Fisioterapia Reumatologica Conteudo 2009
Fisioterapia Reumatologica Conteudo 2009
Fisioterapia Reumatologica Conteudo 2009
FISIOTERAPIA REUMATOLGICA
Juiz de Fora
2009
SUMRIO
CAPTULO I
CAPTULO II
CAPTULO III
4
11
12
CAPTULO IV
23
CAPTULO V
48
CAPTULO VI
DOENAS DEGENERATIVAS.........................................................
77
CAPTULO VII
DOENAS SOROPOSITIVAS...........................................................
81
91
CAPTULO IX
ARTRITES MICROCRISTALINAS...................................................
96
CAPTULO X
101
CAPTULO XI
VASCULITES SISTMICAS.............................................................
111
CAPTULO I
DIAGNSTICO CINESIOLGICO FUNCIONAL
Tendinose: processo inflamatrio que acomete o tendo e que pode estar em diferentes fases,
mas que sempre acompanhada de necrose tecidual.
Bursite: inflamao de bolsa sinovial.
Entesopatia: anomalia de uma ntese - local onde estruturas fibrosas, como tendes e
ligamentos, unem-se ao peristeo.
Entesite: inflamao em uma ntese.
Miopatia: transtorno/anomalia muscular.
Miosite: transtorno muscular inflamatrio.
Subluxao: ocorre quando duas superfcies articulares esto alinhadas anormalmente, no
entanto, mantm contado direto.
Luxao: quando duas superfcies articulares esto to desalinhadas que perdem o contato
direto.
Fotossensibilidade: desenvolvimento de exantema1 aps exposio solar (raios UV). Ex.:
pacientes com L.E.S. ou cutneo (em 30 a 60%dos casos).
Fotofobia: o termo reservado para sensibilidade ocular luz.
II - SINTOMAS:
importante determinar: o lugar e a distribuio da alterao, o momento do incio,
os fatores desencadeantes precedentes, os fatores que acentuam ou aliviam os sintomas e as
respostas dos sintomas s manobras especiais.
II.1 - DOR: normalmente este o motivo mais comum de queixa que leva o paciente
a procurar ajuda. Em segundo lugar est a incapacidade funcional, seguida de
deformidade/queixa esttica. importante solicitar ao paciente a assinalar, pr a mo, no lugar
onde a intensidade do fenmeno lgico mxima e, posteriormente, em toda a regio afetada.
Isto nos permite maior acurcia na determinao da queixa do paciente evitando equvocos
decorrentes de nomenclatura. Exemplo: "dor nos costados".
Dor referida quando a manifestao do fenmeno lgico se d longe da estrutura
que causa a mesma. um erro de percepo ao nvel do crtex sensorial devido s estruturas que
derivam de um mesmo segmento embrionrio e que compartilham de uma mesma inervao so,
portanto, segmentares. Em geral, a dor referida se estende seguindo a distribuio segmentria,
sem atravessar a linha mdia, mas nem sempre, obedecem exatamente distribuio dos
dermtomos conhecidos que variam de um indivduo para outro. Normalmente, a dor referida se
estende distalmente, desta forma, quanto mais distal a estrutura somtica lesada, mais exata
ser a localizao da dor por parte do paciente, podendo-se desencade-la palpao. Quanto
mais superficial a estrutura mais precisa a sua localizao e, ao contrrio, estruturas profundas
lesadas manifestam-se por dores difusas, sendo difcil precisar a origem da dor (Figura 1).
Dor irradiada se distribui segundo o territrio de inervao da raiz nervosa lesada, o
dermtomo, e pode ser desencadeada com os testes especiais (Figura 2).
Embora a localizao topogrfica se produza ao nvel do crtex sensorial, so clulas
da regio supraorbital do lbulo frontal que se encarregam de registrar a sensao de dor e
determinar sua intensidade, o que explica que o estado emocional do paciente possa exercer tanta
influncia sobre a intensidade da dor. O registro da memria da dor se d nos lbulos
temporais e, a recordao desta, depende mais da durao que da intensidade.
A dor protocintica aquela que se acentua com o incio da movimentao e
melhora ao decorrer do mesmo, voltando a piorar com a atividade prolongada, sugerindo um
provvel problema mecnico. J a dor ps-repouso piora com o incio da movimentao implica
em um marcado componente inflamatrio. A dor noturna um sintoma preocupante, pois se
1
Aparecimento de manchas ou ppulas (para alm da mancha tambm h elevao da leso) na pele. Este tipo de
leso pode ser nica ou existirem vrias e pode ocorrer apenas numa regio especfica do corpo (rash localizado) ou
ento espalhar-se por todo o corpo (rash disseminado ou generalizado)
de aduo e rotao interna). Portanto, a postura e a restrio ao movimento podem sugerir o tipo
de problema subjacente.
III.2 - DEFORMIDADE: embora as deformidades possam ser observadas em
repouso, a maioria delas so mais visveis ao sustentar peso ou ao se utilizar a articulao.
Muitas das deformidades combinadas recebem nomes ilustrativos, por exemplo, deformidade em
pescoo de cisne quando h flexo de MCFs, hiperextenso da IFPs e flexo das IFDs; genu
valgus, varus, etc. (Figura 3).
III.3 - ALTERAES CUTNEAS: as cicatrizes superficiais ou as alteraes
epidrmicas como o eritema podem resultar de grande utilidade no diagnstico etiolgico. Um
exemplo so as alteraes cutneas da artrite psorisica e a perda da elasticidade e reduo ou
desaparecimento das dobras flexurais comuns na esclerodermia.
III.4 - EDEMA: pode ser devido ao aumento de lquido (sinovite) ou a afeces dos
tecidos moles, ou seja, pode ter origem intra ou extra-articular. O lquido intra-articular se
acumula inicialmente e em maior quantidade nos pontos de menor resistncia da anatomia
capsular, produzindo um edema caracterstico.
Por exemplo:
Nos derrames de joelho h acmulo de lquido, primeiro, na depresso medial e,
posteriormente, no espao suprapatelar produzindo um edema em ferradura por cima e ao redor
da patela.
Observao: Dois testes so usuais: o teste da onda onde a palma da mo utilizada para
ordenhar um derrame potencial no compartimento medial. Logo aps, uma manobra
semelhante realizada na superfcie lateral e, quando o teste positivo, h um enchimento
ondulante do compartimento medial. J o teste da tecla consiste na compresso anterior
do compartimento suprapatelar, o que fora o derrame para o espao retropatelar,
ficando a patela flutuando.
A sinovite das articulaes interfalangeanas se manifesta inicialmente em forma de edema
pstero-lateral entre o tendo extensor e os ligamentos colaterais laterais;
Os derrames gleno-umerais se acumulam na depresso triangular existente entre a clavcula e
o deltide, na frente do msculo peitoral;
Os derrames de tornozelo se acumulam primeiramente em sua parte anterior e ntero-lateral.
Em grandes quantidades h tambm o abaulamento da regio posterior;
No punho a sinovite mais facilmente detectada palpando-se a superfcie dorsal da
articulao;
No cotovelo o edema bem percebido quando a articulao est em extenso total e,
inicialmente, se acumula na prega flexural.
Na coxofemoral o lquido se acumula na regio inguinal.
Observao: Quando se concentram pequenas quantidades de lquido em uma cavidade
limitada, pode-se produzir o sinal de abaulamento tambm conhecido como sinal da onda.
Em maiores quantidades o lquido produz o sinal de globo: ao se pressionar em um ponto,
incham-se outras partes.
III.5 - DOR PALPAO: a localizao precisa da dor palpao um sinal de
grande utilidade na determinao da causa do mal que atinge o paciente. A dor ao redor de toda a
articulao e, limitada por esta, uma manifestao de patologia capsular/artropatia. A dor
localizada na linha articular sugere a existncia de um transtorno intracapsular, podendo ser um
sinal de sinovite ou mesmo, se localizada (como por exemplo, dor palpao do compartimento
tbio-femoral ntero-medial) relacionadas s leses de menisco medial.
J a dor palpao em um ponto longe da interlinha articular sugere ser sinal de
periartrite: tendinite, bursite ou entesopatia (Figura 4).
III.6 - MSCULOS: a perda de massa muscular um sinal freqente, no entanto,
pode ser de difcil deteco principalmente em indivduos idosos. A sinovite produz rapidamente
uma inibio local do reflexo tendneo dos msculos que atuam sobre a articulao: a atrofia
pode ser rpida (em poucos dias como ocorre nas artrites spticas). As artropatias graves
produzem uma ampla atrofia periarticular; a forma localizada mais caracterstica dos
problemas mecnicos tendneo-musculares. importante buscar diferenciar a fraqueza muscular
da fadiga generalizada que, em muitas patologias reumticas freqentemente fazem parte do
quadro clnico.
A fora mais importante que a massa muscular e pode ser mensurada pontuando-a
de 0 a 5 de acordo com a escala de Medical Research Council:
Grau
0
1
2
3
4
5
Definio
No existe contrao visvel
Contrao visvel ou palpvel sem movimento
Movimento quando se elimina a gravidade
Movimento contra a gravidade
Movimento contra a gravidade e com aplicao de uma carga
Fora normal (movimento contra uma carga importante)
No entanto, este teste torna-se imprprio quando h dor intensa, a qual um fator
limitante. Para avaliao das mos podem ser utilizados dinammetros os quais possuem tabelas
com valores referentes normalidade os quais devem ser comparados queles obtidos durante
exame fsico.
III.7 - CALOR: um dos sinais de inflamao. Verifica-se com o dorso da mo a
qual atua como um termmetro muito sensvel que permite comparar a temperatura por cima e
por baixo e na prpria estrutura inflamada.
III.8 - MOVIMENTO: deve-se mensurar, atravs de goniometria (aqui tambm a dor
pode ser um fator limitante), a mobilidade articular ativa e passiva comparando-as entre si
(diferenciao entre afeces articulares e periarticulares) e entre ambos os lados. Para tanto
necessrio o conhecimento prvio da amplitude normal de movimento articular.
As artropatias reduzem similarmente as ADMs ativa e passiva. Se houver um
comprometimento maior ativo que passivo provvel que se trate de um problema muscular,
tendneo ou motor.
As caractersticas da dor durante o movimento tm grande importncia diagnstica.
Dores em um s plano de movimento (esforo seletivo) so um sinal tpico de leses intra ou
periarticulares localizadas. A dor uniforme em todos os planos de movimento deve-se mais a
problemas mecnicos e as dores que aumentam no limite do movimento, o qual est restrito, so
devidas sinovite, aderncias capsulares ou fibrose intra-articular.
III.9 - CREPITAO: um rudo audvel e/ou palpvel que se percebe durante todo
o movimento da estrutura afetada. A crepitao fina pode ser ouvida atravs de um estetoscpio
ou de palpao e acompanha a inflamao de uma bainha tendinosa, uma bolsa ou uma
membrana sinovial. J a crepitao grosseira pode ser ouvida distncia e habitualmente reflete
uma leso de cartilagem ou ssea onde h atrito.
Outros rudos que podem ser ouvidos so os estalos tendneos, normalmente sonoros,
indolores freqentes na parte superior do fmur condio denominada de quadril estalante ou
saltador; e os estalos articulares, comuns nas articulaes dos dedos e que so devidas
produo e deslocamento de bolhas de gs intra-articulares.
Observao: O que acontece quando estalamos os dedos? A cavidade articular um
espao virtual com presso negativa e que contm uma quantidade de lquido de espessura
capilar, o qual responsvel por um acoplamento considerado perfeito e um baixssimo
ndice de atrito. Quando se estala os dedos h uma ruptura nessa juno aderente
atravs da criao de uma bolha de gs dentro da articulao, que cavita como um som de
estalido, liberando energia em forma de calor alm do som. Essa bolha de gs (que visvel
nos raios-X) pode levar at trinta minutos para ser absorvida. Quando isso ocorre h o
restabelecimento da aderncia articular e a articulao pode ser estalada novamente.
Embora no haja dados que sustentem que o ato de estalar os dedos leve leses intraarticulares, o perfeito funcionamento mecnico da articulao perdido quando h perda
da presso negativa, o que poderia facilitar mecanismos lesionais. Fato: comum
observarmos espessamento articular em pacientes que possuem esse hbito (o
espessamento articular um dos sinais de osteoartrite).
III.10 - ESTABILIDADE: as leses traumticas e inflamatrias podem produzir
instabilidade ligamentar ou capsular localizada. Observa-se, pois, uma mobilidade excessiva ao
se forar a articulao comparando-se com o lado oposto.
III.11 - FUNO: observando-se o indivduo em atividade, a forma com que se
levanta, caminha ou segura um objeto, etc., somado ao conhecimento de como este realiza suas
atividades de vida diria (o que realiza com dor, qual a intensidade desta, o que s consegue
realizar com auxlio e aquilo que no consegue fazer) determina a gravidade da incapacidade. Os
fatores emocionais decorrentes das limitaes proporcionadas pela patologia, que depende mais
do paciente que da prpria patologia, so importantes na determinao do impacto funcional e os
efeitos funcionais da enfermidade sobre o indivduo.
III.12 - HIPERMOBILIDADE GENERALIZADA: um dos transtornos
generalizados, assim como a fibromialgia, que pode passar despercebido a no ser que se pense
especificamente nesta possibilidade.
Acomete cerca de 10% da populao a qual est nesta faixa indefinida dos limites da
mobilidade articular normal. Embora a hipermobilidade possa ser normal, pode contribuir para a
apario de problemas locomotores, como tendinites e osteoartrite precoce.
Dentro desses 10% est, tambm, um reduzido nmero de indivduos com
hipermobilidade secundria a alguma patologia, como por exemplo, a Sndrome de EhlersDanlos. Para se avaliar uma possvel hipermobilidade generalizada pode-se utilizar a pontuao
de Beighton modificada (Figura 5).
Diagnstico de hipermobilidade generalizada
1. Extenso do dedo mnimo > 90 (1 ponto para cada lado)
2. Colocar o polegar paralelo e em contato com o antebrao (1 ponto para cada lado)
3. Extenso do cotovelo > 10 (1 ponto para cada lado)
4. Extenso do joelho > 10 (1 ponto para cada lado)
5. Tocar o solo com as mos planas e com as pernas retas
Pontuao mxima = 9
Hipermobilidade = 6 pontos ou mais
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CAPTULO 2
RADIOLOGIA NAS ENFERMIDADES REUMTICAS
1 Diminuio da opacidade ssea (radiotransparncia):
S permissvel sua visualizao aps perda de no mnimo 30% do clcio contido no osso.
Pode ser generalizado (desmineralizao) ou localizado (leso infecciosa, tumoral, traumtica,
etc.).
2 Aumento da densidade ssea (mais raro):
Difusa: cncer secundrio, intoxicao por metais pesados, sfilis, afeces congnitas.
Localizada: reao ssea* ou processo patolgico osteoblstico (tumores sseos).
* Reaes Periosteais: quando um processo qualquer comprime o peristeo, este reage
fabricando osso pela sua face profunda.
Interlinha radiolgica constituda pela espessura do espao articular e pelas espessuras das
duas cartilagens articulares que so radiotransparentes. , portanto, a distncia que separa as
duas lminas sseas subcondrais.
Anquilose ssea o desaparecimento da interlinha.
Charneira cervicoccipital C1/C2: transoral (com a boca aberta).
Espondillise o defeito (congnito?) de ossificao do istmo (principalmente em nveis
mais inferiores).
Espondilolistese o escorregamento anterior de uma vrtebra sobre a vrtebra subjacente em
virtude de uma espondillise bilateral. Sua etiologia partir de traumatismos bastante discutida
(talvez microtraumatismos em indivduo predisposto)
Retrolistese o escorregamento posterior.
Radiolgicamente a osteoartrite se caracteriza por:
1) Diminuio da interlinha articular (destruio da cartilagem articular o primeiro evento e,
devido sinovite, inicialmente, tm-se um aumento da interlinha articular)
2) Osteoesclerose subcondral (nas zonas de apoio reao ssea hiperpresso)
3) Osteofitose marginal
4) Geodos de hiperpresso (nas zonas de apoio)
5) Deformidade articular
6) Anquilose ssea
Sindesmfitos: encontra-se, sobretudo, na coluna vertebral e trata-se de ossificao fibrosa
periarticular pontes sseas (comuns nas doenas soro negativas).
Disco intervertebral um espao radiotransparente (perfil). A altura varia segundo o nvel
considerado. Os discos menos espessos so os dorsais mdios (T5 T6); eles aumentam de
espessura quando se afastam desse nvel.
Lombar em perfil: discos intervertebrais aumentam de espessura de cranial para caudal (salvo L5
S1 que cuneiforme anterior). O disco mais espesso o L4 L5, que mede 1,5cm.
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CAPTULO 3
TECIDO CONJUNTIVO: Fisiologia e Mecnica - aplicaes prticas
I - INTRODUO:
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a) COMPRESSO pode ser entendida como uma fora de aperto, uma maneira
efetiva de desidratar ptalas de flores colocada dentro de um livro e empilhar outros livros
sobre o primeiro.
b) TENSO uma fora de estiramento que cria tenso no objeto sobre o qual ela
aplicada, contrariamente da compresso. Quando uma criana senta em um balano, seu corpo
cria uma tenso sobre as correntes que os sustentam. Fora de tenso exercida sobre o osso
quando os msculos inseridos nele se contraem.
c) DESLIZAMENTO a fora de deslizamento tende a causar um deslocamento ou
deslizamento de uma parte do objeto sobre a outra, Por exemplo, uma fora atuando sobre a
articulao do joelho paralelamente ao plat tibial uma fora de deslizamento. Durante um
agachamento, o deslizamento na articulao do joelho maior quando ele esta na fase final.
ESTRESSE MECNICO
Outro fator que afeta o resultado da ao de fora sobre os ossos do corpo humano
a maneira pela qual estas foras esto distribudas pelo osso. Enquanto presso representa a
distribuio externa de fora sobre o corpo, o estresse representa a distribuio interna da fora,
aplicada extremamente sobre o corpo. Estresse pode ser quantificado da mesma forma forapresso por unidade de rea sobre a qual ela atua. Uma fora atuando sobre uma superfcie
pequena produz mais estresse do que a mesma fora atuando sobre uma superfcie maior.
Quando um impacto aplicado ao corpo humano, a probabilidade de leso de tecidos corporais
esta relacionada magnitude e direo do estresse criado pelo impacto. Estresse opressivo de
tenso e de deslizamento indicam, especificamente, a direo do estresse.
Pelo fato de a vrtebra lombar sustentar mais peso que a vrtebra torcica quando
uma pessoa est em p, o estresse compressivo na regio lombar deveria, logicamente, ser maior.
Entretanto, a quantidade de estresse presente no diretamente proporcional quantidade de
peso suportado porque as reas da superfcie de sustentao das vrtebras lombares so maiores
que as das vrtebras superiores da coluna.
TORO, INCLINAO E CARGAS COMBINADAS
Um tipo mais complicado de carga que os ossos devem suportar chamado de
inclinao. Compresso e tenso isoladas so foras axiais, ou seja, elas so dirigidas ao longo
do eixo longitudinal do osso. Quando uma fora excntrica (no-axial) aplicada extremidade
do osso, ele se curva, criando um estresse compressivo em um lado do osso e um estresse de
tenso no lado oposto.
