A partir de uma contextualização temporal alargada, procura-se perceber como os vegetarianos utóp... more A partir de uma contextualização temporal alargada, procura-se perceber como os vegetarianos utópicos portugueses, da primeira metade do século XX, entenderam o vegetarianismo e a proteção dos animais. Basicamente, pretende-se responder à pergunta se defenderam os animais ou se os poupavam por abominarem o consumo de carne.
Le magazine portugais Fémina, dirigé par Helena de Aragão (1880-1961), s’adressait à un public fé... more Le magazine portugais Fémina, dirigé par Helena de Aragão (1880-1961), s’adressait à un public féminin et a été édité pendant les premières années de l’Estado Novo (1933-1974), soit entre 1933 et 1938. Dans cette étude, on se penchera plus précisément sur les recettes de cuisine et les conseils de gestion domestique publiés dans la revue, pour comprendre comment ces articles ont pu servir les besoins des femmes des classes de la haute et moyenne bourgeoisie tout en étant un outil de formation, pratique et idéologique, et un instrument de discipline. The Portuguese magazine Fémina, edited by a woman, Helena de Aragão (1880–1961), published during the early years of the Estado Novo (1933–1974), i.e. between 1933 and 1938, is addressed to a female readership. The main goal of this paper is the study of cooking recipes and domestic management, in order to understand how the magazine articles could serve the knowledge of women in the upper and middle classes and be an instrument of female training and discipline.
Urban markets, public health and animal protection in Portugal (19th-20th centuries) Mercado urba... more Urban markets, public health and animal protection in Portugal (19th-20th centuries) Mercado urbano, salud pública y protección animal en Portugal en los siglos XIX y XX
O presente texto parte da análise da correspondência familiar e diplomática trocada entre as cort... more O presente texto parte da análise da correspondência familiar e diplomática trocada entre as cortes de Espanha e Portugal, durante o curto período do casamento dos infantes D. Gabriel de Bourbon e D. Mariana Vitória de Bragança. As abundantes cartas permitem conhecer o quotidiano palaciano durante o final do reinado de Carlos III, com destaque para casamentos, gravidezes, nascimentos, divertimentos e mortes vividas na família real. Abundam conselhos, comentários, perguntas, sugestões e muitas emoções, especialmente na correspondência familiar.
Resumo Não obstante a presença muçulmana no espaço que hoje constitui Portugal continental remont... more Resumo Não obstante a presença muçulmana no espaço que hoje constitui Portugal continental remontar ao século VIII, o cuscuz, inicialmente entendido como comida de mouros, expressão por vezes com conotação depreciativa, só se documenta a partir do século XV. Do continente, o produto e o prato passaram para os espaços ultramarinos, designadamente para os arquipélagos atlânticos e para o Brasil. Nessas viagens, não raras vezes, as adaptações aos produtos locais fizeram-se sentir, dando origem a combinações e preparados diferenciados no tempo e no espaço, em permanente recriação.
Resumo: A taberna foi sempre espaço de sociabilidade, local de consumo de vinho e de petiscos, ma... more Resumo: A taberna foi sempre espaço de sociabilidade, local de consumo de vinho e de petiscos, mas também de escândalo pois ali se jogava, se discutiam ideias e se aliciavam prostitutas, apresentando-se como um prolongamento da rua. A documentação dos Feitos findos, guardada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa), oferece-nos um retrato da violência física e verbal envolvendo mulheres que exerciam as funções de taberneiras na Lisboa dos finais do Antigo Regime. Se algumas foram prevaricadoras, outras surgiram como vítimas. Foram estudados 18 casos situados entre 1805 e 1833. Palavras-chave: Mulheres; Portugal; Sociabilidade; Tabernas; Século xix.
Abstract: The tavern has always been a space for sociability, a place where wine and also some food are consumed, but where people also played games, discuss ideas and entice prostitutes. The documentation of the Feitos Findos, kept in the Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisbon), offers us a picture of the physical and verbal violence involving women who worked as tavern keeper in Lisbon at the end of the Ancien Regime. If some were prevaricators, others emerge as victims. We studied eighteen cases dated between 1805 and 1833.
Este trabajo está bajo una Licencia Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0 Internacional "Ju... more Este trabajo está bajo una Licencia Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0 Internacional "Justo ministro, amado do senhor": a parenética por ocasião do atentado ao Marquês de Pombal (1776) "Righteous minister, beloved of the lord": the parenetics on the occasion of the attack to the Marquês of Pombal (1776)
Revista de História da Sociedade e da Cultura, 2023
de Bourbon foi uma discreta infanta de Espanha. Viveu nas cortes de seu pai, Carlos III, e de seu... more de Bourbon foi uma discreta infanta de Espanha. Viveu nas cortes de seu pai, Carlos III, e de seu irmão, Carlos IV, e manteve intensa correspondência com a rainha D. Maria I de Portugal. A análise dessa documentação permite vislumbrar traços da sua personalidade e do seu relacionamento familiar. Palavras-chave.
