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Territórios e Paisagens na América Latina Claudia Maria Leal Leon Diogo de Carvalho Cabral Marina Miraglia Rogério Ribeiro de Oliveira C 1 2 3 4 omo invenção moderno-colonial, a América Latina por séculos foi vista como “espaço” puro, um continente vazio a ser preenchido. Pretensamente impelidos e agraciados pela vontade divina, os europeus viam a si mesmos como agentes históricos no duplo sentido da expressão, ou seja, como atores e escritores do drama da colonização. Com suas armas, sua biota e suas letras, os colonizadores ao mesmo tempo criaram e preencheram o “espaço” americano – exterminando e substituindo as populações nativas (humanas e não-humanas), geometrizando a representação da terra e registrando alfabeticamente uma história regional sob a perspectiva dos invasores. PhD em Geografía, University of California – Berkley, Estados Unidos. Universidad de los Andes, Colombia. claleal@uniandes.edu.co 2 Doutorado em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Brasil. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, Brasil. diogo.cabral@ibge.gov.br 3 Doutorado em Filosofia e Letras com Orientação em Geografía, Faculdade de Filosofia e Letras da Universidad de Buenos Aires. Universidad Nacional de General Sarmiento, Argentina. mmiragli@ungs.edu.ar 4 Doutorado em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Brasil. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio, Brasil. rro@puc-rio.br 1 Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science • http://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/ v.6, n.1, jan.-abr. 2017 • p. 12-21. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2017v6i1.p12-21 • ISSN 2238-8869 12 Territórios e Paisagens na América Latina Claudia Maria Leal Leon; Diogo de Carvalho Cabral; Marina Miraglia; Rogério Ribeiro de Oliveira Problematizando esse viés colonial, inúmeros estudos realizados nas últimas décadas vêm mostrando que as espacialidades latino-americanas não se resumem à expansão européia. Muito antes da chegada dos europeus, as terras já eram intensamente trabalhadas e modeladas conforme necessidades, desígnios e saberes locais. Redes transcontinentais de comércio estruturavam a vida cultural de inúmeras comunidades ameríndias, sobretudo nas terras altas andinas e mexicanas e na planície amazônica. Mesmo após a invasão européia, a estruturação espacial do que viria a ser chamado, séculos depois, de “América Latina”, seguiria os lineamentos fundamentais dos ameríndios; para impor sua dominação, os colonizadores utilizaram, em grande medida, os centros de povoamento e as redes de circulação nativos. Mais do que “espaço”, portanto, a compreensão dessas complexidades geográficas deve ser norteada pelos conceitos de território e paisagem. Embora em matizes diferentes, ambos iluminam a particularização da superfície terrestre, tanto na dimensão físico-material (cerceamentos e alterações geoecológicas) quanto na dimensão cognitiva e cultural (percepções, interpretações e narrativas), privilegiando um entendimento qualitativo da diferenciação espacial baseada em instituições e técnicas, poderes e saberes. Tradicionalmente utilizado por geógrafos, esses dois conceitos têm sido apropriados, nas últimas décadas, por ecólogos, antropólogos e historiadores, entre outros especialistas, como ilustrado pelos oito artigos que compõem este dossiê. Seus autores exploram casos da Argentina, Chile, Brasil e Colômbia que entrelaçam as ciências sociais com as ciências naturais, o mundo humano com o mundo não humano e o tempo com o espaço. Estes textos tendem a enfocar áreas de fronteira para reconstruir paisagens passadas, analisar diferentes visões de paisagem ou explorar conflitos relacionados com usos distintos do território. Dois dos artigos do dossiê abordam a costa atlântica da América do Sul, utilizando métodos distintos para reconstruir paisagens pretéritas. Em “Buscando la historia en los bosques: el papel de los macrovestigios y de la vegetación en la Mata Atlántica”, Adi Estela Lazos Ruíz, Rogério Ribeiro de Oliveira e Alexandro Solórzano exploram o potencial dos objetos e configurações encontrados na paisagem atual como evidências de territorialidades humanas do passado. Marina Miraglia, por sua vez, utiliza outro tipo de evidência, os relatos de viajantes, para entender a realidade territorial das bacias próximas à capital Argentina no século XIX. “Los relatos de viajeros y científicos como fuente de datos para la reconstrucción histórica y cartográfica del territorio en las cuencas del Reconquista y Las Encadenadas en la provincia de Buenos Aires (Argentina) durante el siglo XIX” mostra como relatos e visões de viajantes e cientistas apresentam um substrato que permite reconstrução cartográfica e histórica da província de Buenos Aires. Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science • http://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/ v.6, n.1, jan.-abr. 2017 • p. 12-21. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2017v6i1.p12-21 • ISSN 2238-8869 13 Territórios e Paisagens na América Latina Claudia Maria Leal Leon; Diogo de Carvalho Cabral; Marina Miraglia; Rogério Ribeiro de Oliveira Os relatos de viajantes também constituem a fonte privilegiada do texto “Los límites del territorio nacional: desiertos impenetrables e indios salvajes en los escritos de viajeros decimonónicos en Chile”. Seus autores, Inmaculada Simón Ruiz e Eva Sanz Jará, mudam o ângulo de análise, pois em lugar de usar os testemunhos para descrever paisagens passadas, analisam a visão que a paisagem do sul e norte do Chile, bem como de seus habitantes indígenas, tinham os viajantes que percorreram essas terras e escreveram sobre elas. Algo similar fazem Alessandra Izabel de Carvalho e Darcio Rundvalt em “Narrando a paisagem: os Campos Gerais do Paraná em três relatos de viagem do século XIX”. Neste trabalho a paisagem dos campos do Paraná é descrita sob a perspectiva de três viajantes do século XIX, evidenciando distintas visões do espaço. “Crossing the Green Line: Frontier, Environment and the Role of Bandeirantes in the Conquering of Brazilian Territory”, de Sterling Evans e Sandro Dutra e Silva, reforça a impressão dada pelos artigos anteriores, que os conceitos de paisagem e território atraem a quem trabalha com as regiões de fronteira. Este texto apresenta um panorama geral sobre a história dos bandeirantes e quem escreveu sobre eles. Além de expor a visão heróica sobre os bandeirantes presente na literatura histórica, Evans e Dutra situam esses aventureiros dentro da história da apropriação da fronteira e exploram os escritos desses personagens para demonstrar que concebiam o ambiente como um obstáculo para suas apropriações. Outros dois artigos estudam regiões da Amazônia como cenários de intervenção técnica e ideológica, bem como os conflitos resultantes. Em “A Força dos Varadouros na Amazônia: o caso da Comissão de Obras Federais do Território do Acre e a oposição de seringalistas e rios às estradas de rodagem (1907-1910)”, André Vasques Vital aborda a oposição dos seringalistas à construção de uma estrada em direção aos centros administrativos localizados nas cabeceiras fluviais no então território federal do Acre. Embora a estrada tenha sido construída, ela foi, em poucos anos, recoberta pela floresta, em razão da falta de uso. As vias realmente úteis para a economia da borracha eram os rios e varadouros, caminhos construídos muito tempo atrás e que eventualmente serviram de base para a construção da estrada. Por sua vez, Diana Carolina Ardila Luna e Margarita Serje, en “¿El río como infraestructura? El caso del río Meta, Colombia”, propõem o conceito de “regimes de intervenção”, que articula habilmente a literatura geográfica sobre ajuste socioespacial e expansão capitalista com a literatura foucaultiana sobre projetos e dispositivos de poder. Os autores usam esse conceito para analisar a geografia histórica do rio Meta (Orinoquia colombiana), como sucessivas projeções espaciais de projetos técnico-econômicos e discursivo-governativos. Ênfase é dada ao período mais recente, desde o final do século XX, quando se instalam poderosos interesses de navegabilidade visando à Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science • http://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/ v.6, n.1, jan.-abr. 2017 • p. 12-21. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2017v6i1.p12-21 • ISSN 2238-8869 14 Territórios e Paisagens na América Latina Claudia Maria Leal Leon; Diogo de Carvalho Cabral; Marina Miraglia; Rogério Ribeiro de Oliveira integração ao mercado internacional, ao mesmo tempo em que emerge um projeto vinculado à biodiversidade e às mudanças climáticas. Por fim, o artigo “Turismo de Segundas residências: análise dos conflitos territoriais no destino de Matinhos (Litoral do Paraná)” de Cinthia Maria de Sena Abrahão e Edegar Luis Tomazzoni, mostra a força do capital especulativo entrando em uma pequena cidade litorânea. O texto evidencia as lógicas das contradições e a formação de novos territórios e espaços no chamado turismo de segunda residência. Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science • http://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/ v.6, n.1, jan.-abr. 2017 • p. 12-21. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2017v6i1.p12-21 • ISSN 2238-8869 15 Territórios e Paisagens na América Latina Claudia Maria Leal Leon; Diogo de Carvalho Cabral; Marina Miraglia; Rogério Ribeiro de Oliveira Territorios y Paisajes en América Latina C omo invención moderno-colonial, América Latina por siglos, fue vista como “espacio” puro, un continente vacío a ser llenado. Pretenciosamente designados y premiados por la voluntad divina, los europeos se veían a sí mismos como agentes históricos en el doble sentido de la expresión, o sea, como actores y escritores del drama de la colonización. Con sus armas, su biota y sus letras, los colonizadores, al mismo tiempo, crearon y completaron el “espacio” americano – exterminando y sustituyendo las poblaciones nativas (humanas y no-humanas), geometrizando la representación de la tierra y registrando alfabéticamente una historia regional desde la perspectiva de los invasores. Problematizando ese sesgo colonial, inumerables estudios realizados en las últimas décadas vienen mostrando que las espacialidades latino-americanas no se resumen en la expansión europea. Mucho antes de la llegada de los europeos, las tierras ya eran intensamente trabajadas y modeladas según las necesidades, designios y saberes locales. Las redes transcontinentales del comercio estructuraron la vida cultural de innumerables comunidades amerindias, sobretodo en las tierras altas andinas y mexicanas y en la planicie amazónica. Aún después de la invasión europea, la estructuración espacial, de lo que sería llamado, siglos después “América Latina”, seguiría los lineamientos fundamentales de los amerindios; para imponer su dominación, los colonizadores utilizaron, en gran medida, los centros de poblamiento y las redes de circulación nativas. Mas que por el concepto de “espacio”, la comprensión de esas complejidades geográficas debe ser orientada por los conceptos de territorio y paisaje. Incluso con matices diferentes, ambos iluminan la particularidad de la superficie terrestre, tanto en la dimensión físico-material (reducciones y alteraciones geoecológicas) cuanto en la dimensión cognitiva y cultural (percepciones, interpretaciones y narrativas), privilegiando un entendimiento cualitativo en la diferenciación espacial basada en instituciones y técnicas, poderes y saberes. Tradicionalmente utilizado por geógrafos, esos dos conceptos han sido apropiados, en las últimas décadas, por ecólogos, antropólogos e historiadores, entre otros especialistas, como ilustran los ocho artículos que componen este dossie. Sus autores exploran casos de Argentina, Chile, Brasil y Colombia que entrelazan las ciencias sociales con las ciencias naturales, el mundo humano con el mundo no humano y el tiempo con el espacio. Estos textos tienden a enfocar áreas de frontera para reconstruir paisajes pasados, analizar diferentes visiones del paisaje o explorar conflictos relacionados con usos distintos del territorio. Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science • http://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/ v.6, n.1, jan.-abr. 2017 • p. 12-21. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2017v6i1.p12-21 • ISSN 2238-8869 16 Territórios e Paisagens na América Latina Claudia Maria Leal Leon; Diogo de Carvalho Cabral; Marina Miraglia; Rogério Ribeiro de Oliveira Dos de los artículos del dossie abordan la costa atlántica de América del Sur, utilizando métodos distintos para reconstruir paisajes pretéritos. En “Buscando la historia en los bosques: el papel de los macrovestigios y de la vegetación en la Mata Atlántica”, Adi Estela Lazos Ruíz, Rogério Ribeiro de Oliveira e Alexandro Solórzano exploran el potencial de los objetos y configuraciones encontrados en el paisaje actual como evidencias de territorialidades humanas del pasado. Marina Miraglia, en cambio, utiliza otro tipo de evidencia, los relatos de viajeros, para entender la realidad territorial de las cuencas próximas