GUILHERME GALHEGOS FELIPPE1
UNISINOS
CARLOS PAZ2
UNICEN
A professora Cándida Graciela Chamorro Argüello, nascida no
Paraguai, formada em Teologia, Pedagogia e Ensino Religioso (com viés
em Música Sacra), fez seus mestrados no Brasil em Teologia e História e
é doutora em Teologia pela Escola Superior de Teologia – EST, em São
Leopoldo, e Antropologia pela Philipps+Universität, na Alemanha.
Também possui pós+doutorado pela Westfälische Wilhelms+Universität,
da Alemanha. Atualmente é professora de História Indígena na
Universidade Federal da Grande Dourados, Mato Grosso do Sul. Dentre
seus livros, podem+se citar Kurusu Ñe'ëngatu, palabras que la historia
no podría olvidar (1995), Teología Guaraní (2004), Terra madura,
yvyaraguyje: fundamento da Palavra Guarani (2008) e Decir el Cuerpo:
Historia y etnografia del cuerpo en los pueblos Guaraní (2009) – além de
um livro publicado em alemão, em 2003.
Na entrevista, realizada por e+mail, foram feitas perguntas de
Guilherme Galhegos Felippe e Carlos Paz.
1
Licenciado e Mestre em História pela PUCRS, atualmente cursando o Doutorado em História no PPGHUnisinos, sob orientação da Profa. Dra. Eliane Cristina Deckmann Fleck. E-mail:
ggfelippe@yahoo.com.br .
2
Doutor em História pela Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires (UNICEN) e
professor da Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires (UNICEN). E-mail:
paz_carlos@yahoo.com .
EDIÇÃO ESPECIAL
Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 5, n. 2, p. 143-158, out. 2011.
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DOSSIÊ: FONTES E PROBLEMAS COLONIAIS, LEITURAS E ANÁLISES ATUAIS:
TEMAS DA CULTURA SUL-AMERÍNDIA NO CONTEXTO COLONIAL
* Para começar, gostaríamos de saber um pouco sobre a sua trajetória
acadêmica. A senhora possui uma formação de mais de 30 anos,
multidisciplinar nas áreas de História, Teologia e Antropologia e
realizada em academias de três países diferentes (Paraguai, Brasil e
Alemanha). Conte+
Conte+nos um pouco sobre este longo caminho,
caminho, pontuando
em que momento surgiu seu interesse pelo estudo indígena e quais
foram as principais influências em sua formação.
formação
Após concluir, em 1976, o bacharelado no liceu diocesano de
Concepción, minha cidade natal, e sem possibilidade de continuar meus
estudos no Paraguai, fui estudar em Recife, com a ajuda de duas amigas
brasileiras. Lá, graduei+me em Música Sacra, em 1981, e em Teologia,
em 1982. Entre os anos de 1983 e 1989 vivi em Dourados, no Mato
Grosso do Sul, dando aulas em um seminário confessional e em um
centro universitário privado, além de continuar meus estudos no Rio de
Janeiro.
No ano em que cheguei à cidade de Dourados, contatei a
população Kaiowá e Guarani da região, prestando especial atenção a
suas expressões musicais, suas formas de falar e suas práticas
religiosas. Iniciou+se para mim uma fase de interação discreta e direta
com algumas pessoas indígenas da região, que me possibilitou
participar em eventos cotidianos e festivos das aldeias. Meu desejo era
conhecer a “boa palavra” deste povo, no caso, os Kaiowá, que me
receberam dizendo “nós somos filhos e filhas da cruz da boa palavra,
nós somos enfeites do universo, vamos colocar Deus entre nós”. Então
percebi que tinha muito a ouvir, a aprender e a compreender a respeito
dessa filiação assentida e partilhada não só por grupos Kaiowá, mas
também pela população Mbyá e Guarani ou Ñandeva.
Este primeiro passo dado em direção aos indígenas esteve
marcado pela ausência de qualquer método acadêmico. Com motivações
completamente extracientíficas, quase nada registrei. Mas, embora sem
gravador, sem máquina fotográfica e sem caderno de campo, a
informação etnográfica foi se impregnando em mim e me questionando.
