Engenharia Nuclear - Tese
Engenharia Nuclear - Tese
Engenharia Nuclear - Tese
Instituto de Física
Comissão examinadora:
Prof. Dr. Jorge Ernesto Horvath (IAG-USP)
Prof. Dr. Alberto Vazquez Saa (UNICAMP)
Prof.a Dra. Cecilia Bertoni Martha Hadler Chirenti (UFABC)
Prof. Dr. Paulo Teotônio Sobrinho (IFUSP)
Prof. Dr. Sergio Eduardo de Carvalho Eyer Jorás (UFRJ)
São Paulo
2010
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pelo Serviço de Biblioteca e Informação
do Instituto de Física da Universidade de São Paulo
USP/IF/SBI-046/2010
para meus pais
Agradecimentos
“In such cases men do not need much expression. A grip of the
hand, the tightening of an arm over the shoulder, a sob in unison, are
expressions of sympathy dear to a man’s heart.”
We study the interaction between primordial black holes and the exotic dark
matter and dark energy components which have been modeled to explain cosmo-
logical observations within the last decade. The interaction with different forms
of scalar field dark energy, such as phantom energy, and quartessence models as
the Chaplygin gas, together with the well-known interaction with the ordinary
forms of matter and energy, provides important results and suggests unexpected
behaviors on primordial black holes since their formation until the present time.
Our analysis encompasses dynamical and thermodynamical aspects of black
hole accretion and evaporation exploring the theory validity ranges and studying
its behavior under the extreme conditions which arise from these new dark fluid
models.
Finally, our study progresses towards an evolution model based solely on the
field equations, within a fully dynamical space-time in which we seek parallel
descriptions with previous models, which use simplifying hypotheses.
Our results provide a unified description of black hole evolution, in which
the role of all components and their relation to each other are clear and easily
identifiable. Along with the thermodynamical description, it is possible to make
a comprehensive picture of the problem, capable of accommodating new models
and furnish a deep understanding of black hole interaction with the cosmological
environment.
Sumário
Agradecimentos v
Resumo vii
Abstract ix
1 Buracos negros 1
1.1 Estrelas congeladas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.1 A métrica de Schwarzschild . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.2 Vetores de Killing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.3 Gravidade superficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Buracos negros primordiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Interação de buracos negros com o meio . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3.1 Acreção de Bondi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3.2 Acreção por captura de partículas . . . . . . . . . . . . . 9
1.3.3 Acreção de radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3.4 Evaporação de Hawking . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.3.5 Competição entre acreção de radiação e evaporação de
Hawking . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6 Conclusões 83
C Condições de energia 95
C.1 A condição de energia fraca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
C.2 A condição de energia nula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
C.3 A condição de energia dominante . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
C.4 A condição de energia forte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Referências Bibliográficas 97
– Bertrand Russel
Rµν = Rαµαν .
1
Rµν − gµν R = 8πGTµν .
2
• Derivadas parciais na direção radial são denotadas com uma linha sobres-
crita ( 0 ), enquanto derivadas na direção temporal são denotadas com um
ponto diacrítico (˙).
Buracos negros
∂gµν
= 0. (1.4)
∂xK
Geometricamente, isso significa que, se tomarmos uma curva ao longo das coorde-
nadas xµ , com µ 6= K, então o comprimento da curva é preservado por translações
ao longo da direção xK [1] .
O vetor dual
∂
ξµ ≡ (1.5)
∂xK
que corresponde à 1-forma associada a essas translações locais, é chamado de
vetor de Killing. Vetores da forma (1.5) satisfazem a chamada equação de Killing
horizonte de
I+
partículas de p
z
p
partícula observada
e
sd
j
por p
to
en
ev
partícula ainda não
de
observada por p
p
o
ur
ut
ef
p
t
on
eventos que p
riz
ho
nunca irá observar
o
ad
ss
pa
uz
del
ne
co
I−
(a) Horizonte de partículas (b) Horizonte de eventos
cia que suporte a existência de objetos tão grandes1 , que deveriam em princípio
existir estatisticamente, por algum tempo se generalizou a suposição de que bu-
racos negros primordiais nunca se formassem. No entanto, essas massas enormes
só são possíveis em uma análise de acreção que despreze a expansão do Universo,
o que é impreciso quando a massa do buraco negro se aproxima da massa do
horizonte.
A densidade elevada é uma condição necessária para a formação de buracos
negros primordiais, mas não é suficiente. É necessário que as flutuações de densi-
dade sejam grandes o suficiente. Fortes candidatas a esse papel são as flutuações
quânticas resultantes de algumas hipóteses inflacionárias [24] . A abundância de
buracos negros observada hoje pode, portanto, servir como critério de exclusão
para esses modelos inflacionários [25] .
Um efeito importante da presença dos buracos negros primordiais sobre o seu
ambiente vem de consequências do comportamento quântico devido às suas bai-
xas massas e tamanhos, como a evaporação de Hawking, que estudamos na seção
1.3.4. A evaporação pode terminar em um processo explosivo, que deve dei-
xar assinaturas observáveis na forma de raios cósmicos ou surtos de raios gama
1 Por exemplo, a evidência observacional é de que a massa escura no aglomerado de Virgem
não pode estar em buracos negros de massa maior que 1010 m pela não observação de efeitos de
maré [23;14] .
1.3 Interação de buracos negros com o meio 7
(GRBs2 ) [26] , ou ser interrompida na escala da massa de Planck por outros ar-
gumentos de Gravitação Quântica, como apontamos no capítulo 4. Nesse caso,
os remanescentes de buracos negros primordiais também podem ser candidatos a
constituintes da matéria escura [18] .
Os limites observacionais para a abundância de buracos negros primordiais
de diferentes espectros de massa podem ser obtidos pela observação da radiação
cósmica de fundo, que por exemplo limita a densidade de buracos negros que
evaporariam hoje (1015 g) a um máximo de 10−8 vezes a densidade crítica do
Universo [24] . As medidas da época da reionização indicam também que a con-
tribuição na radiação proveniente da evaporação de buracos negros é pequena na
época da formação de estruturas [15] . No entanto, buracos negros com massas mai-
ores que esse valor podem, em princípio, sobreviver até hoje e constituir parte da
matéria escura na forma de WIMPs3 ou, no caso de massas mais elevadas, MA-
CHOs4 .
De fato, em alguns cenários não convencionais de Inflação [27] , os buracos
negros primordiais podem crescer substancialmente durante as fases iniciais da
Inflação, e assim gerar uma população que evolui até a era da radiação sem ne-
cessariamente evaporar. Vários trabalhos têm estudado o problema da acreção de
radiação e outros campos de matéria pelos buracos negros [28] . Um resultado de
relevância para esta proposta foi a existência de uma ampla faixa entre a massa do
horizonte e a massa que começa a evaporar imediatamente (chamada na literatura
de massa crítica [29] ), que pode ser ocupada por buracos negros que crescem a ex-
pensas do ambiente, embora o façam, em geral, muito devagar. Descrevemos esse
efeito em detalhe na seção 1.3.5.
Nas seções e capítulos seguintes, não nos preocupamos em estudar os meca-
nismos de formação dos buracos negros primordiais, mas nos apoiamos em (1.13)
para gerar um espectro amplo de massas iniciais. Esses objetos evoluem ao longo
da história do Universo de acordo com a sua interação com o ambiente, por acre-
ção, evaporação e back-reaction. Este trabalho se dedica principalmente a estudar
os aspectos teóricos de alguns dos componentes dominantes dessa evolução.
p = wργ (1.14)
com w e γ constantes. Um gás com tal relação entre a pressão e a densidade é
chamado de gás politrópico. A constante γ é dada por [35]
1
γ = 1+ (1.15)
n
em que n é chamado de índice politrópico do gás. No caso de um gás ideal isen-
trópico, γ é o chamado expoente adiabático, dado pela razão entre os calores es-
pecíficos do fluido a pressão e volume constantes. O caso γ = 1 (n → ∞), que
corresponde a uma esfera isotérmica de gás autogravitante [36] , chamado de gás
barotrópico, é o mais comum para modelar fluidos na Cosmologia. Nesse con-
texto, a própria constante w é tipicamente referida como a equação de estado do
material, em vez da expressão (1.14).
Consideremos um gás com a pressão dada por (1.14), sendo acretado por um
objeto de massa m em repouso localizado no centro do referencial. Utilizamos
coordenadas esféricas, em que r é a coordenada radial e t é a coordenada temporal,
e definimos v como a velocidade radial do fluido na direção do objeto central. As
equações clássicas que governam o problema são a equação de continuidade
dm
= 4πr2 ρv (1.16)
dt
1.3 Interação de buracos negros com o meio 9
e algum vínculo sobre a velocidade do gás acretado, como por exemplo a equação
de Bernoulli
Z p
v2 dp m
+ − = (constante) = 0. (1.17)
2 p∞ ρ r
em que p∞ e ρ∞ são a pressão e a densidade do fluido no infinito, ou seja, longe da
influência gravitacional do objeto. A constante é igual a zero devido às condições
de contorno para o fluido no infinito.