Toro ocorre quando um osso contorcido ao redor do seu eixo longitudinal,
tipicamente quando uma de suas extremidades est fixa. Fraturas de toro da tbia no so
incomuns em acidentes de futebol ou de esqui, nos quais o p mantido em uma posio fixa
enquanto o resto do corpo sofre uma toro.
Devido ao fato de que os ossos do corpo humano esto submetidos fora
gravitacional, foras musculares e outras, eles geralmente recebem a ao de foras de vrios
tipos. A presena de mais de uma forma chamada de cargas combinadas. Forma irregular e
estrutura assimtrica do osso tambm contribuem para a diversificao dos estresses presentes na
resposta de uma determinada fora externa.
ORGANIZAO ESTRUTURAL
A porcentagem relativa de mineralizao ssea varia no apenas com a idade do
indivduo, mas tambm com a localizao do osso no corpo. Alguns ossos de uma mesma pessoa
so mais porosos que outros. Quanto mais poroso um osso, menor a proporo de fosfato e de
carbonato de clcio e maior a proporo de tecido sseo no-mineralizado. O tecido sseo foi
classificado em duas categorias de acordo com sua porosidade. Se a porosidade baixa 5 a
30% do volume do osso ocupado por tecido no-mineralizado o tecido chamado de osso
cortical. Tecido sseo com porosidade relativamente alta 30 a mais de 90% do volume de osso
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ocupado por tecido no-mineralizado conhecido como osso esponjoso. As maiorias dos ossos
do corpo humanas tm camadas externas compostas de osso cortical, como tecido do osso
esponjoso subjacente a esse osso cortical.
A porosidade do tecido sseo importante porque afeta diretamente suas
caractersticas mecnicas. Graas ao seu grande contedo mineral, o osso cortical mais rgido,
de tal forma que ele pode suportar mais estresse e menos alongamento ou deformao que o osso
esponjoso. O osso esponjoso pode agentar mais deformao antes de fraturar. A difise dos
ossos longos contm uma grande quantidade de osso cortical. O contedo relativamente alto de
osso esponjoso na vrtebra contribui para sua capacidade de absoro de choques.
As estruturas dos ossos so grandemente determinadas pelas naturezas das foras s
quais eles esto sujeitos. A orientao trabecular, particularmente encontrada em regies de
grande estresse, como o colo do fmur, resiste mais efetivamente s cargas habitualmente
aplicadas.
Observaes:
Efeito da inrcia: 2 kg na ponta do p implicam em 30% a mais de esforo de O2. No entanto,
se tivermos 20 kg no tronco no aumentaremos o consumo de O2; ou seja, engordar na barriga
menos ruim que usar um sapato pesado, em termos de inrcia. Isso embasa algumas
orientaes que o fisioterapeuta faz aos seus pacientes, tais como, carregar peso prximo ao
tronco e evitar o uso de calados demasiadamente pesados.
Contrao muscular: alguns grupos musculares podem exercer grandes foras (alavancas
negativas conforme posio de trabalho) para produzir movimento ou postura. O melhor
exemplo disso so os msculos paravertebrais. Onde, uma vez que o fulcro do movimento na
coluna em cima do ncleo pulposo e a musculatura se localiza posteriormente a ele, temos uma
distncia negativa para o fulcro funcionar. Assim, uma pessoa de 70 kg que sustente 20 kg 60
cm de distncia do corpo, ter que produzir, na coluna, cerca de 400 kg com a sua musculatura,
ou seja, a musculatura vai ter que fazer uma fora de 400 kg para sustentar 20 kg 60 cm.
Isso embasa algumas orientaes que o fisioterapeuta faz aos seus pacientes, tais
como, carregar peso prximo ao tronco (assim faz-se menos esforo sobre o tecido sseo da
vrtebra e tem-se menos gasto energtico e sobrecarga muscular) e evitar o uso de calados
demasiadamente pesados.
Conclui-se, desta forma, que o osso tem um aumento de qualidade com a atividade,
com a tenso mecnica, com ao muscular e com a compresso. Uma vez que o osso se
calcifica atravs da Lei de Wolf, ou seja, atravs de um efeito eltrico sobre o osteoblasto que
exige carga intermitente, se um paraplgico for colocado em uma prancha ortosttica no
ocorrer calcificao apenas em funo da gravidade, visto que o osso necessita de descarga de
peso para que isso ocorra. A qualidade do osso, desta forma, diminui por inatividade e ausncia
de foras, que pode ser ausncia de fora muscular ou uma ausncia de fora de gravidade.
Qual a diferena entre osteopenia e osteoporose?
Na osteopenia o osso matriz est preservado, a fibra colgena est inteira, o
osteoblasto est normal. Entretanto, no h calcificao do tecido matricial. O osteoblasto forma
um osso que depois ser calcificado, portanto, na osteopenia todas as trabculas esto presentes,
entretanto, no foram calcificadas. Na osteoporose no h trabculas. Elas comeam a se perder,
no tendo osso matriz para que o clcio se deposite. Se o osteoblasto no fizer o osso primitivo
para ser calcificado depois (steon), no adianta tomar clcio uma vez que no h onde coloc-lo
o osteoblasto tem que fazer o osso previamente.
Assim, na osteoporose temos perda do osso matriz e do osso calcificado. Entretanto,
no exame de densitometria ssea a osteopenia assemelha-se osteoporose, mas, na recuperao,
isso no acontece.
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Conclui-se, portanto, que o osso parecido com concreto armado: tem o ferro que
depois engessado. O osteoblasto faz uma frma, no entanto, se no houver a guia, no h
onde se depositar o clcio (que vai engessar). Por este prisma, notamos que na osteoporose no
h frma. Conseqentemente, no adianta jogar clcio (massa), pois no h onde deposit-lo.
Precisamos do osteoblasto para fazer a frma.
Osteopenia se trata com movimento. Se um indivduo usa gesso, o osso fica
osteopnico porque, pelo desuso, perde calcificao e no osteoblastos. Rapidamente, quando se
impe estresse, ele calcifica novamente. Quando o indivduo apresenta osteoporose, uma srie de
medicaes (estrgeno) tem que ser prescritas pelo mdico, as quais vo estimular o osteoblasto
a tentar refazer essas pontes. Neste caso, portanto, no adianta fazer s suplementao de clcio.
preciso que o estrgeno seja administrado para que o clcio seja aproveitado.
A excreo de clcio no idoso muito grande. Portanto, se o indivduo receber
suplementao de clcio que no puder ser aproveitado, pode-se predispor formao de pedras
nos rins. Deve-se, ento, mexer no mecanismo de formao do osteoblasto.
Observao: No qualquer tipo de clcio que absorvido no corpo. O espinafre bom por
causa da grande concentrao de ferro que existe nele? No. As formas de ferro contidas
no espinafre no so aproveitadas pelo corpo tem ferro, mas no em forma que o corpo
absorva. Quando se come espinafre fica-se 24 horas sem se absorver clcio. Alm de no
absorver o ferro, ele atrapalha a absoro do clcio.
Orientao que deve ser dada ao paciente:
Comer verdura verde escura com exceo de espinafre.
A casca de ovo puro clcio, mas s absorvido quando torrado (em p).
Ento: no qualquer forma que til, preciso saber quais so. O caf e o chocolate
tambm reduzem a absoro de clcio pelo organismo e devem ser evitados por indivduos
com osteoporose.
VII - CARTILAGEM:
Avascular (nas bordas exteriores h alguns vasos, mas em pequena quantidade uma
vez que a cartilagem feita para ser amassada); alinftica; aneural e do tipo hialina (colgeno do
tipo II + substncia fundamental composta de proteoglicanas). Possui uma consistncia
esponjosa com poros muito pequenos. Seu reparo feito por reposio fibrosa.
Observao: Existem vrios tipos de colgeno distribudo em todo o corpo. No cristalino, o
que se troca quando se tem catarata colgeno; conforme ele se organiza ele muda a
caracterstica, a ponto de no cristalino ser absolutamente transparente, na cartilagem ser
translcida, no osso ser fosca e no tendo ser branca. Uma cartilagem nova azulada,
quando fica velha ela adquire colorao esbranquiada.
VII.1 - FUNES: transmisso e absoro de choques. No entanto, a sua principal funo a de
transmitir a carga e no absorv-la visto que, em geral, ela muito fina para absorver muita
coisa. Assim, a cartilagem dissipa a carga por igual em toda a articulao. Alm disso, mantm
baixos nveis de atrito (propicia que os ossos se encontrem com um mnimo de atrito e um
mximo de capacidade de transmisso de carga); avascular e, ainda, aneural. A leso de
cartilagem, portanto, nunca dolorosa. Sabendo que todos os vasos tm fibras finas
transmissoras de sensaes, a leso de cartilagem no dolorosa apenas porque aneural, mas,
sobretudo, porque avascular. Portanto, a cartilagem no di at desaparecer. A dor, quando
surge, deriva do peristeo.
As articulaes que tm menor congruncia so as que possuem a cartilagem mais
espessa. Exemplo: joelho possui uma congruncia pobre e uma cartilagem espessa.
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Organizao das fibras: msculo fusiforme mais capaz de movimento (quando contrai encolhe
muito) e msculo peniforme mais capaz de fora (fibras oblquas - quando se contraem
encolhem pouco) com menor deslocamento.
Importante
Os tecidos adaptam-se s foras de alongamento, aumentando sua flexibilidade.
Fora baixa requer mais tempo para produzir a mesma quantidade de alongamento que fora
alta. No entanto, o alongamento que permanece maior em foras baixas.
Fora alta e tempo alto: tem maiores riscos de causar dor e possivelmente ruptura do tecido.
Quanto maior a velocidade de alongamento, maior a freqncia de impulsos gerados nas
fibras aferentes = resposta reflexa mais intensa.
O alongamento fornece um incremento da capacidade contrtil do msculo e no
necessariamente, um aumento na fora muscular. Quanto maior o comprimento do msculo
maior sua capacidade de produzir tenso at determinado limite. O fluxo sangneo diminui
durante o alongamento e, aps, ocorre uma hiperemia reativa. H tambm aumento na
velocidade de produo de protenas. Ao contrrio, no desuso, a sntese protica diminui e h
aumento na deposio de colgeno desalinhado. a primeira providncia para restituir a
eficincia do desempenho muscular. Ento:
Fazer de forma lenta e gradual evitando resposta mais intensa do arco reflexo.
2) Proporcionar um padro rtmico de repetio regular em intensidade e freqncia o que
favorece a adaptao e habituao do receptor.
3) Tempo? Estudos revelam que no h diferena entre 10 e 20 segundos, pois o fuso adapta-se
rapidamente ao alongamento quando este realizado com segurana este o fator
determinante.
Alongamento esttico: passivo ou auto-passivo. importante que se tenha cuidado com o
paciente que sente dor. Ele pode acabar realizando o exerccio erroneamente. Neste caso, mais
vantajoso darmos preferncia aos exerccios passivos.
Alongamento ativo: recomendvel, pois o envolvimento do comando voluntrio durante a
atividade evoca o mecanismo de controle eferente sobre a informao sensorial, incorporando
maior controle do fuso.
Alongamento dinmico: balstico e Kabat (interpretado como um movimento funcional pelo
SNC).
Observao: imprescindvel distinguir os tecidos a serem alongados, pois de acordo com
suas propriedades, o alongamento pode sofrer alteraes que contribuiro para a obteno
de melhores resultados e danos mnimos. Desta forma, um protocolo que j tenha sua
eficincia comprovada em adultos jovens no pode ser imposto a indivduos idosos ou a
crianas.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:
ALTER, M. Cincia da flexibilidade, 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 1999.
GOLDING. Reumatologia em medicina e reabilitao. So Paulo: Atheneu, 1999. Captulo 1.
SKARE, T. L. Reumatologia princpios e prtica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
TANAKA, C, FARAH. E. Anatomia funcional das cadeias musculares. So Paulo: cone, 1997.
Captulos 6 e 7.
TRIBASTONE, F. Tratados de exerccios corretivos aplicados reeducao motora postural, 1
ed. So Paulo: Manole, 2001.
23
CAPTULO 4
RECURSOS FISIOTERPICOS EM REUMATOLOGIA
Retirado do livro STARKEY, C.; Recursos teraputicos em fisioterapia. 1. Ed. So Paulo: Manole,
2001. Pgina 12.
24
Observao:
A reao fisiolgica natural a qualquer forma de leso uma resposta inflamatria aguda,
ou inflamao, que o processo que mobiliza os sistemas de defesa do organismo. Os efeitos
da inflamao so necessrios para o processo de cura. Entretanto, se a intensidade ou
durao da inflamao forem excessivas, o processo se torna deletrio e a inflamao
crnica se torna, ela prpria, um evento debilitador. Portanto, a inflamao s prejudicial
para a cura quando se desenvolve sem controle. Com o emprego dos recursos teraputicos
podemos influenciar a durao e a magnitude da resposta inflamatria e impedir seus
efeitos indesejveis.
I - CRIOTERAPIA:
I.1 - MODOS DE APLICAO:
Bolsas e/ou sacos de gelo (gelo + compresso + elevao = ICE associado ao repouso RICE)
Bolsas de gel: alcanam temperaturas abaixo de zero sem que haja solidificao do material.
Portanto, podem gerar leses por congelamento mais facilmente.
Bolsas qumicas
Spray de vapor refrescante: consiste na aplicao de substncias qumicas com propriedades
volteis, o cloreto de etila (possui alto potencial inflamvel) ou fluorometano que so
vaporizados sobre a pele em um movimento de varredura em uma nica direo e de forma
ritmada. Posiciona-se o tubo a mais ou menos 60 cm da pele, percorrendo-se 10 cm em 3
segundos.
Criomassagem
Criocintica: aplicaes intermitentes de crioterapia e exerccios ativos. A vasodilatao
induzida pela criocintica maior que aquela que ocorre pelas aplicaes de calor, alm disso, o
exerccio retarda o desenvolvimento de aderncias e ativa o sistema linftico, dado que este
requer ao muscular para ser bombeado.
Crioestiramento: aplicaes intermitentes de crioterapia e exerccios de estiramento podem
tambm ser associados criocintica.
Banhos de imerso (turbilho ou recipiente qualquer): a temperatura da gua fica na
dependncia dos efeitos desejados.
Observao: O gelo no remove o mecanismo sensor de dor, ele remove a dor residual. A
dor durante o exerccio aps a crioterapia indica que este foi muito vigoroso e que o nvel
de atividade deve ser rebaixado.
I.2 - EFEITOS FISIOLGICOS:
bvio que o efeito vai depender da modalidade escolhida, do tempo e da
temperatura da modalidade. Alm disso, uns so benficos enquanto outros so prejudiciais
durante as vrias fases da ateno fisioterpica. Devemos avaliar sempre o custo/benefcio e
decidir sobre a necessidade ou no de aplicao deste recurso.
Vasoconstrio que tem como objetivo conservar o calor corporal devido ao sobre o SNC
(via simptico), ao direta sobre os vasos e ativao do hipotlamo posterior;
Diminuio do Fluxo Sangneo impede leso tissular que ocorre nas 48/72h ps-leso por
diminuir a permeabilidade vascular, reduzindo assim o processo inflamatrio;
Diminuio do metabolismo necessidade de O2 pela clula diminui diminui a hipxia
secundria. A aplicao induz isquemia, no entanto, o custo/benefcio positivo.
Nos cuidados imediatos ps-leso a crio benfica, pois diminui a hipxia secundria, j em
processo inflamatrio crnico o problema no a injria primria, mas a resposta inflamatria
(irritativa) crnica a qual deve ser controlada;
25
26
bastante para levar a uma ocluso completa dos vasos; adormecimento, formigamento e
queimao tambm podem ocorrer durante os ataques;
Qualquer outra doena vasoespstica (livedo reticularis, acrocianose).
Observao: Doena de Raynaud uma condio que afeta predominantemente as mulheres
jovens nas quais, uma ligeira exposio ao frio ou distrbios emocionais, resulta em
Fenmeno de Raynald, conhecido como Fenmeno de Raynald primrio e no associado a
outras enfermidades.
O Fenmeno de Raynald secundrio est associado a um conjunto de outras enfermidades
como trauma cirrgico ou relacionados com uma ocupao (digitar ou operar britadeiras),
tambm pode resultar de leses neurognicas (sndrome do tnel do carpo) e enfermidade arterial
oclusiva e de um conjunto de outras enfermidades (esclerodermia).
Hipersensibilidade ao frio: Deve-se suspeitar desta condio quando h uma resposta
emocional muito severa (choro, por exemplo) no perodo de dor ou quando no ocorre adaptao
nas sees seguintes. Os sinais e sintomas so: urticria, hemoglobinria (presena de
hemoglobina na urina devido formao de aglutininas e hemolisinas ao frio), prpura
(hemorragia na pele devido formao de crioglogulinas - protenas anormais no sangue que
formam um gel em baixas temperaturas), eritema ao frio (resposta anormal e congnita
caracterizada por vermelhido, dor severa, espasmo muscular e suor sem urticria).
Atrite da anemia falciforme;
Alteraes cardacas;
Comprometimento da circulao local.
II - ULTRA-SOM:
Energia eltrica energia mecnica atravs de material piezoeltrico (PZT: titanato
zirconato de chumbo).
A freqncia tem a haver com a profundidade:
3MHz ndice de atenuao maior: mais superficial (1 a 1,2 cm)
1MHz mais profundo (3 a 4 cm no mximo, considerando o tecido muscular)
rea de aplicao efetiva (ERA) importante para se saber a intensidade instantnea e
sempre menor que a rea geomtrica do cabeote. dado pelo fabricante.
Ii = P (W). ERA(cm2)
Exemplo: I = 0,8 W x 3,5cm2 ento, Ii = 2,8 W/cm2
A intensidade est relacionada com a profundidade: para cada 1cm atenua a metade. Este no
um clculo absolutamente correto, pois depende do tecido insonado. Utilizando-se uma
freqncia de 1 MHz h uma atenuao de 50% da intensidade ao se atravessar 9 mm de
msculo e 48 mm de gordura subcutnea. Para um campo de 3MHz a intensidade ser reduzida
metade atravs de aproximadamente 16 mm de gordura e 3 mm de msculo.
II.1 - REGIME DE PULSO:
Contnuo: quando se quer grande nvel energtico (1 a 3 MHz);
Pulsado: o aparelho recorta tempos, quanto mais se recorta, menor a quantidade energtica
(1, 3 e 5 MHz todos os USs de 5 MHZ so necessariamente pulsados).
Observao: Dizer que se est fazendo terapia com US pulsado no significa que se est
fazendo terapia atrmica. Isto depender do recorte e da intensidade utilizada.
II.2 - EFEITOS MECNICOS:
Micromassagem: as vibraes causam compresso e expanso do tecido conduzindo a
variaes de presso. As conseqncias da diferena de presso so:
Trocas entre o volume das clulas corporais;
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Endoprteses: risco de aquecimento nas interfaces e de alteraes nos materiais de fixao (as
oscilaes de alta freqncia podem partir a liga qumica ou o cimento usado nesses
procedimentos);
Anormalidades vasculares (tromboflebites ou varizes: as vibraes mecnicas podem causar
embolia);
Distrbios de coagulao: medicamentoso ou em pacientes com hemofilia;
Tecidos j tratados por radioterapia;
reas sobre salincias sseas subcutneas (interface osso-peristeo);
Artrite piognica no medicada;
Esclerodermia: sabido que o a adio de calor aumenta a extensibilidade do colgeno.
