Técnicas Estendidas para Saxofone em Obras Por Meio de Colaboração Compositor - Interprete PDF
Técnicas Estendidas para Saxofone em Obras Por Meio de Colaboração Compositor - Interprete PDF
Técnicas Estendidas para Saxofone em Obras Por Meio de Colaboração Compositor - Interprete PDF
ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA DA UFRN
LINHA DE PESQUISA: PROCESSOS E DIMENSÕES DA
PRODUÇÃO ARTÍSTICA
Natal
Fev / 2015
KLEBER DESSOLES MARQUES
Natal
Fev / 2015
KLEBER DESSOLES MARQUES
Banca Examinadora:
Prof. _____________________________________________________
Prof. ____________________________________________________
Prof. _____________________________________________________
Natal
Janeiro de 2015
AGRADECIMENTOS
This dissertation deals with the use of extended techniques for the saxophone
in the piece Minus (for solo saxophone in Bb), composed through a composer-performer
collaboration between Agamenon de Morais and the saxophonist Kleber Dessoles. The
text is organized in the following manner: the first part brings the historical background
of the concert music written for the saxophone since the beginning of the 20th-century,
exploring the use of extended tehcniques and the main characters and historical facts of
this period, with data obtained through a literature review; the second part deals with the
issue of the composer-performer collaboration, since cases documented in the 18th and
19th centuries until nowadays, exploring in which different ways collaborations may
happen and the motivations behind them; the third and final part is about the specific
work, followed by a detailed description of the collaboration between the composer and
the interpreter, as well as detailed explanations about the extended techniques present in
the work (multiphonics and flatterzunge), through bibliographic and documental
research, as well as descriptions of the meetings between composer and interpreter. At
the end of the collaborative process, one may say that the final result was created from a
sum of the composer's knowledge with the interpreter's, almost as if the composition
had double authorship. The document describing this process may help composers and
interpreters in composing for the saxophone, as well as guide future collaborative
experiences.
SUMÁRIO
8
1962), escrito em dois movimentos, para saxofone alto solista acompanhado por uma pequena
orquestra de cordas e sopros (flauta, oboé, clarinete, fagote, trompa e trompete), também
dedicado a Sigurd Raschèr; e a Fantasia (1948) do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos
(1887-1958), escrita para saxofone soprano em Bb e orquestra de câmara e duas trompas,
dedicada a Marceu Mule2.
Nos anos 80, a música para saxofone solo ganhou grande visibilidade,
principalmente na França, graças ao Institut de Recherche et Coordination
Acoustique/Musique (IRCAM), grupo criado e coordenado por Pierre Boulez 3 no final da
década de 1970, um estúdio de música computadorizada com a finalidade de “trazer a ciência
e a arte juntas, a fim de ampliar a instrumentação e rejuvenescer a linguagem musical”
(IRCAM SOLO INTRUMENTS, [2013], p,8; GRIFFITHS; SANTARRITA; BRANDÃO,
1995, p.29). Essa ampliação do próprio conceito de música trouxe consigo a necessidade de
potencializar o aprimoramento dos instrumentos musicais, bem como a expansão das
possibilidades técnicas de tocá-los. Assim, começou-se a escrever não mais apenas para o
saxofone alto, mas também para o restante da família, com destaque para as vozes extremas
como o saxofone baixo em Bb e saxofone sopranino em Eb (CHATEMPS; KIENTZY;
LONDEIX, 1990, p. 37).
Com a necessidade de tocar instrumentos de dimensões diferentes e até mesmo de
trocá-los, algumas vezes, numa mesma música com rapidez, surge uma nova noção de
virtuose: o saxofonista que consegue adaptar-se, em frações de segundos, a diferentes
tamanhos de instrumentos e suas embocaduras. Sendo assim, o instrumentista virtuose não é
simplesmente aquele capaz de tocar o máximo de notas em um curto período de tempo, e sim
1
Sigurd Raschèr (1907-2001): saxofonista e professor alemão erradicado nos Estados Unidos no final da década
de 1930, onde trabalhou como solista de diversas bandas e orquestras. Era conhecido, principalmente, pela sua
habilidade em tocar os sobreagudos. Raschèr também fundou o Raschèr’s Saxophone Quartet, grupo com o qual
gravou muitas obras de compositores como Berio, Glass e Xenakis. Teve mais de 140 composições dedicadas a
ele por compositores como Glazunov, Ibert, Hindemith, Milhaud entre outros. Deu aulas na Juiliard School, na
Manhattan School e na Eastman School (GELLES; SCHMELZ, 2002).
2
Marcel Mule (1901- 2001): saxofonista e professor francês, foi o primeiro a ganhar notoriedade tocando
saxofone à maneira clássica e influenciou todos os seus contemporâneos. Construiu o que hoje chamamos de
quarteto de saxofones francês - utilizando os saxofones soprano em Bb, alto em Eb, tenor em Bb e barítono em
Eb - adaptando e arranjando o repertório tradicional dos quartetos de cordas (dois violinos, uma viola e um
violoncelo). Em 1942 assumiu o posto de professor de saxofone do Conservatório de Paris tendo sucedido o
próprio Adolphe Sax. Mule conciliou as carreiras de professor e solista até o ano de 1968, quando aposentou-se,
mas a sua maneira de tocar e pensar o saxofone continua, ainda hoje, a influenciar saxofonistas e professores da
escola clássica (ROSSEAL, 1985).
