Diálogos: o Twitter e o peripatético
Dialogues: Twitter and peripatetics
M a g a ly P r a d o *
Jerusa Pires Ferreira**
Resumo
O trabalho parte de uma colaboração de ideias, um intercâmbio e interação de domínios, discute o Twitter e suas práticas e processos, comparando-os com os procedimentos da escola filosófica peripatética de Aristóteles, e referindo-se a pensadores
e criadores contemporâneos.
Palavras-chave: twitter, peripatético, comunicação, filosofia, redes sociais
ABsTRACT
This work started from an interchange and interaction of ideas in different fields for
discussion, in order to consider Twitter and peripatetics, observing constructions
procedures of twitters as well as aristotelic school for peripatetics, also referring to
contemporary thinkers and authors.
Keywords: twitter, peripatetics, communication, philosophy, social net
* Doutoranda no Programa
de Estudos Pós-Graduados
em Comunicação e
Semiótica da PUC-SP e
bolsista CAPES. Mestre em
Tecnologias da Inteligência
e Design Digital da
PUC-SP e especialista em
Comunicação Jornalística
pela Faculdade Cásper
Líbero, onde é professora.
** Professora livre-docente
da ECA/USP e do
Programa de Comunicação
e Semiótica da PUC-SP,
onde criou e coordena
o Centro de Estudos da
Oralidade do COS/PUC-SP.
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dialogues: Twitter and peripatetics
Le plaisir de marcher comme une résurrection, une «ouverture au monde».
La marche nous apparaît alors comme un acte libérateur où l’on se rencontre, échange,
on se détache petit à petit du matériel pour revenir à l’essentiel: la pensée, libre...
sem TRoPeços
Sabemos também que o ato de tuitar, apesar de fixar um limite de no máximo
140 caracteres a cada mensagem, requer do nosso olhar atenção para a telinha
do celular. Entretanto, quanto a isso, não há o que se preocupar; já pensaram
na problemática e resolveram o que poderia ser um risco entre aqueles que por
ventura pudessem tropeçar em algo não visto no chão e criaram o programa
Walk MSG´n para tuitar andando. O visor da tela aciona a câmera fotográfica
do celular, permitindo que se enxergue a imagem do chão enquanto se anda,
digita e manda mensagens ao mesmo tempo. Assim, o link com a escola peripatética é reforçado. Obviamente, Aristóteles dava suas paradas para falar, e
o tuiteiro que possui seguidores de hoje também. Mas, precisamos levar em
conta que tuitar na caminhada é possível, sim. E aí, somos levados a pensar
que o que se apresenta de modo diferente é a propria natureza do pensamento,
seu espectro, amplitude e alcance. O que também tem sua especificidade é a
escala da utilização, e isto não se pode perder de vista4.
O que altera dos 335 a 323 a.C para 2006 a 2010? O regime temporal do
trabalho, noturno, diurno ou da madrugada. Antes, o passeio do filósofo e seus
discípulos ocorria durante o dia e de noite. Durante o dia, recebia seus alunos,
à noite abria para os não-iniciados. Lembremos que nos dois casos a iniciação é
importantíssima. O filósofo de origem médica e naturalista teria começado com
suas caminhadas logo após o almoço no intuito de facilitar a digestão, provavelmente influenciado por seu pai, também médico. Porém, o costume passou
a ocorrer em outros horários também. Já o ambulante de hoje se espalha nas 24
horas de um dia, inclusive na madrugada, com o celular junto ao seu corpo, parte
dele, como um detalhe que o faz assemelhar-se a um homem-máquina, já que
não consegue sair sem ele. Portanto, podemos fazer um paralelo entre o hábito
de Aristóteles de transmitir ensinamentos, enquanto andava e oferecia preleções
sob os portais cobertos do Liceu, conhecidos como perípatoi, ou sob as árvores
que o cercavam, e o hábito dos tuiteiros que cobrem conferências, principalmente
quando os congressos disponibilizam rede wi-fi para facilitar a conexão.
A pergunta que nos fazemos é: de que maneira se agencia o tempo/espaço?
O agenciamento do tempo é outro, a paisagem também, bem como os desafios
neurológicos, as histórias das sinapses nervosas pelas mediações dos aparelhos
eletrônicos que interferem sobre os atos do ambular.
(Le BRETON, 2000)
s
1. Peripatetismo: nome
dado à escola fundada por
Aristóteles na definição
do dicionário de filosofia
The Oxford Companion to
Philosophy. Cf. também
em Chauí (2002: 336).
2. O lugar preferido do
filósofo, situado, conforme
Chauí (2002), provavelmente entre o monte
Licabetos e o Ilissos, num
bosque dedicado às Musas
e a Apolo Lício, em Atenas.
