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Contos de amor, de loucura e de morte
Contos de amor, de loucura e de morte
Contos de amor, de loucura e de morte
E-book254 páginas3 horas

Contos de amor, de loucura e de morte

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Sobre este e-book

Tudo pode ser falado de Contos de amor, de loucura e de morte, exceto que seja um livro leve.
Neste, que foi o primeiro livro de Horacio Quiroga, os contos trazem uma marca forte de horror, como um tempero das Missões.
Não, não é um livro para ler e esquecer, assim como também não é um livro para ser devorado em uma tarde morna de domingo. Quiroga tem o poder de provocar a ansiedade, a agonia e calafrios diversos, e mesmo assim o mergulho na natureza humana, ou não, é tão profundo que o desejo de conhecer o que teremos a seguir nos faz prisioneiros de sua narrativa.
Quiroga foi um gênio das weird stories, aclamado por críticos do mundo todo como um dos mestres, e nesse volume apresentamos, em dezoito contos, um pouco de sua genialidade.
 
"Havia motivos de sobra para que mamãe perdesse a pouca animação que lhe restava. Ainda que de uma serenidade à toda prova, ela tinha horror aos cachorros raivosos por causa de algo horrível que presenciou na infância. Seus nervos, já enfermos pelo céu constantemente nublado e chuvoso, provocaram-lhe verdadeiras alucinações de cachorros que entravam a galope pela porta.
O temor tinha um motivo real . Aqui, como em todo lugar onde as pessoas pobres têm muito mais cachorros do que podem manter, as casas são todas cercadas por cachorros famintos. Os perigos do ofício — um tiro ou uma pedrada — provocam neles um verdadeiro comportamento de feras. Avançam lentos, agachados, com os músculos flácidos. Seus passos jamais são percebidos. Roubam — se a palavra tem sentido aqui — o quanto a fome atroz lhes exige. Ao menor rumor, não fogem porque isso faria barulho, mas afastam-se devagar, dobrando as patas. Ao chegar ao pasto, agacham-se e esperam assim, tranquilamente, meia ou uma hora, para avançar de novo.
Por isso, a ansiedade de minha mãe, pois sendo a nossa casa uma das tantas vigiadas por eles, estávamos sempre ameaçados pela visita dos cães raivosos, que lembrariam o caminho noturno". — O cão raivoso.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de abr. de 2024
ISBN9786598313401
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    Contos de amor, de loucura e de morte - Horacio Quiroga

    Sobre o autor

    Por Júlia Kohlrausch da Rosa

    Ten fe ciega no en tu capacidad para el triunfo, sino en el ardor con que lo deseas. Ama a tu arte como a tu novia, dándole todo tu corazón.

    — Horacio Quiroga

    Uma vida tumultuosa e carregada de tragédia foi precursora para uma escrita melancólica, natural e brutal, encerrando-se durante a madrugada de 19 de fevereiro de 1937, em um hospital de Buenos Aires. Quiroga encurtou sua vida ao tirá-la com as próprias mãos aos 58 anos. O contista nutria um fascínio pela natureza humana, explorando os limites da loucura, da mortalidade e do fantástico em seus contos e novelas. Seus textos são caracterizados por uma escrita realista, mas muitas vezes fantasiosa, representando a dualidade da mente e da alma humana, marcados pelo uso da banalidade como rotineiro.

    Horacio Silvestre Quiroga Forteza nasceu em 31 de dezembro de 1878 em Salto, no Uruguai. Cresceu com três irmãos, filhos de mãe uruguaia e pai argentino. Viveu maior parte de sua vida na Argentina, onde posteriormente foi consagrado por críticos como Fernando Aínsa e Leonor Fleming, assim como o público geral, como um dos melhores contistas latino-americanos.

    O primeiro contato de Quiroga com a morte foi aos seus dois meses e meio, quando perdeu o pai devido a um acidente de caça, um prefácio para os momentos de luto e dor que o influenciariam mais tarde. Sua infância e estudos foram marcados por mudanças constantes, inicialmente dividindo-se entre Salto e Córdoba. Mais tarde especializou-se na universidade de Montevidéu, para onde se mudou após a mãe casar novamente. Apesar de não haver confirmações de que seja diretamente relacionado com a situação, em um de seus contos, Nosso primeiro cigarro, podemos encontrar uma narrativa com tons de hostilidade contra a substituição de uma figura paterna.

    Poucos anos se passaram após a mudança para Montevidéu quando Quiroga deparou-se, novamente, com a perda. Foi ele quem encontrou o cadáver do padrasto, que tirou a própria vida diante da dificuldade de viver paraplégico, acionando uma escopeta com o dedo do pé. O incidente serviria de base para um estilo marcante na escrita do uruguaio, com relatos lúgubres recorrentes, explícitos e macabros.

