2 Vol 7 Num 1 Enemar2020ncl
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Nidia Burgos
Universidad Nacional del Sur, Argentina
Directores
Dr. Juan Guillermo Mansilla Sepúlveda Mg. María Eugenia Campos
Universidad Católica de Temuco, Chile Universidad Nacional Autónoma de México, México
Dr. Francisco Ganga Contreras
Universidad de Los Lagos, Chile Dr. Francisco José Francisco Carrera
Universidad de Valladolid, España
Subdirectores
Mg © Carolina Cabezas Cáceres Mg. Keri González
Universidad de Las Américas, Chile Universidad Autónoma de la Ciudad de México, México
Dr. Andrea Mutolo
Universidad Autónoma de la Ciudad de México, México Dr. Pablo Guadarrama González
Universidad Central de Las Villas, Cuba
Editor
Drdo. Juan Guillermo Estay Sepúlveda Mg. Amelia Herrera Lavanchy
Editorial Cuadernos de Sofía, Chile Universidad de La Serena, Chile
Dr. Carlos Antonio Aguirre Rojas Dr. Francisco Luis Girardo Gutiérrez
Universidad Nacional Autónoma de México, México Instituto Tecnológico Metropolitano, Colombia
CATÁLOGO
DRDA. GESILAINE MUCIO FERREIRA / DRA. JANI ALVES DA SILVA MOREIRA / DRA. MARIA EUNICE FRANÇA VOLSI
REVISTA INCLUSIONES ISSN 0719-4706 VOLUMEN 7 – NÚMERO 1 – ENERO/MARZO 2020
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Resumo
O objetivo deste artigo é analisar como as versões aprovadas da BNCC para a educação infantil e
o ensino fundamental (2017) e para o ensino médio (2018) no Brasil abordam a educação especial
a fim de inquirir algumas implicações desse documento para a efetivação das políticas de
educação especial na perspectiva da educação inclusiva no país. Trata-se dos resultados de uma
pesquisa qualitativa, bibliográfica e de análise documental a partir do cotejamento de fontes
primárias, documentos nacionais e internacionais que abordam o objeto analisado. Apesar de
defender o respeito às diferenças, a BNCC apresenta uma abordagem muito superficial acerca da
educação especial. Essa superficialidade é analisada a partir da fase atual de acumulação flexível
do capital, de reforma do Estado e da intensificação do protagonismo de agentes privados na
elaboração e na implantação das políticas públicas sociais. A BNCC, como produto dessa ordem
societal, expressa nas entrelinhas uma orientação mercadológica que reproduz as desigualdades
sociais, sob a qual o respeito às diferenças não ultrapassa o caráter ideológico do discurso. O
público alvo da educação especial não é o foco do mercado e, por conseguinte, da BNCC. Isso
implica em pouca contribuição da BNCC para a concretização da educação especial inclusiva.
Palavras-Chave
Abstract
The purpose of this paper is to analyze how the approved versions of the BNCC for early childhood
education and elementary school (2017) and high school (2018) in Brazil approach special
education in order to inquire into some implications of this document for the realisation of special
education policies in the perspective of inclusive education in the country. It is the results of a
qualitative, bibliographical and documentary analysis research from the comparison of primary
sources, national and international documents that approach the object analyzed. While defending
respect for differences, the BNCC presents a very superficial approach to special education. This
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superficiality is analyzed from the current phase of flexible capital accumulation, state reform and
the intensification of the role of private agents in the elaboration and implementation of social public
policies. As a product of this social order, the BNCC expresses between the lines a market
orientation that reproduces social inequalities, under which respect for differences does not go
beyond the ideological character of discourse. The target audience of special education is not the
focus of the market and therefore of BNCC. This implies little contribution from the BNCC to the
achievement of inclusive special education.
Keywords
Ferreira, Gesilaine Mucio; Moreira, Jani Alves da Silva y Volsi, Maria Eunice França. Políticas de
educação especial na perspectiva da educação inclusiva no Brasil: em discussão a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC). Revista Inclusiones Vol: 7 num 1 (2020): 10-34.