3. Nuvem ou computação em nuvem (cloud
computing) quer dizer
que se pode armazenar
arquivos e aplicativos de
toda espécie, independente
da plataforma, direto na
internet e acessível de
qualquer computador
que o permitir. Assim,
não há a necessidade de
instalar aplicativos em
uma máquina, já que
poderemos acessar os
dados de qualquer outra,
pois estão nas nuvens, ou
melhor, no ciberespaço.
Com isso, abre-se a
possibilidade de compartilhamento e de troca
colaborativa de conteúdo.
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MATRIZes
meDIA
LITeRACY
diálogos: o Twitter e o peripatético
e considerarmos que o Twitter, o serviço de microblog de mensagens
curtas instantâneas que mais cresce entre as redes sociais, foi criado para
ser acionado pelos dispositivos móveis com ferramentas 3G, e a bem
dizer, hoje é usado tanto nos celulares quanto na web, podemos fazer uma
aproximação entre o ato de tuitar andando e o peripatetismo1 de Aristóteles
(384-322 a. C.). Peripatético vem de perípatos – passeio por onde se anda
conversando, motivo pelo qual a escola aristotélica foi chamada peripatética,
como referência ao fato de que Aristóteles e os estudantes costumavam passear
discutindo filosofia.
Hoje, com a mobilidade tecnológica, segundo Rios e Speck (2009), criou-se
uma condição nomádica constante. O tuiteiro é assim um citadino nômade.
Claro que nem tudo que é tuitado pode ser considerado como conhecimento. Porém, se destacarmos aqueles que tuitam oferecendo informações,
opiniões, críticas e o que pode ser chamado de ensinamento, podemos apontar,
sim, para uma analogia entre o Twitter e o peripatetismo.
Da mesma maneira que no Twitter forma-se, no ciberespaço, um círculo de
pessoas em torno de outras com afinidades ou por admiração, assim ocorria na
escola peripatética da Grécia antiga. A diferença é que, enquanto no Twitter são
vários os participantes – dos muito conhecidos até mesmo quem só é notado
na rede – que conquistam seguidores, no Liceu2 era Aristóteles que atraía discípulos quando ensinava caminhando ao ar livre. Os fluxos de transmissão de
ensinamento, outrora unidirecionais, passaram para bidirecionais (no telefone)
e hoje são multidirecionais, ou seja, de muitos para muitos, com uma forte
capacidade de articulação. Algo que a cibercultura facilita colocando todos
em uma mesma nuvem3. Beth Saad (2009), por exemplo, lista o tipo de pessoa
que consegue seguidores:
A recentíssima migração para o Twitter de figuras deste Brasil que podem ser
categorizadas (termos cunhados pela própria mídia) como celebridades, gurus,
comunicadores influentes, comunicadores emergentes, pioneiros, entre outros,
tem chamado a atenção: alardeiam no ciber e no papel números recordes de seguidores, “conversam” com essa massa numérica e distribuem “olás” e “obrigados”
rede afora (Saad, 2009).
ano 3 – nº 2 jan./jul. 2010
4. Foi iniciada juntamente
com Claude Filteau,
professor da Universidade
de Limoges – França,
uma reflexão de Jerusa
Pires Ferreira sobre o
andar, o pensar andando,
a marcha, que deverá
resultar em um trabalho,
a ser publicado em breve.
# TAGueANDo TemAs
O taguear é a compartimentação didática dos temas, em que se evidencia e é
oferecida uma síntese no rótulo escolhido. No caso de se tratar de conferências
em pleno século 21, costuma-se usar uma ferramenta que separa postagens
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5. Retuitar é quando o
microblogger republica
a tuitada de alguém,
acrescentando ou não
comentários.
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por assuntos – o Twemes –, bastando para isso iniciar a mensagem com o
símbolo do sustenido: #. Melhor ainda se as conferências são transmitidas por
streaming na internet, o que possibilita a tuiteiros, fora do local, assistirem
pela tela do computador, podendo repercutir a cobertura da conferência entre
os tuiteiros presentes. Sem contar quando acontece mais de uma conferência
transmitida pela web cuja audiência vai acompanhando, tuitando e retuitando5
em tempo real na página de cada uma delas. E aí nos perguntamos com que
aparatos intelectuais e psíquicos somos capazes de alcançar o conhecimento numa divisão orgânica deste porte? Quais as amenizações possíveis para
compatibilizar diversidades numa mesma leitura
instantânea e simultânea?
Em vários casos, o vídeo da conferência fica
arquivado e à disposição. Porém, as conversações
(o chat) pelas tuitadas nem sempre são preservadas. Uma pena, pois as digressões paralelas com
toda a sorte de impressões que o Twitter propicia
são poderosas. Hoje, nem todos se contentam mais
em apenas ouvir o que o conferencista tem a dizer,
querem conhecer também a reação provocada pelos
comentários dos tuiteiros, semelhante às conversas
paralelas que surgem nessas ocasiões. Isso parece
corresponder filosoficamente ao tópico-comentário
que emerge do ensino peripatético. Enquanto se caminha, novas ideias vão chegando e novos estímulos
vão se abrindo para analogias e comentários.
