7 Pessoas 7 Famílias
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Sobre este e-book
Carlos Quintal
Paulistano nascido nos anos 50, ao longo da vida viveu cercado de ilusões criadas, muitas vezes amadas. Desde pequeno a escrita sempre foi uma das suas loucuras e crenças para encontrar rumos na vida. Alguém que pelas palavras consegue interpretar vários estados de espírito, pois como disse Rousseau, infeliz é o homem que não muda. Através de seus personagens, por vezes vive vidas que não foram suas ou que poderiam ser.
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7 Pessoas 7 Famílias - Carlos Quintal
SETE PESSOAS
SETE FAMÍLIAS
Carlos Quintal
Carlos Quintal, um paulistano nascido nos anos 50, ao longo da vida viveu cercado de ilusões criadas, muitas vezes amadas, muitas vezes erradas. Desde pequeno a escrita sempre foi uma das suas loucuras e crenças para encontrar rumos na vida. Alguém que pelas palavras consegue interpretar vários estados de espírito, pois como disse Rousseau, infeliz é o homem que não muda. Através de seus personagens, por vezes vive vidas que não foram suas ou vidas que poderiam ter sido.
Sinopse
Nada do trem chegar. A multidão começava a ficar impaciente. Ouvia-se um murmurinho de inquietação. De repente, a escuridão. Escuridão e silêncio total. Daí a pouco as luzes de emergência foram se acendendo pouco a pouco através dos geradores da estação. Os alto falantes pediam calma e avisavam que a cidade toda sofria um blecaute. Toda cidade de São Paulo estava sem energia. Novamente um aviso, as catracas de saída seriam abertas e quem quisesse se aventurar a sair estava liberado. O aviso continuou afirmando que a cidade estava totalmente às escuras e o melhor seria esperar a normalidade com segurança. O movimento de pessoas querendo sair foi muito pouco. Alguns se valiam das luzes dos geradores e outros com seus isqueiros.
Sentiu o respirar das pessoas próximas. Ninguém ousou se mexer. Como se fosse uma grande fogueira de acampamento. Uma lanterna seria ótima para aquele momento. Mas quem iria carregar uma lanterna na bolsa ou na mochila? Uma luz de gerador próxima ao grupo passeava por seus contornos. Eduardo fez do pilar seu ponto de referência. O silêncio deu lugar a um vozerio baixinho. As pessoas próximas a Eduardo foram se ajeitando também ao lado do pilar. Entre a cabine de venda de passagens e o pilar. Os três homens, as duas estudantes e a dona de casa. Eduardo e as seis pessoas pelo canto se acomodaram. Todas em silêncio. Quieto em seu espaço, Eduardo começou a pensar em sua vida. Tudo fluía em fragmentos. Parecia que estava ali há uma eternidade.
Informações adicionais
Introdução
Em 13 de setembro de 1985 Cláudio chegou vindo do trabalho. Quase sete horas da noite. Antes de voltar para casa passou pelo Conjunto Nacional, tomou um cafezinho e comprou cigarros e jornal. Depois foi a uma loja de discos e comprou o último disco do Bruce Springsteen lançado recentemente. Chegando em casa foi direto para o toca discos quando ouviu um grito de susto vindo do quarto do casal. A bolsa de Mariana rompeu. Estava convicto que seria um menino e assim Eduardo nasceu.
Corria o ano de 2002. Como sempre fazia nos últimos meses, Eduardo acordou cedo para ir à aula do terceiro colegial. De noite cursava o preparatório para o vestibular. Mais um dia começava. Pretendia cursar direito, de preferência na universidade do Estado. Estudava em um colégio perto do Parque da Luz. Havia convencido seus pais a cursar o terceiro colegial em um colégio mais fraco e de noite fazer um curso preparatório com fama de ser bem puxado e exitoso nos vestibulares.
Nesse dia resolveu ir para o cursinho noturno direto da escola. Fez um lanche com os amigos em um bar próximo à escola, depois passearam um pouco vendo as vitrines locais. Dado um tempo, resolveram jogar futebol e retornaram para a escola.