Podemos reescrever as equações em termos da velocidade do som no fluido
no infinito
p∞
c2s = γ . (1.18)
ρ∞
O resultado da manipulação de (1.16) e (1.17) com o uso de (1.18) é que a
taxa de acreção dm
dt não pode ser superior a
dm m2
= 4πλc 3 ρ∞ (1.19)
dt cs
com λc dado por
γ+1 5−3γ
1 2(γ+1) 5 − 3γ − 2(γ−1)
λc = . (1.20)
2 4
Problemas típicos de acreção de Bondi consistem, portanto, em se encontrar
uma solução ou comportamento geral para o sistema formado pelas equações
(1.14), (1.16) e algum equivalente à equação (1.17), que depende das caracte-
rísticas do sistema considerado.
mp a2
Ueff = − + (1.21)
r 2mr2
3
Ueff
2
E/mp 0
-1
-2
-3
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4
r/2m
Figura 1.2: Potencial efetivo entre dois corpos na gravitação newtoniana [38]
2
dx 1 1 a2 a2
= 2 E −1+ − 2 + 3
2
(1.22)
dτ E r r r
2
dϕ a2 1
= 2 4 1− (1.23)
dτ E r r
1.2 rG √
a= 5
√2
a=
a= 3
1.1 a=0
1
E
0.9
0.8
0.7
0 2 4 6 8 10 12 14
r/rG
Uma análise do máximo local do potencial, como pode ser visto no gráfico da
figura 1.3, nos mostra que partículas em velocidades baixas no infinito (E = 1)
devem ser inexoravelmente capturadas pelo objeto central se tiverem momento
angular a ≤ 2.
Podemos expressar essa afirmação em termos do parâmetro de impacto da
partícula e de sua velocidade ao se aproximar do infinito
σ = 4πb2min . (1.27)
Assim, uma partícula se aproximando do infinito será capturada se incidir den-
tro do círculo cujo raio é dado por (1.26) para a = 2. Temos assim a seção de
choque de acreção de partículas frias por um buraco negro [39]
2
rG
σM = 4π . (1.28)
v∞
2
dx l2
2
= 1−
+ l 2 r3 (1.29)
dτ r
2 2
dϕ l 1
= 4 1− . (1.30)
dτ r r
O menor valor do parâmetro √ de impacto para que (1.31) apresente uma solução
3
de ponto de retorno rmin é l = 2 3 (ver figura 1.4).
Uma partícula √se aproximando do infinito será capturada se incidir dentro do
3
círculo de raio 2 3. A seção de choque para a acreção de uma partícula ultrarre-
lativística é, usando (1.27) e (1.31), portanto,
27 2
σR = πr = 27πm2 . (1.32)
4 G
10
l(rmin )
6
l
4
3
√
2 3
2
0
0 1 2 3 4 5 6 7
rmin/rG
dm α(m)
=− 2 (1.40)
dt m
em que α(m) é chamada de running constant [44] , que conta os graus de liberdade
das partículas emitidas por radiação Hawking. O fator α(m) depende do modelo
de física de partículas utilizado no cálculo. Considerando o modelo padrão (sem
contar o bóson de Higgs ou o gráviton [45] ), em unidades CGS, α(m) = 7, 8 ×
1026 g3 /s para buracos negros evaporando hoje [46] .
A solução geral de (1.40) é
1/3
m(t) = m3i − 3α(m) (t − ti ) . (1.41)
7 Supomos a lei de Stefan–Boltzmann válida pelo princípio da equivalência.
8 Ver capítulo 2 para uma discussão.
16 Buracos negros
dm α(m)
= − 2 + 27πρrad (t)m2 (1.43)
dt m
em que t agora corresponde ao tempo cosmológico da métrica de Friedmann–
–Robertson–Walker, e a densidade de radiação pode então ser calculada pelas
equações de Friedmann.
A equação (1.43) apresenta um ponto de equilíbrio em que dm
dt = 0. A massa
de um buraco negro em equilíbrio pode ser encontrada resolvendo-se a equação
para m. Esse problema foi tratado pela primeira vez por Barrow et al. [48] . O
resultado é [28]
1/4
α(m)
mc = . (1.44)
27πρ
Chamamos mc de massa crítica, pois ela representa um ponto de transição de
regimes. Para m > mc predomina a acreção de radiação, enquanto para m < mc
9 Ver ilustração na figura 2.2.
1.3 Interação de buracos negros com o meio 17
30
mc
25
20
m
mHaw 15
10
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
t−ti
mHaw
Figura 1.5: Evolução de buracos negros sujeitos a acreção de radiação e evapora-
ção de Hawking na era da radiação [47]
Capítulo 2
Acreção quase-estacionária de
fluidos perfeitos
modelos conservadores até outros não usuais, que requerem nova física. Uma das
hipóteses mais econômicas, que recebe grande atenção [54] , é a dominância recente
de um fluido com uma equação de estado anômala, uma espécie de análogo às
propostas inflacionárias, mas em uma escala de energias mais baixas, a assim
chamada energia escura.
A exemplo das espécies físicas bem conhecidas presentes no Universo, como
a matéria fria (pDM = 0) e a matéria ultrarrelativística, sob a forma de radiação
(prad = 31 ρrad ) ou neutrinos, modelamos tipicamente a energia escura como um
fluido perfeito com uma equação de estado na forma (1.14) com γ = 1, ou seja,
p = wρ. (2.1)
Para que a solução exiba uma expansão acelerada, é necessário w < −1/3.
Diversos experimentos têm sido propostos para estabelecer limites mais pre-
cisos para os parâmetros da energia escura. Em particular, a colaboração Dark
Energy Survey [55] busca restringir os valores de w e ẇ através da observação de
galáxias, aglomerados e supernovas.
Fluidos com essa característica violam certas condições de energia1 sobre
campos comóveis de matéria [20] . A condição de energia forte, que garante que
a gravidade seja atrativa para qualquer campo de matéria, é violada pela simples
construção w < −1/3.
A energia phantom
Apesar de valores de w ≥ −1 serem normalmente considerados em modelos
de energia escura, com ênfase maior no caso particular w = −1, ou constante
cosmológica, alguns trabalhos têm levantado a possibilidade de que a energia es-
cura seja caracterizada por um fluido com uma equação de estado com w < −1,
conhecida na literatura como a energia phantom [56] .
A equação de estado phantom viola outras condições de energia. A condição
de energia dominante, cujo significado é que a massa e a energia não podem fluir
mais rápido que a velocidade da luz, exigiria −ρ ≤ p ≤ ρ. A condição de energia
fraca, que garante que um observador tipo tempo sempre meça uma densidade
positiva de energia, exigiria p + ρ ≥ 0.
Há muitas consequências físicas de tal componente phantom sobre uma vari-
edade de espécies físicas presentes no Universo [57] , mais notavelmente a singula-
ridade tipo espaço conhecida como Big Rip [58;56] , ou até algumas possibilidades
mais fabulosas, como o Big Trip [59;60] . Algum esforço tem sido feito para remo-
ver a singularidade do Big Rip [61] , mas ainda é prematuro descartar ou suportar
definitivamente qualquer cenário.
1 Ver Apêndice C para uma descrição detalhada das condições de energia.
2.2 Modelos de fluidos 21
1 φ̇2
L = − ∂µ φ∂µ φ −V (φ) = − −V (φ). (2.2)
2 2
Modelos de campo escalar com uma modificação geral no termo de ener-
gia cinética são uma classe de energia escura conhecida na literatura como K-
-essência [71] .
O tensor de energia-momento desse campo escalar é dado por
φ̇2
ρφ = − +V (φ) (2.5)
2
φ̇2
pφ = − −V (φ) (2.6)
2
Essa identificação também garante a condição w < −1. Para obtermos a
equação de estado constante, escolhemos especificamente um potencial V (φ) da
forma2
d2V 3 3 2
= (1 + w) Ḣ − H (1 + w) (2.7)
dφ2 2 2
em que H é o parâmetro de Hubble ȧ/a, sendo a o fator de escala na métrica de
Friedmann–Robertson–Walker, e o ponto corresponde à derivada em relação ao
tempo cosmológico (ver seção 2.5.2).
As equações de movimento do campo (2.2) ficam, então
dV
φ̈ + 3H φ̇ = + (2.8)
dφ
o que significa que a densidade da energia phantom aumenta com o tempo (ver
figura 2.2).
2O
potencial (2.7) evita instabilidades em larga escala produzidas pela energia phantom. Ver
Caldwell [56] para uma discussão.
2.3 Definição da variação da massa 23
Σν = Vuν (2.11)
o que nos permite escrever a equação (2.10) como
pµ = V T µν uν . (2.12)
A energia contida no volume V , medida no seu referencial de repouso, é o
valor da projeção do quadrimomento sobre a quadrivelocidade
E = V T µν uµ uν . (2.13)
Se houver um fluxo de material através de uma superfície limitante desse vo-
lume, durante um período de tempo próprio ∆τ, a variação de quadrimomento
é dada pelo valor do tensor de energia-momento que atravessa o volume da hi-
persuperfície formada pela área da superfície de interface e o intervalo de tempo
próprio, ou seja, o “volume-mundo” da superfície durante o intervalo ∆τ. A cons-
trução desse volume é ilustrada na figura 2.1.
Assim, o volume orientado, pela equação (2.9), de uma superfície de área A
durante um intervalo de tempo próprio ∆τ é dado por
ν = A ∆τσν
ΣBH (2.14)
em que σν é uma 1-forma unitária orientada na direção ortogonal à superfície e
ao tempo. Essa orientação resulta do produto do tensor de Levi-Civita εναβγ com
o tempo e com as 1-formas tangentes à superfície.
Assim, a variação de quadrimomento no objeto é
2.3 Definição da variação da massa 25
6
x0
2m
∆
=
R
m
= ∆τ µν
TFluido
µν
TBH
6
uµ
A = 4πR2 A
-
xi
Figura 2.1: Variação no quadrimomento do volume contido no horizonte de even-
tos de um buraco negro de Schwarzschild pelo fluxo do tensor de energia-momen-
to através da fronteira de área A .
