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Raquel Disse (algo totalmente inesperado): Amor y Exilios
Raquel Disse (algo totalmente inesperado): Amor y Exilios
Raquel Disse (algo totalmente inesperado): Amor y Exilios
E-book115 páginas1 hora

Raquel Disse (algo totalmente inesperado): Amor y Exilios

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Sobre este e-book

Raquel Disse (algo totalmente inesperado). 


Há alguém atrás de nós que nos diz que em algum lugar há outra pessoa no mundo que vive uma vida paralela à nossa, que sente o mesmo, que pode até estar fazendo o mesmo neste momento. Mas o que acontece quando duas linhas paralelas se encontram? O impossível acontece e o que não deveria acontecer. Se a alma gêmea existe e se sentimos vontade de conhecê-la, isso não significa que a reunião facilite a vida ou nos dê soluções.

 

 

Mois Benarroch recebeu o prêmio A. Einstein de literatura 2023.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de jan. de 2023
ISBN9798215843840
Raquel Disse (algo totalmente inesperado): Amor y Exilios
Autor

Mois Benarroch

"MOIS BENARROCH es el mejor escritor sefardí mediterráneo de Israel." Haaretz, Prof. Habiba Pdaya.

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    Pré-visualização do livro

    Raquel Disse (algo totalmente inesperado) - Mois Benarroch

    Agora já sei por que vim. Não foi para escrever meu livro. Vim para ler teu livro. E então Raquel diz algo enteiramente inesperado.

    Pedro Paixao, Quase gosto da vida que tenho

    O passado é essa história que muda sem parar

    A criação de Raquel

    1.

    Jack Kerouac passou sua vida percorrendo estradas, Kafka nunca saiu de seu escritório: disse que se ficasse sem fazer nada o mundo termina ao fim por descubrirse ao seu redor. Kerouac foi buscar o mundo nos caminhos e nos mais loucos. Os dois morreram aos quarenta anos sem encontrar nada do mundo. E eu...

    Eu tenho quarenta anos e o que quero é morrer, o que quero é não seguir, o que quero é não decidir, nem entre o pensamento de Kafka e a de Kerouac, entre K e K. Nem mesmo quero não decidir nada como Kertész. Quero morrer. Estou sozinho e o mundo já não me interessa...

    Não me interessa o que escrevo, nem o que não escrevo, o que falta escrever, nem o que não irei escrever se morro hoje. Nada. O único que chegou a algo com isso com palavras, se é se acreditamos na Cábala, foi Elohim, o Jeová, que primeiro escreveu o mundo e desde o programa das palavras o criou. Mas pode-se considerar este mundo um grande êxito?

    Talvez aos que aproximam desta possibilidade, a de criar algo com as palavras, aos que se aproximam da possibilidade de ser Elohim, vem alguém e os leva a outro mundo, aos quarenta anos, como aconteceu ao cabalista Yisthak Luriah Haari, o al Baal Shem tov, e tantos outros mais, muitos, como Rabbi Nahman de Braslav, Kafka, Kerouac, que morrem aos quarenta anos, ou muito próximo, os trinta e nove ou aos quarenta e um; deve ser um número magico o dos quarenta, e eu...

    E não é que eu esteja proximo de criar um mundo, e não é que acredito ser um escritor tão bom ou místico como aos citados, não é isso, é que estou cansado de publicar livros, e não posso suportar nenhuma crítica. Se escrevem algo bom sobre um livro eu não acredito, digo a mim mesmo que não tem importância, que a rivalidade não é com um contemporâneo, a competência é com os versos dos salmos, ou com três poemas de Blake, ou um soneto de Shakespeare, mas...

    Se escrevem algo mal posso não escrever durante dias, semanas, me atiro na cama e nada pode me colocar em movimento, escrevo cartas contra do crítico, cartas terríveis, de ódio, de desencanto, digo que por culpa dele não escreverei mais.

    Não, não é contra o crítico, é contra mim mesmo, Mim Mesmo, este Mesmo que me vê e ri de mim, este Mesmo que não faz mais do que me dizer que sou um fracasso, que se não posso criar uma só página que se queime a si mesma no final do poema sou um fracasso. Todo escritor sabe isso, mas a única coisa que faz é evitar pensar nisso. Neste lapso, neste espaço no qual o escritor escapa de seu fracasso, acreditam-se nos livros. Os melhores e os piores.

    Mas não mais. Não mais. Hoje escrevo desde o fracasso, desde o fundo de minha frustração e de minha infelicidade, desde o fundo do meu tormento e de minha coragem, desde o fundo do meu mar morto.

