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COVID-19. A GRAMÁTICA DO INIMIGO

2020

Este Texto para Discussão, o TD de nº 6, traz as seguintes seções: “Fiat coronavirus” ou “Faça-se covid-19”, onde manifesto meu lado mais “religioso” nos tempos de pandemia; “Covid-19, um inimigo declarado ou um velho conhecido?”, onde mostro que o Covid-19 já aperece, desde 2003, como pauta de várias matérias do Jornal Folha de São Paulo sob a denominação de “pneumonia misteriosa”; “COVID-19/Covid-19 em Houaiss (2020)”, na qual discuto como o acrônimo foi dicionarizado ou lematizado, inclusive falo um pouco sobre a masculinização e feminização do verbete a partir de suas acepções já consagradas contemporaneamente pelo uso e para comprovar a analogia do termo coronavírus com outros da mesma família, apreento o que chamei de “Quadro com doenças causadas por vírus”, bem sintético; “Covid-19, um acrônimo antitabuístico”, mostro que a OMS com a criação do acrônimo Covid-19, tentou evitar uma onda de estigmatização dos serviços, do comércio, enfim, do setor produtivo da China; e, por fim, “Covid-19, a escrita do inimigo”, tema central deste TD, e que ilustro com exemplos, sempre contextualizados, extraídos da Folha de São Paulo, nos últimos meses e que acabam gerando dúvida, hoje, quanto à sua grafia escorreita ou que segue a norma padrão da língua portuguesa; o que revela, por sua vez (o que postulo ao longo do TD), que o acrônimo Covid-19 está em processo de lexicalização.

TEXTO PARA DISCUSSÃO (TD) Nº 06/2020 COVID-19. A GRAMÁTICA DO INIMIGO Vicente de Paula da Silva Martins1 “Corona-xenofobite. Substantivo feminino. Inflamação aguda provocada pelo preconceito e/ou medo em relação a estrangeiros em função da Covid-19. Infecciosa, espalha-se rapidamente. Agrava-se diante do nacionalismo exacerbado. Pode causar danos permanentes a terceiros.” (Tatiana Prazeres, Folha de São Paulo, em 24/04/2020) INTRODUÇÃO E ste Texto para Discussão, o TD de nº 6, traz as seguintes seções: “Fiat coronavirus” ou “Faça-se covid-19”, onde manifesto meu lado mais “religioso” nos tempos de pandemia; “Covid-19, um inimigo declarado ou um velho conhecido?”, onde mostro que o Covid19 já aperece, desde 2003, como pauta de várias matérias do Jornal Folha de São Paulo sob a denominação de “pneumonia misteriosa”; “COVID-19/Covid-19 em Houaiss (2020)”, na qual discuto como o acrônimo foi dicionarizado ou lematizado, inclusive falo um pouco sobre a masculinização e feminização do verbete a partir de suas acepções já consagradas contemporaneamente pelo uso e para comprovar a analogia do termo coronavírus com outros da mesma família, apreento o que chamei de “Quadro com doenças causadas por vírus”, bem sintético; “Covid-19, um acrônimo antitabuístico”, mostro que a OMS 1 Professor Adjunto do Curso de Letras da UVA, em Sobral, desde 1994. Graduado em Letras (português/espanhol) pela UECE, com cursos de mestrado em educação (legislação educacional) e doutorado em Linguística (psicolinguística) pela UFC tendo realizado estágios de pós-doutorado (línguística) pela UFBA e UFC. E-mail: vicente.martins@uol.com.br Zap: 88-999990892. O presente texto para discussão, em versão preliminar, não reflete necessariamente o pensamento da Coordenação ou Colegiado do Curso de Letras da UVA. Sobral, 03 de maio de 2020. Fico no aguardo de críticas para melhoria do texto e propostas de coautoria a partir deste TD com fins de publicação futura em períodico da área de Linguística. 2 com a criação do acrônimo Covid-19, tentou evitar uma onda de estigmatização dos serviços, do comércio, enfim, do setor produtivo da China; e, por fim, “Covid-19, a escrita do inimigo”, tema central deste TD, e que ilustro com exemplos, sempre contextualizados, extraídos da Folha de São Paulo, nos últimos meses e que acabam gerando dúvida, hoje, quanto à sua grafia escorreita ou que segue a norma padrão da língua portuguesa; o que revela, por sua vez (o que postulo ao longo do TD), que o acrônimo Covid-19 está em processo de lexicalização. Boa leitura! “FIAT CORONAVIRUS” OU “FAÇA-SE COVID-19” Há quarenta dias voltei a ser um leitor obstinado da Bíblia e, claro, esforçando-me, espiritualmente, para não me tornar um religioso fundamentalista em meio a pandemia. Apego-me ora às ciências médicas ora às ciências religiosas, estas me levam a acreditar que a história do mundo se apóia, do ponto de vista religioso, no “fiat lux”, expressão latina frequentemente traduzida como "faça-se luz" ou "que haja luz",que, por sua vez, nos remete à passagem bíblica “dixitque Deus fiat lux et facta est lux2), a da da criação divina da luz descrita em Gênesis 1:3. À guisa de um religioso (jamais religionário), postulo que a história da humanidade se apóia os quatro fiats da revelação bíblica, colunas fundamentais do mundo, a saber: i) Gênesis 1:3: “Fiat lux” = “Façase luz…” ou simplesmente “o Fiat de Deus; ii) Lucas 1:38: “Fiat mihi secundum verbum tuum” = “Faça em mim conforme a tua palavra”ou “o Fiat de uma moça nazarena”; iii) Lucas 22:42: “Nom mea voluntas, sed tua Fiat = “Não se faça a minha vontade, mas a Tua” ou “o Fiat do Filho de Deus”; envolverão totalmente; iv) Mateus 6:10: “Fiat voluntas tua sicut in coele et in terra” = “Seja feita a Tua vontade assim na terra como no céu” ou “o nosso Fiat”; e v) A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 30 de janeiro de 2020, o surto da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19), a que batizo aqui, em latim, de “Fiat coronavirus” = “faça-se covid-19” ou “o fiat da miséria e fome”. No fundo, preciso comprender melhor a noção de tempo nos tempos de pandemia. Sei que aqui posso problematizá-lo diante de mundo cheio confinamentos, interdições, máscaras, coronovirufobias, em pleno presente contínuo, não sabendo mais como conjugar o verbo vivenciar ou conviver no futuro do presente. Como um dos 7,7 bilhões de habitantes no Planeta Terra ou um dos 209 milhoes brasileiros ou 2 Numa tradução livre para o português, “Deus disse: “Faça-se a luz!”. E a luz foi feita.” 3 um dos 8,843 milhões de cearenses, de carne e osso, mascarados, vejo que há quatro meses, o mundo conhecia o termo “coronavírus”. Alias, o tempo na história das epidemias (ou pandemias) se impõe à reflexão. Desde o final da década de 60 já conhecíamos o termo “Coronaviruses”, que aparece 16 November 1968, na Revista Nature com a publicação do artigo sob o título “Virology: Coronavirus” (https://www.nature.com/articles/220650b0). Se bem que, em 1937, a família dos coronavírus já havia identificada pela primeira vez e descrita especificamente como corona em 1965, quando se conheceram suas características morfológicas(https://www.bbc.com/portuguese/geral-52114980). Para os lexicógrafos não havia interesse nenhum em registrar o termo coronavírus, da década de 60 aos nossos dias, exceto nesse momento de impacto e emergência na saúde pública mundial. Isso vale para o covid-19, como ficou mais amplamente conhecido pela comunidade internacional. Os dicionários gerais (Houaiss, Aurélio, Aulete etc) ficariam imensamente volumos se acolhessem os termos técnicos; daí, os dicionários especializados, glossários e listas de termos, destinados a recolha de termos técnico-científicos e outros domínios. Antes de prosseguir com meu estudo sobre o termo “covid-19), insisto em me situar melhor, digo, historicamente animado, para levar o leitor ao discernimento do contexto de aparecimento do termo no Brasil. Aqui, no dia 22 de janeiro, o Boletim Epidemiólogico do Ministério da Saúde, registrou, pela primeira vez, o termo “ 2019-nCoV”, definido como “ doença respiratória, causada por agente novo coronavírus”. Foram determinantes para este registro, no Brasil, as informações e recomendações dadas pelo Escritório da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 31 de dezembro de 2019, ao informar à comunidade internacional sobre “casos de pneumonia de etiologia desconhecida (causa desconhecida) detectada na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China.” Na semana seguinte, isto é, em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou a epidemia da doença respiratória como uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional. Na ocasião, um total de 7.736 casos estava confirmado, 83 dos quais em países diversos. A partir daí, ou mais precisamente, em 11 de fevereiro de 2020, a doença causada pelo novo coronavírus, foi oficialmente denominada pela OMS como Doença do Coronavírus 19 (do inglês Coronavirus Disease 19 ou COVID-19, abreviadamente) e, em paralelo, o vírus passou a ser denominado SARS-CoV-2, hoje, mais conhecida como Covid-19 (em caixa-alta-baixa). 4 COVID-19, UM CONHECIDO? INIMIGO DECLARADO OU UM VELHO Em 2003, a Folha de São Paulo publicou uma informação sob o título “Vírus misterioso infecta mais cinco pessoas em Hong Kong”, na qual informa que “Centro dos EUA diz que vírus da doença é outro O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA diz ter identificado um coronavírus como provável causador da chamada pneumonia misteriosa. Cientistas de Hong Kong haviam dito que seria um paramixovírus.”. Confesso que, como linguista, não me interessei em saber sobre coronavírus e essa história de doenças virais sazonais, não minimizei, mas sempre que chegam e com a mesma velocidade vão embora. Claro, isso mudou. Passo agora o dia capturando todas as informações possíveis sobre o coronavírus e já descobri que, desde 1937, os cientistas desconfiavam de um vírus dessa malignidade. Não ousaria em falar da história natural desse vírus. Voltarei ao meu mundo, o da linguagem. Pois bem. Apesar de covid-19 se tratar de um acrônimo3, e já dicionalizado em Houaiss (2020), muitos sites de notícias confundem o termo como sigla4, como pude observar em vários sites: “A sigla Covid-19 advém do inglês e é uma junção ou combinação (gosto deste termo porque lembra muito o de Saussure em seu Curso de Linguística Geral) de "Co-rona-Vi-rus-D-isease" e do ano em que ela surgiu 2019. A fonte da informação segue abaixo,porém a mesma se encontra em