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Comecei a estudar a língua Kaiowá falada pelas pessoas mais velhas,
processo relativamente fácil por ser minha língua materna o guarani
paraguaio. Essa experiência me oportunizou não só descobrir o que
costumamos chamar de “outro”, mas também de passar pela saudável
experiência de autoestranhamento, de descobrir+me “outra”. Nesse
jogo, percebi que esse “outro” não me era “totalmente estranho”, que eu
também era o “outro” do meu grupo de interlocutores e interlocutoras; e
que, apesar disso, ou por causa disso, o encontro através da palavra, o
diálogo, ñañe’ , era possível.
Neste clima de gratuidade, fui convidada pelo grupo do CIMI
[Conselho Indigenista Missionário] em Dourados a assessorar um
projeto de alfabetização em Guarani – ato, então, algo subversivo – na
comunidade
Kaiowá
de
Jarará,
que,
desterrada
de
seu
habitat
tradicional, fora “despejada” na área indígena de Caarapó. Com isso,
começava para mim um novo âmbito de interesse: a educação e a terra
indígenas.
Iniciamos com um grupo de monitores e monitoras indígenas,
com quem refletimos suas motivações sobre a escrita e a leitura e sobre
seu momento existencial. Assim chegamos às palavras+geradoras que
nos orientaram nos temas e nas experiências que deveriam ser
aprofundadas no processo.
Sob a influência das primeiras leituras no âmbito da Antropologia
e da História, e sob a inspiração de Paulo Freire e Emilia Ferreiro, esse
processo foi de descoberta e desafios postos pela própria língua, pela
história do grupo, pela escrita e a leitura criativa e crítica do lugar, da
conjuntura e do que o grupo queria chegar a ser e fazer.
Com a equipe do CIMI viajei a São Paulo para um curso com
Bartomeu Melià, cuja militância e forma de elaborar conhecimento me
inspiram e influenciam até hoje. Em uma de suas visitas à Dourados, ele
me animou a levar minha experiência de campo para o foro acadêmico.
Então comecei meus primeiros apontamentos de campo e registros
audiovisuais. Melià foi meu professor no mestrado em História Ibero+
Americana (1990+1994), na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, e
orientador da minha dissertação.
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Ainda durante o mestrado, ele me animou a passar uma
temporada no Instituto de Antropologia (Völkerkunde) da Universidade
de Marburg – Alemanha, junto ao seu colega, o Prof. Mark Münzel, que
investigara na década de 1970 grupos Aché e Guarani, no Paraguai, e
Guarani e Tupi, no Brasil, denunciando inclusive as operações de
extermínio dos Aché, na época. Münzel me recebeu muito bem e eu
passei três semestres (1991+1993) no seu Instituto, onde também atuei
como docente.
No meu doutoramento em Teologia (1990+1996), na Escola
Superior de Teologia (EST, São Leopoldo – RS), continuei tentando
compreender o mundo Guarani. Às questões antropológicas e históricas
tinha então agregado perguntas teológicas como: Quem é o ser humano
frente aos demais seres terrenos e frente às divindades e aos seres
divinizados? Como situar e superar a experiência humana do mal? Que
aportam os rituais ao ser humano? Qual o sentido último e penúltimo da
existência? Como a “palavra” indígena fala da experiência religiosa e
dimensiona a preocupação última na esfera penúltima do cotidiano?
Também levei em conta a avaliação do papel da igreja no processo de
etnocídio no continente americano. Com meu trabalho, eu queria
interferir na teologia que legitimou a prepotência das igrejas diante dos
povos indígenas, substituir a postura hegemônica imperante nas
teologias cristãs – que consideram as igrejas proponentes exclusivas da
“Palavra” – pela de aprendiz da “Palavra Universal” que, como diz Pedro
Casaldáliga, “só fala dialetos” e está presente nas várias matrizes
culturais.
