Quim. Nova, Vol. 44, No. 4, 493-501, 2021
http://dx.doi.org/10.21577/0100-4042.20170677
Bruna R. F. da Silvaa, Sebastião L. da Silva Netoa e Bruno S. Leiteb,*,
a
Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Universidade Federal Rural de Pernambuco, 56909-535 Serra Talhada – PE, Brasil
b
Departamento de Educação, Universidade Federal Rural de Pernambuco, 52171-900, Recife – PE, Brasil
Recebido em 09/07/2020; aceito em 20/10/2020; publicado na web em 26/11/2020
Educação
SALA DE AULA INVERTIDA NO ENSINO DA QUÍMICA ORGÂNICA: UM ESTUDO DE CASO
FLIPPED CLASSROOM IN TEACHING ORGANIC CHEMISTRY: A CASE STUDY. The flipped classroom is one of the types
of rotation model strategies that aim of increasing interaction and personalized contact time between students and teachers in the
classroom setting. In this study, we investigated the application of the flipped classroom strategy in two classes of the different
semesters in the discipline of Organic Chemistry. The teacher applied this strategy in different ways in order to verify how the flipped
classroom can contribute to the teaching and learning process in the content of Nuclear Magnetic Resonance (NMR). The research,
of qualitative nature, is a case study being carried out in six steps with the participation of twenty-five students and one teacher. The
instruments used for data collection were an investigative questionnaire (applied to students) and a structured interview (carried out
with the teacher). The results show that the students had control over their learning, presenting a favorable position for the application
of the strategy. In addition, the teacher reported that it was possible to deepen the content of NMR with his students, teaching the class
in a different way than he was used to, focusing on doubts (individual and collective), as well as comments regarding the materials
produced by him.
Keywords: flipped classroom; teaching organic chemistry; digital technologies; blended learning; NMR.
INTRODUÇÃO
Na sociedade é muito comum estarmos envolvidos com as
tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), pode
ser no uso de uma TV, do rádio ou de um celular. A humanidade
faz uso de recursos tecnológicos desde os primórdios e através do
aperfeiçoamento dos conhecimentos as pessoas podem usufruir as
mais avançadas tecnologias em praticamente todos os ambientes
de suas vidas. Nesse sentido, no ambiente educacional, o uso
das tecnologias digitais pode acentuar o processo de ensino e
aprendizagem, isso é, dando autonomia a escola para oferecer meios
em que os estudantes tenham acesso as TDIC e que esses façam uso
delas. Contudo, para isso acontecer é necessário que os professores
tenham o devido preparo para fazer uso das tecnologias em sala de
aula, em especial das tecnologias digitais (concordamos com as ideias
de Leite,1 sobre a diferença entre os termos tecnologias e tecnologias
digitais), uma vez que somente disponibilizar as ferramentas em sala
de aula não permite com que sejam dadas oportunidades de um maior
aprendizado para o estudante. De acordo com Goudouris e Struchiner2
os recursos digitais
podem ser úteis, oferecendo conteúdo a ser estudado, bem
como promovendo a comunicação entre professores e
alunos em horário e lugar de conveniência de cada um, ou
seja, permitindo simultaneamente estudo independente e
comunicação assíncrona, respeitando a individualidade e a
disponibilidade dos envolvidos2 (p. 621).
Conciliar o processo de ensino e aprendizagem com as tecnologias
digitais disponíveis se faz necessário, uma vez que estimula um
melhor desempenho e desenvolvimento do saber e conhecer por
parte do estudante.3 Atualmente, percebe-se que grande parte da
população mundial esteja ativamente conectada as tecnologias
digitais, principalmente no que se refere aos dispositivos móveis,
*e-mail: brunoleite@ufrpe.br
que são de fácil uso e bem acessíveis. Tendo em vista que os âmbitos
sociais e culturais estão intimamente relacionados às tecnologias,
observa-se que com a educação não poderia ser diferente. Todavia,
para muitos dos profissionais da educação um dos principais desafios
é saber como aliar as tecnologias ao ensino de forma que haja um
processo de interação e colaboração entre os estudantes e o professor.
Considerando que a globalização é um processo em crescente
desenvolvimento, caberá ao professor se qualificar e estar atento
às várias formas disponíveis de metodologias em que a tecnologia
pode auxiliar, fazendo uso dela para que ajude seus estudantes a se
sentirem comprometidos com sua aprendizagem.4 Ao compreender
as TDIC como recursos importantes na aprendizagem do século XXI,
o professor irá não somente fazer sua aula se tornar mais dinâmica
e atraente, mas irá aproximá-la da realidade de seus estudantes, em
que as informações estão circulando a todo instante.
Nesse contexto, observamos a inserção do ensino virtual, que
pode ocorrer por meio da modalidade de ensino on-line em que toda
a instrução é realizada via internet, cuja comunicação ocorre de forma
síncrona ou assíncrona, ou pela modalidade de Ensino a Distância
(EaD), na qual os estudantes têm encontros com os professores de
forma on-line para assistirem as aulas independentemente de onde
se encontram, o espaço e o tempo é de livre escolha do discente,
diferentemente do ensino presencial em que todos os estudantes
devem estar no mesmo local e ao mesmo tempo para assistirem as
aulas. Segundo Leite,5 uma terceira forma de ensino tem surgido da
junção do ensino virtual com o ensino presencial, conhecido como
Ensino Híbrido (blended learning). O ensino híbrido é “considerado
qualquer programa educacional formal no qual um estudante constrói
sua aprendizagem, pelo menos uma parte, por meio do ensino on-line
em que o mesmo tenha controle de algum elemento (tempo, lugar
ou ritmo)”5 (p.212). É uma prática pedagógica que utiliza recursos
digitais em sala de aula, em outras palavras, é a implementação da
tecnologia no ensino como estratégia para desenvolver melhor a
aprendizagem dos estudantes. Entende-se por híbrido algo misto,
e o ensino é híbrido porque não aprendemos somente no ambiente
escolar, mas em qualquer local, e
da Silva et al.
494
porque não se reduz ao que planejamos institucionalmente,
intencionalmente. Aprendemos através de processos
organizados, junto com processos abertos, informais.
Aprendemos quando estamos com um professor e aprendemos
sozinhos, com colegas, com desconhecidos. Aprendemos
intencionalmente e aprendemos espontaneamente6 (p.45).
Neste modelo de ensino o professor deixa de ser o único detentor
do conhecimento e centro do aprendizado para ser um mediador,1,4
pois o estudante é quem está no centro do processo de construção
do conhecimento. Conforme destaca Moran,7 as metodologias ativas
possibilitam ao estudante o papel de protagonista considerando “[...]
seu envolvimento direto, participativo e reflexivo em todas as etapas
do processo”7 (p. 4). Em outras palavras, coloca o estudante no
centro do processo de ensino e aprendizagem, procurando envolvêlo ativamente, descentralizando o papel do professor, que se torna
um mediador/facilitador para que a informação repassada seja
transformada em conhecimento.4,8
Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo investigar
a aplicação da estratégia da sala de aula invertida (SAI) em duas
turmas de semestres diferentes na disciplina de Química Orgânica
da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) no curso
de licenciatura em Química na unidade acadêmica de Serra Talhada.
