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AS CONVERSAÇÕES DE PAZ SOBRE O CONFLITO SÍRIO PRINCIPAIS AVANÇOS E DIFERENÇAS ENTRE AS REUNIÕES DE VIENA (2015) E GENEBRA III (2016) Douglas de Quadros Rocha14 Isabela Souza Julio15 Patrícia Graeff Machry16  As conversações de paz de Viena e Genebra III foram as últimas iniciativas multilaterais em busca de uma resolução para a Guerra Civil Síria, e elas contaram com a participação de atores domésticos e regionais importantes que não haviam participado juntos de negociações de paz anteriores.  O papel de Bashar al-Assad durante e após o processo de transição política na Síria é peça-chave para a resolução do conflito.  Os interesses conflitantes dos países e dos grupos locais envolvidos nas negociações, bem como a não participação de grupos relevantes da oposição, são os principais empecilhos para o avanço do processo de paz na Síria. Apresentação desde o começo do ano, em Genebra, mediadas pela Organização das Nações Unidas (ONU). Porta-vozes do grupo de oposição, autodenominado Alto Comitê de Negociação (HNC, do inglês High No dia 18 de abril de 2016, a oposição ao governo sírio suspendeu, por tempo indeterminado, sua participação formal nas conversações de paz acerca da situação na Síria, que vêm ocorrendo 14 Graduando do 5º semestre do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Contato: douglasqrocha@gmail.com 15 Graduanda do 5º semestre do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Contato: isabelasjulio@gmail.com 16 Graduanda do 7º semestre do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Contato: pgmachry@gmail.com Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.1 n.1 | p. 1-95 | jul/2016 | ISSN: 2525-5266 36 Saudita e as petromonarquias do Golfo, apoiadas por Israel, Turquia e Estados Unidos da América, do outro (Matthiesen 2015; Moraes Roberto 2015). Negotiation Committee), justificaram que a saída das conversações de paz se dava, sobretudo, em virtude das violações, por parte do governo sírio, ao cessar-fogo estabelecido em 27 de fevereiro de 2016. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, bem como o presidente da Rússia, Vladimir Putin, demonstraram preocupação e afirmaram a importância do respeito ao cessar-fogo e da permanência das conversações de paz de Genebra para uma resolução pacífica do conflito sírio (Martin 2016; Stratfor 2016). Em paralelo ao conflito, iniciaramse diversas conversações de paz que visaram a solução da situação síria. O último esforço visando a resolução do conflito teve início em outubro de 2015, em Viena, e culminou nas reuniões de Genebra III. Essas últimas permitiram que as conversações adentrassem em uma nova fase, que tinha como principal diferencial a inclusão simultânea da oposição síria e do governo de Bashar alAssad nas negociações. A partir de 2011, a região do Oriente Médio presenciou a ocorrência de uma série de manifestações que ficaram conhecidas como Primavera Árabe, e que marcaram uma mudança significativa na geopolítica da região. Manifestações pró-democracia irromperam em vários países clamando, sobretudo, por melhorias socioeconômicas. Logo tais manifestações chegaram à Síria, onde o regime de Bashar al-Assad respondeu com violência, dando início ao conflito sírio que se estende até os dias de hoje (Rodgers et al. 2016). As manifestações na Síria transformaram-se em uma guerra civil que já vitimou mais de 250 mil pessoas, além de ter promovido a maior crise de refugiados - cerca de 4 milhões de pessoas - desde a Segunda Guerra Mundial (Hudson 2016; Amnesty International 2015). Marcado pela interferência de potências regionais e extrarregionais, o conflito tomou proporções mais amplas, opondo, principalmente, duas potências regionais e seus aliados: a República Islâmica do Irã de um lado, e o Reino da Arábia Mas, afinal, no que consistem essas negociações de paz? Por que elas foram consideradas tão inovadoras e promissoras por parte da maioria dos especialistas e, portanto, por que razão a saída da oposição pode ter um significado importante para o desenrolar dos eventos na Síria, um país cuja situação parece cada