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Ciencias Politicas

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Paulina Armando Ernesto

Tema: Governo, Governação e Boa Governação.

Trabalho de: Ciência Politicas

Curso: Administração Publica

Ano de Frequência: 1

Docente:

INSTITUTO SUPERIOR MUTASA-ISMU


Índice
1. Introdução............................................................................................................................................1
1.1. Objectivos....................................................................................................................................1
1.2. Metodologias...............................................................................................................................1
2. Governo...............................................................................................................................................2
2.1. Formas de governo e formas de Estado.......................................................................................2
2.2. A classificação de Aristóteles: monarquia, aristocracia e democracia.........................................3
2.3. O governo misto (Cícero)............................................................................................................4
2.4. Classificações das formas de governo: de Maquiavel a Montesquieu..........................................4
2.5. As formas de governo segundo o critério da separação de poderes..............................................6
3. Governação e boa Governação............................................................................................................6
3.1. O surgimento da expressão “governance”....................................................................................6
3.2. A distinção entre governação e governo......................................................................................7
3.3. A definição de governação...........................................................................................................8
3.4. A legitimidade na governação......................................................................................................9
4. Conclusão..........................................................................................................................................10
5. Referencias Bibliográficas.................................................................................................................11
1. Introdução
O embrião da Ciência Política como a conhecemos teve início na Grécia Antiga, quando
filósofos e pensadores começaram a reflectir sobre fatos relacionados ao governo. Essa linha de
pensamento exerceu grande influência na cultura ocidental.
Platão e Aristóteles foram os primeiros grandes sistematizadores do pensamento político. Ambos
compreendiam a política como referência ao estudo da pólis (cidade em grego, raiz da palavra
política) e de suas estruturas e instituições. Para Aristóteles, a política é a ciência mais
importante do seu tempo, preocupado com a viabilização de um governo que fosse capaz de
garantir o bem-estar do povo.
O Estado é o objecto peculiar pelo qual nasce esta ciência com métodos, conceitos e perspectivas
de análise que enriquecem o cenário contemporâneo. Fazendo-se preocupada com as relações de
poder e com a condução do Estado, teorizando acerca deste e apresentando algumas
consequências para o sistema de governo. A ciência política estuda as formas de governo e sua
adequação às expectativas populares, às formas de soberania e às suas possibilidades dentro do
regime democrático.

1.1. Objectivos
1.1.A. Objectivos Gerais
Abordar sobre o Governo, Governação e boa governação.
1.1.B. Objectivos específicos
 Analisar e Contextualizar as Formas do Governo.
 Analisar e Contextualizar sobre Governação e Boa Governação
1.2. Metodologias
A metodologia deste estudo consiste na revisão bibliográfica, prioritariamente, em Manuais
técnicos e revistas electrónicas relacionadas à temática disponibilizada pela internet

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2. Governo
Governo é a autoridade governante de uma nação ou unidade política, que tem como
finalidade regrar e organizar a sociedade. O tamanho do governo vai variar de acordo com o
tamanho do Estado, podendo ser ele local, regional e nacional. O governo é a instância máxima
de administração executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou uma
nação. Um governo pode ser formado por dirigentes executivos do Estado ou ministros.

2.1. Formas de governo e formas de Estado


Entre autores reina confusão quanto ao emprego das expressões formas de Governo e formas de
Estado. O vocabulário político alemão denomina formas de Estado (Staatsformen) aquilo que os
franceses conhecem sob a designação de formas de Governo, como, por exemplo, nas
classificações mais antigas e tradicionais, a monarquia, a aristocracia e a democracia.
Afigura-se-nos que a nomenclatura francesa é mais precisa porquanto deixa clara a distinção
entre formas de Estado e formas de Governo. Como formas de Estado, temos a unidade ou
pluralidade dos ordenamentos estatais, a saber, a forma plural e a forma singular; a sociedade de
Estados (o Estado Federal, a Confederação, etc.) e o Estado simples ou Estado unitário.
Como formas de Governo, temos a organização e o funcionamento do poder estatal, consoante os
critérios adoptados para a determinação de sua natureza.
Os critérios mais em voga são principalmente três:
a) O do número de titulares do poder soberano;
b) O da separação de poderes, com rigoroso estabelecimento ou fixação de suas respectivas
relações;
c) O dos princípios essenciais que animam as práticas governativas e consequente exercício
limitado ou absoluto do poder estatal.
O primeiro critério tem o prestígio do nome de Aristóteles e de quantos adoptaram
subsequentemente, com algumas variações, a sua célebre classificação das formas de Governo.
Os dois últimos são mais recentes, traduzindo melhor a compreensão contemporânea do
fenómeno de governação e sua institucionalização social. O segundo, relativo à separação de
poderes, dominou durante toda a idade do Estado liberal, representando uma das faces do
formalismo constitucional do século passado, apoiado na teoria de Montesquieu, sem que este de

