Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                
Skip to main content
  • Doutora em Estudos de Literatura (UFF), mestra em Letras (UERJ), bacharel e licenciada em Letras, habilitação em port... moreedit
"A partir desta percepção do texto literário como aquele que pode desconstruir e reconstruir o sujeito, mas, ainda assim, cientes de que a literatura não se justifica apenas por finalidades alheias à sua função estética, o livro... more
"A partir desta percepção do texto literário como aquele que pode desconstruir e reconstruir o sujeito, mas, ainda assim, cientes de que a literatura não se justifica apenas por finalidades alheias à sua função estética, o livro Literatura, Leitor e Estética nas práticas literárias acolheu artigos que versam sobre a instituição literatura, em suas estéticas e práticas, e, com isso, suscita discussões e reflexões acerca dessa e de suas concretudes, em uma sociedade hipermoderna como a que vivemos, que demanda novos olhares e práticas, cujas múltiplas vozes leitoras e autoras contribuem, hoje, para sua formação."
Este ensaio tem como objetivo traçar um panorama didático sobre
as expressões de uma parcela da prosa realista brasileira pelo viés da diferença.
Livro organizado por Kélio Júnior Santana Borges. O penúltimo estudo da coletânea foi escrito por Karla Menezes Lopes Niels e se chama Expressões do medo em um fantástico à brasileira. Partindo do fato de que, durante muitos anos, no... more
Livro organizado por Kélio Júnior Santana Borges. O penúltimo estudo da coletânea foi escrito por Karla Menezes Lopes Niels e se chama Expressões do medo em um fantástico à brasileira. Partindo do fato de que, durante muitos anos, no Brasil, a literatura não pautada na realidade foi, de certo modo, marginalizada pela crítica, a pesquisadora evidencia, entretanto, como atualmente a literatura fantástica vem ganhando cada vez mais espaço entre os estudos literários. A autora discute esse novo contexto em que até autores que não são reconhecidos por uma produção de cunho fantástico ensaiaram contos no gênero, ao mesmo tempo em que outros consagraram-se pela produção de uma literatura distanciada do real. Considerando o fato de parte dessa produção trabalha com temas relacionados ao medo – seja o vivenciado pela personagem seja o sentido pelo leitor –, o estudo analisa quatro contos brasileiros, de diferentes épocas, trata-se de textos que comungam entre si o trabalho com um tipo específico de medo, à luz dos estudos seminais do fantástico e do historiador Jean Delumeau (2009).
Livro organizado por Cleber Araújo Cabral, Enéias Tavares e Suellen Cordovil, fruto de simpósio homônimo realizado no IV Congresso Internacional Vertentes do Insólito Ficcional / VII Encontro Nacional O Insólito como Questão na Narrativa... more
Livro organizado por Cleber Araújo Cabral, Enéias Tavares e Suellen Cordovil, fruto de simpósio homônimo realizado no IV Congresso Internacional Vertentes do Insólito Ficcional / VII Encontro Nacional O Insólito como Questão na Narrativa ficcional, XVI Painel Reflexões sobre o insólito na  narrativa ficcional. No  segundo capítulo, Karla Menezes Lopes Niels fala sobre analisa a  personagem Vitória, especificamente sua metamorfose,  e seu consequente lado monstruoso,  à luz das teorias seminais do fantástico.
Livro organizado por Suellen Cordovil da Silva, Alan Victor Flor da Silva e Claudia Valéria França Vidal com fim de dar visibilidade à variedade artística e literária à Amazônia Paraense. No capítulo 7, Karla Menezes Lopes Niels, aborda... more
Livro organizado por Suellen Cordovil da Silva, Alan Victor Flor da Silva e Claudia Valéria França Vidal com fim de dar visibilidade à variedade artística e  literária à Amazônia Paraense. No capítulo 7, Karla Menezes Lopes Niels,  aborda a construção do espaço ficcional na narrativa fantástica a partir da análise dos contos "A feiticeira" , "Acauã" e "O Baile do Judeu", de Inglês de Souza.  Nos três contos a floresta Amazônica surge como espaço de deflagração do insólito.
Livro organizado por Kélio Júnior Santana Borges. O penúltimo estudo da coletânea foi escrito por Karla Menezes Lopes Niels e se chama Expressões do medo em um fantástico à brasileira. Partindo do fato de que, durante muitos anos, no... more
Livro organizado por Kélio Júnior Santana Borges. O penúltimo estudo da coletânea foi escrito por Karla Menezes Lopes Niels e se chama Expressões do medo em um fantástico à brasileira. Partindo do fato de que, durante muitos anos, no Brasil, a literatura não pautada na realidade foi, de certo modo, marginalizada pela crítica, a pesquisadora evidencia, entretanto, como atualmente a literatura fantástica vem ganhando cada vez mais espaço entre os estudos literários. A autora discute esse novo contexto em que até autores que não são reconhecidos por uma produção de cunho fantástico ensaiaram contos no gênero, ao mesmo tempo em que outros consagraram-se pela produção de uma literatura distanciada do real. Considerando o fato de parte dessa produção trabalha com temas relacionados ao medo – seja o vivenciado pela personagem seja o sentido pelo leitor –, o estudo analisa quatro contos brasileiros, de diferentes épocas, trata-se de textos que comungam entre si o trabalho com um tipo específico de medo, à luz dos estudos seminais do fantástico e do historiador Jean Delumeau (2009).