A aplicação desta estratégia pelo professor foi realizada de formas
distintas de modo a verificar como a SAI pode contribuir no processo
de ensino e aprendizagem nas aulas de Química Orgânica.
ENSINO HÍBRIDO
O ensinar e aprender atualmente tem ocorrido numa interligação
simbiótica, intensa, constante entre o mundo físico e mundo digital.
Não são dois espaços distintos, mas um espaço estendido, um
ambiente denominado de híbrido. Nesse ambiente, a construção do
conhecimento ocorre não apenas no espaço físico da sala de aula
(da escola), mas nos múltiplos espaços do cotidiano, que incluem o
espaço digital.9 Além disso, o tempo para a interação com o conteúdo
é variável, e o tempo para a compreensão do conteúdo a ser ministrado
em sala de aula com a mediação do professor seria fixo. Em sala
de aula, o professor faz uso de diversas atividades que estimulem
o pensamento crítico, que faça com que os estudantes sejam
confrontados com problemas que exijam debates, especulação de
possíveis soluções etc. e essas atividades propostas são caracterizadas
como metodologias ativas, em que o modelo do ensino híbrido pode
apresentar características dessas metodologias.
Há várias metodologias que podem ser utilizadas em sala de
aula para auxiliarem na aprendizagem, mas nem todas envolvem o
estudante como protagonista de seu próprio conhecimento. Nessa
perspectiva, consideramos importante o modelo da aprendizagem
tecnológica ativa (ATA) que discute sobre cinco pilares (papel do
professor, protagonismo do aluno, uso das tecnologias, aprendizagem
e avaliação) fundamentais para uma aprendizagem mais ativa através
do uso das tecnologias digitais.4 Na ATA, o professor faz uso de
aparatos tecnológicos para melhorar a forma como estrutura sua
aula, além de promover uma maior capacidade de seus estudantes
em serem autônomos em relação ao que estudam. A aplicação da
ATA pode ocorrer de diversos modos na educação e são inúmeras as
metodologias ativas que podem ser abordadas.1
O Ensino Híbrido (EH) é um modelo de ensino que envolve
a utilização das tecnologias na educação, em que as mesmas são
integradas de forma inerente as aulas para auxiliar os professores na
forma como ministram as aulas e também auxiliar os estudantes na
forma como aprendem, uma vez que ao se fazer uso dessa metodologia
o professor delega ao estudante o compromisso com a sua própria
Quim. Nova
aprendizagem (característica presente na ATA – protagonismo
do estudante). O estudante passa a ser o centro no processo de
aprendizagem e o professor se torna o mediador/orientador na
construção de conhecimento do estudante. Através de diferentes
situações os estudantes conseguem ter possibilidades distintas de
resolverem o problema, criando assim uma forma autônoma de
interagir com o objeto em estudo, além de estarem intimamente
relacionados com o que estão aprendendo. Dessa maneira, abrese a oportunidade de o estudante ter iniciativa de buscar opções,
alternativas de aprender em sala de aula, principalmente a expor suas
opiniões e debatê-las com o professor.
Uma das características do EH é ser derivado do ensino virtual
e do ensino presencial, por isso ele pode ser dito como um “ensino
misturado”, em que tanto o estudante quanto o professor estão
ativamente em contato não importando mais o tempo ou o espaço. O
EH possui quatro modelos que podem ser utilizados pelos professores:
1. Rotação;
2. Flex;
3. À la carte;
4. Virtual enriquecido.
Sendo que estes três últimos (Flex, à la carte e virtual
enriquecido) são considerados disruptivos, uma vez que eles
alteram o que se “normalmente” tem sido realizado nos ambientes
educacionais, como é explicitado por Castro e Mill,10 esses modelos
“não incluem a sala de aula tradicional em sua forma plena; apenas
mostram o benefício desta sala, de acordo com uma nova definição
do que é bom”10 (p.764). Já Horn, Staker e Christensen11 destacam
que esses modelos são uma passagem para uma inovação disruptiva
mais permanente na educação.
Destes modelos de EH, o Rotacional (Rotação) é o mais utilizado
nas pesquisas envolvendo o EH, por ser mais flexível em relação
as suas estratégias e é compreendido basicamente como sendo um
conjunto de atividades selecionadas e orientadas pelo professor para
os estudantes. Ele possui quatro estratégias que estão disponíveis para
uso do professor, que são elas:
1. Sala de Aula Invertida (SAI);
2. Rotação por estações;
3. Rotação Individual;
4. Laboratório Rotacional.
A sala de aula invertida, como o próprio nome indica, invertese a dinâmica das aulas no sentido de que a aula presencial não é
mais aquela em que o estudante irá sentar e assistir uma exposição
de conteúdo. Na SAI o estudante irá ser orientado pelo professor
com relação ao conteúdo que será ministrado. Esta estratégia possui
duas etapas: (1) uma virtual, em que o professor irá selecionar o
conteúdo e compartilhar com a turma por alguma plataforma on-line
(por exemplo, Google Sala de Aula, E-mail, Whatsapp etc.) de sua
preferência, em que os estudantes vão estudar o conteúdo da aula,
tendo como base o material fornecido pelo professor. Todavia, os
estudantes podem fazer uso de outros materiais para obterem mais
informações; (2) uma presencial, em que o estudante que já teve
contato com o conteúdo e o estudou, vem para sala de aula debater
com os colegas e com o professor sobre o que foi estudado, assim
o professor irá contribuir com sua experiência e aprofundar o
conteúdo, além de sanar as dúvidas que surgiram durante o estudo
do conteúdo.
Destarte, o ensino híbrido possibilita a identificação de um
problema aliado a um projeto para a solução, uma vez que um dos
desafios dos professores é flexibilizar suas aulas e ao mesmo tempo
acompanhar a evolução e o desempenho de cada estudante. Outro
ponto observado no EH é a personalização do ensino, em que o
estudante e o professor irão ter contato mútuo com a tecnologia,
fazendo uso da mesma de forma que atenda às necessidades de ambos.
Vol. 44, No. 4
Sala de aula invertida no ensino da química orgânica: um estudo de caso
Entende-se que o professor ao se aperfeiçoar com essas
tecnologias, e fazendo uso destas, poderá promover uma melhoria
dentro de sala de aula, 5 pois os recursos didáticos digitais
(RDD)3 possibilitam que os estudantes tenham controle sobre sua
aprendizagem. Ademais, os estudantes não são tão impactados
com a mudança das práticas pedagógicas adotadas pelo professor
nesse contexto, já que estão acostumados em sua rotina a utilizarem
as tecnologias digitais, uma vez que o “professor precisa seguir
comunicando-se face a face com os alunos, mas também digitalmente,
com as tecnologias móveis, equilibrando a interação com todos e
com cada um”12 (p.57).
Ao utilizar os ambientes virtuais, o professor vai ter mais tempo
para fazer com que o estudante tenha contato com o conteúdo
de forma mais abrangente, sendo amparado por maiores meios
de aprendizagem, além de contar com a orientação constante do
professor. A sala de aula, ao se transformar em um espaço de
debates, proporciona discussões acerca do que foi significativo para
o estudante, obtendo um maior aprofundamento, auxiliando cada
estudante na construção do seu conhecimento e promovendo uma
maior autonomia, mostrando que o conhecimento é algo que pode
se dar de forma dinâmica e interativa.