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modo algum pressentisse essa eventual aplicação, extraída aliás como consequência lógica de
sua doutrina.
O terceiro, voltado para os princípios básicos que animam a vida política, é de todo
contemporâneo, representando uma reacção contra a rigidez do critério anterior, o qual tinha
mais em vista a forma do que o fundo das instituições. As classificações mais célebres são porém
aquelas que obedecem ao primeiro critério já referido. Abrangem, por exemplo, a classificação
de Aristóteles, de Maquiavel e de Montesquieu, levando em conta, principalmente, o número de
pessoas que exercem o poder soberano.

2.2. A classificação de Aristóteles: monarquia, aristocracia e democracia


A monarquia, a primeira dessas formas, representa, segundo Aristóteles, o governo de um só.
Atende o sistema monárquico à exigência unitária na organização do poder político, exprimindo
uma forma de governo na qual se faz mister o respeito das leis. A aristocracia, como segunda
forma, na classificação de Aristóteles, significa o governo de alguns, o governo dos melhores. Na
etimologia da palavra “aristocracia” deparamo-nos já com a ideia de força. Essa raiz evolve
naturalmente para a acepção de força da cultura, força da inteligência, força entendida de modo
qualitativo, força, por conseguinte, dos melhores, dos que tomam as rédeas do governo.
A exigência de todo governo aristocrático deve ser, segundo Aristóteles, a de seleccionar os mais
capazes, os melhores. Quanto ao terceiro tipo de governo, contido nessa classificação, Aristóteles
fá-lo corresponder à Democracia, governo que deve atender na sociedade aos reclamos de
conservação e observância dos princípios de liberdade e de igualdade. Os que repreendem
Aristóteles por haver procedido na classificação das formas de governo com critério quantitativo,
estão todavia o não esquecido o célebre filósofo político da Grécia distinguira as chamadas
formas de governo puro das formas de governo impuro.
Governos puros são, no pensamento aristotélico, aqueles em que os titulares da soberania, quer
se trate de um, de alguns ou de todos, exercem o poder soberano tendo invariavelmente em vista
o interesse comum, ao passo que os governos impuros são aqueles em que, ao invés do bem
comum, prevalece o interesse pessoal, o interesse particular dos governantes contra o interesse
geral da colectividade. Quando esses interesses pessoais se sobrepõem, na gestão dos negócios
públicos, aos interesses da sociedade, aquelas formas de governo já mencionadas degeneram por
completo.