Grande parte dos estudiosos do genero fantastico no Brasil consideram os contos de Noite na taverna e o drama Macario, de Alvares de Azevedo, como aqueles que inauguram uma producao fantastica no âmbito da literatura brasileira, embora... more
Grande parte dos estudiosos do genero fantastico no Brasil consideram os contos de Noite na taverna e o drama Macario, de Alvares de Azevedo, como aqueles que inauguram uma producao fantastica no âmbito da literatura brasileira, embora seus contos nao correspondam plenamente as principais teorias do genero. Fantasticos ou nao, o fato e que a publicacao da obra ensejou uma serie de narrativas que, em algum momento, foram igualmente consideradas como fantasticas, embora enfrentem o mesmo problema de enquadramento teorico. Diante disso, surge a questao: o que se entende, no Brasil, por literatura fantastica? A resposta a essa questao podera levar a uma segunda: ha um “fantastico a brasileira”? Se sim, quais sao as caracteristicas desse genero nas letras nacionais? Quais sao os autores que o praticaram e o praticam? Nossa hipotese, baseada nas observacoes feitas as criticas recebidas por Noite na taverna, e a de que o termo “fantastico” e usado sem nenhuma precisao conceitual, as vezes ...
O nome de Aluisio Azevedo tem sido apontado pelas historiografias e pelos manuais escolares como o principal nome do Naturalismo no Brasil. Entrementes, cabe-nos perguntar: teria Azevedo escrito somenos literatura naturalista? Ou teria... more
O nome de Aluisio Azevedo tem sido apontado pelas historiografias e pelos manuais escolares como o principal nome do Naturalismo no Brasil. Entrementes, cabe-nos perguntar: teria Azevedo escrito somenos literatura naturalista? Ou teria ele enveredado por outras vertentes literarias? O presente artigo se ocupara em responder tais questoes, apresentando inclusive alguns aspectos de outro tipo de literatura produzida pelo autor.
... A hesitação, portanto, jaz no momento em que o narrador sente a presença da morta atrás de si. Nesse momento especificamente ele não tem plena certeza que se trata de uma aparição apesar de estar inclinado–por causa do seu medo–à crer... more
... A hesitação, portanto, jaz no momento em que o narrador sente a presença da morta atrás de si. Nesse momento especificamente ele não tem plena certeza que se trata de uma aparição apesar de estar inclinado–por causa do seu medo–à crer que havia ali um espectro. ...
A categorização do fantástico, como gênero, não tem sido inequívo- ca nos estudos literários. Para Tzvetan Todorov o fantástico surge como um efeito decorrente da ocorrência de acontecimentos estranhos e insólitos em meio à narrativa, bem... more
A categorização do fantástico, como gênero, não tem sido inequívo- ca nos estudos literários. Para Tzvetan Todorov o fantástico surge como um efeito decorrente da ocorrência de acontecimentos estranhos e insólitos em meio à narrativa, bem como da possibilidade de se fornecer duas explicações para esses acontecimentos. Diante da ambiguidade expressa pelo insólito, “alguém” deve optar por uma saída: o personagem ou o próprio leitor (Cf. TODOROV, 2007). A identificação do leitor com o personagem, apesar de considerada por Todorov, é vista por ele como fator dispensável. A hesitação entre uma explicação e outra, sim, seria o ponto central para a concretização do gênero. Filipe Furtado (1980), por sua vez, não admite a intervenção de um leitor empírico nesse tipo de narrativa. A dúvida e a hesitação patentes  ao gênero seriam somente da narrativa e não do leitor. Diante desse impas- se, o trabalho visa considerar algumas teorias relacionadas ao leitor e à leitu- ra, a fim de avaliar a pe...
