Dois corações e um destino
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Dois corações e um destino - Vanir Mattos Torres
Felicidade
CAPÍTULO • UM
Infância feliz
Seis horas…
O sol radiante no espaço espalha seus raios luminosos no lago da fazenda, onde pastam muitos animais. O som estridente de uma buzina assusta os animais, que saem em desabalada carreira.
A ordenha já havia sido feita, o gado e os porcos alimentados, e as aves comiam as sobras — uma perfeita harmonia entre animais e natureza.
Prudêncio, com passos arrastados, foi abrir a porteira. Seu patrão não tirava a mão da buzina de tão impaciente que estava para tirar a poeira que lhe grudara no rosto, misturada ao suor.
— Bons dias, senhor!
— Mau dia! Tem que ser você a abrir essa maldita porteira! Incumba alguém mais novo para essa tarefa. O tempo que fiquei aqui barrado daria para me assear e descansar em minha rede.
O pobre homem tocou de leve o chapéu, em sinal de entendimento. Sabia-se velho, mas queria ser útil. Os mais moços estavam na lida desde cedo adestrando cavalos, e ele, com seu canivete afiado, talhava madeiras velhas, transformando-as em réplicas de tudo que via e amava. Vivia naquela fazenda desde tenra idade. Não sabia bem como tudo começara. Era neto de escravos e seus pais ali permaneceram. Eram empregados de fazenda vizinha, e o amor colocou-os lado a lado, vivendo numa casa improvisada, um pouco afastada do lago, mas com vista admirável. Eram felizes com pouco. O trabalho era árduo, mas as noites frente à fogueira, com canções que acalentavam o coração, davam-lhes forças para prosseguir. Logo vieram os rebentos. A mulher, barriga parecendo querer estourar, não era poupada de nenhum serviço pesado. Os filhos nasciam e logo eram postos de lado para prosseguir na labuta. O mesmo aconteceu com Prudêncio. Toda a história se repetiu.
Apaixonara-se por uma moçoila da fazenda vizinha e logo estavam vivendo juntos, formando numerosa família. Alguns de seus filhos, idade feita, não se conformaram em viver ali. Queriam conhecer outros lugares, outras pessoas, queriam um modo diferente de vida.
Prudêncio os abençoava e lhes acenava em despedida. Não os prenderia. Os grilhões foram quebrados há muito. Eles eram homens livres e tinham direito de fazer a própria história.
Uma neta fora deixada para trás. Como era muito apegada à avó, que já não ia para a labuta, recusou-se veementemente a acompanhar a mãe ao destino ignorado. Não os deixaria. Amava-os demais e não conseguiria tê-los longe das vistas e do coração. Tentou demover a mãe da idéia, mas ela foi irredutível. Estava cansada de cuidar das terras dos outros, da casa que não era sua e dos filhos que não eram seus. Não existia mais mucama, mas ela assim se sentia. A menina, com o rosto banhado em lágrimas, viu a mãe partir. Ficou um bom tempo abraçada à avó, temerosa de algo acontecer à mãe e de não estar perto para protegê-la; mas a idade avançada dos avós falou mais alto.
Em seus tenros quinze anos, já era uma beleza de moça. Os longos cabelos desciam pelas costas em cascata até a cintura. Os olhos negros brilhavam como se fossem duas contas esmeramente cultivadas. Era esguia e falava pausadamente. O sorriso sempre estampado no rosto meigo completava a figura daquela doce menina. Para os avós, era um raio de sol que os aquecia mesmo nas noites frias.
A mãe conseguira matriculá-la em uma escolinha que funcionava em uma das fazendas vizinhas. Não era pouco o que tinha que caminhar para chegar até lá. Os pés descalços afundavam no barro em dias de chuva, fazendo-a escorregar e às vezes até cair, mas tudo ela via como uma grande brincadeira. Aprendera a ler e devorava os livros que lhe eram emprestados. Viajava nas histórias e delas fazia parte. Ora era uma princesa, ora um vaga-lume, ora se achava nas estrelas, ora em verdes campos espalhados na sua imaginação.