METODOLOGIA
A pesquisa segue os moldes de natureza qualitativa na qual se
obtêm dados a partir da observação, entrevistas ou interações verbais
e foco nas intenções dos participantes,13 com o objetivo de interpretar
os dados referentes ao objeto em estudo.14 Além disso, trata-se de
um estudo de caso, pois compreende uma investigação sobre algo
que tenha valor em si,15 que entendemos ser a estratégia da SAI, de
modo a analisar as percepções dos estudantes do ensino superior
ao utilizarem este modelo rotacional do Ensino Híbrido e como ela
auxiliou o professor em sua prática pedagógica.
A estratégia da SAI foi realizada nos dois ambientes (virtual e
presencial) e aplicada em duas turmas do Curso de Licenciatura em
Química da UFRPE na disciplina de Química Orgânica C. Para isso
a pesquisa foi realizada em seis etapas (Figura 1) descritas a seguir.
Etapa 1: Escolha do conteúdo a ser abordado na disciplina de
Química Orgânica C (ofertada no 7º período do curso). A disciplina
escolhida para realizar a aplicação da SAI apresenta uma diversidade
de conteúdos e o professor responsável em ministrar a disciplina
analisou o grau de dificuldade que os estudantes poderiam ter entre
os assuntos que seriam ministrados. A seleção do conteúdo foi de
livre escolha do docente responsável pela disciplina. Assim, optouse pelo conteúdo de RMN (Ressonância Magnética Nuclear), sendo
justificado pelo docente por considerá-lo o melhor conteúdo a ser
Figura 1. Fluxograma das etapas da Sala de Aula Invertida
495
visto de forma mais dinâmica pelos alunos, uma vez que o mesmo
trata de análises de espectros, o que se tornaria bastante interessante
mostrá-los com apoio dos RDD;
Etapa 2: Elaboração do material digital para a realização da
SAI. Após a definição do conteúdo a ser trabalhado com as turmas, o
docente optou pela utilização de um vídeo que contivesse animações,
textos, explicações do docente e outras estratégias que facilitassem a
compreensão dos estudantes. O vídeo foi elaborado pelo professor e
nele há explicações de parte do conteúdo de RMN. Cabe destacar a
opção do docente em inserir no vídeo dois áudios que representavam
o sinal que o aparelho de RMN emite, tendo como finalidade uma
melhor compreensão dos estudantes em relação ao aparelho, fazendo
ligação entre a teoria e a prática do conteúdo. Além do vídeo, foi
elaborada uma apresentação em slide pelo docente sobre RMN,
com o objetivo dos estudantes a utilizarem após assistirem ao vídeo.
A apresentação destaca textos e imagens consideradas “chaves”
pelo docente para a compreensão do conteúdo complementando o
conteúdo do vídeo. Artigos de revistas científicas sobre RMN foram
selecionados pelo docente com o intuito de disponibilizá-los para os
discentes. Por fim, o docente elaborou uma lista de exercícios sobre o
conteúdo para contribuir no processo de construção de conhecimento
dos estudantes;
Etapa 3: Disponibilização do material digital para os estudantes
(Realização da SAI - 1ª parte). Consistindo no momento virtual da
SAI, o professor disponibilizou o vídeo para os alunos através de uma
plataforma digital (escolhida pelo docente). Os estudantes tiveram
acesso a um link privado para assistirem ao vídeo. Além disso, a
plataforma permitia que os discentes interagissem com o professor
e com os demais estudantes através de comentários que ficavam
disponibilizados no próprio ambiente que o vídeo estava disponível.
Nessa plataforma também foram disponibilizados a apresentação em
slide, os artigos e a lista de exercícios para que os estudantes, logo
após assistirem ao vídeo, pudessem ter acesso a outros recursos. O
docente explicitou para os estudantes que estaria disponível on-line
(por meio de chat, e-mail, redes sociais) para ajudar e orientá-los caso
tivessem com algum tipo de dificuldade. Ele também incentivou os
estudantes a buscarem outros materiais (em sites, livros etc.) para
auxiliar na compreensão do conteúdo, incentivando-os a buscarem
de forma autônoma e livre (considerando os pressupostos da ATA).1,4
Os discentes tiveram uma semana para assistirem ao vídeo, verem o
slide, lerem os artigos e responderem a lista de exercícios, além de se
comunicarem com o professor de forma on-line para tirarem dúvidas
e se comunicarem com os próprios colegas de classe (atendendo uma
das características da ATA);
Etapa 4: Debates sobre o conteúdo (Realização da SAI - 2ª
parte). Essa etapa constou de três momentos, todos realizados
presencialmente. No primeiro momento foram reservados 10
da Silva et al.
496
minutos da aula para a explanação do professor sobre o conteúdo,
em seguida (segundo momento) foi realizada a discussão com os
estudantes acerca da compreensão deles do assunto com o intuito
de aprofundar o conhecimento sobre RMN. O tempo reservado para
este momento foi de 60 minutos. No terceiro momento, o docente
solicitou que os estudantes apresentassem a resolução das atividades
disponibilizadas, esclarecendo possíveis dúvidas. O tempo reservado
para este momento foi de 50 minutos;
Etapa 5: Coleta dos dados. Para avaliar de forma qualitativa
qual foi o nível de aceitação acerca da estratégia utilizada, como
instrumento de coleta de dados foi aplicado um questionário
investigativo que continha treze questões objetivas e discursivas
(Quadro 1).
Quim. Nova
transcritas para análise. A entrevista estruturada é um processo
conduzido de acordo com um roteiro de perguntas preestabelecidas,
que são aplicadas aos entrevistados de forma planejada para extrair
o máximo de informações destes com um mínimo de perguntas do
entrevistador.16
Quadro 2. Entrevista estruturada
1.
Em sua prática como professor, como você gosta de ministrar suas
aulas?
2.
Como professor, até que ponto você acha que as tecnologias podem
contribuir para a aprendizagem de seus alunos?
3.
Ao utilizar a estratégia da Sala de Aula Invertida você acredita que
auxiliou na construção do conhecimento dos alunos de orgânica? Como
você avalia isso?
Quadro 1. Questionário para os estudantes
1.
Você conseguiu assistir ao vídeo da aula sobre RMN que foi disponibilizado pelo professor?
4.
Qual das turmas você acredita que a estratégia foi mais efetiva? Por
quê?
2.
Você pôde compreender o conteúdo de RMN de uma forma clara e
objetiva?
5.
Na sua opinião houve variações entre as turmas com relação a utilização
da sala de aula invertida?
3.
Você acha que essa metodologia foi boa para tratar sobre o conteúdo
de RMN?
6.
Você observou alguma mudança na dinâmica ou no comportamento
entre os alunos na sala de aula virtual?
4.
Você acredita que as dúvidas tiradas em sala de aula depois de assistir
ao vídeo sanaram as suas dificuldades no conteúdo?
7.
Ao fazer uso desse método do ensino híbrido, como você avalia essa
metodologia?
5.
Você realizou alguma pesquisa para complementar a aprendizagem do
conteúdo?