A fortuna critica de Alvares de Azevedo tem enfatizado veementemente as caracteristicas do genero fantastico presentes em sua prosa. Embora na atualidade Noite na Taverna seja hegemonicamente considerada como uma narrativa fantastica, nem... more
A fortuna critica de Alvares de Azevedo tem enfatizado veementemente as caracteristicas do genero fantastico presentes em sua prosa. Embora na atualidade Noite na Taverna seja hegemonicamente considerada como uma narrativa fantastica, nem todos os seus contos correspondem aquela que e a mais tradicional concepcao do genero, a de Tzvetan Todorov. Apesar de nao corresponderem plenamente a concepcao toroviana do genero, e possivel encontrar em seu cânone critico e historiografico termos e categorias esteticas – “Fantastica”, “sobrenatural”, “de horror”, “tetrica”, “sombria”, “macabra”, “monstruosa”, “dantesca”, “simbolista avantla lettre ”, “gotica”, “satanista”, “byroniana” – que aproximam os contos azevedianos do genero fantastico. No entanto, a multiplicidade de termos e classificacoes nao a caracterizam adequadamente e so demonstram a dificuldade de definir-lhe o genero.
Diversos criticos enfatizaram a vertente fantastica de Noite na taverna, de Alvares de Azevedo, obra que se consagrou, portanto, como uma narrativa pertencente ao genero fantastico, apesar de nao corresponder plenamente a concepcao do... more
Diversos criticos enfatizaram a vertente fantastica de Noite na taverna, de Alvares de Azevedo, obra que se consagrou, portanto, como uma narrativa pertencente ao genero fantastico, apesar de nao corresponder plenamente a concepcao do genero desenvolvida por Tzvetan Todorov, em Introducao a literatura fantastica, subsidio fundamental para os estudos da ficcao insolita. “Fantastica”, “sobrenatural”, “de horror”, “sombria”, “macabra”, “monstruosa”, “dantesca”, “simbolista avant la lettre”, “gotica” sao alguns dos termos empregados pela critica nos principais estudos publicados acerca da obra. Trata-se de uma multiplicidade de classificacoes que nao a caracterizam adequadamente, e so demonstram a dificuldade de definir-lhe o genero. Partindo dos principais estudos criticos produzidos sobre a obra desde sua primeira edicao, consideramos a pertinencia da classificacao como integrante do genero fantastico.
Os contos de Noite na taverna, de Alvares de Azevedo, tem sido considerados como aqueles que inauguram uma producao de cunho fantastico no Brasil que se deu a margem do cânone. A publicacao dos contos, em 1855, ensejou uma serie de... more
Os contos de Noite na taverna, de Alvares de Azevedo, tem sido considerados como aqueles que inauguram uma producao de cunho fantastico no Brasil que se deu a margem do cânone. A publicacao dos contos, em 1855, ensejou uma serie de narrativas que foram igualmente consideradas como fantasticas e que na impossibilidade de se circunscrever em determinada escola ou corrente literaria foram deixadas de lado. E o caso, por exemplo, d’ A trindade maldita: contos de botequim , de Franklin Tavora e dos contos “As ruinas da Gloria”, “A guarida de pedra” e “As bruxas”, de Fagundes Varela – obras que esteticamente se afastaram do projeto nacionalista iniciado pelo Romantismo e levado a cabo pelas escolas posteriores. O artigo entao se propoe a esclarecer como e por que grande parte da producao fantastica do Brasil ficou esquecida ate a segunda metade do seculo XX, quando do surgimento das primeiras antologias de contos fantasticos que resgataram essa vertente marginalizada da literatura brasile...
Ao consultarmos qualquer historiografia literaria verificamos que o nome do ultrarromântico esta sempre atrelado a poesia. Pouco se estudou ate hoje sobre sua producao em prosa. Talvez por nao ter sido tao vasta quanto sua poesia. Ou... more
Ao consultarmos qualquer historiografia literaria verificamos que o nome do ultrarromântico esta sempre atrelado a poesia. Pouco se estudou ate hoje sobre sua producao em prosa. Talvez por nao ter sido tao vasta quanto sua poesia. Ou talvez porque os poucos contos que escreveu apresentam uma estetica que ia de encontro a estetica vigente nos oitocentos.  Ora, o Romantismo, no Brasil, foi fortemente marcado pelos movimentos indianista e regionalista, e o seculo XIX um momento capital para a independencia que se afirmava, momento de grande preocupacao com a definicao de uma identidade cultural, distante da influencia portuguesa. Entretanto, se a literatura hegemonica da epoca era empenhada em exaltar a “cor local”, havia obras cuja valorizacao da nacionalidade nao implicava abrir mao do universal e, assim exprimiram “as diversas tendencias da ficcao romântica para o fantastico, para o poetico, o quotidiano, o pitoresco, [e] o humoristico”, obras que nao se afastam e nem se opoem ao pr...
