Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 Abril 2009, INPE, P. 4247-4254

Download as pdf or txt
Download as pdf or txt
You are on page 1of 8

próximo

artigo

93 4 Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 4247-4254.

Geoprocessamento aplicado à gestão dos recursos hídricos na bacia hidrográfica do Rio


Macaé-RJ

Mariana Rodrigues de Carvalhaes Pinheiro 1


Brunna Rocha Werneck 1
Andrea Franco de Oliveira2
Fabrício Moté3
Mônica dos Santos Marçal3
José Augusto Ferreira da Silva 1
Maria Inês Paes Ferreira 1
1
Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos – CEFET/ Uned Macaé
Rodovia Amaral Peixoto Km 164, Imboassica - Macaé - RJ, Brasil
brunna.werneck@bol.com.br
marianar@gmail.com
ines_paes@yahoo.com.br
jaferreirasilva@gmail.com
2
Instituto Estadual de Florestas – IEF
Rua da Ajuda, nº 5, 7º andar, Centro – Rio de Janeiro - RJ, Brasil
andreafrancoliv@yahoo.com.br
3
Universidade Federal do Rio de Janeiro - LAGESOLOS
Instituto de Geociências, Departamento de Geografia
Av. Brigadeiro Trompowski, CMNN, bloco I salas 09/011, Ilha do Fundão
fabriciomote@yahoo.com.br
monicamarcal@uol.com.br

Abstract. The National and States water resources Politics brought new approach and
instruments to guarantee the integrated and decentralized water management. The
geoprocessing tool became a ally in democratic decision support groups. The aim of this
paper is to describe the use of geoprocessing as a support to diagnose water quality of Rio
Macaé hydrographic basin water course, and also to evaluate the soil uses and covertures
characteristics and the water usage. The results shows the realtionship betwen physical-
chemical parameters and soil use and coverture for each source data. Results also include in
terms of one of the many possible water quality indexes, such as WQI (IQA), and in
cartograms which exhibit spacialized information of the studied items. The WQI values
showed that Rio Macaé water quality can be considered good, in general terms. The main use
techinique was Geographic Information System (GIS) for synthesize the produced data and
for full comprehension by the Rio Macaé basin decision makers. The results now presented
can be considered as the start point in synthesizing necessary information and facilitate
decision-making processes required for managfor water courses classification which is the
main instrument of water resource management of VIII Hydrographic Region of Rio de
Janeiro, Brazil.

Palavras-chave: Geographic Information System (GIS), water quality, water courses


classification, Sistema de Informação Geográfica, qualidade da água, enquadramento dos
corpos hídricos

4247
Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 4247-4254.