( ) Sim. Por que o assunto estava muito resumido.
( ) Sim. O conteúdo estava bem claro, mas sempre pesquiso algo a
mais para complementar o assunto da aula.
( ) Não. Achei que o vídeo estava completo e que não teria nenhuma
dificuldade para resolver as atividades.
( ) Não Todo material que o professor envia é suficiente para a aula.
8.
Você considera que o(s) recurso(s) didático(s) digital(is) utilizado(s)
foi(ram) benéfico(s) para melhorar suas aulas
9.
Qual sua avaliação geral da atividade?
6.
Para você o vídeo promoveu uma facilitação no debate em sala de aula
ou na realização de uma atividade?
7.
Houve melhoria na dinâmica do professor ao fazer uso desse tipo de
ferramenta?
8.
O que você achou da estratégia de ver o conteúdo de RMN no vídeo
e depois tirar dúvidas em sala de aula?
9.
Você aplicaria essa estratégia em sua prática docente?
10. As Tecnologias atualmente vêm sendo bastante utilizadas em sala de
aula, você acredita que elas contribuem para a explicação de todos os
conteúdos vistos na química orgânica?
11. O que se deve fazer para incluir ainda mais as tecnologias (como jogos
digitais, vídeos, etc.) nas aulas de Química Orgânica?
12. Com qual frequência o professor utiliza recursos didáticos digitais em
sala de aula?
13. O uso das tecnologias facilita o desempenho do:
a) Professor para ensinar um conteúdo novo?
b) Aluno para aprender conteúdos novos?
O questionário investigativo foi aplicado nas turmas no dia
posterior ao debate em sala com o intuito dos estudantes terem
tempo suficiente para respondê-lo. O tempo reservado para que os
estudantes respondessem foi de uma hora, possibilitando que estes
ficassem à vontade para descreverem suas impressões com relação a
SAI, críticas e ideias para melhorar a estratégia, relatando os pontos
que foram positivos e negativos.
No intuito de compreender as percepções do professor da
disciplina acerca da metodologia do Ensino Híbrido, em específico
da SAI, foi utilizada uma entrevista estruturada (Quadro 2), constando
de dez perguntas que foram gravadas em áudio e posteriormente
10. Gostaria de sugerir ou comentar algo sobre a prática realizada?
Etapa 6: Análise dos dados. A análise é “a tentativa de evidenciar
as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores”16
(p.22). Essas relações podem ser “estabelecidas em função de suas
propriedades relacionais de causa-efeito, produtor-produto, de
correlações, de análise de conteúdo etc.”17 (p.178). Nesse sentido, a
análise do questionário foi realizada a partir da leitura das respostas
apresentadas pelos estudantes, descrevendo aspectos considerados
pelo pesquisador como relevantes para a pesquisa. Algumas respostas
foram categorizadas e agrupadas em gráficos/tabelas e descritas
conforme as falas dos estudantes.
Ao total participaram vinte e cinco (25) discentes do curso de
licenciatura em Química, ambos da disciplina de Química Orgânica C,
sendo que 13 estudantes cursaram a disciplina no primeiro semestre
de 2019 (denominada de Turma A) e 12 no segundo semestre
(Turma B). Embora pareça ser um número pequeno de estudantes,
este quantitativo representa o número total de estudantes da disciplina
(disciplinas que são ministradas da metade para o final do curso têm
menor número de estudantes quando comparamos com as disciplinas
dos primeiros semestres). Cabe destacar que na Turma A, a estratégia
da SAI foi aplicada na parte final da disciplina (em que os discentes
estudaram diversos conteúdos da disciplina antes da discussão sobre
RMN) e na Turma B foi aplicada no início das aulas da disciplina
(sendo o primeiro conteúdo abordado na disciplina). De modo a
assegurar o anonimato dos estudantes durante a transcrição dos textos
optamos por identificá-los de acordo com suas turmas. Os estudantes
da turma A serão identificados como AN (em que A significa a
turma A e N o estudante a que se faz referência), semelhantemente
com os estudantes da turma B. Ademais, tomamos o cuidado de
preservar a fidedignidade dos textos produzidos pelos discentes de
modo a não alterar a versão original.
Em relação à entrevista com o professor (que atuou nas duas
turmas), realizou-se a transcrição da mesma e posteriormente
a interpretação do seu discurso. Essa interpretação buscou
Vol. 44, No. 4
Sala de aula invertida no ensino da química orgânica: um estudo de caso
fundamentar-se com o que se encontra atualmente na literatura a
respeito de como a utilização das tecnologias digitais influenciam no
processo de ensino e aprendizagem e sobre as contribuições do ensino
híbrido, especialmente da SAI, no ensino de Química.
Acredita-se que os instrumentos utilizados nessa pesquisa
permitem a coleta das informações, proporcionando reflexões e
avaliação das ações desenvolvidas. A articulação entre o objetivo da
pesquisa, a base teórica adotada e os dados coletados darão origem
aos resultados e as considerações finais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao se realizar a análise das respostas obtidas dos discentes foi
observada que a maioria é favorável a estratégia da sala de aula
invertida mesmo sem saber exatamente qual era a metodologia que
estava sendo aplicada pelo professor em sala de aula. Essa informação
mostra que independente da estratégia a ser utilizada, é possível
quando se há um planejamento do docente buscar formas diferentes de
práticas pedagógicas das observadas no modelo tradicional de ensino
(expositivo e não dialogado) para abordar determinado conteúdo com
os estudantes, embora exista resistência por parte de alguns deles, a
receptividade positiva é relativamente alta.
Dessa maneira as tecnologias digitais na educação devem ser
entendidas como uma aliada, auxiliando tanto o professor quanto os
próprios estudantes na construção do saber. Assim, após a leitura das
respostas obtidas dos discentes, de forma geral, é possível inferir que
incluir as TDIC em sala de aula pode contribuir na compreensão dos
conteúdos da Química, uma vez que se trabalha com representações,
que por vezes são incompreensíveis para os estudantes.18
Análise do questionário dos estudantes
Considerando o questionário aplicado aos estudantes (Quadro 1)
buscamos identificar as contribuições da SAI e se esta promoveu
melhorias na forma como os discentes estudam. Inicialmente foi
analisada como ocorreu à interação com as tecnologias digitais
considerando as metodologias ativas, a partir dos pressupostos
da aprendizagem tecnológica ativa 4 e os posicionamentos dos
discentes sobre a utilização das tecnologias digitais apropriadas
pelo professor. Nesse momento o intuito foi de identificar se ocorreu
alguma influência no desenvolvimento da turma e consequentemente
na atuação do professor considerando suas práticas pedagógicas,
flexibilizando assim o aprendizado, tornando mais versátil e dinâmica
a forma como os discentes aprendem.
Em relação à disponibilização do vídeo pelo professor em um
ambiente virtual, na turma A, apenas onze discentes assistiram ao
vídeo, enquanto todos os estudantes da turma B assistiram ao vídeo
(pergunta 01). Nas respostas obtidas do questionário, dez estudantes
da turma A e nove da turma B afirmaram que compreenderam o
conteúdo de RMN de forma clara e objetiva (pergunta 02), apenas
um estudante da turma A e quatro da turma B afirmaram que não
compreenderam bem o conteúdo através do vídeo. Essa metodologia
utilizada para tratar do conteúdo foi considerada promissora por
todos os discentes da turma A e turma B, em que eles afirmam que a
metodologia foi complementar ao assunto, uma vez que era possível
eles realizarem pesquisas com o intuito de ampliar a compreensão
do conteúdo.
