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Lean Logistics Mercedez

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LEAN LOGISTICS

Projeto “enxuga” logística


da Mercedes-Benz
Marcio Brigatto

Com a implantação de um projeto de Logística Lean, a Mercedes-Benz


do Brasil aprimorou o fluxo de peças, a movimentação, a segurança,
beneficiando também a saúde dos trabalhadores dentro de sua fábrica em
Juiz de Fora. Além disso, obteve uma redução de 10% nos custos de logística
inbound, que agora tem um só provedor de serviços logísticos responsável
por toda a cadeia, do porto até a entrada na linha de montagem

H
á pouco menos de um ano, a reduzir os custos logísticos da fábrica, forma a retirar os estoques de peças e
Mercedes-Benz do Brasil resol- mas também colocar a operação den- componentes da planta e reduzir dras-
veu reformular a logística de tro dos preceitos lean, que pregam a ticamente a circulação de empilhadei-
sua fábrica em Juiz de Fora (MG), onde redução de possíveis desperdícios ao ras dentro das instalações industriais.
é produzido o modelo CLC, um espor- longo do processo logístico. Anteriormente, embora também
te coupé de luxo, que é comercializado Um dos pontos centrais desse pro- fosse feita por um operador logísti-
nos mercados interno e externo. O ob- jeto foi realizar o abastecimento das li- co, toda a operação se dava dentro
jetivo do projeto, denominado Logís- nhas e a movimentação da fábrica em da fábrica, desde a desova dos con-
tica Lean (ou enxuta), era não apenas parceria com o parceiro logístico, de têineres, passando pela armazena-

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gem das peças e o abastecimento da Cadeia integrada concentra a importação e exportação
linha, até a armazenagem das emba- de veículos prontos. Além do Porto
lagens vazias que deveriam retornar Para pôr em prática os novos pro- Seco de Juiz de Fora, para onde seguem
à Alemanha, onde são consolidadas cedimentos lean, a Mercedes-Benz re- as peças importadas pela Mercedes, a
as peças usadas na montagem do solveu passar toda a logística inbound Multiterminais opera ainda os portos
modelo, que utiliza cerca de 85% de da fábrica para um único prestador de secos de Resende (RJ) e Rio de Janeiro.
itens importados. serviços logísticos. O PSL escolhido foi Esta é a primeira operação on-site
Esse procedimento interno oca- a Multiterminais, que já era responsá- que a Multiterminais realiza para uma
sionava grande volume de movimen- vel, desde o início das operações da fá- montadora. Para atender ao novo con-
tação de empilhadeiras na fábrica, a brica, em 1997, pela logística desde o trato, assumido em agosto de 2009, a
necessidade de ter espaço para arma- porto do Rio de Janeiro – local de che- empresa criou um centro de consoli-
zenar peças e embalagens vazias, além gada das peças vindas do porto alemão dação em um ponto entre a fábrica e o
de um espaço necessário para desova de Bremen, onde funciona um centro Porto Seco, chamado de COL – Centro
e estufagem de contêineres; ele tam- de Operações Logísticas. Trata-se de
bém acarretava dificuldades para rea- um armazém geral dotado de toda es-
lizar um FIFO (First-In, First-Out, ou Com o projeto, a trutura física e tecnológica para onde
a utilização das peças pela ordem de são levadas as peças depois de libera-
chegada) eficiente, já que a fábrica Mercedes ganhou a das do Porto Seco, e ficam em regime
recebia os contêineres cheios do Por- de alfandegamento por um período
to Seco e por vezes a peça necessária vantagem de ter um entre cinco e 15 dias. A empresa opera
não estava naquele contêiner, o que também COLs em Resende e no Rio de
fazia a produção desrespeitar o FIFO único interlocutor Janeiro, que complementam as opera-
para não parar a linha. ções dos portos secos.
“No processo anterior, assim que ao longo de toda a No COL de Juiz de Fora, os con-
os contêineres eram liberados do têineres são recebidos, desovados,
Porto Seco pela Receita Federal, eles cadeia logística conferidos, é feita a armazenagem e
eram chamados para a fábrica con- o controle do estoque. À medida que
forme a necessidade da linha e deso- a fábrica vai colocando os pedidos, a
vados internamente. Então, imagine Multiterminais faz o picking, a retira-
o volume movimentado, a quanti- de consolidação da montadora – até o da do material, nova conferência e o
dade de empilhadeiras circulando Porto Seco de Juiz de Fora. Dessa for- embarque nos caminhões. Na fábrica,
na planta e o espaço que toda essa ma, a Mercedes ganhou o benefício outra equipe do operador descarrega
operação ocupava. Isso sem contar de conversar com um único parceiro as carretas Sider e coloca as peças na
a questão ambiental e de seguran- logístico ao longo de toda a cadeia, linha de montagem.
ça do trabalho, porque o tráfego de tirando vantagem de sua plataforma Tudo isso é controlado através de
equipamentos implica em risco para logística integrada. leitores de código de barras em cada
os colaboradores”, analisa Fernando A Multiterminais tem uma longa etapa da operação. Para atender a
José Toledo Leite, gerente de Logís- experiência em operações de armaze- esse projeto e consolidar toda a in-
tica da Mercedes-Benz, explicando nagem alfandegada. Ela foi a primeira formação dos produtos em trânsito,
que, além de peças e embalagens, a empresa do país a operar um Terminal a equipe da Multiterminais desenvol-
fábrica tinha que liberar espaço tam- Retroportuário Alfandegado (TRA), no veu um sistema chamado Sistracking,
bém para a operação de recarga das Rio de Janeiro, e também a operar um um portal de informações online da
baterias das empilhadeiras. transporte ferroviário expresso, interli- cadeia logística, disponível na inter-
“Com o sistema lean, além da redu- gando o porto do Rio aos estados de net, que consolida dados de todos os
ção de custos e da liberação de espaço Minas Gerais e São Paulo. terminais da empresa, dando total
na fábrica para atividades que agregam As operações para a fábrica da visibilidade e controle ao processo.
mais valor e tenham mais afinidade Mercedes-Benz estão concentradas no Pela internet, o cliente consegue fa-
com o core-business de uma indústria Porto do Rio, em dois terminais da zer o rastreamento do contêiner ou
automotiva, tivemos um ganho im- empresa: o MultiRio – onde são feitas da peça ao longo da cadeia. A em-
portantíssimo, com sustentabilidade”, as operações de importação e exporta- presa também possui uma aplicação
reforça o gerente. ção de contêineres – e o MultiCar, que específica que transfere informações

