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Adriano Sousa

O trabalho tem como objetivo principal apontar as diferenças nos enquadramentos da "grande mídia" e da "mídia contra-hegemônica", representada pela Carta Capital, na cobertura do processo de impedimento da ex-presidenta Dilma Rousseff que... more
O trabalho tem como objetivo principal apontar as diferenças nos enquadramentos da "grande mídia" e da "mídia contra-hegemônica", representada pela Carta Capital, na cobertura do processo de impedimento da ex-presidenta Dilma Rousseff que ocorreu em 2016. Nesse sentido, por meio de revisão bibliográfica de análises de outras pesquisadoras e pesquisadores, buscou-se descrever a atuação dos jornais e revistas da grande mídia no decorrer da história contemporânea do Brasil, desde a redemocratização até o momento do impeachment de 2016. Em seguida, realizou-se análise de conteúdo das publicações semanais do portal de notícias on-line da Carta Capital indexadas na categoria "impeachment". Buscou-se compreender a narrativa do jornal frente ao processo de impeachment, além da forma como temas e atores envolvidos nesse movimento foram enquadrados. A pesquisa possibilitou o entendimento de que o objeto de estudo apresentou enquadramentos polarizados da situação, assim como a grande mídia, porém no sentido inverso dela. No entanto, foi possível perceber que esse acontecimento político foi descrito de forma muito mais contextualizada pelo jornal em questão do que pela grande mídia, considerada pela maioria dos analistas como "liberal-conservadora" e como engrenagem fundamental do Golpe. Os enquadramentos da Carta se inseriram em dois principais campos semânticos: anticonservadorismo e petismo. O primeiro se constitui pelas ideias-força do antineoliberalismo, da crítica à direita, do antipemedebismo, da rejeição do continuísmo político petista e da reprovação da mídia golpista. Por outro lado, o segundo se define pela defesa dos governos de Lula e Dilma, pela saliência do “brilhantismo” do partido e pelo argumento da ilegitimidade do impeachment.
Esta dissertação aborda discussões recentes sobre pós-verdade e populismo, tendo como estudo de caso a área ambiental sob o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022). Partindo do problema da desinformação política vinculada a campanhas de... more
Esta dissertação aborda discussões recentes sobre pós-verdade e populismo, tendo como estudo de caso a área ambiental sob o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022). Partindo do problema da desinformação política vinculada a campanhas de propaganda digital que ganhou atenção pública principalmente em meados da década de 2010, a pesquisa seguiu uma linha argumentativa dos Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia (ESCT) sobre a pós-verdade enquanto fenômeno de crescente crise de confiança no sistema de peritos, mais especificamente na imprensa, na ciência e no Estado democrático de direito. Nesse sentido, a política populista demonstra um potencial de fomentar a pós-verdade devido à postura de antagonismo com o establishment democrático e sua mediação pela imprensa e pelo conhecimento expert. Ademais, a pós-verdade parece ser reforçada pela comunicação digital populista e a própria arquitetura das mídias digitais centrada na economia de atenção. Essa dinâmica pôde ser percebida nos últimos nos durante os governos populistas de direita de Donald Trump, nos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro, no Brasil, sobretudo na área ambiental, tendo em vista os discursos e práticas empregados por eles contra as políticas ecológicas estabelecidas previamente às suas gestões e ao conhecimento científico que as informava. Diante disso, o objetivo geral do trabalho foi compreender as estratégias de comunicação política do governo de Jair Bolsonaro sobre a área ambiental considerando sua inserção na agenda programática bolsonarista e em tendências sociais, políticas, econômicas, epistêmicas e culturais relacionadas, como o fenômeno da pós-verdade, a ascensão global de partidos de direita radical/extrema-direita e os debates sobre desenvolvimento sustentável. A metodologia de pesquisa se baseou principalmente na revisão da literatura acadêmica sobre os temas que atravessam o objeto de pesquisa, tendo como fundamentações teóricas principais os ESCT e perspectivas críticas da Sociologia e da Ciência Política. Assim, a dissertação se desenvolveu em três níveis referentes ao aprofundamento da discussão teórica sobre cada elemento. Primeiramente, trata-se da questão da pós-verdade e sua relação com transformações contemporâneas, como os efeitos da hegemonização do neoliberalismo na era digital. Em seguida, discute-se a emergência de partidos e movimentos populistas no passado recente, em especial os populismos de direita radical e extrema-direita, tendo como foco suas estratégias comunicativas de fomento da pós-verdade. Por fim, compreendendo a pauta ambiental como um lócus fundamental das disputas por hegemonia da direita radical populista, procedeu-se para a identificação das tendências da comunicação ambiental de atores desse espectro político e a efetuação de um estudo de caso do discurso e a prática do governo Bolsonaro para a área (socio)ambiental. A investigação levou ao entendimento de que a gestão bolsonarista buscou descreditar a ciência ambiental “mainstream”, assim como a governança ambiental prévia para promover ideias negacionistas dos consensos científicos sobre mudanças climáticas produzidas por experts e outros intelectuais orgânicos conservadores, reacionários e/ou ultraliberais/neoliberais para legitimar a rejeição às políticas regulatórias de preservação ambiental e aos direitos territoriais de povos indígenas e quilombolas. A presente dissertação contribui com o campo de estudos por agregar o papel de alguns militares do governo Bolsonaro a essa rede negacionista climática.