inglês.” (https://pt.quora.com/O-que-significa-a-siglaCovid-19);“A sigla Covid-19 significa "Corona Virus Disease" (tradução: doença do coronavírus) e a designação "19" se refere ao ano de 2019, quando os primeiros casos em Wuhan (na China) se tornaram conhecidos.” (https://www.conjur.com.br/2020abr-21/lunardi-covid-19-politica-stf); “A sigla COVID-19 indica a doença causada pelo coronavírus SARSCoV2.”https://uenp.edu.br/editora-docs/boletim-uenp-explica/ano1/16034-editora-uenp-boletim-uenp-explica-ano-1-numero-1coronavirus/file); “ A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou nesta quinta-feira que as primeiras drogas que estão sendo testadas contra o novo coronavírus, batizado com a sigla COVID-19, terão resultados na escala de algumas semanas. 3 Linguisticamente, “Diz-se de ou palavra formada pela inicial ou por mais de uma letra de cada um dos segmentos sucessivos de uma locução, ou pela maioria destas partes (Sudam = Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).” *Houaiss, 2020) 4 No âmbito da Linguística, refere-se à “redução de um intitulativo complexo a suas: a) letras iniciais, sem formar palavra (ABCD ou A.B.C.D. = Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema, municípios da Grande São Paulo); b) letras iniciais, formando palavra (U.N.E. = União Nacional dos Estudantes, O.N.U. = Organização das Nações Unidas); c) sílabas iniciais, formando quase palavras (Benelux = Bélgica, Nederland [Países Baixos] e Luxemburgo); d) partes iniciais, formando quase palavras (Petrobras = Petróleo Brasileiro S.A.); acrógrafo, acrograma, acrografia [Não são redução apenas de letras iniciais, mas também de sílabas iniciais, que podem combinar-se com letras iniciais.].” (Houaiss, 2020) 5 “(https://oglobo.globo.com/sociedade/testes-de-drogas-contracoronavirus-terao-resultado-em-semanas-diz-oms-24246815). O acrônimo COVID-19/Covid-19, a rigor, não é sigla, conforme vou apontar a seguir. Começo por dizer o seguinte: o padrão do acrônimo Covid-19 segue as orientações da União Europeia. Entre as recomendações para o emprego das Siglas e acrônimos, o Código de Redação Interinstitucional (2011) recomenda, primeiramente, a moderação do seu uso e a conveniente definição integral com a a primeira citação. No caso da Covid-19 o padrão gráfico é o mesmo previsto no Código: as convenções de escritas para as siglas, com ou sem pontos, só com maiúsculas ou distinção entre siglas e acrónimos. Resumidamente, as regras adotadas são as seguintes: — as siglas e acrónimos com menos de seis letras (incluindo nomes de programas) escrevem-se em maiúsculas, sem pontos nem acentos, salvo exceções como CEECOST (European Cooperation in Science and Technology), FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) e sida (Síndrome da imunodeficiência adquirida) ou AIDS (acquired immunodeficiency syndrome). — a partir de seis letras (inclusive) escrevem-se com maiúscula inicial, sem pontos nem acentos, salvo exceções: Cnuced (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), entre outros exemplos. Em Covid-19, não temos seis letras, mas temos oito grafemas5. Portanto, trata-se realmente de um acrônimo no âmbito da Infectologia/Virologia. Sempre bom lembrar (serei repetivivo ao longo deste TD) que no dia 31 de dezembro de 2019, a OMS (Organização Mundial da Saúde) foi alertada sobre vários casos de pneumonia em Wuhan,na província de Hubei, na China. Logo em seguida, as autoridades confirmaram a identificação de um novo coronavírus que estava sendo chamado temporariamente de 2019-nCoV ou Sars-CoV-2, e o nome da doença respiratória que ele causa é covid-19. A Estrutura do coronavírus tem esse nome por causa dos picos de suas membranas que lembram uma coroa . Sob o título “Tudo o que você precisa saber sobre o novo coronavírus Sars-CoV-2”, a Folha de São Paulo, na sua edição de 22/01/2020, fez sua primeira publicação sobre o coronavírus, com foco no” Novo vírus foi identificado no início de janeiro na China” e, já naquele mês, havia atingido mais de 110 países. 5 Termo de grande aplicação nos estudos de Fonologia e Ortografia. Trata-se de “unidade de um sistema de escrita que, na escrita alfabética, corresponde às letras (e tb. a outros sinais distintivos, como o hífen, o til, sinais de pontuação, os números etc.), e, na escrita ideográfica, corresponde aos ideogramas.” (Houaiss, 2020) 6 COVID-19 OU Covid-19 EM HOUAISS (2020) Com pelo menos 228.500 verbetes, o Houaiss, definitivamente, é o dicionário mais completo e amplo da língua portuguesa à luz da Lexicografia. Hoje, Houaisss deu adeus ao papel e está disponível para consulta somente em versão digital (houaiss.uol.com.br),traz atualização permanente, conjugação em todos os tempos verbais, plurais, femininos, aumentativos e diminutivos, gênero, número, origem e datação, sinônimos e antônimos, homônimos, parônimos, gramática etc; enfim, o Grande Dicionário Houaiss foi o primeiro dicionário geral , nos tempos de pandemia, entre as línguas modernas, a registrar os termos COVID-19 ou Covid-19 em 