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Alimentos Funcionais X Cancer

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UNIVERSIDADE PITAGORAS UNOPAR

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO


NUTRIÇÃO

FLÁVIA FERNANDES FERREIRA

ALIMENTOS FUNCIONAIS
: e o poder na prevenção e no tratamento do Câncer

Araruama - RJ
2022
1

FLÁVIA FERNANDES FERREIRA

ALIMENTOS FUNCIONAIS
: e o poder na prevenção e no tratamento do Câncer

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharelado em Nutrição da Unopar Polo Araruama.

Orientador: Jennifer Elizabeth Prudencio de Azevedo

Araruama - RJ
2022
2

Dedico este trabalho à minha


Mãe que está em tratamento
de Câncer de Cólon. Por ela,
dediquei meus últimos meses
ao estudo da cura.
3

AGRADECIMENTOS

Ao meu irmão Fábio, meu incentivador e amigo de todas as horas,


que me fez começar a Faculdade de Nutrição.

Às minhas filhas Júlia e Luísa pela compreensão das ausências e


por toda torcida e apoio.

À minha Mãe por acreditar na minha prescrição nutricional sendo


minha primeira paciente.

Ao meu Pai por me incentivar e compartilhar minhas ideias.


4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ADA American Dietetic Association

AGCC Ácidos Graxos de Cadeia Curta

AF, AFs Alimento Funcional, Alimentos Funcionais

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AVC Acidentes Vasculares Cerebrais

CTCAF Comissão de Assessoramento Tecnocientífico em AF

DCV Doenças Cardiovasculares

DCNT, Doença Crônica Não Transmissível, Doenças Crônicas Não


DCNTs Transmissíveis

DNA Ácido Desoxirribonucleico

DHA Ácido Docosahexaenóico

DM Diabetes Melittus

DMT2 Diabetes Melittus Tipo 2

EPA Ácido Eicosapentaenóico

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

HDL Lipoproteína de Alta Densidade

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC Indice de Massa Corporal

FOSHU Foods for Specific Health Uses

LDL Lipoproteínas de Baixa Densidade

OMS Organização Mundial de Saúde

OSCs Compostos Orgânicos de Enxofre

SBE Sociedade Brasileira de Endocrinologia

SUS Sistema Único de Saúde

TGL Triglicerídeos
5

TGs Triacilgliceróis

UV Ultravioleta
6

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO___________________________________________________9
2. DISCUSSÃO____________________________________________________11
3. JUSTIFICATIVA_________________________________________________12
4. OBJETIVOS____________________________________________________13
4.1 OBJETIVOS GERAIS_________________________________________13
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS____________________________________13
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA_____________________________________13
5.1 O CÂNCER_________________________________________________13
5.1.1 PREVENÇÃO DO CÂNCER____________________________________14
5.1.2 TRATAMENTO DO CÂNCER___________________________________16
5.2 ALIMENTOS FUNCIONAIS: DEFINIÇÃO E REGULAMENTAÇÃO_______18
5.3 ALIMENTOS FUNCIONAIS NA PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO DO
CÂNCER_________________________________________________________20
5.3.1 ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3 – EPA E DHA________________________21
5.3.2 ALIMENTOS SULFURADOS E NITROGENADOS____________________22
5.3.3 CAROTENOIDES_____________________________________________23
5.3.4 COMPOSTOS ORGÂNICOS DE ENXOFRE_________________________25
5.3.5 FIBRAS ALIMENTARES________________________________________26
5.3.6 POLIFENÓIS_________________________________________________26
5.3.7 PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS_________________________________29
5.3.8 VITAMINAS__________________________________________________30
6. METODOLOGIA DA PESQUISA____________________________________32
7. CONCLUSÃO___________________________________________________33
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS__________________________________35
7

FERREIRA, Flavia Fernandes. Alimentos Funcionais: e o poder na prevenção e no


tratamento do câncer. 2022. 37fls. Trabalho de Conclusão de Curso Nutrição –
Universidade Pitagoras Unopar, Araruama, 2022.

RESUMO

Atualmente observa-se que os tipos de câncer que se relacionam aos hábitos


alimentares estão entre as seis primeiras causas de mortalidade por câncer e têm
sido alvo de muitos estudos. Alguns fatores de risco relacionados com esta patologia
podem ser prevenidos e modificados através de alterações no estilo de vida,
incluindo a dieta. A prevenção, por meio dos alimentos funcionais, surge como um
promissor instrumento na prevenção do câncer, através de possíveis mecanismos
de ação anticarcinogênicos. O objetivo deste estudo é descrever os benefícios dos
alimentos funcionais na prevenção e tratamento do câncer, com base em uma
revisão de literatura. A literatura é unânime ao destacar a importância da intervenção
dietética na prevenção e tratamento de doenças incluindo o Câncer. Conclui-se que
são indispensáveis mais estudos sobre os alimentos funcionais, uma vez
reconhecido o poder de uma dieta saudável.

Palavras-chave: Alimentos funcionais. Alimentos Anti-inflamatórios. Alimentos


Anticarcinogênicos. Antioxidantes. Câncer. Carotenóides. Células tumorais.
Compostos bioativos. Flavonoides. Fibras. Hábitos alimentares. Licopeno.
Prevenção através dos alimentos. Prebióticos. Polifenóis. Probióticos. Tratamento
Câncer.
8

FERREIRA, Flavia Fernandes. FUNCTIONAL FOODS: and the power in cancer


prevention and treatment. 2022. 37fls. Completion of course work Nutrition –
Universidade Pitagoras Unopar, Araruama, 2022.

SUMMARY

Currently, it is observed that the types of cancer that are related to dietary habits are
among the six leading causes of cancer mortality and have been the subject of many
studies. Some risk factors related to this pathology can be prevented and modified
through lifestyle changes, including diet. Prevention, through functional foods,
appears as a promising instrument in cancer prevention, through possible
mechanisms of anticarcinogenic action. The aim of this study is to describe the
benefits of functional foods in the prevention and treatment of cancer, based on a
literature review. The literature is unanimous in highlighting the importance of dietary
intervention in the prevention and treatment of diseases including cancer. It is
concluded that further studies on functional foods are essential, once the power of a
healthy diet is recognized.

Keywords: Functional foods. Anti-Inflammatory Foods. Anticarcinogenic Foods.


Antioxidants. Cancer. carotenoids. Tumor cells. Bioactive compounds. Flavonoids.
fibers Eating habits. Lycopene. Prevention through food. Prebiotics. Polyphenols.
Probiotics. Cancer Treatment.
9

1. INTRODUÇÃO

A percepção de que os alimentos possuem um importante papel na


manutenção da saúde e na cura de doenças já ocorria em culturas antigas, como no
Ayurveda Indiano, nas Escrituras Chinesas, no Antigo Testamento Judeu e Cristão,
no Alcorão, na Cultura Grega através de Hipócrates e na Kalevala Finlandesa
(HÄNNINEN et al, 2008).
Pesquisadores em todo o mundo tem estudado atualmente a importância da
alimentação na manutenção da saúde e na prevenção a doenças. Com o aumento
da expectativa de vida, torna-se trivial a escolha de alimentos que forneçam, além
dos nutrientes, vários compostos que podem exercer efeitos benéficos adicionais ao
organismo.
Alimentar-se bem é extremamente importante quando o corpo está
combatendo uma doença. Uma alimentação correta durante essa fase pode
contribuir para o seu bem-estar e fortalecimento.
Estudos comprovam que as alterações na dieta têm efeitos positivos e
negativos na saúde durante toda vida. O mais importante é que as modificações
dietéticas podem não somente influenciar o estado de saúde presente como também
determinar se um indivíduo desenvolverá ou não alguma doença como câncer,
doenças cardiovasculares e diabetes. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE,
2003).
De acordo com Sanders (1998) os alimentos exercem uma grande influência
na condição do homem e há uma clara relação entre os alimentos que consumimos
e a nossa saúde, pois além de ser uma fonte de calorias e nutrientes para prevenir
doenças como desnutrição e raquitismo, os alimentos podem contribuir de alguma
maneira para a manutenção da saúde e para a prevenção de uma ampla gama de
doenças.
Culhane (1995) menciona que nos últimos anos tem-se atribuído aos
alimentos, além das funções de nutrição e de prover apelo sensorial, uma terceira
função relacionada à resposta fisiológica específica produzida por alguns alimentos,
que são chamados de alimentos funcionais.
Craveiro & Craveiro (2003) relatam que os alimentos funcionais estão hoje
entre os grandes avanços conseguidos pelo homem no intuito de promover e
10

