Dor 3
Dor 3
Dor 3
Objetivos
1. Qual a fisiopatologia da dor referida e da irradiada? Exemplos de dores referidas. X
2. Quais são os nociceptores viscerais? Onde estão localizados e respondem a quais estímulos? X
3. Descrever as vias da dor visceral. X
4. Descrever as escalas de dor. X
5. Qual o mecanismo de ação dos antiespasmódicos? X
6. Descrever a dor em 2 tempos. X
(Guyton) Frequentemente, a pessoa sente dor em parte do corpo que fica distante do tecido causador da dor. Essa é
a chamada dor referida. Por exemplo, a dor em órgãos viscerais geralmente é referida à área na superfície do corpo.
O conhecimento dos diferentes tipos de dor referida é importante para o diagnóstico clínico pois em várias doenças
viscerais o único sinal clínico é a dor referida.
Mecanismo da Dor Referida. A Figura 48-5 mostra o provável mecanismo por meio do qual grande parte da dor é
referida. Na figura, ramos das fibras para a dor visceral fazem sinapse na medula espinhal, nos mesmos neurônios de
(Neto)
A dor referida é condição em que a dor sentida não é localizada na região da lesão, mas em local adjacente ou
distante. As dores referidas frequentemente decorrem de lesão em tecidos profundos, como músculos, articulações
ou vísceras. Frequentemente, esse tipo de dor e a hiperalgesiaassociada são situadas pelo paciente nos músculos e
nas regiões da pele do m esmo dermatômero* do órgão lesado.
A dor referida aumenta com a intensidade e duração da estimulação nociva da víscera ou estrutura profunda aberta.
Geralmente se restringe a um mesmo segmento espinal. Entretanto, em alguns casos, há expansão para segmentos
vizinhos ou mais distantes. A dor referida, na maioria das vezes, pode ser acompanhada de desenvolvimento de
maior sensibilidade na área atingida, que é a hiperalgesia referida. Theodore Ruch sugeriu a teoria das projeções
convergentes e a sua teoria foi aceita: axônios de neurônios nociceptores procedentes da região lesada (víscera) e da
referida (pele) convergem no mesmo neurônio de segunda ordem no corno posterior da medula espinal. Diversas
evidências apóiam a ideia de que a dor referida depende da convergência de impulsos para a medula espinal; grande
número de neurônios do corno posterior recebem impulsos de aferências viscerais e somáticas, o que suporta esta
teoria. Dados anatômios e eletrofisiológicos demonstraram também que os neurônios de segunda ordem do corno
posterior recebem aferências viscerais e somáticas, indicando que há convergência viscero-somática. Assim, parece
não ser frequente a ocorrência de neurônios de transmissão recebendo apenas aferências viscerais. Um dos
exemplos mais usados para explicar dor referida é o da dor de origem cardíaca, cujo local somático referido é
geralmente o MSE.
Existe, na literatura, muita confusão entre dor referida e irradiada, chegando alguns autores a usá-las, inclusive, como
sinônimos. Isto ocorre porque os sinônimos de irradiar são: espalhar, propagar, difundir, transmitir, entre outros. Na
maioria das vezes, esta palavra é usada com este sentido. Ao dizermos que a dor da cólica nefrética se inicia na região
lombar e se irradia para a virilha e/ou testículos, estamos nos referindo apenas a sua propagação e não a sua
classificação. Esta é definida somente como dor referida.
(Neto) As dores viscerais frequentemente são descritas como de intensidade variável, como em onda, com períodos
de piora seguidos de melhora. Devem corresponder aos períodos de contração do músculo liso. Os exemplos clássicos
ocorrem nas cólicas intestinais e na dor do parto. Outro fenômeno característico das dores viscerais é a associação
mais exuberante com fenômenos autonômicos, como palidez, mal-estar, sudorese e aumento do peristaltismo.
Ocasionalmente, uma doença que acomete uma víscera pode se alastrar, passado a acometer nervos somáticos (ex.
pleura, peritônio), causando a dor em dois tempos. Quando isso ocorre, a dor, antes difusa, pode se tornar mais
localizada. Um exemplo clássico ocorre na apendicite, que, em uma fase inicial, tem localização abdominal difusa,
passando a se localizar na fossa ilíaca direita após comprometimento peritoneal. Tal fato provavelmente se explique
pela existência de nociceptores silentes, os quais manifestam atividade em situações normais, mas seriam ativados
pela presença de substâncias químicas liberadas na região afetada quando ocorre sensibilização.