3
Pierre Boulez (1925-) Compositor e regente francês, autor de diversos trabalhos sobre a música contemporânea.
No início de sua carreira estudou com Messiaen (1944-5) no conservatório, em seguida estudou as obras de
Schoenberg com René Leibowitz (1945-6). Nesse período, suas composições combinavam dodecafonismo e a
influência de Messiaen, tendo assim desenvolvido em 1952, o serialismo total. Também é fortemente
influenciado pelo trabalho literário de René Char (GRIFITHIS; SANTARRITA; BRANDÃO, 1995, p.29).
9
aquele que consegue dominar as diversas possibilidades de execução dos vários instrumentos
da família dos saxofones (CHATEMPS; KIENTZY; LONDEIX, 1990, p. 37).
Das obras mais importantes escritas para saxofone nos últimos anos, com as mais
diversas estéticas musicais, pode-se citar: Tre Pezzi (1984) do compositor italiano Giacinto
Scelsi (1905-1988), escrita em três movimentos para saxofone soprano em Bb; Sonata (1970)
do compositor russo Edison Denisov (1929-1996), para saxofone alto em Eb e piano;
Sequuenza IXb (1980) do compositor italiano Luciano Berio (1925-2003), escrita para
saxofone alto em Eb solo; Épisode Quatrième (1983) da compositora francesa Betsy Jolas
(1926), escrito para saxofone tenor em Bb solo; Le Frêne Égaré (1978) do compositor francês
François Rossé (1945), escrita para saxofone alto em Eb solo e dedicada a Jean-Marie
Londeix4.
4
Jean-Marie Londeix (1932-): saxofonista e professor francês que estudou com Marcel Mule no Conservatório
de Paris em sua adolescência, onde recebeu inúmeros prêmios. Como solista teve cerca de 250 obras dedicadas a
ele. É fundador da French Saxophonists Association e do International Saxophone Comittee, além de ter escrito
diversos livros e métodos sobre o saxofone e suas possibilidades sonoras (JEAN-MARIE, 2013).
10
Exemplo 2: trecho da peça Sequuenza IXb do compositor italiano Luciano Berio (1925-
2003), escrita para saxofone alto em Eb solo (BERIO, 1980, p. 6).
11
Os dois autores definem que essas seriam “a técnica não-usual: maneira de tocar ou
cantar que explora possibilidades instrumentais, gestuais e sonoras pouco utilizadas em
determinado contexto histórico, estético e cultural” (PADOVANI; FERRAZ, 2011, p.11).
É necessário esclarecer que, historicamente, desde a consolidação da composição
instrumental e da notação musical, a partir do Renascimento Tardio e do início do século
XVII, o uso de técnicas estendidas se tornou inerente a toda prática instrumental, tendo em
vista que elas são derivadas da experimentação dos recursos instrumentais e vocais. Sendo
assim pode-se dizer que o surgimento dessas técnicas é um processo natural e funciona em
ciclos. Portanto, o que antes era tido como técnica estendida hoje pode ser considerado como
“lugar comum” da prática instrumental, como, por exemplo, o tremulo e o pizzicato para
instrumentos de corda, que foram aplicados na música de concerto pela primeira vez em 1624
na obra Il Combattimento di Tancredi e Clorinda de Claudio Monteverdi (1567-1643), com a
intenção de produzir um efeito sonoro que reforçasse o drama da cena operística
(PADOVANI, FERRAZ, 2011, p. 12). Ou seja, a utilização das técnicas estendidas, oriundas
das experimentações de instrumentistas e cantores, não é um fim em si mesmo, pois elas são
aparatos técnicos disponíveis a compositores e intérpretes, que, quando utilizadas como
reforço do desenho dramático de uma obra, podem potencializar o discurso musical e trazer
referências extramusicais.
Assim como no caso das cordas, anteriormente citado, compositores exploraram os
recursos instrumentais do saxofone a fim de reforçar os discursos musicais nos mais diversos
contextos. As técnicas geradas pela experimentação têm sido utilizadas no saxofone desde a
sua criação, tendo em vista que a maioria delas não são oriundas desse instrumento e sim
importadas de outros mais antigos, como é o caso da respiração circular, técnica que já era
utilizado há cerca de 1500 anos, na Austrália, para se tocar o didjeridu, ou mesmo o staccato
duplo e triplo e o flatterzunge, que já eram utilizados por outros instrumentos de sopro como
trompetes, trombones, trompas e flautas.
