A Reacao de Maillard Nos Alimentos e Medicamentos 2009 61pp
A Reacao de Maillard Nos Alimentos e Medicamentos 2009 61pp
A Reacao de Maillard Nos Alimentos e Medicamentos 2009 61pp
Maillard
nos
Alimentos e Medicamentos
2009
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
A Reação de Maillard
nos Alimentos e Medicamentos
01 – Introdução
02 – A química da reação de Maillard
03 – Formação do N–Glicosídeo: Aldose/Cetose + Grupo amina
04 – Rearranjo de Amadori
05 – Degradação de Strecker
06 – Formação da Acrilamida via degradação de Strecker da Metionina
07 – Fluxograma da reação de Maillard
08 – Melanoidinas de Maillard e Substâncias Húmicas
09 – Reação intrínseca de Maillard em produtos farmacêuticos
10 – Reação de Maillard no leite e derivados
11 – Reação de Maillard no Café
12 – Reações de Maillard no Colágeno do Cristalino
13 – Inibidores da Reação de Maillard: promovendo a saúde
14 – A estrutura química do aroma e do sabor dos alimentos
1
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
1 – Introdução
1
Maillard, L.-C., Action des acides amines sur les sucres; formation de melanoidines par voie méthodique,
Compt. Rend. Acad. Sci. Ser. 2, 154, 66-68 (1912).
2
Existem apenas três dissacarídeos com abundante ocorrência natural de importância para o metabolismo de
plantas e animais: lactose (leite), sacarose (plantas verdes) e trehalose ou “açúcar dos cogumelos” (fungos e
insetos). Maltose não é encontrada na natureza, mas é produzido pela hidrólise do amido (goma). Fonte: Metzler,
David E., Biochemistry: The Chemical Reactions of Living Cells, 2nd Ed. vols. 1, 2 Elsevier, Academic Press
(2001).
2
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
O O NH2 O O O
H3C H2N HO
OH H3C OH HN NH OH OH OH
NH2 NH2 NH2 O NH2 O NH2
L-Alanina Ácido L-Aminobutírico L-Arginina L-Asparagina Ácido L-Aspártico
(Ala) (Abu) (Arg) (Asn) (Asp)
O
O O O NH2 O
O N
OH
HS OH HO OH O OH H2N
OH N NH2
NH2 NH2 NH2
H
L-Cisteina Ácido L-Glutâmico L-Glutamina Glicina L-Histidina
(Cys) (Glu) (Gln) (Gly) (His)
O CH3 O O O O
HS H3C H3C H2N S
OH OH OH OH H3 C OH
NH2 NH2 CH3 NH2 NH2 NH2
L-Homocisteina L-Isoleucina L-Leucina L-Lisina L-Metionina
(Hcy) (Ile) (Leu) (Lys) (Met)
O O O O O
H3C
H3C OH OH H2N OH OH OH
NH2 N
NH2 NH2 NH2
H
L-Norleucina L-Norvalina L-Ornitina L-Fenilalanina L-Prolina
(Nle) (Nva) (Orn) (Phe) (Pre)
O CH3 O O O CH3 O
HO OH HO OH OH OH H3C OH
NH2 NH2 NH2 NH2 NH2
NH HO
L-Serina L-Treonina L-Triptofano L-Tirosina L-Valina
(Ser) (Thr) (Trp) (Tyr) (Val)
3
Glomb, Marcus A., and Pfahler, C.: Synthesis of 1-deoxy-D-erythro-hexo-2,3-diulose, a major hexose Maillard
intermediate, Carbohydrate Research 329 515–523 (2000).
3
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
4
Monnier, V. M.; Sell, D. R.; Wu, X., and Rutter, K.: The prospects of health and longevity from the inhibition
of the Maillard reaction in vivo, International Congress Series 1245, 9-19 (2002); Graham, L., Biochimica et
Biophysica Acta, 1297, 9-16 (1996); Araki, N., Shibayama, R., Ejima, Y., Nagai, R., Araki, T., Saya, H.,
Horiuchi, S., International Congress Series 1223 49-58 (2001).
5
Thornalley, Paul J.: Biochemistry of Advanced Glycation Endproduct generation and its inhibition, in:
SYMPOSIUM “Advanced Glycation End Products (AGEs)” May 12 – 14, 2000, Jena, Germany
4
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
Termina redutor
HO OH
OH O OH
2 1 HO O O H
O β H H
HO O OH OH α
1 4 OH OH
3 O
1 4 HO OH
OH HO HO
HO
Ligação α−1,4-glicosídica
Ligação β−1,4-glicosídica
β-D-Galactose α-D-Glicose α-D-Glicose α-D-Glicose
α−Lactose: Maltose:
4-O-α−D-Glicopiranosil-β−D-glicopiranose
O-β−D-Galactopiranosil-(1,4)-α−D-glicopiranose
OH
O H HO
HO OH O
HO H α-D-Glicose O OH
1 1 α 1
α HO
HO OH OH O
O Ligação 1α,2β− HO
OH
O β glicosídica Ligação α,α−glicosídica
H HO 2 HO
HO β-D-Frutose α-D-Glicose α-D-Glicose
OH H OH α,α−Trehalose:
Sacarose: α−D-Glicopiranosil-α−D-glicopiranosideo
β−D-Frutofuranosil-α−D-glicopiranosideo
β
OH OH O O
1 6
OH CH2
O β HO 3 1 OH H O
HO 2 OH 5
HO O HO HO 4 2
O HO 1 H
1 4 HO 3
OH OH OH
Ligação β−1,4-glicosídica Ligação β−1,6-glicosídica OH
β-D-Glicose β-D-Glicose β-D-Glicose β-D-Glicose
Celobiose: Gentiobiose:
4-O-β−D-Glicopiranosil-D-glicose 6-O-β−D-Glicopiranosil-D-glicose
Figura 2 – Estrutura química de alguns dissacarídeos: Lactose (leite), sacarose (plantas verdes)
e trehalose (fungos e insetos) são os três dissacarídeos com abundante ocorrência natural
fundamentais para o metabolismo de plantas e animais (a maltose, açúcar do Malte, é um
produto da hidrólise do amido; tem 1/3 do poder adoçante da sacarose). Note que sacarose e
trehalose são açúcares não-redutores, pois o grupo redutor do monossacarídeo foi usado na
ligação glicosídica. Esses dissacarídeos não sofrem mutarrotação em solução e nem reduzem o
reagente de Fehling. Dissacarídeos não-redutores reagem apenas após hidrólise. Os demais
são hemiacetais e portanto açucares redutores. A celobiose é obtida através da hidrólise da
celulose, é desprovida de qualquer sabor e é indigesta para humanos. Trehalose tem um sabor
distinto, mas gentiobiose é amarga. Fonte: deMan, John M., Principles of Food Chemistry, 3rd
Ed., Aspen Publishers, Inc. Gaithersburg, Maryland (1999).
6
Fatima, S.; Jairajpuri, D. S., and Saleemuddin, M.: A procedure for the rapid screening of Maillard reaction
inhibitors, J. Biochem. Biophys. Methods, 70, 958–965 (2008).
5
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
HO
O O O OH OH
CH3
H3C CH3
+ + +
H N N H N H N OH +
N N N N
H H H H
HN HN HN N
H
H2N O O
H2N O H2N O H2N
HO HO HO OH
Argpirimidina
G-Arg MG-Arg 3DG-Arg (2MG + Arginina)
7
Vlassara, H., Brownlee, M., & Cerami, A., J. Exp. Med. 160, 197-207 (1984)
8
Pirralina (ε-2-(formil-5-hidroximetil-pirrol-1-il)-L-norleucina) é um produto avançado da reação de Maillard
derivado da reação de glicose com o grupo amina da lisina presente nas proteínas .