∆E = A ∆τT µν uµ σν . (2.16)
O tensor de energia-momento de uma massa central no vácuo, como por exem-
plo um buraco negro de Schwarzschild, pode, sem prejuízo da solução final, ser
escrito no interior do horizonte de eventos como
(
mδ(r) µ = ν = 0,
= mδ(r)δ0 δν0
µν µ
TSch = (2.17)
0 µ, ν 6= 0.
Tomando como referencial um observador em repouso em relação à massa
central, a energia contida na esfera de volume definido pelo raio do horizonte de
eventos é, por (2.13) e (2.17),
Z
µν
EBH = TSch uµ d3 ΣBH
ν = m. (2.18)
V
dE
= A T µν uµ σν . (2.19)
dτ
Igualando a variação da energia dentro do horizonte à variação provocada pelo
fluxo de matéria através da superfície do horizonte, temos
dm
= A T µν uµ σν . (2.20)
dτ
Supomos agora que a métrica em que trabalhamos seja diagonal (como é o
caso da métrica de Schwarzschild em coordenadas isotrópicas e de curvatura).
Também supomos que a massa central seja função apenas do tempo, para evi-
tar inconsistências com a métrica de Schwarzschild exatamente estática. Assim,
podemos escrever o lado esquerdo de (2.20) no referencial de repouso como
dm dm dt dm 1
= = √ . (2.21)
dτ dt dτ dt g00
Tomamos σµ = (0, 1, 0, 0) e a normalização da quadrivelocidade no referen-
cial de repouso uµ uµ = 1, que por sua vez resulta em
µ 1 √
u = √ , 0, 0, 0 ; uµ = ( g00 , 0, 0, 0) . (2.22)
g00
Podemos então reescrever a equação (2.20) como
dm
= g00 A T 01 (2.23)
dt
que, pela nossa suposição de métrica diagonal, pode finalmente ser expresso como [70]
dm
= A T0 1 . (2.24)
dt
Essa forma para a taxa de acreção pode ser entendida como uma primeira
aproximação para uma forma totalmente relativística da acreção de Bondi, substi-
tuindo a equação (1.16).
como na seção 2.2, e consideramos que a acreção desse fluido pelo buraco ne-
gro se dê lentamente (quase-estaticamente), o que nos permite desconsiderar os
efeitos da variação de massa sobre a métrica (back-reaction) por ora.
Seguindo os trabalhos de Babichev et al. [68] , partimos da conservação do ten-
sor de energia-momento e do quadrimomento, dado pela projeção de T µν sobre a
quadrivelocidade [1]
µν
T ;ν = 0 (2.25)
µν
vµ T ;ν = 0. (2.26)
T µν = (ρ + p) uµ uν − pgµν (2.28)
∂ √
−g (ρ + p) u0 u1 = 0. (2.31)
∂r
28 Acreção quase-estacionária de fluidos perfeitos
1 Rρ dρ0
2m 2
ρ∞ ρ0 +p(ρ0 )
C1
(ρ + p) 1 − + u2 e =− = ρ∞ + p(ρ∞ ). (2.37)
r A
dm
= 4πAm2 [ρ∞ + p(ρ∞ )] (2.40)
dt
Na seção 2.2 vimos que a energia escura modelada por um campo escalar
tem a densidade e a pressão dadas por (2.5) e (2.6) respectivamente. Como o
lado direito da equação (2.40) depende do fluido unicamente através do termo
ρ + p, isso significa, que, somando a densidade e a pressão do campo escalar,
ficamos com um termo de acreção igual a duas vezes a parte cinética do campo, e a
contribuição da parte potencial é automaticamente descartada, sem a necessidade
de suposições adicionais.
dm
= 16πm2 [ρph + p(ρph )]. (2.41)
dt
30 Acreção quase-estacionária de fluidos perfeitos
dm α(m)
= − 2 + 27πρrad + 16π ρph + p(ρph ) m2 . (2.42)
dt m
Aplicando a equação de estado (2.1) para a energia phantom p(ρ) = wρ, com
w < −1, a componente phantom da equação de acreção pode ser escrita como
dm α(m)
= − 2 + 27πρrad + 16π(1 + w)ρph m2 . (2.44)
dt m
3H 2 = 8πρ (2.46)
ρ̇ + 3H (ρ + p) = 0 (2.47)
Combinando (2.46) com (2.47), podemos escrever a relação
ρ + p = −ρ̇/3H . (2.48)
Também é possível, através de (2.46), escrevermos diretamente a dependência
do parâmetro de Hubble com a densidade do fluido
1/2
8π
ρ /2 .
1
H= (2.49)
3
Dada a equação de estado w do fluido, é possível encontrar ρ(a) através de
(2.47) e inserir a solução em (2.49) para encontrar a(t) [49] .
|ρ + p| ∝ a−3(1+w) (2.50)
desprezando todas as demais contribuições [68] . As densidades dos termos de radi-
ação, matéria escura fria e energia phantom evoluem de acordo com (2.46) como
representado no gráfico da figura 2.2.
Conforme o esperado, há uma época em que os termos de acreção de radiação
e energia phantom da equação (2.44) se tornam comparáveis. Chamamos tal época
de tempo phantom, ou tph .
Deve ser notado que essa época é distinta daquela em que as linhas da figura
2.2 se cruzam, devido aos fatores que multiplicam cada termo em (2.44). O fator
que multiplica o termo da acreção de radiação é proveniente da seção de choque
de acreção de radiação e o da acreção phantom vem da escolha A = 4.
32 Acreção quase-estacionária de fluidos perfeitos
6
log(ρx )
ρrad
ρm
ρph
Big Rip →-
|{z}
tph log(a)
Figura 2.2: Evolução das densidades de radiação, matéria e energia phantom com
o fator de escala. A localização da época tph é estimada qualitativamente, re-
presentada pela região cinza; a sua posição exata depende das densidades e da
equação de estado da radiação e da energia phantom (ver (2.55)).
2/3
a(t) 3H0 t
= . (2.51)
a0 2
−8/3
3H0 t
ρrad = ρ0rad . (2.52)
2
ρ0ph 3H0 t −2(1+w)
ρph = . (2.53)
|1 + w| 2
A época em que a acreção de energia phantom é tão importante quanto a de
radiação é o instante em que os dois termos de acreção da equação (2.44) se igua-
lam
16
ρrad = − (1 + w)ρph . (2.54)
27
Inserindo as dependências temporais calculadas nas equações (2.52) e (2.53),
a equação (2.54) fornece o tempo phantom, que, se tomarmos os valores das den-
sidades e do parâmetro de Hubble no final da era da matéria, fornece o valor (em
segundos)
! 8 −2(1+w)
16 ρph
0 3
tph 2 1km
= (2.55)
1 s 3H0 27 ρ0rad 1Mpc · 1s
em que H0 é o valor de parâmetro de Hubble, expressado em s ·km Mpc e, assim como
os valores iniciais ρ0ph e ρ0rad , calculado no final da era da matéria. A razão para
essa escolha de valores iniciais se deve ao fato de que, ao entrarmos na era da
energia escura, o comportamento das funções muda devido à transição de regime.
Torna-se mais conveniente estabelecermos como a época zero um instante dentro
do regime em que o tempo phantom ocorre.
Podemos expressar esse instante de transição em termos do redshift, usando a
equação (2.54), com as condições iniciais ρ0rad = 8, 12 × 10−13 erg/cm3 e ρ0ph =
1, 79 × 10−8 erg/cm3 medidas hoje [4] , e o valor numérico da equação de estado
phantom w = −1, 12 [53] , finalmente chegando ao valor
m3c m2c
+ = tph . (2.62)
3α(m) 100m2Haw
Utilizamos os valores numéricos para α(m) = 7, 8 × 1026 g3 /s [47] e mHaw ≈ 1015 g,
assim como os valores numéricos de ρph , ρrad , w e H0 necessários para computar
tph . O resultado é
mc ' 2, 8 × 10−2 g.
ph
(2.63)
Esse valor representa o valor no início da era da matéria da massa de um
buraco negro que evapora completamente na época tph . O instante em que a massa
crítica assume esse valor pode ser encontrado pela inversão da equação (2.58).
Uma vez que o ganho de massa por acreção de radiação não é substancial,
como vimos na seção 1.3.3 [47] , todos os buracos negros que chegam à era da
matéria com mi . mc (tph − t ∗ ) ≡ mc , que atingem a massa crítica em t . tph −
ph
mt
' 5, 5 × 1017 [(1 + w)ρph ]− /4 .
1
(2.67)
1g
com ρph dado em g/cm3 .
Como ambos regimes são de decréscimo de massa, a massa do buraco negro
diminui principalmente devido a acreção phantom até sua massa atingir mt . Após
isso, o efeito predominante será a radiação de Hawking, uma vez que a equação
(2.65) mostra que a mudança de regimes é suficientemente abrupta para que fa-
çamos essa aproximação, da mesma forma que a equação (1.45) na seção 1.3.5
nos permite supor instantânea a transição entre acreção de radiação e evaporação
Hawking.
Para encontrar a dependência temporal da massa de transição, primeiro deve-
mos conhecer a evolução da densidade phantom. De acordo com as equações de
Friedmann para o campo phantom, obtemos [68]
1/2
−1/2 3(1 + w) 8π
= (ρ0ph )− /2 +
1
(ρph ) t (2.68)
2 3
6
m
max
mi & m c
mmax
c
mc
mi ' p
mc h
mt
-t
tph → tBR
• Matéria escura fria, um fluido sem pressão cuja densidade denotamos por
ρDM , e cuja equação de estado, dada por (2.1), fornece wDM = 0;
• Energia escura com densidade constante ao longo do tempo, ou constante
cosmológica, cuja densidade denotamos por ρΛ , e cuja equação de estado
(2.1), para satisfazer ρ̇Λ = 0 em (2.47), fornece wΛ = −1.
dm
ρ̇ = 4πAm2 (ρ + p) . (2.74)
dρ
Após substituirmos o termo (ρ + p) de (2.47) em (2.74), encontramos
dm 4πAm2 ρ̇
ρ̇ = − (2.75)
dρ 3H
e inserindo esse resultado em (2.75) encontramos a integral
Z Z
dm 4πA dρ
=− 1/2 1/2 (2.76)
m2 3 8π ρ
3
cuja solução é
1/2
1 8π
− =− ρ /2 +C.
