Ciencias Politicas
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Ciencias Politicas
Ano de Frequência: 1
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1.1. Objectivos
1.1.A. Objectivos Gerais
Abordar sobre o Governo, Governação e boa governação.
1.1.B. Objectivos específicos
Analisar e Contextualizar as Formas do Governo.
Analisar e Contextualizar sobre Governação e Boa Governação
1.2. Metodologias
A metodologia deste estudo consiste na revisão bibliográfica, prioritariamente, em Manuais
técnicos e revistas electrónicas relacionadas à temática disponibilizada pela internet
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2. Governo
Governo é a autoridade governante de uma nação ou unidade política, que tem como
finalidade regrar e organizar a sociedade. O tamanho do governo vai variar de acordo com o
tamanho do Estado, podendo ser ele local, regional e nacional. O governo é a instância máxima
de administração executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou uma
nação. Um governo pode ser formado por dirigentes executivos do Estado ou ministros.
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modo algum pressentisse essa eventual aplicação, extraída aliás como consequência lógica de
sua doutrina.
O terceiro, voltado para os princípios básicos que animam a vida política, é de todo
contemporâneo, representando uma reacção contra a rigidez do critério anterior, o qual tinha
mais em vista a forma do que o fundo das instituições. As classificações mais célebres são porém
aquelas que obedecem ao primeiro critério já referido. Abrangem, por exemplo, a classificação
de Aristóteles, de Maquiavel e de Montesquieu, levando em conta, principalmente, o número de
pessoas que exercem o poder soberano.
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Desvirtuada de seu significado essencial de governo que respeita as leis, a monarquia se converte
em tirania, a saber, governo de um só, que vota o desprezo da ordem jurídica. A aristocracia
depravada se transmuda em oligarquia, plutocracia ou despotismo, como governo do dinheiro, da
riqueza desonesta, dos interesses económicos anti-sociais. A democracia decaída se transforma
em demagogia, governo das multidões rudes, estúpidas e despóticas.
2.3. O governo misto (Cícero)
Os escritores políticos da sociedade romana acolheram com reservas a classificação de
Aristóteles. Alguns, como Cícero, acrescentaram às formas já conhecidas da classificação
aristotélica um quarto tipo: a forma mista de governo. Essa forma, segundo Cícero, existia no
Estado romano mesmo e vinha a ser a melhor de todas. O governo misto aparece, via de regra,
por mera limitação ou redução dos poderes da monarquia, da aristocracia e da democracia,
mediante determinadas instituições políticas, tais como um Senado aristocrático ou uma Câmara
democrática. Autores modernos que admitem a existência da forma mista de governo, entendem
que a Inglaterra oferece contemporaneamente o mais persuasivo exemplo dessa modalidade de
organização do governo.
Com efeito, há na Inglaterra um sistema monárquico no qual o Rei, a Câmara Alta (Câmara dos
Lordes) e a Câmara Baixa (Câmara dos Comuns) formam conjuntamente o Parlamento. Como se
vê, esse país apresenta um quadro político onde o poder real combina três elementos
institucionais, que são as peças básicas do sistema: a Coroa monárquica, a Câmara aristocrática e
a Câmara democrática ou popular.
Dos publicistas modernos, que não aderem ao sistema de classificação de Aristóteles e sustentam
a modalidade mista de organização do governo, destaca-se Mirabeau, célebre orador político da
Revolução Francesa, que, em discurso proferido por volta de 1790, já declarava que num certo
sentido as repúblicas são monarquias, e num certo sentido também as monarquias são repúblicas.
Com respeito ao governo misto, tão fervorosamente preconizado por Cícero, cumpre advertir na
censura e crítica que lhe faz Tácito nos Anais, ao negar valor, até mesmo existência a semelhante
modelo de Estado. Disse Tácito naquela obra, que nenhum Estado misto há na realidade, ou se
houver, será sempre de duração efémera.