6
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que tanto o CML quanto a Pentosidina se formam a partir de uma ampla gama de
carboidratos, incluindo glicose, ascorbato, pentoses e tetroses, sugerindo um
intermediário comum. 9
1 1 OH
R R H 2 1 1
R R H H R H H OH
N N N N N
N H N N N N N
2 2
HO N HO H R R OH
2 N N HO OH
N R N
H3C OH
HO
HO
Glicosepane OH DOGDIC MODIC GODIC +
N
R N
1 1 1 1 R
R R R R
N N + H Crosslines
N OH N H
N
+ + HOCH2 +
N N
N 1 N 2 Crossline-A: [C9 R]
1 R 1 N R
R CH3 R
HO R = (CH2)CH(NH2)COOH
GOLD MOLD DOLD Pentosidine
Crossline-B: [C9 S]
NH2 NH2 R = (CH2)CH(NH2)COOH
HOOC
HOOC N COOH N COOH
H H
O
CML: Nε-Carboxi-metil Lisina CEL: Nε-Carboxi-etil Lisina
R1 = H2N
OH
Lys Lys OH
+ + Lysine (Lys) NH2
N H3C N
HOCH2 CHO + NH2 O
N N
HO N HO N N R2 =
Lys HN NH OH
R
Lys Lys Lys
Arginine (Arg) NH2
Pirralina Vesperlisinas A, B e C
Figura 4 – Estrutura de alguns dos principais compostos avançados que formam uma rede de
ligações cruzadas covalentes com as proteínas. MOLD = metilglioxal-lisina dímero; GOLD =
glioxal-lisina dímero (a lente do cristalino do olho humano atacado pela catarata, há níveis
9
Reddy, S.; Bichler, J.; Wells-Knecht, K. J.; Thorpe, S. R., and Baynes, J W.: Nε−(Carboxymethy1)lysine is a
Dominant Advanced Glycation End Product (AGE) Antigen in Tissue Proteins? Biochemistry, 34, 10872-10878
(1995)
10
Cooper, Mark E.; Bonnet, F.; Oldfield, M., and Jandeleit-Dahm, K.: Mechanisms of Diabetic Vasculopathy:
An Overview, Amer. J. Hypertension, 14, 475–486 (2001).
7
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
11
Silván, José M; Lagemaat, J. van de; Olano, A., and Castillo, M. Dolores del: Analysis and biological
properties of amino acid derivates formed by Maillard reaction in foods, J. Pharmaceutical and Biomedical
Analysis, 41, 1543-1551 (2006); Bailey, Allen J.; Paul, R. Gordon, and Knott, L.: Mechanisms of maturation and
ageing of collagen, Mech. Ageing Dev., 106, 1–56 (1998);
12
Bucala, R., Cerami, A., Adv. Pharmacology, 23, 1-34 (1992); Karachalias, N., Babaei-Jadidi, R., Ahmed, N.,
and Thornalley, P. J.: Accumulation of fructosyl-lysine and advanced glycation end products in the kidney, retina
and peripheral nerve of streptozotocin-induced diabetic rats, Biochem. Soc. Transactions, 31, 1423-1425 (2003).
13
Reihl, O.; Biemel, K. M.; Lederer, M. O., and Schwack, W.: Pyridinium-carbaldehyde: active Maillard reaction
product from the reaction of hexoses with lysine residues, Carbohydrate Research 339, 705–714 (2004).
8
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
O
NH2
6 H2N H
CH2OH O CH2OH OH OH OH
HO 1 HO ∗ N
HO ∗ H HO
CH=O (Lys) NH2 OH OH
OH OH OH ∗ O
- H2O HO
OH
D-Glicose Aldose
HO
NH
NH2
C NH2
NH2 H2N N Hε OH
N
H OH
N H 1 ∗ OH O
Aminoguanidine O
OH ∗ OH N O
N O
− 4H2O OH
O NH2 6
HO N NH2 H HO Didesoxiosona
L-Lisina Aminotriazina: N6-[4-(3-amino-1,2,4
-triazin-5-il)-2,3-di-hidroxibutil]-L-lisine
Ataque
− H2O intramolecular
do εN ao C6=O
N H NH2 O
N HO
HO N O HN NH OH 1
HO
N OH ∗ +
NH2 N
HO
NH2
NH2 Arginine (Arg) 6
O
Glicosepane L-Arginina OH
Aldimina
O
9
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
14
Na etapa inicial da reação de Maillard, glicose reage com uma amina para formar a base de Schiff, a qual se
rearranja para o produto de Amadori (ver Fig. 2). A base de Schiff é muito susceptível à oxidação e produção de
radicais livres, o que leva à formação de oxaldeidos, glioxal e metilglioxal, ou seja, a assim chamada rota de
Namiki da reação de Maillard. Esta forma da glicoxidação também pode provir da autoxidação da glicose
catalisada por metais, que leva à formação de glioxal e arabinose. D-glicosona se decompõe rapidamente em
ribulose e por isso não é observada in vivo. Nesse processo, H2O2 é liberado. Essa é a chamada rota de Wolff da
reação de Maillard e é um processo importante in vitro, observado durante incubação de longa duração de
proteínas com açúcares redutores em tampão fosfato. É atribuído à presença de íons dos sais de Cu2+ e Fe3+,
contaminantes de todos os tampões baseados em fosfato. Fonte: Monnier, Vincent M.: Intervention against the
Maillard reaction in vivo, Arch. Biochem. Bioph., 419 1–15 (2003). A rota de Hodge é a via clássica da reação de
Maillard, na qual a base de Schiff reversível e os produtos de Amadori se rearranjam gradualmente resultando
em modificações químicas permanentes em proteínas. Fonte: Metz, T. O.; Alderson, N. L.; Thorpe, S. R., and
Baynes, John W., Pyridoxamine, an inhibitor of advanced glycation and lipoxidation reactions: a novel therapy
for treatment of diabetic complications, Arch. Biochem. Biophys., 419, 41-49 (2003).
15
Litchfeld, John E.; Thorpea, Suzanne R., and Baynes, John W.: Oxygen is not required for the browning and
crosslinking of protein by pentoses: relevance to Maillard reactions in vivo, International J. Biochem. & Cell
Biol., 31 1297-1305 (1999)
16
Um açúcar redutor é capaz de reduzir determinados agentes oxidantes, dois dos quais são usados em métodos
analíticos. Um é o sulfato de cobre alcalino (CuSO4 em tartarato de sódio e potássio – solução de Fehling) ou
cloroamina-T (CH3C6H4SO2NClH). Um açúcar com um grupo aldeído, cetona, hemi-acetal ou um hemicetal é
um açúcar redutor. Sem um desses grupos, é um açúcar não-redutor.
17
Montgomery, M. W. and Day, E. A., J. Food Sci., 30, 828-832 (1965).
10
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
18
Hodge, J. E.: Chemistry of browning reactions in model systems J. Agric. Food Chem., 1, 928-943 (1953).
Agricultural and Food Chemistry, 1(15), 928–943.
19
Carboidrados não redutores tais como manitol, sacarose e trehalose não sofrem a reação de Maillard.
20
Ashoor, S. H. and Zent, J. B., J. Food Sci., 49, 1206-1207 (1984).
21
Ames, Jennifer M.: Applications of the Maillard reaction in the food industry, Food Chemistry, 62, 431-439
(1998)
11
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
Figura 6 – Primeiras etapas da reação de Maillard: Um açúcar redutor (seu tautômero cíclico
está em equilíbrio com sua forma aldeídica, –CHO, mais reativa) e um aminoácido primário
reagem com perda de uma molécula de água para formar uma imina (base de Schiff) a qual
sofre ciclização dando a D-glicosamina. Os anômeros alfa e beta do N-glicosídeo existem no
equilíbrio (mutarrotação) 22 como resultado de uma isomerização por catálise ácida, via o íon
imônio.
4 – Rearranjo de Amadori 23
CH2OH CH2OH CH2OH
H OH Rearranjo H H
H OH OH Enolização
HO de Amadori HO HO
+ N N
HO N HO HO CH2R
CH2R CH2
OH CH2R
O H+ H O
H
Íon imônio 1,2-Enolamina 1-amino-1-desoxicetose:
Produto de Amadori
CH2OH CH2OH
H H CH2OH H
OH O2 OH O2
HO N HO N OH HO N CH2R
HO
CH2 CH2R CH2 CH2R
OH +
O O
OH OH O O
Enol α-Dicarbonila
Figura 7 – Ao invés de ciclizar, o íon imônio sob catálise alcalina, poderá sofrer o rearranjo de
Amadori, formando o produto de Amadori. Enolização e clivagem oxidativa da aminocetose
(ou produto de Amadori) formam vários produtos de pesos moleculares inferiores.