1
(2.77)
m 3
Para encontrar a constante de integração, ajustamos o valor inicial da massa
do buraco negro mi no instante em que a densidade inicial do fluido é ρi
1/2
8π 1/2 1
C= Aρi − . (2.78)
3 mi
Inserindo o valor da constante em (2.77) obtemos a massa do buraco negro
como função da densidade do fundo [76;77]
mi
m(ρ) = q . (2.79)
1/2
3 A ρ − ρi
8π 2 1/2
1 + mi
40 Acreção quase-estacionária de fluidos perfeitos
Podemos inverter (2.79) para obter o valor da massa inicial de um buraco negro
em função de sua massa atual m0 , supondo que é conhecido o valor da densidade
inicial do fluido acretado
m0
mi = q 1 . (2.80)
/2 1/2
1 − m0 3 A ρ0 − ρi
8π 2
mi
mDM (t) = q t (2.82)
1 + mi 3 A ρ
8π 2 i
DM t
i
−1
ΩΛ 1
ρDM = ρiDM √ (2.83)
ΩDM sinh2 2 H0 ΩΛt
3
mi
mtot (t) = ( 1/2 ) .
q 1/2
8π 2
1 + mi 3G A ρΛ + ρDM − ρΛ + ρiDM ΩΩDM
i Λ 1 √
ΩΛ t )
sinh2 ( 32 H0
(2.84)
A figura 2.4 mostra a evolução da massa de um buraco negro nos cenários
discutidos acima.
mtot (t)
5 mDM (t)
mΛ (t)
4
m
mi 3
1 2 3 4
t/t
i
Figura 2.4: Evolução de um buraco negro de massa inicial mi = 10−3 m nos três
cenários discutidos na seção 2.6. Observe que a variação de massa eventualmente
é interrompida no caso mtot (t) quando a energia escura passa a dominar.
Γ
pc = − . (2.85)
ραc
Nesta análise utilizamos uma versão simplificada do modelo (2.85), que re-
duz para um o número de parâmetros livres, de forma a evitar a degenerescência
durante a comparação com as observações cosmológicas.
Para analisar o comportamento do gás de Chaplygin generalizado, seguimos a
parametrização usada por Lima et al. [80]
α
ρ0c
pc = −αρ0c . (2.86)
ρc
Inserimos essa equação de estado em (2.47) e (2.49) para obtermos a evolução
do gás
8πG 2
ȧ2 = ρa (2.87)
3
3ȧ
ρ̇ = − (ρ + p) (2.88)
a
A equação (2.87) pode ser resolvida analiticamente para uma equação de es-
tado da forma (2.85), e o resultado é
1
B α+1
ρc = Γ + (2.89)
a3(α+1)
que está de acordo com o resultado apresentado por Gong [83] . B é uma constante
3(α+1)
de integração que depende das condições iniciais: B = ρα+1
c0 − Γ a0 .
A equação (2.89) possui uma assíntota para valores grandes de a, que são
atingidos durante a era da energia escura
1
lim ρ = Γ α+1 (2.90)
a→∞
∆ ' 10−4 1 + 6∆
m 1 + 1.1∆
M 1
1−∆
1 − 3∆
1 − 6.2∆
deve desaparecer, uma vez que a constante cosmológica não produz alterações na
massa.
Inserindo a densidade de energia (2.89) em (2.74), chegamos a um regime
de acreção variável. A equação diferencial resultante pode ser resolvida nume-
ricamente. Utilizamos o método de Runge–Kutta de quarta ordem para obter a
solução da massa em função do tempo.
A figura 2.5 mostra as possíveis trajetórias de evolução da massa do buraco
negro a partir de hoje, em que usamos como parâmetros os dados medidos pelo
WMAP [84] , calculados através de um modelo XCDM, que não faz suposições
sobre a constância da equação de estado da energia escura. Também colocamos
no gráfico as trajetórias permitidas pelas incertezas nos dados medidos.
Na figura 2.5, um buraco negro com massa inicial m0 = M = 1.12×1057 GeV
acretando o gás de Chaplygin atinge uma massa m1 antes de a sua variação na
massa parar, o que é um reflexo de o fluido se aproximar do limite (2.90). Os
resultados numéricos preveem uma variação na massa de ∆m = m1 − m0 = −1 ×
10−4 m0 devida à acreção de um fluido com a densidade média extraída dos dados
do WMAP-5.
Podemos ver pelos valores da simulação que as incertezas permitem que o
processo de acreção tanto aumente quanto diminua a massa do buraco negro. Essa
variedade de comportamentos é consequência de que a energia phantom ainda
44 Acreção quase-estacionária de fluidos perfeitos
não pode ser totalmente descartada dos modelos cosmológicos pelas observações.
O resultado também é consistente com as demais análises feitas ao longo deste
capítulo.
Também podemos ver pelos dados da simulação que a variação na massa do
buraco negro é extremamente baixa, considerando a evolução a partir da época
atual. No entanto, a solução da variação da massa para tempos anteriores sofre
dos mesmos problemas que a solução no modelo ΛCDM, produzindo acreções
muito violentas e buracos negros que envolveriam todo o Universo muito rapida-
mente. Devemos, portanto admitir que a análise feita até aqui somente se aplica
a variações baixas na massa e fluidos muito rarefeitos. Uma análise do problema
quando abandonamos essas suposições será feita no capítulo 5.
Capítulo 3
Termodinâmica da evolução de
buracos negros
dU = T dS − pdV. (3.2)
Em particular, associamos a entropia S à quantidade proporcional à área A/4 do
horizonte de eventos e a temperatura T à gravidade superficial κ/2π, como já ha-
víamos visto na lei 0.
∆A ≥ 0. (3.3)
– Milton Friedman
Como vimos nas seções 1.3.4 e 2.5, efeitos quânticos e tipos extremos de
energia escura violam as condições em que a lei 2 pode ser aplicada. Em particu-
lar, a radiação, quando tratada quanticamente, não satisfaz a condição de energia
nula [91] que é necessária na sua demonstração, enquanto a energia phantom vi-
ola todas as condições de energia. Além disso, a segunda lei da Termodinâmica
clássica é violada na presença de buracos negros: quando alguma matéria cai no
buraco negro, toda a informação sobre a sua entropia desaparece na singularidade
central sem um mecanismo que aumente a entropia ordinária, o que diminuiria a
entropia total.
Por outro lado, a emissão de radiação por buracos negros é um processo tér-
mico, e a evaporação é um mecanismo que aumenta a entropia do espaço ao redor
devido à criação de partículas [12] . Da mesma forma, quando matéria cai no buraco
negro, há necessariamente um aumento na entropia do buraco negro.
Podemos assim definir a entropia generalizada, como sendo a soma da entro-
pia do buraco negro SBH = A/4 com a entropia do material Sm no seu exterior.
ρrad = σT 4 . (3.8)
2A constante de Stefan–Boltzmann σ não pode ser determinada somente pela Termodinâmica.
3.2 Dedução termodinâmica da função de massa crítica 49
4σ 3
srad = T . (3.9)
3
Podemos escrever a variação da entropia (3.9) em termos da energia (3.8)
calculando δsrad e δρrad pela regra da cadeia
3 srad
δsrad = δρrad . (3.10)
4 ρrad
A hipótese de equilíbrio nos permite escrever a variação na entropia total de (3.10)
como a variação na densidade de entropia multiplicada pelo volume comóvel V =
a3 .
Em termos da temperatura, a variação da entropia é, portanto
δρrad
δSrad = a3 . (3.11)
T
Por outro lado, a entropia do buraco negro é dada pela lei 2, que no caso de
um buraco negro de Schwarzschild vale
A
SBH = = 4πm2 (3.12)
4
2SBH
δSBH = δm. (3.13)
m
Pela lei 2a, a variação global da entropia deve satisfazer a desigualdade (3.4),
o que no caso do banho de radiação é
1 1
mc = . (3.16)
8π T
Inserindo a dependência da temperatura com o tempo cosmológico, através de
(1.46) e (3.8), obtemos o valor da massa crítica em função do tempo
1 1/2
mc ∝ t (3.17)
8π
que depende apenas da densidade do banho de radiação ao longo da era da radia-
ção e de constantes fundamentais.
Para que a segunda lei generalizada seja satisfeita, portanto, é necessária uma
transição entre um regime de acreção de radiação e um regime de evaporação.
Para um buraco negro de massa m > mc a equação (3.15) exige δm > 0, ou seja,
um regime de acreção. Se tivermos m < mc , devemos ter necessariamente δm < 0,
ou seja, um regime de evaporação.
Observe que esse resultado é consistente com a expressão (1.48) para a massa
crítica, tendo sido obtido de maneira completamente independente das considera-
ções das seções 1.3.3 e 1.3.4.
Se levarmos em conta a evolução na massa do buraco negro por acreção de
partículas que descrevemos na seção 1.3.5, concluímos que alguns buracos negros
devem obrigatoriamente atingir o valor da massa crítica, se estiverem dentro do
intervalo de massas varrido por mc na era da radiação, como é ilustrado na figura
2.3.