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Introdução
1 Brasil, Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação Infantil e Ensino
Fundamental (Brasília: Ministério da Educação, 2017), http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-
content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf (1 de abril de 2019).
2 Brasil, Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação Infantil, Ensino
Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e
respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica (Brasília: Ministério da Educação;
Conselho Nacional de Educação; Conselho Pleno, 2017),
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/historico/RESOLUCAOCNE_CP222DEDEZEMBRO
DE2017.pdf (10 de outubro de 2019).
4 Brasil, Resolução nº 4, de 17 de dezembro de 2018: institui a Base Nacional Comum Curricular
na Etapa do Ensino Médio (BNCC-EM), como etapa final da Educação Básica, nos termos do
artigo 35 da LDB, completando o conjunto constituído pela BNCC da Educação Infantil e do Ensino
Fundamental, com base na Resolução CNE/CP nº 2/2017, fundamentada no Parecer CNE/CP nº
15/2017 (Brasília: Ministério da Educação; Conselho Nacional de Educação; Conselho Pleno,
2018), http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2018-pdf/104101-rcp004-18/file (10 de outubro
de 2019).
5 Gesilaine Mucio Ferreira e Darlene Novacov Bogatschov, “A educação especial inclusiva no
Brasil: influência do Banco Mundial e da Unesco”, em Diálogos: Temáticas em Educação III, eds.
Márcio Oliveira e Reginaldo Peixoto (Curitiba: CRV, 2019), 33-47.
6 Dentre estas políticas, destacam-se a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da
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10 José Paulo Netto, “O materialismo histórico como instrumento de análise das políticas sociais”,
em Estado e Políticas Sociais: Brasil-Paraná, eds. Francis Mary Guimarães Nogueira e Maria Lucia
Frizon Rizzotto (Cascavel: Edunioeste, 2003), 12-28.
11 José Paulo Netto, “O materialismo histórico...
12 Olinda Evangelista e Eneida Oto Shiroma, “Subsídios teóricos-metodológicos para o trabalho
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Para iniciar a abordagem desse tópico, é relevante destacar que a BNCC teve
várias versões preliminares, sendo três (setembro de 2015; maio de 2016; abril de 2017)
até a aprovação da versão para a educação infantil e o ensino fundamental, em 2017, e
mais uma versão preliminar em abril 2018 para a etapa do ensino médio. Embora o objeto
de investigação desse artigo não seja a apreciação dessas versões, algumas delas
apresentam alguns elementos significativos para o debate sobre a educação especial na
BNCC que serão apontados no decorrer do texto.
15 Brasil, Parecer CNE/CP nº 15/2017: Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (Brasília:
Ministério da Educação; Conselho Nacional de Educação; Conselho Pleno, 2017),
http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2017-pdf/78631-pcp015-17-pdf/file (15 de maio de
2019).
16 Brasil, Resolução CNE/CP n° 2, de 22 de dezembro de 2017...
17 Brasil, Parecer CNE/CP nº 15/2018: Instituição da Base Nacional Comum Curricular do Ensino
Médio (BNCC-EM) e orientação aos sistemas de ensino e às instituições e redes escolares para
sua implementação, em regime de colaboração entre os sistemas de ensino, nos termos do Art.
211 da Constituição Federal e Art. 8 º da Lei nº 9.394/1996 (LDB) (Brasília: Ministério da Educação;
Conselho Nacional de Educação; Conselho Pleno, 2018),
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=103561-pcp015-
18&category_slug=dezembro-2018-pdf&Itemid=30192 (16 de julho de 2019).
18 Brasil, Resolução nº 4, de 17 de dezembro de 2018...
19 A SECADI foi extinta pelo Decreto nº 9.465, de 2 de janeiro de 2019, que a substituiu pela
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Para além, a expressão educação especial é mencionada apenas duas vezes nas
versões aprovadas: na introdução e no texto introdutório do componente curricular
Ciências do ensino fundamental, sendo a mesma redação em ambas. Na introdução,
afirma-se que o conjunto de decisões que precisam ser tomadas para adequar as
proposições da BNCC à realidade local deve ser considerado na organização de
currículos e propostas adequados às diferentes modalidades de ensino, dentre elas, a
educação especial28. Na parte do componente curricular ciências, na etapa do ensino
fundamental, propõe-se que nos anos iniciais, as crianças “[...] desenvolvam atitudes de
respeito e acolhimento pelas diferenças individuais, tanto no que diz respeito à
diversidade étnico-cultural quanto em relação à inclusão de alunos da educação
especial29”.
