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Tema 4 Liderança

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Módulo: Organizar e Gerir Centros num contexto de FBC

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Tema 4: A Liderança

4.1. Teorias de liderança: teoria caminho-objectivo e teoria da liderança situacional

a) Apresentação da Teoria Caminho-Objectivo

A teoria “caminho-objectivo”, desenvolvida por Robert House, é uma teoria de liderança que
defende que o desempenho dos trabalhadores pode ser melhorado pelo líder desde que este
lhes assegure e ajude a conseguir recompensas por eles desejadas como consequência da
realização dos objectivos da organização. Nesse sentido, o líder deverá apostar na clarificação do
comportamento que os trabalhadores deverão ter para alcançar as ditas recompensas. Segundo
House, o desempenho dos subordinados resulta mais eficaz se o líder definir claramente a tarefa,
facultar formação aos trabalhadores, ajudar a trabalhar eficazmente e estabelecer recompensas
adequadas e directamente relacionadas com o nível de desempenho.

Segundo a teoria “caminho-objectivo” de House existem quatro estilos de comportamento de


liderança que permitem aos líderes manipularem as variáveis motivacionais, nomeadamente: estilo
directivo, apoiante, participativo e orientador. Para que o líder tenha sucesso, é necessário que
consiga adoptar cada um dos comportamentos de acordo com a situação no momento.

A natureza da situação que o líder enfrenta depende essencialmente de dois conjuntos de factores
contingenciais:

• Características do ambiente: inclui o tipo de tarefa/trabalho, o tipo de estrutura


organizacional e o grupo de trabalho;
• Características dos subordinados: inclui o grau de controlo necessário, as suas
experiências a valências.

Enquanto as características do ambiente/tarefa influenciam o comportamento dos trabalhadores


em termos de motivação, as características dos subordinados afectam a sua satisfação no trabalho

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Docente: Msc. Miguel Rafael
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e a aceitação do líder. Adaptando o estilo de liderança aos dois grupos de factores contingenciais,
o líder pode aumentar a motivação e satisfação dos trabalhadores no trabalho que executam.

b) Liderança situacional: definição e seus principais benefícios

O que é a teoria da liderança situacional?

A liderança situacional é um modelo de liderança que foi desenvolvido por Paul Hersey e Ken
Blanchard no final da década de 1960, enquanto escreviam o livro “Gerenciamento do
Comportamento Organizacional”. Inicialmente, era conhecida como teoria do ciclo de vida da
liderança. Entre as décadas de 1970 e 1980, Hersey e Blanchard seguiram caminhos diferentes:
cada um desenvolveu seu próprio modelo, usando a teoria da liderança situacional.

A teoria pode ser aplicada de duas formas diferentes:

• Uma delas é para o desenvolvimento de um indivíduo. Neste caso, o líder terá uma relação
de longo prazo com a pessoa sendo liderada; o objetivo é levá-la a um nível de
desenvolvimento em que seja altamente capaz e motivado.
• A outra forma é para o desenvolvimento de um projeto. A relação é de curto prazo e seu
objetivo é completar o projeto no período definido e com alta qualidade.

A grande vantagem é que ela evita os problemas da “superliderança” e da “subliderança”. Em


outras palavras, quando a atuação do líder é excessiva, os colaboradores sentem-se limitados e
acreditam que não existe confiança no seu trabalho. Em contrapartida, quando esta atuação é
insuficiente, os colaboradores sentem-se abandonados e inseguros.

Poe isso, por meio da liderança situacional, é possível ajustar a atuação do líder na exata medida
das necessidades da equipe.

O conceito de “prontidão” e sua importância na teoria situacional

O ponto fundamental do modelo de liderança situacional é que não existe um único estilo de
liderança que seja o melhor. Ao contrário, a liderança efetiva é voltada para a tarefa a ser
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desenvolvida. Assim, o líder de maior sucesso é aquele que consegue adaptar seu próprio estilo
à maturidade, ou prontidão, dos colaboradores com quem trabalha.

Prontidão, neste caso, tem um sentido especial e pode ser compreendida como a combinação de

suas características: vontade e capacidade de assumir responsabilidade por seu próprio


comportamento. Em outras palavras, há duas questões essenciais que a liderança situacional
propõe:

• Os colaboradores estão dispostos a, proativamente, assumir o controle do seu próprio


trabalho? (vontade)
• Os colaboradores estão preparados para, proativamente, assumir o controle do seu
próprio trabalho? (capacidade)

Baseando-se nas respostas obtidas, então, chegamos a quatro estágios de prontidão:

P1: baixa vontade e baixa capacidade. Nota-se baixa autoconfiança nesse estágio.