∂S V dρ
= (3.19)
∂T T dT
∂S 1+w
= ρ. (3.20)
∂V T
Usando a condição de integrabilidade para a entropia, que é uma função de
estado, e portanto dS é um diferencial exato [98] , chegamos a
dρ (1 + w) ρ
= . (3.21)
dT w T
Em uma cosmologia phantom, como ρ + p < 0, a relação de Euler T s = p +
ρ permite duas alternativas: ou a entropia é negativa e a temperatura positiva,
ou a entropia é positiva e o fluido tem uma temperatura negativa. A entropia é
definida em vários contextos como uma quantidade positiva, como por exemplo
a entropia de Boltzmann da Mecânica Estatística, que é o logaritmo do número
de estados acessíveis ao sistema [99] e corresponde à entropia de von Neumann
em sistemas quânticos, e a entropia de Shannon da teoria da informação, definida
pela incerteza associada a uma variável aleatória. Além disso, um fluido phantom
com entropia negativa em interação com um buraco negro viola expressamente
a segunda lei generalizada [100] . Assim, escolhemos a descrição que atribui uma
entropia positiva ao fluido phantom.
Supondo então uma temperatura negativa para o fluido, sua entropia pode ser
expressa como [97]
1
ρ 1+w
Sph = κ V (3.22)
ρ0
em que κ é uma constante de integração positiva arbitrária.
Supondo válida uma relação análoga a (3.11) para o fluido phantom, a vari-
ação da entropia pode ser escrita da mesma forma que a variação na entropia da
radiação
52 Termodinâmica da evolução de buracos negros
− w
κ ρ 1+w
δSph = V δρph . (3.23)
1+w ρ0
Utilizando a equação (3.12) para a entropia do buraco negro, e desprezando
outros efeitos, como os discutidos no final da seção 3.1.1, chegamos a uma ex-
pressão para a variação da entropia total S̃
− w
κ ρ 1+w
δS̃ = 8πmδm + V δρph ≥ 0. (3.24)
1+w ρ0
Relacionamos δm e δρph através da equação (2.40), supondo a conservação da
energia total contida no volume comóvel V . Por falta de uma expressão comple-
tamente covariante para a variação de energia-momento do fluido no meio devida
à acreção, utilizamos uma expressão que leva em conta apenas a parte cinética do
campo escalar [97]
1
δm = − (1 + w)δρphV. (3.25)
2
Essa aproximação pode ser justificada pelo princípio da equivalência, supondo
que suficientemente longe do buraco negro a acreção deva ter um comportamento
equivalente à acreção de Bondi.
A negatividade da variação da energia phantom é, portanto, uma consequência
do fato de o termo cinético em (2.2) ser negativo. Inserindo a equação (3.25)
em (3.24), escrevemos a variação total na entropia generalizada S̃ em função da
variação na massa m do buraco negro
" − w #
κ ρ 1+w
δS̃ = 4πm − δm ≥ 0. (3.26)
(1 + w)2 ρ0
ph
que mc podem acretar energia phantom. O comportamento da densidade da ener-
gia phantom, dado por (2.53), indica que a densidade do fluido aumenta dom o
ph
tempo, e, portanto o valor de mc sempre diminui.
Note-se que nesta argumentação usamos uma temperatura negativa para a
energia phantom. Esse conceito, embora incomum em Física, possui um signi-
ficado preciso na Termodinâmica. A temperatura, definida em termos da função
de estado, é dada por [98]
∂U
T= . (3.28)
∂S V
Pode ser observado em alguns sistemas quânticos [101] que a energia interna
decresce com um aumento na entropia. Tais sistemas possuiriam, portanto, uma
temperatura negativa. Podemos concluir, por (3.28), que a temperatura negativa é
uma consequência do fato de que a entropia não é uma função monotonicamente
crescente da energia. Esse fato é observado na equação (3.22), em que podemos
constatar que
− w
∂Sph ρph
1+w
1
= ∝ < 0. (3.29)
Tph ∂ρph 1+w
Para um sistema exibir temperatura negativa, é necessário que exista um limite
∂S
superior finito para a energia. De outra forma, se a fronteira ∂U = 0 (que corres-
ponde a temperatura infinita) ocorrer em um sistema sem um limite superior para a
energia, a temperatura negativa significaria energia infinita. Pelo mesmo motivo,
temperatura negativa corresponde a energia mais alta que temperatura positiva.
Quando um sistema a temperatura negativa entrar em contato com um sistema a
temperatura positiva, a energia flui da configuração com temperatura negativa à
configuração com temperatura positiva, ou seja, temperaturas negativas são mais
quentes que temperaturas positivas [102] .
N µ;µ = 0 (3.30)
Sµ;µ = 0. (3.31)
ȧ a 3
0
ṅ + 3n = 0 ⇒ n = n0 (3.32)
a a
ȧ a 3
0
ṡ + 3s = 0 ⇒ s = s0 . (3.33)
a a
A segunda lei da Termodinâmica para um fluido relativístico dá a variação na
densidade de entropia como [105]
ρ
1 1 ρ+ p
T ds = d + pd = dρ − dn . (3.34)
n n n n
Como ds deve ser um diferencial exato, a equação (3.34) leva à identidade
termodinâmica
∂p ∂ρ
T = ρ+ p−n . (3.35)
∂T n ∂n T
Combinando (3.35) com as equações de conservação (3.32) e (3.33), podemos
mostrar que a temperatura satisfaz, para w 6= 0,
Ṫ ∂p
ṅ ȧ
= = −3w (3.36)
T ∂ρ
nn a
−3w
a
T = T0 . (3.37)
a0
T s = p + ρ − µn. (3.39)
Combinando agora (3.39) com (3.32), (3.33) e (3.37), chegamos a uma ex-
pressão para o potencial químico µ
−3w
a T
µ = µ0 = µ0 (3.40)
a0 T0
1
µ0 = [(1 + w)ρ0 − T0 s0 ] . (3.41)
n0
Podemos ver por (3.41) que µ é negativo para a energia phantom, e por (3.40)
que o valor absoluto de µ aumenta com o tempo, uma vez que a temperatura
da energia phantom é crescente, como pode ser visto ao considerarmos (3.38) e
(2.50). Em particular, podemos escrever a dependência do valor mínimo do po-
tencial químico em função da equação de estado para que a entropia se mantenha
positiva
µ0 n0
w ≥ −1 + . (3.42)
ρ0
Finalmente podemos definir a entropia do fluido phantom no volume comóvel
V utilizando (3.33), escrevendo a/a0 em função de T através de (3.37) e escrevendo
s0 através de (3.41). O resultado é
1
(1 + w)ρ0 − µ0 n0 T w
S= V. (3.43)
T0 T0
Assim, a entropia generalizada de um sistema que consiste em um buraco
negro de Schwarzschild e o fluido phantom é dada por [104]
1
2 (1 + w)ρ0 − µ0 n0 ρ 1+w
S̃ = 4πm + V. (3.44)
T0 ρ0
Devido ao processo de acreção, em um dado intervalo de tempo a massa do
buraco negro varia de δm e a energia do fluido phantom varia de δρ. Portanto, a
variação total de entropia é da forma
− w
1 (1 + w)ρ0 − µ0 n0 ρ 1+w
δS̃ = 8πm∆m + V δρ . (3.45)
(1 + w) T0 ρ0 ρ0
56 Termodinâmica da evolução de buracos negros
( − w )
1 (1 + w)ρ0 − µ0 n0 ρ 1+w
δS̃ = 4πm − δm . (3.46)
(1 + w)2 T0 ρ0 ρ0
Evaporação de Hawking e o
princípio de incerteza generalizado
Supondo que as partículas emitidas sejam fótons com energia dada por ∆p,
então, com o fator de calibração 2π, e escolhendo o sinal negativo na expressão
(4.4) para recuperarmos a temperatura dada por (1.35) para m mP , em que
mP = 1 é a massa de Planck, a temperatura de Hawking estimada pelo GUP é
s
m m 2
TGUP = 1 − 1 − P2 . (4.5)
2π m
ser escrita como uma função da sua massa e temperatura TBH , através da integral
da equação (3.1)
Z
SBH = TBH dm. (4.6)
Inserindo a temperatura (4.5) em (4.6), temos a entropia de um buraco negro
com temperatura dada pelo GUP, normalizada para que seja igual a zero quando
m = mP [107]
s q
m2 m2P m2P m+ m2 − m2P
SGUP = 2π 1 − + 1− − log . (4.7)
m2P m2 m2 mP
Assim, um buraco negro sob essas condições evaporaria até atingir a massa de
Planck, tornando-se em seguida um remanescente inerte, capaz apenas de intera-
ções gravitacionais. Tais remanescentes podem ter existido desde muito cedo na
história do universo, e são candidatos a constituintes da matéria escura na forma
de WIMPs [107] . Os limites mínimos de abundância de remanescentes podem tam-
bém servir para ajustar alguns modelos inflacionários, se supusermos que esses
objetos sejam a fonte principal de matéria escura [109] .
2m Λ 2 2m Λ 2 −1 2
ds = 1 −
2
− r dt − 1 −
2
− r dr − r2 dΩ2 . (4.9)
r 3 r 3
4.4 Efeito do GUP estendido sobre a radiação de Hawking 61
h
A métrica (4.9) possui um horizonte de eventos interno rSdS e um horizonte
c
cosmológico externo rSdS , nas coordenadas [110]
1 π+ξ
h
rSdS ≡ rSdS = m √ cos (4.10)
3y 3
1 π−ξ
c
rSdS = m √ cos (4.11)
3y 3
√
com y = Λm2/3 e ξ = arccos 3 3y .