23 Brasil, Base Nacional Comum Curricular (primeira versão preliminar) (Brasília: Ministério da
Educação, 2015), http://historiadabncc.mec.gov.br/documentos/BNCC-APRESENTACAO.pdf (1 de
abril de 2019).
24 Brasil, Base Nacional Comum Curricular. 2ª versão revista (Brasília: Ministério da Educação,
segunda versão da Base Nacional Comum Curricular (Brasília: Ministério da Educação, 2016),
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/relatorios (11 de junho de 2019).
28 Brasil, Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação Infantil e Ensino
Fundamental ... 16-17 e Brasil. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio...
29 Brasil, Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação Infantil e Ensino
Fundamental ... 325 e Brasil. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio... 327.
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uma linguagem verbal de caráter visual-motor. Além disso, a Libras é mencionada três
vezes na parte referente ao ensino fundamental: no texto introdutório da área de
Linguagens, na terceira competência específica de linguagens e na introdução do
componente curricular Língua Portuguesa, ao apresentar a Lei nº 10.436, de 24 de abril
de 2002, que dispõe sobre a Libras, como uma legislação que fomenta a realização de
“[...] discussões relacionadas à necessidade do respeito às particularidades linguísticas da
comunidade surda e do uso dessa língua nos ambientes escolares30”.
No entanto, de acordo com Borowsky34, não é isso o que tem ocorrido na realidade
escolar. A autora afirma que a oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE)35
30 Brasil, Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação Infantil e Ensino
Fundamental ... 68 e Brasil. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio ... 70.
31 Brasil, Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação Infantil e Ensino
de 2018), https://inclusaoja.com.br/2018/03/21/manifesto-da-sociedade-civil-em-relacao-a-base-
nacional-comum-curricular-bncc/ (14 de maio de 2019).
33 Inclusão Já, Manifesto da sociedade civil ...
34 Fabíola Borowsky, “Contradições das políticas ...
35 O AEE é definido pelo Decreto Federal 7611/2011, artigo 2°, parágrafo 1°, como “[...] o conjunto
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Pesquisas em Ensino e Diferença (LEPED) e assinado por Maria Teresa Eglér Mantoan,
coordenadora do referido laboratório. Fonte: LEPED. Parecer do Laboratório de Estudos e
Pesquisas em Ensino e Diferença (LEPED) da Faculdade de Educação da Universidade Estadual
de Campinas - FE/UNICAMP em atenção à solicitação da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão - SECADI/MEC - para que o LEPED para que se pronuncie a
respeito da educação especial na perspectiva da educação inclusiva no texto da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC, 2015) (18 de outubro de 2015),
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/relatorios-e-pareceres# (24 de maio de 2019).
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tecnologias, ao apregoar que essa área é responsável por “[...] propiciar oportunidades
para a consolidação e a ampliação das habilidades de uso e de reflexão sobre as
linguagens – artísticas, corporais e verbais (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita)
[...]39”. Nesse item 5.1 ainda defende que é importante que os jovens realizem a análise
de elementos discursivos, composicionais e formais de enunciados nas diferentes
semioses40 (visuais, sonoras, verbais (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita) e
corporais).
A análise das versões definitivas da BNCC revela um discurso pela redução das
desigualdades educacionais e sociais e a necessidade de um compromisso para se
reverter a exclusão social de determinados grupos, dentre eles, o das pessoas com
deficiência. A BNCC associa as desigualdades educacionais às questões
socioeconômicas das famílias, de raça e de sexo e a promoção da igualdade e da
equidade educacional ao reconhecimento e ao atendimento das singularidades dos
alunos. Porém, não vincula as origens das diferenças socioeconômicas às relações
sociais capitalistas antagônicas e contraditórias, o que permite ao documento atribuir à
própria educação/escola a responsabilidade pelo combate ou aprofundamento das
desigualdades educacionais, econômicas e sociais.