22
A D-Glicose em solução aquosa produz, por mutarrotação, uma mistura equilibrada de anômeros nas formas
α e β. A D-glicose de cadeia aberta está em equilíbrio com os dois hemiacetais cíclicos e duas formas
furanosídicas (ao todo, 4 tautômeros). Devido à reatividade química do grupo aldeído da forma aberta, a glicose
existe em solução aquosa nesta forma numa diminuta quantidade (0,0026%) que reage formando β−D-glicose a
qual existe no equilíbrio numa quantidade duas vezes maior (64%) que a α−D-glicose (36%). É a forma aberta
que reage com grupos amina de aminoácidos e proteínas presentes nos alimentos. Logo que o grupo aldeído
reage, o equilíbrio se desloca para formar mais D-glicose de cadeia aberta, que continua reagindo até o consumo
total dos reagentes. α−D-glicose e β−D-glicose como sólidos cristalinos possuem rotação especifica +112,2º e
+18,7º respectivamente e diferem entre si na solubilidade, forma cristalina, higroscopicidade e poder adoçante.
Quando dissolvidos em água a rotação especifica de ambos gradualmente se converte ao valor de +52,7º, que
corresponde à rotação especifica da mistura em equilíbrio. Essa mudança na rotação especifica é chamada de
mutarrotação. Fontes: Bruice, Paula Y., Organic Chemistry, 4th Ed. (2003).
CH2OH O CH2OH O
CH2OH OH
HO
H HO HO OH β (equatorial)
HO CH=O HO
OH HO OH OH
HO α (axial) A conformação da β-D-Glicose é mais estável
H
α-D-Glicose 0,0026% β-D-Glicose que a α-D-Glicose; há mais espaço para
(36%) (64%) substituintes em equatorial que em axial.
CH2OH Mutarrotação CH2OH Para surpresa geral, na formação da
HO C H O OH HO C H D-glicose a configuração que se forma
O preferencialmente é o α−Glicosídeo
OH OH (substituinte em axial: é o efeito anomérico.
Furanosideo
OH
CH2 OH O CH2 OH O
0,14% HO HO OCH2 CH3
OH OH HO
H
HO
OH OH
OCH2 CH3 H
Um α−Glicosídeo Um β−Glicosídeo
23
M. Amadori, Atti Accad. Nazl. Lincei, 2 (6), 337 (1925)
12
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
24
Martins, Sara I. F. S.; Jongen, Wim M. F. and van Boekel, Martinus A. J. S.: A review of Maillard reaction in
food and implications to kinetic modelling, Trends in Food Science & Technology 11, 364-373 (2001)
25
Cetoses, como a frutose, reagem com amines para formar aldosaminas, isto é conhecido como a reação de
Heyns: [Heyns, K.; Stute, R., and Paulsen, H.: Braunungsreaktionen und Fragmentierungen von Kohlenhydraten.
Die flüchtigen Abbauprodukte der Pyrolyse von D-Glucose, C arbohydrate Res., 2, 13249 (1966)].
13
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
N N CH3 N CH3
CH3
O O
HN Calor durante o N NH2
OH cozimento
+ N OH
N
NH2 H2N CH3
N
26
Nome químico: N-(Aminoiminomethyl)-N-methylglycine; fórmula molecular: C4H7N3O =113.1; CAS: 60-27-
5. Substância endógena encontrada principalmente nos músculos esqueletais dos vertebrados. Investiga-se seu
uso terapêutico no tratamento de um grupo de desordens degenerativas progressivas que afetam os neurônios
motores no cérebro e da medula espinhal (doença motora dos neurônios; exemplo: esclerose lateral amiotrófica
ou doença de Lou Gehrig), da distrofia muscular de Duchenne e da doença de Huntington (Martindale: The
Complete Drug Reference, 2007 The Pharmaceutical Press).
O
HN
N OH
H2 N CH3
Creatinina
27
Skog, K. I.; Johansson, M. A. E., and Jägerstad, M. I., Carcinogenic heterocyclic amines in model systems and
cooked foods: A review on formation, occurrence and intake, Food Chem. Toxicol., 36, 879-896 (1998).
14
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
no vinho. Seu principal precursor é a creatinina, aminoácidos livres e açúcares. Sua formação
aumenta com o aumento da temperatura e tempo de cozimento
CYP450−Monooxi-
O
genase dependente
HO
Epoxi-
hidrolase OH (+)-BaP-7,8-diol−
9,10-epóxido−2
O
HO
(+)-BaP-7,8-Epóxido
OH O
8 4
7 6 5 O
CYP450−Monooxi-
Benzo[a]pireno, BaP genase dependente
CYP450−Monooxi- HO
genase dependente OH (+)-BaP-7,8-diol−
Epoxi- 9,10-epóxido−1
hidrolase
HO O
OH
(+)-BaP-7,8− CYP450−Monooxi-
O diidrodiol
(−)-BaP-7,8-Epóxido genase dependente HO
OH (−)-BaP-7,8-diol−
9,10-epóxido−2
28
Schut, H. A., J. and Snyderwine, E. G., DNA adducts of heterocyclic amine food mutagens: implications for
mutagenesis and carcinogenesis. Carcinogenesis, 20, 353-368 (1999).
29
Turesky, R. J.; Lang, N. P.; Butler, M. A.; Teitel, C. H., and Kadlubar, F. F.: Metabolic activation of
carcinogenic heterocyclic aromatic amines by human liver and colon, Carcinogenesis, 12, 1839-1845 (1991).
15
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
5 – Degradação de Strecker
30
Rojas, M.; Cascorbi, I.; Alexandrov, K.; Kriek, E.; Auburtin, G.; Mayer, L.; Kopp-Schneider, A.; Roots, I. and
Bartsch, H.: Modulation of benzo[a]pyrene diolepoxide-DNA adduct levels in human white blood cells by
CYP1A1, GSTM1 and GSTT1 polymorphism. Carcinogenesis, 21, 35-41 (2000).
31
Ledl, F. und Schleicher, E., Angew. Chem.102, 597-626 (1990)
32
Ames, Jennifer M.: Applications of the Maillard reaction in the food industry, Food Chemistry, 62, 431-439
(1998)
33
Hayase, F.; Takahashi, Y.; Sasaki, S.; Shizuuchi, S., and Watanabe, H.: 3-Deoxyosone-related advanced
glycation end products in foods and biological systems, International Congress Series, 1245, 217–221 (2002)
16
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
CH2OH H CH2 OH
O H
OH OH
HO N
CH2 R + R
OH
HO N
CH2 R
- CO 2
O O NH2 O N R
α-Dicarbonila Aminoácido
CH2 OH CH2 OH O O H
H H CH2 OH
OH H2 O OH H
HO N HO N R H OH
HO N
CH2 R CH2 R + CH2 R
N N H O
HO H O NH2
O
H2O: Aldeido de
R R O Strecker Aminocetona:
Autocondensação
H
forma Pirazinas
34
Flament, Ivon; Coffee Flavor Chemistry, John Wiley & Sons, Ltd., England (2002)
17
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
H3C S H2O:
H3C S
CH3 O O R1 N N
S
OH + O R1 H R1
OO - CO2
NH2 O R2 HO
H
R2 R2
Metionina α-Dicarbonila
H2 O NH O + O
H R1 H R2
O Metional Aminocetona:
H R2 (Aldeido de Strecker) Autocondensação
forma Pirazinas
R1 R2
O NH3 O O + CH3SH + NH3 +
H2N HO H O O
Acrilamida Acroleina
Há mais de 150 anos a batata frita constitui talvez o mais popular petisco do
mundo. Recentemente, pesquisadores da Swedish Food Safety Agency (órgão da
vigilância sanitária Sueca) anunciaram num relatório a presença da acrilamida (Fig.
13) em alimentos fritos e supercozidos, em especial a batata frita (níveis de 30-2300
μg/kg), tendo causado grande expectativa tanto entre cientistas da área de alimentos
quanto consumidores, em vista da acrilamida se encontrar na lista dos agentes
suspeitos de carcinogenicidade 37 . Além de causar câncer em animais, também
causa lesão ao Sistema Nervoso e afeta o sistema reprodutivo. Como a acrilamida
não foi detectada em alimentos cozidos na água, acredita-se que seu aparecimento
se deva às altas temperaturas da fritura a que são submetidos os alimentos,
35
Stadler, R. H., Blank, I.; Varga, N.; Robert, F.; Hau, J.; Guy, F. A.; Robert, M. C.; Riediker, S., Acrylamide
from Maillard reaction products, Nature 419, 449-450 (2002)
36
Dickson, S.; Heenam, M.; Caiens, S.; Sage, H.; Bergmak, E. 9th Annual Report on Carcinogens. TIAFT
Abstracts 035 (1999); Coughlin, L. 116th Annual International AOAC Meeting, Los Angeles, CA., USA (2002).