Um exemplo do uso das hashtags pode ser encontrado no artigo que Steven Johnson escreveu
para a Revista Time.
O escritor Steven Johnson foi capa da revista
Time a propósito da onda do Twitter. Na Time, ele confessou que no início
também era cético em relação ao microblog. Lembrou que quando nos anos
1990 encontrou Evan Williams (coautor do Twitter), na época em que ele criava
o <Blogger.com>, o questionamento era qual seria a ameaça que os blogs e
seus posts de poucos parágrafos poderiam representar perante os mais longos
artigos e livros de então. E agora com o Twitter, uma plataforma que permite
postagens de poucas frases ou até poucas palavras... E se perguntou: “Como será
amanhã? Mandaremos apenas um sinal de pontuação única para mostrarmos
nosso humor?” Pensamentos brincalhões à parte, Johnson levanta a questão
que considera mais importante, se os posts sobre o que comemos no almoço
são ou não relevantes e se são ou não parecidos com conversas telefônicas. E
se o uso do Twitter ao longo desses dois primeiros anos de existência deve ser
motivo de reflexão.
Ou seja, “O que estamos fazendo com o Twitter?”. E dá um exemplo: o da
conversa aberta. Ele cita um fato inusitado que ocorreu em uma conferência
com 40 educadores, Hacking Education, falando sobre o futuro das escolas com
inúmeras participações de gente não inscrita que foram agregadas ao debate
por estarem no Twitter.
ano 3 – nº 2 jan./jul. 2010
Há 20 anos, essas ideias estariam confinadas aos participantes. Ou se a conferência tivesse ocorrido dez anos atrás, depois de alguns meses provavelmente seria
publicada em livro, ou algumas semanas depois na web. Se a conferência tivesse
ocorrido há cinco anos, possivelmente alguns dos participantes poderiam blogar
suas experiências deste dia. Mas isso ocorreu no início de 2009, em tempo real, no
Twitter. Quem quisesse, de dentro e de fora da conferência, podia participar ao vivo
postando comentários com a hashtag do evento e uma tela com o Twitter aberto
na qual mostrava o que era postado como opiniões, resumos dos argumentos
de algum conferencista, acabando por desdobrar a discussão. Inicialmente com
quem estava participando, de seus notebooks e smartphones. Só que depois de
uma meia hora já havia internautas que ficaram sabendo e entravam na discussão
pela hashtag (#hackedu).
Muito do que foi sugerido por pessoas fora da conferência acabou sendo acatado
para debate. E o que é melhor, se entrarmos agora através da hashtag #hackedu
é possível postar comentários sobre educação e travarmos novo debate, tornado
permanente. Ao injetar o Twitter, as regras de engajamento dado à conversa mudaram fundamentalmente, foi acrescentada uma segunda camada de discussão
a qual só ficaria em uma troca privada. A abertura que o Twitter proporciona a
outras pessoas amplia a discussão e dá nova vida ao evento na web. Está certo que
foi em 140 caracteres, mas, lembre-se de que foi a soma total de muitos posts de 140
caracteres que mostrou, afinal, um resultado qualitativo de ideias (Johnson, 2009).
No caso do pensamento, ao longo dos tempos, há toda uma tradição de
sujeitá-lo a vários tipos de junção, como é o caso da própria composição gráfica,
no âmbito da Galáxia de Gutenberg. Por exemplo, determinadas composições
poéticas ou escritos filosóficos tinham a ver com a dobradura do papel e o
número de páginas que o caderno gráfico impunha. A sujeição, portanto, a
que se submete a lauda impõe um número de caracteres, de toques, mancha
gráfica e assim, sucessivamente. Portanto, o Twitter é comportado por um novo
instrumento com seus múltiplos suportes e geradores, sujeitando-se também às
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6. Conceito de não-lugar
de Marc Augé lida com
os lugares de passagem,
como aeroportos, estradas,
trânsito, shoppings, lugares
onde, aparentemente, não
se fica, e só se passa. Claro
que, se pegarmos ao pé da
letra, teremos exemplos
do contrário, ou seja, de
gente que até mora em aeroportos, só para citarmos
um. Aliás, Steven Spielberg
mostrou situação similar
com seu filme O Terminal.
7. No site AdNews, a
informação é que são “de 5
mil para 50 milhões tweets
por dia. Esse é o acréscimo
de mensagens registrado
e divulgado pelo Twitter
desde 2007 até 2010”.
Disponível em: <http://
www.adnews.com.br/
internet.php?id=99896>.
Acesso em 19.abr.2010.
dialogues: Twitter and peripatetics
contiguidades espaciais e a outro tipo de limitação. Avançando para considerar questões de oralidade e da voz, não são a metrificação, o verso, elementos
constrangedores por um lado, e acionadores de memória por outro?