Nisso foi decisiva a influência de teologias mais abertas e plurais,
como as feministas, as do processo e as ecológicas, que junto com as
teologias da libertação são exemplos de um esforço contemporâneo
para incluir – sem reduzir – o “outro” na agenda da Teologia e intentar
estabelecer com ele um diálogo intercultural e inter+religioso. É
explícito o apoio intelectual de Bartomeu Melià, Vitor Westhelle, Wanda
Deifelt e Raúl Fornet+Bettancourt. Mas, sem dúvida, devo ao grupo de
intelectuais Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul as experiências
fundadoras do meu trabalho.
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Mesmo com a ênfase teológica nesta fase do meu trabalho,
continuei perseguindo as questões da história indígena. Assim, em
1998, aceitei o convite da Universidade Estadual de Maringá, a UEM,
para atuar como Professora Visitante no Departamento de História. Data
de então o projeto que me ocupa até hoje, que é tentar organizar uma
etnografia histórica dos povos Guarani falantes a partir da obra
linguística de Antonio Ruiz de Montoya.
Com esse projeto segui para Alemanha, onde trabalhei (1999+
2005) na Academia de Missão3 da Universidade de Hamburgo, onde
atuei, sobretudo, no âmbito da teologia intercultural mantendo a ênfase
da história da missão. Partindo do princípio de que as religiões
indígenas não dependem de uma confirmação que o cristianismo lhes
possa conceder, trabalhei com a ideia do reconhecimento da interação
já existente entre os povos e da busca de um diálogo aberto, como
alternativa à ignorância e à indiferença (exclusão recíproca) entre as
religiões.
Paralelamente, continuei na pesquisa mencionada e fiz um pós+
doutorado em Romanística (2001+2002) na Universidade de Münster,
onde, sob a orientação do Prof. Wolf Dietrich, pude estudar alguns
pontos da lexicografia aplicada às línguas da família tupi+guarani e do
seu contato com o português e o espanhol, assim como sentar as bases
para uma pesquisa no âmbito da linguística histórica e da antropologia
que ainda me ocupa atualmente.
Parte dessa investigação sobre a temática “Corpo Humano”
apresentei, em 2008, como Tese de Doutorado em Antropologia, na
Universidade de Marburg (Alemanha), sob a orientação do Prof. Mark
Münzel. Hoje, há quase 5 anos de ter assumido o cargo de Professora de
História Indígena na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD),
voltei ao lugar de origem de minha trajetória com os povos indígenas.
Sobretudo desafiada pelas urgências do lugar, venho atuando na
formação
acadêmica
de
quadros
indígenas,
em
estudos
para
regularização fundiária, na criação de um banco de dados para a
3
A mais jovem das dezenas de academias alemãs fundadas depois da Segunda Guerra Mundial para
serem espaços de liberdade intelectual e de crítica à aliança de universidades e igrejas com o
totalitarismo. A Academia de Missão é dessas academias a única integrada a uma universidade.
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História e Etnografia Indígena Regional, no ensino e na pesquisa da
História Indígena na universidade.
* Os seus artigos e livros publicados
publicados são referências tanto para estudos
de História indígena como em trabalhos etnológicos de populações
indígenas contemporâneas. Pode+
Pode+se atribuir a esta versatilidade o
reconhecimento que a senhora possui hoje entre os pesquisadores da
área. Conte+
Conte+nos como senhora iniciou esta interação entre a análise de
documentos coloniais com as informações obtidas em campo
campo,
po, e qual a
sua avaliação sobre esta união entre a História e a Antropologia nos
estudos atuais.
atuais
Sua pergunta me faz lembrar algumas situações. Quando escrevi
minha tese de doutorado, o Prof. Ignácio Schmitz me disse: “li seu
trabalho e achei nele alguns recados para mim”, referindo+se com isso
ao espaço que eu dera no meu texto a algumas de suas provocações.
Por ocasião da apresentação do meu livro “Decir el cuerpo”4, Melià
expressou muito amistosamente que esse livro originalmente ele
gostaria de ter escrito e já há alguns anos. Dizia com isso que ele era o
proponente de trabalhos dessa natureza. Algo parecido me enviou por
e+mail Sílvio Liuzzi, outro estudioso do corpus histórico em Guarani. Ele
escreveu: “fico contente por você fazer o que eu gostaria de ter feito”.