1. Introdução
A lei das águas (Brasil, 1997) trouxe uma abordagem inovadora para gestão dos recursos
hídricos incorporando princípios de integração, descentralização e participação, assim como
instrumentos que visam o planejamento e o ordenamento dos usos múltiplos. Um dos maiores
desafios da gestão dos recursos hídricos é garantir a participação efetiva e democrática na
primeira instância de deliberação, os Comitês de Bacia Hidrográfica (CBHs). Portanto, é
indispensável que os CBHs disponham de informações adequadas para o processo decisório,
que é em si, conflitante.
A gestão dos recursos hídricos tem nas bacias hidrográficas uma estratégia que visa
proteger e restaurar a qualidade ambiental e, conseqüentemente, os ecossistemas aquáticos.
Esta abordagem baseia-se na constatação de que muitos dos problemas de qualidade e
quantidade de água são evitados ou resolvidos de maneira eficaz por meio de ações que
focalizem a bacia hidrográfica como um todo - as atividades desenvolvidas em sua área de
abrangência e os atores envolvidos. Portanto, discutir a gestão dos recursos hídricos no
âmbito da bacia hidrográfica significa, sobretudo, abordar as variáveis socioeconômicas desta
localidade.
Em princípio, de acordo com Leal (2000) apud Meneguete (2001) não se deve ficar
preso aos limites naturais da bacia (seus divisores d’água), tendo em vista que várias bacias
encontram-se interligadas por sistemas hidráulicos de reversão de águas, por redes de
drenagem urbana, por movimentos de terra de origem antrópica etc. Desta forma, a
delimitação territorial de uma bacia hidrográfica envolve, entre outros, estudos cartográficos e
de uso e ocupação do solo. Os limites naturais tornam-se dinâmicos e flexíveis e a bacia passa
a constituir um espaço de vivência, de conflitos e de organização de novas relações sociais.
Essa conceituação aponta para a imperiosa necessidade de se reconceituar a bacia
hidrográfica, ampliando seu conceito aplicado nos estudos geomorfológicos, hidrológicos e de
engenharia. Trata-se de compreendê-la como unidade físico-territorial de planejamento e
gerenciamento de forma abrangente.
Para tanto se faz importante afirmar que o uso de SIGs constitui-se em ferramenta
ampla e complexa de análise, que permite que várias possibilidades, tanto dos aspectos de
planejamento da organização sócio-espacial da bacia hidrográfica do Rio Macaé quanto dos
aspectos de recursos hídricos no âmbito da Política Estadual, sejam sobrepostas e sintetizadas
de forma integrada, atualizadas constantemente de maneira dinâmica, não limitando o número
de variáveis neste processo, ou seja, é um sistema aberto e multifinalitário, embora esteja com
a sua abrangência temática voltada para a gestão dos recursos hídricos. Ademais, proporciona
a integração dos dados espaciais da bacia e um modelo para o gerenciamento dos recursos
hídricos (SILVA, 2006).
Os referidos sistemas constituem o ambiente de inteligência que dá suporte de forma
lógica e estruturante à gestão e ao processo decisório das diferentes esferas de aplicação,
permitindo, inclusive, a construção de indicadores, baseados em análises geográficas, além de
coletar, armazenar, recuperar, transformar e visualizar dados. Esta tecnologia tem sido alvo de
crescente utilização no planejamento ambiental com forte adesão na gestão dos recursos
hídricos.
Os SIGs são utilizados como ferramenta de análise espacial, na modelagem e simulação
de cenários, como subsídio à elaboração de alternativas para a decisão da política de uso e
ocupação do solo, ordenamento territorial, equipamentos urbanos e monitoramento ambiental,
entre outras aplicações complexas, que envolvem diferentes componentes dinâmicos (MOTA,
1999).
Esta tecnologia permite integrar informações de dados cartográficos, cadastrais de
diferentes naturezas, variáveis ambientais, como as apresentadas neste capítulo, entre outras,
em um banco de dados unificado, o que reflete a multiplicidade de usos e a

4248
Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 4247-4254.

interdisciplinaridade permitida. Faz-se importante destacar a facilidade de integração dos