No âmbito do projeto Regimi alimentari, cibo e cultura materiale nelle grandi dittature,
a decorr... more No âmbito do projeto Regimi alimentari, cibo e cultura materiale nelle grandi dittature, a decorrer na Università degli Studi Internazionale di Roma, visa-se o estudo da alimentação durante períodos de regime ditatorial. Este texto usa, em especial, a obra literária de Irene Lisboa (1892-1958) para perceber as dificuldades dos menos abastados, durante o Estado Novo em Portugal, vistas pela escrita de uma autora que, não raramente, usa um discurso autobiográfico. O confronto com outras fontes e a avaliação da literatura enquanto fonte para a história foram igualmente objeto de reflexão.
Helena de Aragão (1880-1961) foi escritora, tradutora, jornalista e diretora
de diversas revistas... more Helena de Aragão (1880-1961) foi escritora, tradutora, jornalista e diretora de diversas revistas femininas, publicadas em Portugal durante a primeira metade do século XX, designadamente Modas & Bordados, Eva e Fémina. Foi ainda responsável pela publicação de um livro e de uma brochura sobre culinária. Neste texto procura percecionar-se a relação entre colunas de culinária em revistas femininas e publicação de livros de receitas.
As cerimónias por ocasião das exéquias dos bispos da Baía (Brasil) deram origem à pregação de doi... more As cerimónias por ocasião das exéquias dos bispos da Baía (Brasil) deram origem à pregação de dois sermões da autoria de jesuítas na catedral de Salvador – Baía. Neste texto pretendemos estudar os referidos sermões no intuito de avaliar o modo como a parenética era utilizada para disciplinar os fiéis e de que modo se assemelhava a outros textos de teoria política.
Este texto pretende analisar as receitas farmacêuticas contidas num livro produzido no convento f... more Este texto pretende analisar as receitas farmacêuticas contidas num livro produzido no convento feminino das visitandinas de Lisboa, durante o século XVIII, no qual se encontram preparados de culinária a par de outros dedicados a questões de higiene, beleza e mezinhas utilizadas na época, numa mistura comum neste tipo de documentos, em que se entrelaçam permanências e ruturas. PALAVRAS-CHAVE: Botica. Conventos. Freiras. Receitas. Portugal.
Investigaciones Históricas. Época Moderna y Contemporánea, 2021
Partindo de documentação relativa ao Convento da Santíssima Trindade de Lisboa, procura conhecer-... more Partindo de documentação relativa ao Convento da Santíssima Trindade de Lisboa, procura conhecer-se a dieta alimentar fornecida aos cativos portugueses na torna-viagem rumo a Lisboa, durante a Época Moderna, e perceber semelhanças e diferenças com outros regimes alimentares praticados a bordo no mesmo período.
A partir de uma contextualização temporal alargada, procura-se perceber como os vegetarianos utóp... more A partir de uma contextualização temporal alargada, procura-se perceber como os vegetarianos utópicos portugueses, da primeira metade do século XX, entenderam o vegetarianismo e a proteção dos animais. Basicamente, pretende-se responder à pergunta se defenderam os animais ou se os poupavam por abominarem o consumo de carne.
Le magazine portugais Fémina, dirigé par Helena de Aragão (1880-1961), s’adressait à un public fé... more Le magazine portugais Fémina, dirigé par Helena de Aragão (1880-1961), s’adressait à un public féminin et a été édité pendant les premières années de l’Estado Novo (1933-1974), soit entre 1933 et 1938. Dans cette étude, on se penchera plus précisément sur les recettes de cuisine et les conseils de gestion domestique publiés dans la revue, pour comprendre comment ces articles ont pu servir les besoins des femmes des classes de la haute et moyenne bourgeoisie tout en étant un outil de formation, pratique et idéologique, et un instrument de discipline. The Portuguese magazine Fémina, edited by a woman, Helena de Aragão (1880–1961), published during the early years of the Estado Novo (1933–1974), i.e. between 1933 and 1938, is addressed to a female readership. The main goal of this paper is the study of cooking recipes and domestic management, in order to understand how the magazine articles could serve the knowledge of women in the upper and middle classes and be an instrument of female training and discipline.
Urban markets, public health and animal protection in Portugal (19th-20th centuries) Mercado urba... more Urban markets, public health and animal protection in Portugal (19th-20th centuries) Mercado urbano, salud pública y protección animal en Portugal en los siglos XIX y XX
O presente texto parte da análise da correspondência familiar e diplomática trocada entre as cort... more O presente texto parte da análise da correspondência familiar e diplomática trocada entre as cortes de Espanha e Portugal, durante o curto período do casamento dos infantes D. Gabriel de Bourbon e D. Mariana Vitória de Bragança. As abundantes cartas permitem conhecer o quotidiano palaciano durante o final do reinado de Carlos III, com destaque para casamentos, gravidezes, nascimentos, divertimentos e mortes vividas na família real. Abundam conselhos, comentários, perguntas, sugestões e muitas emoções, especialmente na correspondência familiar.
