BELEZA NEGRA - Anna Sewell
De Anna Sewell
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Sobre este e-book
Anna Sewell
Anna Sewell was born in 1820 into a Quaker family whose respect for horses was out of step with the common view of the time, that animals should be worked until they dropped. Disabled in a fall aged 14, Anna lived all her life with her parents but became an expert carriage driver and, as editor and stern critic, helped her mother, Mary Wright Sewell, become a successful author of evangelical children's books. Anna wrote Black Beauty, her only book, in the last years of her life, as a plea for more humane treatment of horses. She died in 1878, a year after the novel was published to wide acclaim.
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BELEZA NEGRA - Anna Sewell - Anna Sewell
Anna Sewell
BELEZA NEGRA
Título original:
Black Beauty
1a edição
img1.jpgIsbn: 9786558941279
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Prefácio
Prezado Leitor
Beleza Negra (Black Beauty) é uma cativante obra literária juvenil escrita no século XIX pela escritora inglesa Anna Sewell, que em função de sua dificuldade de locomoção tinha muita proximidade e afeição pelos cavalos. O livro foi publicado em 1877, e teve enorme repercussão pelo mundo, tendo sido traduzido para dezenas de países e levado às telas do cinema inúmeras vezes.
O sucesso absoluto de Beleza Negra que vendeu mais de 50 milhões de exemplares em todo o mundo, provavelmente se deve à bela história e o excelente texto da autora, além da atração que as pessoas têm pelos animais, particularmente os cavalos.
Uma excelente e deliciosa leitura.
LeBooks Editora
Sumário
Sobre a autora e obra
Capítulo 1 – MEU INÍCIO
Capítulo 2 – A CAÇADA
Capítulo 3 – COMO ME DOMARAM
Capítulo 4 – O PARQUE DE BIRTWICK
Capítulo 5 – BONS COMEÇOS
Capítulo 6 – LIBERDADE
Capítulo 7 – WASP
Capítulo 8 – MAIS FATOS DA VIDA DE WASP
Capítulo 9 – FLYING
Capítulo 10 – CONVERSA NO POMAR
Capítulo 11 – SINCERIDADES
Capítulo 12 – DIA TEMPESTUOSO
Capítulo 13 – A MARCA DO DIABO
Capítulo 14 – TIAGO HOWARD
Capítulo 15 – O VELHO COCHEIRO
Capítulo 16 – O INCÊNDIO
Capítulo 17 – TEORIAS DE JOHN
Capítulo 18 – VISITA DO MÉDICO
Capítulo 19 – IGNORÂNCIA
Capítulo 20 – ALDOUS GREEN
Capítulo 21 – SEPARAÇÃO
Capítulo 22 – A MANSÃO DO CONDE W...
Capítulo 23 – DESESPERO
Capítulo 24 – MISS ANN
Capítulo 25 – RUBENS SMITH
Capítulo 26 – DESENLACE
Capítulo 27 – DECADÊNCIA
Capítulo 28 – VIDA NOVA
Capítulo 29 – BOÇALIDADE
Capítulo 30 – O LADRÃO
Capítulo 31 – EMBUSTE
Capítulo 32 – A FEIRA
Capítulo 33 – UM CAVALO DE CAB EM LONDRES
Capítulo 34 – CAVALO DE GUERRA
Capítulo 35 – JERRY BARKER
Capítulo 36 – O CAB DE DOMINGO
Capítulo 37 – A REGRA DE OURO
Capítulo 38 – THEA
Capítulo 39 – SAMUEL
Capítulo 40 – FIM DE WASP
Capítulo 41 – O CARNICEIRO
Capítulo 42 – A ELEIÇÃO
Capítulo 43 – AMIGO
Capítulo 44 – CAPTAIN E SEU SUCESSOR
Capítulo 45 – ANO NOVO
Capítulo 46 – NOVOS DONOS
Capítulo 47 – TEMPOS DUROS
Capítulo 48 – THOROUGHGOOD E WILLIAM
Capítulo 49 – ÚLTIMA MORADA
Sobre a autora e obra
img2.jpgAnna Sewell
Anna nasceu em Great Yarmouth, Norfolk, no dia 30 de março de 1820, filha de Mary Wright Sewell, uma autora de livros infantis. Ela foi educada em uma família Quacker, e tanto Anna quanto seu irmão foram educados em casa, pela mãe, em razão da falta de dinheiro para que os dois pudessem estudar em alguma escola.
Aos quatorze anos, Anna escorregou e machucou os tornozelos gravemente. Ela não conseguia ficar em pé sem uma muleta ou caminhar pelo menor tempo que fosse, durante toda a vida. Para que tivesse mais mobilidade, ela usava carruagens puxadas por cavalos com frequência, o que contribuiu com seu amor pelos cavalos e para a preocupação sobre o tratamento que os humanos dispensavam aos animais.