a la capital Argentina en el siglo XIX. “Los relatos de viajeros y científicos como fuente de datos para la reconstrucción histórica y cartográfica del territorio en las cuencas del Reconquista y Las Encadenadas en la provincia de Buenos Aires (Argentina) durante el siglo XIX” muestra cómo los relatos y visiones de viajeros y científicos presentan un sustrato que permite la reconstrucción cartográfica e histórica de la provincia de Buenos Aires. Los relatos de viajeros también constituyen una fuente privilegiada del texto “Los límites del territorio nacional: desiertos impenetrables e indios salvajes en los escritos de viajeros decimonónicos en Chile”. Sus autores, Inmaculada Simón Ruiz y Eva Sanz Jará, cambian el ángulo de análisis porque en lugar de usar los testimonios para describir los paisajes pasados, analizan la visión que los viajantes que recorrieron esas tierras y escribieron sobre ellas, tenían del paisjae del sur y norte de Chile, así como de sus habitantes indígenas. Algo similar hacen Alessandra Izabel de Carvalho y Darcio Rundvalt en “Narrando a paisagem: os Campos Gerais do Paraná em três relatos de viagem do século XIX”. En este trabajo el paisaje de los campos de Paraná es descripto sobre la perspectiva de tres viajeros del siglo XIX, evidenciando distintas visiones del espacio. “Crossing the Green Line: Frontier, Environment and the Role of Bandeirantes in the Conquering of Brazilian Territory”, de Sterling Evans y Sandro Dutra e Silva, refuerza la impresión dada por los artículos anteriores, que los conceptos de paisaje y territorio atraen a quien trabaja con las regiones de frontera. Este texto presenta un panorama general sobre la historia de los bandeirantes y quien escribió sobre ellos. Además de exponer una visión heroica sobre los bandeirantes presente en la literatura histórica, Evans y Dutra situan esos aventureros dentro de la historia de apropiación de la frontera y exploran los escritos de esos personajes para demostrar que concebían al ambiente como un obstáculo para sus apropiaciones. Otros dos artículos estudian regiones del Amazonas como escenarios de intervención técnica e ideológica, así como los conflictos resultantes. En “A Força dos Varadouros na Amazônia: o caso da Comissão de Obras Federais do Território do Acre e a oposição de seringalistas e rios às Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science • http://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/ v.6, n.1, jan.-abr. 2017 • p. 12-21. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2017v6i1.p12-21 • ISSN 2238-8869 17 Territórios e Paisagens na América Latina Claudia Maria Leal Leon; Diogo de Carvalho Cabral; Marina Miraglia; Rogério Ribeiro de Oliveira estradas de rodagem (1907-1910)”, André Vasques Vital aborda la oposición de los seringalistas a la construcción de una carretera en dirección a los centros administrativos localizados en las cabeceras fluviales en el entonces territorio federal de Acre. A pesar que la carretera fue construída, en poços años fue recubierta por la selva, debido a la falta de uso. Las vías realmente útiles para la economía del caucho fueron los ríos y los atajos, caminos construidos mucho tiempo atrás y que eventualmente sirvieron de base para la construcción de la carretera. A su vez, Diana Carolina Ardila Luna y Margarita Serje, en “¿El río como infraestructura? El caso del río Meta, Colombia”, propone el concepto de “regímenes de intervención”, que articula hábilmente la literatura geográfica sobre el ajuste socioespacial y la expansión capitalista con la literatura foucaultiana sobre proyectos y dispositivos de poder. Los autores usan ese concepto para analizar la geografía histórica del río Meta (Orinoquia colombiana), como sucesivas proyecciones espaciales de proyectos técnico-económicos y discursivo-gubernamentales. El énfasis está dado en el período más reciente, desde el final del siglo XX, cuando se instalaron poderosos intereses de navegabilidad destinado a la integración al mercado internacional, al mismo tiempo en el que emerge un proyecto vinculado a la biodiversidad y los cambios climáticos. Finalmente, el artículo “Turismo de Segundas residências: análise dos conflitos territoriais no destino de Matinhos (Litoral do Paraná)” de Cinthia Maria de Sena Abrahão y Edegar Luis Tomazzoni, muestra la fuerza del capital especulativo entrando en una pequeña ciudad litoral. El texto evidencia las lógicas de las contradicciones y la fomación de nuevos territorios y espacios, en el llamado turismo de segunda residencia. Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science • http://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/ v.6, n.1, jan.-abr. 2017 • p. 12-21. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2017v6i1.p12-21 • ISSN 2238-8869 18 Territórios e Paisagens na América Latina Claudia Maria Leal Leon; Diogo de Carvalho Cabral; Marina Miraglia; Rogério Ribeiro de Oliveira Territories and Landscapes in Latin America A s a modern-colonial invention, Latin America was seen as pure "space," an empty continent to be filled for centuries. The Europeans pretentiously impelled and graced by Divine will, they saw themselves as historical agents in the double sense of expression, that is, as actors and writers of the drama of colonization. The colonists, with their weapons, their biota and their lyrics, created and filled American "space" at the same time - exterminating and replacing native populations (human and nonhuman) they geometrized the representation of the land and alphabetizing a regional history under the perspective of the invaders. Problematizing this colonial bias, I can say that numerous studies carried out in recent decades have shown that Latin American spatialities are not limited to European expansion. The lands were already intensively worked and modeled according to needs, designs and local knowledge before the arrival of the Europeans. Transcontinental trade networks structured the cultural life of countless Amerindian communities, especially in the Andean and Mexican highlands and the Amazonian plains. Even after the European invasion, the spatial structuring which was to be called, centuries later, "Latin America", would follow the fundamental lineaments of the Amerindians; to impose their domination, the colonizers used the settlement centers and the native circulation networks in a large extent. Therefore, more than "space" the understanding of these geographical complexities must be guided by the concepts of territory and landscape. Although in different shades, both illuminate the particularization of the terrestrial surface, both in the physical-material dimension (constraints and geoecological changes) and in the cognitive and cultural dimension (perceptions, interpretations and narratives), favoring a qualitative understanding of the spatial differentiation based on institutions and techniques, powers and knowledge. Traditionally they used by geographers, these two concepts have been appropriated in recent decades by ecologists, anthropologists and historians, among other experts, as illustrated by the eight articles that make up this dossier. Their authors explore cases from Argentina, Chile, Brazil and Colombia that interweave the social sciences with the natural sciences, the human world with the nonhuman world and time with space. These texts tend to focus on frontier areas to reconstruct past landscapes, analyze different landscape views or explore conflicts related to distinct uses of territory. Two of the dossier articles cover the Atlantic coast of South America, using distinct methods to reconstruct past landscapes. In "Searching for history in the forests: the role of macrovestigios and vegetation in the Atlantic Forest", Adi Estela Lazos Ruíz, Rogério Ribeiro de Oliveira and Alexandro Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science • http://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/ v.6, n.1, jan.-abr. 2017 • p. 12-21. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2017v6i1.p12-21 • ISSN 2238-8869 19 Territórios e Paisagens na América Latina Claudia Maria Leal Leon; Diogo de Carvalho Cabral; Marina Miraglia; Rogério Ribeiro de Oliveira Solórzano explore the potential of the objects and configurations found in the current landscape as evidences of Human territories of the past. Marina Miraglia, on the other hand, uses another type of evidence, the travelers’ reports to understand the territorial reality of the basins near the capital Argentina in the nineteenth century "The stories of travelers and scientists as a source of data for the historical and cartographic reconstruction of the territory in the basins of the Reconquista and Las Encadenadas in the province of Buenos Aires (Argentina) during the nineteenth century" She shows how reports and visions of travelers