No ano de 2020, devido à pandemia do Covid-19, as atividades escolares presenciais foram suspensas e o ensino remoto adotado, mundialmente, em caráter emergencial. Mediante a isso, o presente trabalho objetiva discutir acerca das... more
No ano de 2020, devido à pandemia do Covid-19, as atividades escolares
presenciais foram suspensas e o ensino remoto adotado, mundialmente,
em caráter emergencial. Mediante a isso, o presente trabalho objetiva
discutir acerca das implicações deste ensino, a educação básica, para as
para as mães, crianças e mães-professoras. Nesse, discorremos acerca
das diferenças entre a metodologia EaD e o ensino remoto emergencial,
e, como este último tem afetado às mulheres, sobretudo, aquelas que
exercem o papel de docente e educadora. Trazemos, para ilustrar nossas
considerações, exemplos de redes e escolas dos estados da Bahia, Paraná
e Rio de Janeiro. As conclusões deste trabalho apontam para o fato de
nenhum dos atores envolvidos no ensino remoto estarem preparados; daí
as dificuldades nas práticas e nas metodologias ora adotadas.
O temor da morte e da doença são medos muito latentes no ser humano. Uma forma de exorcizar esses medos passa pela ficção. Por isso, a partir do diálogo entre os contos “Demônios”, de Aluísio de Azevedo, e, “Cidade Adormecida”, de Marcel... more
O temor da morte e da doença são medos muito latentes no ser humano. Uma forma de exorcizar esses medos passa pela ficção. Por isso, a partir do diálogo entre os contos “Demônios”, de Aluísio de Azevedo, e, “Cidade Adormecida”, de Marcel Schwob, o presente  artigo abordará questões intrínsecas ao medo da peste e da morte, sobretudo, o silêncio que tal medo enseja, como consequência das insólitas “epidemias” presenciadas pelos narradores. Trata-se de questões que se aproximam de experiências vividas em situações extremas, a exemplo, de outras pestes, como a que hoje presenciamos, isto é, a pandemia de Covid-19. Embasamos esse diálogo nos estudos seminais acerca do fantástico, bem como nos estudos de Jean Delumeau (2009), Eni Orlandi (2008) e Edgar Morin (1970). 
Enéias Tavares é escritor, doutor em Letras pela UFSM e pela University of York, pesquisador do Laboratório Corpus e professor adjunto do Departamento de Letras Clássicas e Linguística da UFSM. Como escritor, estreou em 2014, com a... more
Enéias Tavares é escritor, doutor em Letras pela UFSM
e pela University of York, pesquisador do Laboratório
Corpus e professor adjunto do Departamento
de Letras Clássicas e Linguística da UFSM. Como
escritor, estreou em 2014, com a publicação de A
lição de anatomia do temível dr. Louison, primeiro
volume da série retrofuturista transmídia Brasiliana
Steampunk. O romance foi ganhador do Prêmio
Fantasy, da Casa da Palavra/LeYa. Em 2017, junto de
AZ Cordenonsi e Nikelen Witter, publicou o romance
Guanabara Real: A Alcova da Morte, primeiro volume
da série de ficção científica e fantasia Guanabara
Real, romance que no ano seguinte seria ganhador
dos prêmios LeBlanc (Melhor Romance Fantástico
de 2017) e AGES (Melhor Romance Juvenil de 2017).
Em 2018, publicou, em coautoria com Bruno Anselmi
Matangrano, o estudo Fantástico Brasileiro: O
insólito Literário do Romantismo ao Fantasismo, livro
fruto de exposição itinerante homônima que mapeia
dois séculos da história da literatura fantástica no
Brasil. Ainda, em 2018, ano profícuo para o escritor,
lançou, em parceria com o ilustrador Fred Rubim, a
HQ A Todo Vapor!, quadrinho em formato Webcomic
e impresso, inspirado na série audiovisual homônima
que venceu o Global Film Festival Awards Los Angeles
2018 e a Rio Web Fest 2018 em diversas categorias.
A série também foi adaptada para cardgame sob o
título Cartas a Vapor e para Tarô retrofuturista. Em
2019, publica o romance Juca Pirama: marcado para
morrer, que narra a história do protagonista de A
Todo Vapor!, além da graphic novel O matrimônio
do Céu & Inferno, de Willian Blake, em parceria
com Fred Rubim. No título, transforma o clássico
setecentista em uma HQ policial ambientada na
São Paulo contemporânea. Em setembro de 2020,
lançou, em parceria com Felipe Reis, a primeira série
audiovisual steampunk brasileira, via streaming, na
plataforma da Amazon Prime Video e, em novembro
de 2020, o romance Parthenon Místico.
