Este trabalho tem por objetivo estabelecer uma relação comparatista entre a música Exagerado, composta também pelo produtor mineiro Ezequiel Neves e interpretada pelo cantor bissexual Cazuza, e o romance Mil rosas roubadas (2014) do escritor, crítico e intelectual mineiro Silviano Santiago. O interesse pela aproximação das duas manifestações artísticas se dá por questões de ordem biográfico-culturais e epistêmicas. Em síntese, o romance de Silviano se fundamenta na amizade/relacionamento do personagem e narrador Silviano com o amigo Zeca. O romance é atravessado por um amor homossexual (LOPES, 2002) que, por muitas vezes, é exagerado e frustrado tal qual a canção de Cazuza explicita. Nesse sentido, ao Silviano intitular seu romance de 2014 com o nome da música produzida também por Ezequiel em 1985 faz-se possível, através de uma leitura metafórico-comparatista (SOUZA, 2002), o paralelo entre ambas as manifestações culturais brasileiras levando em consideração tanto as nossas sensibilidades enquanto críticos quanto as dos sujeitos objetos em questão. Além disso, é permissível relacionar o enredo da narrativa literária, à luz de uma perspectiva crítico-biográfica, à letra da música interpretada por Cazuza uma vez que os textos descrevem um relacionamento amoroso aquilatado em um relacionamento mais imaginário, metafórico do que real. Desse modo, a discussão epistemológica se respalda, essencialmente, na crítica biográfica (SOUZA, 2002) (SOUZA, 2011), na autoficção e nas escritas de si (KLINGER, 2012) e nos estudos sobre a homossexualidade (LOPES, 2002). Para tal, nos valeremos das reflexões de teóricos, dentre outros, como Edgar Cézar Nolasco, Rosa Montero, Eneida Maria de Souza, Diana Klinger, Denilson Lopes e Philippe Lejeune.