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  • PhD candidate with CAPES scholarship, linked to the Media and Technology Post-graduation Program at School of Archite... moreedit
  • Francisco Beldaedit
As mudanças empreendidas no setor jornalístico desde os anos 2000 com o advento da revolução digital tiveram uma aceleração em decorrência da pandemia de Covid-19, decretada em 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Estudos sobre... more
As mudanças empreendidas no setor jornalístico desde os anos 2000 com o advento da revolução digital tiveram uma aceleração em decorrência da pandemia de Covid-19, decretada em 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Estudos sobre
processos de transformação de redações passaram a ter um novo objeto, que envolve o trabalho remoto e a reorganização híbrida das rotinas produtivas, conciliando as modalidades presencial e virtual. O presente artigo delineia uma proposta de arranjo metodológico misto (qualitativo e quantitativo), atualmente em desenvolvimento no âmbito de um doutorado, para tratar do seguinte problema de pesquisa: como as redações são adaptadas ciclicamente, por meio de estratégias de gestão, a mudanças estruturais e a contingências como a da Covid-19? O referido arranjo inclui: revisão de literatura, questionário e seleção de oito redações para a realização de um estudo de casos baseado em entrevistas semiestruturadas e observação etnográfica. Além disso, são elencados alguns exemplos, tendo estes sido selecionados por meio de levantamento de dados do mercado em razão do potencial que apresentam para compor o corpus do trabalho, sendo que um dos objetivos deste é a proposição de uma taxonomia que classifica os diferentes tipos de redação em atividade no Brasil e em outros países.
Desenvolvido com base em revisão de literatura, análise documental e entrevistas semiestruturadas, o presente artigo objetiva contribuir com a discussão acadêmica a respeito da implementação do paywall no jornalismo brasileiro, abarcando... more
Desenvolvido com base em revisão de literatura, análise documental e entrevistas semiestruturadas, o presente artigo objetiva contribuir com a discussão acadêmica a respeito da implementação do paywall no jornalismo brasileiro, abarcando as mudanças decorrentes da adoção desse modelo de financiamento na Folha de S.Paulo e em O Estado de S. Paulo. Também são destacadas consequências sociais da adesão de veículos a essa nova fonte de receita, a exemplo de implicações na desigualdade social e no prejuízo ao livre exercício do jornalismo.
O presente artigo examina tendências de inovação em gestão organizacional no mercado de jornalismo em âmbito global. O método adotado para a etapa inicial do trabalho foi o de revisão sistemática de literatura, cotejando fontes acadêmicas... more
O presente artigo examina tendências de inovação em gestão organizacional no mercado de jornalismo em âmbito global. O método adotado para a etapa inicial do trabalho foi o de revisão sistemática de literatura, cotejando fontes acadêmicas e mercadológicas que tratam do assunto a partir de dois termos-chave: “gestão de mídia” e “inovação no jornalismo”. A partir dessa revisão, foram examinados exemplos de dois veículos jornalísticos brasileiros, A Gazeta e Poder360, considerando como e até que ponto as tendências de inovação e gestão identificadas na literatura refletem-se em práticas de transformação e adequação de seus processos e produtos ao contexto digital. Como resultado, é proposta uma taxonomia específica para a categorização de diferentes tipos de empreendimentos jornalísticos no cenário contemporâneo, considerando seus suportes legados de distribuição e o modo de organização da produção noticiosa.
This paper explores innovation trends in media management for news organizations. The research method applied is a systematic literature review, with the collection and exam of academic and industry perspectives on the subject, based on... more
This paper explores innovation trends in media management for news organizations. The research method applied is a systematic literature review, with the collection and exam of academic and industry perspectives on the subject, based on two keywords: “media management” and “journalism innovation”. Following such a review, we describe examples from two Brazilian news media outlets, A Gazeta and Poder360, considering how and to what extent the innovation and management trends identified in the literature sources are depicted by ongoing practices for digital transformation and for the adaptation of their news media processes and products. As a result, premises are established for the elaboration of a specific taxonomy categorizing two different types of journalistic endeavors in the contemporary scenario, considering the companies' legacy distribution channels and the means used for organizing their news production.
