Teoria e experiência
()
Sobre este e-book
Relacionado a Teoria e experiência
Títulos nesta série (40)
Argumentação: a ferramenta do filosofar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA liberdade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO tempo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA história Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCorpo e mente Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO ser vivo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBoas-vindas à filosofia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPercepção e imaginação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLógica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDeus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA arte Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO bem e o mal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO outro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO sujeito do conhecimento Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA existência e a morte Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAmor e desejo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasReligião Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMatéria e espírito Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO ser humano é um ser social Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA linguagem Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTeoria e experiência Nota: 0 de 5 estrelas0 notasConsciência e memória Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs virtudes morais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs neurociências: Questões filosóficas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs paixões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO dever e seus impasses Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO conhecimento científico Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO estado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA verdade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO inconsciente Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ebooks relacionados
Quine: Linguagem e Epistemologia Naturalizada Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRealidade, linguagem e metaética em Wittgenstein Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Teoria consensual da verdade de Jürgen Habermas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAprendendo filosofia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNietzsche: Pathos artístico versus consciência moral Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCharles Sanders Peirce - A Fixação da Crença Nota: 5 de 5 estrelas5/5Vidas dos Sofistas: Ou (O Métier Sofístico Segundo Filóstrato) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Significado em Frege e Carnap Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntre Ciência e Ideologia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHegel e as artes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDarwin e a Seleção Natural Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlciphron, ou O filósofo minucioso / Siris Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCaminhos da identidade - 2ª edição: Ensaios sobre etnicidade e multiculturalismo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRousseau juiz de Jean-Jacques: Diálogos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasReflexões sobre a filosofia prática de Kant Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Cuidado De Si Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO conceito de dialética em Lukács Nota: 3 de 5 estrelas3/5O diabo e suas máscaras: A tríade infernal do desejo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTudo é enumerável: observações sobre o projeto logicista de Frege Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEscravos, Selvagens e Loucos: estudos sobre figuras da animalidade no pensamento de Nietzsche e Foucault Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEnsaios inspirados em filosofia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Alétheia Primordial E Suas Modalidades Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPresentificação e imagem: contribuições à fenomenologia da irrealidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTeoria Geral Da Insciência Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO vale da feitura da alma: O modelo pós-kleiniano da mente e suas origens poéticas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEstado e forma política Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUma torção no comunismo: Ontologia, Hermenêutica e Política em Vattimo Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Filosofia para você
Minutos de Sabedoria Nota: 5 de 5 estrelas5/5Em Busca Da Tranquilidade Interior Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sobre a brevidade da vida Nota: 4 de 5 estrelas4/5Entre a ordem e o caos: compreendendo Jordan Peterson Nota: 5 de 5 estrelas5/5A ARTE DE TER RAZÃO: 38 Estratégias para vencer qualquer debate Nota: 5 de 5 estrelas5/5São Cipriano - O Livro Da Capa De Aço Nota: 5 de 5 estrelas5/5Aprendendo a Viver Nota: 4 de 5 estrelas4/5A voz do silêncio Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Príncipe: Texto Integral Nota: 4 de 5 estrelas4/5Aristóteles: Retórica Nota: 4 de 5 estrelas4/5PLATÃO: O Mito da Caverna Nota: 5 de 5 estrelas5/5Baralho Cigano Nota: 3 de 5 estrelas3/5Mais Esperto Que O Diabo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Livro Proibido Dos Bruxos Nota: 3 de 5 estrelas3/5Além do Bem e do Mal Nota: 5 de 5 estrelas5/5Você é ansioso? Nota: 4 de 5 estrelas4/5Viver, a que se destina? Nota: 4 de 5 estrelas4/5AS DORES DO MUNDO - Schopenhauer Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA lógica e a inteligência da vida: Reflexões filosóficas para começar bem o seu dia Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Bhagavad Gita Nota: 5 de 5 estrelas5/5Curso De Mapa Astral Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPlatão: A República Nota: 4 de 5 estrelas4/5Política: Para não ser idiota Nota: 4 de 5 estrelas4/5Disciplina: Auto Disciplina, Confiança, Autoestima e Desenvolvimento Pessoal Nota: 5 de 5 estrelas5/5Os 72 Nomes De Deus Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Avaliações de Teoria e experiência
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Teoria e experiência - Marcelo Carvalho
1. A herança aristotélica
A investigação daquilo que chamamos de teoria na filosofia antiga é bastante diferente do conjunto de problemas e conceitos que passam a dominar o debate filosófico a partir do momento em que, por volta do século XVI, se consolida o projeto de uma ciência empírica, de um saber apresentado em linguagem matemática, testável e controlado
pela experiência.
Na verdade, o próprio uso do termo teoria
é bastante restrito no contexto grego antigo. Em sua origem, essa palavra nomeava quem era enviado para assistir a uma festa religiosa ou para consultar um oráculo. De maneira derivada, passa a significar também as embaixadas enviadas a outros países. Dessa referência a um tipo específico de observador, ou de ouvinte, derivaria o uso que encontramos em Platão (428/7-348/7 a.C.), que a utiliza vinculada ao vocabulário do teatro, com o sentido de espectador
, aquele que olha
, e de contemplação
. Na República, Platão fala de teoria quando caracteriza a vida dos que saíram da caverna, explicitando um sentido ético que passa a ser associado ao termo.
Aristóteles dará ao conceito uma posição central ao contrapor, na Ética nicomaqueia, a vida contemplativa (teorética
) e a vida prática. Nesse contexto o que é chamado de teórico
, para nosso estranhamento, é certo tipo de vida, o theoretikós bíos (vida teorética), que Aristóteles opõe ao politikós bíos (vida política) e ao praktikós bíos (vida prática). É com a consolidação desse uso, em sua referência à vida contemplativa, que o termo teoria
passará, no vocabulário comum, a fazer parte do debate sobre a ética, gerando forte oposição à prática ou à ação. Esse uso moral do termo mantém-se presente na oposição entre teoria e ação, ou entre teoria e prática, que encontramos ainda em nosso modo de falar (e que é relacionado, mas distinto, da oposição entre teoria e experiência).
O debate sobre conhecimento teórico
é apresentado, então, em um contexto de relações bastante diferente daquele que esperaríamos. No início do livro I da obra Metafísica, Aristóteles descreve uma hierarquia de conhecimentos segundo a qual o homem de experiência é mais sábio do que aquele que possui apenas percepções sensíveis. Já o homem que domina uma arte
(techné) é mais sábio do que o homem de experiência, pois conhece as causas de sua arte, enquanto o que só tem experiência não as conhece. Acima dessas ciências práticas, Aristóteles situa as ciências teóricas
e o homem que conhece algo de maneira teórica
. Note-se, entretanto, que o termo caracteriza aqui justamente o caráter contemplativo de certo tipo de conhecimento, valorizado por Aristóteles, em oposição àquele que tem natureza prática e produtiva, e não o que chamaríamos de estrutura teórica
, por oposição à experiência e à mera percepção. Não se trata de relacioná-los do ponto de vista de sua construção, mas de contrapô-los de uma perspectiva em grande medida moral
, por sua natureza e