No caso da conferência, o evento é significado e, no que toca ao diário, no
sentido original de jornal, ele é acompanhado por todos. Mas é bom deixar
claro que também têm vez aqueles que registram seus pensamentos em toda a
parte, fechados em uma sala de aula ou em suas passagens pelos “não-lugares”6
(AUGÉ, 1994); no aeroporto, por exemplo, sempre ao esperar uma decolagem,
o que fazer? Alguns preferem tuitar. Ou no trânsito engarrafado das cidades,
na monotonia das grandes estradas. Não importa onde, o fato é que em qualquer parte é possível acessar seu aparelhinho e transmitir informações, ou
até mesmo fazer passar os seus ensinamentos ou somente exercer atividades
lúdicas. Haverá sempre na vida e nos meios um espaço para uma errância
descomprometida, para o aliciamento de um interlocutor, convidando-o a
uma pausa, a um cafezinho ou ao riso. E este direito faz parte de toda sociabilidade humana.
Apesar da busca pela informação filtrada por aqueles que são seguidos,
que a princípio possuem os mesmos interesses, sobressai a evidente vontade
de papear. E por que não? Quem disse que temos de estar sérios o tempo todo?
Escolher o que tuitar pensando duas vezes sempre? É possível que exista uma
baixa audiência para notícias datadas, links exaustivamente retuitados, piadas
de mau gosto, preconceitos. Basta comparar com a vida, levando em conta a
superexposição que a rede propicia e faz expandir. É preocupante pelos dados
fornecidos. Segundo o Adnews7 de 23 de fevereiro de 2010, o Twitter alcança
50 milhões de mensagens por dia.
No fluxo de informações, que assola os habitantes de espaços midiáticos,
uma das principais estratégias é o filtro da seleção. Aliás, esse é o princípio
básico para pensar as relações interativas entre memória e esquecimento, a
manutenção possível de informações essenciais, a partir de uma escolha que
nos encaminha aos estudos de semiótica da cultura de Iuri Lotman.
Como os discípulos de Aristóteles, os followers no Twitter também são
voluntários, ou seja, não existe a menor obrigação de seguir alguém, mesmo
em se tratando de um professor e os alunos de sua classe. Na era das redes
telemáticas, qualquer um pode se expressar.
O título dado pelo filósofo, etnólogo e psicanalista francês Octave Mannoni,
Um começo que nunca termina (Un Commencement qui n’en finit pas, de 1980)
nos conduz por várias razões a esta vinculação que estamos desenvolvendo
sobre o peripatético e o Twitter.
Ser um peripatético, aquele que passeia, obtém com isso seguidores,
por pior que essa palavra possa sugerir entre aqueles que a rejeitam, por
imaginar a ideia de guia espiritual que, em geral, possui seguidores à maneira de rebanho. Melhor pensar que nesses espaços se constrói um tipo
de conhecimento cada vez mais descentralizado e distribuído. Muitas
vezes, o tuiteiro segue pessoas que não conhece e passa a conhecer na
rede. Faz-se aqui também um paralelo com o que o poeta-memorialista
Óssip Mandelstam (1891-1938) falou sobre o Outro em Viagem à Armênia
(Mandelstam, 2000), em 1933, seguido das considerações que estão no livro
Armadilhas da Memória.
FILTRo Como PALAVRA-CHAVe
Se o peripatetismo nos remete a discussões de alunos e mestres, enquanto
passeavam, no Twitter não é diferente. A rede social é espaço adequado para
discussões acaloradas sobre todo tipo de assunto, reforçando que nem sempre
são temas relevantes. O filtro poderá ser feito pelo próprio tuiteiro ao escolher
seguir este ou aquele. Aliás, por decorrência de tuitadas impróprias de toda
espécie, é que seguidores e seguidos bloqueiam certas pessoas, e neste ato de
aceitar seguir alguém ou deletar refina-se o rol de seguidores.
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...[ ] é bem o exercício do espaço, do olhar não apenas a paisagem diferente,
mas é o enfrentamento da cultura do outro, seu modo de ser e de representar.
Aqui é a Alteridade que está em causa, e o autor o explicita dizendo que “não
há nada de mais ilustrativo e alegre que mergulhar na companhia de pessoas
de raça [sic] inteiramente distinta que a gente respeita, com quem simpatiza
e de quem se orgulha como um estranho” (Pires Ferreira, 2003: 50, apud
Mandelstam).
É certo que Mandelstam está se referindo à alteridade, e na tuitosfera,
pessoas seguem aqueles em quem confiam e em quem não confiam. Inexiste
regra nessa escolha de seguir. Mas é possível imaginar que o mais seguido é o
que inspira maior confiança, sim.