Com base nos preceitos da convergência jornalística, fenômeno identificado por Ramón Salaverría e outros pesquisadores, o presente artigo tem por objetivo analisar as mudanças nos ecossistemas endógenos e nos processos produtivos das... more
Com base nos preceitos da convergência jornalística, fenômeno identificado por Ramón Salaverría e outros pesquisadores, o presente artigo tem por objetivo analisar as mudanças nos ecossistemas endógenos e nos processos produtivos das redações de dois sites brasileiros de notícias: Estadão.com.br, do jornal O Estado de S. Paulo; e HuffPost Brasil, sucursal do americano The Huffington Post criada em parceria com o Grupo Abril e que, atualmente, está sob a gestão da AOL. Ambos são objetos de pesquisa em andamento, conduzida pelos autores no âmbito do curso de Mestrado Profissional em Produção Jornalística e Mercado, da ESPM-SP.
A pandemia de Covid-19, decretada em março de 2020, impactou de forma severa as mais diferentes esferas da vida humana, em especial o mundo do trabalho. No âmbito específico do jornalismo, foi possível observar, em escala global, empresas... more
A pandemia de Covid-19, decretada em março de 2020, impactou de forma severa as mais diferentes esferas da vida humana, em especial o mundo do trabalho. No âmbito específico do jornalismo, foi possível observar, em escala global, empresas de todos os portes e modelos de negócio implementarem estratégias para lidar com a contingência de ordem sanitária, alterando um sistema de rotinas produtivas marcado pelas interações presenciais em suas dependências (as chamadas “redações”) por outro estruturado em redes tecnológicas que viabilizam o teletrabalho (ou home office). Surgiram assim as “redações distribuídas”, assim definidas devido ao seu caráter descentralizado por Trewinnard (2020), Radcliffe (2021) e outros pesquisadores do campo.

Tanto empreendimentos que conciliam operações de legado e digitais quanto os chamados “nativos digitais” foram submetidos a processos que alteraram seus fluxos de trabalho. Decorridos aproximadamente um ano e seis meses após a decretação da pandemia pela Organização Mundial da Saúde, é possível observar, ao menos em parte das empresas jornalísticas, uma retomada (ainda que parcial) das atividades presenciais. Em uma primeira etapa, as redações foram esvaziadas e um sistema quase que integralmente remoto passou a funcionar a partir do uso intensificado de programas de videoconferência – a exemplo do Zoom – e de ferramentas de trabalho colaborativo, como o suíte de aplicativos Google Workspace. Posteriormente, em um segundo movimento, alguns veículos permitiram um retorno gradual ao ambiente físico, adotando medidas de prevenção ao coronavírus.

Considerando as incertezas que ainda persistem no cenário atual, Katharine Viner, editora-chefe do inglês Guardian, prevê (conforme Nalvarte, 2021) uma adesão definitiva do jornal a um modelo híbrido de trabalho mesmo após o controle da pandemia. Ao mesmo tempo, no Brasil, um interessante caso de adaptação pode ser observado no jornal digital Poder360, especializado em Política, que primeiramente se reconfigurou para um teletrabalho integral. Entretanto, ao investir em uma nova sede em Brasília (DF), inaugurada em julho de 2020 (Poder360, 2021), seguiu as recomendações feitas pelas autoridades sanitárias e planejou o espaço de forma a evitar aglomerações de colaboradores, estabelecendo o retorno gradual a um espaço físico assegurando o distanciamento social recomendado pelas autoridades sanitárias a fim de evitar o contágio pela Covid-19.

Também há casos em que as redações fixas foram definitivamente deixadas de lado, tendo estas sido substituídas por ambientes mais flexíveis. O jornal El Observador, do Uruguai, por exemplo, passou a utilizar espaços de coworking (Herrero, 2021), enquanto que o grupo britânico Reach anunciou uma estratégia que prevê a utilização de hubs de trabalho temporário (Gurgel, 2021).

Entende-se que o presente panorama, sujeito a mudanças em razão de fatores diversos relacionados à pandemia (a exemplo do processo de vacinação, em velocidade lenta no Brasil ao longo de 2021), se configura como uma oportunidade singular para o estabelecimento de estratégias que preparem as redações jornalísticas para o futuro, visando tanto retomadas seguras de atividades presenciais em outras contingências sanitárias quanto a realização de procedimentos de trabalho mesmo fora de espaços fisicamente delimitados. A tecnologia é um elemento fundamental para o êxito desse processo de hibridização, mas uma mudança de cultura organizacional dessa magnitude não pode jamais prescindir do fator humano.