A estratégia de utilizar o vídeo foi bastante aceita por partes dos
estudantes por ser de fácil execução e acesso, além de poderem ver e
rever o conteúdo no momento e local que desejem. Uma das respostas
foi “O conteúdo foi dado de forma dinâmica e a resolução dos
exercícios facilitou a aprendizagem” (A9), enquanto outro avalia da
seguinte maneira “o assunto é teórico, então a metodologia na forma
497
de vídeo contribuiu, além de poder voltar caso haja o surgimento
de dúvidas” (B10).
Na turma A, onze estudantes afirmaram que o vídeo auxiliou na
compreensão do conteúdo de RMN, uma vez que era um conteúdo
que para eles tinha certo nível de complexidade, pois envolvia outros
fatores da química que tornaram possível entender os espectros
fornecidos nas imagens. Nesse contexto, para Moran19 os estudantes
ao terem contato com o material previamente podem desenvolver
suas habilidades referentes àquele conteúdo, já que tiveram contato
também com outras informações e não apenas ao material fornecido
pelo professor. Na turma B, a maioria dos estudantes (dez), afirmaram
que a ferramenta utilizada é de fácil acesso, corroborando com as
ideias de Bacich e Moran6 sobre a facilidade que as tecnologias trazem
para o ambiente escolar, tanto para o professor quanto para o aluno
em sua busca pelo aprendizado de forma independente.
Em contrapartida dois discentes Turma B disseram que a
metodologia não contribuiu para tratar do assunto (pergunta 03), em
que um afirma que “uma aula presencial é mais eficaz para tratar
desse assunto” (B3), e outro que “em sala de aula pode-se tirar melhor
as dúvidas que possam surgir acerca do conteúdo” (B9). Desse modo,
podemos avaliar que a postura dos discentes, em sua maioria, foi
favorável para a abordagem do assunto de RMN, por meio da SAI,
considerando a estratégia adotada pelo professor.
Em relação às dúvidas que foram consultadas em sala de aula
após a visualização do vídeo (pergunta 04), dois estudantes da turma
A afirmaram que não conseguiram sanar suas dúvidas apenas com
o vídeo, pois afirmam que “é necessário mais tempo de pesquisa
e estudo a respeito” (A5), já nove discentes descreveram que
conseguiram sanar suas dúvidas acerca do conteúdo. No que diz
respeito à turma B todos os estudantes destacaram que conseguiram
sanar suas dúvidas durante a visualização do vídeo. Os comentários
por parte destes discentes destacavam que “o conteúdo era bastante
complexo” (B1), mas que ao assistirem o vídeo eles consideram que
melhoraram o seu entendimento sobre RMN, entre os comentários
estão de que “a comunicação tornou-se mais dinâmica, já que houvese entendimento prévio” (B6) e que ao “antecipar o conteúdo a ser
dado pelo professor fez com que tivesse a oportunidade de ver o
conteúdo e formular meus questionamentos” (B12). Os estudantes
comentaram que a estratégia da SAI para o conteúdo de RMN
favoreceu para a introdução do conteúdo a ser discutido em sala
de aula e que os ajudaram a “compreender melhor os aspectos dos
espectros que eram disponibilizados no vídeo” (B3).
No que diz respeito a se os estudantes realizaram alguma pesquisa
para complementar a aprendizagem do conteúdo (pergunta 05),
cinco estudantes da turma A afirmaram que fizeram algum tipo de
pesquisa complementar sobre o conteúdo, enquanto outros cinco não
realizaram nenhum tipo de pesquisa, por acharem que o vídeo estava
bem completo. Um dos estudantes comentou que “não foi necessário
pesquisar com a explicação foi possível compreender” (A4). Já na
turma B sete discentes afirmaram que fizeram algum tipo de pesquisa
complementar sobre o conteúdo, seis não realizaram nenhum tipo de
pesquisa, sendo que destes, cinco não fizeram pesquisas por acharem
que o vídeo estava completo. Um dos estudantes afirmou que por
falta de tempo não realizou essa pesquisa complementar, pois “por
mais que o material seja suficiente, nunca é demais pesquisar” (B9).
É preciso destacar que para todos os estudantes (de ambas
as turmas) o vídeo facilitou o debate e a realização de atividades
(pergunta 06) em sala de aula. Como explicitado por Moran20 (p. 29)
“a linguagem audiovisual desenvolve múltiplas atitudes perceptivas:
solicita constantemente a imaginação e reinveste a afetividade com um
papel de mediação primordial no mundo”. O recurso do vídeo pode
ser utilizado para aguçar os estudantes a respeito das várias temáticas
na química, fazendo-os refletirem sobre o que se está sendo estudado,
498
da Silva et al.
criando nestes um valor mais significativo para aquele conteúdo, além
de os envolverem com o assunto de forma que os façam se questionar
e procurar por mais explicações para os fenômenos mostrados, o que
foi observado nas respostas. Segundo os estudantes, a visualização
do conteúdo de forma prévia facilitou a sua compreensão, pois
“vendo o assunto antes no vídeo, fica mais fácil de debater em sala”
(A5). Dessa forma acreditamos que o processo de construção do
conhecimento desses estudantes pode ter sido ampliado considerando
o fato do discente já conhecer o conteúdo que será abordado em sala
de aula. Segundo A11 a facilitação se deu na realização das atividades
posteriores “Pois, ao realizar uma atividade proposta pelo professor
foi mais fácil” (A11).
Sobre o questionamento se houve melhoria na dinâmica
do professor (pergunta 07), na turma A apenas dois estudantes
afirmaram que não, pois “a aula no vídeo foi bem parecida com a
aula presencial” (A7) enquanto nove alunos consideram que ocorreu
certa melhoria na forma como o professor expõe sua aula. Quando
analisamos as respostas referentes à turma B, todos os discentes
asseveraram que houve uma melhoria na dinâmica do professor. Os
discentes salientaram que a tecnologia auxiliou no aprendizado do
conteúdo e que o professor ao fazer uso dessa estratégia aumentou o
potencial de sua aula (consequentemente sua dinâmica). Para A3 “A
dinâmica de sala por vezes contrai [intimida] os estudantes, a partir
de um recurso audiovisual, seguramente há maior dinamicidade”.
Nesse sentido, acreditamos que essa dinamicidade revela uma
possível interação entre os estudantes e o professor através do uso
dessa ferramenta. Já para B11 “é a primeira vez, que um professor
de química aborda o assunto através desta ferramenta”, indicando
que a integração de tecnologias digitais nas aulas pode ser um
importante recurso para a formação dos estudantes, uma vez que ao
serem utilizadas favorecem que o professor e/ou discente tenham
uma melhor experiência do conteúdo.