vez mais difícil de solucionar? Compreendendo a importância de tais questionamentos, a presente análise buscará i) identificar a importância do conflito sírio na região através da análise das últimas conversações de paz; ii) explorar os diversos e, inclusive, divergentes interesses existentes com relação à resolução da Guerra Civil Síria e como os atores envolvidos tem se comportado para atingi-los por meio de sua participação nas negociações; iii) entender por que as conversações de paz de 2016 foram significativamente diferentes dos demais esforços Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.1 n.1 | p. 1-95 | jul/2016 | ISSN: 2525-5266 37 França, Reino Unido e China - levou à produção de um communiqué que detalhava uma série de critérios necessários à resolução do conflito político sírio. Esse documento, porém, falhava em identificar quem eram as partes que deveriam ser incluídas em um futuro governo de transição, uma vez que não existe apenas um movimento de oposição ao governo sírio, e sim, vários, dotados de ideologias e motivações distintas entre si (Groarke 2016; United Nations 2012). realizados para resolver o conflito, e iv) analisar quais as possíveis consequências que viriam dessas conversações e como a saída do grupo de oposição pode afetá-las. Parte-se da premissa que as conversações de Genebra III, cujas bases acredita-se terem sido lançadas com as negociações de Viena em 2015, vinham sendo fundamentalmente distintas dos esforços anteriores em razão de terem envolvido, ao mesmo tempo, tanto países com interesses divergentes, como Irã, Arábia Saudita e Turquia, ou Estados Unidos e Rússia, quanto o governo e a oposição síria. Além disso, supõe-se também que, apesar dessa característica inovadora, a ausência dos curdos da Síria nas negociações poderia fazer com que o alcance delas fosse limitado. Por fim, entende-se que o respeito a um cessarfogo seja fundamental por parte de todas as partes envolvidas para que futuras conversações sejam concluídas com sucesso, e que a saída do grupo de oposição em virtude da violação do cessar-fogo pode vir a significar o fim, por tempo indeterminado, dos esforços empreendidos para a resolução pacífica da guerra síria. As Conversações de Paz Sobre a Síria Em 2014, a II Conferência de Genebra, novamente realizada pela ONU, buscou levar o governo de Bashar alAssad e alguns dos principais grupos de oposição - organizados como Coalizão Nacional Síria - juntos à mesa de negociação, em uma clara tentativa de buscar a paz no país por meio de uma divisão de poder acordada entre todas as partes envolvidas. Essas negociações, entretanto, não tiveram tantos efeitos práticos, uma vez que, internamente, Assad ignorava esses esforços de incorporação da oposição e, internacionalmente, países vizinhos e outras potências internacionais pareciam ter cada vez menos disposição para negociar com o presidente sírio - sendo a Rússia e o Irã as mais significativas exceções (Groarke 2016). O processo de negociações de paz sobre a Síria já vem se desenrolando desde 2011, quando começou a guerra civil que, até hoje, assola o país. Em 2012, a I Conferência de Genebra, liderada pelas Nações Unidas com apoio dos membros permanentes do Conselho de Segurança - Estados Unidos, Rússia, Com a ascensão do Estado Islâmico em 2014, a preocupação em combatê-lo somou-se às preocupações relacionadas à transição política na Síria, e o debate sobre o conflito no país tornou-se ainda mais intenso. No ano de 2015, após o início do envolvimento direto da Rússia na Síria, com a Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.1 n.1 | p. 1-95 | jul/2016 | ISSN: 2525-5266 38 No dia 23 de outubro, o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, e o ministro das relações exteriores russo, Sergei Lavrov, encontraram-se em Viena, e definiram que as próximas conversações de paz sobre a Síria envolveriam todas as partes envolvidas - uma definição significativa quando se leva em conta que os últimos esforços de acordos haviam representado os interesses dos Estados Unidos, da Europa e de seus aliados regionais, como Turquia e Arábia Saudita, de ver