propiciar saúde com qualidade de vida. Estes alimentos, que trazem naturalmente
benefícios à saúde, foram desenvolvidos ultimamente aproveitando-se do
conhecimento recentemente adquiridos por engenheiros, tecnólogos de alimento,
químicos, nutricionistas e profissionais da área de saúde.
Atualmente, a população mundial sofre as consequências dos maus hábitos
de vida relacionados a alimentação inadequada, sedentarismo, estresse, entre
outros, de forma que a população deve conscientizar-se da importância de
alimentos contendo substâncias que auxiliam a promoção da saúde, trazendo
com isso uma melhora no estado nutricional.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que uma a cada cinco
pessoas desenvolverá ao longo da vida algum tipo de tumor maligno e o câncer é a
segunda principal causa de morte no planeta. É uma porcentagem relevante se
considerarmos que 625 mil brasileiros devem receber o diagnóstico da doença
somente em 2022. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, no ano
2030, podem-se esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, podendo ocorrer
17 milhões de mortes anualmente por esta doença. O maior efeito desse aumento
vai incidir em países de baixa e média rendas (INSTITUTO NACIONAL DO
CÂNCER, 2012).
A alimentação é reconhecida, cientificamente, como umas das principais
aliadas no tratamento dessa neoplasia.
De acordo com o Comitê de Alimentos e Nutrição do Instituto de Medicina
Internacional, a alimentação não só fornece energia e nutrientes essenciais, mas
associa componentes não nutricionais para promoção de efeitos fisiológicos
benéficos. Surge, assim, o chamado alimento funcional ou nutracêutico,
conceituado como qualquer alimento ou ingrediente que, além de seus
nutrientes tradicionais, modula funções orgânicas e exerce uma ação metabólica ou
fisiológica, contribuindo para a saúde física e diminuição de morbidades crônicas.
Nesse contexto, os componentes encontrados nos alimentos funcionais
surgem como um promissor instrumento no controle da doença, por meio dos
mecanismos de ação de seus princípios ativos, sendo, anticarcinogênicos,
antioxidantes, anti-inflamatório e anti-hormonais, que minimizam os efeitos colaterais
e o impacto dessa afecção, melhorando as respostas do tratamento.
11

O objetivo deste trabalho é elucidar os benefícios dos compostos bioativos


presentes nos alimentos tidos como funcionais e evidenciar seus benefícios para
manutenção da saúde, prevenção e tratamento do Câncer.

2. DISCUSSÃO

A sociedade moderna tem se tornado cada vez mais complexa, modificando


os padrões de vida. As pessoas frequentemente mostram sintomas de cansaço,
depressão e irritação, ou mais comumente uma forma de estresse (KWAK & JUKES,
2001a).
Com um estilo de vida cada vez mais agitado e com um melhor poder
aquisitivo, as pessoas saem à procura de alternativas mais práticas, principalmente
quando se fala em alimentação. Nessa busca por algo mais prático, elas optam por
alimentos rápidos, que não demandam muitos esforços para serem preparados e
por alimentos com um maior prazo de validade. O estilo de alimentação Fastfood
tornou-se habitual. Com isso a introdução de alimentos industrializados está cada
vez mais presente na vida da população. Consequentemente, os supermercados
tornam cada vez mais presentes os produtos industrializados nas prateleiras.
Devido ao aumento dos alimentos industrializados na mesa da população, o
risco de desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, vem crescendo
atualmente, entre elas o Câncer.
Segundo o Ministério da Saúde, apesar de, ultimamente consumir mais frutas
e verduras, a população brasileira continua a comer excesso de carne, alimento que
possui gordura saturada, e tem optado por alimentos práticos, como comidas
industrializadas congeladas, que são menos nutritivas e com excesso de sódio. A
ingestão de fibras também é baixa, onde se observa, coincidentemente, uma
significativa frequência de câncer de cólon e reto. O feijão, alimento rico em ferro e
fibras, que tradicionalmente fazia o famoso par com o arroz, perdeu espaço na mesa
dos brasileiros. Essa tendência se observa não só nos hábitos alimentares das
classes sociais mais abastadas, mas também nas menos favorecidas (INSTITUTO
NACIONAL DO CÂNCER, 2011).
Qual a relação entre o aumento dos casos de câncer e os hábitos alimentares
da população atualmente? Será possível reverter esse aumento das Doenças, entre
elas o Câncer, modificando os hábitos alimentares?
12

3. JUSTIFICATIVA

O fato é que ninguém adoece ou se torna menos propenso a adoecer só


porque consome este ou aquele alimento específico. É o conjunto de tudo o que é
consumido ao longo do tempo, somado a vários fatores, que resulta na
probabilidade de desenvolver uma ou mais doenças.
Diversos estudos realizados pelo mundo, sempre envolvendo milhares de
pessoas acompanhadas por um bom período de tempo, buscaram saber que
padrões alimentares favoreceriam a saúde. No entanto, o que revelaram nem
sempre conseguiu ser aplicado com sucesso em outros cantos do planeta, que afinal
tinham produtos e hábitos muitas vezes bem diferentes. 
A baixa incidência dessas doenças em algumas populações chama a atenção
ao padrão alimentar.
Os esquimós com uma alimentação à base de peixes ricos em ácidos graxos
polinsaturados ômega 3 e 6 apresentam baixo índice de DCV, como: aterosclerose,
trombose e arritmia.
Os franceses, apesar de apresentarem as mesmas taxas de colesterol que os
americanos, têm uma taxa de mortalidade, para DCV, correspondente a um terço da
observada nos Estados Unidos. Essa contradição pode ser explicada pelo hábito
francês de ingerir vinho às refeições. Nestes países, o hábito de se consumir frutas e
verduras, também, resultam na diminuição do risco de DCV e cânceres.
A base da dieta mediterrânea, modelo de alimentação baseada na culinária
dos países banhados pelo mar Mediterrâneo, prioriza o alto consumo de frutas,
legumes, peixe, legumes, azeite e cereais, pouca carne e produtos lácteos e
consumo moderado de vinho com as refeições. Pesquisas associam a alimentação
mediterrânea redução nos casos de câncer, Parkinson e Alzheimer.
Diante o exposto, é de extrema importância a realização deste estudo em pró
da Prevenção e Tratamento do Câncer, através de uma alimentação rica em
nutrientes e diversificadas, encontrada nos alimentos funcionais. Para isso, este
trabalho foi estruturado a partir de uma revisão de literatura a respeito da definição
de alimentos funcionais relacionando-os com a prevenção e tratamento do Câncer
através de estudos científicos e artigos.
13

4. OBJETIVOS

4.1 OBJETIVOS GERAIS

O objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão da literatura existente com
o intuito de verificar os efeitos do consumo de alimentos funcionais na prevenção e
tratamento do Câncer.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

o Revisar a Literatura existente sobre Alimentos Funcionais


o Descrever o Câncer apresentando as principais causas,
consequências e tratamento.
o Relacionar o uso de alimentos funcionais com a prevenção e
tratamento do Câncer

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1 O CÂNCER

O Câncer é a multiplicação anormal de células em determinados órgãos do


corpo, afetando as células normais e produzindo novos focos invasivos à distância,
as metástases. Há mais de 100 tipos de câncer, com fatores de risco igualmente
múltiplos. O câncer é a segunda principal causa de morte no mundo, representando
13% do total, ou seja, em torno de oito milhões de mortes anuais. Estudos recentes
mostram que estão surgindo anualmente perto 13 milhões de novos casos de câncer
e que este número chegará a 17 milhões no final da presente década.
Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do
corpo. Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, são
denominados carcinomas. Se o ponto de partida são os tecidos conjuntivos, como
osso, músculo ou cartilagem, são chamados sarcomas. Outras características que
diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velocidade de multiplicação
das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes,
14

conhecida como metástase.


