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Direito Economico - Feito

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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

Tema: Tipologia da interveneção do Estado: caso de Moçambique

Albino Jorge

Código
Nampula, aos 14 de Agosto de 2022
1
UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

Tema: Tipologia da interveneção do Estado: caso de Moçambique

Trabalho de campo de Direito


Economico a ser submetido na
coordenação do curso de Direito na
UnIsced do 1º ano

Código

Nampula, aos 14 de Agosto de 2022

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Índice

Introdução...............................................................................................................................4

1. Tipologia de intervenção do Estado....................................................................................5

1.1. Breve compreensão..........................................................................................................5

2. As relações entre Estado, economia, direito e desenvolvimento........................................5

3. Intervenção do estado no cômpulo económico...................................................................7

3.1. Intervenção directa e intervenção indirecta: critério do sujeito económico.....................7

3.2. Intervencionismo, Dirigismo e Planificação....................................................................8

3.3. Absorção, participação e indução....................................................................................9

3.4. Intervenção global, intervenção sectorial e intervenção pontual ou avulsa...................10

3.5. Intervenção imediata e intervenção mediata..................................................................10

3.6. Intervenção unilateral e intervenção bilateral ou contratual..........................................11

4. O caso de Moçambique.....................................................................................................11

4.1. O sector empresarial do Estado......................................................................................12

Conclusão..............................................................................................................................14

Bibliografia...........................................................................................................................15

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Introdução

A intervenção do Estado no domínio econômico, nada mais é do que todo ato ou medida
legal que restrinja, condiciona ou tenha por fim suprimir a iniciativa privada em
determinada área, visando assim, o desenvolvimento nacional e a justiça social,
assegurados os direitos e garantias individuais.

Neste trabalho, pretendemos falar da tipologia da intervenção do Estado, tomando o


exemplo de Moçambique. O objetivo deste estudo é realizar abordagem crítica sobre a
política de intervenção do Estado moçambicano na economia. Note-se que de entre os
motivos determinantes para o surgimento da intervenção estatal na economia, despontam o
fracasso do mercado e a necessidade de recriá-lo com o Estado que assumisse determinadas
responsabilidades.

O trabalho prosseguiu com abordagens teóricas, examinando formas, modelos, paradigmas


e a constitucionalidade desse tipo de intervenção via aquisição de ativos. De tal modo, o
presente trabalho visa analisar as intervenções delineadas na Constituição da Republica e
como tais intervenções se materializam.

A metodologia utilizada para alcançar os objetivos especificados neste trabalho, foi a


analise da literatura referente ao tema específico e relacionada a outros que o tangenciam,
pautando-se na análise transdisciplinar entre Direito e Economia. Foram exploradas
doutrinas em âmbito nacional e internacional acerca das relações entre Estado e economia,
assim como documentos e dados sobre o problema que está sendo estudado. O método
utilizado foi o dedutivo.

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1. Tipologia de intervenção do Estado

1.1. Breve compreensão

O papel do Estado em relação à economia sempre constituiu assunto dos mais discutidos. O
foco dos debates, que durante o século XIX esteve restrito à dimensão da intervenção,
desloca-se no decorrer do século XX para a sua natureza, dada a articulação de novos
mecanismos de intervenção utilizados em diversos países. A partir da quadra final do
século XX, a preocupação com o ambiente institucional passa a se constituir como um novo
paradigma de estudos no campo econômico.

Em meio a este contexto, o estudo da intervenção na economia passa a ser contextualizado


como das diferentes alternativas de organização financeira, especialmente no que diz
respeito aos arranjos institucionais mais adequados de realizar as finalidades das ordens
econômicas estruturadas pelos países em suas constituições.

As discussões em relação à implementação de modelos de financiamento público e privado


das economias passa a compor tema central, dado ao interesse público na eficiência da
atividade econômica como contributo ao desenvolvimento, e também controverso, em face
das polêmicas acerca da natureza e intensidade da intervenção estatal.

2. As relações entre Estado, economia, direito e desenvolvimento.

A busca de um conceito para a expressão Estado sempre foi motivo de preocupação para
filósofos, sociólogos e juristas. No decorrer da História, as tentativas neste sentido se
mostraram extremamente tormentosas, com resultados pouco satisfatórios do ponto de vista
teórico. Bonavides (2000) destaca que houve no século XIX um jurista, Bastiat, tido como
um publicista do liberalismo que, de forma sutil e irônica, se dispôs a pagar um prêmio de
cinquenta mil francos àquele que lhe proporcionasse uma definição considerada adequada.