Resumo Não obstante a presença muçulmana no espaço que hoje constitui Portugal continental remont... more Resumo Não obstante a presença muçulmana no espaço que hoje constitui Portugal continental remontar ao século VIII, o cuscuz, inicialmente entendido como comida de mouros, expressão por vezes com conotação depreciativa, só se documenta a partir do século XV. Do continente, o produto e o prato passaram para os espaços ultramarinos, designadamente para os arquipélagos atlânticos e para o Brasil. Nessas viagens, não raras vezes, as adaptações aos produtos locais fizeram-se sentir, dando origem a combinações e preparados diferenciados no tempo e no espaço, em permanente recriação.
Resumo: A taberna foi sempre espaço de sociabilidade, local de consumo de vinho e de petiscos, ma... more Resumo: A taberna foi sempre espaço de sociabilidade, local de consumo de vinho e de petiscos, mas também de escândalo pois ali se jogava, se discutiam ideias e se aliciavam prostitutas, apresentando-se como um prolongamento da rua. A documentação dos Feitos findos, guardada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa), oferece-nos um retrato da violência física e verbal envolvendo mulheres que exerciam as funções de taberneiras na Lisboa dos finais do Antigo Regime. Se algumas foram prevaricadoras, outras surgiram como vítimas. Foram estudados 18 casos situados entre 1805 e 1833. Palavras-chave: Mulheres; Portugal; Sociabilidade; Tabernas; Século xix.
Abstract: The tavern has always been a space for sociability, a place where wine and also some food are consumed, but where people also played games, discuss ideas and entice prostitutes. The documentation of the Feitos Findos, kept in the Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisbon), offers us a picture of the physical and verbal violence involving women who worked as tavern keeper in Lisbon at the end of the Ancien Regime. If some were prevaricators, others emerge as victims. We studied eighteen cases dated between 1805 and 1833.
Este trabajo está bajo una Licencia Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0 Internacional "Ju... more Este trabajo está bajo una Licencia Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0 Internacional "Justo ministro, amado do senhor": a parenética por ocasião do atentado ao Marquês de Pombal (1776) "Righteous minister, beloved of the lord": the parenetics on the occasion of the attack to the Marquês of Pombal (1776)
Revista de História da Sociedade e da Cultura, 2023
de Bourbon foi uma discreta infanta de Espanha. Viveu nas cortes de seu pai, Carlos III, e de seu... more de Bourbon foi uma discreta infanta de Espanha. Viveu nas cortes de seu pai, Carlos III, e de seu irmão, Carlos IV, e manteve intensa correspondência com a rainha D. Maria I de Portugal. A análise dessa documentação permite vislumbrar traços da sua personalidade e do seu relacionamento familiar. Palavras-chave.
No âmbito do projeto Regimi alimentari, cibo e cultura materiale nelle grandi dittature,
a decorr... more No âmbito do projeto Regimi alimentari, cibo e cultura materiale nelle grandi dittature, a decorrer na Università degli Studi Internazionale di Roma, visa-se o estudo da alimentação durante períodos de regime ditatorial. Este texto usa, em especial, a obra literária de Irene Lisboa (1892-1958) para perceber as dificuldades dos menos abastados, durante o Estado Novo em Portugal, vistas pela escrita de uma autora que, não raramente, usa um discurso autobiográfico. O confronto com outras fontes e a avaliação da literatura enquanto fonte para a história foram igualmente objeto de reflexão.
Helena de Aragão (1880-1961) foi escritora, tradutora, jornalista e diretora
de diversas revistas... more Helena de Aragão (1880-1961) foi escritora, tradutora, jornalista e diretora de diversas revistas femininas, publicadas em Portugal durante a primeira metade do século XX, designadamente Modas & Bordados, Eva e Fémina. Foi ainda responsável pela publicação de um livro e de uma brochura sobre culinária. Neste texto procura percecionar-se a relação entre colunas de culinária em revistas femininas e publicação de livros de receitas.
As cerimónias por ocasião das exéquias dos bispos da Baía (Brasil) deram origem à pregação de doi... more As cerimónias por ocasião das exéquias dos bispos da Baía (Brasil) deram origem à pregação de dois sermões da autoria de jesuítas na catedral de Salvador – Baía. Neste texto pretendemos estudar os referidos sermões no intuito de avaliar o modo como a parenética era utilizada para disciplinar os fiéis e de que modo se assemelhava a outros textos de teoria política.
Este texto pretende analisar as receitas farmacêuticas contidas num livro produzido no convento f... more Este texto pretende analisar as receitas farmacêuticas contidas num livro produzido no convento feminino das visitandinas de Lisboa, durante o século XVIII, no qual se encontram preparados de culinária a par de outros dedicados a questões de higiene, beleza e mezinhas utilizadas na época, numa mistura comum neste tipo de documentos, em que se entrelaçam permanências e ruturas. PALAVRAS-CHAVE: Botica. Conventos. Freiras. Receitas. Portugal.
Investigaciones Históricas. Época Moderna y Contemporánea, 2021
Partindo de documentação relativa ao Convento da Santíssima Trindade de Lisboa, procura conhecer-... more Partindo de documentação relativa ao Convento da Santíssima Trindade de Lisboa, procura conhecer-se a dieta alimentar fornecida aos cativos portugueses na torna-viagem rumo a Lisboa, durante a Época Moderna, e perceber semelhanças e diferenças com outros regimes alimentares praticados a bordo no mesmo período.