dados das mais diversas áreas, como geologia, geomorfologia, pedologia, demografia,
movimentos sociais, urbanismo, saneamento, ecologia entre outras, possibilitando uma
abordagem ampla e completa. Portanto, a utilização destes recursos tecnológicos é proposta
como instrumento articulador do processo de integração entre o planejamento ambiental e a
gestão dos recursos hídricos.
Para o estudo em questão, a maioria das informações necessárias para apoio à gestão são
georreferenciadas, ou seja, são visualizadas por meio de mapas. As informações sobre
geologia, geomorfologia, uso do solo, tipo do solo, hidrografia, delimitações de sub-bacias,
zoneamentos existentes, sistema viário, áreas verdes, declividades etc., se relacionam às
localizações geográficas. A superposição destes mapas, que irá gerar os resultados desejados,
é facilitada por meio do uso do SIG, pois este permite a compilação e organização de dados, e
a elaboração de um mapa síntese que integra todos esses temas, compreendendo as diversas
características da área.
Deve-se considerar, ainda, que os mapas utilizados para a gestão dos recursos hídricos e a
organização sócio espacial são dinâmicos, devendo estar em constante atualização, quando
utilizado como um instrumento de tomada de decisão. A avaliação final dos resultados
depende da qualidade e quantidade dos dados espaciais inseridos no sistema; quanto mais
completas e de maior qualidade forem as informações, mais preciso será o resultado.
O presente trabalho traz o relato do uso do geoprocessamento com ferramenta de
integração e análise das informações atuais da qualidade das águas, dos usos preponderantes e
das fontes poluidoras na bacia hidrográfica do rio Macaé, e de adaptação dessas informações
por meio de cartogramas e indicadores. Esse conjunto inicial de procedimentos subsidiará a
implantação do instrumento de enquadramento dos corpos hídricos em classes na bacia
hidrográfica do rio Macaé, sob jurisdição do CBH Macaé e das Ostras, conforme orientado
pela Lei 9.433/97 (Brasil, 1997), a Lei Estadual 3.239/99 (Rio de Janeiro, 1999), a Resolução
CONAMA 357/05 (Brasil, 2005) e pelo procedimento de enquadramento descrito na
Resolução CNRH n. 91/08.
O objeto do presente estudo é a bacia hidrográfica do rio Macaé, que compreende cerca
de 1.765 km2 e abrange grande parte do município de Macaé (82%) e parcelas dos municípios
de Nova Friburgo, onde estão localizadas as nascentes, e de Casimiro de Abreu, Rio das
Ostras, Conceição de Macabu e Carapebus (FGV, 2004). Os principais usos da água hoje
verificados no Rio Macaé referem-se ao abastecimento de água, à diluição de despejos
domésticos, industriais e agrícolas, à irrigação e à geração de energia elétrica. O CBH Macaé
e das Ostras atua na Região Hidrográfica VIII do Estado do Rio de Janeiro - que inclui além
da bacia hidrográfica do rio Macaé, a do rio das Ostras e da lagoa Imboacica – desde 2003 e
conta com representações dos segmentos da sociedade civil, usuários e poder público.

2. Metodologia de Trabalho
A metodologia incluiu as etapas de levantamento dos dados primários de qualidade da
água, levantamento do usos da água e a análise integrada da qualidade da água com o uso e
cobertura do solo. Os resultados foram sistematizados por meio do Índice de Qualidade da
Água (IQA) e gráficos, e todas as informações foram espacializadas.
Para caracterização da qualidade da água foram realizadas três coletas entre os períodos
de março a agosto de 2008 ao longo do leito principal da bacia. O rio foi subdividido em
quatro trechos: (i) alto; (ii) médio-alto; (iii) médio-baixo; e (iv) baixo curso e os 12 pontos de
coleta foram distribuídos pelos trechos. O procedimento para aplicação do IQA nesse estudo
foi detalhado por Pinheiro (2008) e tem como referência o Panorama da qualidade das águas
superficiais no Brasil publicado pela ANA (2005).

4249
Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 4247-4254.

Para o levantamento dos usos da água foi utilizado o Cadastro Nacional de Usuários dos
Recursos Hídricos (CNARH) do qual foram filtrados os usuários da bacia do rio Macaé por
cada segmento (abastecimento humano, industria, irrigação etc).
A partir da análise do uso do solo foi possível identificar a vocação das áreas, relacionar
os usos da água e inferir fontes de degradação difusas e de pressões antrópicas. Para esta
análise foi utilizado o mapa temático de uso solo e ocupação da terra da bacia hidrográfica do
rio Macaé do ano de 2005, produzido por Moté (2008) a partir de classificação visual da
imagem CBER 2005.
Para integrar os resultados obtidos da qualidade da água em cada ponto com o uso e
cobertura do solo, foram delimitadas sub-bacias para cada ponto coletado, ou seja, cada um
dos 12 pontos foram considerados um exutório. A partir dessa delimitação foi feito o recorte
do uso e cobertura em cada sub-bacia e esta foi caraterizada quanto a sua vocação principal e
as possíveis fontes de poluição. Finalmente, foi possível relacionar os parâmetros de
qualidade com as fontes poluidoras de cada sub-bacia.
Para manipulação das informações espacializadas em ambiente SIG, foram utilizados o
software ArcGis 9.2 – ESRI e a carta topográfica do IBGE na escala de 1:50.000. Por ser do
ano 1968, a carta topográfica não contempla a retificação no baixo curso do rio Macaé e do
rio São Pedro promovida pelo DNOS, tendo sido atualizada. Para as análises e elaboração de
mapas, as bases topográficas e os mapas temáticos foram reprojetadas para UTM (Universal
Transverse Mercator), fuso 24 estendido, para toda a bacia hidrográfica.
Para espacialização das informações da qualidade de água, do uso da água e para a
análise dos conflitos potenciais optou-se pela utilização de cartograma, no qual foram
extraídas todas as informações georreferenciadas do mapa temático, diminuindo o número de
referências cartográficas, facilitanto assim a visualização das informações relevantes para os
decisores. Os resultados preliminares do trabalho foram apresentados para os representantes
do CBH Macaé e das Ostras em dois momentos: em 10 de julho para a Plenária e em 17 de
setembro de 2008 para o Diretório Colegiado e Câmaras Técnicas.