O câncer surge a partir de uma mutação genética, ou seja, de uma alteração
no DNA da célula, que passa a receber instruções erradas para as suas atividades.
O processo de formação do câncer é chamado de carcinogênese ou
oncogênese e, em geral, acontece lentamente, podendo levar vários anos para que
uma célula cancerosa prolifere-se e dê origem a um tumor visível. Os efeitos
cumulativos de diferentes agentes cancerígenos ou carcinógenos são os
responsáveis pelo início, promoção, progressão e inibição do tumor. 

5.1 .1 PREVENÇÃO DO CÂNCER

Há fatores que podem ser determinantes para o desenvolvimento do câncer:


cigarro, obesidade, alterações hormonais hábitos alimentares e alimentos
industrializados são os grandes responsáveis por colocar as pessoas em risco.
Apenas 5% dos casos de câncer estão ligados a genética, a maior incidência está
relacionada ao estilo de vida das pessoas. Sedentarismo, estilo de vida e má
alimentação estão relacionados diretamente com o desenvolvimento de câncer.
Porém, quando uma rotina mais saudável é adotada, o risco diminui drasticamente.
Uma alimentação equilibrada e a prática constante de exercícios já são
suficientes para a prevenção. A nutrição é um fator fundamental para a saúde, por
isso, alimentos com alto teor calórico, ricos em açúcar, gorduras e aditivos
representam uma ameaça à nossa saúde.
O consumo excessivo de álcool também está ligado diretamente ao
surgimento de câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, fígado, mama e intestino.
Se a ingestão de bebida alcóolica estiver ligada ao fumo, as chances de desenvolver
o câncer aumentam de 10 a 100 vezes.
Uma pesquisa realizada em 2017 pela Sociedade Brasileira de Oncologia
Clínica (SBOC) revela que metade das pessoas ouvidas não fazem exercício físico e
uma em cada quatro não vê a obesidade como problema relacionado ao câncer.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) a nutrição inadequada
é classificada como a segunda causa de câncer que poderia der evitada, atrás
apenas do tabagismo.
Segundo os especialistas, pequenas ações podem evitar 28% de todos os
tipos de câncer, como seguir uma alimentação saudável, fazer atividades físicas
15

com regularidade, evitar bebidas alcoólicas e manter o peso adequado.


A prevenção do câncer engloba ações realizadas para reduzir os riscos de ter
a doença. Os fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, herdados
ou resultado de hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e
cultural.
O objetivo da prevenção primária é impedir que o câncer se desenvolva. Isso
inclui evitar a exposição aos fatores de risco de câncer e a adoção de um modo de
vida saudável.
O objetivo da prevenção secundária é detectar e tratar doenças pré-malignas
(por exemplo, lesão causada pelo vírus HPV ou pólipos nas paredes do intestino) ou
cânceres assintomáticos iniciais.
Frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas,
sementes e nozes protegem contra o câncer, fortalecendo as defesas do corpo e
ajudando o intestino a funcionar bem. Esses alimentos têm o poder de inibir a
chegada de compostos cancerígenos às células e, ainda, consertar o DNA
danificado quando a agressão já começou. Se a célula foi alterada e não for possível
consertar o DNA, alguns compostos promovem a sua morte, interrompendo a
multiplicação desordenada.
A recomendação é incluir regularmente nas refeições, frutas, legumes,
verduras, feijões, cereais integrais, sementes e nozes, totalizando pelo menos cinco
porções (400 gramas) de frutas, legumes e verduras ao dia.
Nozes, avelãs, castanhas, castanhas-de-caju, castanhas-do-pará,
macadâmias, pistaches e amêndoas, também possuem nutrientes importantes na
prevenção de câncer. Sementes como de girassol, abóbora, gergelim, amendoim,
amêndoa de baru também fazem parte desse grupo de alimentos protetores.
Evitar o consumo de alimentos e bebidas ultraprocessadas, ou seja, produtos
prontos para consumir ou aquecer, como lasanhas, salgadinhos, biscoitos alimentos
do tipo fast-food, bebidas açucaradas, entre outros. Esses alimentos têm elevadas
quantidades de açúcar, gordura e/ou sal, calorias. Promovem o excesso de peso
que aumenta a chance de desenvolver câncer.
As bebidas açucaradas (bebidas não-alcóolicas normalmente vendidas em
latas, caixas ou garrafas), ou seja, refrigerantes, chás e sucos industrializados etc,
também apresentam elevado valor calórico. Além disso, fornecem poucas fibras,
vitaminas e minerais.
16

Carnes vermelhas como de boi, porco, cordeiro e bode, entre outras, são
boas fontes de nutrientes como proteínas, ferro, zinco e vitamina B12. No entanto,
quando consumidas em excesso, podem facilitar o desenvolvimento de câncer no
intestino (cólon e reto), uma vez que possuem grandes quantidades de ferro heme.
Esse nutriente é essencial ao corpo, mas quando em excesso, pode ter efeito tóxico
sobre as células.  O consumo de carnes vermelhas é recomendado em até 500
gramas de carne cozida por semana. A forma como preparamos as carnes também
são importantes para prevenir o câncer e as melhores formas de preparo são
assadas, cozidas e ensopadas. As temperaturas muito elevadas utilizadas para
preparar as carnes de forma frita ou grelhada, assim como a fumaça do churrasco,
formam compostos químicos que são cancerígenos e aderem à superfície das
carnes.
Carnes processadas como presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame,
mortadela, peito de peru e blanquet de peru podem aumentar a chance de
desenvolver câncer. O consumo desses produtos deve ser evitado. As substâncias
presentes na fumaça do processo de defumação, os conservantes (como os nitritos
e nitratos) e o sal podem provocar o surgimento de câncer de intestino (cólon e reto).
Uma alimentação adequada auxilia no fortalecimento do sistema imunológico,
no entanto, muitas pessoas não seguem as orientações corretamente, e isso tem
sido um grande desafio para os especialistas, fazer com que as pessoas tenham
consciência da importância da nutrição saudável na prevenção do câncer.