Em meados de 1920, com a popularização do saxofone e sua utilização em bandas
militares, de Jazz e Swing nos Estados Unidos, começaram a surgir os chamados “efeitos”
sonoros do instrumento. Os ditos “efeitos” remetiam ou imitavam situações do cotidiano das
pessoas e eram geralmente tocados pelos solistas dos naipes dos saxofones, de forma jocosa e
virtuosística, dando um toque bem-humorado aos seus solos. Eram tidos como os principais
efeitos da época: o rosnado, a buzina de carro, a risada, o choro, o espirro, o miado, entre
12
outros (WEBER, 1926). Pode-se citar como principal expoente desse tipo de técnica o
saxofonista Rudy Wiedoeft5.
Apesar dos saxofonistas do início do século XX utilizarem técnicas não usuais em
suas práticas musicais, esses elementos só foram absorvidos pela música de concerto a partir
de sua sistematização, em forma de livros e métodos com fins didáticos. Nesse sentido, deve-
se citar alguns trabalhos que fizeram com que as técnicas estendidas, utilizadas à época,
fossem popularizadas e consequentemente assimiladas como prática usual dos saxofonistas e,
por conseguinte, aplicadas por diversos compositores em suas obras.
O primeiro trabalho ao qual se pôde ter acesso ao longo desta pesquisa foi o Sax-
Acrobatix (1926) de Henri Weber. Trata-se de um libreto escrito com linguagem simples e
descontraída, que teve como finalidade explicar, por meio de exemplos musicais e pequenos
textos descritivos, como aprender a tocar os principais efeitos/técnicas da época anteriormente
citados.
Nos anos subsequentes, diversos trabalhos foram publicados sobre o assunto. Alguns
abordavam as novas técnicas de maneira mais detalhada, outros de forma mais geral,
5
Rudy Wiedoeft (1893-1940): natural de Detroit nos Estado Unidos, originário de uma família de músicos, foi
mais conhecido por utilizar um saxofone Melody em C e pelas suas notáveis aptidões técnicas quanto aos
staccatos duplo e triplo, o slap tong, as digitações falsas e a “risada”. Dentre as suas mais notáveis composições
estão Saxophobia, Saxemia e Saxarella. (CHATEMPS; KIENTZY; LONDEIX, 1990, p. 43).
13
enquanto que alguns nem mesmo citavam tais técnicas. Entre esses trabalhos, pode-se citar:
Staccatos and Legatos de Jascha Gurewich (GUREWICH, 1927), Modern Method for the
Saxophone (WIEDOEFT, 1927) e Advanced Etudes & Studies for the Saxophone
(WIEDOEFT, 1928) de Rudy Wiedoeft, Tongue Gymnastix for the Developement of Speed in
Single-Double and Triple Tongueing de Henri Weber (WEBER, 1927), The Henri Lindeman
Method for Saxophone (LINDEMAN, 1934a) e A Detailed Analysis of Embouchure,
Breathing, Tone Production, Vibrato, Tonguing, Phrasing, Articulation de Henry Lindeman
(LINDEMAN, 1934b).
Alguns trabalhos ganharam notoriedade por terem sido escritos com o intuito de
abordar apenas uma técnica de maneira bastante aprofundada. Nesse sentido, o primeiro
trabalho de grande repercussão no meio foi a primeira edição do Top-Tones for the
Saxophones de Sigurd Raschèr (RASCHÈR, 1941). No livro, o autor trata especificamente de
um aspecto das técnicas estendidas, os sobreagudos ou overtones, que são as notas que
ultrapassam o registro normal do instrumento, ou seja, as notas posteriores ao F5 6 (Fá cinco).
Na referida obra, Raschèr trabalha inicialmente a qualidade sonora, por meio de exercícios de
variações súbitas de dinâmicas, passando por estudos de legato em diferentes registros do
instrumento e finalmente chegando aos sobreagudos. Para tanto, Raschèr sugere exercícios
que utilizam os lábios e as cordas vocais para obter os harmônicos naturais do instrumento.
Na segunda parte do livro, os sobreagudos são amplamente trabalhados por meio dos
harmônicos naturais do instrumento e finalmente, o autor traz dedilhados específicos para os
sobreagudos.
O que difere o trabalho de Raschèr dos outros da sua época é justamente o fato de
que ele visava dar mais possibilidades sonoras ao instrumento, expandindo a extensão do
saxofone para além das duas oitavas e meia habituais (RASCHÈR, 1977, p.11). Saxofonistas
como Marcel Mule restringiam os seus trabalhos a estudos de mecanismo nas duas oitavas e
meia (de Bb 2 ao F 5) do instrumento, usando como base adaptações de melodias escritas para
flauta, violino e clarinete.
6
Neste trabalho, tomou-se como referência o saxofone alto da época, que ia regularmente do Sib 2 ao Fá5.
14
Exemplo 4: capa e página 12 do método Top-Tones for the Saxophone de Sigurd Raschèr
publicado em 1941. Exemplo dos estudos de harmônicos naturais sugeridos pelo autor.
15
Exemplo 5: páginas 14 e 23, respectivamente, do Preliminary Exercises & Etudes in
Contemporary Techniques for Saxofone de Ronald L. Caravan (CARAVAN, 1980).