Trata+se aqui de um tipo de reconhecimento, no qual os três
professores se reconhecem no que eu estava e estou fazendo.
Então não me resta senão agradecer+lhes pela generosidade, por
terem me provocado, desafiado e encantado com as perguntas e
sugestões que eles foram deixando à beira do caminho, em suas aulas,
seus escritos, nossos encontros. Assim que, se é para falar em
reconhecimento, esse é um mérito compartilhado. Diante disso, só me
cabe cultivar um pensamento agradecido, como certa vez me sugeriu
Raúl Fornet+Bettancourt.
4
Cf. Chamorro (2009).
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Por outro lado, o reconhecimento aludido, e disso são vocês que
estão falando, pode ser atribuído, sim, ao fato de eu tratar dos povos
Guarani falantes dos documentos históricos sem perder de vista seus
pares contemporâneos, seja para marcar as mudanças ou permanências,
as proximidades ou distâncias, as presenças e ausências. Mas nisto
também eu não sou original, tento seguir a metodologia proposta por
Melià e, como ele, tenho que arcar com as críticas que esse
procedimento suscita. Penso aqui especialmente no mal+entendido a
que pode levar essa metodologia, se com ela pressupõe+se uma
continuidade histórica “do Guarani”, que teria atravessado incólume as
inclemências dos acontecimentos históricos até hoje. Como é sabido, os
estudos posteriores às teorias de aculturação oportunizaram uma severa
e saudável crítica a um entendimento essencialista de “cultura”,
“identidade” e outras categorias de uso corrente na História e
Antropologia indígenas.
Quanto à outra parte da sua pergunta, devo dizer que a
convergência do histórico e do antropológico em meu trabalho é menos
uma leitura de documentos históricos embasada em conceitos e teorias
antropológicas;
é
antes
um
confronto
e
uma
aproximação
de
documentos históricos com descrições etnográficas e vice+versa. Algo
mais simples e menos conclusivo; menos elaborado e, por isso mesmo,
talvez, mais apetecível, especialmente para as pessoas que não têm
acesso direto ao Guarani e aos povos Guarani falantes atuais, pois
minha contribuição se dá, sobretudo, no âmbito e através da língua
indígena. Esta, como disse Aryon Rodrigues, é o caminho mais seguro
que nos aproxima do pensamento e da perspectiva indígena no tempo.
Assim que a cooperação entre Antropologia e História não pode
prescindir, no caso dos povos Guarani falantes, do aporte da Linguística
Histórica.
Como eu comecei essa interação? Bem, da pura necessidade de
compreender bem os documentos históricos escritos em Guarani e os
registros atuais em guarani, os cantos indígenas rituais, por exemplo.
Eu queria escrever um texto sobre sexualidade Guarani para ingressar
no Mestrado em História, na Unisinos, em 1990. Enquanto escrevia,
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percebi que precisava entender melhor algumas expressões dos
dicionários de Montoya, de 1639 e 1640, e então levei minhas dúvidas
para a aldeia. Assim, por exemplo, para compreender melhor a
expressão ojeapykanõ, do documento histórico, foi fundamental a ajuda
das parteiras indígenas contemporâneas, que disseram falar+se assim
da mulher que tinha concebido uma criança. Na sequência, é a
antropologia Guarani, digo, a experiência etnográfica, a que me fez
entender que o termo apyka, que na linguagem coloquial significa
“banco, cadeira”,
era bastante denso e ele se desdobrava em
significados como “encarnar+se”, “vir a ser”. Ou seja, o termo estava
implicado em expressões relativas ao processo geracional biológico e
cognitivo, assim como à maturação espiritual.