2020. Com a nova versão digital, o Instituto Houaiss permitiu que seus consulentes possam contribuir na feitura do Grande Dicionário. Eu mesmo me tornei um assíduo colaborador de novos verbetes (ou contribuição para datações e novas acepções de verbetes) a partir de recolha no âmbito de obras literárias. Ao consultar o Houaiss, surpreendentemente me deparei com o verbete COVID-19/Covid-19 no Houaiss, atualizado em março de 2020. O termo, originalmente nos dicionários especializados de termos médicos, agora, dicionarizado como verbete6 técnico em um dicionário geral, no âmbito da Infectologia, e traz importante informações médico-enciclopédicas para os consulentes. Primeiramente, o verbete, na verdade, como disse anteriormente, um acrônimo, é registrado na forma COVID-19 (em caixa-alta e ano) ou Covid-19 (em caixa-altabaixa e ano), de alguma maneira sinalizando para um processo de lexicalização7 em processo, ainda a merecer, no futuro, uma apurada investigação, mas, veremos mais detalhamento mais adiante. Na estrutura microestrutura da entrada ou lema, o verbete COVID19/Covid-19 traz as seguintes informações lexicográficas:i) sobre o gênero (categoria das línguas que distingue classes de palavras): substantivo masculino; ii) Rubrica (indicação geral do assunto e/ou da categoria de algo): Infectologia (especialidade médica que se dedica ao estudo e tratamento das doenças infecciosas); ii) acepções: 1ª) “cepa de coronavírus causadora de doença infecciosa cujos primeiros sintomas são febre, cansaço e tosse seca, podendo, em pessoas com outros problemas de saúde, agravar-se e causar dificuldade de respirar”; e 2ª) “a infecção por ele causada”, sendo que, 6 7 Em lexicografia, é o conjunto das acepções, exemplos e outras informações pertinentes contido numa entrada de dicionário. Processo ao fim do qual um sintagma se lexicaliza, transforma-se em unidade lexical autônoma. 7 nesta segunda acepção, o verbete passa a ser classificado, por metonímia, como substantivo feminino. Para esta segunda acepção, e consequente recepção no gênero gramatical do verbete, merece de nossa parte uma breve explicação: existe um tipo qualitativo na relação metonímica de covid-19 com a infectologia em discussão. Nesse caso, postulo que a relação tipo de relação metonímica é por “consequência pela causa: a infecção coronavírus é causada pela cepa ( população homogênea de organismos com características definidas, criada para fins experimentais) do coronavírus (gênero de vírus da família dos coronavirídeos, causadores de infecções em seres humanos e em animais. Em substância, a masculinização do COVID-19/covid-19 é associada ao termo médico “coronavirus disease ‘mal do coronavírus’ + (20)19” . Voi ilustrar para melhor clarear o que disse acima. Uma pesquisa combinada8 no Houaiss (2009) indicará que o novo verbete segue, por analogia, o gênero masculino de 18 palavras cuja classificação gramatical é substantivo e o gênero masculino, a saber: adenovírus, citomegalovírus, enterovírus, herpes-vírus, lentivírus, leucovírus, papilomavírus, picornavírus, poliovíru,rabdovírus, retrovírus,rinovírus, rotavírus, ultravírus, vírus, todos, inclusive coronavírus, substantivos masculinos de dois números. QUADRO COM DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS 8 ITEM ADENOVÍRUS RUBRICA VIROLOGIA DEFINIÇÃO vírus de ADN causador de infecções oculares e respiratórias. ETIMOLOGIA Aden(o)+ vírus. CITOMEGALOVÍRUS VIROLOGIA Herpes-vírus que infectam macacos, roedores e o homem. Citomegal(o)vírus. + + ENTEROVÍRUS BIOLOGIA Enter(o)vir(i/o)-. e HERPES-VÍRUS VIROLOGIA grupo de picornavírus, presente no intestino, que podem causar doenças respiratórias ou do tecido nervoso. grupo de vírus causador dos Herpvir(i/o)-. e Recurso que fornece uma lista de verbetes com determinadas características como "iniciados por" ou "terminados por", ou classe gramatical: adjetivo, verbo etc 8 herpes simples oral e genital LENTIVÍRUS VIROLOGIA vírus de ARN que inclui o HIV e o vírus da imunodeficiênci a felina. vírus causador de tumores ou leucemia encontrado em aves e mamíferos. lat.cien. gên. Lentivirus LEUCOVÍRUS MEDICINA PAPILOMAVÍRUS BIOLOGIA vírus de ADN responsável por como verrugas. papiloma vírus. PICORNAVÍRUS VIROLOGIA Vírus constituído por um único filamento de ARN encerrado em um capsídeo icosaédrico. pico- + RNA + vírus. POLIOVÍRUS VIROLOGIA Grupo de três enterovírus causador da poliomielite. pólio + vírus. RABDOVÍRUS VIROLOGIA Grupo de vírus de ARN causador de doenças como a raiva e a estomatite vesicular rabd(i/o)vírus. RETROVÍRUS VIROLOGIA vírus de ARN que se multiplica com o auxílio da enzima transcriptase reversa retro- + vírus. RINOVÍRUS VIROLOGIA Vírus causadores de infecções respiratórias no homem e em outros mamíferos; rinoviro [São os vírus do resfriado. rin(i/o)- + vírus ROTAVÍRUS VIROLOGIA Grupo de vírus de ARN rota + vírus. leuco- + vírus. + + 9 causador diarreia animais crianças. ULTRAVÍRUS MICROBIOLOGIA VÍRUS VIROLOGIA CORONAVÍRUS Virologia da em e Agente infeccioso capaz