3. Resultados e Discussão
A espacialização de dados e informações é de grande importância para gestores e
planejadores ambientais. A informação contida nos mapas temáticos são atualizadas,
minimizando erros de localização e utilização pretéritos em função de uma não verificação em
campo dos dados a serem aplicados em estudos e pesquisas. O mapa produzido (Figura 1)
mostra não só a localização da bacia hidrográfica no contexto estadual, mas também
informações georreferenciadas dos pontos de coleta de amostras de água para análise físico-
química e bacteriológica, objetivando obter resultados da qualidade da água no corpo hídrico
principal.
A Figura 2 apresenta o Geoprocessamento aliado ao uso de indicadores. Os indicadores
são modelos simplificados da realidade, facilitando a compreensão de fenômenos,
aumentando a capacidade de comunicação de dados brutos e adaptação de linguagem
(Magalhães Jr, 2007). Carli e colaboradores (2004) defendem que os indicadores serviriam
para aumentar a base de informações necessária para construção de procedimentos
participativos, e como consequência, tornar possível o processo de aprendizagem sobre a
questão dos recursos hídricos. O cartograma (Figura 2) apresenta de forma simples os
resultados obtidos nas duas primeiras campanhas e permitiu ao público, tanto as
representações da região serrana como da planície urbana, comparar a qualidade da água em
diversos trechos, iniciando assim um debate sobre as causas da qualidade ruim ou média em
alguns pontos.

4250
Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 4247-4254.

Figura 1. Mapa da bacia hidrográfica do rio Macaé, sua rede de drenagem e localização dos pontos de
coleta de amostras de água.

Figura 2. Cartograma dos resultados do IQA na bacia do rio Macaé (Pinheiro, 2008).

A Figura 3 apresenta a utilização do geoprocessamento como ferramenta indispensável


para a análise da drenagem e do uso do solo, sobrepondo-os para um entendimento mais claro
da situação do curso principal e das sub-bacias de cada ponto coletado. Assim, é possível
traçar algumas relações de causa-efeito entre o uso e ocupação do solo e os resultados da
qualidade da água do rio Macaé.
As sub-bacias foram delimitadas tal como descrito na metodologia, no entanto, sabe-se
que o procedimento de amostragem de água em rios possui algumas limitações espaciais e
temporais. Portanto, cabe refletir que a contribuição das margens do rio serão mais
representativas nos resultados dos parâmetros de qualidade que toda a área da sub-bacia; e
que por sua vez, há grande possibilidade da coleta ser influenciada por fatores locais, como,
por exemplo, lançamento de esgoto pontual próximo ao local de amostragem.

4251
Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 4247-4254.

Por isso, a relação dos dados de qualidade da água com o uso e cobertura do solo nas sub-
bacias se deram em três níveis: (i) para verificar a contribuição da sub-bacia como um todo;
(ii) para verificar a contribuição dos usos e ocupações marginais ao rio, na qual considerou-se
a delimitação do buffer de 50m da rede de drenagem - faixa maior que a indicada a de 30 m
para APP segundo Código Florestal e Resolução CONAMA n. 303 (Brasil, 1965; Brasil,
2002); e (iii) para verificar a contribuição local, na qual considerou-se 50m no entorno do
ponto e também as observações realizadas em visita, destacando possíveis intervenções
(Figura 3).