A fosfoetanolamina sintética (FOS) foi anunciada por reportagens veiculadas na mídia em 2015 como um suposto medicamento para a cura do câncer, apesar da falta de evidências clínicas que comprovassem a eficácia do produto. O fato ganhou... more
A fosfoetanolamina sintética (FOS) foi anunciada por reportagens veiculadas na mídia em 2015 como um suposto medicamento para a cura do câncer, apesar da falta de evidências clínicas que comprovassem a eficácia do produto. O fato ganhou notoriedade e explodiu nas redes sociais. Este artigo tem como objetivo analisar o tema fosfoetanolamina no Facebook, relacionando-o com a subjetividade e a teoria das redes complexas abordadas por autores como Elman, Barabási e Watts (2001), Santaella (2010, 2013) e Recuero (2009). Foram detectadas mais de 100 comunidades e grupos com o uso da palavra “fosfoetanolamina”, apesar de haver outras comunidades que abordam o assunto utilizando outros termos. Estudos teóricos das redes sociais e seus fenômenos se fortalecem quando os conceitos saem da teoria da subjetividade para serem explicados, a exemplo do caso fosfoetanolamina quando comparado com a teoria de redes complexas.
Os constantes ciclos de transformação das redações jornalísticas contemporâneas, transformadas em ecossistemas adaptáveis com fluxos de trabalho tecnológicos (“cibermeios”), demandam uma sistematização que viabilize estudos mais... more
Os constantes ciclos de transformação das redações jornalísticas contemporâneas, transformadas em ecossistemas adaptáveis com fluxos de trabalho tecnológicos (“cibermeios”), demandam uma sistematização que viabilize estudos mais aprofundados dessas mudanças, diretamente influenciadas pelo fenômeno da convergência. Este artigo é uma síntese da dissertação desenvolvida pelo autor no âmbito do programa de Mestrado Profissional em Produção Jornalística e Mercado da ESPM-SP, que estudou os casos vivenciados pelos sites Estadão e HuffPost (um analógico digital e outro nativo digital) e propôs uma metodologia para classificar, por meio de indicadores, os diferentes modelos de redação em termos de características estruturais (tipo de ecossistema, etapas de reconfiguração e contexto organizacional) e produtivas (procedimentos de pauta, apuração, edição e publicação de notícias).
The journalistic work space was deeply modified by structural changes in the last decades. This process was, partially, identified by researchers as Ramón Salaverría, who developed the concept of “journalistic convergence” to define the... more
The journalistic work space was deeply modified by structural changes in the last decades. This process was, partially, identified by researchers as Ramón Salaverría, who developed the concept of “journalistic convergence” to define the reasons that made traditional media companies search for a conformation that could optimize their workflows, considering as a priority the digital platform, in spite of the existence in some business groups of legacy media platforms, like the newspaper or the radio. In parallel, the journalism market diversification, with the launch of new business models, created a demand for an increase of this research line, including the “digital natives”, enterprises that, although being direct derivatives from the internet expansion, also had to, in some cases, make organizational readjustments. This research work analyses, beyond a comparative study, the changes in the newsrooms and in the productive processes of two news sites, occurred from 2014 to 2017: Estadão.com.br, from the newspaper O Estado de S. Paulo, characterized in this work as a Digital Analogic Newsroom (DAN) due to its hybrid condition; and HuffPost Brazil, the Digital Native Newsroom (DNN), that represents in the country the HuffPost (USA), being a branch created in partnership with Abril Group and currently managed by Oath (the result of a fusion between the technology companies AOL and Yahoo, both acquired by Verizon). In this way, this dissertation aims to present indicators that allow verify how different business models arranged three key issues to guide their reconfiguration processes: 1) inherent specificities from the respective business models; 2) management guidelines; and 3) necessity of changes in the productive processes, motivated by the technological evolution. The research methods used were the following: bibliographic review of the theoretical concepts of “convergence”, “media ecosystem” and “integrated journalism”; presential and systematized observations of the newsrooms work routines phases; and case studies. In the visits made, were observed schedule, investigation, edition and news publication procedures, featuring the use of digital technologies, including social media platforms and audience monitoring tools.