Certamente, ninguém jamais viu o Estado, mas também não há quem possa negar que ele
seja uma realidade, ocupando lugar de destaque em nossa vida quotidiana, a ponto de, sem
ele, ficarem comprometidas as possibilidades de as pessoas viverem. A sua história resume
o passado e sua existência presente pressupõe o futuro, pois, para o melhor e também para o

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pior, estamos ligados a ele (Vasconcellos & Garcia, 2005, p. 52). Há necessária relação
entre o Estado e o complexo social.

No entender de Bobbio (1986, p. 401), o encontro de uma apropriada “definição de Estado


contemporâneo envolve numerosos problemas, derivados principalmente da dificuldade de
analisar exaustivamente as múltiplas relações que se criaram entre o Estado e o complexo
social”.

Com isso, menos embaraçosa é a tarefa de enumerar as suas finalidades, sendo possível
apontá-lo como o instrumento de ação coletiva por excelência da sociedade, ou seja, a
forma pela qual esta busca alcançar seus objetivos políticos fundamentais, entre os quais o
processo de desenvolvimento e o bem-estar material, que têm na economia um dos fatores
preponderantes para a sua promoção.

Para se compreender as inter-relações entre o Estado e a economia e a própria intervenção


deste no domínio econômico, com vistas a alcançar as suas finalidades maiores, faz-se
necessário analisar, ainda que sucintamente, alguns dos possíveis significados e parâmetros
de análise da economia e de suas distintas formas de organização, pois, como leciona
Weber (1999), o conhecimento da economia oferece uma visão mais ampla e crítica do
próprio funcionamento do mercado, oferecendo base teórica para a formulação de respostas
a questões que envolvem poupança, investimentos e desenvolvimento.

Por seu turno, Vaz (S/D), adverte que a “relação entre o Estado e a economia é dialética,
dinâmica e mutável, sempre variando segundo as contingências políticas, ideológicas e
econômicas”. No que se refere à participação do Estado na economia, é possível constatar
na doutrina alusões destacadas a pelo menos três paradigmas gerais distintos: Liberal,
Social e Pós-Social, onde cada visão implicou em uma determinada concepção de
intersecções entre economia, direito, sociedade e o próprio Estado, com o poder público
assumindo diferentes posições e estratégias em face do cenário econômico em cada
contexto histórico.

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3. Intervenção do estado no cômpulo económico

A intervenção do Estado é um fenómeno historicamente permanente, diferindo em


quantidade e qualidade. É também um fenómeno geral, que se manifesta em sistemas muito
diversos. Existem várias classificações das modalidades de intervenção do Estado no
domínio económico, mas aqui optamos aquela tipologia descrita por Waty (2011, p. 78-83).

3.1. Intervenção directa e intervenção indirecta: critério do sujeito económico

a) Intervenção Directa: quando é o próprio Estado que é o sujeito económico, assumindo o


papel de agente produtivo, criando empresas públicas ou actuando através delas, intervindo
nos circuitos de comercialização, agindo da mesma forma como agem os agentes
económicos, e sujeitando-se às regras e normas jurídico-económicas traçadas para serem de
cumprimento geral.

O Estado intervém na economia através da realização de uma actividade económica,


concorrendo com outros agentes económicos. Por outro lado, a intervenção directa do
Estado tem, de forma crescente, fins lucrativos, tradicionalmente exclusivos da actividade
privada. Sendo que, a estrutura da empresa privada é a que melhor se adequa a obtenção do
lucro, o Estado procura cada vez mais imitar a empresa privada.

Contudo, importa referir que o Estado, por essência, não devia produzir bens e serviços
transaccionáveis porque tem uma função essencialmente executiva, legislativa e judicial e,
portanto, todos os seus órgãos estão dependentes destas funções estatais no serviço da
administração pública.

b) Intervenção Indirecta: quando o Estado não é ele próprio sujeito económico, mas limita-
se a condicionar, a partir de fora, a actividade económica privada, sem assumir o papel de
sujeito económico activo – trata-se da “regulação”.

A intervenção indirecta do Estado efectua-se a três níveis, designadamente: Política


económica, Fomento económico e Investimento.

A Política Económica é o conjunto de medidas tomadas pelo Estado em ordem a influenciar


a economia e orientar o seu desenvolvimento. Portanto, a política económica consiste na

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definição de medidas orçamentais, monetárias, salariais, de preços, de emprego,
ordenamento territorial, concorrenciais, fiscais e outras, em ordem a influenciar o
comportamento dos agentes económicos.

