Dimorfismo sexual pela análise da vértebra áxis
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Revista Brasileira de Odontologia Legal – RBOL
http://www.portalabol.com.br/rbol
ISSN 2359-3466
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Antropologia Forense
DIMORFISMO SEXUAL DA VÉRTEBRA ÁXIS EM UMA COLEÇÃO
OSTEOLÓGICA BRASILEIRA*.
Sex dimorphism by the axis vertebra in a Brazilian osteological collection.
Vanessa GERMANO1, Viviane ULBRICHT2, Cristhiane Martins SCHMIDT2,
Francisco Carlos GROPPO3, Eduardo DARUGE JÚNIOR4, Luiz
FRANCESQUINI JÚNIOR5.
1. Graduanda em Odontologia (iniciação científica) pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba-UNICAMP
(FOP/UNICAMP), Piracicaba, São Paulo, Brasil.
2. Doutoranda em Biologia Buco Dentária na Faculdade de Odontologia de Piracicaba-UNICAMP (FOP/UNICAMP),
Piracicaba, São Paulo, Brasil.
3. Professor Titular de Farmacologia e Chefe do Depto. das Ciências Fisiológicas Faculdade de Odontologia de
Piracicaba-UNICAMP (FOP/UNICAMP), Piracicaba, São Paulo, Brasil.
4. Professor Associado II de Odontologia Legal e Deontologia Livre Docente Faculdade de Odontologia de PiracicabaUNICAMP (FOP/UNICAMP), Piracicaba, São Paulo, Brasil.
5. Professor Associado I de Odontologia Legal e Deontologia Livre Docente Faculdade de Odontologia de PiracicabaUNICAMP (FOP/UNICAMP), Piracicaba, São Paulo, Brasil.
* Trabalho fomentado por Bolsa de iniciação Científica PIBIC/CNPq/UNICAMP.
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Informação sobre o manuscrito
Recebido em: 25 Set 2018
Aceito em: 13 Fev 2019
Autor para contato:
Luiz Francesquini Júnior.
Departamento de Odontologia Social (FOP/UNICAMP).
Avenida Limeira, 901 Vila Areião. Piracicaba-São Paulo
CEP: 13.414-903 Caixa postal 52.
E-mail: francesq@unicamp.br.
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RESUMO
O objetivo desse estudo foi verificar o dimorfismo sexual por meio de medidas lineares (Comprimento do
corpo e processo odontóide, Comprimento do processo odontóide, Comprimento do forame vertebral,
Largura do forame vertebral, Distância dos processos transversos, Distância do processo transverso
esquerdo ao processo espinhoso, Distância do processo transverso direito ao processo espinhoso) da
segunda vertebra cervical denominada de áxis. Para tanto foram analisadas 181 áxis, sendo 103
masculinas e 78 femininas, na faixa de idade de 22 a 85 anos, pertencentes ao “Biobanco Tomográfico e
Osteológico Prof. Eduardo Daruge da FOP/UNICAMP”. Tais medidas foram feitas pelo paquímetro digital
marca Stainless – hardned ® 150 mm Mauá – São Paulo, Brasil, após a calibração inter e intraoperador
realizada por meio do teste de correlação intraclasse, teve como resultado o valor de 0,98 considerado
excelente. Verificou-se que todas as medidas estudadas são dimórficas e foi possível estabelecer um
novo modelo de regressão logística, a partir dos dados obtidos junto às ossadas. Concluiu-se que o
modelo de regressão logística gerado – Germano Sexo = [- 22.7 + (0.16 × Comprimento do corpo) + (0.31
× Comprimento do forame vertebral) + (0.28 × Distância dos processos transversos)] – possui 72,4 % de
acerto.
PALAVRAS-CHAVE
Antropometria, Vértebra cervical Áxis, Antropologia Forense, Modelos teóricos, Diferenciação sexual.