Os dois horizontes colapsam um sobre o outro para o valor crítico ycrit = 1/27,
que corresponde a m = √1 . A solução possui esses dois horizontes para todo m
3 Λ
abaixo desse valor crítico.
∆x2
∆x∆p ≥ 1 + αLP2 ∆p2 + β 2
. (4.12)
LΛ
Podemos interpretar esse termo adicional como o estabelecimento de um valor
mínimo para o momento de qualquer partícula no universo, como consequência da
expansão, da mesma forma que o GUP (4.2) significa a existência de uma escala
de comprimento mínima.
Nesta seção, discutimos a influência que esse termo adicional tem sobre a eva-
poração de Hawking, e investigamos se esse termo modifica o comportamento da
entropia e da temperatura de Hawking para buracos negros primordiais de massa
pequena. Supomos que cada buraco negro se forme instantaneamente, já mer-
gulhado no espaço de de Sitter, e comece a evaporar imediatamente. Também
consideramos apenas buracos negros de raios menores que rSdS c , o que é consis-
tente com o fato de que, em qualquer época, buracos negros primordiais só podem
se formar com raios menores que o do horizonte3 .
3 Ver seção 1.2.
62 Evaporação de Hawking e o princípio de incerteza generalizado
∆x2
∆x∆p ≈ 1 + αLP ∆p + β 2 .
2 2
(4.13)
LΛ
Resolvendo para ∆p, temos
r
∆x ± ∆x2 − 4αLP2 1 + β ∆x
2
L2 Λ
∆p = (4.14)
2αLP2
que, fazendo ∆x = rSdS , resulta em
" s #
2
rSdS 4αLP2 rSdS
∆p = 1± 1− 2 1+β 2 . (4.15)
2αLP2 rSdS LΛ
De acordo com a identificação proposta na seção 4.1, a temperatura de Hawk-
ing é
∆p
TH = . (4.16)
2π
Uma análise do domínio da função ∆p em (4.15) implica o fato de que a tem-
peratura de Hawking só é definida para um buraco negro cujo raio gravitacional
satisfaça
1
r≥ r . (4.17)
β
1
4αLP2
− 2
LΛ
O GUP convencional (4.4) pode ser obtido fazendo β = 0, e uma vez que o
fator LΛ é de ordem 10−123 em unidades de Planck [53;113] , a diferença entre o
GUP estendido e o convencional é muito pequena, mesmo para raios grandes.
Como a figura 4.1 mostra, em que foi utilizada uma constante cosmológica
muito exagerada por clareza (∼ 10−1 ), há um desvio horizontal muito pequeno
na incerteza no momento devido ao fator β/LΛ2 da equação(4.17). Para raios mai-
ores, a diferença aumenta entre as soluções de vácuo e preenchidas por constante
cosmológica.
Reescrevendo (4.10) explicitamente em termos da massa do buraco negro de
Schwarzschild–de Sitter, obtemos
4.4 Efeito do GUP estendido sobre a radiação de Hawking 63
1
∆pGUP
∆pXGUP
0.8
0.6
∆p
0.4
0.2
0
0 5 10 15 20
rG
h √ i
π 1 3Λm2 G3
Gm cos 3 + 3 arccos c6
h
rSdS = q . (4.18)
c2 ΛGm2
c6
m π+ξ
µ ≡ √ cos (4.19)
2 3y 3
de maneira que, para quaisquer valores de m e Λ dentro dos limites y < ycrit , vale
h q i
4π µ − m2 ln 2 ζ + µ ζ2 µ2 − m2
p p
SXGUP = µ2 − (4.22)
αLP m p ζ
r
L2
em que ζ = 1 + 4β L2P . Uma comparação entre a entropia convencional calcu-
Λ
lada pela lei 1 (3.1), a entropia modificada pelo GUP e a entropia modificada
novamente pela equação (4.22) é mostrada no gráfico da figura 4.2.
300 30
20
200 10
S 0
0.5 1 1.5
100
SB
SGUP
SXGUP
0
0 1 2 3 4 5
m
(µ)
Figura 4.2: Comparação entre a entropia convencional do buraco negro SBH , a
entropia calculada pelo GUP SGUP , ambas como funções de m, e a entropia pelo
GUP estendido SXGUP como função do parâmetro de massa µ
102 ṁGUP/ṁH
µ̇XGUP/ṁH
101
100
10−1
10−2 m
mPl µmax
(µ)
Figura 4.3: Razão entre a evaporação de Hawking pelo GUP modificado µ̇XGUP
(4.23) com α = β = 1 e a evaporação de Hawking convencional ṁH (1.40), compa-
rada com a mesma razão para a evaporação pelo GUP ṁGUP (4.8). As semelhanças
entre os dois regimes apenas se mantêm para massas pequenas.
mH (t)
10 mGUP (t)
µXGUP (t)
8
m 6
(µ) 3
4 2
1
2
0
0 15 × 106 16 × 106
0 × 100 5 × 106 10 × 106 15 × 106 20 × 106
t
Figura 4.4: Evolução de buracos negros no cenário de Hawking (mH ), no cenário
do GUP (mGUP ) e no cenário do GUP estendido (µXGUP )
4.4 Efeito do GUP estendido sobre a radiação de Hawking 67
A análise da interação dos buracos negros com o meio feita até aqui, apesar
de todas as correções por efeitos relativísticos, ou mesmo das deduções mais rigo-
rosas, está invariavelmente sujeita a uma forte aproximação: a suposição de que
o fluido acretado seja um fluido teste, ou seja, que não contribua para o campo
gravitacional. O único responsável pelo campo gravitacional é o objeto central
em todas as abordagens que utilizamos.
Esse tipo de aproximação é frequentemente útil e, na maioria dos casos for-
nece uma descrição suficientemente precisa para os problemas em que é aplicado.
Porém, há indícios de que uma aproximação de fluido teste possa levar a resulta-
dos imprecisos, ou que necessitariam de outros fatores externos para reproduzirem
as observações1 .
Neste capítulo, buscamos escrever uma equação para a massa de um buraco
negro em um cenário de acreção com a chamada back-reaction, ou seja, um buraco
negro sujeito à acreção de um fluido autogravitante, que participa da geração do
campo gravitacional e cujas mudanças na densidade e pressão introduzidas pelo
buraco negro alteram de volta a métrica ao redor. Em particular, buscamos uma
generalização dos resultados apresentados no capítulo 2 para a dependência da
massa do buraco negro central com o tempo, em termos da densidade e da pressão
do fluido, de acordo com os modelos de energia escura que estudamos.
T µν = (ρ + p) uµ uν − pgµν . (2.28)
uµ = u0 , u1 , 0, 0 . (5.1)
• Exigimos que a métrica possua um objeto central que possa ser interpre-
tado como um buraco negro, pela presença de uma singularidade na origem
de coordenadas e um horizonte de eventos que separe o espaço-tempo em
regiões desconectadas causalmente.
Para buscar soluções para esse problema, utilizamos algumas métricas de bu-
raco negro que possuem parâmetros livres como Ansätze. Através de alterações
nos parâmetros das soluções, buscamos um conjunto de equações de Einstein
autoconsistentes, que nos permitam isolar um termo proporcional à variação da
massa central ṁ.
A forma específica das equações de Einstein neste problema é
2m(ν)
ds = 1 −
2
dν2 − 2dνdr − r2 dΩ2 . (5.5)
r
em que m(ν) é uma função arbitrária do tempo avançado.
O tensor de Einstein para essa métrica é identicamente nulo, exceto pela com-
ponente
2 ∂m(ν)
G00 = − . (5.6)
r2 ∂ν
O tensor de energia-momento utilizado para a solução corresponde a um campo
eletromagnético sem fontes [120]
T µν = ρkµ kν (5.7)
em que kµ é um vetor nulo, ou seja,
kµ kµ = 0 (5.8)
o que corresponde à quadrivelocidade da radiação que é emitida pelo objeto cen-
tral na direção radial.
2 Essas coordenadas com essa combinação de sinais são também chamadas de ingoing.
72 Acreção não estática e back-reaction
É possível encontrar soluções analíticas para uma região esférica finita de ma-
téria em colapso na direção do objeto central, com a condição de contorno de
vácuo, através de modificações do elemento de linha (5.5) [122] . No nosso caso,
buscamos soluções de aplicação cosmológica, em que o fluido esteja presente em
toda parte.
Podemos observar pelo tensor de Einstein (5.6) e pelo tensor de energia-
-momento (5.7) que um fluido com pressão não é consistente com a solução (5.5).
A seguir, analisamos variações conhecidas da solução de Vaidya e a sua aplicabi-
lidade ao problema.
h(ν)
G00 = G11 = − (5.10)
r4
h(ν)
G22 = G33 = 4 (5.11)
r
2 1
G01 = 2 ṁ − 3 ḣ. (5.12)
r r
As demais componentes são zero.
Supomos o espaço ao redor preenchido por um fluido perfeito. Escrevemos o
tensor de energia-momento (2.28) de um tal fluido na forma mista
Tµ ν = ρ (1 + w)uµ uν − wδνµ . (5.13)
5.3 Condições de contorno cosmológicas 73
h 2m h
G00 = − 4 = 8πρ (1 + w) 1 − + 2 (u ) − u u − w
0 2 0 1
(5.14)
r r r
2 1 2m h
G0 = 2 ṁ − 3 ḣ = 8πρ(1 + w) 1 −
1
+ 2 u u − (u )
0 1 1 2
(5.15)
r r r r
G10 = 0 = −8π(1 + w)(u0 )2 (5.16)
h
G11 = − 4 = −8πρ (1 + w)u0 u1 + w (5.17)
r
h
G22 = 4 = −8πρw. (5.18)
r
As equações (5.16), (5.17) e (5.18) revelam uma inconsistência na hipótese
de fluido perfeito, pois exigiriam simultaneamente u0 = 0 e u0 u1 = − 1+w
2w
. Isso
significa que a métrica (5.9) não é um Ansatz adequado à análise da acreção de
um fluido perfeito.