* O corpo documental elaborado desde distintos dispositivos do poder
colonial mostra uma imagem bastante homogênea do indígena, no qual,
em uma primeira leitura, quase ingenuamente, poderia levar+
levar+nos a
supor que resta pouco a esclarecer sobre o mundo nativo
nativo sul+
sul+
americano. Neste sentido, e desde sua vasta experiência como
pesquisadora, o que poderia sugerir para a formulação de problemáticas
de pesquisa, sobretudo pensando na renovação historiográfica que nos
possibilita voltar aos documentos com novas perguntas?
perguntas?
Por um lado, tem que se levar em conta que o tempo e os
objetivos dos documentos são diferentes dos nossos. Muitos dos
documentos estão a serviço da colônia, da missão colonial e, portanto,
da simplificação. Mas há também conquistadores e missionários que,
certamente sem terem proposto isto, interessaram+se mais que outros
pelo modo de vida e a resposta dos povos indígenas à empresa colonial.
Tenho a sorte de trabalhar com uma destas fontes, a obra linguística de
Antonio Ruiz de Montoya, especialmente o “Vocabulario” e o “Tesoro de
la Lengua Guaraní”, que, com exceção da religião indígena, contém um
vasto inventário, do qual profissionais da Antropologia e da História
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podem escolher seus temas de estudo, desde os mais clássicos aos
menos explorados.
Por outro lado, pode ser que haja ainda historiadoras e
historiadores socializados também academicamente com uma imagem
bastante homogênea dos povos indígenas. Isto obviamente tende a
reproduzir as imagens fixadas nos e pelos documentos, pois do fato de
não (re)conhecer a complexidade e diversidade dos povos indígenas
resulta uma dependência muito maior dos documentos e um menor
exercício criativo e crítico.
No entanto, das lições de Antoine Prost5 e de nossa própria
experiência, sabemos que nem os documentos mais singulares como
esses de Montoya, nem os outros documentos estão prontos como
fontes indicativas que podem colaborar para pesquisar este ou aquele
tema. Não existe mesmo a priori uma lista de temas que podem ser
pesquisados
neles.
Os
documentos
precisam
ser
estudados,
relativizados, sistematizados, introduzidos e publicados, em alguns
casos, para que possam ser usados. E, então, deve+se reconhecer que
trabalhamos com poucos documentos, com os que circulam em nosso
meio, e destes muitas vezes são citados os mesmos trechos. Nesse
mesmo sentido, temos que levar em conta que muitos eventos
históricos não estão nas listas de espera das instituições ou das
pessoas, para serem pesquisados. Alguns acontecimentos devem ser
ainda intuídos, outros construídos, resgatados ou dados à luz por nosso
trabalho como profissionais da História – em nosso caso, da História
Indígena.
Fazendo um paralelo entre História Indígena e Nova História,
pode+se dizer, como diria Paul Veyne6, que tudo na História Indígena
pode adquirir o status de evento histórico; assim como, na Nova
História, o tema mais insignificante para a Velha História se tornou
factual, pois todos os temas são, potencialmente, memoráveis. Há que
os conceber, iluminá+los. E aqui é muito importante a sensibilidade
antropológica. Um exemplo nos dá José Ribamar Bessa Freire7, que
5
Cf. Prost (2008).
Cf. Veyne (2008).
7
Cf. Bessa Freire (2004).
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estudou a história dos usos sociais das línguas indígenas num trabalho
seminal sobre o processo de imposição da língua geral amazônica aos
povos indígenas e a posterior dominação do português sobre a língua
geral, e o Cândida Barros8, sobre os "línguas", destacando a atuação dos
meninos órfãos enviados em média com 14 anos da Europa para a
colônia.
Se aceitarmos que “história é a re+ativação de eventos do passado
no presente e que não se pode criar conhecimento histórico de algo que
não pode ser pensado na mente do historiador”, então uma série de
temas novos ou novamente problematizados nos ocuparão em nossa
lida com documentos que não tiveram em vista a complexidade da
história indígena nem a dos processos de mudança introduzidos.