37
Tareke, E.; Rydberg, P.; Karlsson, P.; Eriksson, S. and Törnqvist, M.: Analysis of Acrylamide, a Carcinogen
Formed in Heated Foodstuffs, J. Agric Food Chem., 50, 4998 –5006 (2002).
18
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
38
As assim chamadas reações de acastanhamento de Maillard, para diferenciá-la daquela catalisada por enzima
que freqüentemente acontece com notável rapidez em frutos e vegetais recentemente cortados, como maçãs e
batatas (fonte: Fennema, Owen R., 1996).
39
Pedreschi, F.; Kaack, K.; Granby., K., Lebensm.-Wiss. u.-Technol. April 2004 (in press)
40
Mottram, D. S.; Wedzicha, B. L.; Dodson, A. T., Acrylamide is formed in the Maillard reaction, Nature, 419,
448 (2002).
41
Stadler, R.H., Blank, I., Varga, N., Robert, F., Hau, J., Guy, P.A. , Robert, M-C, Riediker, S., Acrylamide from
Maillard reaction products, Nature, 419, 449-450 (2002).
42
Friedman, M.: Food browning and its prevention: an overview, J. Agric. Food Chem., 44, 631-653 (1996).
43
Ames, Jennifer M.: Applications of the Maillard reaction in the food industry, Food Chemistry, 62, 431-439
(1998)
44
Stadler, R. H.; Blank, I.; Varga, N.; Robert, F.; Hau, J.; Guy, P.A.; Robert, M-C.; Riediker, S., Acrylamide
from Maillard reaction products, Nature, 419, 449-450 (2002).
19
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
H N H N N
HO HO H OH
HO HO Ox
NH2 O N
OH OH OH N OH
OH - 2H2O OH
O H2N N HO N OH
CH2 OH CH2 OH
OH H2C OH H2C
N H N H OH H
CH2 R N
CH2 R
CH2R
α-Amino-cetonas Condensação Pirazina
45
Yanagimoto, K., Lee, K.-G., Ochi, H., Shibamoto, T., International Congress Series 1245, 335–340 (2002)
46
Flament, I., Chevalier, C., Chem. Ind. 592-596 (1988).
47
Exemplo de ligações cruzadas entre compostos α-dicarbonílicos e o aminoácido das proteínas (Fennema, O.
R., 1996):
P-NH2 + OHC-CH2-CHO P-N=CH-CH2-CH=N-P
Proteina Malonaldeido Ligações cruzadas
20
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
48
Slatter, David A.; Avery, N. C., and Bailey, A. J.: Collagen in its fibrillar state is protected from glycation, Int
J. Biochem. Cell Biol., 40, 2253-2263 (2008).
49
Nagaraj, Ram H.; Sarkar, P.; Mally, A.; Biemel, K. M.; Lederer, M. O., and Padayattia, P. S.: Effect of
pyridoxamine on chemical modification of proteins by carbonyls in diabetic rats: characterization of a major
product from the reaction of pyridoxamine and methylglyoxal, Arch. Biochem.Biophys., 402 110–119 (2002).
50
Daniel, S.; Reto, M. and Fred, Z., Cosmetics and Toiletries Manufacture Worldwide, 118-124 (2002)
51
Vlassara, H., Picower Institute for Medical Research in Manhasset, N.Y. Annual Meeting of the American
Diabetes Association, San Francisco, June, 1996. (http://www.drmirkin.com/archive/6847.html ADVANCED
GLYCATION END PRODUCTS)
21
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
52
Verzijl, N., Degroot, J., Oldehinkel, E., Bank, R. A., Thorpe, S. R., Baynes, J. W., Bayliss, M. T., Bijlsma, J.
W. J., Lafeber, F. P. J. G. and Tekoppele, J. M., Age-related accumulation of Maillard reaction products in
human articular cartilage collagen, Biochem. J., 350, 381-387 (2000).
53
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of the Maillard reaction in vivo, International Congress Series, 1245, 9-19 (2002).
54
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496 (2003).
55
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aldose reductase and advanced glycation end-products formation from the leaves of Stelechocarpus cauliflorus
R.E. Fr., Phytomedicine, 14, 546–550 (2007); Kador, P. F.; Kinoshita, J. H., and Sharpless, N. E.: Aldose
reductase inhibitors: a potential new class of agents for the pharmacological control of certain diabetic
complications. J. Med. Chem., 28, 841–849 (1985); Wautier, J. L., and Guillausseau, P. J.: Advanced glycation
end products, their receptors and diabetic angiopathy, Diabetes Metab., 27, 535–542 (2001); Aronson, D.: Cross-
linking of glycated collagen in the pathogenesis of arterial and myocardial stiffening of aging and diabetes, J.
Hypertens., 21, 3–12 (2003);
22
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
H N P P NH2
NH2
P C AGE5
H O C
C H O
Glioxal CML
C monoalquilimina
H O
Glioxal
P NH2
D-Glicose
HC N P AGE3
[O] AR
CH2OH
Glicolaldeido Sorbitol
alquilimina
H O [O] H N P
P SHD
C C CH2 NH P
H C OH H C OH C O P NH2 Frutose
HO C H P NH2 HO C H HO C H AGE1
3-PK
H C OH H C OH H C OH
H C OH H C OH H C OH Frutose-3-fosfato
CH2OH CH2OH CH2OH
Imina Produto de
D-Glicose (Base de Schiff) Amadori
Glicólise AGE2
H O
C
H O H O H O
C C C O
C P NH2
CH2OH O- CH2OH CH2OH HO C H AGE6
CH2 O P O CH2 OH H C OH
CH3
O- H C OH
Gliceraldeido Gliceraldeido Metil Glioxal
3-fosfato CH2OH
GO-I
3-Desoxi
P
23
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
Grupo Fig. 1
Aldose Glicosamina
-CHO + Amina, NH2 N-Substituida + H2O
A
B
Rearranjo de Amadori
Fig. 2
1-amino-1-desoxicetose
(Produto de Amadori)
-3H2O
C C -2H2O D
Base de Schiff de
hidroximetilfurfural
Açúcar Produtos de fissão (acetol, diacetil, piruvaldeidos, etc)
ou furfural
+ Aminoácidos
-H
Redutonas Desidro-redutonas E - CO2
- Substrato (Degradação
aminado +H de Strecker) Fig. 3 a 6
+ H2O E
F Aldeidos
F
F
Hidroximetilfurfural F Aldois e polímeros
ou furfural não nitrogenados G G
G + Compostos G + Compostos
aminados
G + Compostos + Compostos + Compostos
aminados aminados aminados aminados
A – Fase Inicial
O estágio inicial envolve a condensação amino-açúcar e o rearranjo de Amadori. Os
compostos de Amadori não alteram nem a cor nem a fluorescência e tampouco a
absorbância no U.V. próximo. Com o aquecimento prolongado, os produtos de
Amadori sofrem desidratação e fissão dando redutonas incolores (Fig. 17) e
56
Mauron, J.: The Maillard Reaction in Food – a Critical Review from the Nutritional Standpoint, Prog. Food
Nutr. Sci., 5, 5-35 (1981); Morales, J. F., and van Boekel, M. A. J. S.: A study on advanced Maillard reaction in
heated casein/sugar solutions: Fluorescence accumulation, Int. Dairy Journal 7, 675-683 (1997).