Assad fora do poder como precondição para atingir a paz. A declaração de Kerry de que estaria disposto a aceitar qualquer parceria que servisse para derrotar o Estado Islâmico sinalizava que, muito provavelmente, Lavrov teria conquistado um dos maiores objetivos russos: o consentimento ocidental para finalmente dar ao Irã, um dos maiores aliados do regime Assad, um lugar na mesa de negociações (Mohammed and Murphy 2016). intervenção de setembro, os esforços em busca da resolução do conflito parecem ter atingido um patamar mais elevado, contendo diferenças significativas com relação aos anteriores. Assim, a presente análise se concentrará nas negociações de paz de Genebra iniciadas em fevereiro de 2016, que ficaram conhecidas como Genebra III, e nas negociações anteriores a essas, ocorridas em Viena, no final de 2015, que teriam fornecido as bases para as conversações de Genebra III. As conversações de paz sobre a Síria em Viena (2015) Em 30 de setembro de 2015, a Rússia realizou ataques aéreos na Síria, alegando que todos seus alvos seriam pertencentes ao Estado Islâmico. Alguns países ocidentais, em especial os Estados Unidos, questionaram essa alegação, acusando a Rússia, tradicional defensora do governo de Assad, de ter também infligido ataques à oposição do governo sírio. Independentemente das controvérsias geradas com relação aos alvos dos ataques russos, porém, importa aqui frisar que essa iniciativa russa alterou significativamente o balanço de poder no conflito sírio. Tal intervenção se deu em uma conjuntura na qual as forças de Bashar al-Assad perdiam progressivamente o controle sobre territórios na Síria. Com um maior envolvimento da Rússia, uma potência com grandes capacidades políticas e militares, ficava claro que não apenas Moscou teria um protagonismo nas possíveis resoluções acerca da situação síria, como também entraria nessas negociações em defesa de Assad. Essas suposições confirmaram-se no dia 30 de outubro, quando ocorreu a primeira rodada das reuniões sediadas em Viena. Os principais participantes foram Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita, Irã e Turquia, países com visões fundamentalmente diferentes acerca do futuro de Assad e do tratamento necessário aos diferentes grupos de oposição na Síria, em especial os curdos. Foi a primeira vez que Irã e Arábia Saudita participaram de uma mesma rodada de negociações. Apesar dessa mudança significativa, é importante salientar que nenhum representante sírio foi convidado a participar. Além desses cinco países, também estiveram Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.1 n.1 | p. 1-95 | jul/2016 | ISSN: 2525-5266 39 internacional renovado, apesar de seu apoio ao regime de Assad (Waterfield, Dominiczak and Blair 2016; Chatham House 2016). Ficava claro que, partir daquele momento, a resolução da guerra civil síria não poderia mais ser decidida unilateralmente pelos países ocidentais – como fora feito na desastrosa intervenção da Líbia -, mas somente por meio de um diálogo entre todas as partes envolvidas, inclusive a Rússia e o Irã, principais apoiadores de Bashar al-Assad (Mohammed and Murphy 2015; Lynch and Hudson 2015). presentes França, Reino Unido, Alemanha, Itália, China, Egito, Omã, Qatar, Jordânia, Líbano, Iraque, Emirados Árabes Unidos, e representantes da União Europeia e da Organização das Nações Unidas. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a palavra de ordem em Viena deveria ser “flexibilidade”, uma vez que os vários países participantes apoiavam, cada um, grupos distintos dentro da Síria (Jung 2015). Ao fim das reuniões realizadas no dia 30, os países chegaram ao acordo de que a resolução do conflito sírio deveria ser diplomática, respeitando o povo e a integridade da Síria, e que o Estado Islâmico devia ser combatido. A ONU foi convidada a mediar conversas entre o governo e a oposição síria como forma de garantir o êxito de um plano de transição política, mas não houve definição sobre quais grupos da oposição seriam convidados. Assim, ficou estabelecido que os países participantes reunir-se-iam novamente dentro de duas semanas para resolver