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mazém geral e po-


de receber também
operações de ou-
tros clientes, mas
no momento ope-
ra apenas para a
Mercedes-Benz.
A localização do

Divulgação
centro de consoli-
dação aumenta a
agilidade das ope-
rações, pois ele fica
a menos de 14 km
Divulgação

do Porto Seco e a
Com o Sistracking, é possível enxergar toda a cadeia
da montadora desde a Alemanha, passando pelo oito km da fábrica,
terminal no Rio, até a linha de montagem na BR-267, no en-
troncamento com a
de forma eletrônica entre os seus sis- que, se o funcionário executar alguma BR-040, onde fica a planta da montadora.
temas e os dos clientes. operação não prevista, colocando, por “Antes, as peças liberadas iam para
“O Sistracking foi desenvolvido exemplo, uma caixa no lugar errado, outro armazém que possuímos ao lado
com base no conhecimento que nós o sistema avisa e impede. “Ele ajuda a do Porto Seco, mas agora elas vão di-
acumulamos no atendimento à Merce- reduzir erros substancialmente. Outra retamente para o COL”, diz Rezende.
des-Benz e também na experiência de vantagem desta automação é a capaci- No centro de consolidação ficam todas
quase 25 anos de operações logísticas dade de expansão da operação porque, as peças importadas que entram no
da Multiterminais. Ele se transformou como ela já é gerenciada pela tecnolo- modelo produzido, que, como já foi
em uma ferramenta de mercado, que gia, fica bem mais fácil treinar e capa- dito, representam o maior percentual
oferecemos a outros clientes, mas foi citar funcionários, e podemos aumen- e que são, em sua maioria, itens de aca-
desenvolvido inicialmente para a Mer- tar o contingente de uma forma bem bamento. De acordo Fernando Leite,
cedes, com base nas suas necessidades”, rápida”, elogia. essa alta internacionalização se explica
explica Alexandre Ferreira de Rezende, De acordo com o gerente, o de- pelo fato de se tratar de um modelo de
gerente-geral da Unidade Juiz de Fora senvolvimento da tecnologia, tanto luxo, com muita customização.
da Multiterminais. “De cada ponto da de software como de hardware – an- Rezende explica que, do terminal
nossa cadeia as informações são passa- tenas de radiofrequência e coletores no Rio de Janeiro até a estação adua-
das para o Sistracking, o que dá visibi- de dados para a operação –, além do neira em Juiz de Fora, o transporte
lidade total à cadeia. Não é exagero di- investimento no COL de Juiz de Fora, é feito por ferrovia, pois há ramais
zer que enxergamos o supply chain da demandou da Multiterminais um in- nas duas pontas. “Usamos a ferrovia
Mercedes desde a embalagem das peças vestimento de US$ 1 milhão. “A estru- como meio primário e, dependendo
na Alemanha”, ressalta Rezende. tura do COL foi alugada semipronta e da criticidade da peça para a linha,
Para ele, o fato de conhecer a ope- adaptada à operação, com a colocação ela vai por rodovia.”
ração do cliente há bastante tempo de estruturas de armazenagem porta- O transporte entre o Porto Seco e
e saber dos gargalos ajudou no de- paletes. Mas parte dessa estrutura nós o COL, e deste até a fábrica, fica por
senvolvimento da ferramenta. “Ela já possuíamos de outras unidades”, conta de outro parceiro da Mercedes:
foi feita olhando problemas reais, explica ele. No centro de consolidação a Autoport – empresa da Vix Logística
como o não cumprimento do FIFO, operam também dez empilhadeiras, (Grupo Águia Branca) que também é
por exemplo, e tudo isso acabou sen- todas da marca Hyster, que vieram da responsável pelo transporte dos veícu-
do previsto dentro dela, de forma a antiga operação interna da Mercedes. los acabados para os portos do Rio, de
controlar a operação da melhor for- O COL tem uma área total de onde seguem para o mercado europeu,
ma possível, em detalhes.” 65 mil m2, sendo 12 mil m2 de área e para Santos, que atende aos outros
Rezende explica que, além da agili- coberta, e está prevista uma ampliação mercados no exterior. A empresa tam-
dade e da visibilidade, o sistema tam- de 4.200 m2, totalizando 16.200 m2 de bém é responsável pelo transporte dos
bém dá segurança às operações por- área de armazéns. A unidade é um ar- carros para o mercado nacional, que