O Livro de Caravan faz uma ligação direta entre a música contemporânea, a notação
musical específica dessa música e a sistematização do ensino das novas técnicas
instrumentais. O autor fornece explicações técnicas e uma série de sugestões de exercícios
destinados ao aprimoramento necessário do interprete, para que ele possa atingir as
sonoridades idealizadas pelos compositores.
Em 1985, Hubert Prati partiu do mesmo princípio que Caravan e publicou o
Approuche de la Musique Contemporaine. Trata-se de 15 estudos melódicos que têm por
finalidade introduzir progressivamente os saxofonistas às técnicas estendidas para o
instrumento, bem como familiarizar os intérpretes aos sinais de notação musical de cada uma
das técnicas expostas no livro. Desta forma, o foco deste trabalho de Prati não está somente na
exploração das técnicas estendidas, mas sim na escrita de música contemporânea para o
saxofone (PRATI, 1985).
16
Exemplo 6: páginas 3 e 11, respectivamente, do Approuche de la Musique
Contemporaine de Humbert Prati (PRATI, 1985).
17
Exemplo 7: capa do livro HELLO! Mr. Sax or Parameters of Saxophone de Jean-
Marie Londeix (LONDEIX, 1989).
18
2 COLABORAÇÃO COMPOSITOR-INTÉRPRETE
19
se tinha na música antiga e de como, com a Revolução Francesa e a criação do modelo de
ensino de música conservatorial, no início do século XIX, essa relação transformou-se
drasticamente.
20
colaborativo pode ser visto como um esforço para a superação da mútua deficiência
de percepção (DOMENICI, 2013, p.11).
Domenici (2013, p.1) afirma que este tipo de conduta, relacionada à colaboração
mediada por notação musical, está ligada “às relações de poder estabelecidas na divisão de
trabalho entre quem cria/compõe e quem reproduz/toca”. Sendo assim, os dois indivíduos têm
diferentes posições hierárquicas que os definem socialmente, traçando uma dinâmica vertical,
na qual o trabalho de um está subjugado ao do outro. Essa postura de subordinação é
repassada ao intérprete desde os seus primeiros anos de aprendizagem musical, no
conservatório. Porém, o que acontece num processo colaborativo real é justamente o
contrário. Os trabalhos de compositores e intérpretes têm a mesma importância, mesmo com a
divisão do trabalho, fazendo com que se crie uma relação horizontal de poderes, minimizando
ou quase eliminando o fator hierárquico desta relação.
21
no Brasil e em todo o mundo, de maneira que pode-se notar, em periódicos e anais de
congressos da área, uma quantidade maior de estudos relacionados ao tema, mesmo assim, os
números ainda são tímidos em ralação à produção de estudos relacionados ao assunto. É o que
foi constatado por Borém e Ray (2012, p. 137) em um estudo a respeito da pesquisa em
performance musical no Brasil no século XXI, onde os dois autores apontaram que em
periódicos de circulação internacional como a Per Musi, por exemplo, nos últimos de 15 anos
de sua história, apenas 3,9% das pesquisas versam sobre colaboração compositor-performer.
Um número bem pequeno quando comparado ao índice de artigos sobre abordagens
analíticas, que no mesmo período foi de 20,9%.
Para Sonia Ray (2010, p. 1310), o processo colaborativo vem se mostrando uma
excelente maneira de “compositores e intérpretes aprenderem pela convivência em um
território que é, por natureza, do outro”. Sendo assim, a colaboração também se apresenta
como um método dialético, por meio do qual os dois indivíduos envolvidos expõem suas
experiências individuais sobre um determinado assunto, com o intuito de fazer com que o
outro possa acrescentar informações pertinentes aos seus próprios conceitos. Dessa maneira,
as duas partes envolvidas ganham e cada uma segue o seu caminho sem necessariamente
mudar de opinião sobre o assunto.
Falando mais especificamente sobre o papel do intérprete no processo colaborativo
contemporâneo, Ray acredita que:
22
compositor e intérprete também gera a exploração das técnicas estendidas, pois elas
geralmente não constam nos tratados de orquestração e é por meio da colaboração que as
mesmas são acrescidas ao repertório de música de concerto.
23
conseguir fazer com que suas obras sejam tocadas, sendo assim, o trabalho em colaboração
com intérpretes pode dar a esses compositores possibilidades, tanto de experimentação de
técnicas composicionais quanto de visibilidade do grande público.
Compositores e intérpretes também podem ser motivados a trabalhar em colaboração
por meio de um laço afetivo de amizade, empatia ou outro qualquer. Nesses casos, os sujeitos
podem desenvolver aspectos musicais que sejam análogos às suas relações, tendo como
resultado musical obras que retratem características desses relacionamentos.
Outro tipo de colaboração bastante recorrente é a encomenda de obras ou
comissioning, que ocorre quando intérpretes vão a compositores e encomendam que os
mesmos componham peças para seus instrumentos e/ou grupos. A encomenda pode ser
motivada pela poética do compositor ou gosto pessoal do intérprete. Nesses casos, há a
possibilidade de pedir ao compositor (caso ele aceite) que utilize uma peculiaridade como, por
exemplo, tonalidade, timbre, técnica, dentre outras, e após a fase composicional, ainda revisar
a partitura para a edição final. Há também a possibilidade de firmar um contrato com o
compositor a respeito da estreia da obra, da quantidade de vezes que o intérprete vai poder
tocá-la, quando outras pessoas vão poder tocá-la também, etc.