Tambm notrio que pacientes esclerodrmicos possuem aderncia tecidual planos profundos
e, em conseqncia, tm limitaes nas amplitudes de movimento. Em funo destes dois
postulados alguns autores sugerem que a realizao de calor nestes indivduos poderia favorecer
a cinesioterapia e, portanto, seria uma terapia de eleio nesses casos.
Entretanto, em funo do dficit vascular severo que comumente est associada
doena de base, a utilizao de US ou qualquer outra terapia que gere calor poderia causar
queimaduras, mesmo em temperaturas baixas, em funo da no dissipao da caloria ofertada
pela rede vascular deficitria. Adicionalmente, o incremento na demanda metablica
conseqente utilizao de recursos que produzam calor pode gerar necrose tecidual visto que
h, nestes pacientes, uma reduo da luz dos vasos arteriais e, portanto, um dficit de oferta de
nutrientes.
A utilizao de US, com intensidade e modo de pulso suficientes para causar um aumento de
temperatura intra-articular, contra-indicado em patologias onde a temperatura j maior que o
normal, como nas artropatias inflamatrias e degenerativas crnicas por seu efeito sobre as
colagenases que gera acelerao da degenerao cartilagnea. O custo benefcio nestes casos
torna-se, portanto, negativo. importante salientar que, mesmo em perodos intercrise, onde no
h vigncia de processo inflamatrio, mantm-se a contra-indicao de se realizar calor intra
articular visto que o aumento de temperatura geraria destruio cartilagnea. Grosso modo,
poderamos dizer que cada aplicao de recursos que produzam calor dentro da articulao teria
o mesmo efeito pernicioso que normalmente gerado pela prpria doena de base. Entretanto, j
foram comprovados os efeitos benficos gerados em curto prazo pela adio de calor nestas
doenas. Em contrapartida, os efeitos deletrios gerados em longo prazo, como a acelerao do
processo de destruio articular tornam, da mesma forma, a relao de custo-benefcio negativa.
Temperatura normal
30,5 33 C
Colagenases ativas
Articulao inflamada
34 37
4 vezes mais ativas
US/OC/MO
> 40 C
8 vezes mais ativas
29
necessrio insonar uma rea extensa e, uma vez que a rea de aplicao do US , normalmente,
muito pequena, esta contra-indicao torna-se questionvel.
Aps laminectomia: Pode se tornar uma contra-indicao relativa desde que a intensidade seja
calculada para atingir, apenas, a musculatura paravertebral.
III - DIATERMIA POR ONDAS CURTAS: (do grego aquecimento atravs de)
Freqncia: 27,3 MHz (freqncia mais amplamente utilizada); Comprimento de
onda: 11,062 m no vcuo (entre 10 e 100m).
Sintonia: onde o circuito do paciente e o gerador so sintonizados pelo uso de um
capacitor varivel, equiparando-se os parmetros de cada circuito gerando, assim, a transferncia
mxima de potncia.
III.1 - MODOS DE APLICAO:
tipos de eletrodos 1: placas capacitivas 2 e
schliepakes 3
posicionamento4
Mtodo capacitivo
Contnuo
fatores aliados
Pulsado
transversal= contraplanar
longitudinal
coplanar
distncia eletrodo-pele5
tamanho do eletrodo
localizao do eletrodo
um em relao com o
outro e com o corpo
30
Aumento do metabolismo;
Aumento na velocidade de difuso;
Acelera a resoluo da inflamao (da reparao tecidual);
Diminuio da presso arterial;
Aumento da extensibilidade do tecido colagenoso;
Diminuio da rigidez articular;
Aumento na velocidade de conduo das fibras nervosas perifricas;
Alivia a dor e, conseqentemente, os espasmos musculares.
III.2.1 - Diatermia por ondas curtas pulsado (freqncia de induo baixa < que
82 HZ a dose deve ser submitis que o indicado quando no se deseja o efeito trmico):
efeito atrmico e somao (teoria aceita: para uma freqncia baixa de repetio de impulso, o
intervalo entre as ondas so largos, ento o efeito trmico ter se reduzido zero antes da
chegada do pulso seguinte, o que no ocorre com os outros efeitos fisiolgicos. A temperatura
no aumenta, o paciente no sente calor algum. Se aumentarmos a freqncia o intervalo entre as
ondas diminuir havendo produo de calor.
A somao dos efeitos no trmicos aumenta o nmero de indicaes e diminui o
nmero de contra-indicaes em relao terapia por ondas curtas contnuo.
Normalizao do potencial eltrico da membrana: equilibra eletrlitos dor ;
Cicatrizao rpida de feridas;
Reduo rpida da dor;
Reabsoro rpida de edemas e hematomas;
Cicatrizao rpida de roturas;
Estimulao potente da circulao perifrica.
III.3 DOSIMETRIA:
A dosimetria na terapia de ondas curtas contnua depende da intensidade, da durao
do tratamento e da freqncia do tratamento; j na terapia por ondas curtas pulsado acrescenta-se
a freqncia de repetio do pulso.
III.4 - CONTRA-INDICAES ABSOLUTAS:
reas afetadas por quimio e/ou radioterapia: esto desvitalizados e, portanto, no tm
condies de responder ao aumento da demanda metablica;
Tumores malignos;
Marcapassos implantados: o campo eletromagntico pode afetar o funcionamento deste;
Gravidez;
Tuberculose ativa: diminui significativamente o nmero de leuccitos;
Pirexia (=hipertermia) do paciente: mesmo no modo atrmico;
Gnadas;
Efeito sobre as colagenases: que no existe quando a aplicao atrmica;
Tecidos em rpida diviso (cartilagem de crescimento e glndulas);
Problemas arteriais ou venosos severos: por incapacidade de responder ao aumento da
demanda metablica de maneira abrupta;
Enfermidades infecciosas agudas.
Distrbios de coagulao.
Sensao trmica comprometida: na utilizao do OCC ou pulsado com freqncia alta. J a
utilizao de OC pulsado submitis trata-se de uma contra-indicao relativa.
III.5 - CONTRA-INDICAES RELATIVAS:
Metais implantados: se distantes da regio onde se faz aplicao ou se a aplicao
superficial ou atrmica (difcil de controlar com aparelhos antigos e em uso excessivo);
Hipersensibilidade ao calor;
31
Problemas cardacos;
Inflamaes agudas: pode-se usar o pulsado submitis, se houver indicao;
Diabetes mellitus: pode causar aumento da demanda que pode no ser suprida pelo sistema
arterial ou levar a um gasto excessivo de acar e, com isso, levar ao coma;
III.6 - CONTRA INDICAES TRADICIONAIS:
Osteoporose;
Uso de drogas anticoagulantes.
III.7 - CUIDADOS ESPECIAIS:
Informar paciente que o fluxo menstrual pode aumentar.
As contra-indicaes devem ser aplicadas tambm ao operador.
Se o aparelho estiver dentro das normas, em mtodo indutivo ou capacitivo a uma distncia de
70 cm dos eletrodos a radiao no tem ao sobre o organismo. Se o modo for pulsado, a
distncia de 50 cm. O mais seguro, o ideal, que essa distncia seja considerada de 1 metro.
Os cabos no podem se cruzar em decorrncia do forte campo eletromagntico presente neles
a induo poder causar curto circuito;
No pode haver contato entre os cabos e a pele uma vez que a induo pode provocar
aquecimento;
Induo: para evitar tenso excessiva sobre os vasos sangneos superficiais o cabo no pode
passar pela axila, prega do cotovelo e virilha, pois so ricos em fluidos;
IV - FORNO DE BIER:
O Forno de Bier constitui-se de uma caixa ou tnel de tamanho variado, de madeira,
ferro e acolchoado, com material (amianto) para que a caloria no se dissipe, produzindo um
aquecimento sem produzir energia luminosa. Este tipo de gerador de calor (no-luminoso)
consiste em elementos de aquecimento feitos de materiais resistentes colocados num refletor
apropriado, que utiliza lmpadas ou resistncias eltricas. A temperatura no interior dessa cabine
pode variar entre 40C e 120 C, aquecendo o ar o qual aquece a pele. difcil controlar a
temperatura quando no h termostato, havendo risco de queimaduras. A temperatura limite
considerada teraputica em torno de 45C de temperatura calrica.
importante fechar todos os vos com intuito de evitar que o calor se dissipe.
Observao: A utilizao do forno de lmpada possui contra-indicao relativa em patologias
que necessitem da utilizao de drogas fotossensveis (no comprovado cientificamente). O que
se questiona se o eritema produzido pelo IV desnatura o DNA das clulas epidrmicas tal como
o UV, fornecendo estmulo antignico em indivduos que possuam fotossensibilidade.
V - INFRA-VERMELHO:
Muitas fontes emissoras de luz visvel emitem radiao IV, as quais se situam dentro
do espectro eletromagntico que gera calor ao ser absorvida pela matria.
A radiao IV produzida como um resultado de movimentos moleculares no
interior de materiais aquecidos. Assim, todos os corpos ou materiais quentes emitem RIV,
embora em graus diferentes. Na prtica clnica temos como fontes artificiais geradores luminosos
(infravermelho prximo) ou no luminosos (infravermelho distante: penetra menos
profundamente, mais quente).
Os geradores do tipo luminoso consistem em filamentos de tungstnio ou carbono
aquecidos at uma elevada incandescncia, colocados numa lmpada eltrica instalada no foco
de um espelho refletor cncavo ou numa lmpada cnica (de vidro claro ou vermelho), com o
espelho refletor colocado no interior da parte afunilada. Cerca de 30% da radiao total emitida
32
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Por esse motivo contra-indicada no tratamento de artropatias crnicas por seu efeito sobre as
colagenases e conseqente acelerao da destruio cartilagnea: custo-benefcio negativo. Deste
modo, indicada, apenas em condies traumato-ortopdicas.
VI.1 - EFEITOS FISIOLGICOS:
Aumento da oferta de oxignio e nutrientes metabolismo local;
Favorecimento da defesa;
Reduo de edema;
Reduo da dor (retirada de substncias nocivas e diminuio de transmisso de impulsos
dolorosos em funo da conduo de estmulo trmico teoria das comportas);
Relaxamento;
Diminuio da rigidez.
Amacia a pele.
Observao:
Lavar bem as extremidades a serem tratadas e evitar a aplicao em doentes
com leses cutneas abertas e com infeco local.
Alguns autores sugerem o uso de parafina e outras formas de calor superficial
para aumentar a extensibilidade tecidual em indivduos portadores de esclerodermia.
Entretanto, como j descrito anteriormente, corre-se o risco de gerar necrose tecidual em
extremidades, alm de queimaduras, mesmo em baixas temperaturas.
VII - RESPOSTAS ORGNICAS S ALTERAES TRMICAS:
Frio
Calor
5cm
1-2 cm (agentes superficiais) e
2-5 cm (agentes profundos)
Durao dos efeitos
Horas
Comea a dissipar-se aps a
remoo do tratamento
Fluxo sangneo
Diminudo (vasoconstrio)
Aumentado (vasodilatao)
Taxa metablica
Diminuda
Aumentada
Consumo de oxignio
Diminudo
Aumentado
Resduos celulares
Diminudos
Aumentados
Viscosidade dos fluidos
Aumentada
Diminuda
Permeabilidade capilar
Diminuda
Aumentada
Inflamao
Diminuda
Aumentada
Dor
Diminuda
Diminuda
Espasmo muscular
Diminudo pela reduo da Diminudo pela reduo da
sensibilidade
dos
fusos isquemia e da dor
musculares e reduo da dor
Velocidade de contrao Diminuda pela reduo da Aumentada
muscular
velocidade
de
conduo
nervosa e aumento da
viscosidade dos fluidos
Na rea muito fria, apenas as fibras de dor so estimuladas. Se a pele fica ainda mais
fria, tendendo a se congelar ou se congelando, nem mesmo essas so estimuladas, elas no esto
34
Comprimento de
onda
632,8 nm
904 nm
Forma de
emisso
Contnuo
Pulsado
Feixe
Potncia de pico
visvel
invisvel
3 a 10 mW
15 a 45 W
Forma
Potncia
HeNe
AsGa
Contnuo
Pulsado
10 mW
30 W
Freq. de
pulso
-------10 Hz
Largura do
pulso
-------200 ms
Tempo de
emisso
100 s
100 s
Energia
emitida
1,0 J
0,006 J
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RESUMO
laser aumenta o metabolismo celular consequentemente interfere nos nucleotdeos
cclicos aumenta, tambm, a sntese de DNA codificao e proliferao celular
VIII.5 - DOSIMETRIA:
Faixa teraputica de 2 a 5 J. Geralmente altas doses so inibitrias para determinados
processos = podem produzir radicais livres e estes podem alterar todo o meio celular e,
consequentemente, inibir funo (US em altas doses tambm pode produzir o mesmo efeito).
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37
ou seja, a durao de um pulso intervalo de tempo que separa o incio e o fim de um pulso.
Determina o conforto j que:
Largura de pulso maiores distncia entre os limiares menores = limiares se
aproximam = corrente mais desagradvel!
Largura de pulso menores, maior o conforto!
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funciona!
Observao: Ponto motor do msculo: ponto que o nervo entra no ventre acesso direto =
menor resistncia eltrica, melhores resultados com correntes menos desagradveis.
XII - TENS:
Onda bifsica, quadrtica e despolarizada (longa durao no tem fluxo inico).
Isso significa:
As correntes de pulso quadrado so mais eficazes porque a ascenso mais vertical.
Quanto mais inclinamos a ascenso, a eficcia diminui e temos que aumentar a intensidade. As
ondas bidirecionais no apresentam efeito eletroltico, no apresentam riscos de queimadura
mesmo com intensidades elevadas. Tambm no apresentam riscos para implantes metlicos
internos. Em pacientes com hastes de fixao externa seu uso contra-indicado. A intensidade
(mA) dada pelo paciente.
VIF: variao de intensidade e freqncia (evita acomodao = modifica a percepo
da corrente pelo paciente).
XII.1 - MODULAO DA CORRENTE:
Muito embora exista uma faixa teraputica bem ampla para ser utilizada, em
consultrios utilizam-se, principalmente as seguintes modulaes:
Tens convencional: T < 100 ms., f > 75Hz ao mais rpida de analgesia efeito residual
pequeno (desde que a causa da dor persista) dor aguda. Indicada no tratamento de processos
lgicos decorrentes de espasmos musculares.
Tens acupuntura: T 200 ms., f < 25 Hz liberao de endorfinas v-se contrao
(fasciculao) tempo de analgesia muito maior (4 a 6 horas) dor crnica (aumenta o limiar
de dor do paciente): no mnimo 20 minutos. Menos do que isso no funciona, pois no atinge um
plat satisfatrio de liberao de endorfinas (demora mais para acomodar). A dose tem que ser
no limite do tolervel sem causar dor (se houver forte contrao a dor pode ser agravada).
XII.2 - PRINCPIOS PARA COLOCAO DOS ELETRODOS:
Sobre o nervo perifrico (mais superficial e proximal ao stio de dor);
Sobre o dermtomo afetado;
Sobre a raiz nervosa;
Sobre a rea dolorosa;
Sobre pontos gatilho;
Um sobre a raiz e outro no ponto de dor irradiada.
Observao: quando a distncia entre eletrodos muito pequena a corrente fica mais
superficial.
XII.3 - RAZES PARA POSSVEIS RESULTADOS INSATISFATRIOS:
a) Paciente:
Seleo inadequada (histrico ou no confivel).
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b) Tcnica:
Colocao errnea dos eletrodos;
Cobertura imprpria do gel eletrocondutor (muito ou pouco);
Falha da explorao de diferentes parmetros de estimulao;
Tempo de tratamento insuficiente;
Limpeza inadequada da pele do paciente;
No estar atento acomodao (falha no monitoramento).
c) Equipamento:
Baterias descarregadas ou com problemas de conexo;
Eletrodos desgastados (silicone carbonado);
Cabos muito finos que se quebram facilmente.
XIII - IONTOFORESE:
a introduo no invasiva de substncias teraputicas ionizveis, atravs da pele
ntegra, utilizando-se das propriedades fsicas da corrente contnua galvnica As diadnmicas
no so utilizveis uma vez que tratam-se de correntes galvano-fardicas. As correntes pulsteis
ou alternadas no promovem tal efeito fisiolgico, pois no acarretam a movimentao
unidirecional das molculas. Baseia-se no princpio de que um eletrodo eletricamente polarizvel
repele ons da mesma polaridade. A quantidade de medicamentos introduzida no tecido
determinada por vrios fatores: intensidade e durao da corrente eltrica, resistncia da pele a
deslocamentos inicos, potencial de ionizao do medicamento ou do solvente no qual os ons
esto dissolvidos e tamanho dos eletrodos. A vantagem deste procedimento obter maior
concentrao da substncia no local acometido.
XIII.1 - MECANISMO DE AO:
A ao teraputica da iontoforese atribuda a dois fatores bsicos: um resultante
da ao analgsica oferecida pela corrente eltrica, atravs das comportas e, o outro (que mais
significativo), decorrente do fenmeno da introduo eletroltica das substncias qumicas.
XIII.2 MODO DE APLICAO:
A intensidade dada pelo paciente. Vrios frmacos podem ser administrados pela
iontoforese. O salicilato de sdio a 2% e o diclofenaco de sdio ou de potssio devem ser
colocados sob o eletrodo de polaridade negativa, porque os ons a serem introduzidos apresentam
carga negativa.
XIII.3 CONTRA-INDICAES:
Alteraes da sensibilidade superficial regional, alergia aos medicamentos utilizados,
comprometimento da cognio ou quando os doentes no cooperam no sentido de informar o
nvel da corrente eltrica tolerada.
XIV - DIADNMICAS:
So 5 correntes galvano-fardicas, alternadas, polarizadas e senoidais.
Difsica (DF): freqncia 100 Hz, estimula circulao perifrica e produz analgesia.
Monofsica (MF): 50 Hz, produz contraes musculares.
Curtos perodos: DF + MF: 50 e 100 Hz, produz analgesia e estimula o trofismo e atuao
anti-edematosa pela ao dos 50 Hz, ou seja, efeito de bomba: mais utilizada sobre articulaes)
Longos perodos: DF + MF: 50 e 100 Hz, possui um perodo maior de MF e, por isso, mais
desagradvel. Seu efeito semelhante CP. Tambm pela ao dos 50 Hz e mais utilizada para
edemas sobre ventres musculares.
41
XIV.3 - CONTRA-INDICAES:
Portadores de marca-passos e endoprtese em decorrncia de eventuais alteraes
eletrolticas.
XV - ELETROACUPUNTURA:
considerada como mtodo teraputico eficiente para controlar a dor.
Tradicionalmente, as agulhas de acupuntura promovem a estimulao mecnica de estruturas
drmicas, subdrmicas e musculares por intermdio de movimentos manuais rotacionais.