5.1 .2 TRATAMENTO DO CÂNCER

A maioria dos cânceres é diagnosticada por meio de biópsia. Dependendo da


localização do tumor, a biópsia pode ser um simples procedimento ou uma cirurgia
complexa. A maioria dos pacientes com câncer passam por tomografias
computadorizadas para determinar a localização e o tamanho exato dos tumores.
Muitos tratamentos contra o câncer estão disponíveis. Suas opções de
tratamento vão depender de vários fatores, como o tipo e estágio do câncer, sua
saúde geral e as suas preferências.
Os métodos de tratamento do câncer (cirurgia, radioterapia, quimioterapia e
imunoterapia) são muitas vezes traumáticos. Embora o objetivo destes tratamentos
17

seja as células cancerosas do organismo, às vezes também atingem as células


normais e sadias. Isso pode produzir desagradáveis efeitos colaterais, que causam
problemas alimentares.
Os efeitos colaterais do tratamento do câncer variam de um paciente para
outro. A parte do corpo que está sendo tratada, a duração do tratamento e a dose
usada também determinam a ocorrência ou não de efeitos colaterais.
A quimioterapia e a hormonioterapia podem afetar a absorção de diferentes
substâncias provocando diferentes problemas nutricionais.
A quimioterapia utiliza medicamentos anticancerígenos para destruir as
células tumorais. Por ser um tratamento sistêmico, atinge não somente as células
cancerígenas, como também as células sadias do organismo, incluindo as células do
revestimento da boca e do trato digestivo. Os efeitos colaterais da quimioterapia
podem provocar problemas na ingestão e digestão dos alimentos. Cada
medicamento quimioterápico pode causar um efeito colateral diferente, e isso
depende da droga, da dose e do tempo do tratamento.
Já a hormonioterapia pode retardar ou até mesmo interromper o crescimento
de determinados tipos de câncer, aumentando, bloqueando ou eliminando os
hormônios. Os efeitos colaterais comuns da hormonioterapia podem incluir perda de
apetite, náuseas, vômitos, boca seca, feridas na boca ou garganta, alterações no
paladar, problemas de deglutição, sensação de saciedade, constipação, diarreia e,
em alguns casos, aumento no peso.
O tratamento radioterápico utiliza radiações ionizantes de alta energia para
destruir, ou inibir, o crescimento das células anormais que formam um tumor. Os
efeitos colaterais da radiação dependem não só da região do corpo irradiada, como
também da técnica e da dose utilizada. A radioterapia em qualquer parte do sistema
digestivo pode prejudicar a nutrição. A maioria dos efeitos colaterais começa de
duas a três semanas após o tratamento e desaparecem algumas semanas após o
seu término. Entretanto, alguns efeitos podem continuar por meses ou até mesmo
anos depois do fim do tratamento radioterápico. Os efeitos colaterais mais
frequentes por região irradiada podem incluir: Perda de apetite; Náuseas e vômitos;
Boca seca ou saliva espessa; Problemas nas gengivas; Alteração do paladar;
Problemas de deglutição; Dor ao engolir; Problemas para mastigar e abrir a boca;
Obstrução intestinal; Colite; Diarréia.
Os resultados do tratamento dependem do tipo de câncer e do paciente.
18

Alguns cânceres podem ser curados. Outros podem ser incuráveis, mas ainda sim
passar por um bom tratamento. Alguns pacientes podem viver muitos anos com o
câncer. Outros tumores são rápidos e fatais.

5.2 ALIMENTOS FUNCIONAIS: DEFINIÇÃO E REGULAMENTAÇÃO

A ideia de benefício à saúde trazida pelos alimentos vem desde Hipócrates há


2.500 anos.

"Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio"

A importância dos hábitos alimentares em doenças como o câncer tem ficado


cada vez mais evidente em pesquisas recentes. Dentre os fatores que podemos
controlar, a nutrição adequada é uma das principais formas com que se pode reduzir
o risco de determinados tipos de câncer.
Existem alimentos específicos que possuem nutrientes diretamente
associados não só à prevenção do câncer, mas ao combate da doença mesmo
depois do diagnóstico.
Os alimentos funcionais podem ser definidos como alimentos consumidos
como parte da dieta que, além do fornecimento de nutrientes básicos para a dieta,
apresentem benefícios para o funcionamento metabólico e fisiológico, trazendo
benefícios à saúde física e mental e prevenindo doenças crônico-degenerativas
(ANGELIS, 2001).
A Resolução nº19 de 30/04/1999, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) fornece a definição legal de alimento funcional: “todo aquele alimento ou
ingrediente que, além das funções nutricionais básicas, quando consumido como
parte da dieta usual, produz efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos
benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica”
(BRASIL, 1999a).
Para que os alimentos funcionais tenham eficácia é preciso que seu uso seja
regular e que esteja associado a hábitos saudáveis. Estes alimentos devem ser
consumidos preferencialmente in natura, inseridos dentro da alimentação, de forma
que possam demonstrar o seu real benefício, dentro de um padrão alimentar regular
19

caracterizado pelo consumo frequente de frutas, hortaliças, fibras e alimentos


integrais (VIDAL et al., 2012).
No Brasil, a ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, tem o objetivo
de proteger e promover a saúde da população, através da criação e publicação de
legislações e regulamentos técnicos mediante intervenção nos riscos decorrentes da
produção e uso de produtos e serviços sujeitos à vigilância sanitária, em ação
coordenada e integrada no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em 1999, o Ministério da Saúde realizou tanto a regulamentação quanto a
divulgação, por meio da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA), de 4 resoluções
relacionadas, direta ou indiretamente, aos alimentos funcionais, sendo elas: as
Resoluções 16, 17, 18 e 19 e a portaria nº15, a partir da instituição de uma
Comissão de Assessoramento Tecnocientífico em Alimentos Funcionais e Novos
Alimentos (CTCAF). Essa comissão compromete-se à prestação de consultoria e
assessoramento em matéria relacionada aos alimentos funcionais (AF) e novos
alimentos, além de abranger aspectos da segurança de consumo e alegações em
rótulos (ANVISA, 1999b).
A Resolução nº 16 aprova o regulamento técnico de procedimentos para
registro de alimentos e/ou novos ingredientes (ANVISA, 1999b).
A Resolução nº 17 aprova o regulamento técnico que estabelece as diretrizes
básicas para avaliação de risco e segurança dos alimentos (ANVISA, 1999d).
A Resolução nº18 aprova o regulamento técnico que estabelece as diretrizes
básicas para análise e comprovação de propriedades funcionais e/ou de saúde
alegadas em rotulagem de alimentos, constante do anexo desta portaria. Nesta
resolução, o Brasil adota como termo “alimento com alegação de propriedade
funcional” referindo-se a alimento funcional.
A Resolução nº 19 regulamenta os procedimentos para registro de alimentos
com alegação de propriedades funcionais e/ou de saúde em sua rotulagem
(ANVISA, 1999e).
A partir dessas resoluções, o Brasil foi o primeiro país da América Latina a
possuir uma legislação tendo os alimentos funcionais como referência. Atualmente,
alguns países, como a Argentina e o Chile, discutem sobre uma possível legislação,
no entanto nada foi regulamentado por ambas (Franco, 2006).
É importante compreender que os alimentos funcionais não apresentam
características curativas, propriedades estas específicas dos medicamentos; mas
20

apresentam componentes ativos com capacidade preventiva ou redutora para o


risco de certas doenças.

5.3 ALIMENTOS FUNCIONAIS NA PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO DO


CÂNCER

Nos últimos anos diversos estudos têm demonstrado a associação entre dieta
e doenças crônico-degenerativas, conferindo aos alimentos funcionais a capacidade
de proporcionar benefícios à saúde, além dos nutrientes presentes nos alimentos,
proporcionando a fusão da dieta terapêutica convencional com uma conduta
dietoterápica funcional, considerando a capacidade dos alimentos funcionais de
reduzir o risco de ocorrência de doenças crônicas degenerativas (PASCHOAL,
2001).
A Nutrição é um método comprovado, de baixo custo e mais saudável de
reduzir o risco de aparecimento de doenças. A intervenção nutricional é uma parte
fundamental na terapia oncológica, pois oferece um auxílio positivo na recuperação
e no bem-estar dos pacientes. 
Com os avanços na detecção precoce e no tratamento do câncer, existem,
aproximadamente, 32,6 milhões de pessoas vivas no mundo todo com histórico de
câncer.   
Os benefícios dos alimentos funcionais são decorrentes de vários efeitos
metabólicos e fisiológicos que contribuem para um melhor desempenho do
organismo do indivíduo que os ingere. Isto acontece devido à interação de
determinados compostos bioativos com componentes celulares e/ou teciduais
gerando um consequente efeito biológico (FERRARI e TORRES, 2002).
Alguns mecanismos de ação benéficos podem ser estimulados pela ingestão
regular de alimentos funcionais, como atividades antioxidantes, modulação de
enzimas, diminuição da agregação plaquetária, alteração no metabolismo do
colesterol, controle das concentrações de hormônios, redução da pressão
sanguínea, efeitos antibacterianos e antivirais, efeitos anticancerígenos, diminuição
da absorção da glicose e efeito antidepressivo (VIDAL et al., 2012).
Os alimentos oferecem diversas possibilidades de proteção ao organismo
contra o desenvolvimento do câncer e outras doenças crônicas 2; entre os vários
fatores que têm sido considerados responsáveis por essa proteção, podem ser
21