Sendo assim, o processo colaborativo de composição configura-se como uma
ferramenta eficaz de produção de ideias musicais que pode acontecer de diversas maneiras,
por vários motivos, mas que em todos eles há sempre o intuito de produzir música tendo
como foco a escrita idiomática para um instrumento em particular ou uma formação musical.
24
3 MINUS DE AGAMENON MORAIS
3.1 A Parceria
3.2 Minus
Minus é o primeiro movimento da Suíte Grega, composta entre 2013 e 2014, como
atividade vinculada às disciplinas do Programa de Pós-Graduação em Música
(mestrado) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Mesmo sendo o
25
primeiro movimento, ele foi o último a ser composto, como encomenda de um
colega de curso, participante da formação prevista para a execução da suíte. A
composição do movimento já estava prevista e a encomenda consistiu na sugestão
de uso de técnicas idiomáticas para o saxofone. (MORAIS JÚNIOR; SILVA, 2014).
26
Exemplo 8: trecho do material composicional onde que constam os saltos de mais de uma
oitava, por vezes atingindo os sobreagudos.
Vale salientar que Minus foi composta em etapas bem definidas, planejadas em
forma de camadas. A esse respeito Morais Júnior e Silva (2014) explicam que:
Sendo assim, essa primeira colaboração serviu apenas para a delimitação da tessitura
da peça dentro das possibilidades do saxofone, para que o compositor pudesse acrescentar as
próximas camadas à obra.
A próxima colaboração aconteceu quando o compositor já havia finalizado as etapas
de duração de tempo das notas, dinâmicas, articulações, e multifônicos (versão 0.5.8, anexo
27
2). A essa altura, já se tinha um desenho claro da obra em si e também de suas especificidades
musicais e principais demandas técnicas.
Inicialmente, Minus foi composta para saxofone tenor em Bb, assim como os outros
dois movimentos da Suíte Grega (Trius e Icarus) em que aparece o saxofone. Mas nunca foi
realmente tocada com o saxofone tenor em Bb, pois houve uma impossibilidade, por parte do
intérprete, pois o mesmo não tinha um instrumento a sua disposição. Além disso, a maior
parte dos multifônicos escritos na peça não funcionou no instrumento utilizado pelo intérprete
na fase de leitura da peça (saxofone tenor Selmer Paris, Serie III). A esse respeito, o
compositor informou que utilizou como referência uma lista de multifônicos contida no Hello
Mr. Sax! parameters of the saxophone. (LONDEIX, 2010)
Com o intuito de descobrir o motivo pelo qual os multifônicos escritos em Minus não
funcionaram, o intérprete verificou que em Londeix (2010) o autor afirma que “os
multifônicos podem ser afetados pela boquilha ou palheta usada, e também pela marca e
modelo do próprio instrumento”. E ainda mais, que no referido trabalho “toda pesquisa foi
realizada com os saxofones Selmer Super-Action, e com as boquilhas Selmer S-80 C*”
(LONDEIX, 2010, p. 2, tradução nossa), material fabricado no início da década de 1980.
Sendo assim, foi levantada a hipótese de que os modelos de saxofone, do intérprete e o
utilizado na pesquisa de Londeix (2010) tenham diferenças estruturais e/ou acústicas que
impossibilitam a aplicação da mesma tabela de multifônicos para ambos. Todavia, para
afirmar como verdadeira tal ideia seriam necessárias mais pesquisas que pudessem tornar essa
hipótese conclusiva, de maneira que o alongamento dessa discussão foge ao escopo deste
trabalho, mas o surgimento de tal questão abre possibilidades para pesquisas futuras.
Havendo a impossibilidade de tocar o que fora escrito até então, o intérprete sugeriu
que a obra fosse adaptada para saxofone soprano em Bb, pois o mesmo possuía o instrumento
e o compositor não iria precisar transpor a composição. Para a resolução do problema dos
multifônicos escritos na peça, compositor e intérprete resolveram substituí-los, um a um,
mantendo a nota de base de cada multifônico por multifônicos extraídos de Kientzy (1982) e
testados cuidadosamente pelo intérprete, a fim de aferir a sua usabilidade no contexto da obra.
Além de disso, ainda foram feitos ajustes nas dinâmicas da obra onde aparecem os
multifônicos, pois como pode-se ver na próxima sessão deste trabalho, cada multifônico
selecionado tem uma gama de dinâmica possível catalogada por Kientzy (1982) e a indicação
incorreta de dinâmica poderia gerar problemas na performance. Dessa forma, o resultado
28
musical final desse processo (versão 0.6.1, anexo 4) deu origem a uma obra de
aproximadamente quatro minutos, escrita de forma idiomática para o saxofone.
Minus Minus
Exemplo 9: primeira pagina de Minus nas versões 6.0 e 6.1, consecutivamente, depois das
alterações dos multifônicos.