A ideia de entrevistá-lo surgiu de meu fazer enquanto
professora da educação básica, especificamente, do
ensino médio. Nesse, lido com adolescentes de 15 a
18 anos e percebo que, a despeito da resistência que
os jovens de hoje apresentam à leitura literária que
se apresenta na escola, eles leem. Não gostam de
literatura canônica pelo puro e simples fato de não
a entenderem, mas demonstram grande abertura a
textos literários de cunho mais imaginativo, como
é o caso dos gêneros literários que compõem a
estética fantástica, entre eles a ficção científica e
o steampunk. A literatura que vem sido produzida
por Enéias Tavares, por ser não apenas de estética
fantástica, mas também multimidiática, chama
atenção das novas gerações, ao mesmo tempo
que as instiga a conhecer melhor o cânone
literário nacional. Sendo assim, vislumbro em sua
obra grande potencial para um ensino efetivo de
literatura, assim como o próprio autor, cujo projeto
“Liga Brasiliana Steampunk” tem justamente este
objetivo, contribuir para o ensino-aprendizagem de
literatura e para a formação do leitor literário.
Vamos, então, a Enéias Tavares, nosso entrevistado.
Inseridos no contexto pandêmico de 2020, a realidade humana mudou drasticamente em todos os países do globo, não sendo diferente no contexto brasileiro. Submetendo-nos ao isolamento literalmente da noite para o dia, a realidade de... more
Inseridos no contexto pandêmico de 2020, a realidade humana mudou drasticamente em todos os países do globo, não sendo diferente no contexto brasileiro. Submetendo-nos ao isolamento literalmente da noite para o dia, a realidade de mulheres-mães brasileiras viu-se, mais uma vez, sobrecarregada com o trabalho, a rotina doméstica, o cuidado com os filhos e o seu acompanhamento no ensino remoto, para dizer o mínimo. Nesse sentido, o conjunto de atribuições que sobrecarrega as mulheres impacta diretamente em se tratando de mães artistas e escritoras, cabendo ao grupo analisar de que formas esse impacto ocorre. Assim, trabalhamos para um melhor entendimento sobre como a produção artístico-literária poderia contribuir com a realidade pandêmica dessas mães hoje, considerando as situações de risco, segurança e solidão, bem como compreender quais os sentidos e os significados que suas produções revelam em se tratando de atenuar os impactos psicossociais infligidos pelas novas configurações de vida e isolamento.
O nome de Aluísio Azevedo tem sido apontado pelas historiografias e pelos manuais escolares como o principal nome do Naturalismo no Brasil. Entrementes, cabe-nos perguntar: teria Azevedo escrito somenos literatura naturalista? Ou teria... more
O nome de Aluísio Azevedo tem sido apontado pelas historiografias e pelos manuais escolares como o principal nome do Naturalismo no Brasil. Entrementes, cabe-nos perguntar: teria Azevedo escrito somenos literatura naturalista? Ou teria ele enveredado por outras vertentes literárias? O presente artigo se ocupará em responder a tais questões, apresentando inclusive alguns aspectos de outro tipo de literatura produzida pelo autor.
Antes dos estudos de Todorov acerca do gênero fantástico, na década de 1970, quaisquer narrativas não identificadas como a estética positivista do real eram consideradas como fantástica. Caracterização bastante abrangente, que englobava... more
Antes dos estudos de Todorov acerca do gênero fantástico, na década de 1970, quaisquer narrativas não identificadas como a estética positivista do real eram consideradas como fantástica. Caracterização bastante abrangente, que englobava desde o onírico ao sobrenatural, tendo sido usado para designar as mais diferentes manifestações literárias, às vezes de gêneros não afiliados entre si. Além do mais, o termo fantástico foi muitas vezes usado como sinônimo de excêntrico, mirabolante e exagerado. Por isso, o termo foi em alguns autores tomado como equivalente a fantasia e vice e versa. Se não há uma mesma realidade, com o mesmo valor cultural para todas as épocas, seria um gravíssimo erro opor fantástico a real sem considerar as implicações sócio-históricas e culturais pertinentes, uma vez que a realidade é uma construção complexa. Sendo assim, o gênero fantástico não é e nem pretende ser antônimo de real. Paradoxalmente parte de um sistema realista para questionar o que se entende por realidade num dado momento histórico e cultural. Isso posto, verificamos que ainda hoje há uma flutuação entre aquilo que se considera ou não como fantástico, haja vista os pontos de encontro entre o fantástico e outros gêneros literários como o gótico e o realismo mágico, por exemplo. Ademais, os estudos do gênero em causa, desde Todorov, parecem seguir duas tendências contrapostas. A primeira limita o gênero a determinadas estratégias narrativas e temas, e o localiza historicamente no século XIX. A segunda o alarga de tal modo a abranger não somente outros períodos históricos como a abraçar os outros gêneros com os quais se imbrica, como uma espécie de macro-gênero ou modalidade literária. Ciente disso, o presente trabalho, seguindo a primeira tendência, ocupar-se-á da discussão acerca de um fantástico genológico a partir das considerações teóricas de Tzvetan Todorov (1970), Jean Bellemin-Noël (1072), Filipe Furtado (1980) e Pampa O. Arán (1999).