Rev Bras Odontol Leg RBOL. 2019; 6(1):21-29
21
Germano V, Ulbricht V, Schmidt CM, Groppo FC, Daruge Junior E, Francesquini Junior L
INTRODUÇÃO
prontuários dos hospitais. Já os métodos
A Antropologia permite o estudo de
secundários
são
coadjuvantes
para
o
seres humanos (vivos ou mortos, inteiros ou
processo
despojos),
de
estimar a ancestralidade, o sexo, a idade e
mumificados,
a estatura. Somado a este fato, a idade e a
completamente
ancestralidade permitem reduzir a amostra a
em
diferentes
conservação
putrefeitos,
estados
(frescos,
semi
ou
1
esqueletizados) .
de
identificação
e
permitem
ser analisada pelos métodos primários o
Sabe-se que o esqueleto humano se
5
que gera ganho em qualidade e tempo .
desenvolve fazendo com que os mesmos, a
Tais
remanescentes
cadavéricos
depender da atividade física, apresentem
também podem ser encontrados ao se
algumas
como
analisar sepulturas comunitárias e também
cristas,
em situações diferenciadas da Medicina
características,
proeminências,
rugosidades,
apófises, saliências, comprimentos, entre
outros,
que
podem
(qualitativamente
utilizados
Desde
o
século
passado,
as
quantitativamente)
diferenças sexuais têm sido estudadas e
para a caracterização do dimorfismo sexual.
modelos matemáticos construídos visando
Tais características são, em geral,
determinar o sexo em ossadas e demais
mais
e/ou
ser
6
Forense .
proeminentes
nos
remanescentes esqueléticos. Ocorre que
homens do que nas mulheres, nas quais as
em geral tais estudos utilizaram populações
características
pouco miscigenadas (França, Alemanha,
se
e
avantajadas
apresentam
mais
2
delicadas e menos salientes .
Inglaterra, etc). Esta tendência de estudos e
3
Daruge et al. (2017) afirmaram que a
diferença
de
tamanho
entre
o
parâmetros, com o tempo, se espalharam
sexo
para a América do Norte, que também tem
masculino e feminino está na proporção de
população pouco miscigenada. Tem sido
8% maior para o sexo masculino quando
demonstrado por muitos antropólogos que
comparado com o feminino. Tal proporção
essas
permite em análise quantitativa estimar o
específicas
sexo em praticamente todos os ossos do
precisam
corpo humano.
populações
Com este conhecimento acumulado a
4
características
da
ser
exibem
população
estudadas
em
todo
variações
e,
portanto,
para
grandes
o
mundo,
especialmente quando os resultados de
Interpol (2014) estabeleceu os métodos de
uma população são aplicados a outra
identificação em primários e secundários.
população similar .
Os primários, permitem o estabelecimento
7
No Brasil, a miscigenação trouxe um
da identidade e são eles a papiloscopia, o
grande
exame dentário e os exames de DNA, na
diferenciados quanto ao sexo (10 a 20%),
ordem crescente do menos oneroso para o
podendo chegar até 30% .
número
de
indivíduos
pouco
8
mais custoso (tempo e valor monetário).
Uma vez determinado o sexo, faz-se
Inclui-se nestes as placas ortopédicas, que
necessário verificar a ancestralidade, a
contêm a numeração da fábrica estampadas
idade e a estatura. A obediência a este
nas peças e o registro desta numeração nos
Rev Bras Odontol Leg RBOL. 2019;6(1):21-29
22
Dimorfismo sexual pela análise da vértebra áxis
preceito pode prevenir a ocorrência de erros
5
na identificação antropológica .
por meio de medidas lineares (Comprimento
do
Pode-se afirmar que os ossos da
corpo
e
Comprimento
processo
do
odontóide,
processo
odontóide,
pelve, seguidos dos ossos do crânio, são os
Comprimento do forame vertebral, Largura
que apresentam caracteres qualitativos e
do
quantitativos (métricos) mais seguros para a
processos
determinação do gênero a que pertence
processo transverso esquerdo ao processo
uma determinada ossada. Já os ossos
espinhoso,
longos são em geral maiores nos homens e
transverso direito ao processo espinhoso)
menores
da segunda vertebra cervical denominada
nas
mulheres,
permitindo
a
1
determinação da estatura e do gênero .
forame
vertebral,
Distância
transversos,
Distância
Distância
do
dos
do
processo
de áxis. Bem como, criar um modelo de
Além de se determinar o sexo em
ossos, também é possível determiná-lo em
regressão logística para estimar o sexo a
partir desta vértebra.
Tomografias Computadorizadas de Feixe
Cônico (TCFC). As medidas antropológicas
realizadas em
MATERIAL E MÉTODOS
imagens de Tomografia
Trata-se de um estudo observacional
Computadorizada de Feixe Cônico (TCFC)
analítico transversal com base no Biobanco
da mandíbula são dimórficas em uma
Osteológico e Tomográfico Prof. Eduardo
9
população brasileira .
