Entre 1975 e 1976, o quadrinista Moebius (Jean Giraud) lançou uma história que, pode-se dizer, revolucionaria as histórias em quadrinhos. Totalmente “silenciosa”, sem inferências gráficas a textos e sem falas, Arzach investia em um... more
Entre 1975 e 1976, o quadrinista Moebius (Jean Giraud) lançou uma história que, pode-se dizer, revolucionaria as histórias em quadrinhos. Totalmente “silenciosa”, sem inferências gráficas a textos e sem falas, Arzach investia em um universo profundamente onírico e que realizava um aproveitamento máximo da imagem muda para desenvolver um sofisticado sistema de declinação icônica. A partir de autores como Barthes, Groensteen e Chion, além de uma comparação com o cinema silencioso, procuramos neste artigo pensar os efeitos da ausência quase total da palavra escrita em Arzach e seus desdobramentos para uma etiologia dos quadrinhos mudos.
Entre 1975 e 1976 o quadrinista Moebius (Jean Giraud) lançou, na revista Métal Hurlant, uma história que, pode-se dizer, revolucionaria as histórias em quadrinhos. Totalmente " silenciosa " , sem inferências gráficas a textos e sem falas,... more
Entre 1975 e 1976 o quadrinista Moebius (Jean Giraud) lançou, na revista Métal Hurlant, uma história que, pode-se dizer, revolucionaria as histórias em quadrinhos. Totalmente " silenciosa " , sem inferências gráficas a textos e sem falas, Arzach investia em um universo profundamente onírico e que realizava um aproveitamento máximo da imagem muda para desenvolver um sofisticado sistema de declinação icônica. O efeito desta aproximação é um aprofundamento na artrologia geral (Groensteen), onde os requadros se metamorfoseiam uns nos outros a partir de um tema abstrato. Este rico vocabulário em quadrinhos serve de suporte para pensarmos um desdobramento mais profundo na estrutura narrativa do medium: por que a história em quadrinhos muda se aproxima ainda mais da abstração e do poético? Procuraremos responder a esta questão traçando justamente um paralelo com uma etiologia própria do cinema silencioso. Partindo de um conceito de Barthes (ancoramento) e das ideias de Michel Chion, será possível entender o código verbal (falado no cinema e escrito nas HQs) como um vetor que impulsiona a forma narrativa para uma organização lógica e sintática. A ausência deste código produz um duplo efeito: por um lado potencializa a imagem enquanto significante aberto, polissêmico, e invade o mundo do sonho e do significado condensado. Por outro, permite que a imagem se manifeste enquanto poesia, além de promover uma condensação do significado.
Em uma história em quadrinhos muda, muitos marcadores temporais desaparecem, dando às imagens a oportunidade de representarem estes elementos segundo suas próprias contingências. A partir de inúmeros exemplos de quadrinhos mudos através... more
Em uma história em quadrinhos muda, muitos marcadores temporais desaparecem, dando às imagens a oportunidade de representarem estes elementos segundo suas próprias contingências. A partir de inúmeros exemplos de quadrinhos mudos através da história, este artigo sugere como estes níveis de representação se dão, por meio de uma oposição entre palavra imagem enquanto signos que provocam efeitos diferentes quando separados ou juntos.
Comics publishers as well as children’s book publishers are turning out increasing numbers of comics created especially for children and young adults. Amongst these is a striking number of wordless comics. This article explores how... more
Comics publishers as well as children’s book publishers are turning out increasing numbers of comics created especially for children and young adults. Amongst these is a striking number of wordless comics. This article explores how wordless children’s comics relate to and differ from ‘conventional’ children’s picture books and comics more broadly; it discusses the reading strategies that these comics invite, including a focus on character building through body language and non-verbal communication. The comics form of these texts assumes a certain amount of literacy on the part of its readers, and consequently teaches literacy habits even in a wordless context. This article also notes that academic writing on children’s picturebooks tends not to engage with comics, but that, when they do discuss comics, these are frequently silent comics. Silent picturebooks and comics can be very far apart, stylistically, but in sharing storytelling and representational techniques they inspire one another to tell new stories.
In the last five to ten years, comics publishers as well as more traditional children’s book publishers have turned out increasing numbers of comics created especially for children and young adults. One striking development in this shift... more
In the last five to ten years, comics publishers as well as more traditional children’s book publishers have turned out increasing numbers of comics created especially for children and young adults. One striking development in this shift is the turn to wordless comics for children, especially due to the ways in which these texts differ from more traditional wordless children’s books. Examples of such works are the Polo books by Régis Faller, Sara Varon’s Robot Dreams and Chicken and Cat, Korgi by Christian Slade, Andy Runton’s Owly series, and The Arrival by Shaun Tan. This paper looks at these wordless children’s comics as a subgenre, exploring how they relate to and differ from “conventional” children’s picture books and wordless comics more broadly; I discuss the reading strategies that these comics invite and consider the question why this genre is so popular right now.
Traditionally, wordless children’s books have been created mostly for very young children, children who have not yet reached an age where they are expected to be able read. The recent harvest of wordless comics is generally aimed at an older audience, judging from these works’ narratives and themes. I propose that the comics form of these texts assumes a certain amount of literacy on the part of its readers, as I will explain by using sample passages from these comics, and discussing the types of signification and comprehension that they require, for example in deciphering the image and in making sense of series of pictures.