André Luis Freitas, que logo defenderá seu trabalho de Mestrado
em História na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), faz,
nesse sentido, um interessante estudo. Da leitura de documentos e
textos historiográficos sobre as reduções jesuíticas, perguntou+se se
estes espaços de fato foram ocupados exclusivamente por populações
Guarani, como geralmente se crê. Apoiado em textos como o de Maria
Cristina dos Santos e Jean Baptista9, e o de Guillermo Wilde10, André
quer identificar, nas “reduções de Guarani”, indivíduos e grupos
indígenas que não pertenciam, pelo menos até os primeiros anos da sua
integração nas reduções, à “etnia” Guarani, assim como populações
completas de não Guarani, que podem ter permanecido em algumas
reduções jesuíticas.
Sua releitura dos documentos, mediada pelos textos mencionados
e pela sua criatividade, o levou a constatar que os dados dos
documentos, de fato, corroboram que as “reduções de Guarani” foram
integradas também por outros grupos étnicos não falantes de línguas
guarani; e que o termo “Guarani reduzido” poderia aplicar+se melhor ao
processo de “etnogênese missional”11 do que indicar com ele só os
grupos Guarani falantes missionados e reduzidos pelos jesuítas.
8
Cf. Barros (1986).
Cf. Santos e Baptista (2007).
10
Cf. Wilde (2009b).
11
“Etnogênese missional” se refere ao processo de surgimento de uma nova identidade étnica nas
reduções do Paraguai. “Guarani reduzido” indica, nesta acepção, a identidade resultante desse processo de
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DOSSIÊ: FONTES E PROBLEMAS COLONIAIS, LEITURAS E ANÁLISES ATUAIS:
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A intuição e a crítica de André seguem as pegadas recentemente
deixadas pela autora e pelos autores citados. Com isso, vemos que a
ideia de que as reduções jesuíticas eram exclusivamente de Guarani,
impregnada em qualquer estudo sobre o tema, pode ser revisada e
problematizada a partir da divergência entre os próprios documentos e
a partir de conceitos antropológicos, como etnia, identidade étnica e
etnogênese, que, por sua vez, nos colocam a pergunta sobre o que eles
significam quando aplicados a eventos e processos ocorridos nos
séculos XVI, XVII e XVIII.
* Sua experiência de campo como antropóloga, sem dúvidas, permitiu+
permitiu+
lhe contar com uma visão diferente sobre a documentação colonial e os
problemas que ali foram impostos como agenda política sobre os povos
nativos. Como avalia
avalia sua releitura da documentação desde o prisma de
observação de um antropólogo com uma vasta formação em
em outras
áreas?
Em parte, creio que já considerei esta pergunta nas questões
anteriores. Acrescentaria que a experiência antropológica de fato
sensibiliza também o olhar para perceber os cordões que amarram a
documentação colonial à agenda política para os povos nativos.
No Mato Grosso do Sul, e em outras partes, por muito tempo
afirmou+se que indígenas eram aqueles que viviam nas reservas
indígenas. A experiência, no entanto, impôs+se e tornou insustentável
negar a identidade indígena a quem a reivindicasse sem viver nesses
espaços. E, assim, “se descobriram” indígenas nas estâncias, nos restos
de bosque, na beira de estradas, nos cruzamentos, nas cidades, etc. Os
documentos que faziam das reservas lugares fora dos quais os povos
inclusão de indígenas de diferentes ambientes, idiomas e culturas num mesmo espaço. Nesses espaços, a
homogeneização implícita no processo consistiu na sobreposição do “guarani jesuítico” (do Guarani
compreendido e promovido pelos jesuítas) sobre os outros elementos culturais dos povos Guarani falantes
ou não. Por outro lado, a homogeneização cultural se deu pela ação dos próprios indígenas reduzidos, que
mantinham contato permanente com populações indígenas não integradas ao sistema colonial e
reducional (WILDE, 2009a). Ou seja, por trás da aparente homogeneidade existe diversidade,
complexidade, processos e poderes que convergem e que se contrastam.