Daruge da FOP/Unicamp de ambos os
Independente da metodologia e/ou
sexos, sendo 78 do sexo feminino e 103 do
recurso utilizado, o grau de certeza e de
sexo masculino, com idade entre 22 a 85
confiabilidade do modelo matemático criado
anos.
dependerá,
leucodermas,
dentre
outros
fatores,
das
No
Biobanco
há
27,81%
58,75%
são
de
faiodermas,
condições do material a ser examinado, tais
13,12% são melanodermas, e há um
como ossada completa, em bom estado,
xantoderma (0,32%).
entre outros, bem como características
medidas utilizou-se paquímetro digital de
constitucionais
precisão (marca Stainless – hardned® 150
dos
mesmos
(hipo
e
10
hipermasculinos e o hipo e hiperfeminos) ,
da raça e idade
11
O
estudo
mm Mauá – São Paulo, Brasil).
dos indivíduos a serem
analisados.
Para realização das
Foram
realizadas
as
seguintes
medidas lineares em 181 vértebras áxis:
da
segunda
vértebra
Comprimento do processo odontóide (figura
cervical (áxis), permite estimar o sexo em
1A), Comprimento do corpo + processo
algumas situações onde grande parte do
odontóide (figura 1B), Largura do forame
cadáver carbonizou, chegando mesmo a
vertebral
calcinar. A escolha por realizar o presente
forame vertebral (figura 1D), Distância entre
estudo se deve ao fato da áxis ter forma
os
bastante sui generis, o que a torna de fácil
Distância do processo transverso esquerdo
localização em locais de crime.
até o processo espinhoso (figura 1F),
Em vista a estes fatos, o presente
estudo buscou verificar o dimorfismo sexual
(figura
processos
1C),
Comprimento
transversos
(figura
do
1E),
Distância do processo transverso direito até
o processo espinhoso (figura 1G).
Rev Bras Odontol Leg RBOL. 2019; 6(1):21-29
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Germano V, Ulbricht V, Schmidt CM, Groppo FC, Daruge Junior E, Francesquini Junior L
Figura 1 – Mensurações feitas na vértebra áxis: Comprimento do processo odontóide (figura 1A),
Comprimento do corpo + processo odontóide (figura 1B), Largura do forame vertebral (figura 1C),
Comprimento do forame vertebral (figura 1D), Distância entre os processos transversos (figura 1E),
Distância do processo transverso esquerdo até o processo espinhoso (figura 1F), Distância do processo
transverso direito até o processo espinhoso (figura 1G).
Este estudo foi aprovado pelo comitê
regressão logística utilizou-se o backward
de ética em Pesquisa com seres humanos e
stepwise – Wald. Também foram utilizados
está em concordância com a resolução
os testes de Hosmer & Lemeshow e de
466/12
Nagelkerke.
com
aprovação
CEP/FOP/UNICAMP
do
138/2014
CAAE
RESULTADOS
38522714.6.0000.5418.
Para
poder
promoveu-se
a
iniciar
as
Os testes de Kolmogorov-Smirnov e
medições
calibração
inter
e
Levene
mostraram
que
os
dados
intraexaminador, realizada por meio do teste
apresentaram,
de correlação intraclasse. Sendo realizada
normalidade
em três períodos de tempo diferentes em 25
homocedasticidade, sendo então aplicado o
ossadas, com intervalo entre elas de um
teste t de Student não pareado para
mês. Obteve-se como resultado o valor de
comparar os sexos considerando cada
0,98, considerado excelente.
medida separadamente sendo que aquelas
Findo esta etapa e devidamente
calibrados
foram
medidas
as
demais
vértebras até atingir 181 Áxis. Estas fazem
parte
do
Biobanco
Osteológico
e
Tomográfico Prof. Eduardo Daruge
da
FOP/Unicamp,
com
sexo,
idade
e
ancestralidade conhecidas ante mortem.
que
não
respectivamente,
(após
mostraram
transformação)
e
homocesdaticidade
foram corrigidas por Welch. As variáveis
mostraram distribuição normal (p>0.05).
A Tabela 1 mostra os valores das
medidas observadas em função do sexo.
Como se pode observar, todas as
medidas foram maiores no sexo masculino
do que no feminino. A Tabela 2 mostra a
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Foi
realizada
correlação (teste de correlação de Pearson)
análise
dos
dados
utilizando o teste de Kolmogorov-Smirnov &
entre as variáveis, considerando ou não os
sexos.