Foi uma benção dos céus seu nascimento. Há muito que aquela casa carecia de sorrisos infantis. Parecia ingênua, mas guardava sua esperteza para os momentos certos. Desde pequenina, freqüentava a casa grande em companhia da mãe, ajudando-a em pequenos afazeres. Criança por lá só tinha uma; era um menino cuidado com todo zelo e sempre cercado de empregados para satisfazer seus mais mirabolantes desejos. A menina, quando ainda muito pequena, pouco contato tivera com ele, mas, quando ninguém mais os segurava nas correrias, ficou difícil de serem alcançados. Encontravam-se nos montes de feno, esconderijo preferido dos dois. A cumplicidade entre as crianças foi imediata e logo se tornaram bons amigos. O tempo passou e ele foi levado para a cidade grande para uma formação melhor. A menina sentiu falta de seu amigo; o balanço que servia aos dois agora era só por ela levado ao alto como se quisesse mergulhar na imensidão dos céus. Ela ansiava pelas férias. Logo no primeiro dia de folga, ficava na porteira à espera de seu amiguinho; mas a vida às vezes muda seu curso e o menino, que no colégio fizera novas amizades, era convidado a conhecer novos lugares, e ela ficava a esperar inutilmente. Mergulhava cada vez mais nas histórias lidas diversas vezes e esquecia por vezes de seu amigo que não viera para brincar.
Os finais de cada ano, ela os achava maravilhosos, pois sentia uma energia diferente no ar.
Nessas festas havia a certeza de que seu amigo chegaria, pois a família não lhe permitia se ausentar nessas ocasiões tão especiais. Passaram-se cinco anos desde que a mãe partiu…
— Vó, como estou?
A mocinha rodopiava fazendo abrir os gomos da longa saia estampada, como se fosse uma linda flor em meio a um campo florido.
— Linda como nunca! Mas a que se deve essa alegria toda?
— Você esqueceu que dia é hoje? Antevéspera de Natal!
— Está feliz pela aproximação desse dia ou pela chegada de alguém?
A menina parou de rodopiar e ainda meio tonta jogou-se no colo de quem muito amava.
— Anseio pela chegada de meu amigo. Você sabe bem como me sinto só…
— E os amigos da escola? Não são seus amigos?
— Sim, vozinha, bons amigos; mas você sabe que prezo muito a amizade que tenho por Ricardo . A chegada dele é sempre um momento de alegria. Com ele viro de novo criança me escondendo nos montes de feno. Com ele corro na chuva, mergulho de roupa no lago e me balanço como nos velhos tempos, indo até as alturas.
Ela falava e seus olhos falavam junto. Era uma mocinha admirável.
A avó pegou a escova que a menina tinha deixado de lado ao rodopiar e voltou a destecer seus longos cabelos negros. Ela, impaciente, nem a deixou terminar. Ouviu uma buzina ao longe e correu como se fosse um chamado.
A fita que a avó prendeu em seus cabelos ficou ao longe. Voou livre como se fosse cúmplice daquela linda mocinha.
O avô, que vinha passo a passo para abrir a porteira, parou no meio do caminho, quando a neta passou-lhe como se fosse um furacão.
— Deixe vô, eu faço isso!
O avô ficou a olhá-la, e um sorriso desenhou-se em seu rosto. Revigorava-se cada dia com a energia exalada de sua netinha. Retornou devagar, pois o que viera fazer já tinha quem o fizesse. Ao virar-se não pode assistir ao que se desenrolava. Ao chegar perto da porteira, onde podia divisar bem o carro, a mocinha estancou ao ver quem ela tanto esperara chegar em companhia de uma bela moça. Foi como um salto da natureza em dias quentes para uma forte trovoada seguida de tempestade.