Figura 3 – Ilustração dos três níveis de contribuição do uso e ocupação do solo para qualidade da água, exemplo do
ponto MAC01. a) localização da sub-bacia do ponto; b) uso e ocupação do solo na sub-bacia; c) contribuição das
margens do rio principal na sub-bacia; e d) detalhe do uso e ocupação nas margens do rio principal sub-bacia.

Foram gerados mapas temáticos para cada sub-bacia considerando em cada uma dela os
três níveis de análise. Para melhor visualização, essas informações foram sistematizadas em
gráficos conforme exemplificado na Figura 4. As informações sintetizadas da qualidade da
água, por meio de indicadores de parâmetros não conformes, e os gráficos do uso e ocupação
do solo permitiram traçar na maioria dos pontos de coleta relações de causa-efeito. Na Figura
4 são apresentados dois exemplos dessa relação, o ponto MAC03 localizado a jusante da
localidade de Lumiar, distrito de Nova Friburgo e o ponto MAC10, já no município de
Macaé, a jusante da confluência de duas sub-bacias rurais.
No ponto MAC03 os indicadores de qualidade de água apontam alguns parâmetros não-
conformes (E. coli, turbidez, nitrato etc) e outras evidências de deterioração da qualidade,
como diminuição do oxigênio dissolvido e valor médio do IQA. Esses parâmetros juntos são
indicativos de poluição por esgoto, o que é factível uma vez que a amostragem se deu na
localidade com adensamento populacional e sem sistema de tratamento de esgotos. Nesse
caso, observando os três níveis de contribuição para o ponto MAC03 não se destaca nenhum
uso ou ocupação no território da sub-bacia que se correlacione com os indicadores
encontrados, sendo portanto atribuído a influência local, conforme ilustrado no gráfico
“contribuição local” (Figura 4a).
No ponto MAC10 percebe-se uma modificação intensa no uso e cobertura do solo quando
comparado ao alto e médio-alto curso da bacia. Os indicadores também são outros, como
aumento dos sólidos totais e do fósforo total (Figura 4b). Analisando as contribuições da
bacia e as marginais sugere-se que dado ao perfil agropecuário dessas terras, estas estão
sujeitas a processos de erosão e perdas e solos, refletindo nos altos valores de sólidos totais. O
fósforo total pode estar relacionado a contribuicão local já que o entorno do ponto de coleta
são áreas agrícolas, e nesse caso, com extensas plantações de feijão.

4252
Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 4247-4254.

B
Figura 4 – Exemplo da integração dos dados indicativos de qualidade de água com os dados do uso e ocupação do solo nas
sub-bacias doos pontos MAC03 (A) e MAC10 (B).

4. Conclusões
Os resultados apresentados são considerados de extrema importância para a bacia do rio
Macaé, pois a partir dessas informações foi possível discutir no âmbito do CBH a qualidade
dos recursos hídricos ao longo de todo curso principal da bacia e iniciar a discussão sobre
propostas de enquadramento. As informações sobre a qualidade da água na bacia eram
fragmentadas e focadas no baixo curso, no entanto este estudo possibilitou aos tomadores de
decisões um olhar integrado da qualidade e principalmente sua relação com a fonte poluidora
pontual ou difusa e com o uso e cobertua do solo. As informações espacializadas dos usos da
água também facilitaram a atualização de alguns dados pela Planária do CBH Macaé e das
Ostras, uma vez que as informações eram facilmente detectadas e interpretadas pelos atores
participantes. Ainda no âmbito do CBH também foi possível discutir possíveis áreas
prioritárias e trechos com restrições ao uso, onde a qualidade da água não se encontra
compatível com o uso atual. A partir desse estudo sugere-se a ampliação da rede de

4253
Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 4247-4254.