39 Brasil, Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio... 482.
40 “[...] uma semiose é um sistema de signos em sua organização própria [...]”. Fonte: Brasil, Base
Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino
Médio... 486.
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Unesco. Ela apresenta 10 competências gerais cujos termos utilizados para descrevê-las
enfatizam a aprendizagem de competências como capacidade de investigação, reflexão,
análise e consciência crítica, imaginação criatividade, comunicação, utilização de
diferentes linguagens (verbal, corporal, visual, sonora, digital), lidar com emoções,
autonomia, consciência socioambiental, consumo responsável, autocrítica, flexibilidade,
responsabilidade, resiliência, determinação, solidariedade, empatia, diálogo, cooperação
e resolução de conflitos47.
47 Brasil, Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação Infantil e Ensino
Fundamental ... e Brasil, Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Ensino Médio ...
48 Jacques Delors, Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão
Internacional sobre Educação para o século XX (Brasília: Unesco, Ministério da Educação; São
Paulo: Cortez, 1998).
49 Ricardo Antunes, O Privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital (São
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partir do governo Lula, associada a ideia de inserção dos indivíduos na ordem econômica
vigente. Para Garcia, esse objetivo está velado, pois os documentos não utilizam a
denominação sociedade capitalista, camuflada pela terminologia sociedade inclusiva57.
Uma estratégia lexical presente também no texto da BNCC.
2001); Vera Maria Vidal Peroni, “A privatização do... e Rosalba Maria Cardoso Garcia, “Para além
da...
60 Rosalba Maria Cardoso Garcia, “Para além da...
61 Aline Decker, “A formação docente no projeto político do Banco Mundial (2000-2014), em
Formação de professores no Brasil: leituras a contrapelo, eds. Olinda Evangelista e Allan Kenji
Seki (Araraquara, SP: Junqueira & Marin, 2017), 85-116.
62 Unesco, Educação 2030: Declaração ...
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Todavia, o bem comum não corresponde a garantia de direitos sociais uma vez
que, segundo Garcia69 se refere aos serviços prestados e geridos com recursos da própria
comunidade e não pelos tradicionais mecanismos estatais. Trata-se, de acordo com a
autora, de um processo de dissimulação/naturalização das desigualdades sociais e de
privatização dos conflitos sociais por meio de um discurso politicamente correto ao se
enfatizar conceitos relacionados às políticas de inclusão como solidariedade,
pertencimento, cidadania ativa, justiça social, coesão social como solução para a
exclusão social.
63 Algumas das características desses governos são abordadas por: Ricardo Antunes, O Privilégio
da... e Armando Boito Junior, Reforma e crise política no Brasil: os conflitos de classe nos
governos do PT (Campinas, SP: Editora da Unicamp; São Paulo, SP: Editora da UNESP, 2018).
64 Nos anos de 2013 e 2014 foram realizados eventos e seminários preparatórios da BNCC,
organizados pelo Consed e Undime em parceria com a Fundação Lemann, criada em 2002 pelo
empresário Jorge Paulo Lemann, integrante e participante ativo do Movimento pela Base Nacional
Comum. Fonte: Jaqueline Boeno D’Avila, “As influências dos ...
65 Jaqueline Boeno D’Avila, “As influências dos...
66 Jaqueline Boeno D’Avila, “As influências dos...
67 Jaqueline Boeno D’Avila, “As influências dos...
68 Jaqueline Boeno D’Avila, “As influências dos...
69 Rosalba Maria Cardoso Garcia, “Para além da...
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Quando se trata do Brasil, o Banco Mundial afirma que houve melhora nos
resultados do ensino fundamental e médio, mas a qualidade do ensino ainda é baixa se
comparada ao aumento drástico dos gastos no setor79. Para o Banco, “O Brasil está
enfrentando uma crise de aprendizagem: apesar de gastos generosos com educação e
altos níveis de matrícula na escola, os jovens não estão adquirindo competências que os
tornarão trabalhadores competitivos”80. O parâmetro de qualidade na educação é o
resultado das avaliações de desempenho dos estudantes mensurado pelo PISA. Dentre
as justificativas para a elaboração da BNCC, elege-se a falta de qualidade na educação
brasileira, apontada a partir do baixo escore brasileiro nas avaliações em larga escala
nacional e internacional. Assim, é visível o alinhamento da BNCC com os organismos
multilaterais, cuja ligação com a Unesco e a OCDE é afirmada no próprio documento.
