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Bizu 2017

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1) Paciente do sexo masculino, 52 anos, portador de diabetes tipo 2, sem história de

etilismo ou tabagismo, compareceu à consulta médica apresentando em seu exame


bioquímico níveis plasmáticos elevados de insulina basal, glicemia, aminotransferases
e gama-GT. Após a realização de exames complementares, identificou-se esteato-
hepatite não alcoólica. O paciente foi encaminhado para avaliação nutricional que
identificou, entre outros dados: peso = 96kg; altura = 1,70m; circunferência da cintura
= 105cm.
De acordo com o caso apresentado:

a) Identifique as desordens metabólicas apresentadas pelo paciente que estão


associadas à etiopatogenia da esteato-hepatite não alcoólica e descreva os
mecanismos fisiopatológicos envolvidos

As desordens metabólicas apresentadas pelo paciente que se relacionam à


etiopatogenia da esteato-hepatite não alcoólica são: obesidade (total e central) e
diabetes tipo 2/ resistência à insulina.

São propostos como mecanismos fisiopatológicos:

 Obesidade: aumento da captação hepática de ácidos graxos livres associada à


resistência à insulina e hiperinsulinemia e o aumento da expressão do TNF – alfa nos
adipócitos.
 Diabetes tipo 2 e resistência à insulina: aumento da captação hepática de ácidos
graxos livres associada à resistência à insulina e hiperinsulinemia, dismotilidade
intestinal associada ao supercrescimento bacteriano e aumento da expressão do TNF
– alfa induzindo estresse oxidativo.

b) Considerando a terapia nutricional deste paciente, associada às alterações no


padrão alimentar, foi prescrito o uso de ácidos graxos ômega-3. Apresente duas
justificativas que embasem essa prescrição para pacientes com esteato-hepatite não
alcoólica.

Redução plasmática da concentração do ácido araquidônico, inibindo


competitivamente a via da ciclo-oxigenase, atenuando a resposta inflamatória
 Modulação de genes relacionados à beta-oxidação, induzindo biologicamente o
catabolismo de constituintes lipídicos no parênquima hepático e inibindo a transcrição
de genes com ação lipogênica no fígado
 Possui efeito antioxidante
 Estimulação do sistema imunológico
 Pode reduzir a incidência de hepatite

2) Idosa de 67 anos foi diagnosticada com câncer cólon retal, sendo indicado
tratamento combinado neoadjuvante de quimioterapia e radioterapia. Há dois anos
com nódulos em margem anal, evoluiu com fezes de odor forte e sangramento, relatou
perda ponderal de 20kg em 6 meses. Na consulta nutricional de pré-tratamento
informou quadro de dor durante a evacuação e alteração da função intestinal,
alternando episódios de diarreia e constipação. Ingestão alimentar e hídrica em torno
de 60% das necessidades diárias nos últimos meses. Avaliação antropométrica:
estatura = 1,57m; peso atual = 48,7kg; peso habitual = 68kg; IMC = 19,76kg/m².
Avaliação Subjetiva Global Preenchida pelo próprio paciente (ASGPPP) – B; escore –
9 pontos. De acordo com o caso apresentado:
a) Considerando o Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, analise o caso
descrevendo e justificando os indicadores de risco nutricional presentes, indicando as
taxas calóricas, proteicas e hídricas recomendadas e justifique a frequência em que
essa paciente deve ser reavaliada.

a) A desnutrição, que frequentemente está presente no paciente oncológico, é um


fator preditor de morbimortalidade, assim, avaliar o estado nutricional do paciente
oncológico em quimio e radioterapia é fundamental para a conduta terapêutica e para
a qualidade de vida do paciente. Segundo o Consenso Nacional de nutrição
oncológica de 2015 os indicadores de risco nutricional desta paciente são:

 ASG-PPP ≥ 2 e ASG = B – A paciente tem escore de 9 e classificação B – risco


nutricional
ASG – B →Este indicador nutricional subjetivo aponta para desnutrição moderada ou
suspeita de desnutrição e escore de 9 que reflete analise dos sintomas indica uma
necessidade crítica para controle dos sintomas e ou opções de intervenção nutricional.
 Ingestão alimentar < 75% das necessidades – Paciente apresenta
comprometimento da ingestão alimentar e hídrica (60%) nos últimos meses
considerando risco nutricional.
 Sintomas do TGI – diarreia / constipação – diarreia representa má absorção de
nutrientes e perda hídrica e de electrólitos.

Localização da doença: segundo o consenso tumores na região do TGI são


considerados factores de risco pelo impacto que causam no estado nutricional.
 % Perda de peso grave – 20 Kg em 6 meses representa perda grave.

b) Considerando que a área a ser irradiada no caso acima é a pelve, cite três efeitos
tóxicos agudos e três efeitos tóxicos tardios (> 90 dias após tratamento) que poderão
ocorrer.