    Toda essa experiência, porém, não o desmotivou. Com três amigos, forma um grupo literário com foco na leitura e na escrita de poemas. Neste meio-tempo, redigiu diversas colunas para La revista e La reforma. Em 1898, apaixonou-se por María Esther Juskowski, uma paixão que não rendeu frutos devido às oposições das famílias. María foi a paixonite de sua adolescência e o grande amor de sua vida, experiência que serviu como inspiração para o conto Uma estação de amor.

    Apesar da tentativa frustrada nos relacionamentos, uma variável constante em seus relacionamentos se manteve: o nome María. O primeiro casamento de Horacio foi com Ana María, e seu segundo, com María Elena.

    Em 1902, a presença da morte retorna de forma angustiante para assombrar o escritor. Em visita a Federico Ferrando, soube que o irmão desse havia adquirido uma nova pistola, Laofucheux, calibre 12 mm. Com algum conhecimento sobre armas, Quiroga pretendia demonstrar seu funcionamento, tomando-a de suas mãos para examiná-la, simulando a postura correta de disparo, apontando-a para frente. Héctor, irmão de Federico, sabendo que a pistola estava carregada, alerta para que Quiroga tivesse cuidado e, em susto, acaba acionando o gatilho, disparando contra o amigo, que morreu em seus braços. Esse incidente afetou Quiroga em seu íntimo mais profundo, despertando uma imensa sensação de culpa.

    Em busca de refúgio, Horacio parte para Buenos Aires. A mudança de país foi uma decisão repentina, mas não demorou para a cidadania argentina deixada pelo pai ser assumida. Fez do país sua casa até seus últimos momentos. Lá, embarcou para Misiones, uma terra de selvas exuberantes. Encontrou inspiração nas paisagens e na vida dos trabalhadores rurais, transformando-as em uma base inesgotável para suas histórias, onde a natureza muitas vezes participa ativamente como personagem, impiedosa, cruel e indomável.

    Casou-se com Ana María Cires em 1909, deixando Buenos Aires para trás para viverem nas terras das Misiones, isolando-se da sociedade. Com ela, teve dois filhos, Eglé e Darío, e os ensinou a desbravar a natureza, cuidar dos animais e a atirar. Ela, porém, não se adaptou às dificuldades, ao isolamento e à solidão em que viviam, o assunto tornou-se desentendimentos constantes entre o casal até que, por fim, Ana María se suicidou. Ao ingerir uma forte dose de veneno, sofreu uma morte marcada pela agonia e a corrosão interna em 1915. Quiroga a velou em San Ignacio. Voltou para Buenos Aires com os filhos, trabalhando no consulado geral do Uruguai e, em 1918, publicou Contos da Selva.

    Em 1917, é apontado como contador no Consulado Geral do Uruguai, através de indicações de amigos. Neste mesmo ano, publicou Contos de Amor, de Loucura e de Morte. Seus últimos dez anos de vida foram compartilhados com María Elena Bravo e a filha de mesmo nome, apelidada de Pitoca. O governo uruguaio se tornou mais rígido, seus amigos foram afastados de seus cargos e seu trabalho no consulado atraiu mais olhares. Novamente, Quiroga procurou o isolamento na selva, retornando às Misiones com María Elena e a filha, mas manteve o cargo por mais alguns anos, até ser destituído após a queda do parlamento uruguaio.

    Assim como Ana María, María Elena não se adapta ao isolamento, as brigas recomeçam e a crise conjugal chega a seu ápice quando ela retorna a Buenos Aires com a filha. Nesse mesmo ano, em setembro, Quiroga é forçado a retornar à civilização para internar-se no Hospital de Clínicas, onde foi assistido pela filha com dedicação.

    Quiroga encerra sua vida de forma tão turbulenta quanto viveu, transformando o amor em dor. Seus contos surgiram de suas experiências mais conturbadas, um grito de renúncia à sociedade para mostrar o conflito interno entre o humano, o animal e a natureza. Suicidou-se em 1937 ingerindo uma dose letal de cianeto, ao receber o diagnóstico de um câncer não-tratável. Sua história com mortes trágicas, porém, não terminou por aí. Seus três filhos seguiram o mesmo destino do pai: o suicídio.

    Horacio Quiroga foi velado na Casa do Teatro, a sede da Sociedade Argentina de Escritores, e suas cinzas foram levadas para Salto. Entretanto, seu legado mórbido não se encerrou após a morte, mas foi eternizado em suas obras complexas e profundas que exploram os abismos da alma humana, cativando e fascinando leitores até hoje.

