Geografia Bíblica
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II – O MUNDO ANTIGO
O mundo antigo, ou mundo bíblico, compreende todos os povos antigos
mencionados na Bíblia que habitavam a área banhada pelo Mediterrâneo
(Grande Mar) e aquelas que ficam entre este, o Mar Negro (Euxino), Mar Cáspio
(também chamado Mar Setentrional), Golfo Pérsico (ou Mar Meridional) e Mar
Vermelho (denominado pelos romanos Mar Eritreu).
Considerando que o relato bíblico de ambos os Testamentos abrange a área
desde Espanha, o ponto mais ocidental do programa de atividades missionárias
do apóstolo Paulo, até Pérsia país mais oriental com que esteve relacionado o
povo de Israel, e desse Ponto, província mais setentrional da Ásia Menor, ao sul
do Mar Negro, cujo povo esteve representado em Jerusalém no dia de
Pentecostes (Atos 2.9), até o extremo sul da Arábia onde, provavelmente, ficava
a lendária terra de Ofir, tantas vezes mencionada na Bíblia, podemos dizer que
as expressões “o mundo antigo” e o “mundo bíblico” são praticamente
sinônimas.
2.1 – Limites
Em termos gerais pode-se delimitar a área do mundo antigo da seguinte
maneira:
Norte – uma linha reta que começa na Espanha, passa pelo norte da Itália e Mar
Negro e vai até o Mar Cáspio.
Leste – uma linha reta que parte do Mar Cáspio, e passando pelo Golfo Pérsico
vai até o Mar Arábico.
Em termos mais específicos diríamos que a referida área fica situada entre
longitude 5° Oeste e 55° Leste, e entre 10° e 45° latitude Norte.
3.4.1 – As Planícies
Planície é uma grande porção de terra, mais ou menos plana, de origem
sedimentar, geralmente de baixa altitude. Via de regra, os processos de
acumulação, numa planície, superam os de destruição.
Planície do Acre – localizada no extremo noroeste da costa israelense, a planície do
Acre estende-se até ao Monte Carmelo. A região, cujo nome em hebraico é Akko, e
significa “areia quente”, compreende uma faixa de terra que cerceia as montanhas entre
a Galiléia, o Mediterrâneo, o Sul de Tio até a Planície de Sarom. Trata-se de um solo
muito fértil, com exceção da parte praiana, onde as areias são demasiadamente
quentes.
Quando da divisão de Canaã, a planície do Acre coube por sorte à tribo de Aser (Js
19.25-28).
3.4.2 – Os Vales
Vale é uma depressão alongada entre montes ou quaisquer outras
superfícies. A palavra é bastante comum no Antigo Testamento.
Encontramo-la 188 vezes na escrituras hebraicas. No Novo Testamento,
contudo, é mencionada apenas uma vez. Lendo as Sagradas Escrituras,
concluímos serem os vales mui importantes para Israel.
Vale do Jordão – é o maior vale da Terra Santa. Começa no sopé do Monte Hermom,
no extremo norte, e vai até ao mar Morto, no extremo sul, recontando longitudinalmente
o território israelita. Esse vale, importantíssimo cenário na história do povo de Israel, é
na verdade uma grande fenda geológica.
Iniciando-se com uma largura de 100m, vai alargando-se até chegar a três quilômetros
nas imediações do Mar da Galiléia; e quando chega nos limites do Mar Morto, alcança o
seu ponto máximo: 15km. A partir daí, começa a estreitar-se novamente.
Através desse vale, corre o rio que lhe empresta o nome: o Jordão, onde foi o Senhor
Jesus batizado. É o vale mais profundo da Terra: encontra-se a 426m abaixo do nível
do Mar Mediterrâneo. Do Hermom, onde nasce, até ao Mar Morto, onde termina, tem o
Vale do Jordão uma extensão de 215km de extensão.
Vale de Jezreel – não há que se confundir o Vale de Jezreel com a planície de mesmo
nome. A confusão existe em decorrência da inexatidão de alguns geógrafos bíblicos. O
Vale de Jezreel começa nas nascentes do ribeiro de Jalud e termina no Vale do Jordão,
nas cercanias de Bete-Seã. Nos limites deste vale, localiza-se a moderna cidade de
Zerim.
FASTF – SEMINÁRIO DE TEOLOGIA – AVANÇADO I 9/46
Vale do Acor – este vale, centralizado no Wadi Qumram, acha-se a 16km de Jericó, e
tem uma extensão de aproximadamente 7,5km. Em Acor, foi Acã apedrejado em
conseqüência de sua cobiça. Eis porque o nome deste vale, em hebraico, significa
perturbação, problema.
Vale de Hinom – localiza-se no sul de Jerusalém junto à porta do Oleiro (Jr 19.2). Nos
tempos bíblicos, o Vale do Hinom servia como fronteira às tribos de Judá e Benjamim.
Infere-se ter sido Hinom o antigo proprietário deste vale, que corre de norte para sul a
oeste de Jerusalém.