RESUMO Ao consultarmos qualquer historiografia literária verificamos que o nome do ultrarromântico está sempre atrelado à poesia. Pouco se estudou até hoje sobre sua produção em prosa. Talvez por não ter sido tão vasta quanto sua poesia.... more
RESUMO Ao consultarmos qualquer historiografia literária verificamos que o nome do ultrarromântico está sempre atrelado à poesia. Pouco se estudou até hoje sobre sua produção em prosa. Talvez por não ter sido tão vasta quanto sua poesia. Ou talvez porque os poucos contos que escreveu apresentam uma estética que ia de encontro à estética vigente nos oitocentos. Ora, o Romantismo, no Brasil, foi fortemente marcado pelos movimentos indianista e regionalista, e o século XIX um momento capital para a independência que se afirmava, momento de grande preocupação com a definição de uma identidade cultural, distante da influência portuguesa. Entretanto, se a literatura hegemônica da época era empenhada em exaltar a "cor local", havia obras cuja valorização da nacionalidade não implicava abrir mão do universal e, assim exprimiram "as diversas tendências da ficção romântica para o fantástico, para o poético, o quotidiano, o pitoresco, [e] o humorístico", obras que não se afastam e nem se opõem ao projeto literário do período, mas "apenas decantam alguns de seus aspectos" (CANDIDO, 2013, p. 531). Assim, são os contos de Varela que longe de se afastar do projeto literário de seu tempo e nação mostram estar consonante com a literatura de sua época, seja aqui, seja no além-mar. O presente trabalho procura analisar três de seus contos sob o viés do gênero fantástico, gênero que o autor praticou na prosa. PALAVRAS-CHAVE: Fagundes Varela, Romantismo, fantástico.
RESUMO Grande parte dos estudiosos do gênero fantástico no Brasil consideram os contos de Noite na taverna e o drama Macário, de Álvares de Azevedo, como aqueles que inauguram uma produção fantástica no âmbito da literatura brasileira,... more
RESUMO Grande parte dos estudiosos do gênero fantástico no Brasil consideram os contos de Noite na taverna e o drama Macário, de Álvares de Azevedo, como aqueles que inauguram uma produção fantástica no âmbito da literatura brasileira, embora seus contos não correspondam plenamente às principais teorias do gênero. Fantásticos ou não, o fato é que a publicação da obra ensejou uma série de narrativas que, em algum momento, foram igualmente consideradas como fantásticas, embora enfrentem o mesmo problema de enquadramento teórico. Diante disso, surge a questão: o que se entende, no Brasil, por literatura fantástica? A resposta a essa questão poderá levar a uma segunda: há um "fantástico à brasileira"? Se sim, quais são as características desse gênero nas letras nacionais? Quais são os autores que o praticaram e o praticam? Nossa hipótese, baseada nas observações feitas às críticas recebidas por Noite na taverna, é a de que o termo "fantástico" é usado sem nenhuma precisão conceitual, às vezes como sinônimo de mirabolante. Se estivermos corretos, a imprecisão das nomenclaturas-gênero fantástico, modo fantástico, fantasia, horror, terror, gótico, etc-pode ter dificultado a percepção das particularidades desse tipo de literatura no Brasil. O presente trabalho pretende, portanto, a partir da consideração de alguns aspectos da literatura fantástica brasileira e de algumas teorias do gênero, demostrar que desde o século XIX temos tido a prática do gênero, desde de contos de Álvares de Azevedo até a produção contemporânea de Flávio Carneiro, Rubens Figueiredo e Bráulio Tavares. Palavras-chave: literatura brasileira; fantástico; história da literatura; crítica literária. ABSTRACT Most of the researchers of the fantastic genre in Brazil consider the tales of Noite na Taverna and the drama Macário of Álvares de Azevedo, such as those that marked a fantastic production within the Brazilian literature, although his stories do not fully correspond to the major theories the genre. Fantastic or not, the fact is that the
O presente volume vem a lume dentro do contexto de articulação em torno do Grupo de Trabalho (GT) da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e Linguística (ANPOLL) “Vertentes do insólito ficcio-nal”, coordenado pelo... more
O presente volume vem a lume dentro do contexto de articulação em torno do Grupo de Trabalho (GT) da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e Linguística (ANPOLL) “Vertentes do insólito ficcio-nal”, coordenado pelo Prof. Dr. Flavio García, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela Profa. Dra. Marisa Martins Gama-Kalil, da Uni-versidedade Federal de Uberlândia (UFU).