24
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
R1 R1
NH NH
CH3 CH3
CH2 O CH2 OH O O
C Ceto - C C C
enolização Ceto -
H C OH C OH C O enolização C OH
- R-NH2
H C OH H C OH H C OH C OH
R2 R2 R2 R2
1-amino-1-desoxi-2-cetose
(Rearranjo de Amadori) 2,3-enodiol Desidroredutona Redutona
OH
H O
CH2 OH H C H C
R-NH2 OH
C O C H C NH R1
NH R1
H C OH - H2O H C OH
H C OH
R1 R1 R1
2-Amino-2-desoxi-1-aldose
(Intermediário de Heynes)
B – Fase Intermediária
25
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
OH OH - OH
H H HO
OH Enolização OH condições OH
HO N HO N alcalinas HO
HO HO N
CH2R CH2R - CH2R H O
H OH HO O 2
H O H H H H
1-amino-1-desoxicetose: 1, 2-Enolamina 2,3-Enolamina
Produto de Amadori
OH OH OH OH
Eliminação do H
OH H grupo amina OH OH O
HO HO HO
N H −H2O −H2O
CH2R CHO CHO CH=O
H O H
O
O H H O H
O
3-Desoxihexulose α-dicarbonílico
OH OH
O O
HOCH2 CHO
O
CH=O −H2O CH=O
H OH Hidroximetil-Furfural
C – Fase final
26
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
Glicosona DOGDIC
1-Desoxiglicosona
Lisina
DOLD
Ox. 3-Desoxiglicosona
Glicose Base de 1,4-Didesoxi-5,6-
Amadori Glicosepan
Schiff dioxoglicosona
O2 / Mn+ Nimiki Ox.
Wolff Pentosidina
Ox.
Ox.
Fragmentação CML, GOLA
Lipideos
Glioxal / GOLD, GALA
Glicolaldeido
Ox. G-Hidroimidazolona
Inflamação GODIC
Modificação da lisina
Legenda Modificação da arginina
Lisina - arginina
57
Monnier, Vincent M.: Intervention against the Maillard reaction in vivo, Arch. Biochem. Bioph., 419 1–15
(2003).
27
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
O-Gal O-Gal
O-Gal O O-Gal
O
OH CH3
CH3 COCH3
O O OH O
CH3 OH
OH OH
N
COCH3 NH COOH
N N+ N
2 NH2
H
COOH COOH
Acetilpirrol Pentosidina
Figura 20 – AGE (Advanced Glycation End) produtos finais da glicosilação avançada (PFGA)
na reação de Maillard encontrados no leite aquecido (perda de Lisina e lactose – dissacarídeo
de glicose e galactose – e da proteína caseína. No estágio final no qual as Melanoidinas
(pigmentos castanhos) são formados e onde ocorre a polimerização das proteínas, o
mecanismo é ainda em parte obscuro. 59
58
Benzing-Purdie, L.; Ripmeester, J. A.; Preston, C. M. J.: Elucidation of the nitrogen forms in melanoidins and
humic acid by nitrogen-15 cross polarization-magic angle spinning nuclear magnetic resonance spectroscopy,
Agric. Food Chem., 31, 91 (1983).
59
Van Boekel, M. A. J. S., Effect of heating on Maillard reactions in milk, Food Chemistry, 62, 403-414 (1998).
28
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
COOH
COOH
HO
H O
H O
O
O
OH
HO O
OH
HO
O OH
O
O
O
HOOC R H N
COOH COOH O
O
HO N O NH2
HN
O
HO O O
OH OH O R
OH
OH COOH
HOOC
COOH
O CH3
HOOC OH
COOHOH
COOH
O
Figura 22 – Modelo estrutural hipotético de Buffle do ácido fúlvico, contendo tanto estruturas
aromáticas quanto alifáticas. O húmus do solo das florestas é caracterizado por um elevado
conteúdo de ácidos fúlvicos enquanto no solo de turfas e de gramíneas é marcante a presença
de elevada teor de ácidos húmicos (baseado do trabalho de Weber, ref. 33).
60
Weber, Jerzy, “Properties of humic substances”, Agricultural University of Wroclaw, Institute of Soil Science
and Agricultural Environment Protection, Grunwaldzka, 53, 50-357 Wroclaw, Poland.
<http://www.ar.wroc.pl/~weber/humic.htm#start>. Online. June 9, 2004
61
Paciolla, M. D.; Davies, G., and Jansen, S., Environ. Sci. Technol., 33, 1814-1818 (1999)
29
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
OH
HO
OH O
O O OH
O
COOH
O
HO COOH
CH3 OH
HO
HO COOH HOOC COOH
OH OH
OH
HO CH3
O COOH
O
HO
HO COOH H OH
COOH O H O
MeO O
O COOH
H2N O
OH
HO
HOOC COOH
OH
30
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
H3C OH H3C OH
N NH2 N
CH3 CH3
HO OH
CH3 O R H O H O H O H O
N N N N
N N N N N
HO
R H O R H O R H O R H O R
CH3
31
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
62
Babel, W., Pharmaceut. Manuf. Packing Sourcer, 6, 63–66 (2000).
63
Reich, G., Formulation and physical properties of soft capsules, Chapter 11, pp. 201-212, in: Pharmaceutical
Capsules, 2nd Edition (Editors: Fridrun Podczeck and Brian E. Jones), Pharmaceutical Press, London/Chicago
2004.
64
As funções bioquímicas precisas do ácido ascórbico ainda não estão bem definidas e na maioria dos animais
não é uma vitamina. Especificamente, o ascorbato reage com metaloenzimas, reduzindo o metal ativo, além disso
captura radicais livres na fase aquosa de plasma e células (Abraham, Donald J., Burger's Medicinal Chemistry &
Drug Discovery, v.4. 6th Ed., Autocoids, Diagnostics, and Drugs from New Biology (1998), John Wiley and
Sons, Inc.).
65
Nome químico: 4-Amino-5-chloro-N-(2-diethylaminoethyl)-2-methoxybenzamide; fórmula molecular:
C14H22ClN3O2 = 299.8; cloridrato mono-hidratado: C14H22ClN3O2,HCl, H2O = 354.3; CAS: 364-62-5.
66
Q., Zhihui; Stowell, J. G.; Morris, Kenneth R.; Byrn, Stephen R.; and Pinal, Rodolfo, Kinetic study of the
Maillard reaction between metoclopramide hydrochloride and lactose, Int. J. of Pharmaceutics, 303, 20-30
(2005)
32
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
OH N HO
OH Cl
O OH
OH HO N
+ HN O
O HCl
O O OH NH
OCH3 HO O OH N
OH
OH HO OCH3 O
HO OH
Cl
OH
NH2 HCl Base de Schiff
L-Lactose Metoclopramida HCl
HO
OH H Cl
HO N
O HCl
NH
HO O O N
OH HO OCH3 O
Cetosamina
(produto de Amadori)
OH
H CH3
O OH N HO
OH OH CH3
O O OH HO N O
O
OH Ph O
+ Ph
HO OH HO O O CF 3
OH OH OH
CF 3
Cetosamina
L-Lactose Floxetine HCl (produto de Amadori)
67
Wirth, David D.; Baertschi, Steven W.; Johnson, Ross A.; Maple, Steven R.; Miller, Marybeth S.; Hallenbeck,
Diana, K.; and Gregg, Stephen M., Maillard Reaction of Lactose and Fluoxetine Hydrochloride, a Secondary
Amine, J. Pharm. Sci., 87 (1), 31 -39, 1998.
68
Nome químico: (±)-N-Methyl-3-phenyl-3-(α,α,α-trifluoro-p-tolyloxy)propylamine hydrochloride; fórmula
molecular: C17H18F3NO,HCl = 345.8; CAS: 54910-89-3 (fluoxetine); 59333-67-4 (fluoxetine hydrochloride)
69
Nome químico: 4-Amino-5-chloro-N-(2-diethylaminoethyl)-2-methoxybenzamide; fórmula Molecular:
C14H22ClN3O2 = 299.8; CAS: 364-62-5.
33
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
β (1 4) β (1 4)
O O O OOH
Carbono β
O O
α anomérico
OH
Galactose Glicose Galactose Glicose
70
O leite de vaca contém traços de outros oligossacarídeos, formados de 2, 3 ou 4 unidades de lactose, glicose,
galactose, ácido neuramínico, manose e acetil glicosamina (deMan, John M., 1999). O leite humano contém cerca
de 0,3–0,6% de oligossacarídeos que contem o dissacarídeo lactose na sua estrutura química, alguns dos quais
são importantes fontes de energia para o crescimento de uma variedade específica do Lactobacillus bifidus,
microrganismo predominante da flora intestinal dos recém-nascidos na fase da amamentação – fator Bifidus. A
utilização da lactose como fonte de energia deve ser precedida de sua hidrólise nos constituintes monossacarídeos
D-glicose e D-galactose (Fennema, Owen R., 1996).
71
Sweetman, S. C. (Ed), Martindale: The Complete Drug Reference, London: Pharmaceutical Press (2007).