No Vale de Hinom, o rei Davi derrotou os filisteus duas vezes (2 Sm 5.17-25 e 1 Cr 11;
14.9-16). Mais tarde, a região, que compreende uma área de 2,5km, serviria de palco ao
sacrifício de crianças ao deus Moloque (1 Rs 1.7; 2 Rs 16.3). Finalmente, no Hinom
seria reservado para o armazenamento e incineração do lixo da cidade. Como estava
sempre a arder, os judeus passaram a ver nele uma perfeita figura do castigo eterno.
Vale do Aijalom – foi palco de um dos maiores milagres já presenciados por qualquer
ser humano. Nesta região, deteve-se o sol a uma ordem de Josué, dando condições
estratégicas aos israelitas de infligirem fragorosa derrota aos amorreus (Js 10.12-15).
Aijalom localiza-se nas imediações de Sefelá, a 24km a noroeste de Jerusalém. Com
18km de comprimento e 9km de largura, o vale abrigou, no ano 70 de nossa era, as
tropas do general Tito. Daqui, os romanos saíram a destruir Jerusalém e o Santo
Templo.
Vale do Soreque - era a terra natal de Dalila (Jz 16.4). Distante de Jerusalém 21km, por
este vale passava uma importante via de ligação entre a Cidade Santa e o
Mediterrâneo. Atualmente, o trajeto compreende uma estrada de ferro. Soreque
separava as tribos de Judá e de Dã. Nessa região, o Espírito do Senhor impelia Sansão,
de quando em quando, a lutar contra os filisteus.
Vale do Elá – conhecido também como o Vale de Terebintos, Elá fica a sudoeste de
Jerusalém entre Azeca e Socó. A região foi testemunha de encarniçadas batalhas entre
Israel e a Filística (1 Sm 17.2-19 e 21.9). Foi no Vale de Elá que Davi matou o soberbo
Golias. A história jamais será esquecida. O vale, todavia, quase nunca é lembrado.
3.4.3 – Os Planaltos
Dois são os planaltos gerais da Palestina: o Planalto Central, que é como a
continuação dos montes Líbanos e corre pelo centro do país na direção
norte-sul; e o Planalto Oriental, que pode ser considerado como
continuação do Ante-Líbano, correndo na mesma direção do anterior. A
altitude de ambos varia entre 650 a 1300m.
Planalto Oriental – que fica ao oriente do Jordão, também subdivide-se em três partes
distintas – Planalto de Basan, ou Auran, desde o sul do monte Hermom até o vale por
onde corre o rio Yarmuque. É a região mais fértil para o plantio de trigo e pastagens de
gado; Planalto de Gileade, entre Yarmuque e Hesbon, cortado pelo rio Jaboque;
também região de grande fertilidade; e Planalto de Moabe, ao leste da última parte do
curso do Jordão e Mar Morto até o rio Arnon. Esta já é região mais rochosa entrecortada
de prados de exuberantes pastagens.
3.4.4 – Os Montes
A palavra monte vem do vocábulo latino monte e do grego oros, e tem o
seguinte significado: “Elevação notável de terreno acima do solo que a
cerca; serra”. John Davis assim o define: “Elevação natural da terra. A parte
da geografia que se dedica a cuidar dos montes é a orografia – oros,
montes + graphein, descrição. Orografia, portanto, é a ciência que se
dedica a descrever cientificamente os montes.
FASTF – SEMINÁRIO DE TEOLOGIA – AVANÇADO I 12/46
O Pastor Enéas Tognini, um dos primeiros geógrafos bíblicos do Brasil, assim se refere
à importância da orografia israelita:
“Israel passou 400 anos no Baixo Egito, cujas terras são planas, onde não chove, pois
confina com o medonho deserto do Saara. Esse povo passaria, sob o comando de
Moisés, para Canaã, terra de montes e vales, e onde a chuva é abundante no inverno.
Os montes exerceram poderosa influência no povo que cantou em sua poesia ou prosa
os cumes e as elevações. A importância dos montes da Bíblia é muito grande. As
tábuas da Lei foram dadas por Deus a Moisés num monte; Arão morreu num monte;
também Moisés; a bênção e a maldição foram proclamadas em montes; João Batista
nasceu nas montanhas; Jesus nasceu na região montanhosa da Judéia; sua grande
batalha com o diabo foi num monte; num monte foi o seu maior sermão; transfigurou-
se num monte; agonizou num monte; foi crucificado num monte; e sepultado e
ressurecto num monte, e, ainda, ascendeu ao céu de um monte, e mais: voltará,
colocando seus pés no monte das Oliveiras”.
Monte da Tentação – distante 20km a leste de Jerusalém, o monte fica a quase 1000m
acima do nível do mar. Sua altura, contudo, não ultrapassa a 300m, por encontrar-se no
profundo Vale do Jordão. Caracterizado por ingrata aridez, possui inúmeras cavernas,
onde os monges refugiam-se até hoje para meditar.
Monte Carmelo – um dos mais renhidos combates entre a fé e a idolatria foi travado no
Carmelo (1 Rs 18). O Carmelo não é propriamente um monte. É apenas uma parte de
uma cordilheira de 30km de comprimento. Sua largura oscila entre 5 e 13km a começar
do Mediterrâneo em direção ao sudeste de Israel. O ponto mais elevado do monte não
atinge 600m.