O Fomento Económico pode consistir na concessão de crédito pelo Estado, de benefícios


fiscais como redução e isenção, bonificação de juros, bem como subsídios. Portanto, o
fomento económico pode compreender: isenções fiscais; redução de impostos, subsídios
financeiros, crédito, aval, isenção ou redução de direitos aduaneiros, facilidade de
exportação e reexportação de bens, etc.

3.2. Intervencionismo, Dirigismo e Planificação.

Quanto à doutrina inspiradora (elementos ideológicos, em termos qualitativos e


quantitativos), a intervenção do Estado caracteriza-se segundo 3 formas distintas:
intervencionismo, dirigismo e planificação.

a) Intervencionismo: existe quando o Estado, respeitando no essencial a liberdade de


actuação dos agentes económicos privados, procura realizar objectivos próprios relativos ao
conjunto da economia, condicionando ou influenciando com tal fim a actividade dos
particulares.

b) Dirigismo (ou direcção económica): existe quando o Estado formula objectivos globais e
pretende propô-los, ou até impô-los, aos sujeitos económicos. Dirige assim a sua actividade
(em vez de se limitar a corrigi-la), embora com respeito pelos princípios essenciais da
liberdade económica e pelo mercado como instrumento regulador.

c) Planificação: existe quando o Estado define objectivos globais e sectoriais e estratégias


de comportamento por ele ditadas, impondo-as, mediante “o Plano imperativo, à
generalidade dos sujeitos económicos, aos principais sujeitos económicos, ou só aos
sujeitos produtivos. De qualquer forma o mercado deixa de ser o principal instrumento
regulador do sistema, passando essa função a ser exercida pelo Plano e diferentes planos
sectoriais” (Silva, 2006, p. 56).

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O Plano é um documento adoptado pelo poder público, que analisa a evolução nacional,
identifica os problemas e define a orientação que seja pertinente.

Nos países de economia de mercado, o plano é um instrumento político meramente


indicativo, pois não determina a conduta dos agentes – a economia assenta sempre na
liberdade de decisão desses agentes económicos. Nos países de economia centralizada, o
plano é um instrumento fundamental da actividade económica e tem um carácter
vinculativo quer ao sector público, quer privado.

A diferença entre intervencionismo e dirigismo é essencialmente qualitativa. Enquanto o


intervencionismo se reduzia às intervenções pontuais sem outro objectivo que não o da
resolução de problemas conjunturais, o dirigismo, característico do pós-guerra, já pressupõe
uma actividade coordenada com vista à obtenção de certos fins, nomeadamente de ordem
sócio-económica, e já não somente arrecadar receitas.

A diferença entre dirigismo e planificação é de ordem quantitativa. A planificação é um


dirigismo por planos. A diferença reside no carácter mais racional do documento
planificatório, ou seja, o Plano é mais detalhado, mais organizado, mais sistemático e mais
racional.

3.3. Absorção, participação e indução.

a) Absorção: existe quando o Estado assume integralmente o controlo dos meios de


produção. O Estado actua como agente económico em regime de monopólio ou
exclusividade.

b) Participação: existe quando o Estado assume o controlo de parcela dos meios de


produção. O Estado actua como agente económico em regime de competição com empresas
privadas que permaneçam a exercer as suas actividades nesse mesmo sector.

c) Indução: existe quando o Estado manipula os instrumentos de intervenção em


consonância e na conformidade das leis que regem o funcionamento dos mercados. O
Estado intervém sobre o domínio económico, como regulador dessa actividade.

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3.4. Intervenção global, intervenção sectorial e intervenção pontual ou avulsa.

a) Intervenção Global: quando a intervenção se relaciona com a economia no seu conjunto.


(ex: o Estado adopta normas gerais de fixação de margens de comercialização ou de
encorajamento do investimento global).

b) Intervenção Sectorial: quando se adoptam medidas de organização e disciplina de


determinadosector ou sectores de actividade económica. (ex.: se o Estado concede crédito
bonificado a um dado sector: Turismo, Exportação, se adopta medidas de desenvolvimento
do sector siderúrgico, etc.).

c) Intervenção Pontual ou Avulsa: ocorre quando uma determinada empresa está em


situação económica difícil, carecendo de uma injecção financeira. Ela relaciona-se,
portanto, com uma empresa ou unidade económica determinada e consiste em o Estado
adoptar medidas de intervenção nessa empresa, celebrando contratos de viabilização ou
contratos programa, e o mesmo acontece quando se trata de um sector de actividade
importante. (ex.: intervenção do Estado através do Banco Central, num banco comercial).