de atravessar filtros muito finos. Grupo de agentes infecciosos que se replica somente no interior de células vivas hospedeiras. ultra- + vírus Vírus causador de infecções em seres humanos e em animais Corōna + vírus. Do latim vīrus,i no sentido de 'sumo, suco. Fonte: Houaiss (2020) (Adaptado) COVID-19, UM ACRÔNIMO ANTITABUÍSTICO Parto sempre da escrita fonética para chegar à escrita ortográfica. Em sala de aula, o ensino de ortografia tem a aprendizagem garantida à medida que levamos conhecimentos fonético-fonológicos para a fixação das formas linguísticas. Em outras palavras, acho muito inspirativo se recorrer à transcrição fonética para reproduzir na escrita a palavra objeto de reflexão. É o caso de /koviddezenˈɔvi/, que posso reproduzir graficamente como “Covid-19”. Esta, já dicionarizada em Houaiss (2020), é um acrônimo formado pela sílaba / ko/e /vi/do inglês /koɾona viɾˈuʃ dʒiziˈazi/ (= coronavirus disease), que pode ser traduzido por “‘mal do coronavírus” + (tu ˈθaʊzənd) naɪnˈtiːn (20)19, com recorte da dezena / naɪnˈtiːn/ do ano em que seu o foi relatado à OMS (a 31 de dezembro). O que se observa no acrônimo é a seguinte montagem: /ko/ + /vi/ + (-, meiarisca) + / naɪnˈtiːn/, gerando, na rubrica infectologia, o substantivo masculino COVID-19/Covid-19 com acepção de “cepa de coronavírus9 causadora de doença infecciosa cujos primeiros sintomas são febre, cansaço e tosse seca, podendo, em pessoas com outros problemas de saúde, agravar-se e causar dificuldade de respirar” e o substantivo feminino COVID-19/Covid-19 com acepção de “ infecção por ele causada”. Acho que me empolguei, né? 9 É possível que o misterioso surto de pneumonia que afetou, inicialmente, ao menos, 59 pessoas tenha se manifestado na China por meio de nova cepa do vírus da família dos coronavírus, que inclui o temido SARS - Síndrome respiratória aguda grave. 10 Resta-me dizer ainda um pouco: o acrônino COVID-19/Covid-19 surgiu para se evitar o tabuísmo10 “vírus chinês”. Isso em razão de o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, no início do mês de março de 2020, chamar a nova epidemia de COVID-19 de “vírus Wuhan” em referência à cidade chinesa que foi o epicentro do surto do novo coronavírus. Em seguida, estabeleceu-se uma tensão entre os Estados Unidos e a China quando Donald Trump, presidente dos EUA, descreveu a doença como um “vírus chinês”. O tabuísmo nas pandemias vem de longe. Em geral, criam-se, com os tabuísmos relacionados a doenças, estigmas que vão influenciar no diagnósticos e intervenções clínicas, como acontece com os diversos nomes que a população dar aos diversos tipos de cânceres ou, para ilustrar os tabuísmos mais aterrorizantes do século XX relacionados a AIDS, altamente estigmatizantes como “peste gay”, “câncer gay”, o “Mal do Século” e outros termos que circulavam entre a população. Para voltar à temática coronavírus/Covid-19 me lembro ter lido em algum lugar sobre os tabuísmos que ocorreram em 1918/19, quando a “ gripe espanhola” contaminou 1 bilhão de pessoas, ou seja, metade da população mundial, com 20 milhões de pessoas mortas e 300 mil delas no Brasil. Segundo os historiadores, a gripe espanhola, na verdade, hoje sabemos, um surto de vírus influenza, não surgiu na Espanha, mas assim foi rotulada em razão da forte divulgação do problema na imprensa espanhola11. Um século depois, não se sabe ao certo o local exato do surgimento dessa doença. As teorias a respeito dos prováveis locais de surgimento da gripe espanhola apontam para os Estados Unidos, a China e o Reino Unido, sendo praticamente um consenso que tenha “aportado” nos campos de treinamento militar nos Estados Unidos, no contexto da Primeira Guerra Mundial. À medida que os países buscam culpados pela origem do novo coronavírus vão surgindo tabuísmos ligados à pandemia. É um fato. No mês de março, no Brasil, foi recorrente, nas mídias sociais, a adoção da expressão “vírus chinês”. O termo passou a ser usado após imbróglio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, com o embaixador da China no Brasil. Confusão desnecessária e inócua. O presidente Bolsonaro, por sua vez, adotou a Refere-se à “palavra, locução ou acepção tabus, consideradas chulas, grosseiras ou ofensivas demais na maioria dos contextos [São os chamados palavrões e afins, e referem-se ger. ao metabolismo (cagar, mijar, merda), aos órgãos e funções sexuais (caralho, pica, boceta 'vulva', colhão, cona, foder, pívia, crica, pachoucho etc.), incluem ainda disfemismos pesados como puta, veado, cabrão, paneleiro, expressões tabuizadas (puta que pariu) etc.]” (Houaiss, 2020) 11 A história se repete: no dia 21 de abril de 2020, o Jornal O Estado de Minas trazia a seguinte matéria assinada por Augusto Fernandes: “Ramos critica imprensa por cobertura da COVID-19: 'Não está ajudando”. Na matéria, o jornalista escrever: No mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro voltou a reclamar dos jornais brasileiros e chamou a imprensa de “canalha”, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, também criticou a mídia nacional pela cobertura da pandemia do novo coronavírus. Segundo ele, os veículos de comunicação estão levando pânico à população por divulgar apenas fatos ruins relacionados à crise sanitária e deixar de noticiar acontecimentos positivos.” 