Monte Tabor – localizado também na Galiléia, o Tabor tem 320m de altura. Trata-se de
um monte solitário, plantado na luxuriante Esdraelom. Visto do sul, lembra-nos um
semicírculo. Dista a apenas 10km de Nazaré e a 16km do mar da Galiléia.
FASTF – SEMINÁRIO DE TEOLOGIA – AVANÇADO I 14/46
Encontra-se a 615m acima do nível do Mar Mediterrâneo. De seu cume avistam-se
magníficas paisagens. O Tabor é muito importante no Antigo Testamento. Em suas
cercanias, os exércitos de Baraque combateram as forças de Sísera. Aí Gideão
colocaria em fuga os batalhões dos midianitas.
Monte Gilboa – com 13km de comprimento e uma largura que varia entre 5 a 8km, o
Monte Gilboa está situado no sudeste de Jezreel. No Monte Gilboa, cujo nome significa
fonte borbulhante em hebraico, morreram o rei Saul e seu filho Jônatas, quando
combatiam os filisteus.
Monte Hatim – localizado nas proximidades do Mar da Galiléia, o Monte Hatim compõe
os chamados Cornos de Hatim. Sua altitude não ultrapassa os 180m. É um lugar
bastante aprazível. De seu topo, pode- se avistar o mar da Galiléia. Seus dois picos
principais têm a aparência de chifres. Acredita-se ter sido esse o monte do qual Cristo
pronunciou o Sermão da Montanha. O Hatim é conhecido também como o Monte das
Bem-Aventuranças.
d) Montes Transjordanianos
Monte Pisga – de cima deste monte, contemplou Moisés a Terra Prometida: “Então
subiu Moisés das campinas de Moabe ao Monte Nebo, ao cume de Pisga, que está
defronte de Jericó; e o Senhor mostrou-lhe toda a terra, desde Gileade até Dã. Assim
morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme o dito do Senhor” (Dt
34.1,6). O Pisga está localizado na planície de Moabe. Dista 15km a leste da foz do Rio
Jordão. Moisés vislumbrou o solo da promissão de uma altura de 800m. O monte é
conhecido também como Nebo. Alguns autores, contudo, dizem haver na região dois
montes: o Pisga e o Nebo.
Monte Peor – o monte Peor está localizado nas imediações do Nebo. Em hebraico,
“Peor” significa abertura. Nesse monte era adorado um imoral e abominável ídolo. Do
Peor, tentou Balaão amaldiçoar os filhos de Israel.
Sobre o mais alto dos três cimos do Monte Hermom jazem os restos de um templo de
Baal que, provavelmente, foi destruído pelos israelitas em obediência a ordem divina:
“Destruireis por completo todos os lugares, onde as nações... serviram os seus deuses,
sobre as altas montanhas” (Dt 12.2). Do cimo do Hermom, os sacerdotes de Baal
obtinham uma perfeita vista do curso do Sol. E ao Sol dirigiam as suas adorações.
O Monte Sinai tem uma forma triangular. Seus vértices superiores repousam em dois
continentes: África e Ásia. Apesar de aridificado, o território tem os seus encantos
particulares. Os montes erguem-se soberanos e altivos. As areias, queimadas pelo sol,
mostram-se multicoloridas. O Sinai foi conquistado por Israel na Guerra dos Seis Dias,
em 1967. Devido às conversações de paz de Camp David, Nos Estados Unidos, a
região voltou à soberania egípcia.
3.4.5 – Os Desertos
A palavra deserto é originária do vocábulo latino desertu e significa, entre outras coisas,
“lugar desabitado, despovoado e ermo”. Segundo Aurélio, é uma “região natural
caracterizada por terreno arenoso e seca quase absoluta, e que apresenta, por isso,
pobreza de vegetação e fraca densidade populacional”.
Nas Sagradas Escrituras, os vocábulos traduzidos como “deserto” incluem não somente
as dunas, mas designam igualmente as terras plainas, as estepes e as áreas
apropriadas à criação de gado.
O vocábulo “deserto” pode ser encontrado 36 vezes como adjetivo e 284 como
substantivo no Antigo Testamento. Já no Novo Testamento, a mesma palavra aparece
12 vezes como adjetivo e 36 como substantivo.
A palavra hebraica mais traduzida como deserto é “midbar”. Ela tem vários significados:
região plana e apropriada à criação de gado; área meio fértil e meio árida; e deserto
propriamente dito. Eis mais alguns termos hebraicos traduzidos como deserto:
”yesimon” – território desértico; “orbáh” – aridez, desolação, ruína (castigo divino); “tohu”
– vazio; “siyyah” – terra árida.
b) Deserto da Judéia – As áreas localizadas desde o Leste dos Montes de Judá até
ao Rio Jordão e ao Mar Morto formam o deserto da Judéia.
Subdivide-se este em vários desertos sem importância: Maon, Zife e En-Gedi. Nessas
paragens, perambulou Davi, perseguido pelo rei Saul. Eis mais alguns desertos de
Judá: Tecoa e Jeruel. Nesse território, o rei Josafá obteve estrondosa vitória sobre as
forças moabitas e amonitas. Foi aqui que o profeta Amós exerceu o seu ministério e
João Batista clamou contra seus contemporâneos.