pontos conflitantes e construir um acordo conjunto (European Union 2015; The Economist 2015). Essa inclusão do Irã também merece destaque especial, uma vez que pôs fim ao isolamento diplomático do país na região e demonstrou sua ascensão como polo importante de poder para as relações no Oriente Médio. Apesar da oposição que normalmente sofre esse país por parte da Arábia Saudita, da Turquia e das monarquias do Golfo, a aceitação da participação iraniana em Viena foi um resultado quase imediato do aumento da presença militar russa, que possibilitou a exigência do comparecimento do Teerã nas negociações. Contudo, é necessário frisar que essa inclusão também pode ter sido fortemente influenciada pela aproximação entre Estados Unidos e Irã após as negociações nucleares de junho de 2015, sinalizando uma disposição por parte de Washington de arrefecer as históricas tensões com o país e trazê-lo aos diálogos sobre a Síria. Tal movimento trouxe críticas e dúvidas por parte da Arábia Saudita e de Israel, os principais aliados estadunidenses na região. A Arábia Saudita é a tradicional rival do Irã Deve-se chamar atenção ao fato de que a Rússia, ao assumir a liderança nas negociações como principal intermediário entre as potências ocidentais e o governo sírio, rompeu com seu isolamento diplomático, imposto pela comunidade internacional desde a incorporação da Crimeia e a posterior suspensão do G8. Com a intervenção de setembro na Síria e a consequente demonstração de suas forças militares, Moscou adquiriu um respeito Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.1 n.1 | p. 1-95 | jul/2016 | ISSN: 2525-5266 40 quais seriam os grupos de oposição aceitos na negociação, delegando a tarefa de organizá-los em algum grupo coeso ao enviado da ONU à Síria, Staffan de Mistura. na região, em virtude, sobretudo, das disputas por áreas de influência sobre os demais países islâmicos dentro da lógica de polarização entre xiitas e sunitas (Nasr 2016). A Turquia posicionou-se em consonância com a Arábia Saudita com relação a essa aproximação com o Irã, por temer ver seus interesses na região ameaçados (Tastekin 2016). Apesar disso, os países enfatizaram serem receptivos a um grupo que contivesse o espectro mais amplo possível de grupos de oposição, que deviam ser escolhidos pelos próprios sírios e que definiriam quem seriam seus representantes e seus objetivos nas futuras negociações. Ambas as partes do conflito, oposição e governo, deveriam chegar em algum acordo para elaborar uma nova constituição, uma vez que o ISSG considerou que o elemento político era fundamental à resolução da crise síria (United Nations 2015; Norman 2015; United States Department of State 2016). No dia 14 de novembro, a segunda rodada das negociações de Viena ocorreu, contando com a participação de dos mesmos países e organizações presentes no dia 30 de outubro, com a adição da representação da Liga Árabe. O grupo ficou conhecido como Grupo Internacional de Apoio à Síria (ISSG, do inglês International Syria Support Group). Nessa ocasião, os países dialogaram sobre a urgência de dar fim à destruição física da Síria e ao sofrimento do povo sírio, e concordaram que o estabelecimento de um cessar-fogo na região deveria ser a prioridade imediata não incluindo, porém, neste cessar-fogo, os ataques contra o Estado Islâmico ou à frente al-Nusra. Os países comprometeram-se a apoiar um processo de transição política nos moldes do Communiqué de Geneva de 2012, buscando uma governança inclusiva, não-sectária e liderada pelos próprios sírios (United Nations 2015). Decidiu-se, ainda nessa reunião, que eleições buscando a elaboração de uma nova constituição seriam realizadas dentro de 18 meses na Síria, e que 01 de janeiro de 2016 seria a data limite para que se iniciassem conversações de paz entre o governo sírio e os grupos de oposição. O ISSG não definiu de antemão As conversações de paz de Genebra III (2016) No dia 01 de fevereiro de 2016, um mês após o previsto, tiveram início as negociações de paz sediadas em Genebra, conhecidas como Genebra III. Organizadas pelo ISSG e mediadas pelas Nações Unidas, tais reuniões