Em artigo recente, Maria Cristina Batalha traça um percurso de uma possível literatura fantástica brasileira, em que Manuel Antônio Álvares de Álvares de Azevedo figura como o primeiro e mais representativo autor desta vertente literária... more
Em artigo recente, Maria Cristina Batalha traça um percurso de uma possível literatura fantástica brasileira, em que Manuel Antônio Álvares de Álvares de Azevedo figura como o primeiro e mais representativo autor desta vertente literária nacional ainda pouco estudada. Para a autora ―os contos encadeados de Noite na taverna e a peça Macário, ambos (…) publicados postumamente, em 1855, inauguram uma estética da incerteza na ficção brasileira‖ (2010, p. 4).
"O medo é a coisa de que mais medo tenho no mundo" disse Montaigne em um de seus ensaios (MONTAIGNE,1991, p. 40). O medo do desconhecido é um sentimento inerente à constituição humana e o gênero de horror é caracterizado pela capacidade... more
"O medo é a coisa de que mais medo tenho no mundo" disse Montaigne em um de seus ensaios (MONTAIGNE,1991, p. 40). O medo do desconhecido é um sentimento inerente à constituição humana e o gênero de horror é caracterizado pela capacidade de explorar essa característica. Entretanto, a literatura insólita produz um medo que pode emanar de qualquer tema desde que provoque um desconforto no leitor que o atraia à leitura. Sobretudo os temas relacionados à morte e à sobrevida causam efeitos singulares. Refletindo sobre tais aspectos, propomos uma análise comparativa entre os contos " estabelecer relações entre eles. Para tanto, consideraremos os pontos de hesitação dessa obras.
Os contos de Noite na taverna, de Álvares de Azevedo, têm sido considerados como aqueles que inauguram uma produção de cunho fantástico no Brasil que se deu à margem do cânone. A publicação dos contos, em 1855, ensejou uma série de... more
Os contos de Noite na taverna, de Álvares de Azevedo, têm sido considerados como aqueles que inauguram uma produção de cunho fantástico no Brasil que se deu à margem do cânone. A publicação dos contos, em 1855, ensejou uma série de narrativas que foram igualmente consideradas como fantásticas e que na impossibilidade de se circunscrever em determinada escola ou corrente literária foram deixadas de lado. É o caso, por exemplo, d’ A trindade maldita: contos de botequim, de Franklin Távora e dos contos “As ruínas da Glória”, “A guarida de pedra” e “As bruxas”, de Fagundes Varela – obras que esteticamente se afastaram do projeto nacionalista iniciado pelo Romantismo e levado a cabo pelas escolas posteriores. O artigo então se propõe a esclarecer como e por que grande parte da produção fantástica do Brasil ficou esquecida até a segunda metade do século XX, quando do surgimento das primeiras antologias de contos fantásticos que resgataram essa vertente marginalizada da literatura brasileira.
A fortuna crítica de Álvares de Azevedo tem enfatizado veementemente as características do gênero fantástico presentes em sua prosa. Embora na atualidade Noite na Taverna seja hegemonicamente considerada como uma narrativa fantástica, nem... more
A fortuna crítica de Álvares de Azevedo tem enfatizado veementemente as características do gênero fantástico presentes em sua prosa. Embora na atualidade Noite na Taverna seja hegemonicamente considerada como uma narrativa fantástica, nem todos os seus contos correspondem àquela que é a mais tradicional concepção do gênero, a de Tzvetan Todorov. Apesar de não corresponderem plenamente à concepção toroviana do gênero, é possível encontrar em seu cânone crítico e historiográfico termos e categorias estéticas – “Fantástica”, “sobrenatural”, “de horror”, “tétrica”, “sombria”, “macabra”, “monstruosa”, “dantesca”, “simbolista avantla lettre”, “gótica”, “satanista”, “byroniana” – que aproximam os contos azevedianos do gênero fantástico. No entanto, a multiplicidade de termos e classificações não a caracterizam adequadamente e só demonstram a dificuldade de definir-lhe o gênero.
Entrevista com Braulio Tavares para o primeiro número da revista Abusões, periódico do Instituto de Letras da UERJ. Tavares é escritor, colunista, poeta e compositor. Foi o ganhador em 1989 do prêmio editorial português “Caminho da Ficção... more
Entrevista com Braulio Tavares para o primeiro número da revista Abusões, periódico do Instituto de Letras da UERJ. Tavares é escritor, colunista, poeta e compositor. Foi o ganhador em 1989 do prêmio
editorial português “Caminho da Ficção Científica” pelo livro de contos A espinha dorsal da memória e do Prêmio Jabuti de Literatura Infantil em 2009, pela obra A Invenção do Mundo pelo Deus-Curumim, em parceria com Fernando Vilela. Em 1994, publica, em Portugal, o título de contos Mundo fantasmo e em 1996, no Brasil, Mundo fantasmo: a espinha dorsal da memória, ambos coletâneas de contos do autor. Em 2014, publicou Sete monstros brasileiros, título que conta com sete contos, cada qual inspirado em seres fantásticos do folclore brasileiro. Foi também organizador de diversas antologias de contos fantásticos e de
ficção científica.