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Mercedes-Benz investe na produção
Montadora inicia montagem de veículos comerciais na
planta de Juiz de Fora e expande a linha no ABC paulista

A Mercedes-Benz do Brasil anunciou,


no início do mês de março, um novo
aumento de sua capacidade de produção
ação adotada pela empresa a fim de su-
portar o aguardado crescimento é ex-
pandir a capacidade de produção da fá-
de veículos comerciais. A estratégia con- brica de São Bernardo do Campo para
siste em começar a utilizar as instalações 75 mil unidades até 2012. Para isso, a
da planta, localizada na cidade de Juiz de companhia assinou, no último dia 5 de
Fora (MG), a partir de 2011. Nesse local, março, um contrato de empréstimo no
hoje, é fabricado o modelo de automó- valor de R$ 1,2 bilhão junto ao Banco
vel coupé CLC. A iniciativa se deve pelo Nacional de Desenvolvimento Econô-
fato de a empresa ter boas perspectivas mico e Social (BNDES).
de crescimento de vendas nos mercados Na opinião do vice-presidente exe-
latino-americanos, especialmente no cutivo da Divisão Caminhões Mercedes-
Brasil, nos próximos anos. A montado- Benz Europa e América Latina, Huber-
ra acredita que, diante de um cenário de tus Troska, o Brasil é um mercado com
perspectiva de expansão de seus negó- grandes oportunidades de crescimento.
cios em médio e longo prazos, a deman- “Temos o objetivo de explorar plena-
da de vendas de seus veículos comerciais mente esse potencial. Nesse sentido, a
será ainda maior que a capacidade de expansão da nossa capacidade de pro-
produção disponível na unidade de São dução é um passo certo e no momento
Bernardo do Campo (SP), onde é produ- correto. Estamos particularmente satis-
zida a linha comercial. feitos com os novos postos de trabalho
Segundo o presidente da Mercedes- que já foram criados no país”, afirma.
Benz do Brasil, Jürgen Ziegler, a decisão Para Ziegler, os recursos provenien-
de integrar Juiz de Fora ao sistema de tes do BNDES reforçam ainda mais o
produção de veículos comerciais Mer- compromisso da montadora com o
cedes-Benz confirma a importância es- crescimento econômico do país. “A
tratégica da unidade para os negócios aplicação dos recursos na planta de São
da empresa. “Essa medida reafirma Bernardo do Campo é ampla e não esta-
uma clara perspectiva de futuro aos rá limitada ao aumento significativo da
colaboradores da planta, profissionais capacidade produtiva. Nós também in-
altamente capacitados. Essa expansão vestiremos em pesquisas, no desenvol-
é a melhor solução para ampliar o nos- vimento de tecnologias, bem como na
so sistema de produção de veículos co- modernização das áreas de produção,
merciais no Brasil”, diz. logística e de serviços”, garante.
De acordo com o executivo, com No Centro de Pesquisa e Desen-
essa medida, a rede de fornecedores da volvimento Tecnológico, também lo-
região também será aumentada. “Acre- calizado em São Bernardo do Campo,
ditamos que a expansão de nossas ope- os investimentos serão destinados ao
rações e o impacto positivo sobre os for- desenvolvimento de novos componen-
necedores também contribuirão para a tes e tecnologias, incluindo motores a
geração de empregos e investimentos diesel apropriados para atender à nova
na cadeia produtiva”, acrescenta. e restrita legislação ambiental, Conama
Além de começar a produzir veícu- P7. Além disso, o programa de protóti-
los comerciais em Minas Gerais, outra pos de veículos será aumentado.
saem diretamente da fábrica para as
concessionárias.
A Multiterminais envia cerca de 20