Com o intuito de aumentar a efetividade do estmulo, associou-se o uso da
eletricidade acupuntura. A eletroacupuntura consiste na estimulao de determinados pontos do
tegumento por correntes eltricas aplicadas atravs de agulhas metlicas esterilizadas.
A eletroacupuntura indicada primordialmente no tratamento da dor. S deve ser
empregada aps o diagnstico correto, em combinao com procedimentos destinados ao
tratamento etiolgico, para que os resultados sejam satisfatrios.
XV.1 - MECANISMO DE AO:
A eletroacupuntura ativa o sistema supressor da dor. Trabalhos cientficos referem
que a acupuntura pode bloquear a aferncia dolorosa pelo menos por dois mecanismos: inibio
da atividade de neurnios transmissores de dor em nvel medular segundo o mecanismo de
comporta e inibio da aferncia nociceptiva por meio da ativao de sistemas supressores de
dor supra-segmentares.
A introduo intraventricular do lquido cefalorraquidiano de animais tratados por
acupuntura causa analgesia em animais no tratados por ela, e estudos com circulao cruzada
mostram elevao do limiar de dor nestes ltimos.
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XVIII.1 - OBJETIVOS:
Aumento de ADM ativa
Propriocepo
Coordenao
Equilbrio
Treino de atividades funcionais visando independncia funcional
XVIII.2 - MECANISMO DE AO TERAPUTICA:
Efeitos fsicos
a) Peso
b) Tenso superficial
c) Viscosidade
d) Densidade relativa: relao entre a massa de um corpo a um dado volume. DR da
gua pura = 1 e DR do corpo humano = 0,95. Durante a inspirao a DR diminui e a flutuao
aumenta; na expirao a DR aumenta e a flutuao diminui.
e) Empuxo: um corpo completa ou parcialmente imerso em um lquido em repouso
sofre ao de uma fora de baixo para cima igual ao peso do lquido deslocado. O corpo
flutuando em supino ou prono encontra-se em posio mais estvel devido ao fato de o empuxo
estar atuando sob toda a superfcie.
f) Presso hidrosttica: a presso que um lquido exerce sobre toda a superfcie de
um corpo imerso em repouso a uma dada profundidade. Por isso, s o fato de, por exemplo, um
indivduo com o joelho edemaciado estar imerso na gua, j reduo desse edema.
g) Momento de fora: quanto maior o brao de alavanca menor a resistncia e maior
a facilidade de execuo do movimento.
h) Turbulncia: reduo de presso sobre o corpo pela movimentao do lquido.
Observao: Quanto maior a profundidade onde o indivduo realiza a atividade, mais leve
ele fica e, por isso, mais fcil sua execuo. No indicado em indivduos com alteraes
importantes do sistema cardiorrespiratrio, pois aumenta a resistncia perifrica e o dbito
cardaco.
XVIII.3 - EFEITOS FISIOLGICOS:
Resultam da execuo normal do exerccio cujos efeitos so modificados pela
elevao da temperatura. Variam com a temperatura e a presso da gua, a durao do
tratamento e a intensidade do exerccio. (temperatura ideal igual ou menor que 31,5C).
Sistema termorregulador: o aumento da temperatura aumenta o volume de sangue superficial,
aumenta a temperatura muscular, o metabolismo da pele e dos msculos e o metabolismo geral.
Sistema cardiorrespiratrio: o aumento da temperatura eleva a FC e a FR
Sistema nervoso: o aumento da temperatura diminui as sensaes das terminaes nervosas
sensitivas, as dores e o tnus muscular.
Sistema renal: a variao de presso hidrosttica e a profundidade aumentam os fluidos
corporais e a diurese.
XVIII.4 - EFEITOS TERAPUTICOS:
Motor: dor, edema, msculos, articulaes e marcha.
Sensorial: equilbrio, esquema corporal e noo de espao.
Preventivo: deformidades.
Psicolgico: a gua mascara ou minimiza muitas das deficincias e ou incapacidades do
paciente, pois mais fcil se movimentar nela, o que o estimula a continuar o tratamento.
XIX ORIENTAES E ADAPTAES:
47
CAPTULO 5
SNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS E SISTMICAS
I ALGONEURODISTROFIA:
48
49
Estgio II: fase distrfica que dura de 3 a 6 meses h ainda edema e diminuio da
ADM, alm de distrofia cutnea.
Estgio III: fase atrfica que dura mais de 6 meses e onde h um aumento dos
impulsos simpticos produzindo diminuio do fluxo. Ocorrem contraturas, atrofia muscular,
diminuio da mobilidade articular, alteraes nas unhas e osteopenia.
b) DISTRBIOS MOTORES: Paresia, retraes, encurtamentos e diminuio dos
movimentos passivos e ativos com certa rigidez articular que pode levar fibrose.
c) DISTRBIOS SENSITIVOS: Dor espontnea, alodnia (dor causada por um
estmulo que normalmente no doloroso - minoria) e hiperalgesia. H dor articular. O calor
provoca hiperalgesia mais o frio tambm aumenta a dor. H um componente ortosttico na dor
espontnea e difusa: diminuio ou aumento conforme a extremidade distal elevada ou
abaixada; e suprimida pelo teste da isquemia: compresso acima da presso sistlica aps
bandagem. Posteriormente podem surgir alteraes trficas com atrofia muscular e osteoporose.
Observaes: Pode ocorrer no s aps leso das extremidades, mas tambm aps doena
neurolgica e reumatolgica ou mesmo duranteem conseqncia de um infarto do
miocrdio.
Com a utilizao de determinadas associaes medicamentosas como fenobarbital e
fenitona.
Aps cortes, contuses de tecidos moles ou de plexo nervo, leses inflamatrias,
doena articular degenerativa, doena malignas, fraturas, imobilizaes prolongadas,
cirurgias, encarceramento de nervo perifrico, etc.
H influncia psicolgica? Distrbios emocionais e alteraes da conduta podem ser
secundrios dor.
d) EVOLUO: geralmente autolimitada, mas pode complicar e durar meses ou
at mais de 1 ano. Complicaes: atrofias tendinosas, retraes de cpsulas, fibrose e anquilose.
I.2.2 - TIPO II: Causalgia:
"Dor neuroptica, queimante, com alodnia e hiperpatia (reao exagerada e aversiva
a um estmulo, principalmente aversivo), geralmente nas mos ou ps aps leso parcial de um
nervo ou de um de seus ramos principais" (leso demonstrvel). Dor espontnea intensa havendo
alteraes de sudorese e da temperatura local alm de edema. H grande sensibilidade local ao
toque sendo que a dor queimante comea geralmente horas aps a leso (pode tardar semanas ou,
mais raramente, meses). Problemas psicolgicos e emocionais costumam estar associados. No
piora com o calor e rara a hiperalgesia ao frio. Piora com os movimentos. No so responsivos
bloqueios simpticos. A simpatectomia indicada. Exemplo: a causa mais freqente de dor
aps artroscopia de joelho, o que pode retardar o processo de reabilitao.
I.2.3 - TRATAMENTO FISIOTERAPPICO:
Deve ser iniciado precocemente. Os objetivos so a melhora da funo e da dor.
1 estgio: 50 a 70% de sucesso,
2 estgio: 25 a 50% de sucesso,
3 estgio: 5% ou menos.
Observao: Bloqueios simpticos podem ou no dar resultados.
obvio que o estgio em que se encontra o processo vai determinar a eleio do
recurso fisioterpico mais indicado. Quando no se puder definir com clareza em qual fase o
paciente se encontra, leve em conta os sinais e sintomas mais prevalentes.
US no gnglio estrelado (ou crvico-torcico): aumentar o metabolismo (70% de
melhora);
Laserterapia (AsGa): no local da leso e/ou no gnglio estrelado;
50
51
retificao da lordose lombar, hipercifose torcica e hiperlordose cervical, joelhos e pelve semifletidos, inclusive para deambulao.
CASO CLNICO 2
Leia com ateno o caso clnico abaixo e labore um protocolo de tratamento
fisioterpico com seus objetivos, justificativas e contra-indicaes, caso existam.
B.R., 61 anos do sexo feminino professora (hoje licenciada) e portadora de dislipidemia e
HAS. Em 07/00 caiu da escada de chuva do prdio onde mora e a mo direita ficou presa
debaixo do corpo, mas s em 08/00 procurou um mdico porque a dor estava insuportvel. Este
pediu um raios-X que evidenciou uma fratura por arrancamento na base da falange mdia do 4
dedo da mo direita (o mdico no viu a fratura, no receitou nenhum remdio e enfaixou o 4 e
5 dedos). A paciente no agentou ficar muito tempo com a faixa (no sabe precisar), pois a
mo e o antebrao estavam ficando dormentes. Quando tirou a faixa dos dedos estes estavam
roxos.
No ms de outubro procurou outro mdico porque a dor no cessava e este viu a
fratura no raios-X anterior e pediu outro que mostrou que a fratura j estava consolidada, alm de
osteopenia justa articular e OA nas IFs de todos os dedos. Tambm fez raios-X de ombros, pois
sentia dores em ambos, e estes associados com a clnica indicaram sndrome do impacto e bursite
bilaterais. A partir da comeou a tomar medicamentos (no lembra quais), continuou
trabalhando e foi indicada a fazer fisioterapia. Realizou 93 sesses (SIC) em uma clnica da
cidade sem resultados (fazia mobilizao passiva forada em amplitude e crioterapia).
Em 02/01 foi submetida manipulao sob anestesia de punho, MTCFs e IFs, alm
de bloqueio com corticides. Trs dias depois, foi encaminhada novamente fisioterapia com
uma tala para imobilizao e fazendo uso de Tilex e Escaflan. Tinha como queixa principal:
muita dor na mo direita e nos ombros que no me deixa fazer nada e me impede voltar dar
aulas. Ao exame fsico foi evidenciado: edema em toda a mo direita que estava brilhante e com
sudorese intensa, reduo significativa da ADM de IFs, MTCFs e punho, temperatura um
pouco elevada, rigidez articular principalmente nas IFs de 4 e 5 dedos (possvel anquilose
fibrosa evidenciando padro flexor) e sinal de atrofia de intersseos e dos flexores e extensores
de punho e dedos da mo direita. Notou-se tambm a existncia de ndulos de Heberden e de
Bouchard, estes menos visveis pelo edema (dedo em salsicha). Nos ombros apresentava dor
palpao dos tendes de bceps e supra-espinhoso bilaterais e dor abduo e flexo acima de
90. Testes de Jobe e Yergason positivos, alm de tenso e pontos gatilho em trapzio e
rombides bilaterais. Teste de fora em MSD impossibilitado pela dor.
II SNDROME MIOFASCIAL:
H controvrsias sobre a distino diagnstica entre Sndrome Miofascial,
Fibromialgia, Dor por Tenso Muscular e Reumatismo Psicognico.
Causas de Mialgias crnicas:
Leso muscular
Leso neuroptica perifrica
Leso neuroptica central contratura isquemia hipxia
Leso ou distrbio visceral
Distrbios emocionais
Medicamentos inibidores da HMG CO-A redutase
Algumas viroses
Leso muscular por trauma ou microtrauma repetidos na massa do msculo ou na
ntese com liberao de substncias algognicas e o aparecimento de pontos dolorosos.
Exemplos: esforos excessivos (principalmente esportivo), distenses, posturas viciosas, traumas
52
53
que ocorreu uma redefinio do que era at ento um quadro confuso de uma condio comum.
Em 1987 foi reconhecida como uma sndrome pelo American Medical Association, uma
sndrome dolorosa difusa, no inflamatria, no auto-imune e crnica, de etiologia desconhecida,
multissistmica e de natureza multidisciplinar.
A freqncia da fibromialgia de 5% na populao geral. Acomete
preferencialmente o sexo feminino (9/1) e seus primeiros sintomas aparecem, em mdia, entre a
3 e a 5 dcadas (mas pode ocorrer em todas as idades, incluindo crianas), sendo a idade do
diagnstico entre 34 e 57 anos.
III.1 DIAGNSTICO MDICO
A fibromialgia pode ser de origem primria ou secundria, neste caso resultado de
outra doena podendo aparecer associado artrite reumatide, lpus eritematoso sistmico,
polimialgia reumtica, neuropatia e outras.
O diagnstico essencialmente clnico, atravs da histria e exame fsico do
paciente. Exames laboratoriais e o estudo radiolgico so normais e, mesmo quando alterados,
no excluem o diagnstico de fibromialgia.
A definio mais aceita atualmente ditada pelo American College of Rheumatology (ACR1990), que caracteriza a sndrome da fibromialgia (SFM) por:
Uma histria de dor generalizada por pelo menos 3 meses. A dor considerada generalizada
quando todos os seguintes sintomas esto presentes: dor no lado direito e esquerdo do corpo,
abaixo e acima da cintura. Alm disso, deve haver dor axial (coluna cervical ou parte anterior do
peito ou coluna torcica ou lombar).
Dor (com o paciente relatando dor e no apenas sensibilidade) em 11 de 18 pontos sensveis
tender points - quando submetidos presso digital equivalente a 4kg fora, presso
necessria para a unha do polegar ficar branca. Os pontos so difusos e em locais previsveis,
apresentando dor apenas no local da palpao, no provocando dor irradiada. As localizaes
so todas bilaterais e so situadas: (Figura1).
Figura 1: localizao dos tender points
1) Eminncias occipitais (insero dos msculos suboccipitais)
1) Cervical baixo (orientao anterior dos espaos intertransversais de C5 e C7)
2) Tero mdio do trapzio (ponto mdio da borda superior)
3) Supra-espinhoso (sobre a borda medial da espinha escapular)
4) Segundo espao intercostal (juno costocondral)
5) Epicndilos laterais do cotovelo (2 cm distalmente)
6) Glteos mximos (quadrantes spero-laterais das ndegas)
7) Trocnter maior do fmur (posterior a proeminncia trocantrica insero do piriforme)
8) Interlinha medial do joelho (coxim gorduroso medial)
Pontos controle: so reas que normalmente no so dolorosas quando se aplica presso. Esto
localizadas sobre o ponto mdio da testa, unhas do polegar, superfcie flexora do ponto mdio do
antebrao, ponto mdio anterior da coxa e teo mdio do terceiro metatarso. Eles no so
sensveis nos pacientes com fibromialgia.
54
Sono possui 5 fases: as 2 primeiras so de sono leve; as 2 seguintes geram o sono delta e a ltima a do sono
REM. Estas 3 ltimas fases geram sono mais profundo, sendo portanto, as fases mais reparadoras. Durante o sono,
h liberao de melatonina que parece ser capaz de aumentar a mobilidade e atividade das clulas de defesa,
fortalecer a formao dos anticorpos; facilitar a defesa contra os vrus, moderar a superproduo de corticides
gerados pelo stress prolongado ou repetitivo e equilibrar a funo tireoideana, a qual atua diretamente na produo
de importantssimas clulas de defesa, os linfcitos T.
55
56
CASO CLNICO 3
Leia atentamente o caso clnico e responda as perguntas abaixo:
M.M.T., natural de Paiva-MG, 48 anos, sexo feminino, negra, domstica, chegou ao
Ambulatrio de Fisioterapia com a seguinte queixa: Di muito, incha as juntas, di as costas e o
quadril. Relatou que sente dores h aproximadamente 15 anos. O processo lgico iniciou-se na
regio lombar e atualmente afeta tambm a coxofemoral, joelhos e calcanhares. A dor na regio
da coxofemoral intensificada ao subir escadas.
Em sua HPP a paciente informou que apresentou episdios de lombociatalgia, bursite
trocanteriana D, paralisia facial e clica renal. hipertensa, apresenta agenesia do rim direito,
teve uma nica gravidez e esta foi de risco. Tinha dois teros, que foram retirados aos 21 anos
juntamente com um fibroma de ovrio. Antes da retirada dos teros apresentava crises
convulsivas.
Tabagista, etilista social, pratica atividade fsica regularmente (caminhada) e realiza
dieta sob superviso mdica. Durante a anamnese disse que sentia muita falta da filha, a qual se
casou e, por isso, no morava mais com ela.
Ao exame fsico foram encontrados 10 tender points, espasmos musculares na regio
cervical, lombar, trapzio e borda medial da escpula. Dor movimentao passiva da regio
cervical e ADMs diminudas na coxofemoral direita. Apresenta fora muscular normal.
Na avaliao postural apresenta protuso de cabea, ombros protusos e rodados
internamente, sendo o esquerdo mais elevado, hiperlordose lombar, pelve em anteverso,
coxofemorais rodadas internamente, escoliose lombar com convexidade D e traco-lombar E.
H assimetria visual no comprimento dos MMII, sendo o direito mais curto e os joelhos so
valgos bilateralmente. Foi solicitada escanometria a qual no apresentou nenhuma alterao.
Testes realizados:
Teste de Jobe: falso positivo a direita
Teste de compresso cervical: negativo
Valsalva: positivo na regio torcica
Schober: 5,5cm
Quadril estalante: positivo D
Teste da cintica da sacro-ilaca sentado: positivo
Teste da cintica da sacro-ilaca em p: positivo
Pergunta-se:
a) Provvel diagnstico mdico
b) Diagnstico fisioterpico
c) Objetivos do tratamento
d) Tratamento fisioterpico realizado justificando sua conduta
Dor que di!
Egosta... Pensam as pessoas, que s me dando remdio voc vai embora...
Durmo um pouco, mas no demora logo voc volta,
Para mostrar que dentro de mim que moras
IV - CERVICOBRAQUIALGIA:
IV.1 INTRODUO:
Sndrome compressiva com dor local e/ou irradiada, associada a fenmenos
parestsicos e dficits motores com hiporreflexia.
57
Dores cervicais podem dever-se dor referida oriunda a uma afeco de estruturas internas
como, por exemplo, corao e artrias coronarianas, pice de pulmo (tumor de Pancoast),
diafragma, vescula biliar, pncreas, hrnia de hiato e lceras gstricas.
O mais comum o envolvimento de estruturas musculoesquelticas da regio.
Durante a flexo/extenso a abertura do forame intervertebral muda. Com a flexo ele se abre,
com a extenso ele se fecha. Flexo lateral e rotao do pescoo tambm influem no seu
tamanho: se fecham para o lado ao qual a cabea se inclina lateralmente e para o qual ela se vira.
Em uma coluna normal esse estreitamento no suficiente para comprimir qualquer dos tecidos
contidos nos forames, mas isso passa a ser importante em uma coluna anormal.
A dor pode resultar de irritao, traumatismo, inflamao e at infeco de qualquer um
desses tecidos.
O disco indolor. A dor gerada em doenas discais proveniente do ligamento
longitudinal posterior que contm fibras dolorosas que se irritam pelo aumento de presso
causado pela protuso do disco ou pela compresso direta de razes nervosas.
