.
12
SCHUNEMANN, Haller. O tempo do Fim: uma história social da Igreja Adventista do
Sétimo Dia. Tese (Doutorado em Ciências da Religião) – Universidade Metodista do
Estado de São Paulo. São Bernardo do Campo: SP, 2001.
SCHUNEMANN, Haller. A noção de providência em adventistas do sétimo dia.
Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Departamento de Psicologia - Universidade de
São Paulo. São Paulo, 1995.
SEAMAN, John. Quem são os Adventistas do Sétimo Dia? Tatuí – SP: Casa Publicadora
Brasileira, 2001.
SILVA, Marcos. Educação adventista e pós-modernidade. Tese (Doutorado em Educação)
– PPGE – Universidade Metodista de Piracicaba. Piracicaba: SP, 2001.
STENCEL, Renato. História da educação superior adventista: Brasil, 1969 – 1999. Tese
(Doutorado em Educação) - PPGE – Universidade Metodista de Piracicaba. Piracicaba: SP,
2006.
TEIXEIRA, Vera Iten. De negros a adventistas, em busca de salvação. Dissertação
(Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal de Santa Catarina. Blumenau,
1990.
VIEIRA, Ruy Carlos de Camargo. Vida e Obra de Guilherme Stein Jr. : Raízes da Igreja
Adventista do Sétimo Dias no Brasil. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1995.
WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1989.
i
Trabalho apresentado no XIII Simpósio Nacional da Associação Brasileira de História das Religiões,
realizado entre os dias 29 de maio e 1º de junho de 2012, em São Luiz, MA, Brasil.
ii
Modernidade para Sanchis (1997: 104) pode ser definida como “... a representação ideal do indivíduo
portador de uma razão única, de uma decisão soberana, que se exerce nos quadros de uma lógica universal”.
iii
Vou me limitar aqui a apresentar em linhas gerais o que Sanchis considera pós-moderno nas práticas
religiosas no Brasil. Sinteticamente a pós-modernidade, para este autor, é “... uma composição eclética mais
ainda do que um verdadeiro sincretismo, que recorta os universos simbólicos – o do seu grupo e os alheios
todos igualmente ‘virtuais’, - e multiplica as ‘colagens’, ao sabor de uma criatividade idiossincrática
(‘idiossincrética’), radicalmente individual, mesmo se se articula em tribos de livre escolha”. (1997: 104/105)
iv
Ela se refere aqui ao entardecer de sexta - feira, momento em que os adventistas do sétimo dia se preparam
para as atividades religiosas do sábado, dia reservado para o descanso de atividades consideradas seculares.
v
Nasceu em Santiago, Chile. Foi admitido na Ordem Jesuíta em sua juventude e fez seus votos em 1766. Em
1767 foi expulso do Chile com todos os outros jesuítas, quando a ordem foi suprimida nos domínios
espanhóis. Indo primeiramente para Cádiz, Espanha, estabelecendo depois em Imola, perto de Bologna, no
centro da Itália, ele começou a estudar os Pais da Igreja e então as profecias bíblicas, lendo todos os
comentários que poderia achar. Em 1779, dedicou-se somente ao estudo das Escrituras. O fruto de vinte anos
de estudo foi La Venida del Mesías en Gloria y Majestad, escrito em espanhol aproximadamente em 1791
sob o nome de Juan Josafa Ben-Ezra. O livro enfatizava o Segundo Advento de Jesus a Terra no início do
milênio. (ENCICLOPÉDIA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, disponível em http: www.)
vi
William (Guilherme) Miller foi um estudioso leigo da Bíblia e pioneiro do movimento adventista e para
alguns autores não adventistas foi o principal fundador da IASD. Nasceu em Pittsfied, Massachusetts. Em
sua juventude cria na Bíblia, mas adotou, após o seu casamento, o deísmo. Em 1816, após ter assistido em
sua igreja a um comovente apelo de um pregador, se volta com ardor a estudar a Bíblia. Sua visão era de que
a Bíblia, se fosse realmente a “Palavra de Deus”, deveria explicar por si só suas aparentes contradições. Entre
13
1816 e 1818 estudou instensivamente usando apenas a concordância de Cruden. (ENCICLOPÉDIA
ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, disponível em http: www.)
vii
Toda esta polêmica doutrinária partiu da interpretação de um texto bíblico encontrado no Antigo
Testamento: Daniel 8:14, que diz o seguinte: “Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o
santuário será purificado” - versão encontrada na BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA (1999).