A hidrografia da Palestina pode ser dividida em três partes, a saber: Mares, Lagos e
Rios.
3.5.1 – Mares
b) Mar Morto – também conhecido pelos nomes de “Mar Salgado”, “Mar Ocidental”,
“Mar de Ló”, “Alfaltite (Josefo)”, Mar do Arabá “e” Mar da Planície “(Dt 3.17, Jl 2.20,
2 Rs 14.25). Fica na foz do rio Jordão, entre os montes de Judá e os montes de
Moabe, na mais profunda depressão do globo. Encontra-se a mais de 400m abaixo
do nível do Mediterrâneo. Com 80km de comprimento por 17km de largura, o Mar
do Sal ocupa uma área de 1020km².
c) Mar da Galiléia – também conhecido pelos nomes de Mar de Quinerete (Nm 34.11),
Mar de Tiberíades (Jo 21.1 e Lago de Genezaré (Lc 5.1). Na verdade trata-se de um
lago de água doce, formado pelo rio Jordão, mas devido às suas dimensões
avantajadas e temporais violentos que freqüentemente o agitam, as populações
FASTF – SEMINÁRIO DE TEOLOGIA – AVANÇADO I 19/46
adjacentes o têm chamado de mar. É o segundo lago equilibrador das águas do
Jordão, sendo o primeiro e de Meron que fica 20km ao norte. Mede
aproximadamente 24km de comprimento por 14km de largura, tendo seu nível 225m
abaixo do nível do Mediterrâneo e profundidade média de 50m. Suas águas são
claras e muito piscosas. As suas margens ao lado oriental são montanhosas,
enquanto ao lado ocidental e na direção noroeste estendem-se planícies férteis com
cidades importantes, como Cafarnaum, Corazim, Magdala, Genezaré, Betsaida, Tiberíades
e outras. O clima da região, especialmente ao norte, é muito agradável, propício à lavoura e
pecuária. As cidades das margens do Mar da Galiléia e as próprias praias e águas deste,
foram palco de acontecimentos importantes do ministério terreno de Jesus, operando
milagres, apaziguando a tempestade, andando sobre o mar, alimentando milhares com a
multiplicação de pães, pronunciando preciosos ensinamentos (Sermão do Monte) e
aparecendo aos discípulos após a ressurreição.
d) Outros Mares
Mar Adriático – tomou emprestado o seu nome da antiga cidade romana de Ádria,
localizada na região italiana do Vêneto. No Novo Testamento, a sua denominação era
aplicada indistintamente a todo o mar aberto entre a Grécia e a Silícia. Localizado entre
a península italiana e a balcânica, o Adriático é um dos pequenos mares que formam o
Mediterrâneo. Abrange uma área de aproximadamente 130.000km², com extensão de
800km e largura média de 180km. Caracteriza-se o Adriático pelo baixo nível de
salinidade, sobretudo ao norte, onde recebem os rios Adigio, Pó e outros.
Mar Cáspio – assim chamado devido aos antigos habitantes da região (os caspis),
ocupa o extremo nordeste do mundo bíblico. Possui uma rica bacia petrolífera, uma
estratégica via de comunicação entre os países que o cercam e uma abundante fauna
ictiológica, aumentando consideravelmente sua importância econômica. Ocupando uma
superfície de 371.000km², estende-se no sentido norte-sul por 1.220km, e de leste para
oeste, apresenta uma largura média de 320km.
Mar Negro – ou Ponto Euxino, como era conhecido, importante canal de comunicação
entre a Europa Oriental e o Mediterrâneo, o Mar Negro estende-se, em forma ovalada,
por 461.000km². Sua largura chega a 1.200km. Embora não seja citado nas Escrituras
Sagradas, o Mar Negro aparece em todos os mapas bíblicos devido a sua proximidade
com as terras que serviram de cenário à História Sagrada.
Lago Merom – é conhecido também como águas de Merom, conforme registra o livro
de Josué: “Todos estes reis se ajuntaram, e vieram e se acamparam junto à águas de
Merom, para pelejarem contra Israel” (Js 11.5-7). Formado pelas águas do Jordão, o
Lago de Merom tem 10km de comprimento por 6km de largura. Acha-se a 2m acima do
Mediterrâneo. Sua profundidade varia entre 3 e 4m. Hoje, o lago já não possui a sua
antiga forma por ter sido adaptado pela engenharia israelense às necessidades do país.
Merom fica a 20km do Mar da Galiléia.
3.5.3 – Rios
O Dicionário Aurélio define o que é um rio como “curso de água natural, de extensão
mais ou menos considerável, que se desloca de um nível mais alto para outro mais
baixo, aumentando progressivamente o seu volume até desaguar no mar, num lago, ou
noutro rio, e cujas características dependem do relevo, do regime de águas, etc.” O
hebraico possui diversos vocábulos usados para descrever um rio. Nahal significa, um
wadi ou vale dotado de uma corrente de água; no verão, transforma-se num leito seco
ou ravina, ainda que no inverno seja uma correnteza copiosa. O segundo termo,
“nãhãr”, é a palavra regular com o sentido de “rio” na língua hebraica.