IV.2 ETIOLOGIA:
a) Causas inflamatrias: AR, Pelve Espondilite Anquilosante, Espondiloartropatia Psorisica
b) Causas txicas: Neurite Alcolica
c) Infecciosas
d) Causas mecnicas:
Osteoartrite (espondilose): Discartrose, Uncartrose, Sndrome de Baastrup (Kissing Spine OA das apfises espinhosas que se tocam produzindo dor);
Luxaes e fraturas (chicote-Whiplash) leses para frente hiperflexo e para trs
hiperextenso;
Coliso traseira
Coliso dianteira
58
C8
T1
V LOMBOCIATALGIA:
A dor citica pode ter inmeras causas anatmicas diferentes. As vrias estruturas
posteriores da coluna (ligamentos interespinhais, facetas articulares, etc.), que so inervadas pelo
ramo posterior do nervo vertebral, deflagram esse tipo de dor quando elas so danificadas de
certas formas. A disfuno das articulaes sacroilacas pode tambm produzir dor citica.
V.1 ETIOLOGIA:
Tumores: nas dores por compresso devidas a tumores e tambm em algumas infeces, os
sintomas so constantes, e o repouso no traz alvio. A dor aumenta progressivamente.
No homem: o maior responsvel pelas metstases sseas so os tumores de prstata e na
mulher, os de mama (10-15 anos ou mais aps mastectomia total). Outros: pulmes, rins e
tireide.
A vrtebra o stio do esqueleto que mais metstases recebe, vindo a seguir a pelve, a parte
proximal dos ossos longos e as costelas. Caractersticas:
Dor no ser aliviada com o repouso no leito e aumenta noite;
No ser dependente da posio no leito (embora a mudana de posio possa exacerb-la);
59
60
Problema originrio da coxofemoral: a dor referida pode ter carter similar na ndega:
pesquisar de dor rotao externa e interna da coxofemoral.
Sndrome Piriforme: o piriforme passa juntamente com o citico pelo orifcio isquitico
inserindo-se no trocnter maior. Mais comum em mulheres: A dor provocada pela resistncia
abduo e rotao externa da perna estendida com o paciente em decbito dorsal.
61
Retirado do livro: EPSTEIN, O. et al. Exame Clnico. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Pgina 265.
V.3 TRATAMENTO FISIOTERPICO:
Crioterapia: diminui a conduo nervosa, atua como antiinflamatrio e analgsico alm de
possuir um grande efeito residual. a terapia de eleio devido s suas caractersticas e ao seu
efeito superior aos das demais terapias;
Tens: atua somente sobre a sintomatologia, no entanto, aumenta o limiar de dor do paciente.
No modo convencional est indicada quando a causa da compresso um espasmo muscular
puro (agudo) e, no modo acupuntura atua sobre dores mais crnicas atravs da liberao de
endorfinas;
Massoterapia: embora possua suas contra-indicaes pode fornecer bons resultados,
sobretudo em uma fase mais aguda onde as condies do paciente no permitam grandes
intervenes cinesioterpicas. A massagem teraputica com trao e deslocamento tecidual e
fascial deve ser preferida de relaxamento puro;
Ultrassonoforese: introduo de medicao antiinflamatria. Pode ser empregado no modo
pulsado atrmico;
Calor superficial brando e mido: propicia conforto e relaxamento, no entanto, possui
pequeno efeito residual. Pode ser a terapia de eleio em pacientes que apresentem muitas
restries aos outros recursos.
Hidroterapia: em uma fase subaguda indicada a todos os pacientes, inicialmente como
terapia coadjuvante, depois como terapia de eleio. Em fase aguda, dependendo do grau de dor
e incapacidade, idade e peso do paciente pode ser de difcil administrao;
62
CASO CLNICO 4
De acordo com o caso clnico abordado acima, elabore um protocolo de tratamento
fisioterpico com as respectivas justificativas.
Paciente de 65 anos, branca, queixa-se de dor na regio dos ombros e parestesias em
membros superiores, principalmente esquerda, h 3 anos. Nega aparecimento de dor e
parestesias noite e ausncia de histria traumtica. O exame fsico revela articulaes dos
ombros livres e espasmos da musculatura paravertebral cervical e trapzios com presena de
pontos gatilho em trapzio superior, supra-espinhoso e rombides.
63
64
Origem
Face anterior da
escpula
Fossa
supraespinhosa
Insero
Tubrculo menor
do mero
Tubrculo maior
do mero
Tubrculo maior
infra- do mero
Fossa
espinhosa
Borda lateral da
escpula
(2/3
superiores)
Redondo maior Margem lateral da
escpula prximo do
ngulo inferior
Tero medial da
clavcula, esterno,
Peitoral Maior cartilagem
costal
das primeiras 6
costelas
Processos
espinhosos de T7 a
Grande dorsal L5,face posterior do
sacro, crista ilaca,
as
3
costelas
Funo
Rotao interna
Inervao
Subescapular
65
Deltide
Anterior
inferiores
Tero lateral
clavcula
da Tuberosidade
deltidea
Abduo,
flexo,
rotao medial e Axilar
aduo horizontal
Abduo
Axilar
Tuberosidade
deltidea
Tuberosidade
deltidea
Abduo, extenso,
hiperextenso,
Deltide
Espinha da escpula
rotao
lateral, Axilar
posterior
abduo horizontal
Coracobraquial Processo coracide Face medial do Estabiliza a art. do Musculocutneo
da escpula
mero
mero
Tubrculo
Bceps
supraglenideo
e Tuberosidade do Flexo
Musculocutneo
Processo coracide rdio
braquial
da escpula
Face posterior do
Trceps
Tubrculo
infra- olecrano e fscia Extenso do brao Radial
braquial
glenoidal
da do antebrao
(poro longa) escpula
A Musculatura Extrnseca aquela que est relacionada com a movimentao do ombro,
mas no est diretamente relacionada cabea do mero.
Msculos
Trapzio
Superior
Origem
Insero
Funo
Inervao
Osso
occipital, Tero lateral da Elevao
e
ligamento nucal
clavcula
e rotao para cima Acessrio
acrmio
da escpula
Processos
Trapzio Mdio espinhosos de C7 a
T3
Processos
Trapzio
espinhosos
das
Inferior
vrtebras torcicas
mdias e inferiores
Levantador
escpula
Rombides
Processos
da transversos
das
primeiras
4
vrtebras cervicais
Processos
espinhosos de C7 e
T5
Espinha
escpula
da Retrao
escpula
da
Acessrio
Abaixamento e
Base da espinha rotao para cima Acessrio
da escpula
da escpula
Margem medial
da escpula entre
o ngulo superior
e a espinha da
escpula
Margem medial
da escpula entra
espinha
e
o
ngulo inferior
Elevao
e
rotao
da
escpula
para
baixo
Retrao,
elevao
e
rotao
para
baixo da escpula
3 e 4 nervos
cervicais
e
dorsais
da
escpula
Dorsal
escpula
da
66
Peitoral menor
Abaixamento,
protruso
e
da rotao
para Peitoral medial
baixo da escpula
67
edema, cicatrizes cirrgicas, uso de rteses. A inspeo deve ser feita comparando sempre
bilateralmente.
Palpao: tem funo importante para averiguar a presena de crepitaes, alteraes de
sensibilidade, localizao de pontos dolorosos e/ou espasmos musculares (ombro e regio
cervical). Deve-se tambm comparar durante a palpao as articulaes esternoclaviculares e
acromioclaviculares, tuberosidade maior e menor do mero, bursa subacromial, bordas da
escpula, tendes e ventre muscular dos msculos supra-espinhoso e bceps.
Avaliao postural: devem ser observadas se h alteraes posturais como protuso de cabea,
hiperlordose cervical e lombar, protuso e rotao interna de ombros, cifose torcica, escoliose,
padro torcico.
Exame Funcional: devem-se avaliar trs aspectos importantes:
Amplitude de Movimento
O complexo do ombro capaz de efetuar ampla variedade de movimentos por isso importante
avaliar a amplitude dos movimentos globais e acessrios de todas as articulaes de maneira
ativa e passiva comparando, sempre, com o contralateral. Os movimentos do ombro podem estar
limitados por envolvimento das estruturas contrteis e/ou no contrteis. A perda de amplitude
de movimento ativo associado com o movimento passivo normal ou relato de dor quando
solicitada uma contrao muscular contra-resistida podem indicar envolvimento das estruturas
contrteis. indicativo de envolvimento de estruturas no-contrteis (cpsula articular, bursas e
ligamento) quando h perda de amplitude passiva.
Fora Muscular
A avaliao da fora muscular deve ser feita atravs de testes resistidos. Os objetivos desses
testes so informar: o grau de envolvimento das estruturas contrteis e o grau e a evoluo da
fora muscular. A fora muscular pode ser graduada de diversas formas. Um mtodo prtico de
graduao baseia-se na descrio de 5 a 0 onde 5 normal, com ADM completa, contra a
gravidade e resistncia mxima e 0 sem evidncias de contractilidade. Tambm pode ser usada
a tcnica do esfigmomanmetro modificado para se fazer essa graduao. Outro modo foi o
proposto por Cyriax (1975), que ajuda a determinar qual rea em particular est envolvida,
descrevendo cinco padres de combinao entre fora e dor:
Contrao forte e dor: o achado clssico quando h envolvimento das estruturas contrteis
(leso muscular e/ou tendinosa).
Contrao fraca e dor: pode ser indcio de um srio distrbio, pode indicar uma leso recente
do manguito rotador ou uma fratura de uma das tuberosidades.
Contrao fraca sem dor: pode indicar um problema neurolgico ou uma leso
musculotendinosa extensa e crnica.
Contrao forte sem dor: pode ser necessria a avaliao da dinamometria, para deteco de
possveis dficits.
Dor forte em qualquer condio: pode indicar um quadro inflamatrio agudo nas estruturas
articulares ou a existncia de um quadro psicognico.
Musculatura extrnseca do ombro
At 60 de flexo o supra-espinhoso no est atuante. A partir da, o tendo comea a ser
tracionado. Entre 90 e 150 est passando debaixo da regio subacromial. Ento,
aproximadamente a 120 entra na rea de pinamento quando o paciente sente dor e deixa o
brao cair. Isto no representa fraqueza muscular e sim, dor.
Quando tambm h limitao da rotao interna, o processo inflamatrio pode estar
comprometendo o resto do manguito gerando uma atrofia do todo que dificulta o movimento.
Lembrar tambm que este movimento estira o tendo do supra-espinhoso, o que pode ser o
suficiente para causar dor.
68
69
Condies Correlatas
OA de articulao acrmio-clavicular: Teste da aduo forada (empurra o acrmio sobre a
clavcula) quando o paciente referir dor sobre a regio acrmio-clavicular o teste
considerado positivo. Quando a dor for referida para o 1/3 mdio do brao, trata-se de
pinamento de supra-espinhoso. Ento, a resposta ao teste pode ser normal, alterada ou falso
positivo.
Capsulite adesiva (ombro congelado): Processo inflamatrio da cpsula de etiologia incerta
que gera dor em qualquer movimento. No incio o paciente tem dor em todas as ADMs e, por
causa dela, comea a limitar os movimentos. Evolui para uma fibrose, perdendo a capacidade de
distenso (perde o movimento por fibrose e no por inflamao). um processo inflamatrio
auto-limitado (o paciente continua com as limitaes que ocorreram em conseqncia do
processo inflamatrio inicial). H limitao de ADMs ativa e passiva. O ideal instituir o
tratamento quando o quadro lgico ainda est presente e a limitao est comeando a ficar
aparente e, mesmo assim, o prognstico no bom.
Distrofia Simptico Reflexa (sndrome ombro-mo): o mecanismo de fundo que estimula o
surgimento dessa condio no claro. Desenvolve-se em associao com uma leso dolorosa
persistente como um ombro doloroso aps um acidente cardiovascular ou enfarto do miocrdio,
osteoartrite cervical ou trauma. Caracteriza-se por dor ou hiperestesia com limitao nos
movimentos de ombro, punho e mo, edema de mo e punho secundrio ao comprometimento
circulatrio e alteraes trficas na pele. A condio pode durar por meses ou anos, mas a
recuperao espontnea geralmente ocorre em 18 a 24 meses.
Tendinoses calcrias: Acomete mais mulheres entre 30 e 40 anos. Pode ser totalmente
assintomtico. Pode cursar com episdios inflamatrios agudos ou evoluir para uma forma
dolorosa crnica. Raramente ocorre ruptura do tendo.
VI.5 - FISIOPATOLOGIA
Supra-Espinhoso:
Argumentando-se sob a tica da biomecnica, o tendo do supra-espinhoso tem sua insero
(posio anatmica) num ngulo de aproximadamente 90 (diferente da maioria dos msculos,
que se inserem quase paralelo ao osso). Isto de acordo com anlise vetorial lhe concede, logo de
incio, um vetor de movimento muito bom. Entretanto, isso tem seu preo. Por se tratar de um
msculo pequeno e com um tendo hipovascularizado, esta angulao acarretar uma sobrecarga
excessiva, sendo um fator a mais na predisposio de leses.
O tendo do supra-espinhoso mais sintomtico por uma questo de tamanho, de trajeto e do
local onde est situado. Por ser o mais alto o mais sujeito a sofrer pinamentos. O subescapular
est logo abaixo, no entanto, um tendo curto, suas chances de sofrer pinamento so menores.
Depois de iniciado o processo degenerativo no supra-espinhoso, a forma de movimento muda
por uma questo de proteo. H a tendncia de comear a pinar outros tendes do manguito.
Geralmente, o lado dominante o mais sintomtico. O comprometimento do contralateral ocorre
logo em seguida e a evoluo mais rpida, isso se d em decorrncia de uma sobrecarga em um
membro menos preparado, portanto, mais frgil.
Vascularizao do Manguito:
O manguito no recebe afluxo de nenhum grande vaso possuindo, portanto, irrigao precria.
Segundo alguns estudos, durante o exerccio forado h diminuio da irrigao do tendo,
particularmente na regio de Codman (no centro do tendo) favorecendo a necrose paulatina de
fibras. Com o envelhecimento h diminuio da elasticidade dos tendes, aumentando ainda
mais a tendncia a se fazer uma leso.
70
Bceps Braquial:
O msculo bceps braquial o mais superficial dos msculos anteriores do brao e possui um
trajeto extremamente longo: sai da regio anterior da escpula e passa por cima da cpsula
(subacromial) descendo pela corredeira bicipital para formar a parte carnosa. Possui duas
cabeas de origem: poro longa, lateral e poro curta, medial. A sua poro longa atua como
um poderoso flexor do antebrao, mas tambm auxilia na supinao do antebrao fletido. Como
seu trajeto muito longo, tem-se uma rea muito grande susceptvel leses. Sempre que o
ombro se eleva em flexo e abduo, esteja o bceps contribuindo ativamente para o movimento,
ou esteja passivo, o tendo do bceps dever deslizar dentro do sulco e sob o ligamento umeral
transverso. Se a bainha tendnea bicipital estiver desgastada ou inflamada, o mecanismo de
deslizamento poder fazer com que o tendo do bceps pule para dentro e para fora do sulco
bicipital durante a rotao do mero, um microtraumatismo potencialmente desgastante e
doloroso.
Espao Subacromial:
A morfologia do acrmio tambm pode diminuir o espao subacromial. Em relao
clavcula ele pode ser plano, ou seja, est no mesmo nvel da clavcula; pode ser curvo, estar
inclinado em relao clavcula; e pode haver tambm um acrmio em gancho, o qual alm de
estar inclinado em relao clavcula apresenta uma proeminncia. Quanto mais inclinado
estiver o acrmio, menor ser o espao subacromial, ento, anatomicamente tem-se um maior
fator de risco para pinamento.
H ainda a possibilidade de ocorrer esporo subacromial. Indivduo com acrmio normal onde
uma espcula desenvolve-se, aumentando assim as chances de pinamento.
SNDROME DO IMPACTO: Classificao segundo NEER (1983)
Fase 1: Edema e hemorragia. Ocorre com maior freqncia em jovens com idade inferior a 25
anos, mas pode acometer pessoas com mais idade. Normalmente decorre de sobrecarga em
atividades esportivas ou laborais. O tratamento conservador com bom prognstico.
Fase 2: Fibrose e tendinite. Menos comum, ocorre em pessoas entre 25 e 40 anos. Geralmente
relacionado com esforos repetitivos que podem gerar inflamao de origem mecnica sobre as
estruturas subacromiais, tornando a bursa fibrtica e espessada. O tratamento cirrgico deve ser
considerado se o tratamento conservador no for bem sucedido em, pelo menos, dezoito meses
de acompanhamento.
Fase 3: Leses do manguito rotador, ruptura do bceps e alteraes sseas. Raramente ocorre
em pessoas abaixo dos 40 anos. A leso do supra-espinhal manifesta-se antes da leso do bceps,
em uma proporo de 7:1. As alteraes crnicas, vistas ao raios-X simples, incluem a reduo
da distncia acrmio cabea do mero, com ascenso desta e eroso do acrmio anterior. Casos
enquadrados nesse estgio representam a indicao cirrgica clssica.
ALTERAES COMUNS
Dor na juno musculotendnea do msculo envolvido durante a palpao, contrao
muscular contra resistncia e quando alongado.
Tecido cicatricial irritado, aderido ou contraturado.
Postura escapular e de ombro defeituosa com inclinao posterior ou protrao da escpula e
ombro rodado internamente, o que pode tambm estar associado com postura anteriorizada da
cabea e coluna torcica curva.
Peitoral maior e menor, trax anterior e rotadores internos do ombro retrados.
Retratores da escpula e rotadores laterais do mero fracos.
Fraqueza ou pouca resistncia fadiga nos estabilizadores da escpula e msculos da bainha
rotadora.
Ritmo escapuloumeral descoordenado.
71
Observao: Nesta fase deve-se ter o cuidado de evitar posies que levem exacerbao da
dor, sob pena de estar levando compresso (pinamento) das estruturas acometidas.
Fase subaguda
Sinais Clnicos: os sinais clnicos da inflamao diminuem progressivamente e
eventualmente esto ausentes. Ao testar a ADM, o paciente sente dor ao mesmo tempo que se
encontra a resistncia do tecido no final da ADM existente.
Nesta fase, a reparao e cicatrizao so intensas por aumento da atividade fibroblstica,
deposio de colgeno e desenvolvimento do tecido de granulao.
72
Repouso relativo;
Recursos fsicos que maximizem a regenerao tecidual;
Recursos analgsicos (musculatura espasmdica, periarticular, trigger points);
Recursos antiinflamatrios (caso a inflamao no esteja plenamente controlada);
Cinesioterapia: alongamentos ativos da musculatura cervical; alongamentos dos msculos
retrados (peitorais, grande dorsal, redondo maior, levantador da escpula); fortalecer e treinar
contrao dos estabilizadores da escpula (principalmente para retrao e rotao para cima);
fortalecer msculos do manguito, principalmente rotadores externos,usar exerccios de
fortalecimento na forma excntrica para acelerar a regenerao nos tecidos comprometidos;
implementar exerccios para restaurar(caso necessrio) movimentos globais do ombro, para isso
deve-se ensinar para o paciente exerccios ativos e autopassivos que podem ser executados em
casa aps orientao adequada; exerccios de propriocepo; exerccios pendulares com carga
progressiva.
Hidroterapia.
Fase crnica (maturao e remodelamento)
Sinais clnicos: no existem sinais de inflamao. Quando se testa a ADM, o paciente no
sente dor at aps encontrar a resistncia do tecido e aplicar uma presso adicional nas
estruturas encurtadas ou enfraquecidas. O paciente pode estar com diminuio de fora,
diminuio de ADM e alguma perda de funo nesta fase.