(Kraychete, Guimarães)
A dor visceral possui cinco importantes características:
1. Não é evocada por todas as vísceras (órgãos sólidos como fígado, rins, parênquima pulmonar não são sensíveis à
dor). Algumas vísceras apresentam deficiência de receptores sensoriais ou as propriedades funcionais de seus
receptores periféricos não evocam a percepção consciente ou não são receptores sensoriais verdadeiros;
2. Não está sempre associada à lesão visceral. Um estímulo de baixo limiar pode provocar ativação de aferentes
sensoriais da víscera, como a pressão gasosa intraluminal;
3. É difusa e pobremente localizada devido à organização das vias nociceptivas viscerais no SNC, que ascendem
conjuntamente com as de origem somática;
4. É referida em outros locais, provavelmente relacionada à convergência das fibras nervosas viscerais e somáticas
ao conectarem no corno dorsal da medula espinhal;
5. É acompanhada de reflexos autonômicos emotores, que servem como sistema mantenedor e facilitador da
transmissão dolorosa.
Antiespasmódicos (Goodman)
Os fármacos anticolinérgicos ("espasmolíticos" ou "antiespasmódicos") são usados comumente pelos pacientes com
Síndrome do Cólon Irritável. Nos EUA, os fármacos mais comuns desse grupo são os antagonistas inespecíficos dos
receptores muscarínicos, que incluem as aminas terciárias diciclomina e hiosciamina e os compostos de amônio
quaternário glicopirrolato e metescopolamina. A vantagem dos dois últimos fármacos é que eles pouco atravessam a
barreira hematencefálica e portanto causam riscos menores de efeitos adversos neurológicos como tontura,
sonolência e nervosismo. Em geral, esses fármacos são utilizados de acordo com a necessidade (quando a dor ocorre)
ou antes das refeições para evitar a dor e a urgência fecal, que ocorrem previsivelmente em alguns pacientes com SCI
(possivelmente devido ao reflexo gastrocólico exagerado).
ESCOPOLAMINA OU HIOSCINA (Buscopan). (A associação com a dipirona corresponde ao Buscopan composto)
A escopolamina ou hioscina também é um alcalóide da belladona.
Efeitos - indicações - vias de administração: Apresenta efeitos semelhantes aos da atropina, porém, a escopolamina
tem ações e efeitos mais pronunciados no SNC, com a duração mais prolongada do que a atropina. Apresenta
também o efeito de bloquear a memória recente.
Também é utilizado na hipermotilidade gastrointestinal, e, tem sido indicada para a prevenção da cinetose, evitando
náuseas e vômitos de origem labiríntica e contra vômitos causados por estímulos locais no estômago, embora seja
menos útil após instalada a náusea. Em Obstetrícia, a escopolamina é utilizada associada à morfina, para produzir
amnésia e sedação.
As vias de administração da hioscina são: oral, parenteral e transdérmica (na prevenção da cinetose, sendo o fármaco
aplicado numa unidade adesiva do tipo bandagem atrás da orelha).
Buscopan simples: Cada drágea contém 10 mg de butilbrometo de escopolamina, correspondentes a 6,89 mg de
escopolamina. Cada ml (20 gotas) da solução contém 10 mg de butilbrometo de escopolamina (0,5 mg/gota),
correspondentes a 6,89 mg de escopolamina. Solução injetável de 20 mg/ml: embalagens com 5 e ampola. USO
INTRAVENOSO, INTRAMUSCULAR OU SUBCUTÂNEO - USO ADULTO E PEDIÁTRICO. Cada ampola de 1 ml de Buscopan
contém 20 mg de butilbrometo de escopolamina, correspondentes a 13,78 mg de escopolamina. 1 a 2 comprimidos
revestidos, 3 a 4 vezes ao dia.
Cada comprimido de buscopan composto tem 10 mg de butilbrometo de escopolamina, correspondentes a 6,89 mg
de escopolamina e 250 mg de dipirona sódica, correspondentes a 233,64 mg de dipirona. Solução oral (gotas): frasco
com 20 ml. Solução injetável: embalagem com 3 ampolas de 5 ml. Adultos e crianças acima de 6 anos é de 1 a 2
drágeas (10-20 mg), 3 a 5 vezes ao dia. Este medicamento não deve ser partido ou mastigado.
Solução oral (gotas): A dose deve ser administrada por via oral, podendo dissolver as gotas em um pouco de água (1
ml = 20 gotas). As doses recomendadas são:
− Adultos e crianças acima de 6 anos: 20 a 40 gotas (10-20 mg), 3 a 5 vezes ao dia.
− Crianças entre 1 e 6 anos: 10 a 20 gotas (5-10 mg), 3 vezes ao dia.
− Lactentes: 10 gotas (5 mg), 3 vezes ao dia.
A dose de Buscopan baseada no peso corpóreo para crianças até 6 anos pode ser calculada conforme segue:
− Crianças até 3 meses: 1,5 mg por quilograma de peso corpóreo por dose, repetidas 3 vezes ao dia
− Crianças entre 3 e 11 meses: 0,7 mg/kg/dose, repetidas 3 vezes ao dia.
− Crianças de 1 a 6 anos: 0,3 mg/kg/dose a 0,5 mg/kg/dose, repetidas 3 vezes ao dia.