Keywords: journalism; convergence; productive processes; Estadão; HuffPost Brazil.
Based on the precepts of journalistic convergence, a phenomenon identified by Ramón Salaverría and other researchers, this article aims to analyze the changes on endogenous ecosystems and productive processes of two brazilian news sites... more
Based on the precepts of journalistic convergence, a phenomenon identified by Ramón Salaverría and other researchers, this article aims to analyze the changes on endogenous ecosystems and productive processes of two brazilian news sites newsrooms: Estadão.com.br, from the newspaper O Estado de S. Paulo; and HuffPost Brasil, a branch of american The Huffington Post created in partnership with Abril Group and that is, currently, under AOL management. Both are objects of an ongoing research, conducted by the authors in the scope of Professional Master’s Degree course in Journalistic Production and Market, from ESPM-SP.
This article reflects on the internal reconfigurations of production in journalism vehicles Estadão Online and HuffPost Brazil. Expected to understand how elements of convergence altered the internal ecosystem and journalistic processes.... more
This article reflects on the internal reconfigurations of production in journalism vehicles Estadão Online and HuffPost Brazil. Expected to understand how elements of convergence altered the internal ecosystem and journalistic processes. The methodology will be based on literature research, highlighting the convergence of concepts, digital ecosystem and integrated journalism; and analysis of texts published by the chief editors of the vehicles themselves.
O uso da inteligência artificial (IA) no jornalismo já é uma realidade há alguns anos em veículos internacionais de referência, a exemplo da agência de notícias Associated Press. Entretanto, com a popularização de ferramentas de IA... more
O uso da inteligência artificial (IA) no jornalismo já é uma realidade há alguns anos em veículos internacionais de referência, a exemplo da agência de notícias Associated Press. Entretanto, com a popularização de ferramentas de IA generativa, especialmente o ChatGPT, disponibilizado publicamente pela empresa OpenAI em novembro de 2022, o assunto passou a ter um nível de atenção jamais visto anteriormente, dentro e fora dos círculos acadêmicos e profissionais. Desde então, também é notório que empreendimentos jornalísticos estruturados sobre diferentes modelos de negócio passaram não apenas a experimentar, implementar ou intensificar a utilização desses recursos tecnológicos como também a reportar, embora com diferentes níveis de detalhamento, quais parâmetros adotam para o emprego dessas ferramentas. A partir de uma revisão da literatura recentemente disponibilizada sobre o uso da IA no jornalismo, este capítulo visa apresentar uma proposta de pesquisa de doutorado cujo foco é classificar, por meio de análise de conteúdo, os mecanismos de media accountability de veículos usuários de recursos de IA nas etapas de apuração, produção e distribuição de notícias, tendo como referência um dos indicadores do Trust Project, iniciativa global que desenvolve padrões de transparência para avaliação da qualidade e da credibilidade do jornalismo.
As crises de diversas naturezas possuem uma natureza cíclica. É assim na vida cotidiana e também no mundo do trabalho. A pandemia de Covid-19, que assolou o mundo em 2020, nos trouxe uma crise capaz, ao menos em caráter temporário, de... more
As crises de diversas naturezas possuem uma natureza cíclica. É assim na vida cotidiana e também no mundo do trabalho. A pandemia de Covid-19, que assolou o mundo em 2020, nos trouxe uma crise capaz, ao menos em caráter temporário, de fazer com que essas duas esferas (pessoal e profissional), normalmente mantidas separadas por questões culturais, tivessem uma fusão forçada e, em certa medida, perturbadora, o que desencadeou uma série de mudanças significativas no comportamento humano. Quando refletimos sobre essas transformações, tão rápidas quanto impactantes, nos deparamos com uma dificuldade natural para compreendê-las em razão da inexistência de uma recomendável distância temporal, que tende a facilitar o processo de assimilação. Entretanto, é possível iniciarmos desde já esse tão importante debate, adotando como premissa para este ensaio o entendimento das mudanças que ocorrem no âmbito organizacional. Um dos principais atrativos desse percurso teórico é o fato de que uma gama considerável de referências sobre esse assunto já havia emergido e se consolidado antes da entrada do novo coronavírus no cenário, nos conferindo uma sólida base estrutural para alicerçar a discussão. Em uma análise preliminar, rapidamente se observa que muitas das tendências, estão apenas em curso, entraram no que podemos chamar de “fluxo de intensificação” e adentraram sem reservas o terreno da realidade.