Os rios palentínicos são distribuídos em duas bacias hidrográficas:
Rio Belus - segundo se crê, trata-se de Sior Libnate referido em Josué 19.26. Corre
ao sudoeste dos termos de Asser na direção do Mediterrâneo despejando as
suas águas na baía de Acre, pouco ao sul da cidade de Aco (mais tarde denominada
Ptolemaide e Acre). É torrente que se manifesta somente na época das chuvas,
permanecendo seco o seu leito por quase dois terços do ano. É um dos chamados
“wadis” que são abundantes na Palestina.
Caná – outro “wadi” ou torrente dos meses de chuvas, que nasce perto de Siquém e,
atravessando a planície de Saron, verte no Mediterrâneo 7km ao norte de Jope. É
mencionado em Josué 16.8 e 17.9 como limite entre as terras de Manassés e Efraim.
Gaás – é outro ribeiro, “wadi”, que atravessa a região de Saron na direção leste-oeste e
deságua no mediterrâneo perto de Jope. O seu nome provavelmente deve-se a um
monte, não identificado, perto do qual foi sepultado o grande líder Josué (Js 24.30),
quanto às referências bíblicas ao ribeiro encontramos em 2 Sm 23.30 e 1 Cr 11.32.
b) Bacia do Jordão
A bacia do Jordão é formada pelos seguintes rios: Jordão, Querite, Cedrom, Iarmuque,
Jaboque e Arnom.
Costuma-se dividir o curso do Jordão em três trechos para um estudo mais detalhado:
Cedron – também este não é um rio perene, porém nas épocas de chuvas torna-se
uma torrente impetuosa. Nasce a dois quilômetros a noroeste de Jerusalém e, correndo
na direção sudeste, passa ao lado leste da Cidade Santa pelo vale de Josafá – que
separa esta do Monte das Oliveiras – e prossegue rumo sudeste até o Mar Morto, numa
distância de cerca de 40km, por um leito profundo e sinuoso. Os principais fatos bíblicos
Jaboque – é outro tributário oriental do Jordão. Nasce ao sul do monte Gileade, corre
para leste depois para norte e noroeste, descrevendo uma verdadeira simi-elipse, até
desaguar no Jordão, mais ou menos no meio do curso deste entre o Mar da Galiléia e o
Mar Morto, depois de ter percorrido cerca de 130km. É célebre na história bíblica pela
luta de Jacó com o anjo do Senhor, ocasião em que o nome deste foi mudado para
Israel (Gn 32.22-32).
Arnon – nasce nas montanhas de Moabe, ao leste do Mar Morto, despejando neste as
suas águas. Este rio primeiramente separava os Moabitas dos Amorreus e depois os
Moabitas do território da tribo de Ruben, ficando como limite meridional permanente dos
territórios israelitas da Transjordânia. Os profetas Isaias e Jeremias pronunciaram
condenações contra Moabe referindo-se a Arnon (Is 16.2; Jr 48.20). O missionário
alemão F.A. Klein, em 1868, achou a célebre Pedra Moabita nas ruínas da cidade de
Diobon que fica a 5km ao norte de Arnon. Esta pedra contém uma inscrição feita pelo
rei moabita Mesa em 850 a.C., em hebraico-fenício, que confirma a passagem bíblica
de (2 Rs 3.4-27).
3.6 – Clima
De algumas passagens bíblicas, infere-se que, no Oriente Médio, havia somente duas
estações: inverno e verão (Js 18.6).
Eis a média das precipitações pluviais em Israel como um todo: 1090mm por ano. O
orvalho continua a cair na Terra Santa.
3.7 – Vegetação
Hoje em dia, a maior parte das florestas do Antigo Testamento já desapareceu, pois as
regiões foram desmatadas ao longo dos tempos. Onde cresciam árvores, agora existem
campos semeados ou simplesmente arbustos espinhentos. Somente nos últimos 50
anos começaram a reverter o processo de desflorestamento, salvando certo número dos
famosos cedros do Líbano e de algumas florestas de montanha no norte.
FASTF – SEMINÁRIO DE TEOLOGIA – AVANÇADO I 26/46
3.8 – Fauna
As Sagradas Escrituras mencionam quase 130 nomes de animais selvagens e
domésticos.
3.8.1 - Animais
c) Camelos – O camelo é capaz de andar vários dias sem beber água. Em viagens
normais, transporta carga de cerca de 180kg, além do cavaleiro. A Bíblia o
menciona na história de Abraão, Jacó e Jó. Aos israelitas era proibido comer sua
carne (Gn 12.16; 30.43; Jó 1.3).