tinham como fim primordial estabelecer um cessar-fogo, seguido de um governo de transição e de eleições na Síria, além da derrota do Estado Islâmico. A primeira reunião foi composta pelos mesmos participantes de Viena, mas com a marcante diferença da inclusão de representantes do governo sírio e do Alto Comitê de Negociações Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.1 n.1 | p. 1-95 | jul/2016 | ISSN: 2525-5266 41 (HNC), uma coalizão composta por 3417 grupos de oposição ao regime Assad - um terço desses representando facções armadas -, liderada pela Arábia Saudita e chefiada por Mohammed Alloush, do grupo salafista Jaysh al-Islam18. A demora para a ocorrência dessa reunião – que estava marcada para o dia 01 de janeiro – se deu, fundamentalmente, pela indecisão sobre quem seria a oposição síria reconhecida (Lund 2016). Além disso, o próprio HNC mostrava-se ainda um pouco reticente em negociar com o regime de Damasco caso este não cesasse os ataques aéreos contra a oposição, mas acabou cedendo à pressão internacional para estar presente. ataques aéreos em suas posições. Apesar da ausência de um consenso sobre isso, ambos os lados do conflito excluíram representantes dos curdos, da milícia jihadista Jabhat al-Nusra, a qual possui laços com a al-Qaeda, e do Estado Islâmico (Zraick 2016). Os 34 membros do HNC selecionaram uma delegação de 17 representantes para negociar com uma delegação do governo sírio, essa liderada pelo Representante Permanente da Síria na ONU, Bashar al-Jaafari, nas conversas iniciadas em 2016 (Pike 2016; Lund 2016). A inclusão de representantes do governo de Bashar al-Assad nas conversações reflete as mudanças ocorridas em território sírio entre as forças do governo e demais grupos: desde os ataques aéreos russos em apoio à Assad, o governo tem recuperado regiões importantes do país, como a cidade de Alepo, maior cidade do país antes da guerra. Desde então, o governo prometeu reconquistar o controle sobre todo o país, o que demonstra a sua posição relativamente fortalecida e sólida. Isso deixou claro que Assad não seria destituído através da força e que a A definição sobre quais grupos são moderados ou radicais é um fator de conflito entre as partes envolvidas: de um lado, Estados Unidos, Arábia Saudita, Turquia e demais países europeus consideram os grupos do HNC representativos da oposição ao governo sírio, enquanto a Rússia, o Irã e o governo Assad classificam alguns destes como radicais ou terroristas, realizando A ONU nunca cogitou aceitar no HNC os grupos de oposição que são amplamente considerados terroristas, como o Estado Islâmico e a Frente al-Nusra. Alguns grupos considerados terroristas pela Rússia e pelo Irã, porém, foram incluídos no Comitê- a exemplo do Ahrah al-Sham, do Jaysh al-Islam -, apesar das demandas russas de que apenas grupos que não recorressem à violência contra o frágil Estado sírio deveriam poder participar. Ainda, grupos importantes no combate ao Estado islâmico, como os curdos, também não foram incluídos na coalizão da oposição. Infelizmente, ainda é muito difícil encontrar fontes confiáveis e detalhadas que contenham informações sobre quais são, de fato, os 34 grupos que compõe o HNC. Aqueles que se tem confirmação sobre a participação são Jaysh al Mujahideen, Jaysh al Islam, Al Jaysh al Awl, Jabhat al Asala wal Tanmiya - todos esses sabidamente atuando como oposição armada -, Ahrar al-Sham, Jabal Turkman Battalion, Suqour al-Jabab Brigade, Council of Direction of Syrian Tribes, Popular Front for Change and Liberation, Movement Kamh, Movement for a Pluralist Society, Cairo Group, Movement for a Peaceful Policy Change, Syrian Democratic Council, e Salim Herbek e Namroud Suleiman como participantes independentes (Pike 2016; Cafarella and Casagrande 2016) . 17 18 O Jaysh al-Islam é um dos principais grupos de oposição jihadista salafista na Síria. Possui apoiadores em sete províncias diferentes na porção ocidental do país, mas detém sua maior força na capital, Damasco (Cafarella and Casagrande 2016). Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.1 n.1 | p. 1-95 | jul/2016 | ISSN: 2525-5266 42 participação do governo, em qualquer negociação, se tornara indispensável a partir da nova conjuntura – mesmo que grande parte dos negociadores permaneça se opondo veementemente à continuidade de Assad no cargo de presidente (Irish and Strobel 2016; Dearden 2016). estabelecida uma Força Tarefa para o Cessar-Fogo presidida pelo ISSG, EUA e Rússia (United States Department of State 2016). Após as primeiras 24 horas do estabelecimento do cessar-fogo, porém, as forças russas e sírias continuaram seus ataques contra uma série de grupos opositores na parte noroeste do país. Mesmo apesar disso, houve queda notável da violência no país, permitindo que o representante das Nações Unidas avançasse com seus esforços para a resolução de conflito (Syrian Institute 2016). Os representantes do HNC focaram nas questões humanitárias e na libertação de prisioneiros políticos, enquanto o posicionamento declarado do governo sírio seria de defesa da independência e soberania territorial síria, além da unidade do seu povo. O mês de fevereiro foi, contudo, um período de estagnação nas negociações, principalmente em virtude dos avanços militares do governo sírio e das forças russas contra rebeldes em Alepo. Assim, apenas foi discutida a necessidade de se estabelecer um cessar-fogo. No dia 22, em Munique, os Ministros de Relações Exteriores da Rússia e dos EUA se reuniram na 52ª Conferência Anual de Segurança de Munique e anunciaram juntamente com o ISSG a adoção dos Termos para o Fim das Hostilidades19 na Síria. O cessar de hostilidades deveria ter início no dia 27 de fevereiro e ser acompanhado de conversações políticas entre as partes envolvidas. Para isso, foi Uma nova etapa das negociações iniciou-se no dia 14 de março, durando até o dia 24 desse mês. Segundo o enviado da ONU, as conversações, naquele momento, tinham atingido um novo nível de urgência em decorrência do anúncio da retirada das forças russas do território sírio20 (Arvinth 2016). Ainda nesse contexto, Mistura redigiu uma declaração de princípios que iam desde o repúdio ao terrorismo até o estabelecimento de uma transição política pacífica na Síria, os quais deveriam guiar as conversações a partir daquele momento. Contudo, a declaração não especificava como se daria essa transição nem qual seria o 19 Esses termos incluíam, entre outras coisas: a implementação da Resolução 2254 de da Segurança da ONU - retomada pela Resolução 2268, de 26 de fevereiro de 2016 -, a interrupção de ataques de quaisquer formas às forças de governo sírio ou a qualquer grupo associado a elas, e ajuda humanitária imediata (United States of America 2016). Conselho 20 O anúncio pelo presidente russo Vladimir Putin, em 14 de março de 2016, sobre a retirada parcial das forças militares russas da Síria, surpreendeu os países e grupos envolvidos no conflito. Apesar dessa retirada parcial, bombardeamentos aéreos continuaram, principalmente contra posições de grupos da oposição. Assim, a Rússia atingiu seu objetivo de fortalecer as forças do governo e estabelecer sua presença militar no país sempre que necessário. Analistas acreditam que o anúncio de Vladimir Putin buscou pressionar o presidente Bashar al-Assad a oferecer maiores compromissos para um acordo de paz, em Genebra III (Salih 2016). Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.1 n.1 | p. 1-95 | jul/2016 | ISSN: 2525-5266 43 papel da Assad nesse processo (Wintour 2016). retrocesso nas conversações (Hudson 2016). No dia 13 de abril, as reuniões entraram em uma terceira etapa, em que se esperava que fossem finalmente definidas as condições necessárias para a transição política na síria (Wintour 2016). No mesmo dia, ocorreram eleições parlamentares nas áreas da Síria que o governo Assad ainda controlava, e muitas pessoas compareceram em apoio a ele. Tais eleições foram consideradas ilegítimas pela oposição, tendo em vista a instabilidade do país e a necessidade do governo em forjar um apoio da população síria. Em contrapartida, a Rússia declarou que elas foram absolutamente necessárias, em virtude da necessidade de se evitar um vácuo de poder no país que poderia favorecer grupos armados (Davison