monitoramento e a revisão dos parâmetros de qualidade por trecho. Reafirma-se o potencial


do geoprocessamento na gestão dos recursos hídricos e sua contribuição para garantia do
caráter democrático da decisão, uma vez que facilita a assimilação de grande volume de
informações pelos representates dos CBHs.
Agradecimentos
Este trabalho foi realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (FAPERJ) dentro
do Programa Prioridade Rio, da Fundação Estadual do Norte Flumiense (FENORTE/TECNORTE) e do Centro
Federal de Educação Tecnológica de Campos. O CEFET Campos agradece a todas as representações do Comitê
das Bacias Hidrográficas dos Rios Macaé e das Ostras, pelas sugestões e pelo aval dado em Plenária à execução
do presente projeto de pesquisa e a toda comunidade da bacia.
Referências Bibliográficas
Agência Nacional de Águas (ANA). Panorama da qualidade das águas superficiais no Brasil.
Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos. Brasília: ANA/SPR, 2005. 179 p.
Brasil. Lei n. 4.771 de 15 de setembro de 1965. Institui o Novo Código Florestal. Brasília. DOU 16.09.1965.
Brasil. Lei n° 9.433, de 8 de Janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e
altera o art. 1° da Lei 8.001, de 12 de Março de 1990, que modificou a Lei n°7.990 de 28 de dezembro de 1989.
Brasília. DOU 09.01.1997.
Brasil. Resolução CONAMA n° 303, de 20 de Março de 2002, dispõe sobre as áreas de preservação permanente.
Brasil. Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) Resolução n°357, de 17 de março de 2005. Dispõe
sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece
as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. DOU 18.03.2005; ret 09.05.2005.
Câmara, G.; Medeiros, J. S. Geoprocessamento para Projetos Ambientais. Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais. Capítulo 10. Acesso em 2008.
Carli, A., Massarutto, A., Paccahnan, V. Water sustainability indicators as a tool for participatory
procedures. In: Workshop on Modeling and Control for Participatory Planning and Managing Water Systems,
Venice, 2004.
FGV – PROJETOS. Plano Preliminar de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Macaé. Relatórios 2 e 4.
SEMADUR/SERLA/UTE NORTE-FLUMINENSE S.A. Rio de Janeiro: FGV, 2004.
Leal, A. C.; Guimarães, E. M. A. Gestão das águas e educação ambiental em bacias hidrográficas. Presidente
Prudente: 2000. CD-ROM.
Magalhães Jr, A. P. Indicadores Ambientais e Recursos Hídricos. Realidade e perspectivas para o Brasil a
partir da experiênica francesa. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. 688p.
Méllo, J. R. A.V. et al. Uso de ferramentas SIG em sistemas de suporte à decisão em recursos hídricos. In:
Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto. Anais III Simpósio Regional de
Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto. Aracajú, SE, 2006.
Meneguette, A. A. C. Atlas interativo do Pontal do Paranapanema: uma contribuição à educação ambiental.
Presidente Prudente: Unesp, 2000. (Tese de Livre-Docência).
Mota, S. Preservação e conservação de recursos hídricos. 2.ed. Rio de Janeiro: ABES, 1999.
Moté, F. O. Classificação de Unidades de Paisagenm na bacia do rio Macaé (RJ) como proposta
metodológica ao planejamento ambiental. (Dissertação de mestrado em Geografia). Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
Pinheiro, M.R.C.; Silva, F.E.; Prioste, M.A.; Ferreira, M.I.P. Avaliação da qualidade da água na bacia
hidrográfica do rio macaé e aplicação do índice de qualidade de água. In: II Simpósio de Recursos Hídricos
Sul-Sudeste, 2008, Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro. Lei n. 3.239, de 02 de agosto de 1999. Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos; cria o
sistema estadual de gerenciamento de recursos hídricos; regulam a Constituição Estadual em seu artigo 261, 1°
parágrafo, inciso VII; e de outras providências.
Silva, J. A. Gestão de recursos hídricos e sistemas de informações geográficas: contribuições para a
organização sócio-espacial do Pontal do Paranapanema-SP. (Tese de Doutorado). Presidente Prudente:
Unesp, 2006.
Viegas, E. C. Gestão da água e princípios ambientais. Caxias do Sul, RS: Educs, 2008. 176p.

4254

You might also like