Determinação da Carência Bioquímica de Oxigénio por Sistema Manométrico

OBJECTIVO:
O objectivo deste trabalho é a determinação da carência bioquímica
de oxigénio numa amostra através do método respirométrico num sistema
manométrico. Este método permite quantificar o consumo de oxigénio na
respiração dos microorganismos que utilizam a matéria orgânica no
efluente, em que no nosso caso, determinamos o CBO 5 do ácido sulfanilico.

MÉTODO:
O método utilizado neste trabalho experimental é o método
respirométrico, no qual é usado uma garrafa de incubação onde é colocado
um determinado volume de amostra e a sementeira de microorganismos,
devendo a mistura ser mantida sob agitação. O volume restante no interior
da garrafa contém ar, com cerca de 21% de oxigénio.
Durante a incubação o oxigénio consumido na oxidação, vai sendo
compensado pelo oxigénio que é transferido do ar para a água, verificando-
se uma diminuição da pressão . O dióxido de carbono produzido é absorvido
por uma substância ( hidróxido de lítio) colocada na boca do frasco, não
interferindo no teste.
A diferença de pressão ocorrida no interior do frasco de incubação
durante o ensaio é registada no manómetro. Esta variação é proporcional ao
oxigénio consumido, sendo a leitura efectuada na escala graduada em CBO.

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 Determinação da Carência Bioquímica de Oxigénio por Sistema Manométrico

PARTE EXPERIMENTAL

Material:
 Material corrente do laboratório;
 Sistema manométrico de marca WTW modelo 1002
 Balança analítica
 Aparelho de medidor de pH

Reagentes:

 Ácido sulfanilico ou ácido 4-aminobenzenosulfonico: C6H7NO3S

M=173,19 g/mol
Irritante
R36/38: irritante para os olhos e a pele
R43: possibilidade de sensibilização em contacto com a pele
S24: evitar o contacto com a pele
S37: usar luvas adequadas

 Bicarbonato de sódio: NaHCO3

M=84.01g/mol

 Cápsulas de hidróxido de lítio: LiOH

M=23.95g/mol
Corrosivo
R35: provoca queimaduras graves
S26:em caso de contacto com os olhos lavar imediatamente com água e
consultar um médico
S36/37/39: usar protecção adequada para os olhos e para a cara

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Procedimento Experimental:

A solução de ácido sulfanilíco 30 mg/l já nos foi fornecida. A massa pesada

foi dissolvida em água de diluíção, que se encontrava preparada segundo o
protocolo, em que antes de perfazer o volume é medido o pH da solução,
este tem de estar compreendido entre 6,5 e 7,5. Caso seja necessário,
ajustar com solução tampão.

Transferir 250 ml de amostra para o frasco de 500 ml do sistema

manométrico, 5 ml de sementeira e por fim adicionar uma pequena
quantidade de inibidor de nitrificação.

Colocar uma barra magnética no frasco e LiOH no suporte apropriado junto

ao gargalo do frasco.
O frasco é posto no aparelho e rolhado firmemente, para evitar fugas.

Colocar o sistema numa sala com ausência de luz e a uma temperatura

constante de 20º C. Esperar 30 minutos para ser atingido o equilibrio.

Fazer duas leituras diárias durante 5 dias, anotando o dia e a hora a que
cada leitura foi efectuada.
Após os 5 dias, retirar o sistema da sala e proceder à lavagem do material.

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Representação esquemática da montagem de um frasco de incubação

RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Uma vez ter ocorrido um incidente durante o nosso teste, não nos foi
possivel utilizar os nossos valores, sendo assim recorremos a valores
fornecidos pela professora e obtidos em anos anteriores.

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Tratamento de Resultados

Factor de conversão

A CBO é carência bioquímica de oxigénio e define-se como a

quantidade de oxigénio dissolvido, expressa em mg/L que é consumido
durante a oxidação biológica aeróbia da matéria orgânica durante os 5 dias
que permanece na incubação a 201ºC.

bactérias
Matéria orgânica + O2 CO2 + H2O + NH4+ + Bactérias
micronutrientes

O sistema utilizado neste trabalho, o sistema manómetrico permite

acompanhar o consumo de oxigénio durante a análise.
Este sistema permite medir a queda de pressão, que ocorre em cada
garrafa de incubação, sendo esta queda proporcional ao oxigénio consumido.
O oxigénio consumido na oxidação, vai sendo compensado pelo oxigénio que é
transferido do ar para a água. De salientar que o CO 2 produzido não
interfere no teste, uma vez que este gás é fixado quimicamente numa
pastilha de hidróxido de sódio.
Cada garrafa de gás de 500 ml está ligada a uma coluna de vidro onde
a progressão do mercúrio é directamente convertida em O 2 consumido após
aplicação de um factor de conversão que depende do volume adicionado. O
factor de conservação corresponde ao número utilizado para converter as
leituras realizadas na escala de 0- 40 mg/L.
A escala dos manómetros de mercúrio graduada em CBO apresenta o
valor máximo de 40 mg O2/L, sendo assim é necessário utilizar um factor de
conversão caso as amostras apresentem um valor de CBO superior a 40.
Existe uma relação entre o volume de amostra colocada no frasco de
incubação e o valor de CBO esperado.