A figura do monstro, segundo Julio Jeha (2007), é a corporificação de todos nossos medos e males e, conforme já afirmara Montaigne (1991), o medo do desconhecido é o maior deles. Um sentimento que se não nos imobiliza, nos permite voar... more
A figura do monstro, segundo Julio Jeha (2007), é a corporificação de todos nossos medos e males e, conforme já afirmara Montaigne (1991), o medo do desconhecido é o maior deles. Um sentimento que se não nos imobiliza, nos permite voar nas asas da imaginação. Assim, o monstro na narrativa ficcional corporifica o medo de um mal que não se pode compreender porque é um mistério indecifrável, impenetrável. Daí o surgimento na narrativa gótica e sua apropriação pelos textos fantásticos subsequentes da figura do vampiro, da lenda mitológica do lobisomem, dos monstros indescritíveis como o Cthulhu, de Lovecraft, da figura do duplo. Seja físico, metafísico ou moral, o monstro e o medo que sua deflagração na narrativa provoca podem ser considerados, como postula David Roas (2012), a própria essência do gênero fantástico. O horror ficcional oriundo desse tipo de literatura pode amenizar, momentaneamente, nossos horrores mais profundos ao mesmo tempo que desestabiliza a nossa sólida concepção de real frente a contemplação da representação do impossível: o ser eterno, a metamorfose, o horrífico e o tétrico. Diante disso, e a partir da consideração da figura do monstro, de suas características e de sua configuração da narrativa pós-moderna que propomos neste trabalho a análise do conto "Alguém dorme nas cavernas", de Rubens Figueiredo. Palavras-chave: Lobisomem; Fantástico; Literatura Contemporânea; Rubens Figueiredo. Resumen: La figura del monstruo, según Julio Jeha (2007), es la encarnación de todos nuestros temores y males y, como ya se dijo Montaigne (1991), el miedo a lo desconocido es el más grande. Un sentimiento que nos inmobiliza no nos permite volar en las alas de la imaginación. Por lo tanto, el monstruo en la narrativa de ficción encarna el miedo de un mal que no puede entender por qué es indescifrable, misterio impenetrable. De ahí el surgimiento de la narrativa gótica y su posterior apropiación por parte de la fantástica cifra de los textos de vampiros, la leyenda mitológica del hombre lobo, los monstruos indescriptibles como Cthulhu, Lovecraft, la figura del doble. Si,
Diversos críticos enfatizaram a vertente fantástica de Noite na taverna, de Álvares de Azevedo, obra que se consagrou, portanto, como uma narrativa pertencente ao gênero fantástico, apesar de não corresponder plenamente à concepção do... more
Diversos críticos enfatizaram a vertente fantástica de Noite na taverna, de Álvares de Azevedo, obra que se consagrou, portanto, como uma narrativa pertencente ao gênero fantástico, apesar de não corresponder plenamente à concepção do gênero desenvolvida por Tzvetan Todorov, em Introdução à literatura fantástica, subsídio fundamental para os estudos da ficção insólita. “Fantástica”, “sobrenatural”, “de horror”, “sombria”, “macabra”, “monstruosa”, “dantesca”, “simbolista avant la lettre”, “gótica” são alguns dos termos empregados pela crítica nos principais estudos publicados acerca da obra. Trata-se de uma multiplicidade de classificações que não a caracterizam adequadamente, e só demonstram a dificuldade de definir-lhe o gênero. Partindo dos principais estudos críticos produzidos sobre a obra desde sua primeira edição, consideramos a pertinência da classificação como integrante do gênero
fantástico.
Tradução do conto "Una goccia", de Dino Buzzati (1906-1972), escritor e jornalista italiano influenciado por Franz Kafka, Jean-Paul Sartre e de Albert Camus. Em seus contos, explora uma visão fantástica e absurda do real - um fantástico... more
Tradução do conto "Una goccia", de Dino Buzzati (1906-1972), escritor e jornalista italiano influenciado por Franz Kafka, Jean-Paul Sartre e de Albert Camus. Em seus contos, explora uma visão fantástica e absurda do real - um fantástico kafkaniano. Publicado pela primeira vez em Paura alla Scala em 1949 e republicado na coletânea Sessanta racconti em 1958, "Una goccia" ao contar a história dos moradores de um prédio que se apavoram com uma gota"água que, durante a noite, sobe as escadas, aborda um tema aparentemente insignificante, mas que trabalha com os mais instintivos dos sentidos humanos: o medo. Na sua tradução, optamos por uma tradução literária que facilitasse a leitura e a compreensão do texto, entretanto, respeitando a sua forma original.