Esse era um ano diferente. Tinha alguma coisa de diferente no ar. Eleições presidenciais. Direita e Esquerda polarizavam em suas campanhas. Os pais de Eduardo não eram muito chegados a falar e discutir assuntos políticos em casa. Cláudio trabalhava em uma construtora e para todos os efeitos apoiava quem estava no poder. Comprou a tão sonhada casa própria há poucos anos e como faltavam alguns anos de financiamento sempre votou no governo em que pode comprar e acreditava que não iria mudar nenhuma regra econômica. Tinha horror à ideia de mudar a forma de governo e prejudicar seu trabalho e seu financiamento. Mariana tinha tendências mais sociais e pendia para o outro lado. Os dois evitavam manifestar suas convicções políticas. Por sua vez, Eduardo, ainda em formação, não tinha um posicionamento consolidado. Certa vez, em uma reunião de família, ouviu de seu tio Carlos a seguinte estória.
Eu retornava de São Paulo à Brasília. Brasília estava em estado de sítio por causa da votação da Emenda Dante de Oliveira, Diretas Já. No avião que eu estava também estavam o Lula e o Genoíno. Lula de perna quebrada. Desci atrás deles. Eu, o Lula e o Genoíno. Soldados organizavam a fila única para identificação. Como se acabássemos de chegar a um país estrangeiro. Do avião até o momento em que Genoíno era o próximo da fila a identificar-se fui ouvindo a conversa dos dois e dando uma interagida de vez em quando. Foi hilário. Os três rindo e fazendo piadas do acontecimento. Como ficamos
amigos de infância, na saída do aeroporto os dois se despediram e foram embora. Minha mulher presenciou a cena da despedida e veio com perguntas. Falei com orgulho que eram meus amigos! Quando retornei à São Paulo certa vez na Bienal do Livro encontrei Genoíno liderando uma passeata de funcionários de editoras. Como foi em menos de um ano do nosso encontro histórico ele me reconheceu. Trocamos uma conversa fiada lembrando-se aquele dia. Em seguida voltei para o estande que eu estava selecionando livros e o Zé seguiu em sua passeata
.
A partir dessa reunião mostrou interesse em acompanhar a trajetória política e a vida de Lula. Mais tarde, já em 2002, Lula era o candidato mais forte em ganhar as eleições após várias tentativas mal sucedidas. Esse era um ano diferente.
1
Por volta das seis horas da tarde, depois de um cansativo jogo de futebol, ao sair da escola para ir às aulas do cursinho dirigiu-se ao metrô perto da estação ferroviária. Eduardo contemplava moradores de rua, prostitutas de todas as idades, menores fugindo da violência de suas famílias e outros tantos fartados pelo vício. Era um local perigoso e com circulação de pequenos traficantes.
Ao chegar à escada que dá acesso ao Metrô, percebeu uma multidão acima do normal que já se aglomerava pelos degraus. Chegou à plataforma com dificuldade e ao querer sair desistindo de seu embarque percebeu que era quase impossível dado o volume de gente a sua volta. As catracas foram fechadas e Eduardo ali permaneceu. Cercado por gente de tudo quanto é lado.
Quando viu uma oportunidade de encostar-se a um pilar rapidamente foi para lá. Atrás do pilar havia um canto com uma grade alta de proteção e ficava bem atrás das cabines para compra de passagem.
A multidão que havia passado pelas catracas aos poucos ia se acomodando e se espalhando pela plataforma à espera do trem. Os alto falantes a todo o momento pediam calma e explicava um problema na linha e tão logo quanto possível o tráfego seria normalizado.
Para passar o tempo, Eduardo começou a olhar sem pretensão para as pessoas próximas a ele.
Um senhor com uma expressão de cansaço e rosto marcado pelo tempo, um senhor mais jovem com um jeito meio estranho e certa ansiedade estampada em seus gestos, uma garota com cara de estudante de cursinho, outra garota, japonesa, também com cara de estudante de cursinho, uma senhora com cara de dona de casa, dessas que não perde a missa aos domingos e outro senhor. Esse de barba branca carregando uma mochila gasta pelo tempo. Intelectual descolado pensou.