Quando escreveu Beleza Negra, entre 1871 e 1877, Anna estava morando em uma pequena vila de Norfolk chamada Old Catton, onde ela faleceu, aos 58 anos no dia 25 de abril de 1877
Beleza Negra (Black Beauty) é uma obra literária juvenil escrita no século XIX pela escritora inglesa Anna Sewell. O livro foi publicado em 1877, e teve enorme repercussão pelo mundo, tendo sido traduzido para dezenas de países e levado as telas do cinema por várias vezes. O livro foi o primeiro romance inglês a ser narrado através da perspectiva de um animal, no caso um cavalo. Outros exemplos dessa abordagem foram os clássicos de Jack London: Caninos Brancos e O Chamado Selvagem, bem como Argos e seu dono de Ítalo Svevo. Títulos publicados pela LeBooks Editora.
Embora atualmente seja considerado um livro juvenil, Anna Sewell originalmente o escreveu para aqueles que trabalhavam com cavalos. Nas palavras dela: "uma motivação especial foi estimular a bondade, o carinho e um entendimento sobre como tratar corretamente os cavalos".
Considera-se que o livro teve efeito no que diz respeito à redução da crueldade com os cavalos. Como exemplo: o uso de gamarras, que são particularmente dolorosas para os animais e uma prática comum na época de publicação do livro. Nos anos seguintes, o costume desnecessário e cruel de usar as gamarras foi sendo paulatinamente abandonado.
O sucesso absoluto de Beleza Negra que vendeu mais de 50 milhões de exemplares em todo o mundo, provavelmente se deve à bela história e o excelente texto da autora, além da atração que as pessoas têm pelos animais, particularmente os cavalos.
BELEZA NEGRA
Capítulo 1 – MEU INÍCIO
O primeiro lugar de que me lembro era um campo — um pasto muito grande e bonito, com um lago margeado de árvores sombrias. À beira do lago vegetavam taboas e lírios do brejo, de flores cheirosas e alvas como a neve. Havia uma cerca; de um lado ficavam terras de cultura; do outro, a casa do meu dono, para lá de um portão que abria para a estrada. O campo ia subindo, e na parte mais alta estendia-se um bosque de pinheiros; esse campo era limitado em certo ponto por um ribeirão de barrancos escarpados.
Comecei minha vida mamando o leite de minha mãe porque não sabia ou não podia ainda alimentar-me de ervas como ela. Passava os dias correndo e pulando ao seu lado e de noite deitava-me juntinho ao seu corpo. Nas horas de calor íamos para a beira do lago e ficávamos de pé à sombra fresca das árvores; se fazia frio tínhamos um telheiro de abrigo na fímbria do bosque.
Passados uns tempos aprendi a comer capim, e já minha mãe podia ser levada ao trabalho não sei onde, só voltando ao cair da noite. Eu não vivia sozinho. Éramos sete naquele campo, mais ou menos da mesma idade — sete potrinhos, alguns já bastante desenvolvidos. Meu grande encanto consistia em correr com eles no galope; também nos mordíamos uns aos outros e nos escoiceávamos com brincalhona brutalidade.
Um dia, depois de muita disparada desse gênero, minha mãe chamou-me e falou:
— Escute bem o que vou dizer. Os potros deste campo são boas criaturas, mas muito sem modos. Bem mostram serem filhos de cavalos de puxar carroça; não possuem boas maneiras. Mas você é animal de raça fina; seu pai goza de grande fama e seu avô venceu dois grandes prêmios nas célebres corridas de Newmarket; sua avó era de gênio dócil, e a mim ninguém ainda viu brincar de coice, nem de morder. Você deve seguir o mesmo caminho e perder os maus costumes que anda a adquirir. Trate de agir em tudo como os homens mandarem e com a maior boa vontade; levante bem os pés quando no trote e nunca morda, nem dê coices. Coice, nem por brincadeira. Nada há que desmoralize tanto um cavalo.
Nunca me esqueci desses conselhos de minha mãe, uma senhora querida por todos. Seu nome era Duquesa, mas o nosso dono a tratava de minha favorita
, o que é uma expressão de carinho.
Excelente homem, o meu dono. Tratava-nos bem, dava-nos boas rações, bons cômodos para dormir e nos fazia festas — festas de tanto coração e tão carinhosas como as usadas para com os seus próprios filhos. Todos o estimávamos bastante, e minha mãe mais que ninguém. Quando o via aparecer no portão, relinchava e disparava ao seu encontro; ele dava-lhe palmadas no pescoço, dizendo: Minha velha favorita, então como vai o pretinho?
O pretinho era eu, porque meu pelo tinha um lindo tom de veludo negro. E como sempre que minha mãe corria a festejar o dono eu a seguia, dava-me ele às vezes um pedaço de pão, às vezes uma cenoura, que trazia de casa. Todos os cavalos o procuravam e festejavam, mas creio que minha mãe e eu éramos os prediletos, talvez por ser ela quem o levava à cidade nos dias de feira, a puxar um cabriolé.
Havia por lá um rapaz que todos os dias vinha ao nosso pasto colher amoras silvestres. Fartava-se à vontade e depois divertia-se
com os potrinhos. Seu divertimento consistia em espantá-los com pedradas, de modo a fazê-los correr em disparada louca. Nós não nos incomodávamos grandemente com aquilo porque tínhamos boas pernas; mas às vezes algum calhau nos atingia em ponto inconveniente e nos feria.