and Bassam 2016). Nas semanas mais recentes, ambos os lados têm se acusado mutuamente de violar o cessar-fogo estabelecido no final de fevereiro. Para tentar atrair novamente os dois lados para a mesa de conversas, o enviado especial da ONU recorreu aos EUA e a Rússia (Hudson 2016). Apesar de todos esses esforços no tocante à inclusão do governo sírio e da oposição, é importante, porém, prestar atenção ao fato de que o Partido da União Democrática (PYD), que representa os territórios curdos no norte da Síria, foi excluído de qualquer participação nas negociações. A participação dos curdos na Guerra Civil Síria é complexa e envolve interferências e interesses das potências envolvidas. As forças curdas são, atualmente, o principal agente em território sírio em combate contra as posições do Estado Islâmico, fato que tem incentivado a ajuda militar e financeira por parte dos Estados Unidos. Entretanto, devido aos laços existentes entre o Partido e as organizações rebeldes curdas no sudeste da Turquia (PKK, do inglês Kurdistan Workers Party), o governo turco se posicionou veementemente contrário a qualquer participação de representantes curdos nas conversações, ameaçando deixá-las caso isto ocorresse (Perry and Mohammed 2016; DeYoung and Morello 2016). Dada esta relação entre os curdos sírios e turcos, o governo de Ancara impôs ofensivas nos territórios ao norte da Síria, próximos à fronteira com a Turquia, região controlada pelos curdos No dia 18 de abril, o HNC suspendeu formalmente sua participação nas negociações de Genebra III. O grupo citou uma série de motivos, sendo o principal deles a recusa de governo sírio em permitir ajuda humanitária no seu território. Segundo o HNC, as negociações não poderiam continuar enquanto o regime Assad e seus apoiadores, principalmente as forças russas, continuassem bombardeando civis, atacando rebeldes e se recusando a aceitar a formação de um novo governo em Damasco. Apesar de reconhecerem que a saída do HNC teve motivos legítimos, tanto a ONU quanto os EUA posicionaram-se contra essa decisão, pois essa representaria um Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.1 n.1 | p. 1-95 | jul/2016 | ISSN: 2525-5266 44 (Reuters 2016). Assim, mesmo que em Genebra III fosse elaborado algum acordo entre governo e oposição, a ausência dos curdos nesta resolução poderia colocar à prova suas reais chances de efetividade, uma vez que o PYD goza de grande apoio popular e tem conquistado mais posições no norte da Síria. Imagem 1 - Áreas controladas pelos grupos na Síria (Janeiro 2016) Fonte: Robbins 2016 interesses específicos - e praticamente opostos - na maneira como se concluirá a guerra síria, e, portanto, financiam e apoiam grupos distintos dentro da Síria, garantindo que o equilíbrio de poder na região se configure de maneira favorável aos seus interesses. A União Europeia, os Estados Unidos e a Rússia também atuam, direta ou indiretamente, relacionando-se com o governo ou com grupos de oposição, e realizando intervenções militares diretas, tanto para combater o Estado Islâmico quanto, no caso da Rússia, para apoiar o regime de Considerações Finais A análise das últimas conversações de paz sobre a Síria atesta a importância e o alcance do conflito sírio. Esse conflito tem envolvido, de alguma maneira, todos os países vizinhos: exemplos são o Iraque, em virtude da atuação do Estado Islâmico; a Jordânia e o Líbano, em razão do fluxo de refugiados; a Turquia, em razão dos refugiados e também da questão curda. O Irã e a Arábia Saudita, por sua vez, têm Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.1 n.1 | p. 1-95 | jul/2016 | ISSN: 2525-5266 45 parte do governo e dos grupos rebeldes em torno das áreas em disputa atualmente. Mesmo que as negociações continuem sem o HNC – no modelo da mais recente reunião de Genebra, ocorrida em 17 de maio de 2016, que não contou com a participação da oposição síria e nem do governo sírio -, é muito difícil que o grupo venha a acatar as decisões tomadas unilateralmente pelo ISSG, e que, portanto, se retardem as tentativas de transição política. Assad. Reconhecendo-se essa diversa gama de