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Desvirtuada de seu significado essencial de governo que respeita as leis, a monarquia se converte
em tirania, a saber, governo de um só, que vota o desprezo da ordem jurídica. A aristocracia
depravada se transmuda em oligarquia, plutocracia ou despotismo, como governo do dinheiro, da
riqueza desonesta, dos interesses económicos anti-sociais. A democracia decaída se transforma
em demagogia, governo das multidões rudes, estúpidas e despóticas.
2.3. O governo misto (Cícero)
Os escritores políticos da sociedade romana acolheram com reservas a classificação de
Aristóteles. Alguns, como Cícero, acrescentaram às formas já conhecidas da classificação
aristotélica um quarto tipo: a forma mista de governo. Essa forma, segundo Cícero, existia no
Estado romano mesmo e vinha a ser a melhor de todas. O governo misto aparece, via de regra,
por mera limitação ou redução dos poderes da monarquia, da aristocracia e da democracia,
mediante determinadas instituições políticas, tais como um Senado aristocrático ou uma Câmara
democrática. Autores modernos que admitem a existência da forma mista de governo, entendem
que a Inglaterra oferece contemporaneamente o mais persuasivo exemplo dessa modalidade de
organização do governo.
Com efeito, há na Inglaterra um sistema monárquico no qual o Rei, a Câmara Alta (Câmara dos
Lordes) e a Câmara Baixa (Câmara dos Comuns) formam conjuntamente o Parlamento. Como se
vê, esse país apresenta um quadro político onde o poder real combina três elementos
institucionais, que são as peças básicas do sistema: a Coroa monárquica, a Câmara aristocrática e
a Câmara democrática ou popular.
Dos publicistas modernos, que não aderem ao sistema de classificação de Aristóteles e sustentam
a modalidade mista de organização do governo, destaca-se Mirabeau, célebre orador político da
Revolução Francesa, que, em discurso proferido por volta de 1790, já declarava que num certo
sentido as repúblicas são monarquias, e num certo sentido também as monarquias são repúblicas.
Com respeito ao governo misto, tão fervorosamente preconizado por Cícero, cumpre advertir na
censura e crítica que lhe faz Tácito nos Anais, ao negar valor, até mesmo existência a semelhante
modelo de Estado. Disse Tácito naquela obra, que nenhum Estado misto há na realidade, ou se
houver, será sempre de duração efémera.
2.4. Classificações das formas de governo: de Maquiavel a Montesquieu
De Aristóteles e Cícero, passemos a Maquiavel, o secretário florentino, que tanto se imortalizou
na ciência política, e que abre o capítulo primeiro de O Príncipe, sua obra-prima, com aquela

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afirmativa de que “todos os Estados, todos os domínios que exerceram e exercem poder sobre os
homens, foram e são ou Repúblicas ou Principados”. Com essa afirmação, classifica Maquiavel
as formas de governo em termos dualistas: de uma parte, a monarquia, o poder singular; e, de
outra parte, a República, ou poder plural. A república, segundo Maquiavel, abrange a aristocracia
e a democracia.
De Maquiavel vamos a Montesquieu, cuja classificação é a mais afamada dos tempos modernos.
Em toda forma de governo distingue Montesquieu a natureza e o princípio desse governo. A
natureza do governo se exprime naquilo que faz com que ele seja o que é. O princípio do
governo, por sua vez, vem a ser aquilo que o faz actuar, que anima e excita o exercício do poder:
as paixões humanas, por exemplo. São formas de governo: a república, a monarquia e o
despotismo, conforme a enumeração que consta do Espírito das Leis.
A República compreende a democracia e a aristocracia. A natureza de todo governo democrático
consiste, segundo Montesquieu, em a soberania residir nas mãos do povo. Quanto ao princípio da
democracia, temos a virtude, que se traduz no amor da pátria, na igualdade, na compreensão dos
deveres cívicos. Com relação à Aristocracia, sua natureza é a soberania pertencer a alguns e seu
princípio a moderação dos governantes. Quanto à monarquia, diz Montesquieu que se trata do
regime das distinções, das separações, das variações e dos equilíbrios sociais. Sua natureza
decorre de ser o governo de um só. Cumpre aqui ao soberano governar mediante leis fixas e
estabelecidas. A organização política da monarquia toma por traço característico a presença de
poderes ou corpos intermediários na sociedade. Essas organizações privilegiadas e hereditárias
são o clero, a justiça e a nobreza, que actuam em presença do trono como poderes subordinados e
dependentes.
O princípio da monarquia se cifra no sentimento da honra, no amor das distinções, no culto das
prerrogativas. Interpretando o pensamento de Montesquieu, assevera Emílio Faguet que esse
princípio monárquico não é o sentimento exaltado da dignidade pessoal, nem tampouco o
orgulho feudal, mas o desejo de ser distinguido numa corte brilhante, a satisfação do amor-
próprio numa posição, num grau, num título, numa dignidade. A honra, como princípio
monárquico, desperta nos servidores da Coroa a paixão da fidelidade pessoal, a dedicação, o
altruísmo, a abnegação, o desapego e o sacrifício. Por fim, o despotismo. Sua natureza se resume
na ignorância ou transgressão da lei. O monarca reina fora da ordem jurídica, sob o impulso da
vontade e dos caprichos pessoais. O princípio de todo o despotismo reside no medo: onde há

