Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

A partir de $11.99/mês após o período de teste gratuito. Cancele quando quiser.

23 minutos
23 minutos
23 minutos
E-book266 páginas3 horas

23 minutos

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Hugo vive uma vida pacata na cidade de Pedra Redonda, interior de Goias. Ao voltar de uma comemoração antecipada de seu aniversário de 18 anos, o jovem se depara com uma figura oculta atrás de um poste. Desconfiado, tenta fugir, mas a figura revela-se um homem nervoso, com uma arma na mão, que aponta para Hugo e dispara.
Desnorteado e atônito, Hugo acorda 23 minutos depois, e se questiona se ainda está vivo ou se tudo aquilo é parte de sua "passagem". Ao se ver em meio àquilo que imagina ser a cena de seu assassinato, ele descobre que a arma do crime continua no chão e a leva consigo para casa.
A partir daquele dia, Hugo passa a experienciar o mesmo acontecimento todas as noites. Sempre no mesmo horário, por 23 minutos, não importando o lugar em que estiver, Hugo morre e volta à vida. Enquanto aprende a lidar – e a esconder – sua nova realidade, o jovem parte em uma jornada para entender não só o que está acontecendo, mas também quem ele realmente é e o que o futuro reserva para ele.
São várias as perguntas que ficam na cabeça do garoto. Quais os motivos levariam um homem misterioso a atirar em uma vítima indefesa? Por que Hugo voltou à vida? Será seu destino reviver a morte para sempre e sofrer até o fim dos tempos?
"Waldson usa as palavras como instrumento afiado para evocar emoções adormecidas dentro da gente." – Stefano Volp, autor de Homens pretos (não) choram e O beijo do rio"
IdiomaPortuguês
Data de lançamento19 de ago. de 2024
ISBN9786560051331
23 minutos

Relacionado a 23 minutos

Ebooks relacionados

Filmes de suspense para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de 23 minutos

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    23 minutos - Waldson Souza

    Capítulo 1

    Era minha última chance. O cronômetro finalizava a contagem, e precisei agir antes que o tempo acabasse. Lucas e eu estávamos naquele momento de apreensão em que cada um tentava antecipar o próximo movimento do outro e, ao mesmo tempo, qualquer coisa poderia acontecer. Minha vida estava prestes a acabar. Pensei em desistir, mas não era uma opção. Por isso, me concentrei em usar aquele último recurso da melhor forma possível. Acertar aquele golpe de magia potente seria a solução para diminuir a diferença e vencer. Era tudo ou nada.

    Girei a alavanca e apertei alguns botões. Lucas fez o mesmo com tanta vontade que seu braço esquerdo esbarrou em mim. A mudança das luzes na tela cravou o resultado da partida antes mesmo que nossos cérebros pudessem entender.

    — Não — falei, quase gritando. — Que mentira!

    Saí de perto da máquina de fliperama e de Lucas, que já estava se vangloriando.

    — Cara, eu sou muito bom com o Iori — comemorou ele, me seguindo.

    Olhei para o relógio pendurado em uma das paredes. Haviam se passado quase três horas desde que Nicole fora embora, e nós tínhamos jurado que jogaríamos apenas mais uma ou duas partidas, mas acabamos comprando mais fichas do que deveríamos.

    — Já são quase nove da noite — falei. — Minha mãe vai me matar.

    — Hoje não. — Lucas riu. — Ela não faria isso um dia antes do seu aniversário.

    — É melhor eu não abusar da sorte. Vamos embora.

    Lucas lançou um olhar triste para o fliperama, simulando uma despedida dolorosa. Como ele ganhou de mim, poderia continuar jogando, mas precisávamos mesmo ir.

    O dia tinha sido maravilhoso. Não havia jeito melhor de comemorar meu aniversário. Passei a tarde quase toda com Lucas e Nicole, com direito a lanches e sorvetes pagos por eles. Depois, nós três fomos jogar.