citados os carotenóides, as vitaminas antioxidantes, os compostos fenólicos, os


terpenóides, os esteróides, os indoles e as fibras 3,4.
Alguns compostos em especial, denominados agentes quimiopreventivos,
exercem uma ação protetora específica contra o desenvolvimento do câncer; muitos
desses compostos químicos podem ser sintetizados em laboratórios, mas a maioria
encontra-se prontamente disponível nos alimentos. As isoflavonas, por exemplo,
podem ser encontradas na soja; o licopeno no tomate; a luteína no espinafre; a
quercetina na maçã; o resveratrol na uva; as antocianinas nas frutas vermelhas
(cereja, framboesa, amora), entre outros. A maioria dos medicamentos usados no
tratamento dessas doenças é derivada ou contém compostos naturais, extraídos de
produtos alimentares (Martín-Hernández et al., 2018).
Na intenção de reforçar a funcionalidade dos alimentos e do metabolismo, a
ingestão hídrica é essencial, pois melhora a oxigenação das células e o trânsito
intestinal, mantém o corpo hidratado e auxilia na eliminação de toxinas.
Moraes & Colla (2006) afirma que as substâncias biologicamente ativas
encontradas nos alimentos funcionais podem ser classificados em grupos tais como:

5.3.1 ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3 – EPA E DHA

Os ácidos graxos destacando as séries ω-3 e ω-6, são encontrados em


peixes de água fria (salmão, atum, sardinha, bacalhau), óleos vegetais, sementes de
linhaça, castanha do pará, nozes e alguns tipos de vegetais.
Moraes & Colla (2006) menciona que além do seu papel nutricional na dieta,
os ácidos graxos ω-3 podem ajudar a prevenir ou tratar uma variedade de doenças,
incluindo doenças do coração, câncer, artrite, depressão e mal de Alzheimer entre
outros.
O salmão e outros peixes oleosos de águas profundas são boas fontes de
Ômega-3, ácido graxo poliinsaturado que ficou conhecido como uma forma de
“gordura boa”, que reduz o risco de ataque cardíaco e é rico em antioxidantes. Os
antioxidantes combatem o envelhecimento precoce das células, o que auxilia a
reprodução celular saudável e evita o câncer. Além disso, o Ômega-3 fortalece os
telômeros das fitas de DNA, que servem para selar e proteger o código genético de
danos causados por células cancerosas.
Em um estudo publicado no periódico Cancer Prevention Research, altas
22

doses de Ômega-3 ajudaram a reduzir a densidade mamográfica em mulheres


acima do peso. A alta densidade do tecido dos seios é um fator de risco para o
câncer de mama.
É preciso destacar, porém, que pesquisas recentes sugerem cautela na
ingestão de suplementos de óleos de peixe e outras fontes de Ômega-3. Publicado
no Journal of the National Cancer Institute, um experimento mostrou a relação entre
altas doses de Ômega-3 e o surgimento e agravamento do câncer de próstata. De
acordo com os pesquisadores, homens que utilizavam uma dose de suplementação
de Ômega-3 (equivalente a três ou quatro refeições de salmão por semana) tinham
71% mais chance de desenvolver o tipo mais grave de câncer de próstata do que
pessoas que não usam o suplemento.
Experimentos in vitro mostraram que concentrações fisiológicas do ácido
linoleico conjugado inibem o crescimento de células neoplásicas de maneira dose -
dependente, mediam inibição da apoptose e atuam na expressão genética (está
presente nos produtos de origem animal). Ácidos graxos poli-insaturados ômega 3
participam no aumento da apoptose, indução da diferenciação celular e diminuição
da neoangiogênese tumoral (encontrado em peixes, nozes, óleos de peixes e de
linhaça). O ômega 6 é convertido a ácido araquidônico, precursor da síntese de
eicosanoides relacionados com a proliferação celular e invasibilidade do tumor. São
fontes desse nutriente os óleos vegetais de milho, girassol, açafrão e soja.
A Linhaça é rica em óleos insaturados e fibras, a linhaça contém diversos
componentes~ anticancerígenos, como a lignina, razão pela qual previne e combate
a formação de tumores. Consuma todos os dias de 1 a 2 colheres (sopa) de
sementes de linhaça trituradas na hora.

5.3.2 ALIMENTOS SULFURADOS E NITROGENADOS

Estão presentes em alimentos como brócolis, couve-flor, repolho, rabanete,


palmito e alcaparra. São compostos orgânicos usados na proteção contra a
carcinogênese e mutagênese, sendo ativadores de enzimas na detoxificação do
fígado.
Os isotiacianatos e indóis são compostos antioxidantes que estão
presentes em crucíferas, tais como brócolis, couve-flor, couve-de-bruxelas, couve
23

e repolho. Esses compostos inibem a mutação do DNA, que predispõe algumas


formas de câncer (SOUZA, et al., 2003).
Os isotiocianatos, encontrados nos vegetais crucíferos, como couve,
brócolis e repolho, que atuam inibindo o metabolismo oxidativo de vários
carcinógenos e diminuindo a toxicidade.

5.3.3 CAROTENOIDES

Os carotenóides fazem parte do sistema de defesa antioxidante em humanos


e animais, protegendo as estruturas lipídicas da oxidação ou por sequestro de
radicais livres gerados no processo foto-oxidativo (STAHL & SIES, 2003).
Gazzoni (2003) explica que os carotenóides estão presentes em alimentos
com pigmentação amarela, laranja ou vermelha (tomate, abóbora, pimentão,
laranja). Seus principais representantes são os carotenos, precursores da vitamina A
e o licopeno.
Inicialmente, existia dúvida sobre o poder quimiopreventivo do beta-caroteno,
se este estaria, realmente, associado ao beta-caroteno exclusivamente, ou se
deveria ser atribuído à sua conversão em vitamina A que, por sua vez, promoveria a
ação. Posteriormente, os estudos revelaram que o beta-caroteno não só possuía
uma ação exclusiva, como esta era mais potente que a promovida pela vitamina A.
O β-caroteno é o carotenoide mais abundante em alimentos, sendo o principal
carotenoide. Piga et al. (2014) reafirmam a importância nutricional do β-caroteno,
como precursor da vitamina A e também por sua atuação como antioxidante,
removendo o oxigênio molecular singlete, um dos mais potentes radicais livres,
atenuando o dano ao DNA. Foi observado que o elevado consumo dietético de
frutas, legumes e verduras ricos em β-caroteno tem associação com a redução do
risco de alguns tipos de câncer, como orofaríngeo, adenoma colorretal, de bexiga e
de pâncreas. Porém as principais evidências dos benefícios do β-caroteno são sobre
o câncer de mama e de esôfago (CHAVES, 2015).
Outro carotenoide, o licopeno é um carotenoide com pigmentação vermelha,
é encontrado principalmente no tomate, mas também na melancia, cenoura, toranja
e cereja, entre outros. É principalmente associado às suas excelentes capacidades
antioxidantes, especialmente a sua propriedade de extinção de oxigénio singleto e
de capturar radicais peroxilo, mas também tem propriedades anti-inflamatórias,
24

