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Pesquisa de opinião sobre morcegos com moradores do bairro de Realengo.

PESQUISA DE OPINIÃO SOBRE MORCEGOS COM MORADORES DE REALENGO, RJ Revista Científica Multidisciplinar das Faculdades São José OPINION RESEARCH ON BATS WITH RESIDENTS OF REALENGO, RJ Luis Fernando Menezes Junior Professor de Zoologia de Vertebrados das Faculdades São José. Doutorando do Programa de Pós Graduação em Biologia Animal, Laboratório de Mastozoologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Jessica Pereira da Silva Graduanda de Ciências Biológicas das Faculdades São José Acácia Figueiredo dos Santos das Neves Graduanda de Ciências Biológicas das Faculdades São José Salomão Alves Graduando de Ciências Biológicas das Faculdades São José RESUMO Os morcegos são animais cercados de crendices e mitos que os tornam, muitas vezes, inimigos da sociedade. Aim de saber o nível de conscientização dos moradores do bairro de Realengo, a respeito dos morcegos, foi aplicado um questionário contendo oito perguntas sobre esses animais. Os questionários foram aplicados em pessoas escolhidas de forma aleatória no dia 26 de setembro de 2015, durante o evento do Ensino Responsável promovido pelas Faculdades São José na Praça Padre Miguel. Analisando as respostas é possível notar que os moradores de Realengo tem uma noção da importância de preservação, porém ainda existem alguns enganos em relação aos morcegos. Tal resultado demonstra a necessidade e a importância de ações de educação ambiental a respeito desses animais, que são importantíssimos para a manutenção do equilíbrio do meio ambiente. Palavras-Chave: Morcegos, educação ambiental, conscientização. ABSTRACT Bats are surrounded pet superstitions and myths that make them often society’s enemies. In order to know the level of awareness of the residents of Realengo neighborhood, about the bats, a questionnaire was applied with eight questions about these animals. Questionnaires were applied to people chosen at random on September 26, 2015, during the event organized by the Responsible Education Colleges St. Joseph in Piazza Padre Miguel. Analyzing the answers it can see that the residents of Realengo has a sense of the importance of preservation, but there are still some misunderstandings regarding bats. This result demonstrates the need and the importance of environmental education about these animals, which are very important for maintaining the balance of the environment. Keywords: Bats, environmental education, awareness. Ciência Atual | Rio de Janeiro | Volume 9, Nº 1 • 2017 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 02-09 INTRODUÇÃO Os morcegos são os únicos mamíferos dotados da real capacidade de vôo, possuem hábitos noturnos para evitar predadores e terem maior oferta de alimentos sem concorrência (REIS et al., 2008). São os mamíferos mais cercados de crendices e injustiçados, tendo muitas fantasias ligadas aos seus hábitos alimentares e modo de vida noturno (CASSIMIRO & MORATO, 2003). Morcegos possuem grande importância para a natureza, sendo grandes polinizadores e dispersores de várias espécies vegetais (HILL & SMITH, 1992) e controladores de animais, como: insetos, pequenos roedores e peixes. No Brasil, os morcegos e demais animais silvestres estão protegidos pela lei n. 5.197, de 3 de janeiro de 1967, Diário Oicial de 5 de janeiro de 1967, na qual seu artigo primeiro diz: ¨Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou captura¨. A presente pesquisa teve como objetivo saber a opinião dos moradores de Realengo a respeito dos morcegos. MATERIAL E MÉTODOS Para saber o nível de instrução de moradores do bairro de Realengo, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, a respeito dos morcegos, foi aplicado no dia 26 do mês de setembro de 2015, durante evento de Ensino Responsável das Faculdades São José, um questionário formado por oito perguntas com respostas fechadas em vinte pessoas que transitavam na região. As pessoas foram escolhidas de forma aleatória na Praça Padre Miguel, no centro do bairro. RESULTADOS E DISCUSSÃO As pessoas foram escolhidas aleatoriamente e apresentaram o seguinte grau de escolaridade: 55% completaram o ensino médio, 25% possuem o ensino fundamental e 20% airmaram terem concluído o ensino superior. A primeira questão a respeito dos morcegos era: ¨Na sua opinião, a qual grupo os morcegos pertencem? ¨, e apresentava como opções: aves, insetos ou mamíferos. 