A inexistência de estudos históricos sobre o vegetarianismo em Portugal não se deve à ausência d... more A inexistência de estudos históricos sobre o vegetarianismo em Portugal não se deve à ausência de fontes, pois elas existem, aguardando apenas a atenção dos historiadores. Nelas se destacam os livros de cozinha, os periódicos publicados pela Sociedade Vegetariana de Portugal, os artigos e os comentários dos jornais e das revistas generalistas, que em alguns casos satirizaram o movimento vegetariano e os seus membros; a publicidade, e muito especialmente as publicações de divulgação do médico Amílcar de Sousa, pioneiro do vegetarianismo em Portugal, fundador e diretor da revista O Vegetariano, presidente da Sociedade Vegetariana de Portugal, e autor de inúmeros artigos e livros sobre o tema.
Esta obra procura dar a conhecer os primórdios do movimento vegetariano em Portugal, num momento em que os adeptos deste regime alimentar estão em crescimento. Procura ainda perceber como e quando chegaram as ideias vegetarianas a Portugal, identificar os protagonistas do movimento e as suas ações, e finalmente compreender a amplitude, o êxito ou o fracasso do vegetarianismo nos seus primórdios, cuja primeira fase terminará na década de 40 do século passado.
Primeiro livro de cozinha 7 INTRODUÇÃO Domingos Rodrigues e a Arte de cozinha: uma vida pouco con... more Primeiro livro de cozinha 7 INTRODUÇÃO Domingos Rodrigues e a Arte de cozinha: uma vida pouco conhecida, uma obra muito usada Isabel Drumond Braga 49 CRITÉRIOS DE TRANSCRIÇÃO E EDIÇÃO Aida Sampaio Lemos arte de cozinha 55 dedicatória 57 prólogo e licenças 63 primeira parte 64 Capítulo I. De diferentes pratos de sopas 69 Capítulo II. De diferentes pratos de carneiro 76 Capítulo III. De vários pratos de galinha 81 Capítulo IV. De alguns pratos de peru 83 Capítulo V. De alguns pratos de pombos 85 Capítulo VI. De alguns pratos de frangãos 87 Capítulo VII. De alguns pratos de adens e patos 89 Capítulo VIII. De alguns pratos de perdizes 91 Capítulo IX. De alguns pratos de coelho 93 Capítulo X. De lebres 95 Capítulo XI. De alguns pratos de cabrito 97 Capítulo XII. De vários pratos de vitela 100 Capítulo XIII. De alguns pratos de vaca 102 Capítulo XIV. De porco 105 Capítulo XV. De diversos pratos 108 Capítulo XVI. De vários pratinhos 113 Capítulo XVII. De olhas 115 Capítulo XVIII. De pastéis de diferentes modos 117 Capítulo XIX. De tortas 119 Capítulo XX. De empadas 125 segunda parte 126 Capítulo I. De peixes 132 Capítulo II. De marisco índice obras pioneiras da cultura portuguesa 6 134 Capítulo III. De ervas 138 Capítulo IV. De laticínios e alguns pratos diversos 141 Capítulo V. De pastéis e tortas doces 144 Capítulo VI. De manjar-real e manjar-branco 146 Capítulo VII. De doces de massa 150 Capítulo VIII. De doces de ovos
Esta obra consiste na transcrição, análise e interpretação de dois receituários conventuais setec... more Esta obra consiste na transcrição, análise e interpretação de dois receituários conventuais setecentistas inéditos, os quais foram objecto de comparação com outros congéneres de épocas próximas, produzidos no mesmo âmbito e entre os leigos. O percurso empreendido procurou avaliar a originalidade real ou imaginária das receitas preparadas nas casas religiosas da Época Moderna e permitiu responder a várias interrogações, destaquem-se algumas: até que ponto as receitas conventuais foram criadas nesse âmbito ou foram levadas para os cenóbios por freiras, frades, monjas monges, criadas e criados? Atendendo a que os ingredientes e as técnicas culinárias utilizados nas casas religiosas eram conhecidos nos espaços de leigos, mormente entre os confeiteiros, cujos regimentos eram claros acerca das exigências para se obter carta, como se explica o furor, muitas vezes desmedido, da designação conventual aplicada a tantas e tão desvairadas receitas? É certo que monges, monjas, freiras, frades, criados e criadas tinham tempo para a culinária e é admissível que muitos, ou pelo menos alguns, apreciassem a preparação de pratos salgados e especialmente de doçaria. Porém, não terão sido as ofertas e a comercialização dos doces os principais responsáveis pela exaltação da designação conventual, na falta, verificada nos séculos XVII e XVIII, de pastelarias e confeitarias cuja fama se expandisse pelo Reino? Estaremos perante criações de doces genuinamente conventuais ou meras execuções de receitas inicialmente produzidas nas cozinhas de grandes casas e, posteriormente, levadas para os cenóbios, tal como tantas outras receitas de carne e de peixe? A análise e a interpretação das fontes tornaram muito claro que a esmagadora maioria das receitas preparadas nas casas religiosas nada tinha de original, basta comparar essas receitas com as que circulavam manuscritas ou impressas em outros receituários da época. Por outro lado, o pretenso sigilo que deveria envolver as receitas ditas conventuais – e isso é patente em alguns receituários femininos – era quebrado, de tal modo que livros de cozinha de leigos integram receitas com designações de algumas casas religiosas, o que não significa necessariamente que essas receitas aí tenham sido criadas mas sim que aí eram preparadas com êxito e