Recursos fsicos que aumentem o metabolismo local;
Hidroterapia;
Cinesioterapia: alongamentos ativos da musculatura do complexo do ombro e da cervical;
dar continuidade aos exerccios de fortalecimento iniciados na fase anterior aumentando agora
progressivamente a carga;
Exerccios de estabilidade articular e treino funcional quando a fora muscular estiver
restaurada e houver equilbrio entre os grupamentos musculares.
73
CASO CLNICO 5
L.G.D., 67 anos, sexo masculino, aposentado, foi encaminhado no dia 23/01/01 fisioterapia,
apresentando o diagnstico clnico de capsulite adesiva afetando o ombro esquerdo.
QP: dor intensa no ombro. No consigo colocar a parte de trs da camisa para dentro da cala.
HDA: dor h 2 meses no ombro esquerdo, piorando com os movimentos. A dor estava localizada
na articulao gleno-umeral e no irradiava para o brao.
AVDS: o paciente relatou que conseguia realizar todas as suas atividades, mas com presena de
dor em todos os movimentos do ombro.
EXAME FSICO: O paciente apresentava dor palpao dos tendes do supra-espinhoso e
rotadores externos, dor palpao da poro lateral do ombro. As ADMs, tanto passiva quanto
ativa, estavam diminudas em todos os movimentos do ombro, sendo a ADM ativa menor que a
passiva.
AVALIAO POSTURAL: Presena de protuso cervical, cifose acentuada, ombros protusos,
hiperlordose lombar, anteverso de quadril, joelhos valgos e sobrepeso.
________________________________________________________
1) Critique e d sugestes acerca da avaliao fisioterpica realizada
2) Cite os objetivos do tratamento.
3) Descreva, de forma sucinta e objetiva, o plano de tratamento, justificando-se.
VII COTOVELO, PUNHO E MO:
VII.1 EPICONDILITE LATERAL: cotovelo de tenista
Doena comum, afetando 1 a 3 % da populao, predominando no sexo masculino (40 e
60 anos) acometendo, geralmente, o membro dominante.
Embora classicamente relacionada prtica do tnis, pode ser causada por qualquer exerccio ou
ocupao que envolva a extenso, supinao ou pronao foradas e repetitivas do punho
origem comum dos extensores do punho. Exemplos: tricotar
A dor insidiosa, localizada na regio do epicndilo lateral, podendo ser referida no antebrao e
dorso da mo. A mobilizao do cotovelo pouco dolorosa e no limitada, podendo haver, em
casos crnicos e severos, perda de poucos graus de extenso. Pode haver fraqueza
principalmente no punho. A dor pode ser reproduzida atravs dos testes especiais:
Teste de Cozen: paciente sentado, cotovelo fletido, estabilizar o antebrao e solicitar que este
feche o punho e estenda-o contra a resistncia a ser aplicada pelo examinador.
Teste de Mill: com o paciente sentado, cotovelo a 90, instru-lo para pronar o brao e
flexionar o punho. A seguir, solicitar uma extenso associada a supinao contra resistncia
aplicada pelo examinador.
Diagnstico diferencial (feito pelo mdico) deve ser feito com as dores oriundas da coluna
cervical e ombro. Radiografias podem ajudar a descartar doenas articulares e podem mostrar
calcificaes dos tecidos moles.
Cerca de 10% dos pacientes no respondem ao tratamento conservador e evoluem para
epicondilite crnica e incapacitante (abordagem cirrgica), nesses casos, a eletromiografia pode
afastar a possibilidade de sndrome do tnel radial.
VII.2 EPICONDILITE MEDIAL: cotovelo de golfista ou do arremessador
Condio 15 vezes menos freqente que a anterior. causada por leso do tendo
flexor comum em sua origem no cotovelo, no epicndilo medial. Associada a qualquer condio
que exija flexo forada do punho e arremesso.
74
Teste para cotovelo de golfista: com o paciente sentado, solicitar uma extenso do punho e
supinao da mo, realizando flexo contra a resistncia.
Observao: freqente em cotovelo valgo
VII.3 BURSITE OLECRANIANA: cotovelo de estudante
Inflamao da bursa localizada sobre o olcrano geralmente em conseqncia a trauma (queda
sobre o cotovelo), artropatias por cristais, AR ou infeco, embora nem sempre a causa
precipitante seja encontrada. H dor em repouso e durante o movimento embora a articulao do
cotovelo esteja pouco limitada.
Para a obteno de bons resultados no tratamento essencial que os fatores traumticos sejam
afastados e/ou a deteco e tratamento da doena de base.
VII.4 SNDROME DE DeQUERVAIN:
Caracteriza-se pelo acometimento dos tendes do abdutor longo e do extensor curto
do polegar ou da bainha que os recobre. Comum em mulheres entre os 30 e 50 anos de idade e
geralmente causada por uso excessivo e crnico das mos e punhos. Fatores metablicos tais
como a gestao (devido ao aumento da reteno hdrica tumefao atrito) o diabetes, a
gota e o hipotireoidismo e fatores inflamatrios como AR, tuberculose e infeces fngicas
tambm podem desencade-la.
O quadro clnico consiste de dor na regio do processo estilide radial e fraqueza preenso com
o polegar e o indicador. palpao, podem ser observadas dor, tumefao e crepitao fina na
tabaqueira anatmica.
Os raios-X simples podem favorecer o diagnstico diferencial com a OA da articulao carpometacarpiana do 1 dedo (rizartrose).
Manobra de Finkelstein: desvio forado da mo para o lado ulnar desencadeia, quando
positivo, dor no processo estilide do rdio e na base do polegar.
VII.5 - TRATAMENTO FISIOTERPICO:
Para determinarmos qual o tratamento fisioterpico mais adequado preciso,
inicialmente, que conheamos qual ou quais os fatores etiolgicos que predispuseram ao
aparecimento da leso, tais como trauma direto, esforo repetitivo em contrao excntrica ou
concntrica, utilizao inadequada ou excesso de uso, osteoartrite, depsito de cristais em partes
moles, etc. A fase inflamatria em que se encontra a leso tambm de suma importncia, assim
poderemos ter uma leso em fase aguda, em fase sub-aguda ou em fase crnica. No obstante
imprescindvel no confundir a fase inflamatria com a natureza da leso uma vez que podemos
ter uma leso crnica em fase aguda e assim por diante.
Desta forma, poderemos estipular, com elevado grau de acurcia, qual dever ser o
tratamento que obter os melhores resultados quando aplicado.
Dor Importante aos Mnimos Esforos
Dor Leve/Crnica
75
reabilitao, acelerando a
reparao
tecidual,
aumentando
a
extensibilidade do colgeno
e
otimizando
a
cinesioterapia. Tambm
indicado
quando
h
formao de fibrose tecidual
e restrio de amplitudes
articulares.
Exerccios de flexibilidade e
de
fortalecimento
progressivos (inicialmente,
baixa carga e nmero de
repeties). Se o fator
desencadeante
foi
a
execuo
mantida
de
atividades
que exigiam
contrao
concntrica,
iniciar
com
exerccios
excntricos.
TENS
76
Observaes:
A anamnese e o exame fsico tm que ser detalhados.
Como, na maioria dos casos, o fator desencadeante o mau uso ou o super uso das
articulaes, imprescindvel que se faa um programa educativo de proteo articular nas
AVDs que favorea ao paciente o retorno s atividades exercidas anteriormente e que sejam
orientadas atividades mantenedoras em casa, evitando assim uma eventual reagudizao.
Se o paciente apresentar hipermobilidade na articulao acometida, restringir a amplitude de
movimento para a execuo dos exerccios de fortalecimentos, executando-os em posio
encurtada.
Encaminhar o paciente ao mdico sempre que suspeitar da presena concomitante de
fibromialgia ou ao psiclogo em caso de pacientes propensos a histeria.
VII.6 SNDROME DO TNEL DO CARPO:
Neuropatia compartimental do punho decorrente da compresso do nervo mediano
dentro do canal formado entre os ossos do carpo e o retinculo flexor.
Predomina em mulheres entre 30 e 40 anos, mas pode se manifestar at mesmo na
infncia.
Dois mecanismos bsicos: elevao da presso no interior do tnel (causada por
edema ou leses dos tecidos vizinhos) ou aumento no volume do contedo do tnel (exemplo:
tenossinovite dos flexores do punho).
A manuteno da posio fetal, com os punhos fletidos, para induzir ao sono tambm
pode desencadear um quadro compressivo.
Pode estar associada com fatores traumticos, sistmicos ou at mesmo estados
fisiolgicos como a gravidez, mas nem sempre a causa direta constatada.
Manifesta-se por dor em queimao e/ou formigamento nos trs primeiros dedos da
mo e face lateral do quarto dedo, mais intensa noite, com freqente irradiao para antebrao
e ombro. Em 34% dos casos pode haver associao de compresso do nervo ulnar e, neste caso,
a dor no segue o padro de irradiao do nervo mediano.
O quadro pode evoluir para perda de sensibilidade na face palmar dos dedos e
fraqueza do abdutor curto e msculos oponentes do polegar, geralmente acompanhada de
hipotrofia tenar.
Sinal de Tinel: percusso e compresso sobre a face anterior do punho, sendo
positivo quando desencadeia dor e/ou parestesia no trajeto do mediano.
Manobra de Phalen: positivo quando a flexo mxima dos punhos, por um
minuto, desencadeia os sintomas de parestesia e dor.
A eletromiografia possui sensibilidade diagnstica de 90% e a RNM fornece
informaes sobre a anatomia do tnel, incluindo edema, presena de cisto sinovial, tecido
cicatricial, inflamao da bainha dos flexores, etc.
VII.7 TRATAMENTO FISIOTERPICO::
Mais uma vez a etiologia fundamental na determinao do tratamento fisioterpico
mais adequado. imprescindvel que se investigue a posio em que o paciente dorme.
Se a sndrome compressiva for desencadeada por osteoartrite intercrpica ou
radiocrpica, o calor profundo brando ou vigoroso contra-indicado em virtude do aumento da
sntese das colagenases e conseqente acelerao do processo degenerativo. Alm disso, o calor
pode aumentar o quadro clnico por aumentar a velocidade de conduo nervosa e o
ingurgitamento sangneo local, o que pode agravar o estreitamento do tnel. Na osteoartrite
importante se verificar, atravs de exames como os raios-X, a TC e a RNM, a existncia de
espao para se efetuar com segurana a cinesioterapia.
77
CAPTULO 6
DOENAS DEGENERATIVAS
I OSTEOPOROSE: ser abordada na disciplina de Fisioterapia Geritrica.
II - OSTEOARTRITE:
78
II.3- PATOGNESE:
A cartilagem osteoartrtica sofre degradao com surgimento de eroses e
fibrilaes, perdendo sua elasticidade normal. H reduo progressiva da espessura da cartilagem
at o seu desaparecimento. O osso subcondral exposto, permitindo que o lquido sinovial seja
forado pela presso do peso para dentro do osso (isso observado como cistos ou geodos na
radiografia). O osso passa a receber maior impacto mecnico, devido reduo do
amortecimento da cartilagem e reage com intensa remodelao, ou seja, o osso est corrodo na
rea central, porm, depositado na periferia pela ossificao endocondral da cartilagem
(condrcito condrfito ostefito). Esta remodelao acentua a incongruncia da articulao
e contribui para a formao do crculo vicioso da degenerao.
Pequenos fragmentos erodidos da cartilagem articular morta ficam flutuando no
lquido sinovial, porm tendem a se incorporar na membrana sinovial. Esta reage sofrendo
hipertrofia e provocando um derrame sinovial moderado.
Os msculos que controlam as articulaes afetadas demonstram espasmo em
resposta dor e podem estar hipotrofiados ou retrados, provocando limitao do movimento e
maior deformidade na articulao.
II.4- QUADRO CLNICO:
varivel de acordo com as articulaes envolvidas, durao e gravidade da
molstia.
Podem ser mono ou oligoarticulares, havendo certa tendncia para a bilateralidade;
Pode ser assintomtica;
No apresenta carter sistmico;
Responsvel pela incapacidade laborativa de aproximadamente 17% da populao adulta no
mundo;
Apresenta rigidez principalmente ps-repouso e rigidez matinal de curta durao;
A dor protocintica e tem carter insidioso sendo o principal motivo que leva o paciente
consulta (problemas estticos tambm, porm em menor grau).
Pode haver espasmos musculares;
Deformidades com o progredir da doena; por exemplo, em uma rizartrose o posicionamento
em aduo e extenso do 1 dedo pode tornar-se incapacitante pela dificuldade de oponncia do
polegar, alm da dor produzida quando se faz abduo;
Dificuldades funcionais em decorrncia da diminuio de ADM podendo chegar perda
funcional total;
Fraqueza muscular de carter progressivo;
Crepitaes;
Sinais flogsticos geralmente discretos durante o perodo de inflamao ativa;
A OA recebe nomes diferentes conforme sua localizao:
Nas mos,:
Ndulos de Heberden nas IFD raramente so nicos (s quando a origem
traumtica);
Ndulos de Bouchard nas IFP raramente precedem os de Heberden;
Rizartrose (raiz) na trapzio-metacarpiana (CMC do 1 dedo).
O 2 e o 5 dedos so os mais precocemente acometidos e costumam ser mais
graves na mo dominante.
Os ndulos articulares podem apresentar protuses csticas.
Nos joelhos recebem o nome de gonartrose: mais comum em mulheres, havendo maior risco
com a obesidade e alteraes posturais como o valgismo e o varismo. Geralmente bilateral e
inicialmente fmoro-patelar, depois evolui para fmoro-tibial. Pode haver crepitao e atrofia
muscular principalmente de quadrceps.
79
Nas coxo-femorais de coxartrose: incide mais sobre os homens, mais uni que bilateralmente,
sendo a localizao mais incapacitante. A dor localiza-se na virilha podendo ser referida na face
ntero-externa da coxa, regio gltea ou at mesmo para os joelhos. Ocorre reduo das rotaes,
abduo e da flexo, movimentos estes que so dolorosos.
Na coluna: espondilose - doena degenerativa discal, ligamentar, articular facetria,
osteofitose vertebral e complicaes neurolgicas secundrias; espndilo-artrose leses
artrsicas propriamente ditas do corpo vertebral das articulaes apofisrias e das apfises
unciformes da coluna cervical.
II.5 DIAGNSTICO MDICO:
Baseia-se nos achados clnicos e nos achados radiolgicos que podem ser:
Presena de ostefitos;
Diminuio do espao articular;
Presena de esclerose (densidade aumentada, endurecimento) subcondral;
Geodos de hiperpresso;
Deformidade articular;
Anquilose ssea.
II.6 AVALIAO FISIOTERPICA::
Anamnese;
Exame fsico:
Inspeo: usando-se o sentido da viso (atitude com o membro acometido,
colorao, ulceraes, presena de ndulos, atrofia e deformidades);
Palpao: atravs do tato e presso (edema, temperatura e textura, elasticidade e
mobilidade cutnea e articular, trofismo, crepitaes);
Avaliao funcional:
Grau de movimento: restrio ou hipermobilidade;
Fora muscular;
Uso funcional do membro ou articulao acometida.
Para avaliar as mos: uso de dinammetros, gonimetro especial ou arame flexvel
e execuo de palmogramas.
II.7 - TRATAMENTO MEDICAMENTOSO:
Nenhuma medicao tem-se mostrado capaz de deter ou reverter o processo da OA.
As medicaes so usadas para aliviar os sintomas e melhorar a funcionalidade.
Os AINEs so amplamente usados, mas podem associar-se a efeitos colaterais.
Sabe-se que estes inibem a atividade dos dois tipos de ciclooxigenases: a COX-1(responsvel
pela proteo da mucosa gstrica) e a COX-2 (implicada no processo inflamatrio e na sensao
de dor) atuando na diminuio da dor e inflamao, alm de afetar a proteo da mucosa
gstrica, o que acarreta a formao de lceras, perfuraes e sangramentos. Entre eles esto a
indometacina, iborufeno e os salicilatos (AAS).
Atualmente, existem os inibidores seletivos da COX-2 que possuem efeitos
analgsicos e anti-inflamatrios sem afetar as funes citoprotetoras gstricas. Como exemplo,
temos o rofecoxib (Viox ).
Pode-se utilizar, ainda, os analgsicos com acetominofem (paracetamol), cloroquina,
tetraciclinas e corticides (referido por alguns autores, mas ainda em estudo), alm de pomadas
locais com diclofenaco sdico.
80
CASO CLNICO 6
Paciente S. M., sexo masculino, 55 anos, aposentado h 11 meses. Apresenta
obesidade, hipertenso e dislipidmico. Trabalhou durante 35 anos como encarregado de turma
lidando com empilhadeiras. Segundo seu relato subia e descia muitas escadas durante o servio,
que era realizado no turno da noite.
81
Joelho D
Joelho E
Flexo
142
130
Extenso
-6
-11
PERIMETRIA: (15cm, 10cm, 5cm linha articular do joelho 5cm, 10cm, 15cm)
Perna D : 34,5; 38;38
Joelho D: 38
Coxa D: 45;50,5;54
Perna E: 35;37;38
Joelho E: 39
Coxa E: 43,3;49;52,5
CAPTULO 7
DOENAS SOROPOSITIVAS
I - ARTRITE REUMATIDE
82
I.3 - FISIOPATOLOGIA:
Principais alteraes acometem as diartrodiais e, em menor proporo, os tecidos
periarticulares: tendes e suas bainhas, bursas, ligamentos e cpsula articular.
Alteraes observadas na sinovial: fase exsudativa, infiltrado celular e formao de
tecido de granulao. A sinvia aparece edematosa e forma vilosidades que fazem
protuberncias para dentro da cavidade articular. Devido a esse aspecto "felpudo", recebe o
nome de pannus. Os eventos imunopatolgicos perpetuam essa reao inflamatria inicial,
evoluindo para cronificao.
O tecido de granulao pode sofrer aderncias e cicatrizar-se, o resultado final a
formao de anquilose fibrosa e, mais raramente, ssea.
I.4 - QUADRO CLNICO: Padres de incio da doena:
a) Forma sistmica (doena de Still do adulto): febre superior a 38,5C com um a dois picos
dirios; eritema rseo (rash cutneo) de natureza evanescente8. A coluna cervical
freqentemente acometida, h tambm linfoadenopatia e leucocitose, no h ndulos
subcutneos e o fator reumatide e anticorpos antinucleares so negativos.
b) Padro palindrmico9: a dor se desenvolve em uma articulao num perodo de horas com
flogose intensa, sintomas esses que se resolvem rpida e totalmente. Artrite mono ou
oligoarticular, de incio sbito, de forte intensidade acompanhada de sinais flogsticos. Os
sintomas articulares duram de 12 horas 3 dias e evoluem por crises e o perodo de remisso
varia de alguns dias a vrios meses.
c) Incio insidioso: comprometimento articular lento, gradual (levando semanas a meses at a
doena estabelecer-se completamente), envolvendo articulaes das mos, punhos, joelhos,
tornozelos e metatarsianos, habitualmente simtrica e com rigidez matinal (acmulo de lquido
durante a noite e produo de prolactina pr-inflamatrio). Sintomas prodrmicos10 ou
associados como fadiga, febrcula e mialgia podem aparecer. o tipo mais freqente (60 a 70%).