Considerando, como era usual na época, que a palavra santuário referia-se a Terra, Willian Miller calculou
que Jesus poderia retornar a Terra (ao Santuário) em 22 de Outubro de 1844, para purificá-la do pecado. A
IASD foi consolidada a partir de interpretações mais amplas do livro de Daniel e até hoje fundamenta suas
crenças distintivas neste livro. As interpretações feitas pela IASD sobre as profecias de Daniel estão descritas
em um vasto material, mas considero o mais interessante para quem deseja iniciar esses estudos o livro de
FEYERABEND (2004).
viii
Fundador da IASD. Nasceu em Palmyra, Maine em uma família de pioneiros ingleses. Ele relatou em seu
livro Life Incidents (p. 9) que seu pai descendia de um dos Peregrinos que vieram no navio Mayflower e
desembarcaram em Plymouth Rock, em dezembro de 1620. Aos 15 anos de idade, Tiago foi batizado na
denominação chamada Conexão Cristã, à qual seus pais pertenciam. Ao voltar para casa depois de uma classe
de inverno, conheceu a mensagem adventista. Persuadido a assistir as reuniões realizadas pelos “Irmãos
Oakes, de Boston”, convenceu-se da importância do que ele tinha ouvido. Deixou a escola a fim de se unir à
proclamação da mensagem adventista. Em setembro de 1842, em Castine, no Oeste do Maine, ouviu
Guilherme Miller. Ao voltar para Palmyra em abril de 1843, foi ordenado ao ministério na denominação
cristã a qual pertencia. (ENCICLOPÉDIA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, disponível em http: www.)
ix
Co-fundadora da IASD, escritora, oradora e conselheira da igreja. Nasceu em uma fazenda ao Norte da vila
de Gorham, Maine, a Oeste de Portland. Seus pais, Robert Harmon e Eunice Gould Harmon possuíam
antepassados britânicos da Nova Inglaterra. Ellen e sua irmã gêmea (não idêntica) eram as filhas mais novas.
Havia quatro irmãs mais velhas e dois irmãos. Os Harmons eram membros da igreja metodista. Em março de
1840, Ellen e os outros membros da família ouviram Guilherme Miller pregar em Portland e aceitaram seus
pontos de vista sobre o Segundo Advento de Cristo no ano de 1843. Em setembro de 1843, por causa de suas
crenças adventistas, ela e seus pais e outros membros da família foram expulsos da igreja metodista.
(ENCICLOPÉDIA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, disponível em http: www.)
x
Marinheiro, reformador, pregador adventista, um dos fundadores da IASD. Nasceu em Rochester,
Massachusetts, perto de New Bedford. Com a idade de 15 anos, partiu de seu lar para seguir o mar na
Marinha Britânica e fez carreira como mercador, tornando-se capitão em 1820. Em 1827 uniu-se à Igreja
Cristã de Fairhaven, à qual pertencia sua esposa. (ENCICLOPÉDIA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA,
disponível em http: www.)
xi
Um aprofundamento sobre o tema pode ser lido em meu artigo (FUCKNER, 2005)
xii
Ellen Gold Harmon adotou o nome de Ellen Gold White após casar-se com Tiago White. Muito jovem
passou a ter visões e a ditar diversos conselhos sobre ssaúde, educação, administração, finasnças e teologia e
é considerada ainda hoje como a única profetisa da IASD.
xiii
Colportores adventistas são pessoas que divulgam e vendem a literatura produzida pela IASD e
sobrevivem deste trabalho. Eles foram muito importantes no início das atividades missionárias dos
adventistas no Brasil. Sobre a influência das publicações na expansão do movimento adventista no Brasil,
indico uma ampla abordagem histórica sobre o tema na Revista Adventista (2010: 2 – 15). Para quem deseja
conhecer a história da editora adventista no Brasil indico o livro de Rubens Lessa (2000).