 Determinação do factor de conversão:

Uma vez que a garrafa de incubação tinha um volume de 500 ml, e

adicionamos 365 ml de amostra, o volume total de ar presente na garrafa é
de 135 ml, sendo assim tem-se:

Vgarrafa  365 ml de amostra + 135 ml de ar

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Recorrendo à expressão dos gases perfeitos, podemos calcular o

número de moles existentes na garrafa de incubação:

Sendo assim, o número de moles de O2 presentes na garrafa é:

n ( O2) = 0.005609 x 0.21 = 1.1779 x 10-3 mol

A massa de O2 presente na garrafa será:

M (O2) = 32000 mg/L

m( O2) = 1.1779 x 10-3 x 32000 = 37.69 mg

Entao, vem:

37.69 mg --------- 135 ml

x ---------- 1000ml
x = 279.19 mg/L

Uma vez que a garrafa de incubação só permite medir o valor de CBO numa
escala 0-40 mg/L, o factor de conversão será dado por:

Este valor é bastante diferente do valor teórico, o que era previsto, uma
vez que no cálculo do factor de conversão não se considerou o volume de
oxigénio dissolvido na amostra, tal como o volume ocupado pelos agitadores,
sendo assim usamos o factor de conversão descrito no protocolo.

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 Cinética da curva de CBO

Como em condições aeróbias, as bactérias consomem O 2 na

degradação da matéria orgânica, havendo assim uma relação de
proporcionalidade entre o oxigénio consumido e a matéria orgânica.

L0 = concentração de matéria orgânica inicial

L = concentração de matéria orgânica ao fim do tempo t

O consumo de O2 pela matéria orgânica, segue uma cinética de 1º ordem.

onde K é a constante da velocidade.

Através da equação podemos verificar que a velocidade da reacção é

proporcional à quantidade de matéria orgânica oxidável num determinado
tempo por microorganismos em actividade.

Integrando a equação anterior, entre a concentração do substracto

no instante t=0 (Lo) e a concentração do substracto no instante t:

logo, o consumo de O2 é dado pela seguinte expressão:

CBO = L0 (1- exp(-Kt))

onde o valor de L0 corresponde ao valor de CBO5 e K à constante cinética.

No nosso caso, para o ácido sulfanilico, foi obtida a seguinte equação:

CBO = 32.7712 (1-exp(-8.890 x 10-2 t))

Assim obtemos:

CBO5 = 32.7712 mg/L

K = 8.890 x 10-2 s-1

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Conclusão:

O sistema manométrico foi o método utilizado neste trabalho, este

permite uma agitação mecânica permanente, garantindo a sua
homogeneização, contribuíndo assim para a dissolução do oxigénio gasoso em
solução. Este método permite ainda, acompanhar o processo de consumo de
oxigénio, sendo assim possível traçar a curva caracteristica da CBO.
Normalmente o valor de CBO 5 obtido experimentalmente é mais baixo
que o teórico, uma vez que nem toda a matéria orgânica é convertida a CO 2 e
água, parte dela é convertida na formação de novas células – biomassa,
existindo alguma matéria orgânica resistente ao ataque biológico.
Observou-se que a velocidade de oxidação do ácido sulfanilico é
baixa, uma vez que a constante cinética é baixa. Este valor baixo, pode ser
explicado pelo facto do ácido sulfanílico, ser uma substância complexa, e os
organismos utilizados na CBO, podem não ter bactérias específicas que
utilizem a matéria orgânica como alimento.
Pode-se ainda concluir que a constante de cinética depende da
reacção envolvida e ainda da natureza da matéria orgânica e da capacidade
dos organismos presentes usarem essa matéria orgânica.

Bibliografia

 Apontamentos das áulas teóricas e protocolos da cadeira de

tratamento de efluentes.

 Sawyer, C.N; P.L. Mc Carty; G.F. Parkin; 1994; “Chemistry for

Environmental Engineering”; 3º Edição, McGraw-Hill Book Company,
Singapore.

 Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater,

1995, 19º Edition, APHA, AWWA, WPCF-E.U.A.

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ANEXO:

Preparação do meio basal:

1) Nutrientes básicos

a) Ca(OH)2  0,900 g

b) NH4Cl  0,510 g
c) NaH2PO4.2H2O  0,144 g
d) MgCl.6H2O  0,032 g
e) KCl  0,075 g
f) Na2SO4  0,900 g

2) Substracto orgânico

a) Glucose  150
Fonte de Carbono só deve ser
adicionado na altura do teste.
b) Sacarose  30 g

3) Bicarbonato de sódio  0,11 g

4) Micronutrientes  0,5 ml /L  3L  1,5 ml de solução

5) HCl a 37%  0,27 ml

Solução de micronutrientes (já preparada)

H3BO3 0,1 g
FeCl2.4H2O + EDTA 4g+2g
ZnCl2.4H2O 0,1 g
CuCl2.2H2O 0,06 g
(NH4)6MoO7 0,18 g
NiCL2.6H2O 0,1 g

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Na2S2O3.5H2O 0,2 g
MnCl2.4H2O 1g
Resultados obtidos:

t ( h) CBO, mg/L
0.0000 0.0000
2.0000E-1 0.000
1.5100E+1 0.000
1.7250E+1 12.50
2.2550E+1 12.50
4.2000E+1 15.00
4.4400E+1 15.00
6.5150E+1 15.00
6.9400E+1 15.00
7.1200E+1 15.00
9.6000E+1 15.00
1.2000E+2 15.00
1.3740E+2 15.00
1.4040E+2 17.50
1.4240E+2 15.00
1.6010E+2 15.00
1.6240E+2 17.50
1.6510E+2 17.50
1.8410E+2 17.50
1.8840E+2 17.50
1.9140E+2 17.50
2.0720E+2 17.50
2.1340E+2 17.50
2.3125E+2 17.50
3.0405E+2 17.50
3.2715E+2 17.50

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