75% responderam que morcegos são mamíferos, 15% disseram que eles pertencem ao grupo das aves e 10% airmaram que eles são insetos (Fig. 1). O fato de que os morcegos são os únicos mamíferos a apresentarem o vôo real (REIS, 1982), pode levar as pessoas a os confundirem com aves ou até mesmo insetos, porém o resultado foi interessante visto que, 75% dos perguntados acertaram, airmando que eles pertencem ao grupo dos mamíferos. Figura 1: Resultado da primeira pergunta, sobre a qual grupo os morcegos pertencem. Ciência Atual | Rio de Janeiro | Volume 9, Nº 1 • 2017 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 03-09 Ao serem questionados sobre a possível existência de alguma relação entre morcegos e ratos, o resultado icou dividido, com 50% airmando que existe e 50% respondendo que não existe nenhuma relação entre eles (Fig. 2). Algumas pessoas ainda airmam que morcegos podem ser ratos velhos, porém essa relação é errônea, visto que a única ligação existente é que os dois pertencem ao grupo dos mamíferos. Figura 2: Representação do resultado da questão sobre a existência ou não de relação entre morcegos e ratos. A terceira pergunta foi sobre alimentação dos morcegos, tendo como respostas possíveis: sangue, varia de acordo com a espécie, frutas, insetos e pequenos vertebrados. Insetos e pequenos vertebrados, não foram escolhidas por nenhum dos entrevistados, sendo que algumas espécies de morcegos podem ser carnívoros, se alimentando de pequenos vertebrados, como: rãs, lagartixas, aves, pequenos roedores e até morcegos menores (REIS & PERACCHI, 1987) ou insetívoros (SCHNITZLER &MOSS, 1998). 60% dos entrevistados airmaram que a alimentação dos morcegos varia de acordo com a espécie, 30% disseram que eles só comem frutos e apenas 10% se alimentam de sangue (Fig.3). Em relação a alimentação, os morcegos podem ser divididos em seis grandes grupos, como: insetívoros, carnívoros, piscívoros, frugívoros, polinívoros e hematófagos (REIS et al., 2008). As mais de 160 espécies brasileiras apresentam diferentes formas de cabeça que podem reletir os diferentes modos de conseguir comida (FENTON, 1992; REIS et al., 2006). Figura 3: Resultado da terceira pergunta da pesquisa que foi sobre o tipo de alimento que os morcegos consomem. Ciência Atual | Rio de Janeiro | Volume 9, Nº 1 • 2017 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 04-09 Quando perguntados se os morcegos atacam as pessoas, 60% disseram que não e 40% airmaram que sim. É importante ressaltar que qualquer espécie de animal silvestre pode tentar se defender se estiver ou se sentir encurralado, porém em condições naturais, das cerca de 1200 espécies de morcegos no mundo, apenas três gêneros americanos alimentam-se de sangue de animais de sangue quente, como aves e mamíferos, dentre esses até de seres humanos (GARDNER, 1977). Figura 4: Figura demonstrando o resultado da quarta pergunta em relação ao ataque de morcegos a pessoas. A quinta questão indagou aos entrevistados se os morcegos podem transmitir doenças e 100% dos entrevistados disseram que sim (Fig. 5). A verdade é que os morcegos, assim como qualquer animal silvestre podem estar sujeitos a associações com agentes patogênicos ao homem. Existe uma relação entre os morcegos e o fungo saprofítico Histoplasma capsulatum, agente da histoplasmose, cuja a contaminação se dá em solos contaminados com fezes de morcegos (DARLING, 1906). A raiva é a doença mais preocupante, não tanto pela transmissão ao homem, mas, predominantemente, em relação ao gado (CONSTANTINE, 1970). É bom sempre lembrar, que, morcegos assim como os cães e gatos podem transmitir a raiva, tal doença pode ser facilmente evitada com a vacinação anti-rábica. Figura 5: Resultado da pergunta sobre a possibilidade de transmissão de doenças por morcegos. Ciência Atual | Rio de Janeiro | Volume 9, Nº 1 • 2017 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 05-09 Morcegos possuem alguma importância para o meio ambiente? Essa foi a sexta indagação e 75% dos entrevistados disseram que sim e 25% airmaram que não. Apesar de a maioria responder que sim, ainda temos 25% airmando que não, o que é um verdadeiro equívoco, sabendo que todas as espécies silvestres possuem grande importância na manutenção de um ecossistema equilibrado (Fig. 6). Figura 6: Resultado da pergunta sobre a importância dos morcegos para o meio ambiente. Quando perguntados sobre qual seria a importância dos morcegos, os entrevistados tinham as seguintes possibilidades de respostas: não sei responder, desequilíbrio ecológico e dispersão de sementes e controle populacional. 