A alteridade será então uma diferença vinda de fora, sem as ameaças que implicam confronto ou convívio. E é então que a presença do outro nos ajuda a
definir-nos. Comumente objeto de desconfiança ou de repulsão, ao contrário,
aqui o outro se transforma num pólo de atração na própria razão de sua alteridade (Ibid.).
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dialogues: Twitter and peripatetics
Podemos pensar na relação que o seguidor de desconhecidos trava na rede.
Alguns seguem os mortos e são eles: escritores, poetas, músicos, cientistas,
enfim personalidades. Veja o exemplo do twitter de Paulo Leminski (1944-1989),
na figura abaixo:
questionamento seguinte: nem todos almejam ter seu tema ou o tema do seu
link no trendings topics? (Quando o assunto é o mais comentado do momento
e vai para o topo da lista).
Nesse ponto, o hipertexto entra como nos primórdios da web, quando
um pensamento leva a outro e são complementados com sugestões de links
que levam a outros links em navegação própria da rede. Gerard Génette traz a
ideia de que a literatura é hipertexto, sempre pronta às novas interpretações.
Para o autor, hipertexto designa “todo texto derivado de um texto anterior por
transformação simples (…) ou por transformação indireta” (1982: 12). Bairon e
Petry (2000) lembram que existe uma montagem e colagem próprias do mundo
virtual. As redes sociais como o Twitter provocam não só essa montagem,
como incitam a remontagem, as recombinações, a junção de múltiplas autorias,
quando listam as várias arrobinhas em uma citação. Tudo com a liberdade que
norteia a rede, pois sem ela não há inovação possível.
CAmINHANDo e LeNDo
Lembremos que Aristóteles também lia nessas andanças. Aqui ressaltamos a
ideia de que ele parava de tempos em tempos, e não se tratava de andar desenfreadamente. É o que acontece quando um tuiteiro lê e copia um trechinho
no microblog para compartilhar o que está lendo. Muitas vezes, é possível ver
escritores postando partes de seus escritos no Twitter para sondar a aceitação
do que vêm escrevendo. Outros vão mais longe, escrevem direto no Twitter e
depois salvam a timeline para compor um roteiro, um livro, uma apostila, seja
o que for que estiver digitando no momento. Trata-se de uma escrita compartilhada. Vemos ainda aqueles que arriscam escrever de forma coletiva e
começam uma história pedindo a cooperação de quem quiser continuar, como
um texto colaborativo. E os créditos de quem começou com a ideia aparecem
na medida em que as retuitadas vêm acompanhadas pelo símbolo arroba: @ +
o nick, o apelido de quem postou. Não existe apuração a respeito, então fica o
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PeRIPATéTICo = eXAGeRADo
Se levarmos em conta uma definição figurativa de peripatético, como exagerado
na expressão, nos gestos, no que concerne à expressão, os tuiteiros aproveitam
a liberdade da rede para escrever o que vem à mente. Mesmo quem está em
posição consolidada no mercado desabafa, solta palavrões, usa abreviaturas e
gírias sem o menor pudor. Afinal, estão em um ambiente pessoal.
E essa narrativa é fragmentária, rica em detalhes, a vida é uma fabulação.
A fábula é a captação da vida, a narração do que se passa, como sendo mais
importante do que o que se passa realmente. Muitas vezes percebemos que
um seguidor reverbera reflexões de seu seguido por concordar plenamente com
ele, sendo assim, não é preciso deixar a própria opinião, basta retuitar o outro.
Nesse caso, sobra mais tempo para borboletear na companhia dos passarinhos
– símbolo do Twitter.
Um exemplo é o uso constante de expressões e palavras-chave como “ri
alto”, “morri”, “prontofalei”, “fui”, para designar situações correntes do dia a
dia. E quanto ao gestual, diversos símbolos, os emoticons, revelam o estado de
espírito dos tuiteiros, portanto, podem exprimir tristeza :-( ou muita alegria
:-D ou decepção :-S e, ainda, entre outros sinais para gestos como levantar
a mão o/. Esta é uma verdadeira gramática tradutória que faz parte de uma
mímica popular.
Especificamente sobre o exagero, muitos tuiteiros abusam de figuras engraçadas ou bizarras na hora da escolha de seu avatar – representação virtual da
figura em sites, jogos, e que pode ser desde um desenho simples a um mais sofisticado em 3D. No caso das páginas do Twitter, entram em tamanho pequenino.
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Alguns trocam seu avatar a cada novo fato do dia, ou que esteja dando suíte
no dia, como forma de se posicionar. Seguindo Guattari, em Caosmose, vemos
que ele nos traz
ou estrangeiros como o Twitterfone10 e TweetMic permitem ao usuário falar
ao celular e ter sua voz automaticamente postada no Twitter, mostrando a
versatilidade das diferentes formas de expressão em convergência.