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desconfiança, onde há insegurança, onde há incerteza, onde as relações entre governantes e
governados se fazem à base do temor recíproco, não há, segundo Montesquieu, governo
legítimo, mas governo despótico, governo que nega a liberdade, governo que teme o povo.
Segundo esse mesmo clássico da democracia liberal não chega sequer o despotismo a ser uma
forma de governo, porquanto diz o filósofo político: “o governo é o lavrador que semeia e colhe;
o despotismo é o selvagem que corta a árvore para colher os frutos”. E, de modo mais
conclusivo: “o despotismo não é outra coisa senão uma multidão de iguais e um chefe”.
2.5. As formas de governo segundo o critério da separação de poderes
Quando o critério que se segue é o da separação de poderes, que há sido aliás o mais frequente
desde o século passado, face ao declínio das classificações de cunho aristotélico, já examinadas,
deparamo-nos com as seguintes formas de governo: governo parlamentar, governo presidencial e
governo convencional ou governo de assembleia.
O governo parlamentar, sob a legítima inspiração do princípio da separação de poderes, é aquela
forma que assenta fundamentalmente na igualdade e colaboração entre o executivo e o
legislativo, e como tal foi concebido e praticado na fase áurea do compromisso liberal entre a
monarquia, presa ao saudosismo da idade absolutista, e a aristocracia burguesa da revolução
industrial, ligada mais teórica que efectivamente às novas ideias democráticas. O governo
presidencial, segundo as regras técnicas do rito constitucional resulta num sistema de separação
rígida dos três poderes: o executivo, o legislativo e o judiciário, ao passo que o regime
convencional se toma como um sistema de preponderância da assembleia representativa, em
matéria de governo. Daí a designação que também recebeu de “governo de assembleia”.
Quando essas três formas apareceram em substituição usual das velhas classificações pertinentes
ao número de titulares do poder soberano, fez-se já considerável progresso tocante à superação
histórica desse dualismo monarquia-república, que em séculos anteriores tanto apaixonara os
publicistas. Mas o formalismo das classificações perdurou o mesmo, mostrando-se de todo
inalterável, com o critério novo de caracterização dos governos, mediante a adopção do princípio
da separação de poderes.

3. Governação e boa Governação

3.1. O surgimento da expressão “governance”

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A expressão “governance” surge a partir de reflexões conduzidas principalmente pelo Banco
Mundial, “tendo em vista aprofundar o conhecimento das condições que garantem um Estado
eficiente” (Diniz, 1995, p. 400). Ainda segundo Diniz, “tal preocupação deslocou o foco da
atenção das implicações estritamente económicas da acção estatal para uma visão mais
abrangente, envolvendo as dimensões sociais e políticas da gestão pública” (Ibid., p. 400). A
capacidade governativa não seria avaliada apenas pelos resultados das políticas governamentais,
e sim também pela forma pela qual o governo exerce o seu poder.
Segundo o Banco Mundial, em seu documento Governance and Development, de 1992, a
definição geral de governação é “o exercício da autoridade, controle, administração, poder de
governo”. Precisando melhor, “é a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos
recursos sociais e económicos de um país visando o desenvolvimento”, implicando ainda “a
capacidade dos governos de planejar, formular e implementar políticas e cumprir funções”. Duas
questões merecem aqui destaque:
a) A ideia de que uma “boa” governança é um requisito fundamental para um desenvolvimento
sustentado, que incorpora ao crescimento económico equidade social e também direitos humanos
(Santos, 1997, p. 340-341);
b) A questão dos procedimentos e práticas governamentais na consecução de suas metas adquire
relevância, incluindo aspectos como o formato institucional do processo decisório, a articulação
público-privado na formulação de políticas ou ainda a abertura maior ou menor para a
participação dos sectores interessados ou de distintas esferas de poder (Banco Mundial, 1992,
apud Diniz, 1995, p. 400).