objecto de apreço por quem tinha oportunidade de as degustar. This work consists of the transcription, analysis and interpretation of two unpublished eighteenth-century conventual recipes, which were compared with other counterparts in near periods, produced within the same scope and among the laity. The course undertaken aimed at assessing the real or imaginary originality of the recipes prepared in religious houses of the Modern Age and permitted to answer several questions, namely: the extent to which the conventual recipes were created in this scope or were taken to the monasteries by nuns, friars, monastic nuns, monks, maids and servants? Since the ingredients and cooking techniques used in religious houses were known in the places where lay people were, especially among confectioners, whose regiments were clear about the requirements to obtain letter, how can we explain the frenzy, often excessive, the conventual designation applied to so many and so frenetic recipes? In fact monks, monastic nuns, nuns, friars, maids and servants had time to cook and it is possible that many, or at least some, appreciated the preparation of savoury dishes and especially sweets. However, wasn’t the offer and commerce of sweets the most responsible for the exaltation of the conventual designation, in the absence of pastries taking place in the 17th and 18th centuries, and confectioneries whose fame would spread out to the Kingdom? Are we dealing with the creation of truly conventual sweets or sheer preparations of recipes originally produced in the kitchens of big houses and subsequently taken to the monasteries, such as so many other meat and fish recipes? The analysis and the interpretation of the sources made very clear that the overwhelming majority of the recipes prepared in religious houses was hardly original, we just have to compare these recipes with those circulating both handwritten and printed in other recipe books of the time. On the other hand, the alleged secrecy that should involve the aforementioned conventual recipes - and this is evident in some female recipe books - was broken, in such a manner that lay cookbooks include recipes with names of some religious houses, which does not necessarily mean these recipes have originated there but that they were prepared successfully there and the subject of appreciation by those who had the opportunity to taste them.
As condições dos cárceres do Santo Ofício, aparentemente melhores do que as das prisões régias e ... more As condições dos cárceres do Santo Ofício, aparentemente melhores do que as das prisões régias e episcopais, nem por isso deixavam de ser más. Humidade, falta de luz, de ventilação, de salubridade, com os detritos acumulados durante vários dias e com ratos e, certamente, dezenas de pulgas, piolhos e percevejos a circularem pela cela e pelos corpos dos detidos, não facilitavam a saúde física nem a saúde mental dos presos. Daí o stress, as depressões, então denominadas melancolia, e o desespero que, em alguns casos, chegava a levar à loucura, com a consequente despenalização dos réus, ou à tomada de atitudes drásticas como o suicídio, a par das doenças do foro físico, algumas das quais resultantes da aplicação do tormento. Assim, o cárcere era também local de doença e de morte, apesar da prestação de cuidados de saúde a todos os que deles necessitavam por parte de médicos, cirurgiões, barbeiros e até de parteiras que assistiam as mulheres cujos partos eram difíceis, nos outros casos eram ajudadas pelas outras presas.
O muito tempo passado em reclusão tinha que ser ocupado de alguma maneira: dormir, descansar, andar pelo cárcere, comer – de refeições modestas que asseguravam o mínimo vital (ao contrário do que acontecia nas prisões régias e episcopais, onde os presos ou tinham meios, ou pediam ou ficavam dependentes da caridade), a refeições opíparas para quem podia pagar e, consequentemente, escolher – mas também ler e escrever, no caso dos presos que tinham essas faculdades, eram opções. A leitura, em especial de caracter piedoso, era objeto de decisão casuística por parte dos inquisidores, que a autorizavam ou não, enquanto a escrita poderia servir vários propósitos, tais como comunicar com outros presos ou com o exterior, redigir petições ou contraditas para tentar clarificar comportamentos passados e agilizar o processo, quando o réu tinha algum tipo de formação que lhe permitia tais desígnios. Mas escrever podia também ser uma forma de evasão, quando se produziam peças de literatura em poesia ou em prosa.
O cárcere era igualmente um local onde se bordava, cosia, fiava, rezava, conversava e meditava. Era objeto de limpeza semanal por parte dos presos e, por vezes, nele se aquecia comida e se passava alguma louça por água, apesar de a culinária, tal como a lavagem da roupa, ser assegurada por presas em espaços exteriores às celas. A privacidade nunca era tida em conta, sendo particularmente ignorada quando os réus eram colocados nos cárceres de vigia e observados, em simultâneo, por dois funcionários do Santo Ofício os quais assistiam ao levantar, à satisfação das necessidades fisiológicas, às abluções parciais e a todos os atos que os presos levassem a efeito.