Temos a possibilidade de escrever, falar, linkar – e ao colocarmos o link
de algum outro lugar, pode ser tanto a página de uma outra rede (concorrente,
inclusive), sites, ou mesmo fotos e vídeos – e proporcionamos uma livre circulação de informações. Quando ocorrem discussões, o debate é instalado e
a troca de opiniões vem à tona, ao passo que, ao surgir, a retuitagem emerge a
disseminação de saberes. Enquanto isso, os discípulos de Aristóteles ficavam
com sua fala e/ou sua leitura e a rica discussão que deveria se dar naqueles
tempos. Ao lidar com voz, escuta e escrita, pisando em território de conexões,
concluímos que todo texto cresce quando lido em voz alta, e quando falamos,
o concretizamos.
Obviamente, a avalanche crescente de informações, própria dos últimos 20
anos com o advento da web, está instalada no Twitter desde que ele surgiu em
2006, o que provoca perda dessas informações conforme e proporcionalmente
ao número de seguidores do internauta. O Twitter é pantópico, vem de todos os
lados. E os seguidores, de vários cantos do planeta. Como exemplo, o twitter da
blogueira cubana Yoani Sanchez, <http://www.desdecuba.com/generationy/>,
considerada pela Revista Times uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Porém, quando se segue muitas pessoas, ao fazer o login é fato que só se
consegue acompanhar o que estão postando online e, quando muito, voltar
a algumas páginas para ver o que postaram antes. Porém, salvo aqueles com
tempo de sobra, essa prática de ler o que já foi publicado torna-se irrelevante, até porque as atualizações propagadas são frenéticas e mal consegue-se
acompanhar o fluxo em tempo real, quanto mais o que já foi e que facilmente
torna-se datado. Uma solução possível é assinar pelo RSS11 e acompanhar os
feeds só de quem importa.
com Lacan a imagem da fala vazia, esvaziada pelas semiologias escriturais apoiadas na lei, no controle de gestos, fatos, sentimentos. A fala comum se esforça
para conservar viva a presença de um mínimo de componentes semióticos, ditos
não-verbais, onde as substâncias de expressão constituídas a partir da entonação,
ritmo, traços de rostidade, posturas se alternam e superpõem, conjurando antecipadamente o despotismo da circularidade significante (Guattari, 1999 apud
Pires Ferreira, 2003: 24).
8. Frases colhidas do
Twitter, com autorização
dos autores. Escolha
feita a partir da timeline
do Twitter http://twitter.
com/public_timeline
No entanto, nas redes sociais, os símbolos que expressam sentimentos
estão cada vez mais constantes, como numa retomada.
A estudante Yeska Nakamura utiliza vários símbolos da linguagem das
redes em caixa alta (“QUERO A MINHA CAASAA...”)8 , que demonstra estar
gritando, o “A” dobrado dá a sensação de que ele foi esticado nesse momento
da fala, ou melhor do grito, já que está em caixa alta. Na sequência, ela avisa
da comédia Stand Up e coloca hoje abreviado, “hj” acrescentando o nome do
humorista com o @, assim é possível clicar no twitter dele (@danilogentili).
A seguir, solta um “yeeeeah” mostrando felicidade nisso, e continua dando a
entender que vai gostar, dizendo “rirei POUCO!”. Ironiza a expressão de estar
rindo (hahaha) e termina o post com #bjofui, com o “#” à frente da palavra,
o que não condiz com a real função do “#” que significa a possibilidade de
seguir tudo que foi escrito com aquela palavra, como uma palavra-chave.
Porém, é normal ver o uso do “#” indiscriminadamente, sem função aparente. Essa relação entre o uso de signos gráficos e o uso de alusões é um
campo muito importante para o exercício de uma nova leitura textual da
contemporaneidade.
ANDAR e FALAR
“O twitter faz parte de um conjunto de ferramentas, [...] processos que permitem
circulação, emissão e mobilidade, todos ao mesmo tempo” André Lemos (2009).
9. Do livro Aristóteles
– Coleção os Pensadores.
Nova Cultural. Ed. 2004.
O termo surgiu do hábito
dos mestres (professores)
da época da Grécia
antiga de realizar com
seus estudantes discussões
enquanto passeavam.
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MATRIZes
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LITeRACY
diálogos: o Twitter e o peripatético
Focalizando a questão da fala, se peripatético também quer dizer andar e
falar9, poderia estar ligado ao Twitter convencional? Aquele que escreve poucas
frases? Novamente, isso está resolvido e o áudio foi incorporado à prática da
microblogagem: alguns programas utilizam software de áudio para postar a voz
dos tuiteiros, nesse caso o limite de 140 caracteres é convertido para quantidade
X de segundos, conforme a fala de cada um. Sites brasileiros como o Gengibre
ano 3 – nº 2 jan./jul. 2010
ReDe soCIAL NA INTeRNeT
Uma peculiaridade importante é o sentido de rede social que o Twitter, assim
como outras do tipo, como Facebook, o antigo Orkut etc., permite aflorar e
faz com que as postagens das pessoas conectadas – aliás porque essas redes
dependem da internet para corroborar sua existência –, que possuem coisas em
comum, triangulem preferências, reclamações e modos de ver a vida. Como a
estudante Natália Pioli suspirando no domingo chuvoso: “Que droga de domingo: sem sol, sem rolê, sem futebol...”.