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indígenas legalmente não existiam estavam a serviço da agenda política
que lança suas raízes nos anos 40 do século XIX, no Brasil, e que se
intensificou nas primeiras décadas do século seguinte. Apesar da época
– o Brasil torna+se independente em 1822 –, esses documentos
continuam sendo coloniais. Se sob o domínio português ou espanhol
consideramos “coloniais” os documentos resultantes de uma política
estatal que visava submeter os povos indígenas a determinados espaços
geográficos,
controlar
sua
dinâmica
sociocultural,
civilizá+los
e
cristianizá+los para melhor servir a Deus e à sua Majestade, na época
imperial luso+brasileira, a preocupação das elites que governavam o
país era muito parecida. A questão era o que fazer para que os povos
indígenas que ocupavam grandes extensões de terras, em alguns casos
de forma quase exclusiva, como no sul da então Província do Mato
Grosso, desocupassem a área. Lúcio Tadeu Mota12 e Wiessenbach13
detalham quão poderosos eram os interessados nessas terras, que
puderam exigir ao Estado reunir as populações indígenas em um lugar
determinado, livrando o resto da terra para abertura de estradas,
estâncias e povoados de não indígenas. Assim, o Estado imperial e os
governos provinciais criaram políticas de aldeamento, civilização,
catequização e “integração” de indígenas na sociedade brasileira. O
decreto 426, de 24 de julho de 1846, determinou a “fixação das
populações
indígenas
em
determinadas
áreas”,
impôs
a
“tutela
governamental” e instituiu o “paternalismo administrativo”.
Se, por um lado, os efeitos de medidas como essa são percebidos
na história indígena recente, por outro, o estudo desses mecanismos
para fixar os povos indígenas em territórios delimitados, para criar
etnômios genéricos que abarquem povoações de diferente ambientes
ecológicos e socioculturais, e para promover a homogeneização e
“interação” cultural, ajudam a dar vida e a colocar os documentos mais
antigos no ambiente vivo que os gerou, sendo ali decisivos os interesses
políticos coloniais.
12
13
Cf. Mota (2006).
Cf. Wissenbach (1995).
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* Para o Dossiê, propusemos, entre outras questões, reflexões sobre o
“comércio” e as “guerras indígenas”, entendendo estas categorias como
expressões de problemáticas não excludentes uma a outra,
outra, ainda que
tampouco vinculadas quase mecanicamente entre si. Ainda que claro
está que a mesma conceituação de guerra e comércio respondem, em
boa medida, aos interesses coloniais. Realizarias alguma crítica
metodológica às categorias de “guerra” e “comércio”?
“comércio”?
Na Antropologia não é diferente, “guerra” e “comércio”, junto com
“aliança matrimonial”, são considerados fenômenos interdependentes
presentes nos contatos interétnicos. Isabelle Combès ressalta a
interligação, destacando, no caso dos povos Chiriguano, que eles
cativavam os Chané primeiro para tê+los como “escravos” e logo para
vendê+los aos espanhóis.
Do âmbito da minha pesquisa, posso destacar a já conhecida
interconexão das categorias indígenas para o que podemos traduzir por
“guerra” e “comércio”. O termo tovaja ou tovajá.ra, “cuñado”, que
designa precisamente o status de parente político dado ao homem que
se casa com a filha ou a sobrinha do pai de um grupo familiar Guarani,
tem também o significado de “inimigo”. O termo indica, assim, que, em
não sendo cumpridas as obrigações de parente político pelo esposo da
irmã (que é trabalhar na chácara do sogro e dos irmãos da esposa), a
aliança
desintegra+se
e
a
reciprocidade
positiva
cede
lugar
à
reciprocidade negativa, marcada por vários tipos de enfrentamentos,
que podemos chamar de guerra. É o que se costuma colocar como um
dos primeiro desentendimentos entre as populações Cario da região de
Assunção e os conquistadores que se casaram com as filhas e sobrinhas
dos chefes indígenas.
Mas há que se levar em conta que, na língua guarani jesuítica, nos
léxicos de Montoya, por exemplo, as muitas frases relativas à guerra
não se formam com o termo tovajára, e sim com guarinĩ (T, 130, 364).