3.8.2 – Aves
a) Águias e Abutres – Isaías e os salmistas falam da força e do vigor da águia. Ela
também era o emblema das legiões romanas. Provavelmente, Mateus tinha isso em
mente quando falou das águias que esperavam a queda de Jerusalém (Is 40.31; Sl
103.5; Mt 24.28).
e) Corvos – após o dilúvio, Noé soltou um corvo para ver se a terra já estava seca. Em
época de fome, os corvos alimentaram Elias (Gn 8.7; 1 Rs 17.4).
g) Pardais – muitas vezes, o termo é usado para significar qualquer pássaro pequeno
comestível, mas algumas passagens referem-se especificamente ao pardal. Jesus
usou o pardal para mostrar o quanto Deus ama suas criaturas. Se o Senhor Deus
cuida até dos pardais mais pequenos, quanto mais cuidará das pessoas (Mt 10.29-
31; Lc 12.6,7).
h) Pavões – foram importados por Israel no tempo de Salomão e criados como aves
ornamentais, condizentes com o esplendor do palácio real (1 Rs 10.22).
i) Perdizes – o termo inclui três espécies: a perdiz das rochas, a perdiz do deserto e a
perdiz preta. Todas eram caçadas, pois sua carne e ovos eram um prato apreciado.
A perdiz das rochas esconde-se tão bem que é mais fácil ouvi-la do que vê-la (1 Sm
26.20; Jr 17.11).
3.9 – Flora
a) Abeto e Pinheiro – a madeira dessas árvores sempre verdes, que cresciam nas
montanhas e colinas, foi utilizada na construção do templo, em convés de navios e
na fabricação de instrumentos musicais (Ez 27.5).
b) Acácia – madeira da qual foi feita a arca da aliança para o tabernáculo. É uma das
poucas árvores que crescem no deserto do Sinai (Ex 25.10).
c) Amendoeira – foi a primeira árvore frutífera a florescer em Israel. O seu fruto, além
de alimento apreciado, fornecia óleo. A referência mais conhecida é a da vara de
amendoeira de Arão que floresceu e produziu frutos no espaço de uma noite. Ainda
há a referência à vocação de Jeremias e à visão da amendoeira (Nm 17.8; Jr 1.11).
f) Carvalho - Absalão ficou preso nos galhos de um carvalho quando fugia do rei
Davi. Isaías utilizou a figura do carvalho para simbolizar a justiça, a santidade e a
perpetuidade do povo de Deus (2 Sm 18.9,10; 1 Rs 13.14; Is 2.13; 6.13; 61.3).
j) Favas e Lentilhas – a fava pode ser cozida como verdura ou seca e reduzida à
farinha. A lentilha cresce em pequenas vagens chatas, semelhantes às das ervilhas,
é de cor avermelhada e geralmente usada em sopas ou cozidas (como o prato
preparado por Jacó para Esaú), mas também pode ser seca e reduzida à farinha
(Gn 25.34; 2 Sm 17.28; Ez 4.9).
k) Fel e Absinto - o fel é talvez o suco da papoula do ópio (Sl 69.21; Mt 27.34). O
absinto tem gosto amargo e é usado na Bíblia como símbolo da dor e da amargura
(Ap 8.11).
l) Figueira e Sicômoro – o figo era um fruto importante nos tempos bíblicos. O pastor
e profeta Amós cultivava sicômoros. A árvore na qual Zaqueu subiu para ver a
Jesus era uma espécie de figueira, um sicômoro (Am 7.14; Lc 19.4; Lc 13.6-9).
o) Linho – As roupas de linho são feitas de uma planta de flores azuis, que atinge
cerca de 45 cm de altura. O linho também era usado para as velas dos barcos. No
Egito e em Israel, seria para envolver cadáveres e para confecção de roupas finas
(Ex 26.1; Js 2.6; Pv 31.13; Ez 27.7; Mt 15.46; Jo 19.40).
q) Mamoneira – talvez tenha sido a planta que cresceu rapidamente para abrigar
Jonas do sol causticante. Era um arbusto que se caracterizava pelo rápido
crescimento (Jn 4.6).
r) Mirra – era usada como condimento, remédio e para a obtenção do óleo santo do
tabernáculo e do templo. Os magos trouxeram-na como presente a Jesus. Quando
da crucificação, fora oferecida ao Salvador, como analgésico, misturada a uma
bebida. José e Nicodemos embalsamaram o corpo de Jesus com mirra e aloés (Ex
30.23,24; Mt 2.11; Mc 15.23; Jo 19.39,40).
s) Mostarda - planta geralmente tem 120cm de altura, mas pode chegar até 460 cm.
Jesus disse que o reino de Deus é semelhante a um minúsculo grão de mostarda,
que se desenvolve e se transforma numa árvore.
u) Oliveira – uma das maiores culturas do antigo Israel. A maior parte era levada em
cestos às prensas, de onde extraía-se seu azeite. O azeite de oliveira era utilizado
pela culinária, como combustível para as lamparinas e como loção emoliente para a
pele. No antigo Israel também era utilizado para ungir reis e sacerdotes,
simbolizando a escolha e a separação para uma missão especial. Foi uma das
árvores mencionadas no apólogo de Jotão. A oliveira pode viver centenas de anos.
Sua madeira pode ser esculpida e polida, servindo em obras ornamentais como no
templo de Salomão (Dt 24.20; Jz 9.8; 1 Sm 10.1; 1 Rs 17.12-16).
x) Romãzeira – a sua figura era bordada em torno da orla da veste do sumo sacerdote
e esculpida nas pilastras do templo de Salomão (Ex 28.33; 1 Rs 7.20).