P2: alta vontade e baixa capacidade. Existe motivação, mas é preciso o apoio do líder.

P3: baixa vontade e alta capacidade. Existe conhecimento técnico, mas o colaborador demonstra-
se desmotivado.

P4: alta vontade e alta capacidade.

Os estilos gerais de liderança situacional

Qual é a relação dos quatro estágios de prontidão com a liderança situacional? Basicamente, o
líder deve adaptar-se ao estágio em que sua equipe se encontra no momento presente, adotando posturas
diferentes frente a cada um deles. Dessa forma, existem também quatro estilos gerais. São eles:

a) Direção: o líder adopta um comportamento de alto grau de direcção e baixo grau de


apoio.

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b) Orientação: o líder adopta um comportamento de alto grau de direcção e alto grau de


apoio.
c) Apoio: o líder adopta um comportamento de baixo grau de direcção e alto grau de apoio.
d) Delegação: o líder adota um comportamento de baixo grau de direcção e baixo grau de
apoio.

Vale a pena destacar que “direcção”, “direcionamento” ou ainda “comportamento diretivo” é a


comunicação de mão única, do líder para o colaborador. Neste caso, o líder vai instruir o
colaborador sobre como exercer seu trabalho, de um ponto de vista técnico. Segundo Ken
Blanchard, as três palavras-chaves neste comportamento são: estrutura, controle e
supervisão.

Enquanto isso, “apoio” ou “comportamento de apoio” é a comunicação de duas vias entre líder
e colaborador. Ou seja, o líder ouve ativamente o que seu colaborador tem a dizer, oferece
encorajamento e inclui a equipe no processo de tomada de decisão. As palavras-chaves são:
elogiar, ouvir e facilitar.

O desenvolvimento dos colaboradores

Outro elemento importante da teoria da liderança situacional é o desenvolvimento de


competência e comprometimento dos colaboradores. Assim, eles terão uma força motora
interna, em vez de depender dos outros para receber apoio e direcionamento.

Em outras palavras, o líder situacional adapta-se ao estágio de maturidade atual da equipe.


Entretanto, ao mesmo tempo, ele também ajuda seus colaboradores a atingir um estágio mais
avançado.

Em relação a este elemento, também é possível identificar quatro diferentes níveis de


desenvolvimento:

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Nível 1: baixo nível de desenvolvimento, caracterizado por baixa competência e baixo


comprometimento.

Nível 2: baixo a moderado nível de desenvolvimento, caracterizado por baixa competência e alto
comprometimento.

Nível 3: moderado a alto nível de desenvolvimento, caracterizado por alta competência e


comprometimento variável.

Nível 4: alto nível de desenvolvimento, caracterizado por alta competência e alto


comprometimento.

De acordo com Paul Hersey, uma expectativa alta (e realista) da parte do líder provoca alta
performance dos colaboradores. Da mesma maneira, uma expectativa baixa provoca baixa
performance. Assim, é mantendo expectativas desafiadoras em relação a sua equipe que o líder
poderá desafiá-la a atingir um maior nível de desenvolvimento.

As práticas centrais

Para concluir esta apresentação da teoria da liderança situacional, vamos abordar suas práticas
centrais. Assim como todos os outros itens anteriores, este também se divide em quatro
elementos. Eles são: diagnosticar, adaptar, comunicar e avançar.

a) Diagnosticar é desenvolver um entendimento da situação actual da sua equipe, a qual


você tentará influenciar. É impossível exercer a liderança situacional sem conhecer muito
bem seus colaboradores.
b) Adaptar, como já apontado várias vezes, é fazer um ajuste consciente no seu próprio
comportamento, em resposta às contingências de cada situação.
c) Comunicar é interagir com seus colaboradores de uma maneira que eles possam
entender e aceitar. Quer o comportamento do líder seja diretivo, quer seja de apoio, ele
deve ser capaz de transmitir sua mensagem adequadamente para, de fato, impactar a
equipe.
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d) Avançar, a última prática, é gerenciar o desenvolvimento dos colaboradores. Com isso,


fecha-se o ciclo da liderança situacional.

Como age um líder situacional?

De acordo com teoria formulada por Kenneth Blanchard e Paul Hersey, o líder situacional sabe
que precisa extrair o melhor do material humano que tem nas mãos hoje e não do que pode vir
a ter amanhã. É fundamental, portanto, que entenda profundamente sua equipe. Assim pode
motivar os colaboradores de modo a fazer com que cada um eleve seu potencial ao máximo,
independentemente das próprias limitações.

