A Ordem de Cister surgiu quando em 8 de Abril de 1153, D. Afonso Henriques doou ao Abade do Mosteiro de Claraval, S. Bernardo, com o privilégio de couto, o lugar de Alcobaça, estabelecendo assim a fundação da Abadia de Alcobaça que se...
moreA Ordem de Cister surgiu quando em 8 de Abril de 1153, D. Afonso
Henriques doou ao Abade do Mosteiro de Claraval, S. Bernardo, com o privilégio
de couto, o lugar de Alcobaça, estabelecendo assim a fundação da Abadia
de Alcobaça que se tornou a Casa-Mãe da Ordem em Portugal. Esta ordem
religiosa deixou, desde a sua fundação, marcas relevantes em diversas áreas,
desde o povoamento e consolidação do território, através da localização das casas e consequente desenvolvimento urbano gerado por estas, à construção
de edifícios de grande qualidade arquitetónica. Também no ensino foram
inovadores nomeadamente no que respeita à agricultura com a introdução de
práticas mais desenvolvidas e eficazes, e à criação de boticas nos seus mosteiros
para prestar auxílio não apenas às comunidades residentes, mas também
à população em geral que acorria em busca de auxílio. As boticas que
se conhecem na Europa ocidental nasceram dentro dos conventos e mosteiros,
criando dentro dos espaços claustrais, um lugar para efetuar experiências e
preparar mezinhas. De modo geral, estas dispunham de um jardim botânico,
ou horto, onde as plantas medicinais necessárias à confeção dos medicamentos
eram plantadas. Desta Ordem religiosa iremos analisar três mosteiros femininos:
S. Bento de Cástris em Évora (1274), S. Bernardo em Portalegre (1518)
e Nossa Senhora da Nazareth do Mocambo em Lisboa (1653). Procurar-se-á
sinalizar a localização das antigas boticas e espaços a elas adstritos no que
respeita à sua integração na articulação funcional destes mosteiros. Para além
dos espaços físicos das boticas, como aspeto de muito realce, refiram-se os
medicamentos e mezinhas nelas confecionados, que incluíam acervos vegetais
que se vai procurar identificar nos três mosteiros em apreço.