No que refere à pergunta 08, todos os estudantes das duas
turmas concordaram que a estratégia contribuiu significativamente,
pois segundo eles “é um assunto complexo e me possibilitou a fazer
pesquisas e tirar dúvidas posteriormente” (B6) e “foi interessante
ver o vídeo e poder ir para a aula sabendo o que iria perguntar ao
professor, me senti mais inteligente” (A8). Essa última fala demonstra
a importância da atividade possibilitar que o estudante se aproprie do
conteúdo, pois ao compreenderem o assunto (mesmo que uma parte
dele), eleva sua autoestima, contribuindo para que o estudante se
sinta parte do processo de construção do conhecimento, cooperando
para uma aula mais participativa e ativa.1,4 Além disso, a atividade
incentivou os estudantes a terem acesso a outros materiais antes da
aula, tempo para estudarem e formularem suas dúvidas antes de
participarem das discussões (debate) com o professor e com a turma.
Segundo B10 a estratégia facilitou porque “demonstra um conteúdo
que permite uso de imagens e representações, a visualização das
representações químicas, facilita que a gente tenha um melhor
significado do conteúdo abordado”.
Os estudantes, em sua maioria, relataram que o vídeo facilitou
a aprendizagem devido ao grau de complexidade do conteúdo e que
através do material puderam ter uma base de como iriam estudar o
conteúdo (RMN) e com a orientação do professor puderam tirar suas
dúvidas durante o processo de construção de seu conhecimento em
um espaço diferente da sala de aula, como proposto por Goudouris
e Strucher.2 Ademais, os estudantes afirmaram que compreenderam
o conteúdo de RMN ao utilizar o vídeo como um material de apoio
e também guia, já que eles também procuraram outros textos, áudio
etc. que facilitaram seu entendimento em relação ao conteúdo, como
dito por Moran19 que as tecnologias auxiliam no desenvolvimento de
suas capacidades de aprendizagem.
Quando questionados se aplicariam essa estratégia em sua prática
Quim. Nova
docente (pergunta 09), apenas um estudante da turma A revelou que
não aplicaria essa estratégia da sala de aula invertida, pois é preciso
“levar em consideração a escola de nível médio e sua complexidade
e alto nível de abstração da disciplina” (A7). Os demais estudantes
dessa turma afirmaram que aplicariam essa estratégia em sua prática
docente. Para eles o uso do vídeo na estratégia da SAI permitia a
sua reprodução várias vezes (já que estava disponível na plataforma
on-line), em que essas atividades auxiliavam no desenvolvimento da
aprendizagem do estudante. Em relação à turma B, uma estudante
disse que não aplicaria essa estratégia em sua prática docente,
pois é “adepta a outras ferramentas para o ensino” (B5), mas não
informou que ferramentas seriam essas. Os doze estudantes disseram
ser favoráveis à aplicação dessa estratégia em suas futuras práticas
como professores. Esses estudantes, de forma geral, descreveram
que o vídeo foi didático por apresentar sons do aparelho de RMN, ter
explicação das imagens dos espectros, facilitando a compreensão dos
mesmos acerca do que o professor iria aprofundar em sala de aula.
Essa abordagem do conteúdo de forma mais audiovisual chama
a atenção do estudante e provoca seu interesse para o que está sendo
mostrado, principalmente em termos de motivação para estudar.
Ademais, alguns comentários das turmas coincidiram no que diz
respeito de que a estratégia da SAI apresentava a possibilidade
de ser replicada em vários momentos, que consegue envolver o
estudante, sendo considerada uma boa estratégia por eles. Para A11
“é um instrumento a mais na metodologia impedindo que haja certa
rotina nas aulas”, “essa estratégia é útil para tirar de certa forma
a monotonia das aulas” (B12) e que “não deixa o aluno passivo,
esperando o professor escrever no quadro” (A2).
Sobre a contribuição das tecnologias para explicar os conteúdos
de Química Orgânica (pergunta 10), na turma A três estudantes
disseram que não acreditavam nessa contribuição, pois para
eles “depende muito da forma que a tecnologia será aplicada e
assim poderá facilitar o ensino” (A10) e também “depende da
complexidade do assunto” (A6). Os demais discentes descreveram
que as tecnologias contribuíam para a explicação de todos os
assuntos de química orgânica “porque além dos vídeos, temos vários
programas que auxiliam no ensino de química” (A3). Leite3 alerta
a necessidade de ter cuidado com essa visão de que as tecnologias
serão “as salvadoras” do ensino de Química, elas vêm para contribuir
no processo de ensino e aprendizagem e que se não forem inseridas
através de estratégias didáticas, tendem a fracassarem. Na turma B,
observamos que seis estudantes afirmaram que não, pois “é um método
cabível para o ensino, porém não explica tudo” (B4), corroborando
com as ideias de Leite.3
É importante destacar que as estratégias tecnológicas
experimentadas por grande parte dos estudantes em sala de aula são
poucas, eles não conseguem de certa forma visualizar se a tecnologia
contribuiria ou não para a explicação de mais assuntos de Química
de uma forma geral, muitas vezes devido a essa limitação em sua
formação. Para os que acreditam que as tecnologias podem ser
utilizadas, destacamos uma fala ponderada do estudante B12 em que
para ele “todos não, mas sua maioria dada à dificuldade dessa área
de química”. Podemos inferir que as dificuldades dos conteúdos em
Química são inúmeras, pois cada estudante lida com uma maneira
diferente de compreendê-los e querer que as tecnologias possam
unicamente resolver todos os problemas do ensino de Química é, no
mínimo, ingênuo. Os estudantes de certa maneira acreditam que a
tecnologia pode auxiliar, porém não tem dimensão do que pode ser
aplicado para que ela ajude. A utilização das tecnologias em sala de
aula ainda é vista de forma bem cautelosa por alguns profissionais
da educação, principalmente no que se referem às tecnologias que
permitem que o estudante seja mais independente no sentido de buscar
seu próprio conhecimento. Para futuros professores, as tecnologias
Vol. 44, No. 4
Sala de aula invertida no ensino da química orgânica: um estudo de caso
devem estar atreladas a sua prática pedagógica, pois além de ser uma
ferramenta útil, ela também é inerente a vida das pessoas atualmente.
De forma geral, em relação à inclusão das tecnologias nas
aulas de química orgânica (pergunta 11), os estudantes indicaram
que o professor deve se planejar com relação ao conteúdo que vai
ser abordado para os seus estudantes e de que modo vai abordá-lo,
refletindo sobre qual a ferramenta mais indicada para ser utilizada.
Algumas respostas foram: “é preciso planejar, para que a aula não
fuja do foco central do tema abordado” (A13); “o professor deve ter
conhecimento da tecnologia que está querendo utilizar para deixar
claro o seu objetivo e bem claro o assunto” (B1); “utilizá-las como
ferramenta auxiliar no processo de ensino requer planejamento,
pois tem potencial para contribuir em diversos conteúdos” (B12).
Na prática pedagógica de alguns professores, observamos que a
utilização das ferramentas tecnologias muitas vezes ocorre sem o
devido planejamento, o que dificulta sua utilização. O professor
deve planejar os recursos didáticos digitais que irá utilizar com sua
turma, que conteúdos e objetivos devem ser alcançados com o uso
dessas tecnologias.
Quando perguntados sobre a frequência da utilização de recursos
didáticos digitais em sala de aula pelo professor (pergunta 12), a
Figura 2 sintetiza as respostas obtidas.