As risadas que vinham do carro, o braço dele rodeando o ombro da tal moça eram sinal de comprometimento.
Ficou estática. Suas pernas tremiam e pareciam não querer sustentá-la mais.
— Tereza, por que você está aí parada fazendo a gente esperar? Venha! Abra logo essa porteira.
Em passos morosos, Tereza fez o que lhe era mandado. Pela primeira vez, sentiu-se diferente dele. Era o filho de seu patrão e a ordem dada por ele despertou-a para essa realidade.
Com a porteira aberta, o carro tomou velocidade deixando Tereza para trás envolta na poeira.
Era um dia chuvoso sem chuva… Um dia ensolarado sem os raios solares… Um céu estrelado sem ser ponteado pelas reluzentes estrelas… Foi assim que ela se sentiu.
Uma tristeza invadiu seu ser como nunca havia acontecido. Fechou a porteira e ficou agarrada a ela como se estivesse à deriva e ela fosse sua sustentação.
Por que ele não havia falado dela? Eram tão amigos… Sempre lhe falava dos amigos da escola, dos passeios matinais e como se sentia triste com sua ausência. Ele ria e dizia nunca deixá-la. Seriam amigos para sempre. Amigos… Sim, nunca seriam mais do que isso.
Ele estudava na cidade grande e era quase um bacharel. Ela concluiu os estudos primários, e nada mais a escola poderia lhe oferecer. Não deixara de freqüentá-la. Ajudava aos que tinham dificuldades e adorava pegar nas mãozinhas pequenas para ajudá-los a contornar as primeiras letras do alfabeto. Era feliz, muito feliz. Assim se sentia até o desenrolar da tempestade daquele dia.
Voltou devagar e se aninhou no colo da avó. Essa nada perguntou. Escutara vozes e risadas e como lhe eram desconhecidas…
— Filha, não deixe se abater pela tristeza. Se ela fizer moradia em seu peito nada será como antes.
— Não será, vozinha, não será!
Nem dez minutos se passaram e uma voz forte como o soar de um trovão fê-la levantar-se.
— Tereza! Tereza! Você está se escondendo, mas tenho que falar com você.
A avó empurrou-a, dando-lhe forças para atender o tão esperado chamado.
Chegou à soleira da porta, e o rapaz elogiou-a admirado.
Como você está linda! Venha, quero lhe apresentar alguém, uma amiga de turma. Falei tanto de você que ela está ansiosa por conhecê-la.
Tereza desceu as escadas devagar, indo, mas sem querer ir.
— Você está triste? Aconteceu algo na fazenda que eu ainda não soube?
Ela negou com a cabeça, e o rapaz ficou sem entender. O que mais admirava em Tereza era sua alegria constante, sua espontaneidade, seu sorriso, mesmo quando voltava da escola cansada e com os pés enlameados. O que teria acontecido? O rapaz ficou a cismar, e Tereza se deu conta disso. Ele estava ali, era seu amigo de sempre e tudo ficara para trás.
Tereza deu uma sonora gargalhada, e caíram nos braços um do outro. A paz fora selada. As amarguras foram ladeira abaixo, como os frutos tirados das árvores e jogados do alto da montanha.
O rapaz pegou-a pela mão e conduziu-a até a casa grande onde a moça estava conversando com os pais do rapaz.
Depois de feitas as apresentações, Lídia ficou a olhar Tereza de cima a baixo.
— De fato você é como o Ricardo falou: realmente faz parte deste lugar.
Tereza ficou sem entender. Seria um elogio ou uma frase jocosa?
Ricardo quebrou a tensão, chamando-a para um passeio no lago. Iam lado a lado, mas Lídia parecia querer mostrar que era mais do que uma amiga. Puxava-o pela camisa ao encontro do seu corpo e fingia ignorar a presença de Tereza.
Ricardo parecia nada perceber. Estava entusiasmado por mostrar a sua amiga outro modo de viver.