    Sobre essa obra

    Por Taty Guedes

    Originalmente publicado em 1917, Contos de amor, de loucura e de morte é a obra mais famosa do autor uruguaio Horácio Quiroga, conhecido por seus livros com temática de fantasia e horror, ao estilo de Edgar Allan Poe. Os contos neste livro variam entre o cruel, o fantástico e o grotesco. O célebre A galinha degolada, talvez o mais arrepiante conto da obra, também marca presença.

    Aqui, Quiroga nos leva por um tortuoso caminho de emoções complexas. Acompanhamos os flertes e a formação de alguns casais, bem como a ruína de outros. Há traição, há doenças físicas e mentais. Vício em substâncias. Cachorros raivosos e cavalos que conversam entre si. Há contos que nos deixam sem reação, outros em que somos tomados por um sobressalto, incapazes de prever o que os personagens farão. Mas precisamos alertar vocês, leitores, de que a jornada vai exigir estômago forte; não é um livro para nos fazer esquecer das dores da vida. É uma obra para quem gosta de horrores.

    Quiroga viveu na região de las Misiones, que ocupa parte do norte da Argentina, do Uruguai e do Rio Grande do Sul. Encontramos As Missões muito presentes em muitos dos contos, com sua vegetação, habitantes e costumes típicos dessa região servindo de cenário ou mesmo de personagem. Nesta edição, buscamos o máximo possível manter todas essas referências com o uso de termos locais d’As Missões.

    Este é um trabalho feito a muitas mãos e corações, e esperamos que vocês gostem da leitura.

    Uma estação de amor

    Traduzido por Letícia Maia

    Primavera

    Era terça-feira de Carnaval. Nébel acabava de entrar no desfile e já escurecia. Enquanto abria um pacote de serpentinas, olhou o carro à frente. Ficou surpreso ao ver um rosto que não tinha visto na tarde anterior e perguntou aos colegas:

    — Quem é? Não é nada feia.

    — É um demônio! É lindíssima. Acredito que seja sobrinha, ou coisa assim, do doutor Arrizabalaga. Chegou ontem, acho…

    Nébel, então, cravou os olhos na bela criatura. Era uma moça ainda muito jovem, não deveria ter mais de catorze anos. Completamente núbil. Tinha o cabelo muito escuro, o rosto de um brancura extrema, de um branco mate e liso que é patrimônio exclusivo das peles muito delicadas. Grandes olhos azuis coadunados entre as têmporas e envoltos por negros cílios. Por acaso um pouco separados, o que dava, sob uma fronte macia, um ar de nobreza ou grande teimosia. Contudo, os olhos preenchiam o semblante de quem ainda desabrocha com a luz de sua beleza. E Nébel, ao sentir por um momento que eles o olhavam de volta, ficou deslumbrado.

    — Que encanto! — murmurou, ficando imóvel com um joelho sobre o estofado do banco do veículo.

    Logo depois, as serpentinas voavam para a vitória. Os dois carros já estavam entrelaçados por uma ponte suspensa de fitas. E a garota que o provocava sorria de vez em quando ao galante rapaz.

    Aquilo, porém, chegava a ser falta de respeito com as pessoas, com o condutor e até com a carruagem: sobre o ombro, a cabeça, o chicote, os paralamas, as serpentinas choviam sem parar. Tanto que as duas pessoas sentadas atrás se viraram e, apesar de sorrindo, examinaram atentamente o esbanjador.

    — Quem são? — perguntou Nébel em voz baixa.

    — O doutor Arrizabalaga, tenho certeza de que você não o conhece. A outra é a mãe de sua garota. Cunhada do doutor.

    Como após o observado, Arrizabalaga e a senhora sorriram um ao outro honestamente diante daquela demonstração de juventude. Nébel se sentiu no dever de cumprimentá-los, ao que o terceto respondeu com jovial condescendência.

    Esse foi o início de um idílio que durou três meses, e ao que Nébel se deu conta de quanto de adoração cabia em sua apaixonada adolescência. Enquanto durou o desfile, e em Concórdia ele se prolonga por muitas horas, Nébel resistiu incansavelmente com o braço para frente, tanto que o punho da camisa se soltou e dançava sobre a sua mão.

    No dia seguinte a cena se repetiu; e como esta vez o desfile retomava à noite com uma batalha de flores, Nébel acabou com quatro cestas imensas de flores em um quarto de hora. Arrizabalaga e a senhora riram, virando às vezes para olhar, e a jovem não tirava os olhos de Nébel. Este deu uma olhada desesperada para as cestas vazias, mas sobre o estofado do veículo ainda tinha um pobre ramo de perpétuas e jasmins. Nébel pulou com ele sobre a roda do carro, quase deslocando um tornozelo e correndo para a vitória, radiante, empapado de suor e com entusiasmo na flor dos olhos, estendeu o ramo à jovem. Ela procurou outro atordoadamente, mas não tinha. Seus acompanhantes riam.