72
deMan, John M., Principles of Food Chemistry, 3rd Ed., Aspen Publishers, Inc. Gaithersburg, Maryland (1999).
34
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
O
HO OH OH HO OH
HO O OH OH H2N α
O O CH=O OH
HO O OHH HO O OH ω
NH2
OH HO OH HO
Lisina (livre ou
α-Lactose ligada à proteina) NH
NH2 2
H
OH H OH
HO OH N HO OH OH OH N+
OH OH H
O O O O
HO O OH OH HO O
-H2O OH
OH HO OH HO
Base de Schiff
(sofre o rearranjo de Amadori)
NH2
H OH HO OH OH NH2
OH
HO OH OH OH N O OH
O O HO O N
O
HO O OH H O
OH HO
OH HO
Enol-amina Lactulosillisina
(Produto de Amadori)
73
Pentosidina, um produto fluorescente de ligações cruzadas lisina-arginina que se acumula no colágeno e na
lente do cristalino com a idade, foi o primeiro PFGA caracterizado quimicamente em 1989 por Vincent M.
Monnier e David R. Sell (J. Biol. Chem. 264, 21597-21602.)
35
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
levando a cólicas e flatulência. Uma pequena proporção de bebês nascem com uma
deficiência em β-galactosidase e são incapazes de digerir a lactose. Em recém-
nascidos normais a atividade especifica da β-galactosidase intestinal alcança um
máximo no pós-parto, declinando na infância, estimando-se que em 70% da
população mundial essa diminuição é suficiente para causar intolerância nos adultos.
A capacidade de metabolizar a lactose diminui após os 70 anos de idade levando à
catarata (Fox, P. F. & McSweeney, 1998), e
Galactosemia, incapacidade de metabolizar a galactose devido a uma
deficiência hereditária em galactokinase, enzima cuja falta causa acúmulo de
galactose no sangue e nos tecidos. O acúmulo de galactose força o metabolismo a
usar outras vias resultando em outros produtos, como o galactol, que se acumula no
cristalino dos olhos causando a catarata em humanos em 10 a 20 anos, se o
consumo de produtos com galactose (leite, legumes) for continuado. A falta de uma
segunda enzima da seqüência enzimática do metabolismo, a galactose-1-phosphate
(Gal-1-P):uridyl transferase, causa o acúmulo de galactose e Gal-1-P. Este último
interfere na biossíntese de glicoproteínas e glicolípideos (essenciais às membrana,
por exemplo, das células do cérebro) e resulta em retardamento mental irreversível
dentro de 2 a 3 meses se o consumo de alimentos contendo galactose não cessar
(Fox, P. F. & McSweeney, 1998).
Furosina e furfural são dois dos produtos da reação de Maillard usados como
indicadores dos efeitos do aquecimento (leite UHT – Ultra-High-Temperature) na
qualidade do leite. A lactulose 74 (Fig. 29) é uma das modificações químicas induzidas
pelo processo de esterilização do leite. Trata-se de um epímero da lactose, no qual o
fragmento glicose do dissacarídeo foi isomerizado a frutose. A lactulose não ocorre
na natureza mas pode ser obtida sob condições alcalinas através da reação de Lobry
de Bruyn–Alberda van Ekenstein 75 ou como um produto secundário de baixo
74
Nome Químico: 4-O-β-D-Galactopyranosyl-d-fructose; fórmula molecular: C12H22O11=342.3, CAS: 4618-18-2
Fonte: Sweetman, S. C. (Ed), Martindale (2007)
75
Um dos mais importantes rearranjos que sofrem monossacarídeos redutores em solução alcalina é esse descrito
por Lobry de Bruyn e Alberda van Ekenstein numa série de artigos de 1890. A pesquisa teve origem numa
observação feita por de Bruyn [De Bruynl, Obryr: Rec. Trav. Chim. 14, 156 (1895)] segundo a qual o poder
rotatório óptico de soluções diluídas de glicose contendo hidróxido de sódio, em baixa concentração, diminuía de
36
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
α-Lactose Lactulose
valor ao longo de um período de tempo finalmente alcançando o valor zero: em solução alcalina suave glicose era
convertida em manose e frutose. Ou seja, demonstraram experimentalmente que esses três açúcares, Glicose,
Manose e Frutose são reciprocamente convertíveis um no outro (Fonte: Evans, W. Lloyd, Chem. Rev. 31, 544
(1942):
H O HO H
C C CH2 OH CH OH CH O Projeção de Fischer da
H C OH C OH C O HO C HO CH
estrutura de açúcares
mostrando as Interrelações
HO C H HO C H HO C H HO C H HO C H de isomerização entre
H C OH H C OH H C OH H C OH H C OH
D-glicose, D-manose e
D-frutose em meio
H C OH H C OH H C OH H C OH H C OH levemente alcalino,
CH2OH CH2OH CH2OH CH2OH CH2OH
trabalho pioneiro de L. De
Bruyn e A. van Ekenstein,
D-Glicose Trans-enediol D-Frutose Cis-enediol D-Manose no final do século XIX.
76
Fox, P. F. & McSweeney, P. L. H. Dairy Chemistry and Biochemistry (1998), Thomson Science, London, UK
37
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
5C da
Ribose L-Arginina
H O CH2OH
N O
NH O H OH
+ NH
N OH H OH OH
H OH OH OH
NH2 CH2OH
D-Ribose
L-Lisina NH2 O O
O H2N
NH2 HN NH OH OH
OH NH2 NH2
Pentosidina L-Arginina L-Lisina
OH O
OH
O CH3
CHO
O O O
CH3 O O CH3
Furfural Furilmetilcetona Isomaltol Maltol
COOH
CHO NH2
H3C CHO HOCH2 N
O O O
O H
Metil-Furfural Hidroximetil-Furfural Furosina
77
O grupo furfural inclui: Furfural, metilfurfural, hidroximetilfurfural e furilmetilcetona. Ver estrutura química
no texto.
78
E. Ferrer, A. Alegría, G. Courtois and R. Farré, High-performance liquid chromatographic determination of
Maillard compounds in store-brand and name-brand ultra-high-temperature-treated cows’ milk, J. Chromatogr.
A, 881, 599-606 (2000).
38
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
NH2 NH2
NH2
H OH H OH
H OH HO OH OH OH N+ HO OH OH N
HO OH OH OH N H H2O O H OH
O O O
O O HO O -H+ HO O OH
HO O OH OH -Lisina
OH OH HO OH
OH + HO
HO H H
HO OH OH OH H HO OH OH OH
H
HO OH OH OH H
1,2-enolização O O OH
HO O O HO O O O
Condições ácidas OH OH HO O
OH 3 - H2O OH
OH HO HO OH
HO OH OH H H NH2 HO OH OH H HO OH
OH OH
O OH O O CHO CHO
N R
HO O O
N HO O
O HO OH + OH
NH2 + O
+ 3 O Desidratação
OH HO H H O OH OH COOH
3-Desoxosona Galactose Lisinopirralina Furfurais
Lactulosillisina
(Produto de Amadori)
Rota 1
NH2 HO OH OH
HO OH OH HO OH OH OH NH2 OH
OH O
O 2 OH O OH HO O
HO O N HO O N - Lisina
3
OH
OH OH OH
OH H O OH H O
O
OH OH
Rota 2
79
Atividade da água (aw) é definida como a razão da pressão de vapor da água pura e uma solução: aw = p/po,
onde p = pressão parcial da água no alimento e po = pressão de vapor da água na mesma temperatura. Um
material com alto conteúdo de umidade, quando este excede a quantidade do sólido, aw é próximo ou igual a 1,0.
Esse valor nos dá um parâmetro seguro para comparar processos químicos e bioquímicos. Exemplo: crescimento
de microrganismos é zero quando aw = 0,2; bolores e leveduras começam a crescer quando aw se situa entre 0,7 e
0,8; crescimento bacteriano tem lugar quando aw alcança 0,8. Reações não-enzimáticas ou de Maillard, que
formam produtos coloridos, não ocorrem na camada da água ligada (água de Langmuir), na faixa em que a aw =
0,0 a 0,25. Fonte: deMan, John M. (1999).
80
deMan, John M.; Principles of Food Chemistry, 3rd Ed., Aspen Publishers, Inc. Gaithersburg, Maryland (1999).