A alegria repentina que Tereza sentira foi se esvaindo aos poucos. Sentia-se uma intrusa.
— Ricardo, já que você tem companhia, vou procurar minha avó. Eu a estava ajudando quando você me chamou.
O rapaz de pronto aceitou o argumento da moça, o que a deixou decepcionada. Ele nem insistira na sua presença. Lídia fez com que eles logo se distanciassem. Pegou-o pela mão e saiu correndo, deixando para trás quem havia se enfeitado e agora se abatia em tristeza, como não queria a avó.
Amava demais os avós, mas, pela primeira vez, desejou estar bem longe. Tirou as sandálias, pois queria sentir a terra sob os pés. Era assim desde criança. O contato com a natureza a enchia de júbilo. Ao aproximar-se da casa viu que a chamavam. Não teve pressa. Caminhou lentamente, demorando até alcançar quem a chamava.
— Tereza, preciso que me ajude a servir o almoço. Como você sabe, temos visitas e quero que tudo saia a contento.
Ela não precisava atender se não quisesse. Não era empregada da fazenda, mas lá vivia e era agradecida por isso. Lentamente como chegou, continuou indo em direção à cozinha sem perceber as marcas deixadas pelos pés.
— Essa menina é estranha… parece não ouvir, mas atende o que pedimos. Ricardo com certeza a mandou de volta querendo ficar a sós com a linda moça da cidade.
Em seus passos vagarosos, Tereza não deixou de ouvir e entendeu as insinuações maldosas.
Ele não a mandara voltar, mas quanto ao resto…
Tudo estava a contento quando o casal voltou do passeio. Os empregados, ajudados por Tereza, prepararam a mesa para a refeição com esmero. Ela já ia sair, pois deu por término o que viera fazer, mas foi impedida pelo senhor Augustus, o dono da casa e pai de Ricardo.
— Você não vai ficar e ajudar a servir o almoço? Você tem um pouco de classe, é melhor que esses xucros. Gostaria que terminasse o trabalho.
Eleonora, a esposa de Augustus, tentou interceder em favor de Tereza.
— Deixe ela ir. Não é empregada da fazenda, já nos fez o favor.
Ela nem pode terminar, o homem ficou rubro de raiva e não se conteve.
— O que ela é, então? Nossa hóspede? Tenha santa paciência!
E assim dizendo retirou-se da sala, não sem antes fazer ir ao chão a bandeja com os copos delicados cheios de fina bebida. O cristal se desfez em mil pedaços, espalhando-se pelo piso lustroso. Como eles, uma energia ruim tomou os quatro cantos da sala.
Apesar de assustada, Tereza foi tentar catar os cacos maiores, esquecendo-se de que poderia se ferir.
— Deixe, Tereza. Eu faço isso. Suas delicadas mãos nem sentirão se pedaços desses cristais finos penetrarem nelas.
Ricardo a pegava pelo braço enquanto falava, fazendo-a levantar-se. O rapaz já ia continuar o que a moça fazia, mas sua mãe, calma como sempre, pediu aos empregados que se incumbissem de tão delicada tarefa.
Um constrangimento ficou no ar, mas Lídia, que sabia jogar, não demorou em sua inércia.
Foi até Tereza, pegou suas mãos com ar preocupado.
— Deixe-me ver se há algum corte. Ricardo tem razão, poderia ter retalhado suas delicadas mãos.
Ela falava com voz macia, enternecendo a todos. Ricardo abriu um sorriso e foi em sua direção pegando sua mão, beijando-a respeitosamente.
— Você é generosa. Sua delicadeza me emociona.
Tereza não quis ouvir mais, seu coração não suportaria. Correu escada abaixo, antes que alguém visse rolar pela sua face o pranto contido. Não foi para casa. Não poderia levar para a avó o que estava sentindo. Queria se esconder, queria ficar livre de
CAPÍTULO • DOIS
Um novo tempo começa
Na casa…
— Ricardo, fiz algo errado? Só quis ver se ela havia se machucado.