Toxicidade aguda: Diarreia, cólicas, inchaço, flatulência, colite aguda ou enterite,


intolerância a lactose, fadiga, perda de apetite, sensação de queimadura na urina.
 Toxicidade intestinal tardia: estenose, ulceração, obstrução, perfuração, fístula.

c) Descreva a orientação nutricional específica a ser feita à idosa, relacionada ao


efeito colateral do quimioterápico oxaliplatina, prescrito no tratamento.

c) Pacientes com câncer colon retal recebendo oxaliplatina não devem beber, comer
ou manipular alimentos ou bebidas geladas por até 5 dias por causa de disestesias
(efeito colateral em que há aumento na sensibilidade a alimentos frios e objetos frios e
metálicos) relacionadas ao tratamento ou parestesias transitórias das mãos, pés e
garganta.

3) Paciente de 68 anos deu entrada na enfermaria de cardiologia para compensação


de insuficiência cardíaca, relatando náuseas, vômitos, dispneia a pequenos esforços,
cansaço e perda de peso não intencional de 10kg nos últimos seis meses. A
acompanhante refere que na última semana o paciente vem apresentando baixa
aceitação alimentar, sendo a ingestão menor que a metade do que é oferecido. Ao
exame, identificou edema bilateral em membros inferiores, localizado no tornozelo (+/+
+++), associado à congestão pulmonar, sendo iniciada terapia diurética com
furosemida. Os exames laboratoriais evidenciaram anemia e hipoalbuminemia e os
dados antropométricos no momento da internação eram: peso = 51kg, altura = 1,75m,
percentual de adequação da circunferência muscular do braço = 68%. Diagnóstico:
insuficiência cardíaca descompensada, classe funcional III e caquexia cardíaca.
De acordo com o caso apresentado:

a) Defina caquexia cardíaca e cite três fatores que contribuem para a menor ingestão
alimentar e aproveitamento de nutrientes encontrados nesses pacientes.

a) Caquexia cardíaca é definida como perda de peso involuntária de pelo menos 6%,
sem edema, em um período de 6 meses.
Fatores que contribuem para a menor ingestão alimentar e aproveitamento de
nutrientes nesses pacientes:
- Alterações no trato digestório: náuseas, vômitos, compressão gástrica, congestão
hepática, sensação de plenitude, edema de alças intestinas que leva a diminuição da
capacidade absortiva, enteropatia perdedora de proteínas.
- dispneia, fadiga
- falta de fluxo sanguíneo para o intestino pode provocar perda da integridade
intestinal, e bactérias e outras toxinas podem entrar na corrente sanguínea e causar
ativação de citocinas que também estão relacionadas ao estado catabólico.

b) Durante a internação, a equipe optou pela terapia de nutrição enteral. No hospital


estavam disponíveis duas dietas enterais: dieta A - apresenta densidade calórica de
1,0kcal/ml e dieta B - apresenta 1,5kcal/ml. Determine as necessidades calóricas
(kcal/kg/dia) e o volume de dieta (ml/dia), para aporte pleno, de acordo com a dieta
enteral a ser escolhida. Justifique sua resposta.

b) Necessidades energética: de acordo com Cuppari – pacientes nutricionalmente


depletados 32kcal/kg/dia, Krause: 31 a 35kcal/kg/dia.
Cálculos: peso seco = 51 – 1 (edema de tornozelo) = 50 kg
31 kcal/kg/dia = 31 x 50 = 1550 kcal/dia
32 kcal/kg/dia = 32 x 50 = 1600 kcal/dia
33 kcal/kg/dia = 33 x 50 = 1650 kcal/dia
34 kcal/kg/dia = 34 x 50 = 1700 kcal/dia
35 kcal/kg/dia = 35 x 50 = 1750 kcal/dia
Volume da dieta: a dieta enteral que deve ser escolhida é a densidade energética 1,5
kcal/ml, objetivo de se evitar sobrecarga cardíaca, evitar a sobrecarga digestiva e ao
oferecer maior densidade calórica conseguimos oferecer maior aporte calórico e
reduzir a perda de peso.
De acordo com a caloria escolhida anteriormente o volume será:
31 kcal/kg/dia = 1550 kcal = volume de dieta = 1033,3ml
32 kcal/kg/dia = 1600 kcal = volume de dieta = 1066,7ml
33 kcal/kg/dia = 1650 kcal = volume de dieta = 1100ml
34 kcal/kg/dia = 1700 kcal = volume de dieta = 1133,3ml
35 kcal/kg/dia -= 1750 kcal = volume de dieta = 1166, 7ml

c) Cite dois micronutrientes que devem ser monitorados nesse paciente, justificando
sua resposta
c) Devido ao uso de diuréticos, no caso, furosemida (diurético tiazídico) os
micronutrientes que devem ser monitorados são: potássio, magnésio, tiamina.

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