anticancerígenas, especialmente na prevenção e tratamento do cancro da próstata


(efeito inibitório no androgénio). O licopeno é capaz de reduzir a mutagênese e, em
concentrações fisiológicas, pode inibir o crescimento de células humanas
cancerígenas, especialmente em câncer de próstata, sem evidência de efeitos
tóxicos ou apoptose celular (BLUM et al., 2005).
O licopeno tem efeitos contra vários tipos de câncer, como mama, cérvix,
ovários, pulmão, trato intestinal, cavidade oral e próstata. Konijeti et al. (2011)
realizaram um estudo em ratos, no qual compararam o efeito do extrato de tomate,
pérolas de licopeno e uma dieta controle. Descobriram que os ratos alimentados
com pérolas de licopeno puro apresentaram menor incidência de câncer de próstata
e menor dano oxidativo no DNA do que no grupo controle. Os animais alimentados
com extrato de tomate não apresentaram diferença significativa no grupo controle
sobre a incidência de câncer, mas um dano oxidativo menor. O cozimento de
alimentos ricos em licopeno resulta em uma perda mínima da substância; a ação do
calor no alimento, somada à ingestão de gorduras aumenta a biodisponibilidade e
absorção deste composto. Ao cozinhar o suco de tomate com 1% de óleo de milho
aumenta-se de duas a três vezes a concentração do licopeno sérico (STAHL; SIES,
1992 apud PIMENTEL; FRANCKI; GOLLÜCKE, 2005).
O processamento de alimentos tem demonstrado aumentar a
biodisponibilidade de licopeno, devido à liberação da matriz do alimento. Com isso,
molho de tomate e purê de tomate são tidos como melhores fontes biodisponíveis de
licopeno do que as demais fontes de alimentos não cozidos, tais como o tomate cru
(BOILEAU; BOILEAU; ERDMAN, 2002).
A quantidade sugerida de ingestão de licopeno varia de 4 a 35mg/dia, não há
ainda uma quantidade específica, mínima ou máxima, prescrita de licopeno que seja
considerada segura para ingestão. Dessa forma, necessita-se de mais estudos para
que essa recomendação atenda às necessidades humanas (MORITZ; TRAMONTE,
2006).
A goiaba vermelha é rica em substâncias que têm se mostrado benéficas
contra o câncer, os carotenoides. Presentes em quase todos os legumes e frutas
amarelos, laranjas e vermelhos, pesquisas mostram que esses nutrientes ajudam na
prevenção do câncer de pele, mama e de próstata. A concentração de um nutriente
deste grupo, o licopeno, é especialmente alta em goiabas.
A luteína é formada por uma molécula de alfa-caroteno e dois radicais
25

hidroxila, e, como os demais carotenóides, também pode ser encontrada em uma


grande variedade de frutas, legumes e verduras, tais como, folhosos verdes escuros,
abóbora, manga, mamão, pêssego, ameixa, laranja. A zeaxantina pode ser
encontrada tanto nas frutas, legumes e verduras quanto no milho, e é constituída por
uma molécula de beta-caroteno adicionada de duas hidroxilas . Nishino et
al.3 demonstraram que ratos induzidos ao câncer de pele e suplementados com
luteína tiveram uma incidência significantemente menor, quando comparados aos
que não receberam o suplemento (p<0,05), e evidenciaram uma ação
anticarcinogênica relacionada tanto à iniciação quanto à promoção.
A principal inovação no campo da prevenção do câncer por meio da
alimentação não está em um mágico alimento específico, ou em um carotenóide
especial, em uma única fórmula ou suplemento; está na diversidade, na variedade,
na descoberta e na comprovação dos mecanismos bioquímicos de atuação de
compostos, como os carotenóides.

5.3.4 COMPOSTOS ORGÂNICOS DE ENXOFRE

Os alimentos mais associados a esses compostos são os vegetais allium,


como o alho, a cebola e o alho-francês e os vegetais crucíferos, como a couve,
brócolis e o repolho (Poojary et al., 2017; Ramirez et al., 2017).
A couve, o brócolis, o repolho e couve-flor têm sulforafano e indol-3-carbinol,
eles podem combater as toxinas e as células que podem se transformar em tumores
malignos. O interessante é que estudos feitos revelaram que todos esses vegetais
são mais atuantes contra os cânceres de boca, esôfago e estômago.
A alicina é responsável pelo sabor forte e o cheiro desagradável no alho e
cebola quando as mesmas são cortadas/maceradas. Existem evidências de que a
alicina possui uma ampla gama de atividades biológicas, como antibacteriana,
antidiabética, anticancerígena, antiangiogénese e efeitos anti-hiperlipidémicos
(Ramirez et al., Raquel Palma, 2017). O consumo desses compostos é
considerado benéfico para doenças cardíacas, tumores (como esofágico, gástrico,
colorretal, mama, pulmão, pele e próstata), processos imunológicos, entre outros.
O relatório de saúde feminina do estado de Iowa, nos Estados Unidos,
relacionou o consumo frequente de alho a um risco 50% menor de câncer de cólon.
Outro estudo, na China, mostrou que o consumo de alho e alimentos da mesma
26

família reduziu os riscos de câncer de esôfago e estômago.

5.3.5 FIBRAS ALIMENTARES

As fibras são um grupo de componentes alimentares resistentes à digestão e


absorção intestinal, com fermentação completa ou parcial no intestino grosso.
São substâncias com alto peso molecular, encontradas nos vegetais, tais
como os grãos (arroz, soja, trigo, aveia, feijão, ervilha), em verduras (alface, brócolis,
couve, couve-flor, repolho), raízes (cenoura, rabanete) e outras hortaliças (chuchu,
vagem, pepino) (PIMENTEL et al., 2005)
O consumo de fibras está relacionado à redução de doenças inflamatórias
intestinais.
Segundo Anjo (2004), o consumo regular das fibras reduz os níveis de
colesterol sanguíneo e diminui os riscos de desenvolvimento de câncer, devido a
capacidade de retenção de substâncias tóxicas ingeridas ou produzidas no trato
gastrointestinal durante processos digestivos; redução do tempo do transito
intestinal, promovendo uma rápida eliminação do bolo fecal, com redução do tempo
de contato do tecido intestinal com substâncias mutagênicas e carcinogênicas e
formação de substâncias protetoras pela fermentação bacteriana dos compostos de
alimentação.

5.3.6 POLIFENÓIS

Atuam como antioxidantes, anti-inflamatórios e antimicrobianos, a principal


forma de os incluir na dieta humana é através da ingestão de produtos de origem
vegetal, como o vinho (Giovinazzo & Grieco, 2015), chá (Yang et al., 2018) e frutas e
vegetais (Alissa & Ferns, 2017).
A casca da uva, assim como de outras frutas na cor roxo e vermelho-escuro,
é rica em resveratrol, substância que é capaz de inibir a formação de tumores no
fígado, estômago, mamas e no sistema linfático. Em casos de câncer, o resveratrol
diminui o crescimento do tumor e é até capaz de matar células cancerosas por si só.
Cientistas brasileiros demonstraram que a associação entre resveratrol e
quimioterapia potencializam o tratamento e ele é estudado como possível alternativa
para tratamento de tumores que não respondem às terapias convencionais.
27