Mas outras manifestações estão presentes fortemente no Twitter, como sugestões de entretenimento, caprichos à toa... E há quem também puxe conversa
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Magaly Prado, Jerusa Pires Ferreira
10. Disponível em: <http://
www.twitterfone.com/>.
Acesso em 19.abr.2010.
11. RSS é um mecanismo
de subscrição de conteúdo,
uma espécie de metadados.
Sites e blogs possuem um
ícone que ao ser clicado
fornece um endereço para
ser incluído em um programa leitor da preferência
do usuário. Ex: Google
Reader ou Feed Reader.
163
12. Prefeito de Nova York
durante os ataques de 11
de setembro, em palestra
no HSM ExpoManagement
2009. Postado em sábado, 5
dez 2009, por Tiago Doria.
<http://www.tiagodoria.
ig.com.br/>. Último
acesso em 19.abr.2010.
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diálogos: o Twitter e o peripatético
dialogues: Twitter and peripatetics
com quem não conversa. Veja o exemplo do jornalista Rodrigo Flores papeando
com seu próprio plantão de final de semana: “boa tarde, plantão.Tudo bem
com você ?”
Se uma história assim, por um lado, nos oferece a ideia de um preenchimento vital possível, por outro, deixa-nos aflitos, pelo nível de solidão e busca
de paliativos frente a máquinas indiferentes.
Ou seja, tudo que uma rede social faz quando favorita alguém, aumentando
sua reputação, ou então banindo-o e, por consequência, desacreditando-o, é
como se respondesse a um estabelecido padrão de qualidade. Um dos cuidados
que muitos não têm é quanto à quantidade de tuitadas, e como verdadeiros
tagarelas, cansam quem está logado. A tagarelice atenta contra o mencionado
e antigo ato filosófico. É provável que a ferramenta de unfollow para deixar de
seguir alguém seja mais usada do que a de clicar na estrelinha para tornar-se
fã, o que ficou muito caracterizado e até banalizado no Orkut.
são engraçados, pois colocam a palavrinha “NOT” depois da frase enganadora.
Veja o estudante Manoel Correia de Araújo Júnior desabafando: “Morrendo
de dó do #Berlusconi.# NOT”.
“Bons ouvintes são bons aprendizes. Quem fala demais
só repete o que ouve por aí” Rudolph Giuliani12 .
A Quem seGuIR?
No início, foi uma busca descomedida por seguir pessoas, e passados os primeiros anos, o que importa no Twitter é saber a quem seguir, ter propósitos ao
acompanhar os escritos de determinadas pessoas e distinguir quem tem pertinência, que nem sempre é quem tem notoriedade. Quem afinal tem autoridade?
Saber fazer essa escolha é o ponto forte deste momento. E se destaca aquele
com tuites interessantes, mesmo que simples posts da sua realidade, mas bem
escritos, poéticos ou engraçados, o que fica perceptível com a quantidade de
retuites e dos comentários dos comentários. Para tanto, os notáveis sabem se
relacionar e aperfeiçoam cada vez mais sua performance e o grau de sociabilidade para ganhar apreço, aumentar a popularidade e chamar a atenção sempre.
A possibilidade de conversar no reservado, por direct message, propõe maior
vínculo com os seguidores, como uma forma de mantê-los na barra da saia.
E há quem faça um filtro das melhores frases do Twitter e fora dele também.
Há quem fale para todos de uma vez só. Veja o exemplo da estudante
Carolina Almeida, que termina com riso: “boa tarde, não vou falar aquilo que
vcs querem ler. hahahaha”.
A ideia deste artigo não é entrar nos meandros de como funciona a ferramenta, nem juntar todos que se conhecem em outros meios, importando
de rede para rede, e nem tem a pretensão de problematizar aqui quem usa o
Twitter só para se autopromover, quem entra com perfil fake, e muito menos
aqueles que espalham spam. Mas os que escrevem mentiras em tom de gozação
ano 3 – nº 2 jan./jul. 2010
PeNsAR ALTo
Não se deve esquecer que nas redes o leque de pessoas com quem se convive virtualmente é imensamente maior do que poderíamos encaixar num dia
físico. Até porque nem sempre são pessoas conhecidas que nos adicionam,
mas acabam por interagir conosco e conseguem ter acesso aos nossos tiques,
fotos no Twitpic – o lugar para agrupar galerias de imagens com espaço para
comentários, inclusive –, momentos de pensar alto, erros de digitação, risadas.