IV – PRINCIPAIS CIDADES
4.1 – Belém
Belém significa “Casa do Pão”. Jacó chega até esse local e ali Raquel dá à luza seu
último filho, Benjamim, e morre de parto. Uma tradição relativamente antiga situa o
túmulo de Raquel em Belém e a ele se refere Gênesis 35.19. A história de Rute, no
Antigo Testamento, também se desenrolou em Belém. É a cidade de Davi. O profeta
Miquéias recordou a vocação messiânica de Belém (Mq 5.2). Na época em que Jesus
nasceu, era uma pequena cidade da Montanha de Judá, situada a cerca de 8km ao sul
FASTF – SEMINÁRIO DE TEOLOGIA – AVANÇADO I 33/46
de Jerusalém, no caminho de Hebrom.
4.2 – Berseba
Nessa cidade, Abraão fez aliança com Abimeleque. Nesse mesmo lugar, Isaque
recebeu a promessa de Deus (Gn 26.23,24). Jacó passou por ali, a caminho do Egito
(Gn 46.1-3). Na época dos juízes, o território ocupado tinha seus limites: de Dã a
Berseba, expressão muitas vezes encontrada no Antigo Testamento para designar a
terra de Israel. Berseba conservou sua tradição de hospitalidade aos viajantes do
oriente ao ocidente, e vice-versa.
4.3 – Betânia
Betânia pode significar “Casa do pobre” ou “Casa de graça”. Existem duas cidades com
o mesmo nome. Uma Betânia, para lá do Jordão, tem localização incerta e dista de
Jerusalém cerca de 30km. Desde cedo, foi venerada como o local em que Jesus foi
batizado e construiu-se ali uma capelinha. No Antigo Testamento, naquele local Josué
atravessou o Jordão com o povo de Israel. Foi lá também, que Elias subiu ao céu. A
outra Betânia fica próxima de Jerusalém, do outro lado do Monte das Oliveiras. No
tempo de Jesus, morava ali seu amigo Lázaro e suas irmãs, Marta e Maria. Era um
lugar de refúgio do Mestre (Mt 21.17). Foi ali que ocorreu o milagre da ressurreição de
Lázaro, onde também uma mulher ungiu Jesus com ungüento precioso (Mc 14.3-9).
4.4 – Betel
4.5 – Cafarnaum
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Situada à margem norte-ocidental do lago de Genesaré, num terreno pouco mais árido,
era uma pequena cidade, no tempo de Jesus, dedicada à pesca e, até certo ponto,
importante por estar situada numa zona fronteiriça junto ao caminho que, a partir da
tetrarquia da Galiléia, se dirigia para os territórios da tetrarquia de Filipe. De fato, havia
ali serviços de alfândega (Mt 9.9) e uma guarnição militar (Mt 8.5-13).
Os apóstolos Pedro e André eram dessa cidade. Ali, Jesus curou numerosos doentes
(Mc 1.21-34; 2.1-12), inclusive a sogra de Pedro, o criado do centurião e o paralítico, no
episódio em que abriram o telhado para descê-lo até o lugar em que se encontrava
Jesus. Nessa cidade, Jesus pagou o imposto (Mt 17.24-27). Entretanto, havia
incredulidade no povo, tanto que Jesus proferiu palavras duras sobre a cidade (Mt
11.23).
4.6 – Cesaréia
Havia duas cidades com este nome: Cesaréia do Mar e Cesaréia de Filipe. Filipe
mandou construir a cidade na época do nascimento de Jesus e escolheu o lugar por sua
beleza e frescura, na base da montanha de Hermom. Em Cesaréia de Filipe aconteceu
a confissão de Pedro (Mt 16.13-20). Foi ali que a identidade de Jesus e a natureza de
sua missão foram reveladas pela primeira vez, com clareza e precisão. A Cesaréia
marítima é mais citada na Bíblia, pois era um porto da costa mediterrânea, a cinqüenta
quilômetros ao norte da atual Tel Aviv, sendo construída por Herodes, o Grande. Ali,
Pedro encontrou-se com Cornélio e lhe pregou as boas novas de salvação (At 10.1-8).
4.7 – Dotã
Hoje, Telll Dotán, a 8km de Yenin. José passou por ali à procura dos irmãos. Dali foi
levado para o Egito pela caravana de mercadores midianitas (Gn 37.17-28).
4.8 – Emaús
Sua localização é incerta. Lucas coloca a cidade a 11km de Jerusalém. Parece que era
a atual Amwas, pois dela testemunham Jerônimo e Orígenes, que viveram na Palestina.
Os dois discípulos que conversaram no caminho com Jesus já ressurecto eram de
Emaús (Lc 24.21).
4.10 – Jericó
A cidade, situada no oásis do mesmo nome, sobre uma colina (Tell es-Sultan), não era,
na época, mais do que um pequeno povoado, facilmente conquistado. Destruída pelos
israelitas, já era a terceira cidade construída pelos hicsos, em 1600 a.C.