10 11 estratégia de minimizar os riscos da pandemia desde o início de março, precisamente no dia 10, quando disse que “muito do que tem ali é muito mais fantasia”. No final do mês de abril de 2020, os jornais de grande circularam voltaram a trazer matérias ligadas ao Gabinete de Inteligência Nacional dos Estados onde aponta que “'o vírus da Covid-19 não foi produzido pelo homem ou geneticamente modificado”, portanto, não foi produzido em laboratório. Apesar de poucas evidências, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump disse ter “motivos” (mas não mostrou as evidências) para “acreditar” que a pandemia de coronavírus se originou em um “laboratório na China”, contrariando o “amplo consenso científico de que o vírus da Covid-19 não foi produzido pelo homem ou geneticamente modificado”. A insistência de de o presidente americano culpar pelo surgimento COVID-19 a China, reforça, desde logo, a disseminação no mundo do tabuísmo “vírus Wuhan” ou “vírus chinês”. Por conta desse risco de tabbuísmo em larga escala, isto é, temendo a viralização do tabuísmo “vírus chinês”, a OMS montou o acrônimo CIVID-19/Covid-19. Não se trata, a rigor, de um termo técnico que, em processo de lexicalização, se transformou de um dia para o outro em substantivo, da mesma forma considero que está “mal resolvida” também a definição de gênero do termo posto que está em processabilidade lexicográfica ecsemântica. Vou tentar aqui fazer uma comparação. Assim como se faz uma “montagem fotográfica” , através de “processo de composição de uma imagem, muito usado em publicidade, em que se utilizam partes de diferentes fotografias que, justapostas, criam a ilusão de uma fotografia realmente tirada” (Houaiss, 2020), também foi o mesmo que aconteceu com a neologia do acrônimo Covid-19, como já expliquei anteriormente. O objetivo do acrônimo foi, definitivamente, o de delir o tabuísmo “vírus china”; o que, posso traduzir aqui como um gesto de “altruísmo universal”. Assim, diria que a OMS criou um acrônimo antibuístico, com motivação antropológica, para combater às restrições dos EUA. Acho que devo aqui tentar explicar melhor o processo de criação de neologia (evito falar em neologismo) à luz do que temos em língua portuguesa em que pese que a forma neológica covid-19 tenha surgida na OMS, lá em Genebra (Suiça). À primeira vista, considerando o que estabelece a Base XV do Acordo Ortográfico, em vigência nos países lusófonos,a que trata do “hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares”, o verbete COVID-19/Covid-19 se enquadria realmente na classificação de um acrônimo formado por um encadeamento vocabular. Acho que é melhor explicar melhor o que estou postulando. Farei isso no parágrafo seguinte. 12 Permita-me voltar ao tempo. Há dez anos, levantei algumas questões ortográficas quanto à grafia de pé-de-moleque (composto)/ pé de moleque (locução) em razão do Acordo Ortográfico (MARTINS, 2010). Dizendo de outra forma, descrevi e explique o processo de lematização dos compostos antes e depois do Acordo Ortográfico (2008). Os resultados, na época, permitiram-me observar que, por força do princípio composicionalidade, composto como pé de moleque, formado a partir do lexema pé, passou a ser considerado, pelo Dicionário Houaiss (2009), como unidade fraseológica do tipo locução e não mais como uma simples palavra composta por justaposição. Algo parecido pode estar acontecendo com a lematização de COVID-19/Covid-19 ou simplesmente covid. Então, considerando COVID-19/Covid-19 como unidade lexical em Houaiss(2020), não tenho dúvida que todos concordarão comigo que em nada lembra palavras como ano-luz, arco-íris, decreto-lei, médicocirurgião, tio-avô, tenente-coronel, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático, azul-escuro, primeiro-ministro, primeirosargento, segunda-feira, conta-gotas e guarda-chuva. Todos os compostos acima são hinfelizados. E se lembra os compostos, lembraria o quê? Bom, evoca, a meu ver, a expressão, em inglês coronavirus disease + (20)19, portanto, é um acrônimo altamente motivado. Aqui, eu “teria panos pra mangas” para falar em três motivações para o surgimento do acrônimo COVID-19/Covid-19: i) Motivação Fonética, isto é, há uma relação de semelhança (lógica ou analógica) entre o acrônimo de caráter externo à língua que ocorre quando se pretende que a forma fônica do signo linguístico se assemelhe à coisa representada na língua [coronavirus disease]; ii) Motivação Mórfica ou Motivação Morfológica, na qual observamos uma relação de semelhança (lógica ou analógica) entre palavras já existentes na língua (de caráter interno), causada especialmente pelos processos de derivação e composição (indicada pelo hífen, ou melhor dizemdo, pelo sinal gráfico meia-risca); e