29
3.2.2 Multifônicos para Saxofone
O saxofone é instrumento melódico; como tal, costuma tocar apenas uma altura
sonora por vez. A ideia de ampliar os recursos musicais do instrumento dando-lhe a
possibilidade, por vezes, de soar como um instrumento harmônico tem motivado diversos
compositores e saxofonistas a pesquisar, compor e desenvolver o repertório do instrumento
sob esta perspectiva.
A produção das ditas sonoridades múltiplas, sons múltiplos ou apenas multifônicos é
um recurso originário das culturas orientais, utilizado em instrumentos como o didjeridu7,
geralmente associado a instrumentos de sopro (metais e madeiras) e teve uma de suas
primeiras aparições, na música de concerto ocidental, na Senquenza I (1958), para flauta solo
de Luciano Berio. Desde então, os multifônicos vêm sendo aplicados aos diversos
instrumentos das famílias das madeiras e dos metais.
Exemplo 10: multifônicos da Senquenza I (1958) de Luciano Berio, para flauta solo (BERIO,
1958, p.5).
Para o saxofone, a primeira obra de grande importância que utilizou multifônicos foi
a Sonata (1970), para saxofone alto e piano de Edison Denisov. (LONDEIX, 2010, p.2). A
sonata foi dedicada a Jean Marie-Londeix, pertence à fase serial de composição de Denisov e
apresenta multifônicos duplos e triplos em seu segundo movimento. (KHOLOPOV;
TSENOVA, 2005, p. 114).
7
Instrumento de sopro muito antigo, datado há cerca de 1500 anos, oriundo das tribos aborígenes australianas. É
um aerofone, ou seja, um instrumento cilíndrico feito de madeira onde o som é produzido pela vibração
dos lábios e por outros sons produzidos pelo instrumentista (KNOPOFF, 2015).
30
Exemplo 11: multifônicos no início do segundo movimento da Sonata (1970) para saxofone
alto e piano de Edison Denisov. (DENISOV, 1970)
Há inúmeras sonoridades múltiplas que podem ser obtidas pelo saxofone. Para
Chautemps, Kientzy e Londeix (1990, p. 82), existem dois tipos de multifônicos para
saxofone. O primeiro tipo são os multifônicos formados por dois ou três sons consonantes
(geralmente em intervalos de segundas e terças, acompanhados ou não da nona), tocados em
dinâmica suave (piano). O segundo tipo são os multifônicos formados por quatro, cinco ou
seis sons, muito ruidosos, podendo conter intervalos de sétimas e nonas menores, tocados em
dinâmica forte.
Exemplo 12: primeiro e segundo tipo de multifônico, num quadro indicando transposição,
som real, repetições e dinâmicas, dedilhado, batimentos possíveis, sons separados e outras
possibilidades. (KIENTZY, 1982, p.33-46).
31
Muitas vezes, o intérprete desavisado acredita que basta utilizar a digitação de um
multifônico indicada numa partitura para obter a sonoridade desejada pelo compositor. Na
verdade, na maioria das vezes, o intérprete irá precisar aliar o dedilhado especifico e a técnica
de emissão sonora aos equipamentos apropriados para a produção do som desejado.
Para Caravan (1980, p.18) existem duas maneiras de se obter os multifônicos. A
primeira delas parte do princípio de que a resultante sonora que escutamos quando tocamos
uma nota da região média do saxofone é composta por diversas parciais, que podem ser
isoladas pelo intérprete por meio de manipulação da coluna de ar, da embocadura e por vezes
do uso de equipamentos especiais. Dessa maneira pode-se obter sons múltiplos com a mesma
digitação de um som regular.
32
Exemplo 13: parte do exercício sugerido para estudo dos multifônicos utilizando dedilhados
convencionais (CARAVAN, 1980, p. 19).
Exemplo 14: parte do exercício sugerido para estudo dos multifônicos utilizando dedilhados
convencionais (CARAVAN, 1980, p. 21).
A segunda maneira apontada por Caravan (1980), e mais abordada pela maioria dos
outros autores como Kientzy (1982) e Londeix (1989), de obter multifônicos no saxofone,
também utiliza a manipulação da coluna de ar, da embocadura e o uso de equipamentos
específicos, mas tem o acréscimo de dedilhados especiais, que geralmente, facilitam a
obtenção dos multifônicos.
33
(...) [Estes multifônicos] são produzidos por meio de configurações de dedilhados
não convencionais que parecem estimular um equilíbrio peculiar de ressonâncias na
coluna de ar o que resulta em mais do que um som audível. Multifônicos produzidos
com dedilhados especiais geralmente requerem menos desvio da técnica usual,
dependendo de quão eficientemente os padrões de dedilhado afetam a coluna de ar.
(CARAVAN, 1980, p. 22, tradução nossa)
Exemplo 15: parte do exercício sugerido para estudo dos multifônicos utilizando dedilhados
especiais (CARAVAN, 1980, p. 23).