Marcio Brigatto
carretas por dia à fábrica, mas o volume
pode variar de acordo com a demanda.
O transporte do Porto Seco até o COL é
feito através de pranchas portacontêi-
neres. Já do COL para a fábrica são em-
pregadas carretas Sider, com aberturas Para abastecer a fábrica com caixas pequenas e peças sequenciadas, são utilizados
rebocadores, com maior capacidade que as empilhadeiras
laterais, que, de acordo com o gerente
da Multiterminais, é o sistema mais o gerente da Multiterminais. Ao todo, de produção, seguindo a determina-
rápido e ágil para a carga e a descarga são cinco carrinhos da marca Jacto e ção da fábrica.
desse tipo de produto. “Não podemos quatro rebocadores, da marca Cotatec, Ficou de fora do escopo do opera-
usar rebocadores porque passamos utilizados nas rotas fixas, que perten- dor apenas a armazenagem das peças
por rodovias, mas eles são utilizados cem à própria montadora. de origem nacional, bem como daque-
dentro da fábrica. Nós embarcamos A operadora logística é respon- las produzidas pelos fornecedores do
os carrinhos no Sider já com as peças sável pelo abastecimento através do pool interno da Mercedes-Benz. Em
acondicionadas e, na fábrica, eles são sistema Kanban, baseado em quanti- ambos os casos, os itens são entregues
acoplados aos rebocadores. Esse equi- dades, e também pelo sistema sequen- diretamente na fábrica, onde são rece-
pamento é usado para caixas pequenas ciado, em que as peças já entram na bidos pela Multiterminais no mesmo
e para as peças sequenciadas”, explica linha de montagem na ordem exata pulmão onde são descarregadas as car-
LEAN LOGISTICS