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Nessa lógica, não há espaço para as minorias, dentre elas, o público alvo da
educação especial, posto que a autonomia da escola é bastante limitada em função de
sua subordinação à estandardização curricular como forma de obter sucesso nas
avaliações e, por conseguinte, recursos. Como bem descreve Freitas “A diversidade
cultural e histórica - ainda que admitida - não é reconhecida, já que os processos de
avaliação são conduzidos a partir da “cultura oficial” das bases nacionais curriculares”84.
Assim, o discurso de respeito à diversidade e de educação e sociedade inclusiva cumpre
apenas a função de cooptar o consenso em relação à BNNC e de esconder suas reais
intenções já que a padronização curricular não coaduna com uma proposta pedagógica
que respeite às diferenças. Quando se elucida aquilo que não é dito no texto da BNCC,
ou seja, seus vínculos com a lógica do mercado, é possível entender seu caráter não
democrático e o fato da educação especial e de outras modalidades da educação
relacionadas aos grupos minoritários não terem sido contempladas no documento.
81 Brasil, Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio ... 5.
82 Luiz Carlos de Freitas, A reforma empresarial... 42.
83 Luiz Carlos de Freitas, A reforma empresarial...
84 Luiz Carlos de Freitas, A reforma empresarial... 113.
85 Fabíola Borowsky, “Contradições das políticas...
86 Fabíola Borowsky, “Contradições das políticas...
87 Luiz Carlos de Freitas, A reforma empresarial...
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professores. Isso induz à privatização uma vez que são estabelecidas metas difíceis de
serem atingidas pela escola pública diante de suas precárias condições de
funcionamento, desmoralizando-a88. Se o mercado é tomado como padrão de qualidade,
fomenta-se a privatização, incialmente via terceirização e vouchers.
Considerações finais
Chega-se a essa etapa do texto com a clareza de que o debate sobre a temática
proposta não foi aqui esgotado. Isso porque não é uma tarefa fácil lançar um olhar para
questões educacionais situadas no mesmo período histórico dos pesquisadores e,
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Referências
93Brasil, Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio... 5.
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Políticas de educação especial na perspectiva da educação inclusiva no Brasil: em discussão a Base Nacional Comum… pág. 31
Banco Mundial, eds. Um ajuste justo: Análise da eficiência e equidade do gasto público no
Brasil. Revisão das despesas públicas. Vol. I Síntese. Novembro de 2017.
http://documents.worldbank.org/curated/en/884871511196609355/pdf/121480-REVISED-
PORTUGUESE-Brazil-Public-Expenditure-Review-Overview-Portuguese-Final-revised.pdf
(29 de março de 2018).
Banco Mundial, eds. Competências e Empregos: Uma Agenda para a Juventude. Síntese
de constatações, conclusões e recomendações de políticas. 2018.
http://documents.worldbank.org/curated/pt/953891520403854615/S%C3%ADntese-de-
constata%C3%A7%C3%B5es-conclus%C3%B5es-e-recomenda%C3%A7%C3%B5es-de-
pol%C3%ADticas (30 de setembro de 2019).
Boito Junior, Armando. Reforma e crise política no Brasil: os conflitos de classe nos
governos do PT. Campinas, SP: Editora da Unicamp; São Paulo, SP: Editora da UNESP.
2018.
Brasil, eds. Base Nacional Comum Curricular (primeira versão preliminar). Brasília:
Ministério da Educação, 2015. http://historiadabncc.mec.gov.br/documentos/BNCC-
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Brasil, eds. Base Nacional Comum Curricular. 2ª versão revista. Brasília: Ministério da
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