A pandemia de Covid-19, decretada em março de 2020, impactou de forma severa as mais diferentes esferas da vida humana, em especial o mundo do trabalho. No âmbito específico do jornalismo, foi possível observar, em escala global, empresas... more
A pandemia de Covid-19, decretada em março de 2020, impactou de forma severa as mais diferentes esferas da vida humana, em especial o mundo do trabalho. No âmbito específico do jornalismo, foi possível observar, em escala global, empresas de todos os portes e modelos de negócio implementarem estratégias para lidar com a contingência de ordem sanitária, alterando um sistema de rotinas produtivas marcado pelas interações presenciais em suas dependências (as chamadas “redações”) por outro estruturado em redes tecnológicas que viabilizam o teletrabalho (ou home office). Surgiram assim as “redações distribuídas”, assim definidas devido ao seu caráter descentralizado por Trewinnard (2020), Radcliffe (2021) e outros pesquisadores do campo.

Tanto empreendimentos que conciliam operações de legado e digitais quanto os chamados “nativos digitais” foram submetidos a processos que alteraram seus fluxos de trabalho. Decorridos aproximadamente um ano e seis meses após a decretação da pandemia pela Organização Mundial da Saúde, é possível observar, ao menos em parte das empresas jornalísticas, uma retomada (ainda que parcial) das atividades presenciais. Em uma primeira etapa, as redações foram esvaziadas e um sistema quase que integralmente remoto passou a funcionar a partir do uso intensificado de programas de videoconferência – a exemplo do Zoom – e de ferramentas de trabalho colaborativo, como o suíte de aplicativos Google Workspace. Posteriormente, em um segundo movimento, alguns veículos permitiram um retorno gradual ao ambiente físico, adotando medidas de prevenção ao coronavírus.

Considerando as incertezas que ainda persistem no cenário atual, Katharine Viner, editora-chefe do inglês Guardian, prevê (conforme Nalvarte, 2021) uma adesão definitiva do jornal a um modelo híbrido de trabalho mesmo após o controle da pandemia. Ao mesmo tempo, no Brasil, um interessante caso de adaptação pode ser observado no jornal digital Poder360, especializado em Política, que primeiramente se reconfigurou para um teletrabalho integral. Entretanto, ao investir em uma nova sede em Brasília (DF), inaugurada em julho de 2020 (Poder360, 2021), seguiu as recomendações feitas pelas autoridades sanitárias e planejou o espaço de forma a evitar aglomerações de colaboradores, estabelecendo o retorno gradual a um espaço físico assegurando o distanciamento social recomendado pelas autoridades sanitárias a fim de evitar o contágio pela Covid-19.

Também há casos em que as redações fixas foram definitivamente deixadas de lado, tendo estas sido substituídas por ambientes mais flexíveis. O jornal El Observador, do Uruguai, por exemplo, passou a utilizar espaços de coworking (Herrero, 2021), enquanto que o grupo britânico Reach anunciou uma estratégia que prevê a utilização de hubs de trabalho temporário (Gurgel, 2021).

Entende-se que o presente panorama, sujeito a mudanças em razão de fatores diversos relacionados à pandemia (a exemplo do processo de vacinação, em velocidade lenta no Brasil ao longo de 2021), se configura como uma oportunidade singular para o estabelecimento de estratégias que preparem as redações jornalísticas para o futuro, visando tanto retomadas seguras de atividades presenciais em outras contingências sanitárias quanto a realização de procedimentos de trabalho mesmo fora de espaços fisicamente delimitados. A tecnologia é um elemento fundamental para o êxito desse processo de hibridização, mas uma mudança de cultura organizacional dessa magnitude não pode jamais prescindir do fator humano.