2m(ν) h(ν)
ds = 1 −
2
+ 2 − α(ν)r dν2 − 2dνdr − r2 dΩ2 .
2
(5.25)
r r
O tensor de Einstein tem as seguintes componentes
h
− r4 − 3α
µ = ν = 0, 1
h − 3α µ = ν = 2, 3
Gµν = r24 (5.26)
2 ṁ − r 3 ḣ + r α̇
1
µ = 0, ν = 1
r
0 de outra forma.
Na presença de um fluido com tensor de energia-momento (5.13), as equações
de Einstein são
h
G00 = − − 3α =
r4 (5.27)
2m h
= 8πρ (1 + w) 1 − + 2 − αr (u ) − u u − w
2 0 2 0 1
r r
2 1
G01 = 2 ṁ − 3 ḣ + rα̇ =
r r (5.28)
2m h
= 8πρ(1 + w) 1 − + 2 − αr u u − (u )
2 0 1 1 2
r r
G10 = 0 = −8πρ(1 + w)(u0 )2 (5.29)
h
G11 = − 4 − 3α = −8πρ (1 + w)u0 u1 + w (5.30)
r
h
G22 = G33 = 4 − 3α = −8πρw. (5.31)
r
Novamente as equações impedem qualquer solução diferente da assintotica-
mente de Sitter: a equação (5.29) força w = −1, e somando-se as equações (5.30)
e (5.31) encontramos o mesmo valor de α fixo da métrica de Vaidya–de Sitter
α ≡ Λ/3.
Concluímos portanto que nenhuma solução esfericamente simétrica conhecida
que descreva um fluxo radial de um fluido nulo na direção de um buraco negro,
seja em um espaço-tempo assintoticamente plano ou em um espaço-tempo assin-
toticamente de Sitter é adequada para a formulação do problema com as condições
que estabelecemos no início da seção 5.1. Na próxima seção, nos concentramos
em uma métrica mais geral para tratar o problema.
76 Acreção não estática e back-reaction
2
1− mH 4
2a(t)r mH
2 dt − a (t) 1 +
2 2 2
ds = dr2 + dΩ2 (5.35)
mH 2a(t)r
1+ 2a(t)r
m(t) 2
1 − 2a(t)r m(t) 4
2 dt − a (t) 1 +
2 2 2
ds = dr2 + dΩ2 . (5.36)
m(t) 2a(t)r
1 + 2a(t)r
Para essa métrica, os termos não nulos do tensor de Einstein misto são
3 m ṁ 2
G00 =− 2 ȧ 1 − + (5.37)
a2 1 − 2ar
m 2ar r
4 ṁ
G01 = 3 2 5 (5.38)
a r 1+ m
1 − 2ar
m
2ar
G11 = G22 = G33 =
1 m m̈
=− 2 2a 1 + rä + m +
a r 1 − 2ar
m 2ar 1 − 2ar (5.39)
" # )
m 2m 2 m 1 − m
− 2
+ r 1− − ȧ + 2 2 − 2ar
2 ȧṁ .
2ar a 2ar 1 − m 2ar
1 − 2ar
m
k1 = ± k0 (5.42)
m 3
a 1+
r
2ar
1 m 2 m 2
u1 = ± 3 (u0 )2 1 − − 1+ . (5.43)
m
a 1 + 2ar 2ar 2ar
m 3 2 2 h m 0 2
ṁ = −4π 1 − a r (ρ1 + p1 ) 1 − (k ) +
2ar 2ar #
r 2 2
m m
+ρ2 u0 (u0 )2 1 − − 1+ . (5.44)
2ar 2ar
m 2 2h 2
ṁ = −4π 1 − a r (ρ1 + p1 ) k0 +
2ar v
u 2
u 4 (ρ1 + p1 )
2 m
1 + 2ar (ρ1 + p1 )
ρ2 t(k0 ) − (k 0 )2 . (5.45)
ρ22 1− m
2 ρ2
2ar
4 h
1 − 2ar
m 2
ṁ = −A m (ρ1 + p1 ) k0 +
1 + 2ar
v
u
u 4 (ρ1 + p1 )
2 m 2
1 + 2ar 2 (ρ1 + p1 )
ρ2 t(k0 ) − 2 (k0 ) . (5.48)
ρ2
2
1 − 2ar
m ρ2
3 h
1 − 2ar
m
0 2
ṁB = −A (ρ 1 + p 1 ) k +
m 5
a 1 + 2ar
v
u
u 4 (ρ1 + p1 )
2 m 2
1 + 2ar 2 (ρ1 + p1 )
ρ2 t(k0 ) − 2 (k0 ) . (5.49)
ρ2
2
1 − 2ar
m ρ2
1 m m̈
8πp1 = 2 2a 1 + rä + m +
a r 1 − 2ar
m 2ar 1 − 2ar
" # )
m 2m 2 m 1 − 2ar
m
−2
+ r 1− − ȧ + 2 2 − 2 ȧṁ . (5.50)
2ar a 2ar 1 − m 2ar
1
lim u0 = ± lim √ =1 (sinal positivo aponta para o futuro) (5.54)
r→∞ r→∞ g00
k0 1
lim k1 = ± = (se tomarmos k0 = 1). (5.55)
r→∞ a a
Assim, no limite temos
2
ȧ
−3 = 8π [(ρ1 + p1 ) − p1 + ρ2 ] . (5.56)
a
Temos portanto um sistema geral em que a massa do buraco negro varia se-
gundo (5.45) sob as condições de contorno (5.52) e (5.56). Podemos analisar
alguns casos limite desse sistema, para situações em que uma das duas compo-
nentes de matéria domina o meio na equação (5.45).
5.4 A métrica de McVittie 81
Conclusões
“Don’t panic.”
– Douglas Adams, The Hitchhiker’s Guide to the Galaxy
buracos negros se comportam como se não houvesse energia escura. Nas épo-
cas posteriores, a acreção phantom domina até a transição para a dominação da
evaporação de Hawking. Esses resultados foram publicados [73] e apresentados
em congressos internacionais [132;133;134;135] . A evolução cosmológica do fluido
de fundo também pode ser inserida nas equações, o que acopla a evolução do
buraco negro à cosmologia. Conseguimos resultados analíticos novos no modelo
ΛCDM [75] e numéricos no modelo de um gás de Chaplygin [82] .
Prosseguimos com a análise do ponto de vista termodinâmico no capítulo 3,
em que, após brevemente recordarmos as leis da Termodinâmica de buracos ne-
gros e a sua procedência, estabelecemos regiões de validade para os resultados do
capítulo 2. Mostramos que podemos, usando apenas argumentos termodinâmi-
cos, recuperar a massa crítica de acreção de radiação e escrever fronteiras simi-
lares para a acreção de energia escura. Descobrimos a propriedade nova [104] de
que, para massas maiores que a massa crítica, a acreção é proibida pela segunda
lei generalizada, tanto no caso de temperatura negativa quanto para um potencial
químico negativo.
No capítulo 4, mudamos o ponto de vista da descrição física, utilizando mode-
los quânticos para obter as propriedades termodinâmicas dos buracos negros cujas
massas são muito pequenas para que a evaporação de Hawking como é descrita no
capítulo 1 valha. Inserindo termos de origem relativística na relação de incerteza,
podemos obter heuristicamente a evaporação de Hawking modificada para levar
em conta os efeitos quânticos da gravitação em uma primeira aproximação. Con-
cluímos que a presença da constante cosmológica afeta o regime de evaporação,
não só para buracos negros com massa próxima à massa de Planck, quanto tam-
bém para buracos negros grandes, de raio comparável ao raio do horizonte. Essa
primeira abordagem para os efeitos locais da cosmologia sobre um buraco negro
rendeu os resultados novos descritos na seção 4.4 [136] .
Por fim, no capítulo 5, apresentamos uma análise preliminar da acreção de
fluidos perfeitos com back-reaction, ou retroação [137] , em que os efeitos da au-
togravitação do fluido são levados em conta para o cálculo da variação na massa
do buraco negro. Através de uma análise exaustiva da métrica de Vaidya e suas
variantes, não encontramos um meio de descrever um buraco negro em meio a
uma solução cosmológica geral usando-as como Ansätze. Pela análise de uma ge-
neralização da métrica de McVittie proposta por Faraoni et al. [52] , escrevemos as
equações que regem a acreção de dois fluidos perfeitos autogravitantes apenas a
partir das equações de campo.
Muitos aspectos das análises mostradas neste trabalho ainda merecem ser ex-
plorados mais a fundo. O estudo termodinâmico no final da seção 3.3.2, compa-
rado ao tratamento feito na seção 3.3.1 mostra que a Termodinâmica no contexto
da Relatividade Geral não fornece uma única descrição possível para o fluido
phantom. Como consequência, as propriedades termodinâmicas da matéria e
85
energia escuras ainda não são bem compreendidas, e não há uma formulação to-
talmente covariante para a variação de energia-momento da energia escura para
substituir a expressão (3.25), que resulta de um tratamento clássico.