O cárcere era palco de atividades permitidas pela Inquisição mas também de tarefas condenadas, como o fabrico de tinta, a escrita de bilhetes para comunicar com outros presos ou com o exterior ou até a realização de buracos com vista a uma temerária fuga. Em caso de corrupção dos funcionários do Santo Ofício, em especial dos guardas e dos alcaides, a rotina podia ser alterada, com comunicação de recados, saída das celas e até relações amorosas com algumas presas. Eis todo um mundo diferente pautado por um quotidiano sombrio, solitário, incerto e muito áspero, no entendimento de alguns críticos.
Texto que constituiu a lição de agregação da autora e que estuda um grupo específico de pessoas c... more Texto que constituiu a lição de agregação da autora e que estuda um grupo específico de pessoas cujos percursos se cruzam com o Santo Ofício da Inquisição: os reduzidos, um grupo quase exclusivamente constituído por estrangeiros de origem europeia.
Nas últimas décadas as temáticas assistenciais têm suscitado atenção nos meios académicos naciona... more Nas últimas décadas as temáticas assistenciais têm suscitado atenção nos meios académicos nacionais, permitindo a realização de teses de mestrado e de doutoramento, bem como de artigos publicados em revistas da especialidade a par de conferências e de comunicações apresentadas a congressos realizados no país e no estrangeiro. É por isso que na atualidade se sabe bastante mais do que no passado recente acerca das instituições assistenciais, designadamente Mise-ricórdias, hospitais, rodas de expostos, colégios de órfãos, dotes de casamento, recolhimentos, confrarias ou irmandades, ordens terceiras e Igreja, tal como, naturalmente, sobre os assistidos, a saber, expostos, doentes, viajantes, dotadas, pobres, órfãos e cativos, bem assim como os que permitiram ou facultaram as práticas assistenciais, desde os responsáveis aos assalariados, neste caso, com destaque para médicos, cirurgiões, boticários, pessoal de enfermagem, amas e religiosos trinitários que em terras do Islão resgatavam cativos. No âmbito que no momento nos ocupa, não cabe proceder ao exame crítico do estado da questão, até porque o mesmo já foi feito em 2010 1. Cabe, contudo, realçar que, no concreto da história das Misericórdias, apesar de diversas obras terem sido produzidas – recordo, sem caracter de exaustivi-dade e sem análise de conteúdos, as
A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitali... more A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. [Recensão a] Jaime Gouveia, A Quarta Porta do Inferno. A Vigilância e Disciplinamento da Luxúria Clerical no Espaço Luso-Americano (1640-1750) Autor(es): Braga, Isabel Drumond Publicado por: Imprensa da Universidade de Coimbra URL persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/38206
Nos últimos anos, a historiogra a portuguesa passou a dar alguma atenção aos estudos de história ... more Nos últimos anos, a historiogra a portuguesa passou a dar alguma atenção aos estudos de história da alimentação e da sociabilidade à mesa. Após um trabalho pioneiro, publicado em 1964, de A. H. de Oliveira Marques, nomeadamente um capítulo sobre a mesa na Época Medieval, inserido na sua obra A sociedade medieval portuguesa: aspectos de vida quotidiana, com sucessivas edições até à atualidade, não se seguiram imediatamente outros cultores da matéria. Foi necessário esperar algumas décadas para que uma plêiade de historiadores -em alguns casos, mas não exclusivamente, de gerações mais jovens -olhassem para estas questões sem preconceitos e produzissem textos sobre temáticas tão diversi cadas como subsistência, armazenamento, comércio e consumos alimentares, história económica da alimentação, biogra as de géneros, maneiras de preparar e servir alimentos, introdução de novos produtos, culinária e medicina, rituais e serviços à mesa e regimes alimentares, sem descurar a publicação de fontes de natureza e conteúdos diversi cados.
INFORMAR, DISTRAIR E DISCIPLINAR: REVISTAS FEMININAS DOS SÉCULOS XIX E XX, organização de Isabel ... more INFORMAR, DISTRAIR E DISCIPLINAR: REVISTAS FEMININAS DOS SÉCULOS XIX E XX, organização de Isabel Drumond Braga e Teresa Nunes Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 14 de MAIO de 2019 | SALA B3 (BIBLIOTECA), das 9:15-16:30
Los próximos 24 y 25 de octubre se celebrará en la Universidad Autónoma de Madrid el XII Seminari... more Los próximos 24 y 25 de octubre se celebrará en la Universidad Autónoma de Madrid el XII Seminario Internacional “La Corte en Europa”, titulado Los primeros Imperios Mundiales: España y Portugal en contraste.
A comienzos del siglo XVI, gracias a su potencial marítimo, Castilla y Portugal fueron capaces de crear los primeros imperios transoceánicos de la Historia. La Monarquía de España desarrolló un modelo de incorporación de territorios por medio de la conquista mientras que los portugueses orientaron su expansión en un sentido comercial y marítimo. Ambos protagonizaron una expansión que el mundo no había visto jamás extendiendo las fronteras geográficas a la totalidad del globo terráqueo poniendo en comunicación un vasto número de civilizaciones y culturas. Descubrieron el Nuevo Mundo y lo pusieron en contacto con el resto, comunicando desde el punto de vista político, cultural y comercial América con el lejano Oriente, las costas de África y la India. Por lo general ambos imperios se han estudiado por separado, con especial insistencia en sus identidades diferenciadas. En este seminario nos proponemos estudiar aquellos rasgos que comparten, que los unen y que podríamos caracterizar bajo el concepto de imperios ibéricos.