3.2. A distinção entre governação e governo

Governo é um substantivo. Governar significa “deter uma posição de força a partir da qual seja
possível desempenhar uma função imediatamente associada ao poder de decidir e implementar
decisões ou, ainda, de comandar e mandar nas pessoas” (Nogueira, 2001, p. 99).
Já as expressões governação e governo são muito mais qualificativas, ou seja, representam
atribuições e qualidades (no caso da governabilidade) ou qualidades e meios/processos (no caso
da governança). Não é simples fazer distinções precisas entre os dois conceitos –
governabilidade e governança, mas pode-se assim delimitar os campos:

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a) A governação refere-se mais à dimensão estatal do exercício do poder. Diz respeito às
“condições sistémicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as
características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os Poderes, o sistema de
intermediação de interesses” (Santos, 1997, p. 342). Ainda segundo Luciano Martins, o termo
governabilidade refere- se à arquitectura institucional, distinto, portanto de governação,
basicamente ligada à performance dos actores e sua capacidade no exercício da autoridade
política (apud Santos, 1997, p. 342). Se observadas as três dimensões envolvidas no conceito de
governação apresentadas por Diniz (1995, p. 394):
• Capacidade do governo para identificar problemas críticos e formular políticas adequadas
ao seu enfrentamento; capacidade governamental de mobilizar os meios e recursos necessários à
execução dessas políticas, bem como à sua implementação;
• E capacidade liderança do Estado sem a qual as decisões tornam-se inócuas, ficam claros
dois aspectos:
 Governabilidade está situada no plano do Estado;
 Representa um conjunto de atributos essencial ao exercício do governo, sem os quais
nenhum poder será exercido;
b) Já a governação tem um carácter mais amplo. Pode englobar dimensões presentes na
governabilidade, mas vai além. Veja-se, por exemplo, a definição de Melo (apud Santos, 1997, p.
341): “refere-se ao modus operandi das políticas governamentais – que inclui, dentre outras,
questões ligadas ao formato político- institucional do processo decisório, à definição do mix
apropriado de financiamento de políticas e ao alcance geral dos programas”. Como bem salienta
Santos (1997, p. 341) “o conceito (de governança) não se restringe, contudo, aos aspectos
gerenciais e administrativos do Estado, tampouco ao funcionamento eficaz do aparelho de
Estado”. Dessa forma, a governança refere- se a “padrões de articulação e cooperação entre
actores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transacções dentro e
através das fronteiras do sistema económico”, incluindo-se aí “não apenas os mecanismos
tradicionais de agregação e articulação de interesses, tais como os partidos políticos e grupos de
pressão, como também redes sociais informais (de fornecedores, famílias, gerentes), hierarquias
e associações de diversos tipos” (Santos, 1997, p. 342). Ou seja, enquanto a governabilidade tem
uma dimensão essencialmente estatal, vinculada ao sistema político-institucional, a governança
opera num plano mais amplo, englobando a sociedade como um todo.

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3.3. A definição de governação

Feita a distinção entre governo e governança, fica claro que, como destaca Rosenau (2000, p.
15), “governação não é o mesmo que governo”. Ainda segundo ele, “governo sugere actividades
sustentadas por uma autoridade formal, pelo poder de polícia que garante a implementação das
políticas devidamente instituídas, enquanto governação refere-se a actividades apoiadas em
objectivos comuns, que podem ou não derivar de responsabilidades legais e formalmente
prescritas e não dependem, necessariamente, do poder de polícia para que sejam aceitas e
vençam resistências”. Vale notar ainda que a governanção é um conceito suficientemente amplo
para conter dentro de si a dimensão governamental. Para Rosenau, “governança é um fenómeno
mais amplo que governo; abrange as instituições governamentais, mas implica também
mecanismos informais, de carácter não-governamental, que fazem com que as pessoas e as
organizações dentro da sua área de actuação tenham uma conduta determinada, satisfaçam suas
necessidades e respondam às suas demandas” (Ibid., p. 15-16).

