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À luz da candeia: a cultura letrada nos patrimónios setecentistas dos Lóios de Areias de Vilar

2022

Em 1425, com o estabelecimento em Areias de Vilar (Arcebispado de Braga), os Cónegos Seculares de São João Evangelista, também conhecidos por Lóios, tornaram-se a primeira congregação de estilo moderno em Portugal. Exemplo paradigmático da devotio moderna, os clérigos fundadores obtiveram os estatutos da Congregação dos Cónegos Seculares de São Jorge em Alga (Veneza) e, desta forma, viram enquadrada a sua intenção de regressar à experiência primitiva de Cristo e dos Apóstolos no espírito de transformação da Igreja após o Grande Cisma. Os Cónegos Azuis, como também eram conhecidos graças à cor do seu hábito, rejeitavam os estatutos das ordens religiosas antigas (não eram frades, monges nem tinham regra), juravam votos simples, viviam em colégio e proclamavam as virtudes da pobreza partilhando comunitariamente os bens. Não obstante a observação rigorosa do ofício divino, da penitência e do silêncio, que estruturavam a rotina definida pelos estatutos, estes cónegos assumiram, ao longo da Idade Moderna, serviços cultuais públicos e funções assistenciais. Dada percentagem elevada de analfabetos durante a Idade Moderna, estudar, possuir livros e saber escrever demarcavam estatuto e exibiam o privilégio social. Um conjunto 23 inventários post-mortem, produzidos entre 1733 e 1755, abrem uma porta rara sobre a cultura material que, recheando as celas, coabitava com estes homens. O objetivo deste trabalho é debater a leitura e a escrita no quotidiano dos Lóios de Areias de Vilar e questionar esta cultura letrada no contexto das mentalidades portuguesas da Idade Moderna.

PROGRAMA Sábado, 3 de dezembro de 2022 9h00 Sessão de Abertura Painel I “Memórias e Cultura Letrada” Moderado por António Magalhães 09h15 Alberto Morán Corte - Moral y economía rural en el tratado de un dominico asturiano 09h30 Luís Gonçalves Ferreira - À luz da candeia: a cultura letrada nos patrimónios setecentistas dos Lóios de Areias de Vilar 09h45 Tiago Norberto Ferraz - Marquês de Pombal: a inventariação da obra escrita de um estadista do século XVIII 10h00 Debate 10h30 Intervalo Painel II “Transgressões e Disciplinamento” Moderado por Manuela Machado e Paulo César Dias 10h45 Cláudia Novais - Quantas mulheres? Os “perdões de virgindade” na cidade de Braga no século XVIII 11h00 Vânia Moreira - A Bruxa: O imaginário da mulher enquanto agente diabólico na Idade Moderna 11h15 Vítor Padilha Mattos - O Zé Pereira cai na folia do Carnaval Carioca (1846-1910) 11h30 Ismael Vieira - O quotidiano dos sanatórios: cura, disciplina e transgressão 11h45 Debate 12h15 Intervalo para almoço TARDE Painel III “Rituais e Religião” Moderado por Anabela Ramos 14h00 Christophe Santos – As eleições nas Misericórdias através dos Compromissos de 1516 e 1618: vivências quotidianas e palcos de atuação 14h15 António Francisco Barbosa - Vivências quotidianas nas confrarias limianas durante o período moderno: o caso da confraria do Senhor do Socorro da Labruja 14h30 Juliana de Mello Moraes - As crianças nas festas e procissões no império português setecentista 14h45 Andreia Sofia Ferreira Barbosa - Última e derradeira vontade: o património feminino e o ato de sepultar nos testamentos de mulheres do quotidiano bracarense (séculos XVIII e XIX) 15h00 Debate 15h30 Intervalo Painel IV “Sociedade e Indivíduos” Moderado por Ana Paula Araújo e José Abílio Coelho 15h45 Silvia Pinto - Sociabilidades e lazer da mulher vimaranense no século XIX 16h00 Sofia Fernandes - Entre Braga, Porto e Lisboa as vivências e quotidianos do deputado Joaquim Januário de Sousa Torres e Almeida, através da sua correspondência com Rodrigo Xavier Pereira de Freitas Beça 16h15 Fátima Silva, Filipe Salgado e Sofia Vaz - A utilização dos recursos hídricos e a sua influência nas dinâmicas socioeconómicas da comunidade de Carvalhal (séculos XIX e XX) 16h30 Emannuel do Nascimento - Breve análise sobre a medicina popular minhota frente a malária. 16h45 Teresa de Araújo - Memórias, vivências e quotidianos de Armindo Alves Correia de Araújo através do seu álbum de fotografias 17h00 Debate 17h30 Encerramento