Levene e teste T não pareado. Para obter a
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Dimorfismo sexual pela análise da vértebra áxis
Tabela 1 – Distribuição da média e desvio padrão das medidas realizadas.
Medidas em mm
Medidas realizadas
Média (± erro padrão)
Masculino
Feminino
(n=103)
(n=78)
Comprimento do corpo
39 (±0.25)
36.2 (±0.37)
p
<0.0001*
Comprimento do processo odontóide
16.3 (±0.25)
15.3 (±0.24)
0.0049
Comprimento do forame vertebral
20.1 (±0.17)
18.9 (±0.16)
<0.0001
Largura do forame vertebral
23.6 (±0.17)
22.8 (±0.16)
0.0008
Distância dos processos transversos
Distância do processo transverso esquerdo até o
processo espinhoso
Distância do processo transverso direito até o
processo espinhoso
* - com correção de Welch
40.6 (±0.32)
37.3 (±0.32)
<0.0001
30.6 (±0.21)
28.7 (±0.17)
<0.0001*
30.2 (±0.21)
28.5 (±0.17)
<0.0001*
Para
observar
dependência
do
o
sexo
em
grau
de
Valores maiores que 0,5 (cutoff)
relação
às
seriam considerados como “masculino” e
medidas, foi calculada a regressão logística
menores que 0,5, como “feminino”.
(Forward Stepwise – Wald), considerando o
Tabela 4 mostra a predição considerando
sexo masculino como “1” e o feminino como
essa relação.
“0” para efeito do cálculo.
A
Essa tabela revela que o método,
de
para o ponto de corte de 0,5 – considerado
acerto ao acaso, os dados revelaram uma
como o ponto de equilíbrio do teste
porcentagem de 56,9% de chance de
diagnóstico
acertar o sexo. A regressão revelou que o
sensibilidade, 75,2% de especificidade e
modelo
72,4% de acurácia.
Considerando
a
composto
probabilidade
pelas
medidas
do
–
resulta
em
68,4%
de
comprimento do corpo, comprimento do
forame
vertebral
e
da
distância
dos
DISCUSSÃO
processos transversos foi melhor (Qui-
O estudo do sexo por meio de
quadrado=40,7, p=0.0172) para predizer o
vértebras deve ser sempre considerado pelo
sexo do que o acaso. As outras medidas
fato das mesmas estarem situadas no
não foram importantes para o modelo
interior do tórax, protegida por musculatura
2
(p>0.05). O R de Nagelkerke mostrou que
e pele. Em situações onde a temperatura
as variáveis são responsáveis por 39,4% da
excedeu a 680ºC, por mais de quinze
variação encontrada no sexo. Além disso, o
minutos, os membros superiores e inferiores
teste de Hosner e Lemeshow mostra que o
carbonizam chegando mesmo a calcinar e
modelo foi adequado (p=0.34). Esse modelo
desintegrar, porém as vértebras resistem a
é apresentado na Tabela 3.
tal temperatura por um período maior de
O logito obtido foi: Germano Sexo = [-
12
tempo .
22.7 + (0.16 × Comprimento do corpo) +
Tanto na vértebra Atlas como na
(0.31 × Comprimento do forame vertebral) +
vértebra Áxis pode-se estimar o sexo e a
(0.28
idade. A maturação vertebral cervical (CVM)
×
transversos)].
Distância
dos
processos
tem potencial para estimar a idade como um
novo método de análise da mudança de
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Germano V, Ulbricht V, Schmidt CM, Groppo FC, Daruge Junior E, Francesquini Junior L
forma durante a adolescência, idade adulta
13
e decrepitude .
Tabela 2 – Distribuição dos valores de correlação de Pearson.
Valores de rP (correlação de Pearson)
Todos
(Fem e
Masc)
Comprimento do
processo odontóide (B)
Comp.
corpo
0.7
(p<0.0001)
Comprimento do
forame vertebral (C)
0.3
(p=0.0001)
Largura do forame
vertebral (D)
0.4
(p<0.0001)
Distância dos processos
transversos (E)
0.5
(p<0.0001)
Distância do processo
transverso
esquerdo até o processo
espinhoso (F)
Distância do processo
transverso
direito até o processo
espinhoso (G)
Fem.