3.4. A legitimidade na governação

Quando se discute o tema da governação, há dois planos de análise: o da legalidade e o da


legitimidade. Quanto ao primeiro – o da legalidade, ao tratar da institucionalização das
organizações não-governamentais. A questão da legitimidade é importante e vital à governança.
Na medida em que a governança diz respeito às acções da sociedade civil global, interessa
definir quem a compõem e qual a fonte de sua legitimidade.
Há aqui um sério problema e um desafio à governança. Se esta é construída a partir da
participação crescente da sociedade civil global nas decisões e nas formulações estratégicas, é
mister que as organizações envolvidas tenham legitimidade. Deve ser lembrado que legitimidade
é um conceito subjectivo, segundo a teoria weberiana: “parte da atitude do sujeito que legitima
com respeito ao poder de legitimar, isto é, de uma ‘crença’, seja na validade do que é racional
(segundo um valor ou propósito), na força da tradição ou na virtude do carisma” (Bobbio, s/d, p.
172). Ou seja, a legitimidade é alimentada de “baixo para cima”, surgindo a partir da aceitação
de que o poder conferido e exercido é apropriado, sendo então a acção decorrente legítima.

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4. Conclusão

Existem duas principais formas de governo: a república e a monarquia, sendo que dentro destes
modos, ainda existem os sistemas de governo, que podem ser: o Parlamentarismo, o
Presidencialismo, o Constitucionalismo ou o Absolutismo.

Sistema de governo não pode ser confundido com a forma de governo, pois a forma é o modo
como se relacionam os poderes e o sistema de governo é a maneira como o poder político é
dividido e exercido no âmbito de um Estado.

A forma de governo é a maneira como se dá a instituição do poder na sociedade e como funciona


a relação entre governantes e governados.

Dentro de um governo, podem existir diversos tipos de regimes políticos, como o anarquismo -
que é quando existe a falta de um governo - a democracia, a ditadura, a tirania, a oligarquia, a
tirania e etc.

Na contemporaneidade, a democracia é considerada o regime político mais comum nos governos


e também o mais exigido pelo povo.

Governação diz respeito aos meios e processos que são utilizados para produzir resultados
eficazes. Vale destacara sua dimensão de actividade, como salienta
Para lograr tais objectivos, nas democracias é preciso que haja a concorrência dos governantes
(Estado) e dos cidadãos e de suas organizações (sociedade civil organizada) “para construir
consensos que tornem possível formular políticas que permitam responder equilibradamente ao
que a sociedade espera do governo”. (Tomassini, 2001, p. 45). A governança não é acção isolada
da sociedade civil buscando maiores espaços de participação e influência. Ao contrário, o
conceito compreende a acção conjunta de Estado e sociedade na busca de soluções e resultados
para problemas comuns. Mas é inegável que o surgimento dos actores não-estatais é central para
o desenvolvimento da ideia e da prática da governação.

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5. Referencias Bibliográficas.
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 BOBBIO, Norberto. “A Teoria do Estado e do Poder”. In BOBBIO, Norberto. Ensaios
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Relatório da Comissão sobre Governança Global. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1996.
 DINIZ, Eli. “Governabilidade, Democracia e Reforma do Estado: Os Desafios da
Construção de uma Nova Ordem no Brasil dos Anos 90”. In: DADOS – Revista de
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 FINKELSTEIN, Lawrence S. “What is Glboal Governance”. Associação de Estudos
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 ROSENAU, James N. “Governança, Ordem e Transformação na Política Mundial”. In:
Rosenau, James N. e Czempiel, Ernst-Otto. Governança sem governo: ordem e
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FLÓREZ, Fernando Carrillo (editor). Democracia em déficit. Gobernabilidad y
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 TRINDADE, Antonio Augusto Cançado. Direito das Organizações Internacionais. 3ª. Ed.
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 ISMU, Manual de Ciências Politica

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