    — Que horas isso aqui fecha mesmo? — perguntou Lucas enquanto tirávamos nossas bicicletas do bicicletário em frente ao fliperama.

    Percebi que nunca havia pensado naquilo, pois nunca tinha ficado lá até tão tarde.

    — Não sei, acho que umas dez da noite.

    Subimos nas bicicletas e começamos a fazer o caminho de volta para nosso bairro, acompanhando os carros que cortavam a noite.

    — Só vou entregar seu presente na segunda — disse Lucas, e repetiu algo que tinha dito mais cedo: — Minha mãe diz que dá azar entregar antes.

    — Tudo bem, não precisa se preocupar.

    Pedalávamos lado a lado, o que seria um problema caso um de nós dois perdesse o equilíbrio, mas estávamos acostumados.

    Fizemos o trajeto juntos por uns dez minutos até chegarmos à rua onde nos separávamos. Nossas casas eram relativamente próximas, ficavam em quadras vizinhas. Quando nos aproximamos do balão, começamos a nos despedir.

    — Entra no MSN mais tarde — falei.

    — Pode deixar!

    Lucas virou à direita.

    — Hugo! — gritou ele antes que estivesse longe demais. Olhei para trás sorrindo e o vi me dando tchau com uma das mãos, enquanto a outra se mantinha firme no guidão. — Feliz aniversário!

    Eu só precisava pedalar por mais cinco ruas. Um trajeto que fiz incontáveis vezes, voltando de diferentes lugares, nos mais variados horários, mas principalmente vindo da escola, do fliperama e da casa do Lucas. Esses lugares eram os três pilares sobre os quais minha rotina se construía. As ruas de Pedra Redonda, Goiás, atravessavam minha história. Tudo era familiar: as casas dispostas sem qualquer padrão, muitas delas com cerca de arame farpado, os terrenos baldios cheios de mato e entulho, as quadras mais centrais com pavimentação. Então, não. Eu não estava com medo de passar pelo poste com a lâmpada queimada.

    A prefeitura estava demorando para resolver aquilo, já estava assim havia semanas. O poste sem luz ficava na rua antes da minha e deixava escura aquela parte do trajeto. Apesar de não ter medo, eu sempre apressava as pedaladas. Só por precau­ção. Estava na rua sozinho, não havia outras pessoas ou carros passando. Mesmo sendo um sábado à noite, a movimentação era maior no centro. Pedra Redonda era uma cidade pequena, comum, chata e que seguia à risca seus horários. Eu estava tranquilo. Logo chegaria em casa e poderia aproveitar a desculpa do meu aniversário para passar o resto da noite no computador e dormir tarde.

    Continuei pedalando, mas antes que pudesse aumentar o ritmo, um rapaz saiu de trás do poste apagado. Não consegui vê-lo de longe, ou teria dado um jeito de desviar. Mas eu estava perto demais para dar meia-volta, perto a ponto de ver o braço direito dele apontando na minha direção.

    Assustado, freei a bicicleta e quase caí. Tentar fugir seria imprudência. Não que eu estivesse raciocinando na hora. Eu queria fugir. Foi o medo que me congelou.

    — Desce da bicicleta!

    Não lembro se pedi calma ou implorei para que ele não fizesse aquilo. A única coisa que senti foi a dor no lado direito do peito, perto do ombro, e caí para trás com o impacto do tiro. Fiquei estirado no chão, com a perna ainda meio presa na bicicleta. A dor era tão dilacerante que parecia se espalhar pelo corpo todo. Minha carne perfurada pulsava, e comecei a sentir a camiseta ficando encharcada. O cheiro de sangue era muito forte e me deixou enjoado. Tudo isso ao mesmo tempo.

    O pior era saber que eu estava morrendo.