interesses, a existência das conversações pode ser interpretada como um momento em que, finalmente, houve consenso sobre pelo menos um ponto com relação à Síria: todas as partes envolvidas deveriam participar das discussões em virtude das muitas ambições em jogo. Apesar desse ponto positivo, é possível afirmar que a ausência dos curdos sírios nas negociações poderia se mostrar muito problemática para que se alcançasse uma paz verdadeiramente duradoura no país, em virtude do apoio local e estrangeiro que detêm. Ignorar esse fator permitiria que os braços armados rebeldes continuassem agindo, já que não estariam incluídos em acordos de cessar-fogo e, consequentemente, de transição política. A política adotada por Washington, baseada em apoio indireto e evitando um maior envolvimento em terra, tem demonstrado incoerência uma vez que fornece apoio direto aos curdos ao mesmo tempo em que concorda com sua ausência nas negociações – dada, em grande medida, por oposição da Turquia. Algumas lições, entretanto, podem figurar como heranças positivas das conversações de Genebra III, especialmente no âmbito regional e internacional, e a observação dos próximos eventos na região poderá confirmar ou refutar isso. Primeiramente, a liderança por parte dos Estados Unidos e da Rússia de maneira conjunta e equilibrada, que foi algo realmente novo no período pós-Guerra Fria, até então marcado pela predominância dos EUA. Tal situação vem se alterando desde a crise na Ucrânia, apontando para a possibilidade de uma nova tendência diplomática de maior diálogo entre as grandes potências, sem a preponderância de um único país, e utilizando a ONU como palco para tais negociações. A saída do Alto Comitê de Negociações das conversações de Genebra pode fazer com que esse histórico esforço multilateral em busca da resolução do conflito sírio seja interrompido por tempo indeterminado. Se isso de fato acontecer, as consequências serão muito negativas para a região e, especialmente, para a população síria, uma vez que o fim oficial do cessar-fogo provavelmente significará uma escalada no uso da violência por Em segundo lugar, e, por fim, é importante destacar também o papel desempenhado pelo Irã nas conversações a partir das reuniões de Viena. A inclusão deste país nas negociações pode ser interpretada como um sucesso diplomático e estratégico não somente russo e iraniano, mas também estadunidense, ao conseguir um Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.1 n.1 | p. 1-95 | jul/2016 | ISSN: 2525-5266 46 maior envolvimento do Irã no combate as forças do Estado Islâmico. Tal rearranjo se distingue das conversações anteriores a Viena, as quais foram tratadas ativamente entre os principais aliados estadunidenses na região, Turquia e a Arábia Saudita, percebidos como os tradicionais rivais do regime iraniano no Oriente Médio. A presença iraniana em apoio ao governo de Assad representou o reconhecimento, por parte dos demais participantes, de que uma solução pacífica para a Síria só poderia ter lugar com um papel mais ativo sendo desempenhado pelo Irã, que poderia, assim, trazer o governo de Assad à mesa de negociação. O Irã, por sua vez, logrou, ao menos por enquanto, a manutenção de sua influência sobre a Síria, impossibilitando uma decisão unilateral por parte do bloco liderado pelos EUA. Todos esses elementos, somados ao fim das sanções econômicas ao Irã, podem estar abrindo as portas para uma nova distribuição na balança de poder do Oriente Médio, com uma maior responsabilidade delegada ao Irã na manutenção da estabilidade na região, além de novas relações entre as potências regionais, e destas com as grandes potências extrarregionais, Estados Unidos e Rússia. Bol. Conj. Nerint | Porto Alegre | v.1 n.1 | p. 1-95 | jul/2016 | ISSN: 2525-5266 47 References Aljazeera. 2016. "Syria: Fate Of Assad Impedes Success Of Geneva III". Aljazeera Centre For Studies. http://studies.aljazeera.net/en/positionpapers/2016/04/syria-fate-assad-impedes-success-geneva-iii160428104128240.html. Amnesty International. 2015. "Syria's Refugee Crisis In Numbers". 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