No dia a dia, o líder situacional não se concentra nos pontos fracos. Muito pelo contrário, ele
vislumbra os objetivos que podem ser alcançados exactamente a partir das virtudes e das
competências disponíveis em cada sector. Esse gestor actua, então, no sentido de tornar a equipe
mais forte, instigando o foco e a confiança dos funcionários para que ultrapassem quaisquer
desafios que estejam enfrentando.

Quais são suas principais qualidades?

Por tudo isso e muito mais, é recomendável que o gestor abra mão de posturas e medidas
autocráticas, com o propósito de garantir o apoio irrestrito de seus colaboradores. O carisma e
a capacidade de aglutinação serão fundamentais nesse processo. Quer saber quais são as
principais qualidades do líder situacional? Veja só:

a) Flexibilidade: Um bom líder situacional sabe ouvir seus comandados, identificando os


focos de conflito, entendendo o motivo das queixas e estudando a viabilidade das
alternativas propostas por quem conhece bem o dia a dia da empresa. Mas atenção: ser
flexível, entretanto, não significa ser permissivo. E para não cruzar essa linha, é
fundamental se posicionar, evitando interpretações dúbias por parte dos outros gestores.

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b) Comunicação: É importante que o líder situacional saiba traduzir sua visão a todos os
demais gestores e, obviamente, aos funcionários. Acredite: quanto mais claro e objetivo
for, mais inspirador será. É simples: ao adotar uma linguagem franca e de fácil
compreensão, o líder consegue amenizar a sensação de confusão dos momentos de crise,
proporcionando a tranquilidade necessária para a superação dos obstáculos.

c) Relacionamento: Arrogância e autoritarismo nunca abrem caminhos na busca por


soluções. Com isso em mente, o líder situacional deve se esforçar para construir e
fortalecer laços, tornando as equipes mais coesas e em sintonia com as necessidades da
organização.

d) Resiliência: Poucos conseguem manter o planejamento e o foco enquanto são


bombardeados por todos os lados, não é verdade? Pois essa é exatamente uma das
principais virtudes da liderança situacional: ater-se aos objetivos traçados e suportar a
conjuntura ruim, até que as condições se tornem mais favoráveis. Resiliência é a chave.

e) Delegação: Enquanto a centralização excessiva atrasa o aprimoramento dos processos e


o aprendizado dos colaboradores, a delegação de tarefas investe em autonomia, a fim de
que novas lideranças e talentos possam surgir. Esse aspecto está relacionado à prática do
empoderamento, que tem como objetivo dar liberdade (com responsabilidade) para que
os funcionários assumam papéis relevantes, tornando-se mais confiantes e conscientes de
suas próprias qualidades e competências.

f) Abordagem: Um verdadeiro líder situacional consegue enxergar o todo, agindo em várias


frentes e corrigindo o maior número possível de falhas, onde quer que elas se encontrem.
Muitas vezes, por mais que os gargalos de uma organização estejam interligados, a linha
que os une é invisível (pelo menos à primeira vista). É incumbência do gestor desvendar
essas conexões e atuar em todas elas.

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Exercício de Consolidação

1.Defina o conceito de liderança.


a) Faça a distinção entre um líder e um gestor.

Parte I: Sobre a teoria de liderança caminho-objectivo proposta por Robert House

2. Discuta a essência da teoria de liderança caminho-objectivo proposta por Robert House


(seja o mais resumido possível).
3. Na perspectiva de House, existem 4 estilos de comportamento de liderança na sua teoria
(directivo, apoiante, participativo e orientador).
a) Caracterize cada um dos estilos comportamentais acima referidos.
4. Segundo o autor, a natureza da situação que o líder enfrenta, depende fundamentalmente de
2 tipos de factores contingenciais.
a) Explica o significado de cada um reforçando com exemplos concretos (nota 1
exemplo para cada)

Parte II: Sobre a liderança situacional ou contingencial de Paul Hersey e Ken


Blanchard
5. Explique em poucas palavras a essência da teoria de liderança situacional.
6. Discuta de forma breve e resumida, o papel assumido pela “prontidão” na actuação do líder
nesta abordagem teórica.
7. Represente graficamente os 4 estágios de prontidão que caracterizam esta teoria
situacional/contingencial
8. Sobre os estilos gerais de liderança situacional, apresente um exemplo para cada um (direcção,
orientação, apoio e delegação), alinhando-os ao contexto de escola.

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