Assim, temos guarinĩhára, “guerreiro”, guarinĩmbo, despojo de guerra
(T, 130); guarinĩ kuaita, “convocatória para a guerra” (T, 263);
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guarinĩháva ri tekuáramo guitekóvo aipysy, “cativar em guerra” (T, 291);
ajeporu guarinĩ rehe, “exercíto+me na guerra” (T, 319). O que leva a
pensar que guaranĩ – e veja bem que não estou dizendo guarani – seja
um termo mais enraizado que tovaja. Outros termos geradores de
palavras do âmbito da guerra é marã, “mal, mau, má”, como em
marãmbota, “guerrear, fazer mal”; marãmbotase, “amigo de fazer dano,
guerreiro”; marãmoñã, “guerrear” (T, 208). Nesta mesma construção,
temos marãndeko, com o mesmo significado (T, 209) e também como
termo correspondente a história, enquanto feitos do passado (T, 209).
Outro
termo
para
“inimigo”
é
tarambiche,
que
deriva
de
ambotare’ mbyse (T, 32); para cativo de guerra estão ainda os termos
muamba (T, 322) e tembia (T, 377).
Quanto ao tema “comércio”, o termo tepy é um exemplo
interessante por indicar o preço do trabalho: che kane’õ repy, feito a
alguém (T, 87, 306); o aluguel de si mesmo, da força corporal,
ajeporuku’a hepy rehe (T, 319); e a vingança, como em nache ñe’
poepyséri che, “não sou amigo de vingar+me em palavras” (T, 306);
tepy, “paga, vingança”; ahepy, “vinguei+o, voltei por ele”; ajeepy,
“vinguei+me” (T, 381).
Por que esta longa lista de termos e expressões em guarani?
Simplesmente para indicar que se o tema ficou ricamente exemplificado
na língua indígena, é porque eventos como guerra e comércio
provavelmente não eram insignificantes nas sociedades falantes destas
línguas. Mais não poderia dizer agora.
* Por último, deixar+
deixar+nos+
nos+ia alguma reflexão sobre as ideias de
temporalidade entre os nativos,
nativos, e se é que existe algum mol
molde para
abordá+
abordá+las nas fontes históricas com que contamos.
Como na questão anterior, não tenho como avançar o tema. Há
muitos dados sugestivos para trabalhar a temporalidade a partir da
gramática e dos léxicos de Montoya e Restivo, na conexão com as
línguas guarani étnicas contemporâneas e dos relatos míticos dos
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Guarani falantes. Aqui, faço apenas algumas indicações com as quais há
que se aprofundar a reflexão.
Em um pequeno artigo com exemplos de falas registradas por
Montoya, propus que a percepção do tempo guarani acompanha as
oscilações climáticas, as atividades econômicas, o calendário religioso, o
ciclo de vida pessoal, a experiência do espaço ou consciência de ter
lugar. O artigo foi apresentado no Congresso Europeu de Guarani e
publicado nos anais do evento14.
Mas, entre outras coisas, há que perseguir, todavia, a relação do
tempo guarani com os sentidos do ouvir, ndu, e do ver, tesa’a
(MONTOYA, 1876, p. 88, 204 e 369); o fato de não haver, nas línguas
guarani, nem uma flexão verbal para indicar ações passadas, que são
indicadas mediante partículas temporais; e o fato de haver umas sete
formas, também com auxílio de partículas temporais, indicativas de
ações futuras.
Para encerrar, gostaria de lembrar algo que Melià costuma dizer,
que as festas – o avatikyry e o kunumi pepy – fundam a temporalidade
guarani. O que isso significa para os povos hoje, que vão perdendo o
vínculo com esses eventos? Como essas festas e os pontos por mim
indicados podem ajudar a compreender os modos de ser dos povos do
passado?
Como
as
experiências
fundadoras
de
temporalidade
acompanham as mudanças no tempo e na autocompreensão dos povos?
“Tantas Histórias, tantas questões!”.
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Janeiro: UERJ/Atlântida, 2004.
14
Cf. Dietrich (2006).
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