2.4. Classificações das formas de governo: de Maquiavel a Montesquieu
De Aristóteles e Cícero, passemos a Maquiavel, o secretário florentino, que tanto se imortalizou
na ciência política, e que abre o capítulo primeiro de O Príncipe, sua obra-prima, com aquela
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afirmativa de que “todos os Estados, todos os domínios que exerceram e exercem poder sobre os
homens, foram e são ou Repúblicas ou Principados”. Com essa afirmação, classifica Maquiavel
as formas de governo em termos dualistas: de uma parte, a monarquia, o poder singular; e, de
outra parte, a República, ou poder plural. A república, segundo Maquiavel, abrange a aristocracia
e a democracia.
De Maquiavel vamos a Montesquieu, cuja classificação é a mais afamada dos tempos modernos.
Em toda forma de governo distingue Montesquieu a natureza e o princípio desse governo. A
natureza do governo se exprime naquilo que faz com que ele seja o que é. O princípio do
governo, por sua vez, vem a ser aquilo que o faz actuar, que anima e excita o exercício do poder:
as paixões humanas, por exemplo. São formas de governo: a república, a monarquia e o
despotismo, conforme a enumeração que consta do Espírito das Leis.
A República compreende a democracia e a aristocracia. A natureza de todo governo democrático
consiste, segundo Montesquieu, em a soberania residir nas mãos do povo. Quanto ao princípio da
democracia, temos a virtude, que se traduz no amor da pátria, na igualdade, na compreensão dos
deveres cívicos. Com relação à Aristocracia, sua natureza é a soberania pertencer a alguns e seu
princípio a moderação dos governantes. Quanto à monarquia, diz Montesquieu que se trata do
regime das distinções, das separações, das variações e dos equilíbrios sociais. Sua natureza
decorre de ser o governo de um só. Cumpre aqui ao soberano governar mediante leis fixas e
estabelecidas. A organização política da monarquia toma por traço característico a presença de
poderes ou corpos intermediários na sociedade. Essas organizações privilegiadas e hereditárias
são o clero, a justiça e a nobreza, que actuam em presença do trono como poderes subordinados e
dependentes.
O princípio da monarquia se cifra no sentimento da honra, no amor das distinções, no culto das
prerrogativas. Interpretando o pensamento de Montesquieu, assevera Emílio Faguet que esse
princípio monárquico não é o sentimento exaltado da dignidade pessoal, nem tampouco o
orgulho feudal, mas o desejo de ser distinguido numa corte brilhante, a satisfação do amor-
próprio numa posição, num grau, num título, numa dignidade. A honra, como princípio
monárquico, desperta nos servidores da Coroa a paixão da fidelidade pessoal, a dedicação, o
altruísmo, a abnegação, o desapego e o sacrifício. Por fim, o despotismo. Sua natureza se resume
na ignorância ou transgressão da lei. O monarca reina fora da ordem jurídica, sob o impulso da
vontade e dos caprichos pessoais. O princípio de todo o despotismo reside no medo: onde há
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desconfiança, onde há insegurança, onde há incerteza, onde as relações entre governantes e
governados se fazem à base do temor recíproco, não há, segundo Montesquieu, governo
legítimo, mas governo despótico, governo que nega a liberdade, governo que teme o povo.
Segundo esse mesmo clássico da democracia liberal não chega sequer o despotismo a ser uma
forma de governo, porquanto diz o filósofo político: “o governo é o lavrador que semeia e colhe;
o despotismo é o selvagem que corta a árvore para colher os frutos”. E, de modo mais
conclusivo: “o despotismo não é outra coisa senão uma multidão de iguais e um chefe”.
2.5. As formas de governo segundo o critério da separação de poderes
Quando o critério que se segue é o da separação de poderes, que há sido aliás o mais frequente
desde o século passado, face ao declínio das classificações de cunho aristotélico, já examinadas,
deparamo-nos com as seguintes formas de governo: governo parlamentar, governo presidencial e
governo convencional ou governo de assembleia.