Os multifônicos contidos em Minus têm entre dois e seis sons. São assim
categorizados na primeira e segunda categorias, citadas anteriormente por Chautemps,
Kientzy e Londeix (1990, p. 82) por terem intervalos de segundas, terças, sétimas e nonas
maiores e menores, podendo serem de pouco a muito ruidosos; e na segunda categoria para
Caravan (1980, p.22) por utilizarem dedilhados especiais. Sendo assim, as dinâmicas
possíveis inerentes a esses multifônicos estão entre o pianissimo e o fortíssimo.
Dessa forma, acredita-se que o trabalho colaborativo pôde contribuir para que o
compositor tivesse uma gama maior de possibilidades sonoras, a partir do material teórico
sobre os multifônicos para saxofone, tendo como base a experimentação dos mesmos pelo
intérprete, fazendo que a obra pudesse ser, de fato, tocável.
34
Exemplo 16: multifônicos utilizados em Minus, num quadro indicando transposição, som
real, repetições e dinâmicas, dedilhado, batimentos possíveis, sons separados e outras
possibilidades. (KIENTZY, 1982).
Oridinário do idioma alemão, esse termo é a junção da palavra flattern, que quer
dizer vibração, com a palavra zunge, que quer dizer língua. O recurso sonoro consiste em
executar uma determinada altura sonora, acrescida de um elemento rítmico constante
(batimento) a fim de gerar um efeito que lembra um trêmulo dos instrumentos de cordas, ou
um rulo de um instrumento de percussão. A técnica pode ser utilizada por todos os
instrumentos de sopro, pois o princípio técnico para produção desta é o mesmo em qualquer
um dos instrumentos, mas há especificidades técnicas que devem ser empregadas em cada
instrumento. O flatterzunge “é geralmente indicado pela notação simples, flatt. escrito acima
ou abaixo da nota, muitas vezes marcada precisamente” (LONDEIX, 1989, p. 45, tradução
nossa). Mas não é raro de se encontrar indicações divergentes da afirmação de Londeix
(1989), podendo deparar-se com indicações similares ao termo como: frull., flatterz., etc.
35
Exemplo 17: exemplo de dois tipos de notação do flatterzunge (MICHAT; VENTURI,
2010).
Exemplo 19: indicação de flatterzunge em Inprovisation I (1972) para saxofone alto solo de
Ryo Noda (NODA, 1974).
36
Pode-se tocar em toda a extensão do saxofone, menos no sobreagudo, mas é
necessário dizer que os resultados são medíocres se utilizados nas regiões graves dos
saxofones barítonos, baixos e contrabaixos. (CHAUTEMPS; KIENTZY;
LONDEIX, 1990, p. 81, tradução nossa)
Londeix (1989, p. 45, tradução nossa) afirma que o flatterzunge do primeiro tipo
“pode ser produzido apenas quando há tempo suficiente de preparação para posicionar a
boquilha na boca da forma adequada”, ou seja, o intérprete precisa posicionar a boquilha de
uma forma que a mesma fique com uma porção menor de seu corpo dentro da boca, para que
assim ele possa posicionar a língua no local correto.
A segunda maneira de se produzir o flatterzungue consiste em fazer vibrar o palato
mole (garganta) com se estivesse gargarejando.
37
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
38
maneiras de produzir música de maneira colaborativa e que as motivações para que se firmem
as parcerias entre os sujeitos são tão diversas quanto estas.
No capítulo 3, foi feita uma descrição detalhada do processo colaborativo de
composição da obra Minus, para saxofone soprano em Bb solo, desde o estágio inicial que vai
do surgimento da parceria, à motivação, às etapas composicionais e aos detalhes da
colaboração do ponto de vista do intérprete. Na segunda parte do capítulo, foi feita uma
minuciosa descrição sobre as técnicas estendidas para saxofone existentes na obra
(multifônicos e flatterzunge), a fim de obter explicações teóricas sobre as técnicas contidas na
obra, para só assim poder utiliza-las, tanto do ponto de vista da composição quanto da
performance, de maneira consciente.
A colaboração mostrou-se extremamente benéfica para ambos os sujeitos. O
compositor pôde experimentar as suas ideias musicais diretamente com o intérprete,
reestruturá-las ou até mesmo utilizar novas ideias que antes ele ainda não tinha tido, devido à
vivência com o intérprete, dentre outras coisas. Para o intérprete, a possibilidade de trabalhar
com o compositor minimiza os riscos de uma performance equivocada, ou de um mau
entendimento dos sinais grafados na partitura, além de poder influenciar o trabalho de
composição de novas obras para o seu instrumento. O resultado final da obra é derivado da
soma dos conhecimentos do compositor e do intérprete, combinados, quase como se a
composição tivesse uma dupla autoria.
Por fim, espera-se ter estabelecido e apontado um possível caminho para outras
pesquisas relacionadas ao objeto de estudo deste trabalho e, ao mesmo tempo, ter gerado um
material de referência sobre as técnicas estendidas para saxofone e o processo colaborativo de
composição musical.
39
ANEXOS
40
41
42
43
Anexo 2: versão 0.5.8 de Minus de Agamenon de Morais.