C
D
0.2
(p=0.017
)
0.2
(p=0.002
5)
0.3
(p=0.000
5)
0.5
(p<0.000
1)
0.2
(p=0.002
6)
0.3
(p<0.000
1)
0.4
(p<0.0001)
0.2
(p=0.001
8)
0.6
(p<0.000
1)
0.4
(p<0.000
1)
0.5
(p<0.000
1)
0.4
(p<0.0001)
0.3
(p=0.000
1)
0.5
(p<0.000
1)
0.4
(p<0.000
1)
0.5
(p<0.000
1)
0.1
(p=0.288
7)
0.2
(p=0.033
5)
0.2
(p=0.084
4)
0.4
(p<0.000
1)
0.1
(p=0.281
5)
0.3
(p=0.020
8)
0.2
(p=0.0749)
0.1
(p=0.417
2)
0.4
(p=0.000
1)
0.3
(p=0.002
7)
0.5
(p<0.000
1)
0.3
(p=0.0222)
0.3
(p=0.013
9)
0.5
(p<0.000
1)
0.4
(p=0.000
1)
0.4
(p=0.001
)
Comprimento do
processo odontóide (B)
0.6
(p<0.0001)
Comprimento do
forame vertebral (C)
0.2
(p=0.1272)
Largura do forame
vertebral (D)
0.3
(p=0.0013)
Distância dos processos
transversos (E)
0.5
(p<0.0001)
Distância do processo
transverso
esquerdo até o processo
espinhoso (F)
Distância do processo
transverso
direito até o processo
espinhoso (G)
Comprimento do
processo odontóide (B)
Comprimento do
forame vertebral (C)
Largura do forame
vertebral (D)
Masc.
B
Distância dos processos
transversos (E)
Distância do processo
transverso
esquerdo até o processo
espinhoso (F)
Distância do processo
transverso
direito até o processo
espinhoso (G)
E
0.7
(p<0.0
001)
0.2
(p=0.0
927)
0.3
(p=0.0
052)
0.3
(p=0.0
03)
0.1
(p=0.221
2)
0.1
(p=0.130
5)
0.2
(p=0.057
9)
0.4
(p<0.000
1)
0.1
(p=0.535
3)
0.2
(p=0.025
5)
0.3
(p=0.0
075)
0.2
(p=0.043
6)
0.6
(p<0.000
1)
0.4
(p=0.000
1)
0.4
(p=0.000
1)
0.3
(p=0.0
032)
0.2
(p=0.025
1)
0.4
(p<0.000
1)
0.3
(p=0.001
7)
0.4
(p<0.000
1)
Rev Bras Odontol Leg RBOL. 2019;6(1):21-29
F
0.7
(p<0.
0001)
0.6
(p<0.
0001)
0.6
(p<0.000
1)
26
Dimorfismo sexual pela análise da vértebra áxis
Tabela 3 – Distribuição de valores Beta, erro padrão, Wald, Valor de P das medidas realizadas.
Beta
Erro padrão
Wald
Valor de p
Exp(Beta)
Comprimento do corpo
0.16
0.07
5.4
0.0204
1.17
Comprimento do forame vertebral
0.31
0.11
8.0
0.0047
1.37
Distância dos processos transversos
0.28
0.07
16.8
<0.0001
1.33
Constante
-22.7
3.7
37.5
<0.0001
1.4x10
-10
Tabela 4 – Distribuição da predição do modelo obtido.
Predição pela fórmula
Feminino
Masculino
Percentagem correta
Feminino
54
26
66.7
Masculino
24
79
76.7
Percentagem geral correta
72.4
Sexo real
A estimativa de idade é necessária
de acerto de 92,9%. Ressaltaram que a
em casos forenses, onde crianças sem
vértebra Áxis é parte da coluna cervical e
documentação
nascimento)
apresenta seu crescimento tardio em altura
precisam de uma estimativa para poder
vertebral além de possuir maior diâmetro
(registro
de
14
obtê-las. Ainda, segundo Mânica (2018) ,
há diferentes metodologias de estimativa de
idade
utilizando
Em esqueletos humanos danificados
parâmetros
não identificados, o estudo da vértebra áxis
físicos, o que têm auxiliado a Ciência
permitiu estabelecer o sexo com precisão de
Forense nos últimos anos.
83% em amostra de população inglesa .
Semeunka
diferentes
transverso no sexo masculino.
et
17
al.