O governo parlamentar, sob a legítima inspiração do princípio da separação de poderes, é aquela
forma que assenta fundamentalmente na igualdade e colaboração entre o executivo e o
legislativo, e como tal foi concebido e praticado na fase áurea do compromisso liberal entre a
monarquia, presa ao saudosismo da idade absolutista, e a aristocracia burguesa da revolução
industrial, ligada mais teórica que efectivamente às novas ideias democráticas. O governo
presidencial, segundo as regras técnicas do rito constitucional resulta num sistema de separação
rígida dos três poderes: o executivo, o legislativo e o judiciário, ao passo que o regime
convencional se toma como um sistema de preponderância da assembleia representativa, em
matéria de governo. Daí a designação que também recebeu de “governo de assembleia”.
Quando essas três formas apareceram em substituição usual das velhas classificações pertinentes
ao número de titulares do poder soberano, fez-se já considerável progresso tocante à superação
histórica desse dualismo monarquia-república, que em séculos anteriores tanto apaixonara os
publicistas. Mas o formalismo das classificações perdurou o mesmo, mostrando-se de todo
inalterável, com o critério novo de caracterização dos governos, mediante a adopção do princípio
da separação de poderes.
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A expressão “governance” surge a partir de reflexões conduzidas principalmente pelo Banco
Mundial, “tendo em vista aprofundar o conhecimento das condições que garantem um Estado
eficiente” (Diniz, 1995, p. 400). Ainda segundo Diniz, “tal preocupação deslocou o foco da
atenção das implicações estritamente económicas da acção estatal para uma visão mais
abrangente, envolvendo as dimensões sociais e políticas da gestão pública” (Ibid., p. 400). A
capacidade governativa não seria avaliada apenas pelos resultados das políticas governamentais,
e sim também pela forma pela qual o governo exerce o seu poder.
Segundo o Banco Mundial, em seu documento Governance and Development, de 1992, a
definição geral de governação é “o exercício da autoridade, controle, administração, poder de
governo”. Precisando melhor, “é a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos
recursos sociais e económicos de um país visando o desenvolvimento”, implicando ainda “a
capacidade dos governos de planejar, formular e implementar políticas e cumprir funções”. Duas
questões merecem aqui destaque:
a) A ideia de que uma “boa” governança é um requisito fundamental para um desenvolvimento
sustentado, que incorpora ao crescimento económico equidade social e também direitos humanos
(Santos, 1997, p. 340-341);
b) A questão dos procedimentos e práticas governamentais na consecução de suas metas adquire
relevância, incluindo aspectos como o formato institucional do processo decisório, a articulação
público-privado na formulação de políticas ou ainda a abertura maior ou menor para a
participação dos sectores interessados ou de distintas esferas de poder (Banco Mundial, 1992,
apud Diniz, 1995, p. 400).
Governo é um substantivo. Governar significa “deter uma posição de força a partir da qual seja
possível desempenhar uma função imediatamente associada ao poder de decidir e implementar
decisões ou, ainda, de comandar e mandar nas pessoas” (Nogueira, 2001, p. 99).
Já as expressões governação e governo são muito mais qualificativas, ou seja, representam
atribuições e qualidades (no caso da governabilidade) ou qualidades e meios/processos (no caso
da governança). Não é simples fazer distinções precisas entre os dois conceitos –
governabilidade e governança, mas pode-se assim delimitar os campos:
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a) A governação refere-se mais à dimensão estatal do exercício do poder. Diz respeito às
“condições sistémicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as
características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os Poderes, o sistema de
intermediação de interesses” (Santos, 1997, p. 342). Ainda segundo Luciano Martins, o termo
governabilidade refere- se à arquitectura institucional, distinto, portanto de governação,
basicamente ligada à performance dos actores e sua capacidade no exercício da autoridade
política (apud Santos, 1997, p. 342). Se observadas as três dimensões envolvidas no conceito de
governação apresentadas por Diniz (1995, p. 394):
• Capacidade do governo para identificar problemas críticos e formular políticas adequadas
ao seu enfrentamento; capacidade governamental de mobilizar os meios e recursos necessários à
execução dessas políticas, bem como à sua implementação;
• E capacidade liderança do Estado sem a qual as decisões tornam-se inócuas, ficam claros
dois aspectos:
Governabilidade está situada no plano do Estado;
Representa um conjunto de atributos essencial ao exercício do governo, sem os quais
nenhum poder será exercido;
b) Já a governação tem um carácter mais amplo. Pode englobar dimensões presentes na
governabilidade, mas vai além. Veja-se, por exemplo, a definição de Melo (apud Santos, 1997, p.