39
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
HO OH OH NH2 NH2
OH OH OH H H NH2
O OH OH OH
N OH OH
HO O O _ N
Galactose O N
OH H O H O
HO H O O
H H O H
-
4-Desoxosona O
HO OH H NH2
OH H NH2 2 OH
Condições alcalinas 1
OH O N
OH _ 3
N OH- O
OH 4 H
H
H O O 4-Desoxiaminoredutona
HO OH OH NH2
OH O
O OH
HO O N OH
O NH2
OH HO H O OH H NH2 OH
H OH 1 N
OH 2
Lactulosillisina N 3 4 5
O O
(Produto de Amadori) O
H O
O OH
4-Desoxosona 5-desidro-3-hidroxipiridona
Rota 3
Figura 31 – Estágio avançado da Reação de Maillard, no qual o produto de Amadori
(lactulosilisina, Fig. 27) sofre degradação via duas rotas: a rota da 3-desoxosona via
formação de 1,2–enol que ocorre em pH menor que 7 e a rota da 1-desoxosona via
formação de 2,3-enol que se dá em meio neutro. Em vista do pH do leite (pH = 6,6) a
degradação dos compostos de Amadori deve ocorrer principalmente pela via da 2,3–
enolização. Uma terceira rota via 4-desoxosona tem importância para dissacarídeos
apenas em condições levemente alcalinas. Todas as rotas levam à formação de
intermediários muito reativos, as desoxosonas (adaptado de Boekel, 1998).
81
Nehlig, Astrid (editor): Coffee, Tea, Chocolate, and the Brain, CRC Press, (2004).
82
Ukers, William H.; All About Coffee, 2nd Ed., The Tea and Coffee Trade Journal Company, New York (1935)
40
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
Figura 32 – Alcalóides do café exercem notável efeito sobre o cérebro que se manifesta
no humor, performance, memória, sono e na cognição. Potenciais e incomuns efeitos
terapêuticos relatados pelas pesquisas desta década incluem a doença de Parkinson,
isquemia, epilepsia e até mesmo o câncer. Fonte: Flament, Ivon (2002).
41
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
O O
O
HO O
HO O OH
O COOH
HO OH
HO OH
HO
OH 3-Cafeoil-1,5-quinida
Ácido 5-Cafeoilquinico (3-CAQ)
(5-CAQA) O O
O O
O
O HO OH HO O OH
OH
HO O O
HO
OH
HO
4-Cafeoil-1,5-quinida 4-Dicafeoil-quinida O
(4-CAQ) (DICAQ)
42
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
83
Flament, Ivon: Coffee Flavor Chemistry, John Wiley & Sons, Ltd., England (2002)
43
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
HO O
HO
O O O HOOC O
HO O HO O R NH2
[Ο]
H OH
H
H OH N O
HO OH O O
CH2OH R R = Lisina
84
Shamsi, Farrukh A.; Sharkey, E.; Creighton, D.; and Nagaraj, R. H.: Maillard Reactions in Lens Proteins:
Methylglyoxal-mediated Modifications in the Rat Lens, Exp. Eye Res., 70, 369-380 (2000)
85
Nagaraj, H. R.; Shamsi, F. A.; Huber, B., and Pischetsrieder, Monika: Immunochemical detection of oxalate
monoalkylamide, an ascorbate-derived Maillard reaction product in the human lens, FEBS Letters, 453, 327-330
(1999).
44
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
Figura 34 – Possível rota para Oxalato de Mono-Alquilamida (OMA) que foi identificado
como um produto final da glicosilação avançada (PFGA) formado pela reação de Maillard
entre ácido ascórbico e proteínas.
- O O -
O + + O
NH3 H H3N
H3C
H H
O O
O Glioxal O Metilglioxal
+ +
N N
N H3C N
GOLD MOLD
Glioxal-Lisina Metilglioxal-Lisina
+ +
H3N O NH3
O
- -
O O
86
Chellan, P. and Nagaraj, R. H.: Protein Crosslinking by the Maillard Reaction: Dicarbonyl-Derived
Imidazolium Crosslinks in Aging and Diabetes, Arch. Biochem.Biophys., 368, 98-104 (1999).
87
Reihl, O.; Rothenbacher, T. M.; Lederer, M. O., and Schwack, W.: Carbohydrate carbonyl mobility––the key
process in the formation of α-dicarbonyl intermediates, Carbohydrate Research, 339, 1609–1618 (2004).
45
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
O R R
H O O N H N
O H3C HO H
O O OH
OH HO H
HO OH HO
OH HO OH O O
6 6
3-Desoxi 1-Desoxi N -(5,6-Dihidroxi-2,3- N -(2,3-Dihidroxi-5,6
hexos-2-ulose hexo-2,3-diulose dioxohexil)-L-lisina -dioxohexil)-L-lisina
R
R
N
HO H N O
HO H
O O R = - CH2 OH
H H3C NH2
O O
frag. lisina
N6-(2-Hidroxi-4,5- N6-(2-Hidroxi-3,4-
dioxopentil)-L-lisina dioxopentil)-L-lisina
O
NH2
H2N
CH2OH O CH2OH OH OH OH
HO HO 1 N
1 H CH=O (Lys) NH2 OH OH
HO HO O
OH OH OH
- H2O HO
D-Glicose OH
Aldose Base de Schiff
HO
NH2 NH2
H OH H OH
N N
OH OH OH OH
O O
HO HO OH
O - H2O
HO Rota A Rota B
Produto Amadori
OH R R
H H
H R H R N N
N N OH OH OH OH
HO OH HO OH HO O HO OH
OH OH
HO HO OH OH
OH O
H R H R
H R N N
H R N OH
N OH O
OH HO
O HO OH OH
HO OH
OH
O OH O
HO OH R
OH
H R H R H R N
N N N
HO H
HO O HO OH O OH OH
OH OH OH
- H2O
HO HO
OH OH OH O O
N6-(2,3-Dihidroxi-5,6
-dioxohexil)-L-lisina
(Didesoxiosona)
Figura 37– Duas rotas prováveis para a formação do precursor do glicosepane (Fig. 1), o
intermediário N6-(2,3-Dihidroxi-5,6 -dioxohexil)-L-lisina, α-dicarbonílico, de alta
46
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
88
Curiosamente, a aminoguanidina (CH6N4), um produto farmacêutico, inibe a formação de proteínas
glicosiladas (AGE ou PFGA) e da aldose redutase. A enzima aldose redutase catalisa a conversão da glicose em
sorbitol (D-Glucitol, C6H14O6). Teorizou-se que o acúmulo de sorbitol em certas células, ocorrência dependente
de condições de hiperglicemia que tem um efeito hiperosmótico, pode estar envolvido na patogênese de algumas
complicações diabéticas (Fonte: Sweetman, S. (Ed), Martindale: The complete Drug Reference. London:
Pharmaceutical Press. Electronic version, (2007).
89
Glomb, Marcus A., and Tschirnich, R.: Detection of α-Dicarbonyl Compounds in Maillard Reaction Systems
and in Vivo, J. Agric. Food Chem., 49, 5543-5550 (2001).
47
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
O
S
1
R 2
R
N
H
Tiazolidinas
NH2
- H2O Cisteamina
NH
1 SH
R N C NH2 H2N
NH H2N N
2 H2N
R N NH2 H 1
+ Aminoguanidine O O o-Fenilenodiamina R N
1
R N NH2 2 1 - 2H2O 2
- 2H2O R R R N
2 NH Quinoxalinas
R N H2N OCH 3 H
N
O-Metilhidroxil H2N N(CH 3) 3
Triazinas
amina - 2H2O - 2H2O O
Reagente T de Girard
O
1
1 2
R N N(CH 3) 3
R R NH
2 NH
H 3CO N N OCH 3 R N N(CH 3) 3
O
Oximas Osazonas
Figura 38 – Reagentes de captura e seus diversos produtos após reação com uma
espécie α-dicarbonílica genérica – eventualmente uma didesoxiosona ou
desoxiglicosona (Adaptado de Glomb, 2001).
90
Hirsch, J.; Mossine, V. V., and Feather, Milton S.: The detection of some dicarbonyl intermediates
arising from the degradation of Amadori compounds (the Maillard reaction), Carbohydrate Research, 273, 171-
177 (1995) e referencias 8 e 9 ali citadas.