A estrutura e a autoconsistência das equações de acreção na seção 5.4.1 ainda
não foram totalmente determinadas, o que pode significar a restrição a alguns
modelos de fluido ou a necessidade de hipóteses adicionais sobre o sistema. O
tratamento feito no final do capítulo 2 apresenta uma primeira aproximação para a
ligação entre a Cosmologia e a acreção local, mas contém os mesmos problemas
da análise ingênua clássica do capítulo 1, como a possibilidade de divergência na
massa do buraco negro em tempo finito. Dessa forma, os resultados da seção 2.6
valem apenas para variações lentas na densidade de fundo e na massa do buraco
negro, assim como o tratamento no restante do capítulo 2.
A descrição completa da evolução de buracos negros depende, portanto, da
existência de soluções para o sistema de equações no final da seção 5.4.1 e de
um tratamento termodinâmico consistente e abrangente. Nos regimes de baixas
massas, que tratamos apenas superficialmente no capítulo 4, só será possível com-
preendermos completamente o problema em posse de uma teoria quântica da gra-
vitação.
– Albert Einstein
Apêndice A
Dedução da métrica de
Schwarzschild–de Sitter
Os elementos não nulos do tensor de Einstein dessa métrica são dados por
eν λ0 r − 1 + eλ
G00 = − (A.4)
r2 eλ
88 Dedução da métrica de Schwarzschild–de Sitter
λ̇
G01 = − (A.5)
r
ν0 r + 1 − e λ
G11 = − (A.6)
r2
1 1 h 0 ν
G22 = ν+λ r 2λ e − 2ν0 eν + 2rλ̈eν − r(ν0 )2 eν +
4e i (A.7)
+ rλ̇2 eλ − 2rν00 eν + rν0 eν λ0 − rν̇λ̇eλ
1 1 n h
G33 = − ν+λ r eλ cos2 θ 2rλ̈ − 2rν00 + rλ̇2 − rν̇λ +
4e
+ eν cos2 θ 2λ0 − 2ν0 − r(ν0 )2 + rν0 λ0 +
(A.8)
+ eν 2ν0 + r(ν0 )2 + 2rν00 − rν0 λ0 − 2λ0 +
io
+ eλ rν̇λ̇ − 2rλ̈ − rλ̇2 .
Pela equação (A.1), constatamos que o elemento G01 de (A.5) é nulo. Assim,
escrevendo as equações em termos do tensor de Einstein, podemos resolver o
sistema apenas pelas equações em G00 (A.4) e G11 (A.6).
eν λ0 − 1 + eλ
= Aeν (A.9)
r 2 eλ
−ν0 r + 1 − eλ
= −Aeλ (A.10)
r2
com A = 8πρ.
Assim, a solução de (A.9) é
1
eλ = (A.11)
1 − r2 A3 + Rr0
com R0 uma constante arbitrária. A solução de (A.10) é
1
eν = . (A.12)
eλ
Inserindo essa solução na métrica (A.2), e fazendo as devidas identificações
com as constantes da solução de Schwarzschild (1.1), obtemos precisamente a
métrica de Schwarzschild–de Sitter (4.9), ou seja, o resultado esperado [2]
2m Λ 2 2m Λ 2 −1 2
ds = 1 −
2
− r dt − 1 −
2
− r dr − r2 dΩ2 . (4.9)
r 3 r 3
Apêndice B
ξα;β ξβ = κξα .
H
(1.11)
1
κ2 = − ξα;β ξα;β .
H
(B.1)
2
Podemos definir a trajetória de Killing ξµ (x) como sendo a curva integrada de
um vetor de Killing sobre um parâmetro afim v
dxµ
= ξµ (x). (B.2)
dv
A equação (1.11) mostra que os parâmetros v e V não coincidem sobre o ho-
rizonte de eventos. Substituindo (B.2) em (1.11) com o parâmetro da trajetória de
Killing v do lado esquerdo e o parâmetro dos geradores do horizonte de Killing
do lado direito, temos
V = eκv . (B.3)
Escolhendo V = 1 para v = 0 e V = 0 para v = −∞ para eliminarmos a ambi-
guidade na escolha do parâmetro afim, a equação (1.11) fica
∂ ∂ ∂
=ξµ = κV . (B.4)
∂x µ ∂v ∂V
Se o horizonte H é geodesicamente completo, ou seja, se puder ser represen-
tado por (B.2) em termos de um parâmetro afim V , com −∞ < V < ∞, então, se
κ 6= 0, para todo valor dos parâmetros existe um ponto em que ξµ = 0. O con-
junto desses pontos forma um superfície tipo espaço3 S, chamada de bifurcação
do horizonte de Killing.
Seja agora sµ o vetor normal a essa superfície. Então, derivando a equação
(B.1) em uma direção tangente a S e usando (1.10), temos
1 1 δ
κsα κ;α = − sγ ξβ;αγ ξβ;α = sγ Rαβγ ξδ ξβ;α = 0. (B.5)
2 2
Assim, como sobre S vale ξµ = 0, se κ 6= 0 então obrigatoriamente κ;α = 0 e o
valor da gravidade superficial não pode mudar de um gerador para outro. Portanto,
κ é globalmente constante sobre o horizonte de eventos H [12] .
A demonstração da lei 0 que utilizamos não faz uso das equações de Einstein,
exceto na identificação do horizonte de eventos com o horizonte de Killing. Se
abandonarmos a condição de que o horizonte H seja geodesicamente completo,
ainda podemos demonstrar que κ é constante sobre H, mas a demonstração requer
que o termo de matéria nas equações de Einstein satisfaça a condição de energia
dominante [86] .
ξµ = t µ + ωϕµ (B.6)
j = dQ + ηαCα (B.9)
d [δQ − η · ϑ] = 0. (B.11)
Como agora a Hamiltoniana está associada a ξµ dado por (B.6), H pode ser
interpretada como a energia conjugada a ξµ , que pode ser escrita como [138]
δH = δm − ωδJ + . . . (B.13)
∆A ≥ 0. (3.3)
Demonstração. Normalizando o vetor de Killing dado por (B.6) pela condição
local ξα;β ξα;β = −2 em H, podemos reescrever a equação (B.14) como
Z
A = 8π Q[ξµ ]. (B.15)
S
Podemos substituir S por uma seção transversal σ de H, sem prejuízo para a
validade de (B.15) [91] .
Consideremos um processo em que o buraco negro evolui a partir de um estado
inicial estacionário através de uma fase não estacionária até um estado final tam-
bém estacionário. Se ξµ coincidir com o campo de Killing (B.6) nos dois estados
estacionários, as equações (B.9) e (B.15) resultam em
Z Z Z
∆A = 8π Q[ξ ] − 8π
µ µ
Q[ξ ] = 8π j[ξµ ] (B.16)
σ1 σ0 H
em que σ0 e σ1 correspondem a seções transversais de H nos estados inicial e
final, respectivamente.
Assim, a variação na área do buraco negro é proporcional ao fluxo total da
corrente de Noether conjugada a ξµ através de H. Em muitas circunstâncias, a
corrente de Noether conjugada a uma translação temporal pode ser interpretada
como a densidade de energia-momento. Ou seja, a lei 2 vale em todas as teorias
que possuem propriedades de positividade de energia. Em particular, na Relativi-
dade Geral, a segunda lei vale se o tensor de energia-momento da matéria presente
no espaço-tempo satisfizer a condição de energia nula Tµν kµ kν ≥ 0 para um vetor
nulo kµ [91] .
Apêndice C
Condições de energia
Tµν uµ uν ≥ 0 (C.2)
para qualquer uµ é conhecida como a condição de energia fraca. Ela garante que
um observador tipo tempo meça sempre uma densidade positiva de energia, e é
satisfeita se e somente se ρ ≥ 0, ρ + pr ≥ 0 e ρ + pt ≥ 0.
Se o tensor de energia-momento for dado por (2.4), então devemos ter ρ + p ≥
0.
Rµν uµ uν ≥ 0 (C.3)
garante que, se não existir constante cosmológica, a gravidade é uma força essen-
cialmente atrativa. Aplicando a equação de Einstein a (C.3), obtemos
Rµν uµ uν = 8π Tµν − gµν T αα uµ uν . (C.4)
Assim, aplicando a desigualdade de (C.3) sobre o lado direito de (C.4), obte-
mos a chamada condição de energia forte
Tµν − gµν T αα uµ uν ≥ 0 (C.5)
que é equivalente a ρ + pr ≥ 0, ρ + pt ≥ 0 e ρ + pr + 2pt ≥ 0.
Se o tensor de energia-momento for dado por (2.4), então devemos ter ρ + p ≥
0 e ρ + 3p ≥ 0.
Note que a condição de energia forte implica a condição de energia nula, mas
não implica a condição de energia fraca. Ela é “forte” no que significa que (C.5)
corresponde a uma exigência física mais forte do que (C.2).
Referências Bibliográficas
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collapsing towards a black hole. In Chakrabarti e Majumdar [140] . 2
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Developments, volume 96 de Fundamental Theories of Physics. Kluwer
Academic Publishers, Dordrecht (1998). 4, 46, 47, 89, 90
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horizonte phantom
cosmológico, 61 energia, vii, 20, 29, 47, 78
de eventos, 3, 61 redshift, 33
área, 15, 26, 79 tempo, 32, 33
futuro, 6 Planck
interior, 25 comprimento de, 59
de Killing, 89–90 massa de, 59
de partículas, 5 princípio da equivalência, 2, 52
Hubble princípio de incerteza, 58
parâmetro de, 22, 31, 33 generalizado, 58–60
K-essência, 22 quadrivetor
Killing nulo, 71
equação de, 3 quartessência, 42
horizonte de, veja horizonte quintessência, 22
trajetória de, 90
vetores de, 3–4, 91 running constant, 15, 34
Noether
carga de, 92
corrente de, 91, 93