Na pergunta que é relacionada ao emprego das tecnologias e sua
facilitação para o professor (pergunta 13, item a), nas turmas A e B
dezoito estudantes afirmaram que sim. Alguns justificaram que “a
representação Química dos conteúdos vistos foi boa para uma melhor
compreensão do conteúdo” (A13), que através dos recursos didáticos
digitais “pode-se trazer imagens, exemplos e coisas interessantes
para mostrar aos alunos” (A5) e que “é uma ótima ferramenta que
facilita o processor de ensino-aprendizagem” (B6). Seis discentes
responderam que talvez, uma das respostas explicava que “o
desempenho do professor vai depender da forma como o mesmo faz
uso das tecnologias” (B12) e outra que “não necessariamente o uso
da tecnologia facilita, até porque há professores quem nem sabem
fazer uso” (A7), corroborando com os pressupostos de Leite,3 que
destaca que um dos problemas que são bem visíveis é a dificuldade
que professores têm de fazer uso das TDIC.
Quando analisamos o item b da pergunta 13, dezesseis estudantes
das duas turmas responderam que as tecnologias facilitam a
aprendizagem do estudante e seu desempenho em sala de aula.
Para eles as TDIC melhoram o entendimento e proporcionam uma
maior interação dentro e fora de sala de aula, como descreve A8:
“A interação aluno e tecnologia é algo nato, deve-se aprender a
Figura 2. Relato dos estudantes em relação à frequência de uso dos RDD
499
conviver com as tecnologias e não excluí-las”. Para oito estudantes,
a tecnologia talvez facilitasse um melhor desempenho e apresentaram
distintos fatores envolvidos, um deles é que “o recurso a ser utilizado
pelo professor e pelo próprio estudante pode talvez facilitar a
aprendizagem” (B1) e que essa facilitação em aprender conteúdos
através das TDIC irá depender da tecnologia a ser empregada, “[…]
do momento em que for usada e da forma como foi aplicada” (A3).
Análise da entrevista com o professor
A utilização da entrevista estruturada (Quadro 2) tinha como
objetivo compreender as percepções do professor da disciplina acerca
da SAI. Assim, quando questionado pela forma como geralmente
ministra suas aulas (pergunta 01), o docente destacou que “gosto de
fazer uma dinâmica com os meus alunos de forma que eu garanta
que eles consigam construir o conceito que eu estou querendo
trabalhar”. Essa resposta do professor corrobora com os pressupostos
da aprendizagem tecnológica ativa que busca tornar o estudante
autônomo com relação ao modo como relaciona o que aprende e como
aprende,4 rompendo assim com o ensino exclusivamente expositivo,
imutável, repetitivo e não pensante. Além disso, ao fazer uso das
tecnologias digitais o professor espera que seus discentes possam
obter algumas características que contribuam para sua aprendizagem,
possibilitando que eles “evoluam no processo educacional”21 (p.146).
Para Carvalho e Ivanoff21 ao desenvolver seu trabalho, o professor
avalia as melhores alternativas e seleciona as TDIC mais apropriadas.
No que se refere às contribuições para a aprendizagem dos seus
discentes (pergunta 02), o docente discorre que “às vezes só a gente
falar ou desenhar no quadro não é suficiente, aí utilizar alguma
ferramenta em auxilio, eu acho que ajuda”. Embora o docente
não indique que ferramentas podem auxiliar na aprendizagem dos
estudantes, acreditamos que ao se utilizar ferramentas que estimulem
o estudante a trabalhar em grupo, a ser mais ativo dentro e fora da sala
de aula, que promova sua autonomia em relação ao seu aprendizado,
pode ser um dos requisitos fundamentais para se inovar em sua
prática docente, como enfatiza Costa, Dantas Filho e Moita,22 na qual
“devemos buscar alternativas ao discurso do professor para motivar os
discentes no aprendizado de Química para isso os docentes precisam
explorar as relações dessa ciência com outras disciplinas e procurar
metodologias que tenham a interação e a participação do aluno como
ideia fundamental”22 (p.32).
Quando questionado se a estratégia da SAI auxiliou na construção
de conhecimento dos estudantes nas suas turmas (pergunta 03),
500
da Silva et al.
o docente descreveu que as duas turmas tiveram momentos de
aprendizagem diferentes, mas que isso não interferiu na forma como
ambas contribuíram em sala de aula para aprofundar o conhecimento
dos estudantes, isso pode ser observado em sua fala “foi proveitoso
para os alunos porque tem um material que eles podem consultar
constantemente”. Nesse sentido, ao utilizar a SAI para explorar o
conteúdo, o professor a considerou como uma estratégia significativa
para seus estudantes, uma vez que esses já chegaram à sala de
aula com uma base do que iria ser aprendido acerca do conteúdo
de Ressonância Magnética Nuclear, “os meninos [Estudantes] já
chegaram com ideias, perguntas, dúvidas, o que não é comum, achei
bastante efetiva e significativa essa estratégia”.
A estratégia da SAI possui vantagens que são atreladas ao seu lado
virtual e presencial, em que os estudantes têm mais tempo para estudar
e variadas formas de como irão estudar (virtual), sendo que o professor
considera “[…] que por eles terem visto meu vídeo e consultado mais
materiais, é uma forma de construir o conhecimento”. Para Souza,23
a integração efetiva destes dois ambientes de aprendizagem será
realmente efetiva quando se levar em consideração as peculiaridades
da dimensão educacional e é aprofundado quando realizado em sala
de aula (presencial) junto aos colegas de classe e o professor.
Em relação à pergunta 04 (Qual das turmas você acredita que a
estratégia foi mais efetiva? Por quê?), o docente afirmou que nenhuma
das turmas teve uma diferença na aprendizagem de forma muito
significativa, ressaltando que “[eu] apliquei em uma turma no início
do curso e em outra turma no final da disciplina e a experiência
foi parecida”. Esta fala reforça a ideia de se aplicar a SAI em
momentos distintos durante uma disciplina (conteúdo, aula etc.), o
que permite que o professor possa traçar estratégias para aplicação
desta metodologia em diversos contextos.
Destarte, as variações em relação à utilização da sala de aula
invertida (pergunta 05) na forma em que os estudantes aprenderam
não foram consideradas muito diferentes pelo docente. Para ele, os
discentes tiveram acesso a vários meios de comunicação para interagir
e assim contribuir com sua aprendizagem e com a dos outros através
de discussões que foram realizadas on-line, em grupos, chats etc.
Ademais, o professor ponderou que a colaboração ocorrida em sala
de aula foi enriquecida com os questionamentos feitos pelos discentes,
evidenciando uma aprendizagem colaborativa, conforme um dos pilares
da aprendizagem tecnológica ativa.1,4 Embora tentasse descrever que
nenhuma diferença tenha sido notada por ele (professor) sua fala infere
que uma das turmas teve um pouco mais de atenção no que se refere
ao utilizar o material disponibilizado, conforme transcrito “a segunda
turma que eu apliquei no início do curso, a maior parte dos alunos,
assistiram e até se prepararam um pouco mais no assunto”.