    Porque hoje, hoje mesmo, o que quero é desaparecer, não ser, e o que quero desde todo meu ser, desde minha cabeça até as unas dos meus pés, e o que não quero é evitar este sentimento de tristeza e de depressão, o que não quero é evitar a dor, quero a dor, quero esta dor como quero respirar, preciso desta dor como como preciso de agua para viver, preciso da dor de não querer mais viver como preciso da minha pele para viver, essa dor terrível de que a vida não tem sentido nem pode ter sentido, e assim é melhor, melhor que não tenha nenhum sentido. Melhor. E por isso escrevi que não gostava. Não gosto já, diretamente, não esta bem escrito e não nos leva a nada, e não é o que penso, não é, é parte do que eu penso, eu que acreditava que dizia o que penso, a verdade, sei muito bem que é uma palhaçada, uma palhaçada, não pode-se dizer tudo, não pode-se dizer a verdade, não em literatura, pode-se tentar, mas e ¿que sentido tem isso de tentar algo em que não existe triunfo? O que quero dizer é que busco o amor, amor, que preciso de uma mulher que me ame, e estou sozinho, não só que me diga que me ame, mas também que me saiba amar, e estou sozinho. Mas não tem muito sentido em uma novela ir queixando-se de que alguém está sozinho, ¿que leitor permanecerá em um livro no qual o escritor se queixa de estar sozinho, muito sozinho no mundo? ¡E o que me importa o leitor!

    Sim, me importa o leitor. O leitor é o que importa. Por isso deveria apagar tudo isso e escrever algo mais saudável, demonstrar o que valho, demonstrar que sou um bom escritor, escrever uma historia, contar um conto, contar meu conto, dizer coisas felizes sobre minha infância, criar um mundo melhor, mas não quero nenhum mundo melhor, com o que existe ja é o suficiente.

    Não estou contra as guerras, se os homens querem se matar em guerras, pois muito bem, que o façam, acredito que os homens gostem das guerras porque é uma forma legitima de morrer, de deixar as famílias e mulheres sem serem vitimas, e se retornam é uma boa razão para enlouquecerem e deixarem a família, ou deixar o mundo, mesmo que embora estejam nele. Os escritores, os escritores bastardos, sabem muito bem escrever bestsellers contra as guerras, eu podia escrever um, mas nunca escrevi sobre guerras nem sobre armada, nem contra as guerras, nem mesmo escrevo sobre teologia. Me entedia.

    Muitas coisas me entedia, a maioria das coisas me entedia, Eu mesmo me entedia, falar do que eu sinto me entedia, podia escrever sobre as atrocidades dos israelitas e a ocupação e tornarme um osso da consciência. E não é que eu não tenha o que dizer mas me parece que os que dizem estas coisas, o que querem é vender mais livros em países cristãos. Os cristãos gostam muito dos judeus que vão contra os judeus, é normal, o primeiro cristão é um judeu que foi contra os judeus, embora, é uma coisa que os judeus fazem muito bem, que me parece muito fácil. Como nadar.

    Não pensava em escrever novamente sobre os judeus, nem sobre nenhum outro, hoje escrevo para ver ate onde podem chegar estas palavras, se sigo mudando de ritmo deste jeito poderei chegar a este momento ao que chegou Kafka ou Kerouac e veio o anjo dos escritores e os levou do mundo, se posso ser um escritor tão bom quanto eles, ou tão mal como eles, para que venham me resgatar, por isso escrevo hoje. Não estou nem a favor dos judeus nem contra dos cristãos, nem vice, nem versa.

    2.

    Era um exercicio, a verdade é que escrevia estas palavras entre duas novelas para não perder a vez. Não esperaba nada delas nem de suas verdades, simplemente é o que faz um escritor quando não tem algo melhor que escrever ou que facer, ou a quem amar. De repente começaram a surgir palavras em meu computador. Palavras que, muito claramente, não era eu quem estava escrevendo. As palavras aparecíam cada vez que deixava o computador e vinha uma frase, sempre era uma frase quando eu retornava.

    «Pois bem, não podemos lhe dar o que pede. Mas sim a possibilidade de criar.»

    «Mas, quem escreveu isso, quem entrou em meu computador? Pode que seja um vírus, mas nem mesmo estou conectado.»

    «Hoje, e somente hoje, pode criar uma pessoa.»

    «Uma pessoa, isso seria muito, embora o que eu queira seja escrever um livro.»

    «Uma pessoa que você mesmo pode escolher.»

    « Criar uma pessoa segundo minhas condições?»

    «A única condição é que esta pessoa nasça no mesmo ano na que você nasceu e na mesma cidade.»

    «Mas e porque esta condição?»

    E assim de repente deixou de responder minhas perguntas. Durante horas ia e vinha e não via nada e ninguém que

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