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Papers by Isabel Drumond Braga
The Portuguese magazine Fémina, edited by a woman, Helena de Aragão (1880–1961), published during the early years of the Estado Novo (1933–1974), i.e. between 1933 and 1938, is addressed to a female readership. The main goal of this paper is the study of cooking recipes and domestic management, in order to understand how the magazine articles could serve the knowledge of women in the upper and middle classes and be an instrument of female training and discipline.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa), oferece-nos um retrato da violência física e verbal envolvendo mulheres que exerciam as funções de taberneiras na Lisboa dos finais do Antigo Regime. Se algumas foram prevaricadoras, outras surgiram como vítimas. Foram estudados 18 casos situados entre 1805 e 1833.
Palavras-chave: Mulheres; Portugal; Sociabilidade; Tabernas; Século xix.
Abstract: The tavern has always been a space for sociability, a place where wine and also some food are consumed, but where people also played games, discuss ideas and entice prostitutes. The documentation of the Feitos Findos, kept in the Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisbon), offers us a picture of the physical and verbal violence involving women who worked as tavern keeper in Lisbon at the end of the Ancien Regime. If some were prevaricators, others emerge as victims. We studied
eighteen cases dated between 1805 and 1833.
a decorrer na Università degli Studi Internazionale di Roma, visa-se o estudo da
alimentação durante períodos de regime ditatorial. Este texto usa, em especial, a obra
literária de Irene Lisboa (1892-1958) para perceber as dificuldades dos menos abastados,
durante o Estado Novo em Portugal, vistas pela escrita de uma autora que, não
raramente, usa um discurso autobiográfico. O confronto com outras fontes e a avaliação
da literatura enquanto fonte para a história foram igualmente objeto de reflexão.
de diversas revistas femininas, publicadas em Portugal durante a primeira
metade do século XX, designadamente Modas & Bordados, Eva e Fémina.
Foi ainda responsável pela publicação de um livro e de uma brochura sobre culinária. Neste texto procura percecionar-se a relação entre colunas de culinária em revistas femininas e publicação de livros de receitas.
The Portuguese magazine Fémina, edited by a woman, Helena de Aragão (1880–1961), published during the early years of the Estado Novo (1933–1974), i.e. between 1933 and 1938, is addressed to a female readership. The main goal of this paper is the study of cooking recipes and domestic management, in order to understand how the magazine articles could serve the knowledge of women in the upper and middle classes and be an instrument of female training and discipline.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa), oferece-nos um retrato da violência física e verbal envolvendo mulheres que exerciam as funções de taberneiras na Lisboa dos finais do Antigo Regime. Se algumas foram prevaricadoras, outras surgiram como vítimas. Foram estudados 18 casos situados entre 1805 e 1833.
Palavras-chave: Mulheres; Portugal; Sociabilidade; Tabernas; Século xix.
Abstract: The tavern has always been a space for sociability, a place where wine and also some food are consumed, but where people also played games, discuss ideas and entice prostitutes. The documentation of the Feitos Findos, kept in the Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisbon), offers us a picture of the physical and verbal violence involving women who worked as tavern keeper in Lisbon at the end of the Ancien Regime. If some were prevaricators, others emerge as victims. We studied
eighteen cases dated between 1805 and 1833.
a decorrer na Università degli Studi Internazionale di Roma, visa-se o estudo da
alimentação durante períodos de regime ditatorial. Este texto usa, em especial, a obra
literária de Irene Lisboa (1892-1958) para perceber as dificuldades dos menos abastados,
durante o Estado Novo em Portugal, vistas pela escrita de uma autora que, não
raramente, usa um discurso autobiográfico. O confronto com outras fontes e a avaliação
da literatura enquanto fonte para a história foram igualmente objeto de reflexão.
de diversas revistas femininas, publicadas em Portugal durante a primeira
metade do século XX, designadamente Modas & Bordados, Eva e Fémina.
Foi ainda responsável pela publicação de um livro e de uma brochura sobre culinária. Neste texto procura percecionar-se a relação entre colunas de culinária em revistas femininas e publicação de livros de receitas.
Esta obra procura dar a conhecer os primórdios do movimento vegetariano em Portugal, num momento em que os adeptos deste regime alimentar estão em crescimento. Procura ainda perceber como e quando chegaram as ideias vegetarianas a Portugal, identificar os protagonistas do movimento e as suas ações, e finalmente compreender a amplitude, o êxito ou o fracasso do vegetarianismo nos seus primórdios, cuja primeira fase terminará na década de 40 do século passado.
A análise e a interpretação das fontes tornaram muito claro que a esmagadora maioria das receitas preparadas nas casas religiosas nada tinha de original, basta comparar essas receitas com as que circulavam manuscritas ou impressas em outros receituários da época. Por outro lado, o pretenso sigilo que deveria envolver as receitas ditas conventuais – e isso é patente em alguns receituários femininos – era quebrado, de tal modo que livros de cozinha de leigos integram receitas com designações de algumas casas religiosas, o que não significa necessariamente que essas receitas aí tenham sido criadas mas sim que aí eram preparadas com êxito e objecto de apreço por quem tinha oportunidade de as degustar.