As isoflavonas são compostos que ocorrem naturalmente em mais de 300


tipos de plantas, sendo que a soja e seus derivados fornecem quantidades
fisiologicamente relevantes deste composto. Os alimentos derivados de soja
também são fontes alimentares que contém fitossubstâncias de ocorrência natural,
tais como isoflavonas que podem trazer benefícios à saúde, incluindo o tratamento
para prevenir câncer (LIPPINCOTT WILLIAMS & WILKINS, 2003). Estudos clínicos
têm indicado uma forte associação entre a ingestão de alimentos derivados de soja
e a diminuição de risco de morte ou recorrência de câncer em portadores de câncer
de mama (SHU et al., 2009). A absorção das isoflavonas vai depender da
sensibilidade individual, de fatores genéticos, da fase da vida humana e do
processamento industrial sofrido pelo alimento (INSTITUTO NACIONAL DO
CÂNCER, 2012). Conforme a ANVISA (2008) o consumo diário estabelecido é de no
mínimo 25 g de proteína de soja; já o consumo em grão, segundo Mandarino e
Rufino (2002) é de aproximadamente 60 g por dia.
O chá verde é produzido pela folha fresca de Camelia sinensis, que contém
cerca de 30% de compostos polifenólicos, principalmente epicatequinas, após rápida
inativação da polifenoloxidase através do emprego de calor seco em alta
temperatura, o que preserva o conteúdo destes compostos (PRADO et al., 2005). A
literatura discute o papel do chá verde na prevenção de neoplasias malignas,
baseada em estudos epidemiológicos in vitro e in vivo. Nakachi e Eguchi (2003), em
estudo de corte, acompanharam, durante 13 anos, uma população com idade
inferior a 79 anos. Os autores observaram relação inversa entre o consumo de
quantidades elevadas de chá verde e a diminuição no número de mortes por câncer
e doenças relacionadas com o envelhecimento. O trabalho sugere que o consumo
diário de chá verde pode melhorar a qualidade de vida e proteger de uma morte
prematura, particularmente causada por câncer. Segundo Carvalho e Perucha
(2006), a quantidade recomendada é de 4-6 xícaras de chá verde por dia.
A graviola (Annona muricata), é composta por níveis elevados de hidratos
de carbono e de frutose. Em sua composição também podemos encontrar níveis
significativos de vitaminas B1, B2 e C. O principal ingrediente ativo da graviola é um
composto denominado acetogenina, um fitoquímico capaz de prevenir a reprodução
de células cancerígenas anormais, pois interfere nos processos de produção de
ATP, molécula responsável por fornecer a energia necessária para a atividade
celular. Sem as moléculas de ATP, as células cancerígenas se tornam incapazes de
28

realizar as funções básicas que as mantém vivas e de se reproduzir. A acetogenina


também contribui para inibir o fluxo sanguíneo nos pequenos órgãos das células
anormais, ocasionando a interrupção do fornecimento de nutrientes para estas
células.
Alguns estudos científicos comprovaram que as substâncias químicas
presentes na graviola possuem elementos antitumorais. Estes elementos são tóxicos
para as células cancerígenas, mas não prejudicam as células saudáveis. Em 1998, a
Universidade de Purdue, em Indiana, EUA, realizou diversas pesquisas científicas
acerca das acetogeninas apoiadas financeiramente pelo Instituto Nacional do
Câncer dos EUA e pelo Instituto Nacional de Saúde norte-americano (NIH). Nestas
pesquisas, a Universidade registrou cerca de 9 patentes nacionais e internacionais
decorrentes do seu trabalho em torno dos elementos antitumorais da graviola e da
acetogenina.
Recentemente, três respeitáveis laboratórios norte-americanos estabeleceram
que a acetogenina realmente está vinculada ao bloqueio da reprodução das células
cancerígenas. Estudos realizados pelo Instituto Nacional do Câncer dos Estados
Unidos também afirmaram que os efeitos da graviola e da acetogenina agem em
várias formas de câncer, incluindo o câncer de mama, pâncreas, pulmão, fígado e
próstata. Desta forma, apesar destes estudos que relatam a toxicidade da graviola,
vários estudos já relatados acima e outras pesquisas recentes como o estudo de
Daddiouaissaa e Amidb, (2018), que relatam que pesquisadores identificaram
compostos bioativos, como acetogeninas e polifenóis na polpa da graviola, que
estão relacionados a prevenção de diferentes patologias, incluindo
neurodegeneração, diabetes, doenças cardiovasculares e antiinflamatórias, sendo
que atualmente, a atenção está sendo focada nas propriedades anticancerígenas
das acetogeninas que são os principais compostos bioativos encontrados no fruto.
Como a graviola apresenta compostos que apresentam ação antioxidante,
além de apresentar compostos efetivos contra células cancerígenas, como relatado
na literatura, espera-se que a graviola possa ser uma alternativa complementar para
o tratamento do câncer, assim como para sua prevenção.
Usada como corante de alimentos, a curcumina – substância encontrada no
pó extraído da raiz da cúrcuma ou açafrão-da-índia (Curcuma longa) – pode ajudar a
prevenir ou combater o câncer de estômago. Um estudo feito por pesquisadores das
universidades Federal de São Paulo (Unifesp) e do Pará (UFPA) apontou possíveis
29

efeitos terapêuticos desse pigmento e de outros compostos bioativos encontrados


em alimentos nesse tipo de tumor – o terceiro mais frequente em homens e o quinto
entre as mulheres no Brasil.
Além da curcumina, outros compostos com papel relevante na modulação de
atividade das histonas revelados pelo estudo foram o colecalciferol, o resveratrol
(polifenol encontrado principalmente nas sementes de uvas e no vinho tinto) e a
quercetina (encontrada em grandes concentrações em maçãs, brócolis e cebolas).
Completam a lista o garcinol, isolado de cascas de kokum (Garcinia indica), e o
butirato de sódio, gerado pela fermentação de fibras alimentares por microrganismos
da flora intestinal. Esses compostos podem favorecer a ativação ou a repressão de
genes envolvidos no desenvolvimento do câncer de estômago por meio da
acetilação ou desacetilação de histonas.
Nos Estados Unidos são muito comuns o câncer de mama, de cólon, de
próstata e de pulmão, o que não acontece na Índia, onde é alta a ingestão de
cúrcuma. Observou-se aumento da incidência de câncer de cólon em imigrantes da
Índia vivendo nos Estados Unidos, o que mostra o valor da dieta como fator
quimiopreventivo (AGGARWAL, 2003).

5.3.7 PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS

Os probióticos são microrganismos vivos que podem ser agregados como


suplementos na dieta, afetando de forma benéfica o desenvolvimento da flora
microbiana no intestino. A ingestão de culturas probióticas proporciona o controle da
microbiota intestinal, a estabilização da microbiota intestinal após o uso de
antibióticos, a promoção da resistência gastrintestinal à colonização por patógenos,
a diminuição da concentração dos ácidos acético e lático, de bacteriocinas e outros
compostos antimicrobianos, a promoção da digestão da lactose em indivíduos
intolerantes a lactose, a estimulação do sistema imune, o alívio da constipação e o
aumento da absorção de minerais e vitaminas. Algumas das principais fontes de
alimentos probióticos incluem maçãs, amêndoas, iogurte, banana, cebola, vinagre
de maçã, tempeh (produto de soja fermentado indonésio), chocolate amargo e sopa
de missô (combinação de água e pasta de soja, juntamente com algas e cebolas
opcionais).
30

Os prebióticos são oligossacarídeos não digeríveis, porém fermentáveis cuja


função é mudar a atividade e a composição da microbiota intestinal pois estimulam o
crescimento dos grupos endógenos de população microbiana, tais como as
Bifidobactériase os Lactobacillos, que são ditos como benéficos para a saúde
humana (BLAUT, 2002). O consumo de prebióticos induz a modulação das funções
fisiológicas chaves, como a absorção de cálcio, o metabolismo lipídico, a modulação
da composição da microbiota intestinal, a qual exerce um papel primordial na
fisiologia intestinal e a redução do risco de câncer de cólon. São encontrados em
alimentos de origem vegetal e nas cascas desses alimentos. De maneira geral,
essas fibras alimentares específicas são conhecidas como inulina, pectina, lignina e
FOS ou frutooligosacarídeos (tomate, a cebola, a aveia, o trigo e a banana) A
pectina é uma fibra muito comum na casca da maçã e em frutas cítricas. A lignina,
por sua vez, é facilmente encontrada nas cascas de oleaginosas como o gergelim e
a linhaça, além das leguminosas como a soja e o feijão. A inulina é muito
comumente encontrada no alho, nos aspargos e na chicória.
Alimentos que contém probióticos e prebióticos estão classificados como
funcionais e denominam-se simbióticos, esta combinação implica sinergismo, isto é:
aumento do benefício (SCHREZENMEIR & DE VRESE, 2001).
Estudos mostraram que o uso de probióticos durante a radioterapia e a
quimioterapia pode prevenir a diarreia provocada por esses tratamentos,
especialmente se a área irradiada for o abdome.