341): “refere-se ao modus operandi das políticas governamentais – que inclui, dentre outras,
questões ligadas ao formato político- institucional do processo decisório, à definição do mix
apropriado de financiamento de políticas e ao alcance geral dos programas”. Como bem salienta
Santos (1997, p. 341) “o conceito (de governança) não se restringe, contudo, aos aspectos
gerenciais e administrativos do Estado, tampouco ao funcionamento eficaz do aparelho de
Estado”. Dessa forma, a governança refere- se a “padrões de articulação e cooperação entre
actores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transacções dentro e
através das fronteiras do sistema económico”, incluindo-se aí “não apenas os mecanismos
tradicionais de agregação e articulação de interesses, tais como os partidos políticos e grupos de
pressão, como também redes sociais informais (de fornecedores, famílias, gerentes), hierarquias
e associações de diversos tipos” (Santos, 1997, p. 342). Ou seja, enquanto a governabilidade tem
uma dimensão essencialmente estatal, vinculada ao sistema político-institucional, a governança
opera num plano mais amplo, englobando a sociedade como um todo.
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3.3. A definição de governação
Feita a distinção entre governo e governança, fica claro que, como destaca Rosenau (2000, p.
15), “governação não é o mesmo que governo”. Ainda segundo ele, “governo sugere actividades
sustentadas por uma autoridade formal, pelo poder de polícia que garante a implementação das
políticas devidamente instituídas, enquanto governação refere-se a actividades apoiadas em
objectivos comuns, que podem ou não derivar de responsabilidades legais e formalmente
prescritas e não dependem, necessariamente, do poder de polícia para que sejam aceitas e
vençam resistências”. Vale notar ainda que a governanção é um conceito suficientemente amplo
para conter dentro de si a dimensão governamental. Para Rosenau, “governança é um fenómeno
mais amplo que governo; abrange as instituições governamentais, mas implica também
mecanismos informais, de carácter não-governamental, que fazem com que as pessoas e as
organizações dentro da sua área de actuação tenham uma conduta determinada, satisfaçam suas
necessidades e respondam às suas demandas” (Ibid., p. 15-16).
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4. Conclusão
Existem duas principais formas de governo: a república e a monarquia, sendo que dentro destes
modos, ainda existem os sistemas de governo, que podem ser: o Parlamentarismo, o
Presidencialismo, o Constitucionalismo ou o Absolutismo.
Sistema de governo não pode ser confundido com a forma de governo, pois a forma é o modo
como se relacionam os poderes e o sistema de governo é a maneira como o poder político é
dividido e exercido no âmbito de um Estado.
Dentro de um governo, podem existir diversos tipos de regimes políticos, como o anarquismo -
que é quando existe a falta de um governo - a democracia, a ditadura, a tirania, a oligarquia, a
tirania e etc.
Governação diz respeito aos meios e processos que são utilizados para produzir resultados
eficazes. Vale destacara sua dimensão de actividade, como salienta
Para lograr tais objectivos, nas democracias é preciso que haja a concorrência dos governantes
(Estado) e dos cidadãos e de suas organizações (sociedade civil organizada) “para construir
consensos que tornem possível formular políticas que permitam responder equilibradamente ao
que a sociedade espera do governo”. (Tomassini, 2001, p. 45). A governança não é acção isolada
da sociedade civil buscando maiores espaços de participação e influência. Ao contrário, o
conceito compreende a acção conjunta de Estado e sociedade na busca de soluções e resultados
para problemas comuns. Mas é inegável que o surgimento dos actores não-estatais é central para
o desenvolvimento da ideia e da prática da governação.
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