As neurociências: Questões filosóficas
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As neurociências - Eduardo Kickhöfel
1. Um pouco de História da Filosofia
O problema em questão vem da Grécia, onde alguns dos primeiros filósofos, naquele tempo chamados de fisiólogos
(por procurarem conhecer a phýsis ou o princípio elementar que compunha todas as coisas), conceberam o atomismo.
Os maiores expoentes do atomismo foram Leucipo de Mileto (nascido por volta do ano 500 a.C.) e Demócrito de Abdera (460-370 a.C.). Pouco se conhece das doutrinas de Leucipo de Mileto, considerado o criador do atomismo, mas seu seguidor, Demócrito de Abdera, é suficientemente citado por Aristóteles e outros escritores antigos.
Segundo os atomistas, o mundo seria feito de interações e combinações de átomos (literalmente, elementos não cortáveis
ou indivisíveis
), em movimentos locais através do vazio. Os átomos teriam apenas as propriedades da forma, ordem e posição, sendo sólidos e indestrutíveis, e eles formariam todos os corpos. As percepções também seriam interações entre átomos, como sugere o conhecido fragmento de Demócrito: Por convenção existe o doce e por convenção o amargo, por convenção o quente, por convenção o frio, por convenção a cor; na realidade, porém, átomos e vazio
(in: Pré-socráticos. Vários tradutores. São Paulo: Nova Cultural, vol. II, 1989, p. 124. Col. Os Pensadores
).
Segundo Demócrito, os gostos seriam causados pelas texturas de átomos na língua, por exemplo, os gostos amargos, causados por átomos pontiagudos, e Aristóteles deixa claro que, para Demócrito, a alma era parte do mundo material, também formada por átomos. Supõe-se que Demócrito considerou que o pensamento também ocorria por meio de interações e combinações de átomos. Por conseguinte, o atomismo antigo concebia o homem como mais um resultado da phýsis, ou seja, da necessidade da Natureza, indiferente aos anseios e intenções dos homens.
Em oposição ao atomismo, Platão (427-347 a.C.), no diálogo intitulado Fédon, articula um discurso em que Sócrates (c. 469 a.C.-399 a.C.) recusa as explicações atomistas. Após ser condenado pelos atenienses, Sócrates se encontra preso e, na última tarde de sua vida, dialoga com seus amigos na prisão. Ao responder a Cebes se a alma é imperecível e imortal, Sócrates recorda as investigações naturais em que acreditara em sua juventude, as quais diriam as verdadeiras causas das transformações das coisas no mundo, incluindo o porquê do nascimento e da morte de cada coisa, e a razão de existirem. Sócrates aprendera a respeito de que seriam o calor e o frio, o sangue, o ar ou o fogo, ou ainda o cérebro, que dão origem às sensações do ouvido, da vista e do olfato, das quais surgiria a memória e a opinião, e, da memória e da opinião, uma vez tornadas calmas, nasceria o conhecimento (cf. Fédon 96a-b).
Confuso, Sócrates descobriu que Anaxágoras (c. 500 a.C.-428 a.C.) considerara o intelecto o princípio organizador e causa de tudo, e que só o que importa ao homem considerar, tanto em relação a si mesmo quanto a tudo o mais, é o modo melhor e mais perfeito de ser. Entretanto, ele logo descobriu que Anaxágoras considerara que a explicação das causas das coisas estava apenas no ar, no éter, na água e em uma infinidade de outras causas extravagantes. Para exprimir a confusão de Sócrates, diz Platão: Quis parecer-me que com ele acontecia como com quem começasse por declarar que tudo o que Sócrates faz é determinado pela inteligência, para depois, ao tentar apresentar a causa de cada um dos meus atos, afirmar, de início, que a razão de encontrar-me sentado agora neste lugar é ter o corpo composto de ossos e músculos, por serem os ossos duros e separados uns dos outros pelas articulações, e os músculos de tal modo constituídos que podem contrair-se e relaxar-se, e por cobrirem os ossos, juntamente com a carne e a pele que os envolvem. Sendo móveis os ossos em suas articulações, pela contração ou relaxamento dos músculos fico em condições de dobrar neste momento os membros, razão de estar agora sentado aqui com as pernas flectidas
(Fédon 98c-d, in: PLATÃO. Fédon. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: UFPA, 2011).
Essa explicação lhe parece insuficiente, pois a mesma coisa se daria, se a respeito de nossa conversação indicasse como causa a voz, o ar, os sons, e mil outras particularidades do mesmo tipo, porém esquecesse de mencionar as verdadeiras causas
(98d, idem) de sua aceitação da pena imposta pelos atenienses e recusa em fugir, como seus amigos queriam. Sócrates, assim, não recusa o atomismo, mas recusa-o ao tratar de questões humanas: Se alguém dissesse que sem ossos e músculos e tudo o mais que tenho no corpo eu não seria capaz de pôr em prática nenhuma resolução, só falaria a verdade. Porém afirmar que é por causa disso que eu faço o que faço, e que assim procedendo me valho da inteligência, mas não em virtude da escolha do melhor, é levar ao extremo a imprecisão da linguagem e revelar-se incapaz de compreender que uma coisa é a verdadeira causa, e outra, muito diferente, aquilo sem o que a causa jamais poderá ser causa
(99a-b, idem). Sócrates mostra de modo claro a questão central deste pequeno livro: a cisão entre o mundo material, sujeito à necessidade da Natureza, e o pensamento imaterial, responsável por intenções e escolhas. Como se sabe, a união entre corpo e alma em Platão é um mistério, e Sócrates escolheu morrer. Estava colocado o conflito entre necessidade e