Para Almeida,24 o professor ao compartilhar materiais com os
estudantes e ao utilizar plataformas digitais que permitem uma
comunicação fora da sala de aula com seus estudantes, possibilita
relações mais próximas como consequência da utilização dessas
TDIC. Nesse contexto, o comportamento dos estudantes (pergunta
06) para o docente não houve diferença na dinâmica de comunicação
em sala de aula e ambientes virtuais, isso pode ser observado
na afirmação: “a dinâmica foi bem similar à como se eu tivesse
trabalhado na aula anterior”.
Na sua avaliação do uso da metodologia do EH (pergunta 07), o
professor compreende que esse método o deixa “mais livre para em
sala de aula para aprofundar um pouco mais os conteúdos”. De fato,
essa é uma das características do EH, pois ao utilizar as tecnologias
digitais o professor pode se tornar mais versátil, modificando a forma
a qual irá disponibilizar materiais de apoio para que o discente estude,
bem como irá promover uma maior independência do estudante (pilar
da aprendizagem tecnológica ativa), incentivando-o a aprofundar o
conhecimento, tendo um suporte dado pelo próprio professor.
Quim. Nova
No que diz respeito à pergunta 08, o docente considerou benéfico
para os estudantes, pois “flexibilizou a forma como os alunos
estudariam, considerando o tempo de cada um”. Além disso, o
professor afirmou que os estudantes “iriam aprender ainda mais
sobre o conteúdo com o material que fiz” e que uma das vantagens foi
à falta de tempo específico para se explorar o assunto de RMN, que
segundo o docente “requer bastante atenção de minha parte, por ser
necessário explorar bastantes conceitos da Química”, uma vez que
em sala de aula, de forma presencial “cada professor tem um tempo
específico para abordar os conteúdos”. Por fim, o professor afirma
que conseguiu trabalhar o que considera mais importante no conteúdo
de RMN para ser mostrado através do vídeo, em que “aquela aula
que eu gravei, eu trabalhei todos os pontos que eu achei cruciais”.
Em relação à avaliação geral sobre a atividade (pergunta 09) feita
com os estudantes, o professor afirmou que “deu uma boa base para
dar andamento com o conteúdo”. O docente destacou que “estava
bastante esclarecido sobre a utilização e como funcionavam os
recursos [na sala de aula invertida]” e que esse conhecimento sobre
como proceder iria proporcionar uma “abordagem mais efetiva para
minhas aulas e para a compreensão do conteúdo pelos alunos”.
Quando solicitado para sugerir ou comentar algo sobre a prática
realizada (pergunta 10), o docente destacou que as “tecnologias
[digitais] possuem uma variedade de possibilidades para adequar
o conteúdo a ser visto pelos alunos com um recurso tecnológico
que vá atender as necessidades dos mesmos” e que “acho que ela
[tecnologia] pode ser aplicada em outros temas em outras disciplinas
no nosso curso”, demonstrando que há possibilidades para que essa
estratégia seja utilizada em outros conteúdos da Química. Entretanto,
um obstáculo observado para a inserção dessas estratégias está no
uso da tecnologia como um recurso acessível e viável em sala de
aula, em que alguns casos não há preparo por parte do professor.
Entendemos que cada docente possui uma estratégia diferente para
conseguir que suas aulas sejam compreensíveis aos seus estudantes
e que a utilização das TDIC como auxiliadora possibilita que ocorra
maior interação entre os estudantes, entre estudante-professor e com
o material que estão sendo abordados.
CONCLUSÕES
Nesta pesquisa apresentamos a aplicação da sala de aula
invertida, um dos tipos de ensino híbrido, em duas turmas do curso
de licenciatura em Química na disciplina de Química Orgânica C.
Consideramos que essa metodologia ativa pode ser considerada
uma alternativa viável para contribuir para o processo de ensino e
aprendizagem da Química Orgânica. Por meio da SAI, o professor
participante relatou que foi possível aprofundar o conteúdo de RMN
com seus estudantes, além de ministrar sua aula de forma diferente
das quais ele estava habituado, focando nas dúvidas individuais dos
estudantes, como também nos comentários feitos acerca do vídeo
que foi utilizado para introduzir o conteúdo.
É importante destacar que na proposta da SAI para o ensino de
Química Orgânica, especificamente RMN, os estudantes tiveram
controle sobre o espaço (local) e tempo que iriam estudar, além
de terem apresentado um compromisso em relação a sua própria
aprendizagem. Com isso, aponta-se que as tecnologias digitais podem
contribuir no processo de ensino e aprendizagem e o professor ao
fazer uso delas, como um recurso didático digital para a aprendizagem
de seus discentes, consegue transformar não só o ambiente de sala
de aula, mas a forma como os estudantes enxergam e constroem sua
própria aprendizagem.
Em relação ao professor da disciplina destaca-se sua contribuição
como mediador/facilitador desde a condução da aplicação da SAI,
como na elaboração dos materiais suplementares e na realização das
Sala de aula invertida no ensino da química orgânica: um estudo de caso
Vol. 44, No. 4
atividades. O professor teve papel significativo em todo o processo,
além de se comprometer com a utilização de uma metodologia
diferente da que ele realizava em sua prática pedagógica, se mostrando
aberto a novas possibilidades.
O momento de discussão em sala de aula proporcionou aos
discentes uma oportunidade de ter um maior envolvimento e
comprometimento com a sua própria aprendizagem. Eles puderam
(re)ver a forma como estão acostumados a aprenderem e como a
utilização dos recursos didáticos digitais pode abordar determinado
conteúdo em sala de aula. Ademais, pôde-se dar autonomia para que
o estudante se sentisse a vontade para decidir como e quando queria
aprender, e para que ele tivesse uma melhor compreensão, mais de um
recurso foi utilizado, garantindo que os estudantes não se sentissem
“presos” a uma única forma de aprender.
Por fim, nessa pesquisa sobre uma das estratégias do ensino
híbrido foi possível identificar em sua aplicação, para o nosso caso,
que a SAI contribuiu para o processo de ensino e aprendizagem
do conteúdo de RMN, facilitando o desempenho dos estudantes
e auxiliando o professor em sua prática pedagógica. A estratégia
(da SAI), ao ser aplicada, mostrou que a dinâmica da sala de aula
(física) sofreu mudanças, em que os estudantes se mostram ávidos
em participar e abertos a também utilizarem em suas futuras práticas
docentes.
A SAI é uma das opções de metodologias ativas a ser utilizada
pelos docentes, principalmente por mostrar que sua aplicação não é
complexa, mas precisa acima de tudo do planejamento do docente
para que ocorra de forma favorável. Através das respostas do professor
e dos estudantes se percebe que a estratégia utilizada não era bem
conhecida, e que por meio dessa aplicação os mesmos passaram
a se interessar pela proposta, contribuindo assim para que esses
futuros docentes pensem sobre a inclusão da SAI em suas práxis.
Considera-se que essa pesquisa apresenta uma experiência que pode
ser replicada por outros docentes e que façam uso da SAI em suas
práticas pedagógicas, de modo a contribuir para a construção do
conhecimento de seus estudantes.
AGRADECIMENTOS
Ao PIC/UFRPE, LEUTEQ e ao professor T. R. C. L. Souza no
desenvolvimento da pesquisa.
501
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