Enfim, posts são, em geral, públicos – ainda que alguns coloquem cadeados,
fugindo e distorcendo a própria finalidade de estar em uma rede social.
o eu-VoCê CoLeTIVo
Sem discutir os detalhes, existe a possibilidade da conversa, da linkania13
(DIMANTAS: 2006) acontecer no meio da madrugada e poder ser recebida
ou acessada a qualquer hora ou quando a multidão fizer o login. Trata-se de
uma contaminação de atitudes, em que a vida na rede influencia e interfere
na vida física. Um contínuo que dá a sensação de série quando um tuiteiro
completa, complementa e continua o pensamento do outro. Esse conceito de
contínuo vem da matemática, passa para as ciências comparadas do século
XX, a antropologia, a linguística, a comunicação e a semiótica. E o incluímos
aqui pelos vínculos com a comunicação. Por isso, evocamos Iuri Lotman (1990)
quando ele faz considerações sobre a comunicação entre eu-eu e entre eu-você,
considerando que é no balanço e na interação dessas duas possibilidades que
ocorre a força da criação na cultura (Lotman, 1990, 1996). Conectamos com os
coautores que retuitam e complementam opiniões de outros que são seguidos,
não só corroborando o que se diz, mas confrontando também.
Enquanto isso, vale trazer Bakhtin (Cf. Pires Ferreira, 2003: 17) a essa
reflexão, ao pensar no dialogismo como o próprio agenciamento desejável nos
processos da cultura. No Twitter, a principal atitude é a da conversação, só
depois vem a sequência de informações. Se considerarmos os números de um
bate-papo, como os do Uol, por exemplo, que arregimenta cerca de 200 mil
por minuto em seu portal, pode-se deduzir que as pessoas querem conversar.
E elas conversam linkando páginas com textos (ou fotos etc.) recomendados na
função primeira do hipertexto. As redes de hoje vão além. Pedidos de demissão
ou de casamento pelo Twitter são um hype na internet. Apesar da incredulidade
de muita gente que considera impróprias determinadas intimidades na rede.
P. 153-167
Magaly Prado, Jerusa Pires Ferreira
13. Termo cunhado
pelos pesquisadores
Hernani Dimantas e
Marcelo Estraviz.
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14. Reply é responder.
Quando, com um clic, o
nome da pessoa entra automaticamente com arroba e
tudo para facilitar quando
se quer falar com ela.
dialogues: Twitter and peripatetics
o Que ouVImos
No formato de rede de associação, um ponto forte é a divulgação daquilo que se
ouve nas redes sociais musicais acopladas ao Twitter, como a Blip.fm, com forte
presença entre os usuários. A partir do momento que uma música é clicada,
agregando comentários sobre ela ou não, automaticamente o post entra na
timeline, facilitando assim não ter que digitar a url para mostrar aos seguidores
o que é considerado bom para ouvir.
Mas afinal, o que eles esperam dos seus seguidos? Trazendo à baila a frase
“O que você quer de mim?” como um bordão do pacto fáustico. É possível prever
a satisfação ou não de quem segue, dependendo da prática do unfollow, quando
o seguidor deixa de seguir a qualquer momento ou alimenta seu encantamento
a cada tuitada. Afinal, evocando Fausto de novo, basta lembrar mais uma frase
atribuída a ele: “Sou apenas um ator.” Boa para dar um reply14 nos seguidoresdiscípulos que cobram posturas, respostas rápidas e análises prontas, fechadas.
______. La semiosfera I – Semiótica de la cultura y del texto. Madrid: Ediciones Cátedra,
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MANDELSTAM, Óssip. A Descoberta do Eu e do Outro. Tradução: Paulo Bezerra. São
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Twitter. Intercom Júnior 2009. DT Interfaces Comunicacionais.
memoRIAL NA NuVem
No Twitter, tudo fica ali, como um memorial itinerante, guardando cada instante da vida para que não tenhamos necessidade de decorar, anotar, registrar
de outras formas, basta tuitar e salvar de tempos em tempos as tuitadas para
manter o raio de informes de cada um na posteridade, como o eu-arquivo de
Fausto Colombo (1991). Afinal, quem sabe podemos voltar a andar nas nuvens,
distraídos, como os nefelibatas da era do universo ultra romântico?
ReFeRêNCIAs
AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade.
Campinas: Papirus, 1994. (Coleção Travessia do Século).
BAIRON, Sergio, PETRY, Luís Carlos. Psicanálise e História da Cultura. São Paulo:
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MATRIZes
meDIA
LITeRACY
diálogos: o Twitter e o peripatético
ano 3 – nº 2 jan./jul. 2010
endereços eletrônicos
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Artigo recebido em 31 de março e aprovado em 16 abril de 2010.
P. 153-167
Magaly Prado, Jerusa Pires Ferreira
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