5.3.8 VITAMINAS

As vitaminas possuem várias funções no corpo e, apesar de não


fornecerem energia, estão envolvidas nos processos básicos do funcionamento do
corpo e, por isso, é importante que seja consumida em quantidades ideais.
Como o organismo é incapaz de sintetizar vitaminas, é importante que sejam
ingeridas através da alimentação, sendo muito importante fazer uma dieta
equilibrada, rica em legumes e fontes de proteína variadas. Também podem ser
ingeridas através de suplementos.
As vitaminas antioxidantes são essenciais no combate ao tumor. A vitamina A
(retinol), assim como os carotenoides, tem a capacidade de inibir a oxidação de
compostos, proteger células dos danos oxidativos e inibir a atividade do citocromo
31

P450, um ativador de pró-carcinogenes (essa vitamina está presente no fígado,


gema de ovo, leite e derivados e vegetais).
A amora é uma fonte de resveratrol, vitaminas A e E, essenciais para o
combate e prevenção do câncer. 
A vitamina E (α-tocoferol) gera proteção contra a peroxidação lipídica nas
membranas e inibe a gênese de células malignas de mama in vitro (são alimentos
fontes o leite e derivados, ovos, óleos, amêndoa, germe de trigo e avelã). A vitamina
E é associada com a diminuição do ritmo de crescimento de tumores, além de
fortalecer o sistema imunológico. Além do câncer, a substância é utilizada de forma
complementar a tratamentos de doenças cardíacas, hipertensão, úlceras e alergias.
A vitamina C (ácido ascórbico) mantém as enzimas tiols reduzidas e poupa a
glutationaperoxidase, um cofator antioxidante enzimático (é a vitamina mais
abundante da natureza e encontra-se, especialmente, em frutas cítricas e vegetais).
A vitamina C também é geralmente associada ao fortalecimento imunológico e
estudos mostram que a substância é capaz de combater ativa mente o câncer. Essa
substância é muitas vezes associada diretamente à laranja. Mas, enquanto 100
gramas de laranja tem em média 60 mg de vitamina C, a mesma quantidade de
goiaba pode chegar a 330 mg. Segundo o Instituto Nacional de Câncer dos Estados
Unidos, altas doses de vitamina C ajudaram a reduzir o crescimento do câncer de
próstata, pâncreas e fígado. Também há indícios de que associar a vitamina C à
quimioterapia torna o tratamento mais efetivo.
A vitamina B9 (ácido fólico) diminui taxas de mutações por meio da
instabilidade genômica, modula a expressão genética e impede supressores
tumorais (presente na laranja, ovo, vegetais, feijões e trigo integral). O selênio é um
componente da glutationa, que inibe a proliferação celular pela degradação da
matriz (são fontes a castanha do Brasil, a cebola, o alho, o brócolis e cereais
integrais). O cálcio promove a ativação da apoptose de células tumorais e encontra-
se, em abundância, em leite e derivados, peixes, vegetais e leguminosas. Outros
minerais, como manganês, magnésio, zinco, cobre e molibdênio, protegem o DNA e
apresentam funções imunomoduladoras (podem ser encon-trados nas oleaginosas,
cereais integrais, hortaliças, carnes vermelhas e brancas, frutos do mar,
leguminosas e cacau).
A castanha-do-pará é uma das maiores fontes conhecidas de selênio. Este
mineral é necessário para manter a função da tiroide e das enzimas do fígado, além
32

de combater radicais livres que podem causar o câncer. Uma pesquisa feita na Nova
Zelândia mostrou que apenas uma castanha-do-pará por dia já é suficiente para
manter o nível recomendado de selênio, que não é comumente encontra do nos
alimentos, e que a castanha é mais eficiente nesta reposição do que o próprio
suplemento isolado.
A vitamina D é perfeita para reduzir o risco de vários tipos de câncer, como o
de mama e o de cólon. Além disso, aumenta as chances de sobrevivência de quem
já está com um tumor maligno.

6. METODOLOGIA DA PESQUISA

O presente estudo foi realizado a partir de uma revisão na literatura disponível


acerca dos Alimentos Funcionais, relacionando-os com a prevenção e tratamento do
Câncer.
Para isso foram utilizados artigos científicos publicados em artigos, livros,
revistas, sites, jornais e periódicos. A pesquisa de artigos foi feita nas bases
eletrônicas Google Acadêmico, Scielo, PubMed, usando os termos: Alimentos
funcionais. Alimentos Anti-inflamatórios. Alimentos Anticarcinogênicos.
Antioxidantes. Câncer. Carotenóides. Células tumorais. Compostos bioativos.
Flavonoides. Fibras. Hábitos alimentares. Licopeno. Prevenção através dos
alimentos. Prebióticos. Polifenóis. Probióticos. Tratamento Câncer.
33

7. CONCLUSÃO

A partir deste estudo, ressalta-se a importância dos alimentos funcionais por


enriquecerem a dieta, colaborarem para a melhora do metabolismo e prevenir
enfermidades ou o agravamento das mesmas, uma vez que o crescente número de
casos de câncer têm se tornado frequentes e em números assustadores. É
importante ressaltar que um único alimento consumido de forma isolada não é capaz
de prevenir o surgimento de doenças. Recomenda-se uma combinação de
alimentos, como parte da alimentação habitual, para melhorar a qualidade de vida
e/ou reduzir o risco de doenças.
No entanto, é importante compreender que os alimentos funcionais não
apresentam características curativas, propriedades estas específicas dos
medicamentos, mas apresentam componentes ativos com capacidade preventiva ou
redutora para o risco de certas doenças, destacando-se a melhoria do sistema
imunológico e a redução do risco de doenças cardiovasculares, hipertensão,
diabetes, doenças inflamatórias e intestinais, por exemplo.
Assim sendo, podemos concluir que os alimentos funcionais são um grande
avanço tanto na Nutrição como na Medicina. Mesmo não substituindo as formas de
tratamento da Medicina moderna, os alimentos funcionais devem ser usados como
um método auxiliar na prevenção e tratamento do Câncer.
Como é evidenciado cientificamente em vários estudos, os alimentos
funcionais desempenham fundamental papel no acompanhamento dietoterápico de
pacientes oncológicos, neste caso, especificamente, o câncer, em complemento ao
tratamento químico.
Evidencia-se, porém, a necessidade de maior atenção à ingestão dietética
destes alimentos, bem como de novas pesquisas para elucidarem as formas de
consumo e dosagens recomendadas de cada componente, já que a literatura
existente não esclarece essas questões.
Diante de toda revisão de literatura inserida nesse trabalho, pode- se concluir
que a intervenção nutricional é positiva e está diretamente relacionada com a
resposta adaptativa do tratamento convencional, sendo afirmativo que a nutrição
funcional é de fato primordial no tratamento do Câncer.
A introdução desses alimentos faz parte da conscientização de uma
reeducação alimentar, tendo em vista que o seu consumo frequente gera uma
34

promoção fisiológica benéfica e aumenta a sobrevida do paciente.


O Nutricionista tem papel fundamental na orientação e elaboração do plano
alimentar, estimulando o consumo de alimentos promotores da saúde. Mais do que
nunca, tornou-se fundamental priorizar a saúde por meio de alimentação natural e
buscar alternativas para fortalecer a saúde.
35

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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