Certa vez o dono o apanhou nessa brincadeira. Ah! Pulou a cerca, furioso da vida, e agarrou o nosso atropelador pela orelha. Deu-lhe uns tapas muito bem dados.
— Seu grande patife! gritava. Em vez de cuidar da obrigação vem aqui maltratar os meus potrinhos. Vou acertar contas com você e pô-lo para sempre fora das minhas terras. Não quero mais nem um minuto enxergar essa cara.
Desde esse dia nunca mais vimos o Ricardo. O nosso tratador chamava-se Daniel. Era um velho tão bondoso como o dono e graças a isso a nossa vida ali corria na mais completa felicidade.
Capítulo 2 – A CAÇADA
Eu ainda não completara dois anos quando aconteceu um fato que jamais me saiu da memória. Foi no começo da primavera. Durante a noite havia caído alguma neve e de manhã um nevoeiro pairava qual véu de gaze sobre a natureza. Eu e meus companheiros estávamos a pastar junto ao lago; nisto ouvimos ao longe latidos de cães. O mais velho do grupo, e o mais sabido, ergueu a cabeça, empinou as orelhas e disse:
— Aí vêm os cães de caça! e seguiu no trote para o ponto mais alto daqueles campos, de onde se avistavam as redondezas numa grande extensão. Minha mãe e um velho cavalo de sela estavam presentes e sabiam o que aquilo significava.
— Levantaram uma lebre, explicou minha mãe. E como ela corre nesta direção, iremos assistir à caçada.
Pouco depois os cães surgiram num campo de trigo que avistávamos dali. Vinham numa fúria doida, num au, au, au
sem fim. Atrás, os cavaleiros a galope, alguns vestidos de casacos verdes. O velho cavalo de sela relinchou excitado e nós, os potrinhos, sentimo-nos tomados de uma inquietação estranha. Queríamos galopar também, representar um papel na festa. Ao alcançar a várzea, os caçadores se detiveram, enquanto os cães corriam por toda a parte farejando as moitas.
— Perderam o rasto, explicou o cavalo de sela. É possível que a lebre escape.
— Que lebre? perguntei.
— Uma lebre qualquer, talvez uma das que moram no nosso bosque de pinheiros. Qualquer lebre serve de caça para os cães e os caçadores.
Logo depois a cachorrada recomeçou o coro de aus, aus
e, de novo reunidos, retomaram a corrida na direção do nosso pasto, precisamente pela parte mais alta de um dos barrancos do ribeirão.
— Parece que vamos afinal ver a lebre, murmurou minha mãe.
Nesse momento uma lebre assustadíssima saltou à nossa frente, rumo ao bosque. Os cães seguiram-na; atrás vinham os caçadores novamente a galope. A lebre deu com a cerca e em vão tentou transpô-la; em seguida quebrou na direção da estrada. Era tarde. Os cães lançaram-se-lhe em cima. Ouvimos um grito de dor — o último do pobre animalzinho. Fora apanhado. Um dos caçadores galopou em sua direção e espantou os cães a chicotadas antes que eles a estraçalhassem. Ergueu pelas pernas a lebre morta, toda ensanguentada — e notei que a satisfação do grupo de caçadores era grande.
Fiquei tão surpreendido com aquilo que nem prestei atenção à tragédia que se estava passando à beira do ribeirão. De repente voltei a cabeça e vi uma cena dolorosa: dois cavalos caídos, um lutando com a correnteza, outro debatendo-se sobre o capim. Da água vinha saindo, coberto de lama, um homem. Outro jazia imóvel ao lado do cavalo a debater-se.
— Deve estar com o pescoço quebrado, disse minha mãe.
— Bem feito, comentou um dos potrinhos, e eu pensei o mesmo; mas minha mãe discordou.
— Oh, não! disse ela. Vocês não devem falar assim. Apesar de velha e já sabida em muitas coisas, nunca pude descobrir por que os homens gostam tanto desse estúpido divertimento. Estragam os cavalos, pisoteiam as plantações, tudo por causa de uma simples lebre, ou de um veado, que podiam perfeitamente apanhar por um sistema qualquer mais simples. Mas nós somos cavalos e eles, homens; por isso não nos entendemos uns aos outros.
Eu ouvia as palavras de minha mãe sem tirar os olhos do que se passava. Os demais caçadores vieram rodear o que caíra. O nosso dono abaixou-se para examiná-lo. Tentou erguê-lo. Sua cabeça, porém, pendeu para trás e os braços mostraram-se inertes. Todos os presentes assumiram ar grave. Cessou o palavrório, e até os cachorros se aquietaram, como se compreendessem ter acontecido algo fora do comum. O moço foi carregado dali nos braços para a vivenda do nosso dono. Soube depois que se chamava John Gordon, filho único do barão Gordon e orgulho da família.
Em seguida o grupo se dispersou; seguiram