— Não foi o que você fez, e sim o que meu pai falou. Ele a magoou. Tereza cresceu nesta fazenda como minha irmãzinha e não como serviçal. Desculpe Lídia, mas comece o almoço com minha mãe que já volto.
Ele nem a deixou questionar sua ação. Eleonora, sábia como sempre, pegou a moça pelo braço e, com um franco sorriso, apesar do clima, fez um comentário tentando ser harmoniosa:
— Creio que só ficamos nós duas para ingerir esses deliciosos quitutes.
Lídia concordou com um sorriso e sentiu-se, pelo menos por um momento, uma perdedora; mas tinha certeza absoluta que ainda viraria aquele jogo.
Enquanto isso, Ricardo escutava da avó de Tereza que não sabia onde a neta se encontrava e espantou-se por ela ter saído da casa grande sem ter ido para casa.
— Não se preocupe. Ainda é cedo e ela deve ter ido dar um passeio.
O rapaz sabia da saúde precária da velha senhora e não quis preocupá-la. Correu as vistas pelas extensas terras, imaginando onde Tereza estaria.
O lago. Sim, ela gostava de ficar a apreciá-lo no vaivém dos pousos das aves selvagens. Correu até lá e nada. Lembrou-se da infância, quando se escondiam para se livrarem do famoso banho sempre com muita esfrega a fim de livrá-los da lama seca. Sacudiu a cabeça afastando essa idéia. Isso acontecia na infância e não agora jovens crescidos.
Andou entre os montes de feno relembrando a infância quando viu algo inesperado: o monte de feno tinha vida.
O rapaz aproximou-se devagar e pegando um graveto que estava jogado no chão cutucou de leve o interior do monte.
— Ai! Pare! Não vê que está me machucando?
— Desculpe seu monte de feno, mas você sabe onde posso encontrar minha amiga Tereza?
— Para que você quer encontrá-la? Tem sua amiga da cidade e não precisa de mais ninguém.
— Tereza, não seja criança, saia daí ou me jogo e espalho o monte, tornando inútil o trabalho de quem o fez.
Sua aparição fez o lugar encher-se de gargalhadas. Tanto do moço quanto de quem o observava.
Tereza parecia o espantalho que tinha como função afastar as aves que bicavam os saborosos e impecáveis frutos que eram vendidos e consumidos na fazenda.
O cabelo, a roupa, o rosto, estavam cobertos de palha.
— Não ria, Ricardo! Vou me enfiar de novo no monte e só vou sair de manhã, com as primeiras estrelas.
Ricardo aproximou-se e, retirando as palhas que grudaram em seu rosto, disse-lhe delicadamente:
— Você está engraçada e por isso ri, mas palha nenhuma será capaz de esconder sua beleza.
Só então Tereza se deu conta do ato insano. O vestido feito pela avó com tanto esmero estava amassado e cheirando a mato.
— Como pude ser tão tola. Estou envergonhada… Vá, você tem visita e não fica bem deixá-la esperando.
— Queria que desculpasse meu pai pelas palavras indelicadas. Sabe como é, criado na fazenda lidando com broncos, se tornou um deles.
— Ricardo, sou cria desta fazenda.
— Perdoe-me mais uma vez. Não coloquei bem as palavras. Só quis dizer que meu pai não é mau sujeito. Está empolgado com Lídia e fez o que fez sem perceber o quanto a magoaria.
— Não importa mais. Ele tem razão. A fazenda só é hospedagem para os convidados. Se moro aqui, tenho que contribuir com tarefas. Eu é que vou pedir desculpas. Esqueci por um momento o meu lugar.
— Tereza, não fale assim. Você nunca foi tratada como empregada. Nasceu aqui, é diferente de quem é contratada para trabalhar. Não sei por que estamos falando sobre