    Sei que tentei me mexer, talvez me arrastar para algum lugar. Instinto. O desejo de me apegar ao último fio de vida. Minha cabeça girava, tudo estava embaçado. A escuridão também me impedia de enxergar. Meu pensamento mais recorrente era o de que eu precisava dar um jeito de avisar à minha família, para que eles pelo menos soubessem onde eu estava.

    Não sei se fiquei um ou dez minutos no chão, mas deve ter sido algo rápido. Vi o rapaz se aproximando. Ele olhou no meu rosto e parecia procurar algo, esperar algo. Minha visão estava tão turva que tive a impressão de ver a sombra dele se mexendo, um vulto logo atrás de suas costas, como se também esperasse por algo. Mas aquilo não fazia o menor sentido. Era noite, o poste sem luz não formaria sombra.

    — Merda! — exclamou o rapaz me olhando agonizar. — Morre logo.

    Era uma súplica. A voz dele tinha certo tom de desespero.

    Tentei perguntar por que ele não pegava minha bicicleta e ia embora.

    — Foi mal, mas eu preciso terminar logo com isso — disse o rapaz. — Depois é só matar alguém.

    Ele apontou a arma para mim de novo. Dessa vez, mais perto, ele conseguiu mirá-la bem no meu rosto. Tão perto que eu poderia tocá-la. Tão perto que eu podia ouvir a respiração ofegante dele.

    O segundo tiro.

    Sem prenúncio do fim, tudo se apagou, como se não houvesse mais postes funcionando no planeta. O mundo inteiro escureceu, não só aquele trecho onde meu corpo estava estirado. E não houve nada. Nem pensamento. Nem dor. Só o fim.

    Capítulo 2

    Abri os olhos e tossi quando o ar invadiu meus pulmões. A sensação foi a de emergir de dentro d’água, apesar de sentir que eu estava em um ambiente seco. Mas estive, sim, submerso em um oceano de escuridão e vazio. Eu havia morrido. Houve medo e dor. Por que, então, meus olhos estavam abertos? Me sentei, olhei em volta na escuridão e toquei meu peito. Senti minha camiseta molhada, mas não havia ferida alguma ali, só um pequeno incômodo onde a bala tinha entrado — como se o músculo estivesse dolorido. Depois ergui a mão, toquei minha testa e percebi que o local também estava intacto. Minha cabeça doía um pouco, mas nada muito sério. Fiquei um tempo sentado, refletindo. A memória do rapaz atirando em mim era vívida demais para duvidar de sua veracidade. Porém, sem explicação para estar ali respirando, comecei a pensar que devia ter sido um sonho. Eu desmaiara no meio do caminho e acabara tendo aquele pesadelo estranho.

    Mas não conseguia acreditar nisso por um simples motivo: eu senti tudo.

    Eu me levantei e olhei em volta. O mau cheiro era insuportável. Não sabia como tinha ido parar naquela construção abandonada. Havia algumas paredes e parte do telhado de pé, mas o resto da casa estava destruída. Ou melhor, em processo de destruição. Ela precisaria de mais alguns apedrejamentos e chutes de jovens desocupados para terminar de ruir por completo.

    Minha camiseta continuava molhada. O sangue era visível mesmo com a pouca luz que vinha da rua. Ele estava em todo o meu peito e em parte das minhas costas. Não havia secado, então era recente. Aquela era uma comprovação de que o ferimento existira.

    A segunda coisa que me chamou a atenção foi que tinha um revólver perto de mim. Fiquei um tempo encarando a arma no chão e concluí que foi com ela que me mataram. Ou tentaram. O cara a deixara ali, mas eu não conseguia imaginar o motivo. Talvez para se livrar da prova do crime.

    Minha bicicleta também fora largada perto do que restava da porta de entrada. Eu jurava que aquilo tudo tinha sido apenas um assalto. Então, por que a bicicleta estava ali? De qualquer forma, por mais que eu tentasse juntar os pedaços, nada explicava o fato de eu estar vivo. Eu tinha certeza de que havia morrido.