iii) motivação semântica, aqui, arelação de semelhança (lógica ou analógica) ocorreria especialemente em linguagem figurada quando se relacionam palavras da língua semelhantes em um ou mais sentidos, à medida que o gênero gramatical seria reflexo desse tipo de motivação. Posso explicar mais um pouco a partir da microestrutura de Houaiss (2020): posso falar em masculinização do COVID-19/Covid se me refiro à “cepa de coronavírus causadora de doença infecciosa cujos primeiros sintomas são febre, cansaço e tosse seca, podendo, em pessoas com outros problemas de saúde, agravar-se e causar dificuldade de respirar; assim, falo em feminização da COVID19/Covid-19 se aludo à “ infecção por ele causada” pelo coronavírus. Esta polissemia, a que fiz referência como manifesta alusão, é, na 13 verdade, indícios fortes de uma evidente relação metonímica do tipo qualitativo/consequência pela causa. Em tal caso, considerando COVID-19/Covid-19 como acrônimo, e não composto, palavra ou substantivo composto, diria que é formado por encadeamento vocabular, ou seja, ocasionalmente combinou seus constituintes (coronavirus + disease + (20)19). E como tal, o acrônimo seria do ponto de vista morfológico, semelhante aos exemplos dados no Acordo Ortográfico, tipo: a divisa LiberdadeIgualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o percurso LisboaCoimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique), e bem assim nas combinações históricas ou ocasionais de topónimos/topônimos (tipo: Áustria-Hungria, Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de Janeiro, etc.).” (Caso 7º da Base XV do Decreto nº 6.583/2008). A única ressalva que faria, e contrariando o texto do Acordo, é que, nesse caso, isto é, em situação de formação do léxico por encadeamento, o sinal gráfico que utilizamos não é o hífen, e sim, a meia-risca, este, “sinal de pontuação que serve para unir os valores extremos de uma série, como números (1-10), letras (A-Z) ou outras, indicando ausência de intervalos na enumeração.” E ainda: a meia-risca, seguramente, “Serve igualmente para unir palavras que tenham um nexo lógico”, para tomar a definição de Houaiss(2020). E por que não podemos dizer que o traço horizonte em COVID-19/Covid-1912? Veja o que anoto no rodapé. COVID-19, A ESCRITA DO INIMIGO Em meio à pandemia, temos ouvido frequentemente, através dos noticiários televisivos e das diversas mídias sociais, a palavra /koviddezenˈɔvi/. Como transcrever, então, a palavra ouvida para o papel? Devo grafar covid, covid-19, COVID-19, CoVid-19 ou Covid 19? Recorro às recomendações do Código de Redação Interinstitucional (2011) para apresentar exemplarário de itens do acrônimo extraído de um minicorpus constituído a partir de edições da Folha de São Paulo, nos últimos quatro meses. Acho que ficou muito interessante, senão vejamos: 1. 2019-nCoV, ano, hífen e letras cê e V em caixa-alta 12 Evidentemente, há ainda muita confusão no emprego do traço horizontal na combinação ocasional ou não de elementos de palavras. A meia-risca não é o mesmo que o hífen ou o travessão. Dizendo de outra maneira, o traço horizontal do hífen, menor, serve para unir palavras compostas (ex.: guarda-roupa) e fazer a translineação (divisão de uma palavra no final de linha). O travessão, maior, serve para indicar mudança de interlocutor e para isolar palavras ou expressões. Eis as diferenças: — Travessão, – Meia-risca e – Hífen. Outra solução para dirimir as dúvidas: o usuário recorre aos atalhos do teclado num PC usando Windows: - Hífen: tecla normal do hífen; – Meia-risca: Alt + 0150[1]; e — Travessão: Alt + 0151. 14 “No dia 31 de dezembro de 2019, a OMS (Organização Mundial da Saúde) foi alertada sobre vários casos de pneumonia em Wuhan, na província de Hubei, na China. O vírus causador parecia desconhecido.Uma semana depois, as autoridades confirmaram a identificação de um novo coronavírus que estava sendo chamado temporariamente de 2019-nCoV. O nome da doença respiratória que ele causa é covid-19.”(Equilíbrio e Saúde, Folha de São Paulo, 22/01/2020) 2. Covid, em caixa-baixa, sem hífen e sem número “Meninas , bom dia: conforme e-mail da escola ontem, meu marido voltou de vagem de Miami ontem e fez o exame de covid que deu positivo”, disse Sophie no grupo. Eles têm três filhas estudando na escola Red House International School.” (Patrícia Campos Mello e Gustavo Uribe, Poder, Folha de São Paulo, 12/03/2020) 3. Covid, em caixa-baixa, com hífen e ano “Os riscos dependem de onde você está e se há um surto de covid19 nesse lugar." (Equilíbrio e Saúde, Folha de São Paulo, 22/01/2020 “A lei que foi aprovada pouco antes da chegada dos brasileiros que estavam em Wuhan, epicentro do novo coronavírus na China, determina que as pessoas não podem recusar serem testadas ou tratadas em casos referentes à covid-19” (Equilíbrio e Saúde, Folha de São Paulo, 22/01/2020) “O novo coronavírus foi batizado de Sars-CoV-2, e o nome da doença respiratória que ele causa é covid-19.”