Atrofia muscular precoce nas articulaes inflamadas e limitaes funcionais de forma
progressiva.
d) Incio intermedirio: (15 a 20%) em poucas semanas e com comprometimento sistmico
maior que na forma insidiosa.
Padres evolutivos:
a) Curso intermitente ou policclico: marcado por remisses completas ou parciais. Nas fases de
remisses completas, o tratamento pode ser suspenso.
b) Remisses clnicas prolongadas: so pacientes com poucos ciclos com remisso total nos
intervalos que podem durar por bastante tempo (12 a 31 anos).
c) Doena progressiva: so pacientes que desenvolvem doena incapacitante. A velocidade dessa
progresso varivel.
Observao: Sndrome de Felty a trade de AR + esplenomegalia + neutropenia, aparece em
menos de 1% dos pacientes com AR. A mortalidade de 25 a 36% em 5 anos com 55 a 62% dos
casos atribudos infeco.
I.5 - ARTICULAES ACOMETIDAS COM MAIS FREQUNCIA:
Punhos;
Metacarpofalangeanas e Metatarsofalangeanas;
Interfalangeanas proximais das mos;
8
83
Ombros e Joelhos.
Com a evoluo da doena:
Tornozelos;
Coxofemorais;
Cotovelos;
Interfalangeanas distais das mos;
IFDs dos ps;
Coluna cervical;
Esternoclaviculares;
Cricoaritenides: rouquido, dificuldade respiratria;
Sinoviais entre os ossculos do ouvido;
D-se de maneira aditiva e simtrica. A dor pior pela manh e noite e, via de
regra, o paciente se queixa de rigidez articular ao levantar-se pela manh e aps imobilizao
prolongada (quanto maior a rigidez matinal, maior a atividade da doena).
I.6 - CARACTERSTICAS DAS MANIFESTAES ARTICULARES:
Mos e punhos:
Tumefao das articulaes MCFs e dos punhos associado hipotrofia dos msculos
intersseos do dorso das mos: "mos em dorso de camelo". Semiflexo dos punhos com
salincia da cabea da ulna e desvio ulnar dos dedos. Subluxao das MCFs;
Desvio Ulnar dos dedos
84
85
Cervical: Envolvimento atlas-axis com subluxao ou luxao: dores cervicais altas, rigidez
do pescoo e sinais neurolgicos de compresso medular e vasculares (artrias vertebrais).
ATM: Dor local e dificuldade mastigatria.
I.7 - PERIARTICULARES:
Tenossinovite de extensor curto e abdutor longo do polegar (De Quervain);
Dedos em gatilho;
Sndrome do tnel do carpo e tarso;
Rupturas tendinosas das mos (no estende os dedos);
Bursites;
Cistos sinoviais: no joelho, Baker11 sua ruptura leva invaso dolorosa das partes moles da
panturrilha pelo lquido sinovial.
I.8 - MANIFESTAO EXTRA-ARTICULARES:
Gerais: astenia, hiporexia12, ansiedade, mialgias, emagrecimento leve, linfadenopatias e febre
baixa e moderada.
Pele: hipotrofia, eritema, fenmeno de Raynaud, unhas quebradias, vasculites (ulceraes e
gangrenas).
Ndulos subcutneos: em 20-30% indolores e muitas vezes mveis no plano superficial sobre
superfcie extensora, reas submetidas presso e, nas vsceras (olhos, pulmes e cordas vocais).
Pacientes com pior prognstico.
Cardacas: pericardite, miocardite, distrbios de conduo, endocardite coronria.
Pulmonares: pleurite com ou sem derrame, ndulos pulmonares com (Sndrome de Caplan)
ou sem pneumonite com ou sem vasculite.
Rins: complicados por amiloidose (depsito de glicoprotena filamentosa em tecido
conjuntivo que se cora de maneira semelhante ao amido com uso de corante vermelho do Congo)
secundria causando proteinria ou por uso de medicamentos.
Olhos: acometidos 15-20% dos casos ceratoconjuntivite seca mais inflamao das glndulas
salivares Sndrome de Sjgren primria. Quando associados patologia do tecido conjuntivo
- sndrome de Sjgren secundria. Diminuio da secreo lacrimal, conjuntivite papilar crnica
e alteraes corneanas e ceratites. (boca seca + olho seco + AR).
Hematolgico: leucopenia, anemia e trombocitopenia.
I.9 PROGNSTICO:
Diminui a expectativa de vida de 5 a 8 anos. Morte por infeco bacteriana e/ou
doena renal so as mais freqentes.
I.10 LABORATORIAIS:
Hemograma: anemia moderada
VHS: presena de processo inflamatrio
Protena C reativa: protena que ajuda a iniciar e facilitar a resposta inflamatria. produzida
como um reagente da fase aguda pelo fgado em resposta interleucina-6 e outras citocinas.
Ocorre a elevao dentro de 4 horas do dano tecidual com pico dentro de 24-72 horas. medida
por ELISA, radioimunodifuso ou nefelometria.
A PCR e O VHS medem componentes de resposta da fase aguda e so teis em avaliar
inflamao generalizada. No entanto, o PCR mais especfico, pois sobe e desce rapidamente.
Seu maior inconveniente o custo elevado.
Imunolgicas: fator Reumatide mais anti-globulinas (so auto- anticorpos)
11
Cisto de Baker: coleo lquida no espao articular levando a uma protuso para a parte posterior - hrnia da
sinovial na qual o lquido entra mais no sai.
12
Tem sua origem no grego: HIPO - Posio inferior; insuficincia. REXIS - Apetite. Falta de apetite ou
insuficincia de apetite
86
87
88
OLIGOARTICULAR:
Acomete at quatro articulaes e o tipo de incio mais freqente: 45 a 50% dos casos;
O seu incio ocorre antes dos sete anos com discreto predomnio do sexo feminino;
Articulaes mais afetadas: joelhos, tornozelos, punhos e cotovelos;
O joelho a articulao mais acometida em 80% dos casos;
O processo inflamatrio pouco intenso;
As manifestaes extra-articulares so discretas, a no ser a uvete e a iridociclite presentes
em 10 a 40% dos casos e temidas por suas complicaes e que ocorre de forma insidiosa e
acomete preferencialmente crianas do sexo feminino em idade pr-escolar, podendo estar
presente nos perodos de remisso articular;
Observao: Essa forma pode acometer crianas com predomnio do sexo masculino (9:1) com
idade superior a dez anos, associando-se a presena do HLA-B27; onde o acometimento articular
predomina sobre as grandes articulaes dos membros inferiores, metatarsofalangianas e
sacroilacas sendo que, alguns desses, evoluiro para pelve espondilite anquilosante; muitas
vezes observa-se a presena de entesopatias;
SISTMICA:
Presente em 20% dos casos sendo conhecida como doena de Still;
Em 30% desses as manifestaes sistmicas podem preceder de um a seis meses o
acometimento articular;
A febre a manifestao mais significativa para o diagnstico, apresentando de um a dois
picos dirios superiores a 39C, quase sempre vespertina, com rpida normalizao;
A criana fica bem nos perodos de apirexia;
A durao da febre de 3 a 4 semanas, pouco responsiva aspirina;
Acompanhando a febre pode haver um exantema eritematomacular (rash reumatide), no
pruriginoso, migratrio, situado em qualquer localizao (mais observado no tronco,
extremidades proximais dos membros e reas de presso) que pode ser desencadeado por banhos
quentes e estresse psicolgico (pode tambm ser observado no subtipo poliarticular e raramente
no pauciarticular);
Diagnstico s pode ser firmado depois da instalao do quadro articular o qual apresenta
padro simtrico, aditivo, podendo evoluir para deformidades;
Envolvimento extra-articular: linfadenopatia (70%), hepatoesplenomegalia (85%), pericardite
(35%), pleuris14 (20%), dor abdominal (10%) e ndulos reumatides (5%);
Outras manifestaes mais raras: distrbios localizados de crescimento (micrognatia e
bradidactilia15), miosite inespecfica, envolvimento do sistema nervoso central (irritabilidade,
torpor, meningismo16) e doena renal (hematria intermitente);
II. 3 - QUADRO CLNICO:
Febrcula, astenia, anorexia, irritabilidade, regresso psicolgica, atitude protetora para com
uma articulao com recusa de caminhar ou engatinhar;
H acometimento articular em todas as formas de incio, expressando-se por dor e edema (as
manifestaes articulares e rigidez matinal so muito discretas uma vez que as crianas tm
dificuldades de expressar essas queixas);
O calor, quando presente, discreto e raramente se observa rubor.
O aumento de volume da articulao resultante da inflamao dos tecidos periarticulares,
proliferao e edema da membrana sinovial e aumento do lquido sinovial;
Discrepncia entre o que encontrado no exame fsico e as queixas;
14
Pleuris: pleurite
Bradidactilia: diminuio anormal dos dedos das mos e ps.
16
Meningismo: sndrome menngea observada em crianas no curso de certas infeces agudas. Caracteriza-se por:
cefalalgia intensa, vmitos, rigidez na nuca, etc.
15
89
90
91
CAPTULO 8
ESPONDILOARTROPATIAS SORONEGATIVAS
I INTRODUO:
92
93
Incio insidioso
Durao > 3meses
Rigidez matinal ++ (moderada, melhora com os exerccios)
Melhora com exerccio
Dor lombar inicialmente por espasmo muscular e posteriormente por anquilose fibrosa e ssea
Reduo da mobilidade nos planos frontal, sagital e transversal.
Observaes: Manobra de Schber utilizada no seguimento e controle evolutivos.
IV.2 ASPECTOS MAIS OBSERVADOS:
ASPECTO
Sacroilete radiolgica
Dor lombossacra
Reduo da mobilidade lombar
Aumento de VHS
Coxartrite
Presena de HLA B27
Gonartrite
Cervicalgia
Sindesmofitose
Artrite de Ombros
Reduo da expansividade torcica
Esternalgia
Calcaneodinia
Uvete anterior aguda
%
100,0
98,0
82,4
76,5
72,5
64,7
58,8
49,1
48,5
45,1
39,2
33,3
27,5
23,5
94
95
Caso a articulao afetada tenha que suportar peso, o repouso relativo pode se dar atravs do
emprego de andadores, muletas ou bengalas, evitando-se dessa forma, uma sobrecarga tanto na
articulao acometida quanto na s;
Prescrio de palmilhas na ocorrncia de espores calcaneares;
Ultrassonoforese, iontoforese, laserterapia (cuidado com a dose de corticides que o paciente
est fazendo uso) e a crioterapia no controle do processo inflamatrio;
Alvio da dor: crioterapia, laser, TENS, compressas quentes e midas, infravermelho, forno de
Bier. importante estar atento utilizao de drogas fotossensveis para a eleio adequada do
recurso ser utilizado;
US e OC pulsados (baixa freqncia de repetio do pulso atrmicos) e diadnmicas para
incrementar metabolismo, remoo de catablitos, reduo de espasmos musculares, etc.;
Massoterapia nas regies que esto sofrendo tenso: principalmente a interescapular e lombar;
Diadnmicas tambm podem ser utilizadas na posio transarticular e em degravitao com o
intuito de reduzir uma eventual sinovite;
Manuteno da funo articular: mobilizao passiva movimentos acessrios nas
articulaes MTF e IF e demais articulaes afetadas;
Exerccios proprioceptivos, particularmente os de ombro.
Preveno e/ou tratamento de alteraes da dinmica respiratria que podem ocorrer em
conseqncia de uma diminuio na complacncia esttica e dinmica que tm correlao direta
com a diminuio da distncia ileocostal e mobilidade torcica alm de fraqueza diafragmtica;
Alongamento geral, inicialmente passivo: deve-se, primeiramente, reduzir a tenso na regio
lombar e interescapular, particularmente dos rombides, fazendo-se uso de traes teciduais e
pompagens. Ainda em decbito ventral, alonga-se o ileopsoas e o piriforme que encontram-se
encurtados e o quadrceps, que est sob tenso em decorrncia do padro postural adotado.
Posteriormente, faz-se o alongamento da fscia abdominal e do diafragma, simultaneamente aos
apoios ileocostal, traco-abdominal ou abdominal inferior, alm de estmulos diafragmticos.
Em seguida procedemos ao alongamento dos msculos peitorais, esternocleidomastideo,
escaleno, trapzio superior e mdio e, em seguida, deve-se incrementar o alongamento dos
glteos, tensor da fscia lata, adutores curtos e longos e, finalmente, do isquiotibiais e trceps
sural. importante favorecer a execuo ativa e fornecer condies para que isto seja feito de
maneira adequada.
Orientao postural: uma vez que os pacientes tm a tendncia a manter um padro flexor;
adoo de posturas adequadas nas diversas situaes do dia-a-dia: posicionar-se em prono alguns
minutos diariamente e usar colches firmes e um s travesseiro (na altura adequada) so medidas
simples e, no entanto, vitais para a melhoria da qualidade de vida do indivduo acometido;
Treino de marcha, equilbrio e coordenao motora;
Fortalecimento geral: dar ateno, inicialmente, aos estabilizadores de escpula (rombides,
trapzio mdio e inferior e serrtil anterior) e quadrceps;
Manuteno e/ou recuperao da motricidade fina;
Hidroterapia: a gua pode ser fria ou quente, de acordo com o objetivo e as caractersticas
individuais do paciente e da patologia. Uma grande vantagem da hidroterapia que a gua age
sobre o corpo de forma homognea e favorece a execuo de atividades que seriam difceis ou
mesmo impossveis de serem realizadas no solo devido ao do empuxo. Os banhos podem ser
realizados em piscinas teraputicas, tanques ou turbilhes. O tempo e a temperatura so variveis
de acordo com o tipo de banho e com os objetivos a serem alcanados.
Amparo psicolgico;
CUIDADO ESPECIAL:
Pode ocorrer morte sbita em virtude de leses em C1 e C2.
Na regio cervical existe maior risco de fratura em C6 - C7.
96
CAPTULO 9
ARTRITES MICROCRISTALINAS
97
Observaes:
Hiperuricemia: o nvel srico depende tanto da idade quanto do sexo: > 7,0 mg/dl nos
homens e > 6,0 mg/dl em mulheres. determinado pela coleta 24h de urina com dieta regular
nveis maiores que 800 mg correspondem uma superproduo.
lcool: produo de cido ltico que reduz a excreo renal de urato. Alm disso, h aumento
da sntese de urato pela acelerao da degradao de ATP. E, para complementar, a cerveja
contm uma quantidade substancial de uma purina, a guanosina.
I.2 QUADRO CLNICO:
Hiperuricemia assintomtica: A maior parte dos indivduos hiperuricmicos no apresenta
gota. A tendncia para artrite gotosa depende da magnitude da elevao do cido rico e do
tempo de sua persistncia.
Artrite gotosa aguda: Menos de 25% dos hiperuricmicos desenvolvem quadro clnico da
gota. Os episdios iniciais de artrite gotosa aguda so, tipicamente, monoarticulares (85%) e
iniciam-se abruptamente (geralmente durante a noite ou durante a madrugada); apresentando dor
de forte intensidade, vermelhido local, calor e edema. Em 50% as crises iniciais comprometem
a primeira articulao metatarsofalangeana (podagra), habitualmente levando impotncia
funcional. A crise aguda pode ser precipitada por lcool, traumatismo, estresse, cirurgia,
excessos alimentares (purinas), diurticos mercuriais, tiazdicos e infeces. A crise aguda inicial
geralmente autolimitada Mecanismos propostos: fagocitose e a degradao dos cristais
pelos neutrfilos diminui a concentrao dos mesmos e, o calor associado inflamao resulta
em aumento da solubilidade dos cristais de urato.
Gota intercrtica: perodos durante os quais o paciente est bem. A evoluo desta fase
varivel, alguns pacientes nunca apresentam segundo ataque, mas a maioria sofre crise
recorrente dentro de 6 meses a 2 anos. Os casos no tratados evoluem com o tempo,
apresentando maior nmero de crises, so mais graves e muitas vezes associados a sintomas
sistmicos. Gradualmente h evoluo para resoluo incompleta dos sintomas entre as crises,
evoluindo para gota poliarticular crnica;
A manuteno da hiperuricemia abaixo dos nveis de saturao previne a posterior deposio
de cristais de urato nos tecidos mesenquimais;
Gota tofcea crnica: nesta fase, as crises de gota aguda ocorrem com menor freqncia e
podem desaparecer completamente. O paciente sofre de dor crnica nas articulaes
comprometidas. Apresentam deposio de cristais, principalmente em cartilagens, tendes,
membranas sinoviais e outros tecidos moles, chamados de tofos.
Os locais mais clssicos, embora no os mais comuns, de aparecimento desses tofos so a hlice
e a anti-hlice da cartilagem auricular. Outros locais onde podem ser encontrados so: sobre
tendes (principalmente de Aquiles), superfcie ulnar do antebrao, formando dilataes
saculares na bursa olecraniana e outros pontos de presso. Se forem muito proeminentes, os tofos
podem afetar a mobilidade da articulao contribuindo para perda de funo da articulao. A
pele fina que envolve o tofo pode romper-se e extravasar um lquido leitoso, composto de cristais
de urato. Pode infectar-se secundariamente com cura muito lenta.
preciso, atravs de medicamentos especficos, diminuir os nveis sricos de cido rico para
permitir a reabsoro de urato dos tofos.
I.3 CRITRIOS DE DIAGNSTICO MDICO DO AMERICAN COLLEGE OF
RHEUMATOLOGY:
1- Mais de uma crise de artrite aguda.
2- A inflamao mxima desenvolveu-se dentro de um dia.
3- Mono/oligoartrite.
98
45678-
99
100
101
agentes que proporcionem aumento da temperatura intra-articular de forma vigorosa uma vez
que isso exacerbaria o quadro inflamatrio o qual irritativo. A ultrassonoforese pode ser
utilizada, tomando-se os devidos cuidados com a intensidade e a forma de pulso, e as
diadnmicas aplicadas transversalmente podem ser teis. O USP atrmico com intuito de
aumentar a permeabilidade da membrana tambm pode ser indicado.
Tratamento preventivo (secundria): preveno de deformidades, melhora da amplitude de
movimento, restaurao da funo articular com cinesioterapia passiva e ativa e diminuio da
sobrecarga mecnica com o uso de bengalas e muletas, se necessrio.
desejvel a manuteno de uma condio musculoesqueltica favorvel para que o paciente
passe pelos perodos de crise sem grandes seqelas e complicaes. Desta forma, exerccios
regulares de baixo impacto devem ser orientados.
Tratamento da patologia de base caso a condrocalcinose seja secundria.
REFERNCIA BIBLIOGRFICA:
ATRA, E.; Reumatologia Prtica. Escola Paulista de Medicina. Ele Cincia Editorial.
DAVID, C; LLOYD, J.; Cash: reumatologia para fisioterapeutas. So Paulo: Premier, 2001.
DOWNIE, P. A.; Cash: fisioterapia em ortopedia e reumatologia. So Paulo: Panamericana,
1987.
GOLDING, D. N.; Reumatologia em Medicina e reabilitao. So Paulo: Atheneu; 1999.