44
45
46
47
48
49
Anexo 3: versão 0.6.0 de Minus de Agamenon de Morais.
50
51
52
53
Anexo 4: versão 0.6.1 de Minus de Agamenon de Morais.
54
55
56
57
REFERÊNCIAS
BERIO, L. Sequenza I: para flauta solo. Milano: Edizioni Suvini Zerboni, 1958.
BORÉM, Fausto; RAY, Sonia. Pesquisa em Performance Musical no Brasil no Século XXI:
problemas, tendências e alternativas. In: II Simpósio Brasileiro de Pós-graduação em Música.
Anais... Rio de Janeiro: UNIRIO, 2012.
DENISOV, Edison. Sonata: pour saxophone alto et piano. Paris: Alphonse Leduc, 1970.
GELLES, G.; SCHMELZ, P. Sigurd Raschèr. Grove Music Online. Oxford Music Online.
Oxford University Press, 2002. Disponível em: <www.grovemusic.com>. Acessado em: 01
mai. 2014.
58
GUREWICH, Jascha. Staccatos and Legatos: studies for the saxophone. Cleveland: Sam
Fox Publishing, 1927.
HARNONCOURT, Nikolaus. O discurso dos sons: caminhos para uma nova compreensão
musical. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
HARRISON, Iain. An Exploration Into the Uses of Extended Techniques in Works For
the Saxophone, and How Their Application May Be Informed By a Contextual
Understanding of the Works Themselves. 2012. 244f. Tese de Doutorado. University of
Hudderfield.
IRCAM SOLO INTRUMENTS. [S.l.]: Uvi Sounds & Software, v. 1, [2013]. Disponível
em:
<http://cdn.waycom.net/media/universsons/uvisoundsource.com/demo/doc/Ircam_Preset.pdf>
. Acesso em: 03 out. 2014.
JOLAS, Betsy. Épisode Quatrième: pour saxophone tenor seul. Paris: Alphonse Leduc,
1984.
KIENTZY, D. Les Sons Multiples aux Saxophones: pour saxophones, sopranino, soprano,
alto, tenor et batyton. Paris: Éditions Salabert, 1982.
KNOPOFF, Steven. Didgeridu. Grove Music Online. Oxford Music Online. Oxford
University Press, 2012. Disponível em: <www.grovemusic.com>. Acessado em: 26 jan. 2015.
LANG, Rosemary. Beginning Studies in the Altissimo Register. Indianapolis: Lang Music
Publications, 1971.
59
LINDEMAN, Henry. A Detailed Analysis of Embouchure, Breathing, Tone Production,
Vibrato, Tonguing, Phrasing, Articulation. New York: Mills Music. 1934a.
______. The Henri Lindeman Method for Saxophone. New York: Mills Music. 1934b.
LONDEIX, Jean-Marie. Hello! Mr. Sax: parameters of the saxophone. Paris: Alphonse
Leduc, 1989.
MORAIS JÚNIOR, A. Minus, para saxofone soprano solo. Partitura. Natal: Muse Score (Ed.
Agamenon de Morais, 2014) 2014.
NASH, Ted. Ted Nash’s Studies in High Harmonics. New York: Leeds Music
Corporation, 1946.
NODA, Ryo. Improvisation I: pour saxophone alto seul. Paris: Alphonse Leduc, 1974.
PADOVANI, José Henrique; FERRAZ, Sílvio. Proto-História, Evolução e Situação Atual das
Técnicas Estendidas na Criação Musical e na Performance. Revista Música Hodie, Goiânia,
V – 11, n.2, 2011, p. 11 – 35.
RASCHÈR, S. M. Top-tones for the Saxophone: four-octave range. New York: Carl
Fischer, Third Edition, 1977.
60
RAUMBERG, C.; VENTZKE, K. Saxophone. Grove Music Online. Oxford Music Online.
Oxford University Press, 2012. Disponível em: <www.grovemusic.com>. Acessado em: 15
jan. 2013.
ROUSSEAU, Eugene. Marcel Mule: his life and the saxophone. Saxophone Journal, volume
10, number 3, 8-16, 1985.
SINTA, Donald J.; DABNEY, Denise C. Voicing: an approach to the saxophone’s third
register. [S. l.]: Sintafest Music. 1992.
______. Tongue Gymnastix: for the Developement of Speed in Single-Double and Triple
Tongueing. New York: Belwin Inc. 1927.
WEDERQUIST, Marsha Jones. The Brahms, Schumann, and Joachim Violin Concert: an
analysis of relationships. 1961. 137 f. Tese (Doutorado) - Curso de Music, University Of
Wyoming, Laramie, 1961.
WEISS, Marcus; NETTI, Giorgio. The Techniques of Saxophone Playing. New York:
Bärenreiter, 2010. Disponível em:
<https://www.baerenreiter.com/materialien/weiss_netti/saxophon/>. Acesso em: 07 out. 2014.
WIEDOEFT, Rudy. Modern Method for the Saxophone. New York: Robbins Music
Corporation, 1927.
______. Etudes & Studies for the Saxophone. New York: Robbins Music Corporation,
1928.
61