and scientists present a substrate that allows cartographic and historical reconstruction of the province of Buenos Aires. The travelers’ reports also constitute the privileged source of the text "The limits of the national territory: impenetrable deserts and savage Indians in the writings of nineteenth-century travelers in Chile". The authors, Inmaculada Simón Ruiz and Eva Sanz Jará, change the angle of analysis, instead of using the testimonies to describe past landscapes, they analyze the vision of the landscape of the south and north of Chile as well as its indigenous inhabitants that the travelers had when they traveled over these lands and wrote about them. Something similar is done by Alessandra Izabel de Carvalho and Darcio Rundvalt in "Narrating the landscape: the Campos Gerais of Paraná in three travel accounts of the nineteenth century." In this study, the landscape of the fields of Paraná is described from the perspective of three travelers of the nineteenth century, evidencing different visions of space. "Crossing the Green Line: Frontier, Environment and the Role of Bandeirantes in the Conquering of Brazilian Territory", by Sterling Evans and Sandro Dutra e Silva, reinforces the impression given by previous articles that the concepts of landscape and territory attract those who works with the border regions. This work presents an overview of the history of the bandeirantes and who wrote about them. In addition to exposing the heroic view of the bandeirantes present in the historical literature, Evans and Dutra situate these adventurers within the history of the appropriation of the frontier and explore the writings of these characters to demonstrate that they conceived the environment as an obstacle to their appropriations. Two other articles study some regions of the Amazon as scenarios of technical and ideological intervention, as well as the resulting conflicts. In "The Force of Varadouros in the Amazon: the case of the Commission of Federal Works of the Territory of Acre and the opposition of seringalistas and rivers to the roadways (1907-1910)", André Vasques Vital addresses the opposition of the rubber workers to the construction of a Road to the administrative centers located in the river headlands in the federal territory of Acre. Although the road was built in a few years, but as it was not being used, so it Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science • http://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/ v.6, n.1, jan.-abr. 2017 • p. 12-21. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2017v6i1.p12-21 • ISSN 2238-8869 20 Territórios e Paisagens na América Latina Claudia Maria Leal Leon; Diogo de Carvalho Cabral; Marina Miraglia; Rogério Ribeiro de Oliveira was overgrown by the forest. The really useful ways for the rubber economy were the rivers and waterways, paths built long ago and eventually served as the basis for the construction of the road. Diana Carolina Ardila Luna and Margarita Serje, in “¿El río como infraestructura? El caso del río Meta, Colombia " propose the concept of "intervention regimes ", which skillfully articulates geographic literature on socio-spatial adjustment and capitalist expansion with Foucauldian literature on power projects and devices. The authors use this concept to analyze the historical geography of the Meta river (Colombian Orinoquia) as successive spatial projections of technical-economic and discursivegovernmental projects. The emphasis is given to the most recent period since the end of the twentieth century, when powerful navigational interests have been established, aiming at integration into the international market, at the same time as a project linked to biodiversity and climate change emerges. Lastly, the article "Tourism of Second homes: analysis of territorial conflicts in the destination of Matinhos (Litoral do Paraná)" by Cinthia Maria de Sena Abrahão and Edegar Luis Tomazzoni. The study shows the strength of speculative capital entering a small coastal city, it also demonstrates the logic of contradictions and the formation of new territories and spaces called tourism of second residence. Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science • http://revistas.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/ v.6, n.1, jan.-abr. 2017 • p. 12-21. • DOI http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2017v6i1.p12-21 • ISSN 2238-8869 21