(2017)
15
Marlow, Pastor (1981)
18
estudando o
descreveram parâmetros morfológicos das
dimorfismo sexual na Áxis em Espanhóis de
vértebras cervicais C1 e C2 em imagens
Barcelona,
axiais de tomografia computadorizada por
medidas
feixe cônico (TCFC), verificando tendência
obtiveram grau de acerto de 83,3%.
de fusionamento da sincondrose subdental
verificaram
estudadas
que
são
Gama et al. (2015)
todas
dimórficas
19
as
e
estudaram a
nas fases de maturação e finalização,
vértebra Áxis e obtiveram assertividade com
ocorrendo em 90% e 66,6% dos casos,
o modelo Forwad de 89,7%, em uma
respectivamente, podendo contribuir para
amostra de 190 indivíduos da Coleção de
casos forenses de estimativa da idade.
Esqueletos
Torimitsu
16
et al. (2016) realizaram
Identificados
do
Museu
Antropológico de Coimbra.
estudo para determinar o sexo pela vértebra
Verificou-se que todas as medidas
Áxis, em amostra homogênea de japoneses
estudadas são dimórficas, porém, como foi
(sem nenhuma miscigenação), obtendo grau
listado pela Tabela 2, embora algumas
Rev Bras Odontol Leg RBOL. 2019; 6(1):21-29
27
Germano V, Ulbricht V, Schmidt CM, Groppo FC, Daruge Junior E, Francesquini Junior L
correlações tenham sido fracas (rP<0.4),
Há agora a necessidade de se validar
verificou-se que houve correlação entre
o modelo criado no presente estudo visando
todas as medidas. Estas relações foram
verificar se o grau de acerto se repete em
pouco afetadas pelo sexo.
outras amostras.
No presente estudo obteve-se grau
de acerto de 72,4%, um pouco menor que
os resultados obtidos pela literatura já
CONCLUSÃO
Verificou-se
que
as
medidas
citada. Tal fato pode ser explicado pela
realizadas são sexualmente dimórficas e foi
grande miscigenação ocorrida em nosso
possível criar um modelo de regressão
país nos últimos 518 anos.
logística para estimar o sexo [Sexo = - 22.7
A miscigenação gera um número
+ (0.16 × Comprimento do corpo) + (0.31 ×
maior de indivíduos pouco diferenciados o
Comprimento do forame vertebral) + (0.28 ×
que acaba por reduzir o grau de acerto.
Distância dos processos transversos)].
1
O
Coma (1999) aponta uma margem de 10%
método quantitativo desenvolvido resulta em
a 20% de indivíduos pouco diferenciados na
72,4% de acurácia.
8
população mundial. No Brasil, Silva (1997)
AGRADECIMENTO
relata índice de até 30%.
O modelo de regressão logística
Os autores agradecem ao Sr. João
criado com as medidas realizadas em
Leite pela dedicação na estruturação e
amostra nacional pertencentes ao Biobanco
preparo das ossadas que compõem o
é eficaz para a estimativa do sexo em um
Biobanco Osteológico e Tomográfico Prof.
país miscigenado como o Brasil e, portanto,
Eduardo Daruge da FOP/Unicamp.
mais eficaz na predição do sexo do que o
mero acerto ao acaso.
Agradecem,
PIBIC/CNPq/UNICAMP
ainda,
pelo
auxílio
ao
de
Bolsa de iniciação científica recebida.
ABSTRACT
The objective of this study was to verify the sexual dimorphism through linear measurements (length of the
body and dentinoid process, length of the dentinoid process, length of the vertebral foramen, width of the
vertebral foramen, distance of the transverse processes, distance from the left transverse process to the
spinal process , Distance from the right transverse process to the spinous process) of the second cervical
vertebra known as the Áxis. For this purpose, 181 Axioms were analyzed, of which 103 were male and 78
were female, in the age range of 22 to 85 years, belonging to the "Tomographic and Osteological Biobank
Prof. Eduardo Daruge of FOP / UNICAMP ". These measurements were made by the stainless - hardned
® digital pachymetro 150 mm Mauá - São Paulo, Brazil, after the inter and intra - operator calibration
performed through the intraclass correlation test, resulting in a value of 0.98 considered excellent. It was
verified that all the measures studied are dimorphic and it was possible to establish a new model of logistic
regression, based on the data obtained from the bones. It was concluded that the logistic regression model
generated Germano Gender = [- 22.7 + (0.16 × Body length) + (0.31 × Vertebral foramen length) + (0.28 ×
Distance of transverse processes), with 72.4% of hit.
KEYWORDS
Anthropometry, Axis Cervical Vertebra, Forensic Anthropology, Theoretical Models, Sex differentiation.
Rev Bras Odontol Leg RBOL. 2019;6(1):21-29
28
Dimorfismo sexual pela análise da vértebra áxis
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