This work consists of the transcription, analysis and interpretation of two unpublished eighteenth-century conventual recipes, which were compared with other counterparts in near periods, produced within the same scope and among the laity. The course undertaken aimed at assessing the real or imaginary originality of the recipes prepared in religious houses of the Modern Age and permitted to answer several questions, namely: the extent to which the conventual recipes were created in this scope or were taken to the monasteries by nuns, friars, monastic nuns, monks, maids and servants? Since the ingredients and cooking techniques used in religious houses were known in the places where lay people were, especially among confectioners, whose regiments were clear about the requirements to obtain letter, how can we explain the frenzy, often excessive, the conventual designation applied to so many and so frenetic recipes? In fact monks, monastic nuns, nuns, friars, maids and servants had time to cook and it is possible that many, or at least some, appreciated the preparation of savoury dishes and especially sweets. However, wasn’t the offer and commerce of sweets the most responsible for the exaltation of the conventual designation, in the absence of pastries taking place in the 17th and 18th centuries, and confectioneries whose fame would spread out to the Kingdom? Are we dealing with the creation of truly conventual sweets or sheer preparations of recipes originally produced in the kitchens of big houses and subsequently taken to the monasteries, such as so many other meat and fish recipes?
The analysis and the interpretation of the sources made very clear that the overwhelming majority of the recipes prepared in religious houses was hardly original, we just have to compare these recipes with those circulating both handwritten and printed in other recipe books of the time. On the other hand, the alleged secrecy that should involve the aforementioned conventual recipes - and this is evident in some female recipe books - was broken, in such a manner that lay cookbooks include recipes with names of some religious houses, which does not necessarily mean these recipes have originated there but that they were prepared successfully there and the subject of appreciation by those who had the opportunity to taste them.
O muito tempo passado em reclusão tinha que ser ocupado de alguma maneira: dormir, descansar, andar pelo cárcere, comer – de refeições modestas que asseguravam o mínimo vital (ao contrário do que acontecia nas prisões régias e episcopais, onde os presos ou tinham meios, ou pediam ou ficavam dependentes da caridade), a refeições opíparas para quem podia pagar e, consequentemente, escolher – mas também ler e escrever, no caso dos presos que tinham essas faculdades, eram opções. A leitura, em especial de caracter piedoso, era objeto de decisão casuística por parte dos inquisidores, que a autorizavam ou não, enquanto a escrita poderia servir vários propósitos, tais como comunicar com outros presos ou com o exterior, redigir petições ou contraditas para tentar clarificar comportamentos passados e agilizar o processo, quando o réu tinha algum tipo de formação que lhe permitia tais desígnios. Mas escrever podia também ser uma forma de evasão, quando se produziam peças de literatura em poesia ou em prosa.
O cárcere era igualmente um local onde se bordava, cosia, fiava, rezava, conversava e meditava. Era objeto de limpeza semanal por parte dos presos e, por vezes, nele se aquecia comida e se passava alguma louça por água, apesar de a culinária, tal como a lavagem da roupa, ser assegurada por presas em espaços exteriores às celas. A privacidade nunca era tida em conta, sendo particularmente ignorada quando os réus eram colocados nos cárceres de vigia e observados, em simultâneo, por dois funcionários do Santo Ofício os quais assistiam ao levantar, à satisfação das necessidades fisiológicas, às abluções parciais e a todos os atos que os presos levassem a efeito.
O cárcere era palco de atividades permitidas pela Inquisição mas também de tarefas condenadas, como o fabrico de tinta, a escrita de bilhetes para comunicar com outros presos ou com o exterior ou até a realização de buracos com vista a uma temerária fuga. Em caso de corrupção dos funcionários do Santo Ofício, em especial dos guardas e dos alcaides, a rotina podia ser alterada, com comunicação de recados, saída das celas e até relações amorosas com algumas presas. Eis todo um mundo diferente pautado por um quotidiano sombrio, solitário, incerto e muito áspero, no entendimento de alguns críticos.
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 14 de MAIO de 2019 | SALA B3 (BIBLIOTECA), das 9:15-16:30
A comienzos del siglo XVI, gracias a su potencial marítimo, Castilla y Portugal fueron capaces de crear los primeros imperios transoceánicos de la Historia. La Monarquía de España desarrolló un modelo de incorporación de territorios por medio de la conquista mientras que los portugueses orientaron su expansión en un sentido comercial y marítimo. Ambos protagonizaron una expansión que el mundo no había visto jamás extendiendo las fronteras geográficas a la totalidad del globo terráqueo poniendo en comunicación un vasto número de civilizaciones y culturas. Descubrieron el Nuevo Mundo y lo pusieron en contacto con el resto, comunicando desde el punto de vista político, cultural y comercial América con el lejano Oriente, las costas de África y la India. Por lo general ambos imperios se han estudiado por separado, con especial insistencia en sus identidades diferenciadas. En este seminario nos proponemos estudiar aquellos rasgos que comparten, que los unen y que podríamos caracterizar bajo el concepto de imperios ibéricos.