60% responderam que eles são importantes na dispersão de sementes e no controle populacional, 35% não souberam responder e 5% relataram que era no desequilíbrio ambiental (Fig. 7). Grande parte das pessoas responderam que eles são importantes na dispersão de sementes e no controle populacional, realmente temos que ressaltar a importância dos morcegos na predação de insetos crepusculares e noturnos, podendo reduzir o número de mosquitos transmissores da dengue, leishmaniose, malária, além de insetos daninhos para lavouras, diminuindo o uso dos agrotóxicos que tanto mal causam ao homem (YALDEN & MORRIS, 1975). Morcegos também são importantes agentes de polinização para cerca de 500 plantas neotropicais (VOGEL, 1969), e são os melhores dispersores entre todos os mamíferos (HUBER, 1910; VAN DER PIJL, 1957). Figura 7: Resultado da questão sobre qual a importância dos morcegos para o meio ambiente. Ciência Atual | Rio de Janeiro | Volume 9, Nº 1 • 2017 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 06-09 Por último, as pessoas foram questionadas sobre o que fariam se encontrassem algum morcego em sua residência. Para responder elas tinham as seguintes opções: tentaria capturá-lo para depois soltar, acenderia as luzes, chamaria um órgão competente ou mataria. De todos os entrevistados, 35% disseram que tentaria capturá-lo para depois soltar, 30% acenderia as luzes, 25% chamaria um órgão competente e 10% mataria o morcego (Fig. 8). Esse resultado foi muito preocupante, pois como já foi relatado acima, quando animais silvestres se sentem encurralados eles atacam e o maior número de mordidas e problemas com morcegos vêm da tentativa de manipulação dos mesmos. Acender as luzes também não é eiciente, matar não é o correto visto que são animais protegidos por lei. O correto seria chamar um órgão competente para remover o animal, como o corpo de bombeiros ou especialistas. Figura 8: Resultado da questão sobre o que as pessoas fariam se encontrassem um morcego em sua residência. CONCLUSÃO Os entrevistados demonstraram ter algum conhecimento da importância de se preservar os morcegos, porém icou comprovado com a pesquisa que ainda existe muita confusão acerca dos animais silvestres, sendo importante a implementação de práticas de educação ambiental sobre a relevância da fauna e da lora como um todo. Uma sociedade consciente deve levar a cabo uma conservação sem preconceitos, que não inclua somente animais que agradam o público. Os morcegos representam um dos grupos animais mais vitimados pela falta de conhecimento da população, sendo eles fundamentais para a manutenção de um ecossistema saudável. Ciência Atual | Rio de Janeiro | Volume 9, Nº 1 • 2017 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 07-09 CONCLUSÃO CASSIMIRO, R.; MORATO, L. As primeiras referências sobre morcegos no Brasil. O Caster, Belo Horizonte, v.15, n. 3, p. 80-83, jul. 2003. CONSTANTINE, D. G. Bats in relation to the health, welfare and economy of man. In: WINSATT, W. A.(Ed.). Biology of bats. Nova Iorque: Academic Press, 1970. P.319-499. DARLING, S. T. A protozoan general infection producing pseudotubercles in the lungs and focal nocrosis in the liver, spleen, and lymph nodes. Journal of the American Medical Association, v.46, p.1283-1285, 1906. FENTON, M. B. Bats. Nova Iorque: Facts on File, 1992. GARDNER, A. L. Feeding habits. In: BAKER, R. J.; JONES JR, J. K.; CARTER, D. C. (Eds.). Biology of the bats of the new world family Phyllostomatidae. Lubbock: Special publications museum Texas Tech University, 1977. V. 13. HILL, J. E.; SMITH, J. D. Bats: a natural history. Austin: University of Texas Press, 1992. HUBER, J. Matas e madeiras amazônicas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, série Zoologia, Belém, v.6, p.91-225, 1910. REIS, N. R. Morcegos da região de Manaus e suas relações com fungos patogênicos. Semina, Londrina, v. 12, n. 3, p.255-262, 1982. REIS, N. R., PERACCHI. A. L. Quirópteros da região de Manaus, Amazonas, Brasil (Mammalia, Chiroptera). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, série Zoologia, Belém, v. 3, n. 2p. 161-182, 1987. REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; PEDRO, W. A.; LIMA, I. P. (Eds.) Mamíferos do Brasil. Londrina: N. R. REIS, 2006. P. 17-25. REIS. N. R., PERACCHI. A. L. & SANTOS. G. A. S. D. Ecologia de Morcegos. Ed. Technical Books. Londrina Paraná, 2008. SCHNITZLER, H-U; MOSS, C. F. Echolocation: introducion. In: KUNZ, T. H.; RACEY, P. A. (Eds.). Bat biology and conservation. Washington: Smithsonian Institution Press, 1998. P. 181-182. VAN DER PIJL, L. The dispersal of plants by bats (Chiropterochory). Acta Botanica Neerlandica, Gotemburgo, v.6, p.2910315, 1957. VOGEL, S. Chiropterophilie in der neotropischen Flora Neue Mitteilungen III. Flora, Filadélia, v. 158,p.289-323, 1969. YALDEN, D. W.; MORRIS, P. A. The lives of bats. Canadá: David & Charles, 1975. Ciência Atual | Rio de Janeiro | Volume 9, Nº 1 • 2017 | inseer.ibict.br/cafsj | Pg. 08-09