O presente artigo é uma síntese da proposta desenvolvida de 2016 a 2018 pelo primeiro autor, sob a orientação do segundo, no âmbito do Mestrado Profissional em Produção Jornalística e Mercado da ESPM-SP. A dissertação resultante delineou... more
O presente artigo é uma síntese da proposta desenvolvida de 2016 a 2018 pelo primeiro autor, sob a orientação do segundo, no âmbito do Mestrado Profissional em Produção Jornalística e Mercado da ESPM-SP. A dissertação resultante delineou um método de investigação científica baseado em indicadores relacionados às esferas da estrutura e da produção jornalísticas, sendo que dois sites de notícias presentes no mercado brasileiro foram utilizados como objetos de pesquisa: Estadão.com.br e HuffPost Brasil. Pertencentes a modelos distintos de negócio, seus ambientes de trabalho são tratados como “ecossistemas convergentes”, tendo como referências os conceitos de convergência, ecossistema midiático e jornalismo integrado, visando compreender suas diferentes fases de reconfiguração e adaptação a mudanças decorrentes das atualizações tecnológicas que impactaram o fazer jornalístico. Os referidos ecossistemas foram classificados como Redação Analógica Digital (RAD), no caso do Estadão (oriundo da imprensa tradicional), que ainda concilia plataformas on e offline; e Redação Nativa Digital (RND) quanto ao HuffPost, por este ser um veículo que representa o contexto decorrente da expansão da internet como plataforma para produção e distribuição de conteúdos jornalísticos, fenômeno verificado a partir dos anos 2000.
O presente trabalho foi originalmente apresentado na Sessão Temática “Ciberjornalismo, Mobilidade e Convergência” durante o 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em... more
O presente trabalho foi originalmente apresentado na Sessão Temática “Ciberjornalismo, Mobilidade e Convergência” durante o 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) de 7 a 9 de novembro de 2018 no Centro Universitário FIAM-FAAM e na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. O objetivo foi oferecer uma síntese dos resultados obtidos com a pesquisa desenvolvida pelo autor no âmbito do programa de Mestrado Profissional em Produção Jornalística e Mercado da ESPM-SP, no período de 2016 a 2018. A dissertação resultante visou elucidar os constantes ciclos de transformação das redações jornalísticas contemporâneas, convertidas em ecossistemas adaptáveis com fluxos de trabalho tecnológicos (“cibermeios”). Tais mudanças, diretamente influenciadas pelo fenômeno da convergência, demandam uma sistematização que viabilize estudos mais aprofundados. A referida pesquisa estudou os casos vivenciados pelos sites Estadão e HuffPost (um analógico digital e outro nativo digital) e propôs uma metodologia para classificar, por meio de indicadores, os diferentes modelos de redação em termos de características estruturais (tipo de ecossistema, etapas de reconfiguração e contexto organizacional) e produtivas (procedimentos de pauta, apuração, edição e publicação de notícias).
O presente trabalho foi originalmente apresentado no Grupo de Pesquisa “Conteúdos Digitais e Convergências Tecnológicas” durante o XVI Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de... more
O presente trabalho foi originalmente apresentado no Grupo de Pesquisa “Conteúdos Digitais e Convergências Tecnológicas” durante o XVI Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, promovido de 5 a 9 de setembro de 2016 na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Fruto de uma pesquisa à época em andamento (encerrada em fevereiro de 2018), conduzida no âmbito do Mestrado Profissional em Produção Jornalística e Mercado da ESPM-SP, este artigo reflete sobre as reconfigurações internas de produção nos veículos de jornalismo Estadão.com.br e HuffPost Brasil. Ao mesmo tempo, visou compreender como elementos da convergência alteraram o ecossistema interno e processos jornalísticos. A metodologia se baseou em estudo bibliográfico, destacando os conceitos de convergência, ecossistema midiático e jornalismo integrado; e na análise de textos publicados por jornalistas dos próprios veículos. Como considerações iniciais, estipulou-se que o Estadão.com.br teve um processo de reconfiguração mais lento e seguro, dado o tamanho de sua estrutura; enquanto que o HuffPost Brasil, apesar de ser um meio “nativo digital”, teve que reconfigurar-se rapidamente para se adaptar ao mercado brasileiro.