Aproximadamente em 1400 a.C., os israelitas a destruíram (Js 6.1- 21). As muralhas
eram construídas de tijolos secos ao sol e formadas por duas linhas paralelas,
separadas por 5m; a de dentro tinha 4m de largura e a de fora, 2,5m; a altura era de
10m.
Outra Jericó foi construída por volta do ano 700 a.C. (1 Rs 16.34). Perto dela, Elias foi
elevado ao céu (2 Rs 2.4-11). Ao tempo de Jesus, Jericó é várias vezes citada nos
evangelhos. João, o Batista, escolheu esse local para realizar seus batismos de
arrependimento. Bartimeu foi curado da cegueira e Zaqueu recebeu a Jesus em sua
casa (Lc 19.1-10). Ficava a 30km de Jerusalém, pela via romana, e possuía certa
importância, patrimônio do soberano. O caminho entre Jericó e Jerusalém era difícil e
com muitos perigos, pelo fato de se ter de descer em seu percurso de 1000m de altitude
e atravessar o deserto.
4.11 – Jerusalém
Na época da volta do exílio, a cidade teve seus muros restaurados sob a liderança de
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Neemias e era menor do que a do tempo dos reis (Ne 3.1-32). Em 63 a.C., a cidade foi
tomada por Pompeu, general romano. Herodes, o Grande, transformou a cidade, sendo
sua obra mais importante a reconstrução do templo, o qual ergueu uma nova plataforma
ou esplanada, sustentada por muros, como o chamado “Muro das Lamentações”. Suas
dimensões eram maiores do que o templo anterior. Herodes também construiu a
Torre Antônia, sobre uma elevação, onde ficava a antiga fortaleza de Báris.
Nos evangelhos, é mencionada ainda a piscina de Betesda (Jo 5.2-4), junto da igreja de
Santa Ana, a leste da Torre Antônia, fora dos muros da cidade. É uma piscina dupla,
com cinco pórticos, quatro circundando-a de cada lado e outro no centro, separando
ambas as seções. Junto dela havia uma espécie de balneário, cujos restos foram
conservados. Na encosta oeste do Monte das Oliveiras, do outro lado de Cedrom, fica o
Jardim do Getsêmani.
4.12 – Jope
Hoje Yaffo, um bairro ao sul de Tel Aviv. Na época de Jesus, era um porto tradicional
sem muita importância. Ali morava Tabita (Dorcas), ressuscitada por Pedro (At 9.36-43),
que ficou morando na cidade por algum tempo, quando o centurião Cornélio mandou
chamá-lo (At 10.5).
4.13 – Laquis
Foi uma antiga fortaleza que desafiou até os exércitos de Senaqueribe, da Assíria.
Laquis era, como Jericó, resultado de diversas edificações, umas sobre as outras. É a
moderna Tel Duweir, situada a 35km de Gaza, num planalto a 42m acima do vale. O rei
de Laquis uniu-se a outros quatro reis amorreus em combate a Josué, que os venceu.
4.14 – Nazaré
Nos dias de Jesus, era apenas uma pequena aldeia sem importância, na baixa Galiléia.
Nazaré ficava próxima a diversas estradas comerciais importantes e, por isso, vivia em
contato com o mundo da época. Não é citada no Antigo Testamento.
4.15 – Samaria
Foi a antiga capital de Israel, reino do Norte. As obras de sua construção começaram
em torno de 875 a.C., pelo rei Onri, e continuaram com o seu filho, Acabe (1 Rs 16.24).
Ali foi construído um templo a Baal, por Acabe, onde ocorreram também o episódio da
vinha de Nabote e as várias intervenções de Elias (1 Rs 18). Os profetas Oséias e
Amós vaticinaram contra o luxo e a injustiça da cidade (Os 9.11-17; Am 3.9).
4.16 – Siquém
Seu nome significa “ombro” e fica a 65km ao norte de Jerusalém. Abraão a encontrou
ao percorrer os 50km de Siquém a Betel (Gn 12.6,7). Jacó comprou um campo perto de
Siquém (Gn 33.18-20). Josué convocou todas as tribos para uma assembléia naquela
localidade (Js 24.1). No tempo dos juízes, Siquém era um centro de culto cananeu.
Abimeleque proclamou-se rei em Siquém, mas o povo logo se revoltou contra ele (Jz
9.1-6). Antes de ser construído o templo em Jerusalém, Siquém era o centro religioso e
político para a unidade do povo. Depois da morte de Salomão, ali aconteceu uma
assembléia que dividiu o reino em dois: Israel e Judá. De Siquém, Jeroboão se fez
coroar o primeiro rei do reino do Norte (1 Rs 12).
4.17 – Tiberíades
Foi fundada no ano 18 d.C., por Herodes Antipas, em honra do imperador Tibério. Seu
palácio, estádio, teatro e termas (suas águas são termais) foram construídos no estilo
grego. Havia, no local em que foi erguido, muitos túmulos antigo, por isso os judeus não
apoiaram a construção da cidade. Mesmo assim, Herodes insistiu e conseguiu povoá-la
com judeus não tão radicais e com pessoas que viviam em busca de recompensas. No
ano 70, a cidade participou da revolta contra Roma, sendo poupada pelos romanos.