    Percebi que estava ali havia muito tempo e me dei conta de que minha família devia estar preocupada, então decidi sair da casa abandonada, deixando a arma para trás. Não queria ser encontrado com ela. Do lado de fora, percebi que conhecia o lugar. A casa ficava na rua abaixo da minha e havia sido abandonada alguns anos antes porque os donos se meteram numa confusão e foram ameaçados de morte. Cheguei a estudar com a filha deles.

    Em seguida, me veio o pensamento de que alguém na vizinhança poderia ter escutado os tiros. Então, apesar de a rua estar vazia, a melhor coisa a se fazer era me afastar dali o quanto antes. Não podia arriscar que a polícia ou alguém aparecesse.

    Pedalei até minha casa, tão rápido que quase perdi o equilíbrio quando passei por cima de uma pedra. Eu procurava respostas, sem encontrar explicação racional, e minha cabeça parecia que ia explodir com tantos pensamentos. Eu morrera ou tivera alucinações? Entretanto, mais importante do que compreender o que aconteceu era não ser visto perto da cena de um possível crime. Eu queria evitar perguntas, mesmo sendo a vítima, porque não tinha respostas e não queria que acabasse sobrando para mim. Pedalei o mais rápido que consegui, sabendo que logo estaria seguro dentro de casa. Não passei por ninguém no caminho.

    Parei em frente ao portão. Eu teria que entrar em silêncio, não podia deixar meus pais me verem com a roupa suja de sangue e poeira. O caminhão, que não cabia na garagem, estava estacionado na frente da casa, então meu pai já chegara do trabalho. Olhei o relógio. 21h40. Havia passado cerca de meia hora desde que me despedira de Lucas. Para completar, estava encrencado por ter demorado.

    Abri o portão com cuidado para não fazer barulho, ele sempre rangia quando era aberto muito rápido. Passei com minha bicicleta bem devagar, torcendo para meus pais não ouvirem. Deixei a bicicleta encostada no muro, fechei o portão com o mesmo cuidado e contornei a casa para entrar pela cozinha. A televisão estava ligada, mas, pelo horário, meus pais já deviam estar cochilando no sofá — o que era melhor ainda.

    A cozinha estava vazia, então passei rapidamente por ela. Parei apenas para pegar uma sacola plástica e fui quase correndo para o banheiro.

    Apoiei as mãos na pia, respirando ofegante. Ainda não era hora de pensar, precisava tomar um banho.

    Tirei a roupa suja de sangue e a coloquei dentro da sacola. Encarei meu reflexo no espelho e só então pude ver a quantidade de sangue na minha testa e no meu cabelo. Toquei o sangue, esfreguei a ponta dos dedos para sentir a textura e depois as aproximei do nariz para cheirar. Encostei o indicador na ponta da língua. O gosto também era real.

    Quando liguei o chuveiro, ouvi minha mãe falando da sala.

    — Hugo? É você?

    — Sim, mãe. Acabei de chegar.

    — E isso é hora, menino? — gritou ela. Fiquei calado. — Vamos conversar.

    — Sim, senhora.

    Não era sempre que eu chamava minha mãe de senhora, mas em alguns momentos era importante reforçar o respeito.

    A água quente do chuveiro levou o sangue e a terra, como se ambos fossem a mesma coisa. Meu coração e meus pulmões voltaram ao ritmo normal, mas minha mente ainda estava acelerada e confusa. Tudo estava nítido. Não dava para ignorar o sangue na roupa e a arma que deixei na casa abandonada. Como escapei sem nem um arranhão? Observei a água com sabão escorrer pelo meu peito. Não havia marca de perfuração na minha pele.

    Saí do banheiro enrolado em uma toalha, mas antes me certifiquei de que não tinha deixado nenhuma mancha vermelha nos azulejos. No meu quarto, amarrei bem a sacola com a roupa suja e a joguei debaixo da cama. Ninguém a encontraria ali.