SKARE T L.; Reumatologia Princpios e Prtica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
WEST, S. G.; Segredos em Reumatologia: respostas necessrias em rounds, na clnica, em
exames orais e escritos. Porto Alegre: ArtMed, 2000.
YOSHINARI, N. H; BONF E. S. D.; Reumatologia para o clnico, 1.ed. So Paulo: Roca,
2000.
CAPITULO 10
DOENAS DO TECIDO CONJUNTIVO
I - LPUS ERITEMATOSO SISTMICO
I.1 CONCEITO:
lpus surgiu do latim e significa lobo devido semelhana da leso facial
erosiva lpica com aquela promovida pela mordida desse animal.
uma doena inflamatria crnica, pouco freqente, que acomete
principalmente mulheres jovens e se caracteriza por acometer mltiplos rgos e apresentar
alteraes da resposta imunolgica, com presena de anticorpos dirigidos contra protenas do
prprio organismo. Classificada como prottipo da doena auto-imune sistmica, suas
manifestaes polimrficas e a inexistncia de exame laboratorial sensvel e especfico dificulta
seu diagnstico mdico. Tem evoluo crnica, caracterizada por perodos de atividade e
remisso.
I.2 INCIDNCIA:
10 a 20% dos pacientes apresentam histria familiar de alguma doena auto-imune.
Nos EUA a incidncia de LES de aproximadamente 1 caso em 2.000 a 10.000 habitantes.
No h estudos epidemiolgicos realizados no Brasil.
Afeta 10 a 12 vezes a mulher em relao ao homem e embora possa ocorrer em qualquer
idade, mais freqente entre os 20 e 45 anos, com maior incidncia prximo aos 30 anos
(mulher em idade frtil).
102
20
103
104
Sndrome com aparecimento de pontos brancos nas unhas e branqueamento completo destas.
105
106
so permitir maior controle da doena, evitar fatores que desencadeiam a atividade do lpus e
melhorar a qualidade de vida destes pacientes.
Fotossensibilidade cutnea: caso haja, o paciente no poder se expor radiao ultra-violeta,
pois esta poder gerar leses cutneas que, por sua vez, podem desencadear um quadro sistmico
devido produo de estmulo imunolgico.
Drogas fotossensveis: se estiverem sendo usadas pelo paciente, impossibilitam o uso do laser,
ultra-violeta, Forno de Bier (de lmpada), e infra-vermelho (efeito deletrio no comprovado).
No esto determinados, na bibliografia vigente, quais seriam, exatamente, as conseqncias
geradas pela utilizao desses recursos neste caso. Suspeita-se que tambm gerariam alteraes
cutneas.
lceras arteriais no podem ser tratadas uma vez que um aumento na demanda metablica
no poder ser suprida pelo organismo. Isso significa que, qualquer interveno fisioterpica
(inclusive a cinesioterapia) fica proibida e sujeita indicao mdica (depois que o quadro
oclusivo for devidamente revertido).
Fenmeno de Raynaud: impossibilita a utilizao de crioterapia, principalmente nas
extremidades, e caso no haja grande controle ambiental, impede a execuo de hidroterapia.
Artralgia e artrite: levando-se em considerao as contra indicaes, trata-se a sintomatologia.
Para tanto, podem ser utilizados: calor superficial mido brando, diadinmicas, ICE, OC pulsado
com freqncia de repetio de pulso menor que 82 Hz, US pulsado de baixa intensidade com
emprego ou no de antiinflamatrios, contraste (que no poder ser feito em extremidades, se
houver Raynaud) e, como no se trata de uma patologia eminentemente erosiva, pode ser
utilizado calor profundo brando ou vigoroso (OC, MO ou US) em caso de necessidade (fibrose e
aderncia capsular ou intra-articular). imprescindvel ter em mente os objetivos que se quer
alcanar para determinao dos recursos passveis de serem utilizados.
A cinesioterapia o carro chefe da terapia, independente do recurso fsico utilizado e
deve ser implementada de forma gradual (grau de complexidade e resistncia), no excedendo os
limites fsico e emocional do paciente.
Pulmonar: deve ser implementado tratamento mesmo que no haja evidncias de
comprometimento, uma vez que se trata de paciente de risco potencial para desenvolvimento de
alteraes pulmonares. Caso haja comprometimento em decorrncia do prprio lpus ou
infeces oportunistas (terapia imunossupressora), deve ser implementado tratamento
fisioterpico respiratrio com intuito de desobstruir, reexpandir e, posteriormente, preparar a
musculatura respiratria fortalecendo-a, em caso de uma eventual recidiva.
Cardaca: levar em consideraes possveis acometimentos cardacos ou mesmo a
possibilidade que isso ocorra posteriormente. Em quadros remissivos introduzir treino aerbico.
Neurolgico: trata- se as conseqncias, as seqelas.
CASO CLNICO 7
Paciente R.L.N., 32 anos, sexo feminino, casada, sem filhos, do lar, hipertensa.
Q.P.: Di nos joelhos e falta firmeza. No consigo agachar, subir e descer escadas e quando
ando meus joelhos e tornozelos doem.
H.D.A.: Paciente chegou para ser avaliada no servio de fisioterapia do HU no dia 12/12/00. No
seu relato, informou ter batido com o joelho E no nibus em outubro de 2000 e, a partir de ento,
ele ficou inchado e com muita dor, no conseguindo mais apoiar a perna esquerda no cho, tendo
dificuldades para andar, abaixar e subir escadas. Em 92, foi diagnosticado o LES e na poca
vrias articulaes foram acometidas. A paciente apresenta acometimento renal e realiza sesses
de hemodilise h 7 anos, 3 vezes por semana.
MEDICAO ATUAL: Capoten, Lasix, Cloroquina, Meticorten, Celebra, Panelo e
Diazepan.
EXAME FSICO: Paciente apresentou-se deambulando com dificuldade, realizando durante a
marcha uma RE de CF esquerda e com apoio total do p, no realizando a dorsiflexo, nem
107
flexo de joelho. Edema em joelhos com sinovite nestes e nos tornozelos tambm. Atrofia de
quadrceps D e E. Embora com dor, as ADMs passivas dos joelhos e tornozelos estavam
normais.
A paciente apresenta fotossensibilidade ocular e eritema na regio superior do trax.
TESTES: sinal da onda positivo bilateralmente, mais acentuado no joelho E.
A partir do quadro clnico apresentado, trace objetivos e condutas fisioterpicas a
curto e longo prazo e suas respectivas justificativas.
II LES JUVENIL:
Apresenta muitas similaridade com a forma do adulto.
Ao contrrio do adulto, que geralmente porta doena mais insidiosa, a maioria das crianas
com LES tem envolvimento sistmico grave.
Anorexia, mal-estar, fadiga e perda de peso ocorrem em quase todos os casos e a febre,
quando presente, deve ser diferenciada de uma infeco concomitante.
A maioria das crianas apresenta eritema malar clssico em asa de borboleta, mas leses
discides so menos frequentes que nos adultos.
Modificao da imagem corporal, pode levar ao suicdio, principalmente na faixa etria dos
adolescentes.
III ESCLERODERMIA SISTMICA:
III.1 INTRODUO:
uma doena na qual ocorre fibrose generalizada e alteraes microangiopticas em
pele e em outros rgos que contm tecido conjuntivo.
uma doena relativamente rara se comparada com as outras doenas do tecido
conjuntivo. A incidncia homem/mulher de 1:3, favorecendo ainda mais o sexo feminino nos
pacientes no brancos. Tem maior incidncia entre os 30 a 50 anos e costuma ser mais severa em
homens e em pacientes idosos. So raros os casos familiares.
O temo esclerodermia refere-se ao estado endurecido da pele, que uma das
caractersticas principais da esclerodermia sistmica.
III.2 CLASSIFICAO DAS ESCLERODERMIAS:
1. Esclerose Sistmica:
Forma limitada ou CREST: envolvimento cutneo ocorre apenas na face e distalmente aos
cotovelos e joelhos;
Forma difusa: h tambm fibrose da pele do tronco, abdome e regies proximais dos membros;
Formas mistas
2. Escleroderma Localizado:
Morfia
Esclerodermia linear
Hemiatrofia fascial
Esclerodermia em golpe de sabre
3. Esclerodermia Associada Exposio Qumica
4. Fascite Eosinoflica
III.3 QUADRO CLNICO:
Fase Edematosa: geralmente tem durao de semanas a meses.
108
Inicialmente, edema indolor de mos e face. Pode vir acompanhada por parestesias em mos
e rigidez matinal;
Nas formas difusas o edema gradualmente estende-se a outras regies da pele;
Em cerca de 1/3 dos casos h artralgias e, eve4ntualmente pode haver poliartrite de
distribuio semelhante da AR.
Quadro normalmente precedido pelo fenmeno de Raynaud, que nas formas difusas instala-se
at 2 anos antes da ecloso da doena, e nas formas limitadas pode preced-la por cinco ou mais
anos.
Fase Indurativa:
Instala-se com a substituio gradativa de edema elstico por fibrose de tecido subcutneo;
A pele torna-se espessada e aderida aos planos profundos, adquirindo aspecto brilhante, tenso
e inelstico;
Desaparecem as rugas de expresso da face, o nariz e a comissura labial tornam-se afilados, e
os dentes incisivos tornam-se parcialmente expostos em virtude da retrao dos lbios;
A abertura da rima bucal torna-se reduzida (menor que 3 cm) em decorrncia da inelasticidade
da pele;
H alteraes de pigmentao cutnea (reas de hiper e de hipopigmentao). Alguns
pacientes desenvolvem um escurecimento generalizado da pele
Telangiectasias23 so proeminentes nas mos e face;
H atrofia dos folculos pilosos, glndulas sebceas e sudorparas, o que torna a pele
ressecada;
reas de calcificao so observadas;
As telangiectasias e as calcificaes so mais freqentes nas formas limitadas de
esclerodermia.
Aps anos de fase indurativa, h gradual regresso do espessamento da pele, que se
desprende dos planos profundos e torna-se novamente preguevel. Entretanto, permanece a
atrofia da epiderme e de seus anexos, conferindo um aspecto de pele senil.
Embora no seja habitual a ocorrncia de eroses articulares, a mobilidade articular
freqentemente torna-se limitada por fibrose e retrao da pele e tecidos periarticulares;
Pode haver tendinite fibrinosa do punho: caracterizada por dor, edema e crepitao
movimentao;
O processo de isquemia das proximidades ocasiona endurecimento das polpas digitais,
aparecimento de microulceraes, e eventualmente reabsoro das extremidades de falanges
distais.
Alguns pacientes apresentam fraqueza muscular discreta;
Alteraes de motilidade esofagiana em 95% dos pacientes em decorrncia do processo de
fibrose da musculatura lisa (nem todos so sintomticos);
Envolvimento pulmonar em 70% dos pacientes, sendo mais comum a fibrose intersticial nos
2/3 inferiores. Caracteriza-se por tosse seca, dispnia aos esforos e estertores crepitantes nas
bases;
Raramente h pleurite e derrame pleural;
Repercusses cardacas clnicas ocorrem em cerca de 10% dos pacientes que traduzem-se por
insuficincia cardaca refratria e arritmias ventriculares e atriais;
Hipertenso arterial maligna hiper-reninmica acompanhada de insuficincia renal oligrica.
III.4 PROGNSTICO:
O prognstico da doena varivel. As formas limitadas tm, geralmente, evoluo
arrastada e favorvel, exceto pela possibilidade de hipertenso pulmonar. Este tem mau
prognstico vital, com evoluo para bito em seis meses a cinco anos. As formas difusas esto
23
Modificao da rede capilar que associa multiplicao, anomalia de estrutura e dilatao dos vasos.
109
sob maior risco de complicaes viscerais graves, especialmente nos primeiros anos em que est
se instalando os processos fibrtico.
III.5 - TRATAMENTO FISIOTERPICO:
Tratamento puramente sintomtico: massoterapia e cinesioterapia, com intuito de
preservar a funo, mantendo a independncia funcional do paciente e proporcionando conforto.
importante que no se exceda o limite imposto pela capacidade de resposta vascular para que
no se produza isquemia. Usar, portanto, baixa carga e nmero de repeties e no prolongar
excessivamente os alongamentos e exerccios isomtricos, os quais produzem isquemia. Pelo
mesmo motivo, um cuidado tambm deve ser tomado com as manobras de frico e
deslizamento profundo.
Embora alguns autores sugiram a utilizao do calor e da laserterapia para promoo
do aumento da elasticidade tecidual, acredita-se que vrios eventos indesejveis podem advir da
utilizao de tais recursos. Isso porque se sabe que os tecidos dos pacientes esclerodrmicos so
mal vascularizados. Portanto, ficaria difcil dissipar a caloria ofertada por modalidades como o
US, OC, IV, etc., o que poderia levar a queimaduras em baixssimas temperaturas. Alm disso,
no haveria possibilidade de suprir a demanda metablica exigida por tais modalidades e pelo
laser, havendo o risco de se formarem leses isqumicas e, conseqentemente, reas de necrose.
E, por ltimo, suspeita-se que o uso dos recursos citados acima poderia acelerar o processo
fibrtico. Agravando a condio do paciente.
Enquanto no houver respostas seguras quanto a utilizao destes recursos nos
pacientes esclerodrmicos, prudente no utiliz-los.
O aparelho respiratrio destes pacientes merece ateno redobrada, pois, com o
processo de fibrose pulmonar, perde-se complacncia, a qual tende a agravar a condio do
paciente, sobretudo quando h longa evoluo. Deve-se, portanto, fazer um trabalho respiratrio
para manter a mobilidade torcica e a expanso pulmonar.
IV - DOENA MISTA DO TECIDO CONJUNTIVO:
Apresentao de alguns sinais sem que o quadro clnico definido de nenhuma das
doenas reumticas auto-imune seja satisfeito. Esta uma situao comum no incio das
manifestaes das enfermidades auto-imunes e denominada sndrome indiferenciada do tecido
conjuntivo.
Com o tempo, parte desses enfermos evolui para formas definidas de determinada
doena reumtica, o que no ocorre com uma parcela deles, nos quais persiste indefinidamente
um quadro indiferenciado.
Outra situao comum na clnica reumatolgica so os doentes que apresentam
quadro clnico exuberante o qual satisfaz os critrios para classificao de mais de uma doena
reumtica auto-imune, situao que recebe o nome de sndrome de superposio do tecido
conjuntivo. Os sinais e sintomas caractersticos de mais de uma enfermidade podem ser
observados simultaneamente, porm, o mais freqente a sua superposio ao longo da evoluo
da enfermidade.
As doenas que habitualmente se superpem so a esclerodermia sistmica,
dermatomiosite, polimiosite e lpus eritematoso sistmico, alm da artrite reumatide. H alta
incidncia de fenmeno de Raynaud associado e edema difuso das mos.
Observao: A Sndrome de Sjgren freqentemente vem associada s demais enfermidades
reumticas auto-imunes, o que no considerado como sndrome de superposio.
Cerca de 15 a 25% dos pacientes com suspeita de doena reumtica auto-imune
evoluem com sndrome de superposio. A distribuio quanto ao sexo e raa reflete aquela
das doenas auto-imunes envolvidas.
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V MIOPATIAS INFLAMATRIAS:
V.1 INTRODUO:
Fraqueza muscular sintomtica, que resulta de inflamao crnica dos msculos
devido ao de auto-anticorpos miosite-especficos (AME) que so antgenos dirigidos.
So doenas raras e em adultos so mais freqentes em negros e mais raras em
asiticos. Em crianas so mais freqentes em asiticos e negros. Existe uma predisposio
gentica atestada pela maior prevalncia entre parentes de primeiro grau.
Ocorrem com freqncia duas vezes maior no sexo feminino, em especial entre os 15
e 45 anos e quando associadas a outras doenas reumticas auto-imunes.
V.2 CLASSIFICAO:
Tipo I Polimiosite (PM) primria idioptica
Tipo II Dermatomiosite (DM) primria idioptica
Tipo III PM ou DM associada doena neoplsica
Tipo IV PM ou DM infanto-juvenil
Tipo V PM ou DM associada outra doena reumtica auto-imune
Tipo VI Miosite por incluso
Tipo VII Miscelnea: miosite eosinoflica, nodular localizada, ossificante, por clulas gigantes.
V.3 QUADRO CLNICO:
O incio pode ser abrupto ou insidioso, com ou sem fator desencadeante (infeco
viral, exposio solar, trauma). A principal caracterstica inicial a fraqueza muscular em
flexores de pescoo, cintura plvica e escapular. Pode haver dor e edema da musculatura
acometida.
Em fases mais avanadas pode haver comprometimento de musculatura farngea,
resultando em voz anasalada, disfagia, refluxo de alimentos pelo nariz e possibilidade de
aspirao.
Com a progresso da molstia, a fraqueza muscular pode manter o paciente acamado
havendo impossibilidade, at mesmo, de erguer a cabea do travesseiro. H ento, atrofia
muscular, podendo haver contraturas e calcinose muscular.
Os sintomas gerais so caracterizados por astenia, fadiga, anorexia, febrcula e perda
de peso. Pode haver rigidez matinal. A artrite queixa comum, mas em geral, tem carter no
erosivo e localizada nas mos, punhos e joelhos. O fenmeno de Raynaud est presente em
alguns casos.
A dermatomiosite distingue-se pela presena de vrios tipos de manifestaes
cutneas.
V.4 TRATAMENTO FISIOTERPICO:
Na fase inicial, inflamatria, deve-se orientar quanto alternncia de decbito com
intuito de prevenir a formao de escaras e a elevao da cabeceira da cama para evitar aspirao
de corpos estranhos. Deve-se, tambm, realizar exerccios passivos e ativo-assistidos com o
intuito de preservar as amplitudes de movimento articulares, evitando-se, desta forma, o
aparecimento de contraturas em posies antlgicas, principalmente em flexo. importante, no
entanto, que no haja excessos na cinesioterapia, pois, neste momento, um aumento
demasiadamente grande na demanda metablica pode levar acelerao do processo
degenerativo. Pelo mesmo motivo, deve-se orientar o paciente e o seu cuidador a respeito da
postura no leito e, muito embora o acometimento da musculatura respiratria no seja comum,
deve-se implementar, prioritariamente, a cinesioterapia respiratria o que pode impedir ou
minimizar as alteraes decorrentes da restrio prolongada no leito.
Com a resoluo da fase inflamatria, progredir com exerccios ativos e, finalmente,
resistidos para que todas as amplitudes ativas perdidas sejam restabelecidas. Neste caso, a FES
111
pode ser empregada para maximizar e acelerar o ganho de trofismo muscular. Se houver perder
funcionais, proceder ao treino das mesmas.
CAPTULO 11
VASCULITES SISTMICAS
I INTRODUO:
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Graas a ti, minha doura, minha glria, minha confiana, meu Deus, pelos
dons que me destes. Conserva-os, pois. E assim me conservars. Ento crescer e aperfeioar
tudo o que me destes. E eu mesmo viverei contigo, porque foste tu que me deste a possibilidade
de existir.
Santo Agostinho
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Termo mdico (do latim a, negao e dynamis, fora) usado para designar a reduo da fora muscular,
debilitao muscular e fraqueza. Uma indisposio geral.