retas vindas do COL. Ao todo, são 22 Era muito espaço ocupado, que hoje “Ficamos muito satisfeitos com isso, pois
fornecedores instalados na região e três está livre para atividades de valor agre- não houve demissões”, afirma.
dentro da fábrica – Leoni, Pirelli e Lear, gado”, comemora Leite, explicando Outra vantagem foi o operador ter
que abastecem a linha em just in time. que a coordenação da logística reversa integrado parte dos equipamentos de
A fábrica mantém hoje um estoque de é da fábrica, mas a responsabilidade é movimentação, que anteriormente
cerca de três dias de peças nacionais. do operador e a atividade é gerenciada pertenciam à fábrica. Cerca de 30% das
Toda a programação de pedido das pe- através de indicadores de performance empilhadeiras, todas da marca Hyster,
ças, tanto nacionais como importadas, previstos em contrato. foram absorvidas pela Multiterminais.
é feita diretamente pela montadora. Segundo Leite, por semana a fábri- Embora não revele os números, a
ca recebe cerca de 70 contêineres e re- Mercedes considera que os custos lo-
Logística Reversa torna para a Alemanha cerca de cinco gísticos representam um percentual
mil embalagens, contemplando racks, extremamente impactante no seu cus-
Outra vantagem do projeto lean paletes, tampas, embalagens de pape- to final de produção. Com este projeto,
foi retirar da fábrica as embalagens e a lão, metálicas e plásticas. “É uma ope- a montadora reduziu em 10% os cus-
operação de logística reversa. “Antes, a ração que tem que ser bem amparada, tos de sua logística inbound, além de
limpeza e a organização dos contêine- pois a Mercedes segue à risca a legisla- ter atingido o principal objetivo com o
res, racks e paletes eram feitas dentro ção ambiental. Os nossos paletes são projeto, que era o respeito ao FIFO.
da fábrica e agora passaram a ser feitas identificados com a estrela do logotipo
dentro do Porto Seco, pelo operador da marca, o que ajuda, no controle, a Futuro
logístico. Ele retira as embalagens, des- não se misturarem com os paletes de
monta, higieniza e faz a estufagem dos fornecedores internos. Temos cerifica- Os estudos do Projeto Logística
contêineres com embalagens vazias, ções como OSA e ISO 14.000, e tudo Lean começaram em 2008 e a conso-
gerencia o seu desembaraço e as devol- isso deve ser considerado em um pro- lidação se deu a partir de agosto de
ve para a Alemanha”, explica o gerente cesso como este”, conta Leite. 2009. Romina Schardong, superviso-
da Mercedes. “Esse também é um ga- Anteriormente, a logística inter- ra de Logística Outbound da fábrica,
nho em outra atividade que não agrega na era feita pela empresa parceira da ressalta que o projeto foi inteiramente
valor para nós. Imagine todo este ma- Mercedes-Benz na Alemanha, respon- desenvolvido pela e para a unidade de
nuseio sendo feito aqui dentro, todos sável pela consolidação das peças no Juiz de Fora e não é algo importado da
estes contêineres esperando para serem porto de Bremen. De acordo com Fer- matriz. “O novo sistema se apoia nos
desovados ou ovados para o retorno. nando Leite, trocar de parceiro logís- processos e certificações que a Mer-
tico não é uma cedes-Benz possui em nível mundial,
tarefa fácil, mas relacionados à segurança e à questão
neste caso o que ambiental. Esses ganhos são difíceis de
pesou foi o fato mensurar, porém são importantes para
de a Multiter- a filosofia da empresa como um todo.
minais entender E o operador logístico também tem
melhor a cultura que trabalhar dentro dessas normas,
local, principal- que nós monitoramos e até auditamos,
mente no tocan- para garantir que tudo funcione a con-
te às leis e aos tento. Isso faz parte dos indicadores de
procedimentos desempenho previstos no contrato”,
de desembaraço explica a supervisora.
aduaneiro. Rodrigo Santana, supervisor de
Fernando Lei- Logística Inbound da montadora,
Marcio Brigatto

te conta que um complementa que os KPIs foram pra-


facilitador do pro- ticamente mantidos, já que a Multiter-
cesso de troca de minais já desempenhava a maioria das
PSL foi o fato de o operações para a fábrica. Foram acres-
parceiro atual ter centados alguns relativos às novas
A Multiterminais faz ainda o retorno das embalagens absorvido a mão funções assumidas, como a multa por
vazias, que voltam para a Alemanha de obra anterior. demurrage – a demora de devolução

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dos contêineres. “O antigo operador da cabem melhorias. “Sempre se pode ções on-site para cargas de projetos,
não tinha essa responsabilidade, que melhorar, porque uma coisa é tentar montando filiais dentro das obras
agora nós delegamos à Multiterminais. fechar todos os gaps da operação no e entregando os equipamentos de
Temos um prazo para o contêiner ficar planejamento, e outra é a prática, na acordo com o seu cronograma. Mas a
em nosso poder e, a partir daí, incide qual algumas estratégias funcionam e indústria automotiva está sendo uma
uma multa diária. Quem paga isso so- outras não. Além disso, há a melhoria excelente novidade para nós”, con-
mos nós, mas a partir de agora isso será contínua, que é necessária, especial- clui Rezende.
repassado ao operador. Este é um dos mente numa operação logística como O diretor de Logística do Grupo
pontos de melhoria do projeto que es- a nossa, que é muito dinâmica.” Multiterminais, Ricardo Vega, afirma
tamos trabalhando”, informa. Para a Multiterminais, o retorno que a indústria automotiva é, sem
O projeto lean ainda prevê outros com este projeto está sendo muito dúvida, a mais exigente e sofisticada
desdobramentos, pois, como havia a positivo. Mesmo já sendo responsá- em suas demandas. “Ficamos honra-
operação interna, ainda existe um res- vel por boa parte da logística desse dos de estar num seleto grupo de em-
quício de estoque mantido na fábrica. cliente, o abastecimento de linha presas em nível global a prestar este
“São poucos itens que ainda restam, está sendo uma experiência nova, tipo de serviço.”
em razão do número de customizações que rende desdobramentos. “Já te-
oferecidas pelo modelo, porém serão mos uma operação semelhante para Silvia Marino
consumidos em breve”, ressalta o ge- um cliente do setor de informática
rente da Mercedes. na região de Resende (RJ), envolven-
Eles consideram que o projeto do porto seco também, só que para a www.mercedes-benz.com.br
está em fase de maturação e que ain- distribuição. Nós já fazíamos opera- www.multiterminais.com.br

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