48
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
O
O O CH3
H
OH + OH
O
HO CH2OH HO CH2OH
3-desoxi-D-eritro-hexos-2-ulose 1-Desoxi-2,3-D-eritro-hexodiulose
(3-Desoxiglucosone) (1-Desoxiglucosone)
NH
C NH2
H2N NH
Aminoguanidina
N N NH2
H3C N NH
NH
NH
HO
N NH2
+ N NH2 + N
OH OH
HO HO
OH
OH OH OH
91
“If man made, don´t eat it” – Se é feito pelo homem, não coma! diz o slogan eco-correto Americano.
49
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
92
Monnier, Vincent M.: Intervention against the Maillard reaction in vivo, Arch. Biochem. Bioph., 419 1–15
(2003).
50
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
93
Thornalley, Paul J.: Biochemistry of Advanced Glycation Endproduct generation and its inhibition,
SYMPOSIUM “Advanced Glycation End Products (AGEs)” May 12 – 14, 2000, Jena, Germany
94
Sajithlal, G. B.; Chithra, P., and Chandrakasan, Gowri: Effect of Curcumin on the Advanced Glycation and
Cross-linking of Collagen in Diabetic Rats, Biochem. Pharmacol. 56, 1607–1614 (1998)
51
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
N CH3
OH O OH
O
H NH O CH3 H NH O CH3
CH3 CH3
HO N HO N
Figura 40 – Piridoxamina (PM) tem uma forte atividade na redução dos níveis de lipídeos
em animais de laboratório, além de protegê-los contra o desenvolvimento de nefropatias
e inibir o desenvolvimento de retinopatia e neuropatia em ratos diabéticos. Baynes 96
sugere o mecanismo acima para as reações inibição dos produtos finais da glicosilação
e da lipoxidação avançadas (AGE/ALE). Os dois produtos de adição e rearranjo da PM ao
cetaldeido são detectados na urina e em modelos experimentais (in vitro).
95
Culbertson, Sean M.; Enright, G. D., and Ingold, K. U.: Synthesis of a Novel Radical Trapping and Carbonyl
Group Trapping Anti-AGE Agent: A Pyridoxamine Analogue for Inhibiting Advanced Glycation (AGE) and
Lipoxidation (ALE) End Products, Org. Lett., 5, 2659-2662 (2003)
96
Metz, T. O.; Alderson, N. L.; Thorpe, S. R., and Baynes, John W., Pyridoxamine, an inhibitor of advanced
glycation and lipoxidation reactions: a novel therapy for treatment of diabetic complications, Arch. Biochem.
Biophys., 419, 41-49 (2003).
52
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
O OH
O OH
O H O O O
N N N N
H H H H
OH OH OH OH
HO HO HO HO
97
O primeiro estudo experimental sério sobre o envelhecimento animal foi realizado por Fritz Verzar, cientista
Húngaro trabalhando na Basiléia em meados do século XX. Ele descreveu o envelhecimento molecular pós-
sintético no colágeno do tendão em cauda de ratos. Ele mediu a força mecânica à retração térmica das fibras de
colágeno e encontrou um aumento exponencial com o avanço da velhice. Essa relação entre resistência à
desnaturação pelo calor e a idade das fibras de colágeno foi examinada desde a rã até o homem. Verzar atribuiu
isto ao aumento, idade-dependente, no cruzamento de ligações entre as fibras de colágeno. Há hoje um consenso
geral de que atribui o fenômeno de Verzar à reação de Maillard, ao aumento progressivo da glicosilação não-
53
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
COOH NH2
COOH COOH O O
O CH3 HN
H
O O
HS N N N
N
H
CH3 CH3 H O H N
Captopril: Ramipril:
Aspirina: Ácido 1-[(2S)-3-Mercapto-2- Ácido(2S,3aS,6aS)-1-{N-[(S)-1-Etoxicarbonil-3-fenilpropil] Hidralazina:
O-Acetilsalicilico metilpropionil]-L-prolina L-alanil}peridrociclopenta[b]pirrol-2-carboxilico 1-Hidrazinoftalazina
NH CH3 H S S
O O
C NH2 N N NH2 N+ CH3
N+
H2N N H3C C -
Br
CH3
H NH NH
Metformina: PTB: N-Fenacil-1,3-tiazolio, ALT-711, ALAGEBRIUM:
Aminoguanidine 1,1-Dimetilbiguanida brometo de N-Fenacil-4,5-dimetil-1,3-tiazolio, cloreto de
H H
H3C O N COOH
N N O
H3C N N N
S H NH2
NH
O
OPB 9195 Carnosina
enzimática de grupos amina nas proteínas, particularmente o εNH2 da lisina, seguida pela formação de compostos
aromáticos policíclicos, designados como “Advanced Glycosylation End Product” (AGEs) Fonte: Robert, L.:
Cellular and Molecular Mechanisms of Aging and Age Related Diseases, Pathol. Oncol. Research, 6, 3-9 (2000).
98
Szwergold, B.; Manevich, Y.; Payne, L., and Loomes, K., Fructosamine-3-kinase-related-protein
phosphorylates glucitolamines on the C-4 hydroxyl: Novel substrate specificity of an enigmatic enzyme
Biochem. Biophys. Res. Commun., 361 870–875 (2007).
54
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
99
Reddy, V. Prakash, and Beyaz, A.: Inhibitors of the Maillard reaction and AGE breakers as therapeutics for
multiple diseases, Drug Discovery Today, 11, 646-654 (2006).
100
Vasan, Sara; Foiles, P., and Founds, H.: Therapeutic potential of breakers of advanced glycation
end product–protein crosslinks, Arch. Biochem. Biophys., 419, 89–96 (2003).
101
http://www.exploratorium.edu/cooking/meat/activity-maillard.html
55
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
102
Reilly, James M.: Role of the Maillard, or “Protein-Sugar” Reaction in Highlight Yellowing of Albumen
Photographic Prints, http://albumen.stanford.edu/library/c20/reilly1982a.html
103
Marca comercial da Firmenich & Cia, Genebra, Suíça.
56
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
furaneol: abacaxi; ciclotene: amêndoa torrada, licorice; xarope de maple 104 (bordo):
furanona.
S S S
CH3 CH3
N N CH3 CH3 CH3 CH3
N N N N
O O O O
O O
2-Acetil-1- 2-Propionil- 2-Acetil-3,4,5,6- 2-Acetil-2- 2-Propionil- 2-Acetil-5,6-dihidro-
pirrolina 1-pirrolina tetra-hidropiridina tiazolina 2-tiazolina 4H-1,3-tiazina
104
Árvores de grande porte (30-40 metros de altura) da família Aceraceae, produtoras de seiva de sacarose o qual
é comercialmente explorado, incluem, por exemplo, Acer saccharum (Açúcar), A. saccharinum (Prata), nativas
do leste dos Estados Unidos. Sua grande popularidade como árvore ornamental em parques e avenidas dá um tom
característico ao outono local com sua folha trilobada, principal símbolo da bandeira do Canadá (Encyclopædia
Britannica. Ultimate Reference Suite. Chicago: Encyclopædia Britannica, 2009).
105
Leffingwell, John C.: http://www.leffingwell.com/cooler_than_menthol.htm
106
Fuganti, C.; Gatti, Francesco G., e Serra, S.: A general method for the synthesis of the most powerful
naturally occurring Maillard flavors, Tetrahedron, 63 4762–4767 (2007).
57
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
107
Calkins, C. R., and Hodgen, J. M.: A fresh look at meat flavor, Meat Science 77, 63–80 (2007).
108
Cerny, Christoph and Davidek, T.: Formation of Aroma Compounds from Ribose and Cysteine during the
Maillard Reaction, J. Agric. Food Chem., 51, 2714-2721 (2003).
58
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
SH O O
N N
SH CH3
CH3 CH3 CH3
O O SH O S S S
CHO CHO
O
2,4-decadienal 2-nonenal 1-octen-3-ona
109
Cerca de 500 carotenóides já foram encontrados e caracterizados em vegetais e frutos usados como alimento
humano, porém o mais conhecido e o mais intensamente estudado dos carotenóides é o β-caroteno (fonte:
Pokorny, Jan; Yanishlieva, N., and Gordon, M. [Editor]: Antioxidants in Food - Practical Applications, CRC
Press, Cambridge, England (2001)
59
Aderson de F. Dias, Ph.D. A Reação de Maillard nos Alimentos e Medicamentos
60