xiv
Pude listar até o momento de meu levantamento 1 tese em História (PRESTES FILHO, 2006), 2
dissertações em História (HOSOKAWA, 2001; MATOS, 1993), 1 tese em Ciências da Religião
(SCHUNEMANN, 2001), 2 dissertações em Ciências da Religião (RIBEIRO, 2006; PEREIRA, 1998), 1 tese
em Sociologia (OLIVEIRA FILHO, 1972), 1 dissertação em Sociologia (PACHECO, 2001), 2 teses em
Educação (STENCEL, 2006; SILVA, 2001), 3 dissertações em Antropoplogia (FUCKNER, 2003;
TEIXEIRA, 1990, ROCHA, 1972) e 2 dissertações em Psicologia (SCHEROKI, 1998 e SCHUNEMANN,
1995).
xv
Tempo do fim é um conceito construído pelos adventistas do 7º dia no decorrer de sua história e faz parte
de sua própria experiência de movimento profético iniciado em meados do século XIX, momento em que
aguardavam o retorno de Jesus a Terra. Sobre a concepção de “tempo do fim” sugiro a leitura das teses de
Schunemann (2001 e 1995) e Prestes Filho (2006).
xvi
O título de minha dissertação foi sugestão da Profª Drª Maria Angelica Motta-Maués, que percebia em minha
pesquisa de mestrado uma grande preocupação com as relações entre os ideais prescritos aos adventistas, portanto coisas
do céu e os caminhos traçados por eles mesmos a partir de combinações (comidas da terra). (FUCKNER, 2003)
xvii
Os trabalhos são de Ribeiro (2006), Pacheco (2001) e Rocha (1972).
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xviii
A Igreja Adventista da Reforma e a Igreja Adventista da Promessa surgiram a partir de uma ruptura com
a IASD. A primeira por defender de forma mais veemente as idéias de Ellen G. White e a segunda por
possuir uma orientação pentecostal.
xix
“A observação participante, introduzida pela Escola de Chicago nos anos 20, duramente contestada pelas
pesquisas experimentais, foi abandonada, durante algumas décadas.” (CHIZZOTTI, 1991: 91)
xx
Meus interlocutores - 8 homens e 4 mulheres – são identificados aqui por codnomes na intensão de
preservar sua identidade. Nem todos residiam no bairro do Marco apenas Moisés, Lia, Ana, Davi e Lucas,
mas todos freqüentavam a igreja do Marco. Abraão e Marcos residiam no bairro da Pedreira. Jeremias,
Samuel, Rute, Sara e Balaão vinham de Ananindeua, município próximo a Belém, para assistir às
programações da igreja. Das 4 mulheres, apenas Lia não é adventista, mas trabalha na casa de uma família
adventista. Ana possui curso superior, Rute e Sara concluíram o ensino médio e Lia não concluiu o ensino
fundamental. Dos 8 homens, apenas Balaão e Jeremias não possuem o ensino fundamental completo e apenas
Balaão não é adventista, mas mora na casa de seu filho que é adventista há 11 anos. Entre os homens
entrevistados 6 possuem curso superior: há entre eles, dois médicos, dois pastores, um engenheiro e um
advogado. As entrevistas foram concedidas em 2002 e 2003.
xxi
Termo utilizado entre os adventistas do sétimo dia para indicar que o membro nasceu em uma família de
tradição adventista.
xxii
Uma dieta que pode incluir, além dos vegetais: ovos, leite e seus derivados.
xxiii
No sábado pela manhã a programação na IASD é dividida em dois momentos: de 9h até as 10h30m
ocorre um momento de estudos conhecido como a Escola Sabatina e no segundo momento (das 10h30m até
as 12h) acontece o principal culto entre os adventistas que é chamado de Culto Divino. Há mais três cultos
regulares: no sábado a tarde, no domingo a noite e na quarta-feira a noite.
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