    Felizmente, não precisava dividir o quarto com meu irmão. Meu quarto não era lá grande coisa, mas eu passava muito tempo nele. Ainda mais depois que meus pais deixaram o computador ficar ali. Eu só precisei prometer que não o usaria até tarde sem permissão nem tiraria notas ruins.

    — Meu filho, por que você chegou tão tarde? — perguntou minha mãe, aparecendo na porta do quarto. A voz dela estava mais calma.

    — Desculpa, mãe. Eu tava me divertindo tanto no fliperama que não vi o tempo passar. Não vai se repetir.

    Ela não precisava saber que comprei mais fichas mesmo depois de perceber que estava ficando tarde. Muito menos de tudo o que aconteceu depois.

    — Tudo bem — aquiesceu ela. — Só vou perdoar porque amanhã é seu aniversário.

    Abri um sorriso, agradecido. Ver minha mãe me tranquilizou. Eu quase dei um abraço nela, mas não quis fazer nada que parecesse estranho. Se eu a abraçasse, provavelmente começaria a chorar; ainda estava apavorado.

    — Ah, tem comida no fogão, é só esquentar. Depois vai falar com seu pai, ele chegou do trabalho.

    — Pode deixar.

    Quando ela saiu, liguei o computador. Certamente não contaria aos meus pais o que tinha acontecido, mas será que eu devia contar para o Lucas? Não sei se ele acreditaria em mim. Talvez fosse melhor esconder de todos, dele e de Nicole, pelo menos até eu ter certeza de tudo.

    Liguei o computador e esperei o Windows XP iniciar. A primeira coisa que fiz foi colocar para tocar um álbum, que tinha baixado na noite anterior, e abrir o MSN. Fui até a sala para dar um abraço no meu pai e depois segui até a cozinha para esquentar minha comida. Só então percebi como estava faminto. Voltei para o quarto e Lucas começou a mandar mensagem enquanto eu comia.

    Conversamos trivialidades. Não tive coragem de falar sobre a minha possível morte, da qual eu tinha cada vez mais certeza. Acontecera, eu só não tinha uma explicação. Duvidar seria pior. Aquilo era algo difícil de ignorar. Eu não conseguia me esquecer da sensação de morrer. Tinha que haver alguma explicação para o fato de eu estar ali respirando.

    Capítulo 3

    E claro que considerei magia. Que fã de filmes de fantasia e ficção científica não faria isso? Se eu queria que o sobrenatural fosse real? Sim. Se eu queria que acontecesse comigo? Não.

    Acordei no dia seguinte com um barulho em casa. Quando meu pai não estava na estrada, sempre levantava antes de todo mundo e começava a fazer barulho. Nos fins de semana, eu costumava acordar por volta das dez horas, mas naquele dia saí da cama quase meio-dia. Minhas coxas estavam doloridas por causa do esforço de pedalar para chegar em casa o mais rápido possível. Sem falar que morrer deveria causar um desgaste extra, não?

    Saí do quarto e senti cheiro de comida. Minha mãe estava fazendo o almoço.

    — Feliz aniversário! — disse ela, alongando algumas sílabas, quase cantando.

    — Obrigado, mãe!

    Ela me abraçou bem forte, seu corpo estava quente por causa da proximidade com o fogão. Dei uma espiada em uma das panelas, o cheiro estava maravilhoso.

    — Você vai tomar café ou vai esperar o almoço? — perguntou ela.

    Uma grande decisão a ser tomada por quem acorda em um horário intermediário entre as duas refeições.

    — Acho que vou esperar o almoço.

    Deixei minha mãe terminando as tarefas e fui em direção ao quintal falar com meu pai. Era comum que ele passasse dias seguidos longe por causa do trabalho, mas quando estava em casa sempre cuidava com muito carinho das plantas do nosso quintal. Eu o encontrei regando-as com uma mangueira.

    — Ah, olha ele aí! Finalmente — disse meu pai quando me viu. — Quase fui lá

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1