(Equilíbrio e Saúde, Folha de São Paulo, 22/01/2020) Somente pessoas com o covid-19 (ou com sintomas sugestivos) têm orientação do uso de máscaras para evitar propagar a doença.” (Equilíbrio e Saúde, Folha de São Paulo, 22/01/2020) 4. Covid, em caixa-alta, com hífen e ano “As linhas de cruzeiro já enfrentaram outras crises, desde as batalhas em curso com o norovírus, que pode atacar um número enorme de passageiros com problemas gastrointestinais, ao naufrágio em 2012 do Costa Concordia, cujo capitão o jogou contra a costa italiana, matando 32 pessoas. Mas o COVID-19, como foi batizado o vírus, poderá ser o maior desafio até hoje. Sua disseminação pelo mundo todo ainda é desconhecida.” (Tariro Mzezewa - The New York Times, Mercado, Folha de São Paulo, 13/02/2020) 15 5. Covid, com a letra cê em caixa-alta, com hífen e ano “Esses humores dos donos do dinheiro grosso podem mudar em dias, claro, a depender de notícias da expansão da Covid-19, como uma redução do número de novos casos da doença, o que não é garantia de nada, porém. Ainda que a China volte a funcionar, o futuro do vírus ainda é incerto e a rapidez da recuperação chinesa também.” (Vinicius Torres Freire, colunas e blogs, Folha de São Paulo,23/02/2020) “Vale lembrar que esses sintomas menos frequentes também estão presentes em outras doenças ou problemas menos graves que a Covid-19. Portanto, apresentar um ou mais deles não significa que você está infectado. Antes de se preocupar, o ideal é consultar um profissional de saúde.” (Saúde, Veja, 17 abr 2020) “É importante frisar que as suspeitas são baseadas em relatos de médicos observados em pacientes que testam positivo para a Covid19 e apresentam sintomas graves. Nenhum dos relatórios contém uma verdade absoluta, porque, por se tratar de uma doença nova, as conclusões ainda necessitam de mais estudos aprofundados.” (Saúde, Veja, 17 abr 2020) “Em alguns casos, o Covid-19 pode se apresentar como mal-estar, desorientação ou exaustão. Esses são os sintomas atípicos mais comumente relatados, geralmente associado a outros sinais mais frequentemente relatados, como tosse ou febre. Vale lembrar que esse sintomas também podem ser causados por stress e ansiedade devido à quarentena e ao distanciamento social. (Saúde, Veja, 17 abr 2020) 6. Covid, com as letras minúsculas, sem hífen, com espaço em branco e ano “Em viagem pela Itália, país que se tornou o mais recente foco de extensão alarmante do covid 19, o novo coronovirus, Adriane Galisteu surgiu de máscara nas redes sociais. A apresentadora está em Roma com a família, a passeio. Quem também está na Itália a lazer, acompanhando os jogos da Champions League, é o ator Dan Stulbach.” (São Paulo Agora, Folha de São Paulo, em 27/02/2020) 7. Covid, com as letras cê e vê em caixa-alta, com hífen e ano “O CoVid-19 logo será responsável por 4.000 mortes ao redor do mundo. O vírus, denominado Sars-Cov-2, que leva à doença conhecida 16 como CoVid-19, foi pela primeira vez transmitido a humanos na província de Wuhan, na China, em dezembro de 2019, e desde então tem se espalhado por todos os continentes. Frente a esses novos desafios, é importante reafirmar nossa confiança no processo científico e nos seus órgãos reguladores.” (Henrique Gomes, colunas e blogs, Folha de São Paulo, 1/03/2020) Voltaremos ao assunto. REFERÊNCIAS ARCANJO, Daniela. Cobranças a Doria e expressão 'vírus chinês' invadem discurso de bolsonaristas nas redes. Poder, Folha de São Paulo, em 26/03/2020. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/03/cobrancas-a-doria-eexpressao-virus-chines-invadem-discurso-de-bolsonaristas-nasredes.shtml BOLLELA, Maria Flávia de Figueiredo Pereira. Características do encadeamento vocabular na língua inglesa. Polifonia, Cuiabá, EDUFMT nº 06, p.129-143,2003. Disponível em http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/polifonia/article/vie w/1156/919 BOLLELA, Maria Flávia de Figueiredo Pereira. Características do encadeamento vocabular na língua inglesa. Polifonia, Cuiabá, EDUFMT nº 06, p.129-143,2003. 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Disponível em https://ec.europa.eu/translation/portuguese/magazine/documents/fol ha48_pt.pdf FERREIRA, Maycon Junior et al . Vida Fisicamente Ativa como Medida de Enfrentamento ao COVID-19. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, 2020 . Disponível em http://www.scielo.br/pdf/abc/2020nahead/0066-782X-abc20200235.pdf GARCIA APAC, Coralith; MAGUINA VARGAS, Ciro; GUTIERREZ RODRIGUEZ, Raul. Síndrome respiratorio agudo severo (SRAS). Rev Med Hered, Lima , v. 14, n. 2, p. 89-93, abr. 2003 . Disponível em http://www.scielo.org.pe/pdf/rmh/v14n2/v14n2tr1.pdf HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Eletrônico Houaiss de Língua Portuguesa. Elaborado pelo Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa S/C Ltda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2020. Disponível em https://houaiss.uol.com.br/pub/apps/www/v5-2/html/index.php#1 LOPEZ P, Wellington; CHAMORRO L, Marycris; GARMENDIA B, Antonio E. 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