    — Mas que louca! — falou a mãe, apontando para o peito da moça. — Tem um aí!

    A carruagem arrancava rápido. Nébel, que havia descido aflito, correu, alcançou o ramo que a jovem lhe estendia com o corpo quase fora do carro.

    Nébel havia chegado três dias antes de Buenos Aires, onde concluía o ensino secundário. Havia permanecido lá por sete anos, de modo que seu conhecimento da sociedade atual de Concórdia era mínimo. Devia ficar ainda quinze dias na sua cidade natal, desfrutados em pleno sossego de alma e de corpo. E aí, já no segundo dia, perdia toda a serenidade. Porém, em troca, que encanto!

    — Que encanto! — repetia para si mesmo, pensando naquele raio de luz, flor e carne feminina que havia chegado até ele de carruagem. Encontrava-se real e profundamente deslumbrado, e apaixonado com certeza.

    E se ela o quisesse! Se o amava? Nébel, para se convencer, confiava mais na vontade marcante com que a jovem havia buscado algo para lhe dar do que no ramo do peito dela. Ele evocava claramente o brilho dos olhos dela quando o viu chegar correndo, a inquieta expectativa com que o esperou e, por outro lado, a ternura do jovem peito ao entregar-lhe o ramo.

    E agora acabou! No dia seguinte, ela iria a Montevidéu. Que importava a Nébel o resto? Concórdia, seus amigos de antes e até o próprio pai? Iria com ela pelo menos até Buenos Aires.

    Fizeram, de fato, a viagem juntos, durante a qual Nébel chegou ao mais alto grau de paixão que pode alcançar um romântico rapaz de dezoito anos, que se sente amado. A mãe acolheu o quase infantil romance com complacência afável e ria com frequência ao vê-los falando pouco, sorrindo sem parar e se olhando infinitamente.

    A despedida foi rápida, pois Nébel não quis perder o último vestígio de sanidade que ainda tinha encurtado na corrida atrás dela.

    Voltariam a Concórdia no inverno, talvez por uma temporada. Ele iria? Oh, se não volto!. E enquanto se afastava, demorou-se pela doca, virando-se a cada momento para vê-la; ela apoiada na borda, com a cabeça um pouco baixa, o seguia com os olhos, enquanto os marinheiros na prancha sorriam da paquera e do vestido curto da tão nova namorada.

    Verão

    Em treze de junho, Nébel voltou a Concórdia e, apesar de saber desde o primeiro momento que Lídia estava ali, passou a semana inteira sem se inquietar nem um pouco por ela. Quatro meses é um longo período para uma paixão relâmpago. E se no fundo de sua alma restava algum resquício, alcançava somente para esbarrar com seu amor-próprio. Sentia, sim, curiosidade de vê-la. Mas um trivial incidente perfurou sua vaidade. No primeiro domingo, Nébel, como todo bom rapaz do povoado, esperou na esquina a saída da missa. Enfim, com a cabeça erguida e olhando para a frente, Lídia e a mãe passaram por último entre a fileira de mancebos.

    Nébel, ao vê-la outra vez, sentiu que seus olhos se dilataram para absorver toda a plenitude da figura bruscamente adorada. Esperou com ansiedade quase dolorosa o instante em que os olhos dela, em um súbito esplendor de surpresa, o reconhecessem entre o grupo.

    Contudo, ela passou, com o olhar frio, fixo adiante.

    — Parece que não se lembra mais de você — disse um amigo que ao seu lado havia acompanhado o incidente.

    — Não muito — sorriu ele. — E é uma pena, porque gostava mesmo da menina.

    Porém, quando ficou sozinho, chorou de sua desgraça. E agora, que havia voltado a vê-la! Como? Como a havia amado sempre! Ele acreditava que não lembrava mais! E tudo acabado! Pá, pá, pá! — Repetia sem perceber, como costume de menino — Puff! Tudo acabado!

    De repente, pensou: e se ela não me viu?… Claro! Mas claro! Seu rosto se animou outra vez, acolhendo uma convicção como essa, profunda e razoável.

    Às três da tarde, ele batia na casa do doutor Arrizabalaga. Sua ideia era simples: consultaria o advogado com qualquer pretexto, e por acaso poderia vê-la. Uma súbita corrida pelo quintal respondeu a campainha, e Lídia, para segurar o impulso teve que se agarrar violentamente à porta de vidro. Viu Nébel e soltou uma exclamação. Escondendo com os braços a simplicidade das roupas domésticas, fugiu depressa.

    Um segundo depois, a mãe abria o escritório e acolhia o antigo conhecido com maior complacência do que quatro meses antes. Nébel não cabia em si de alegria, e como a senhora não parecia se inquietar com as preocupações jurídicas de Nébel, este também preferiu um

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