3.5. Intervenção imediata e intervenção mediata

a) Intervenção Imediata (ou directa): quando o Estado intervém directamente na economia


e prossegue objectivos económicos, adoptando medidas de conteúdo económico e com fins
económicos. (ex.: nacionalizações, criação de Empresas Públicas, e medidas de apoio ou
fomento de actividades económicas).

b) Intervenção Mediata (ou indirecta): quando o Estado adopta medidas que não têm
apenas fins económicos, mas também sociais ou outros, apesar de se repercutirem na
política económica.

3.6. Intervenção unilateral e intervenção bilateral ou contratual

a) Intervenção Unilateral: quando o Estado adopta unilateralmente medidas proibitivas ou


de autorização de prática de certas actividades através da edição de normas legais e
regulamentares, da fiscalização da sua observância (vigilância, inspecção) e de actos
administrativos de carácter preventivo (licenças, autorizações) ou repressivo (multas).

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Quando o Estado nacionaliza ou privatiza, aumenta os impostos ou as taxas de juro, apoia
um sector, etc., estamos perante intervenções unilaterais. Estas intervenções são as
tradicionais e ainda maioritárias. No entanto, cada vez mais se acentua a tendência para o
Estado intervir ao abrigo de formas convencionais e contratuais do exercício da autoridade.

b) Intervenção Bilateral ou Contratual: quando se opta por formas convencionais e


contratuais do exercício da autoridade, procurando-se a prévia adesão dos parceiros sociais,
assegura-se uma maior eficácia da intervenção estatal, para além de garantir um clima de
paz social em todo o processo de intervenção.

Trata-se de uma intervenção baseada numa relação jurídica contratual com tendência para,
em conjunto, o Estado e agentes económicos realizarem uma acção concertada no campo
económico.

(ex.: a oferta por parte do Estado de reduções fiscais às empresas em troca de um aumento
de investimento, o que é completamente diferente, em termos de efeitos esperados, da
medida unilateral de reduções fiscais).

4. O caso de Moçambique

Após a independência e com a aprovação do texto constitucional de 1975, Moçambique


afirma-se como um “Estado de democracia popular em que todas as camadas patrióticas se
engajam na construção de uma nova sociedade livre de exploração do homem pelo homem”
(artigo 2 da CRPM).

De acordo com o artigo 4 da Constituição de 1975, a República Popular de Moçambique


tinha como um dos objectivos fundamentais “a edificação de uma economia independente e
a promoção do progresso cultural e social”.

O artigo 10 da mesma Constituição consagra ainda que “o sector Estatal deve ser o
dominante da economia do país”.

Na fase de transição para o socialismo, sistema abraçado por Moçambique, após a


independência, era de máxima importância o papel a desempenhar pelas empresas estatais.

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Neste contexto, as empresas estatais assumiam uma função primordial na construção da
base material avançada para a edificação de uma nova sociedade e para o desenvolvimento
económico planificado e acelerado (artigo 9 da Constituição de 1975).

Pretendia-se com isso que a “empresa estatal” fosse um instrumento essencial através do
qual o Estado assumiria a função dirigente e impulsionadora da economia nacional. Esta
constituía, por excelência, a forma jurídico-institucional da actividade empresarial do
Estado.

É assim que o período que se seguiu a 1975 seja caracterizado pelo importante peso
económico, político e social do sector empresarial do Estado. O mesmo era constituído,
essencialmente, por empresas directa ou indirectamente nacionalizadas após aquela data, ou
empresas criadas exemplo novo e, em alguns casos, por empresas que foram
intervencionadas e mais tarde revertidas a favor do Estado, que passaram a ser por ele
geridas.

Com a política de privatizações e liberalização de certos sectores, desencadeada a partir de


1989 e prosseguida após a revisão da Constituição de 1990, reduziu-se consideravelmente a
sua dimensão e alterou-se as formas institucionais da actividade económica do Estado.

4.1. O sector empresarial do Estado

O sector empresarial do Estado, de acordo com Dallari (1991), é hoje entendido como
abrangendo o conjunto das unidades produtivas do Estado ou de outras entidades públicas,
organizadas e geridas sob forma empresarial. Este sector inclui, em Moçambique, as
empresas públicas e estatais, as sociedades comerciais cujo capital pertença exclusivamente
ao Estado e/ou outras pessoas colectivas de Direito Público, as empresas, estabelecimentos
e instalações cuja propriedade tenha revertido para o Estado.

Questão controversa é a inclusão no sector empresarial do Estado das empresas


intervencionadas. É que a intervenção não afecta, em si, a titularidade dos bens, mas tão só
a sua gestão. A intervenção assume natureza transitória, já que visa superar uma crise na
empresa.

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A criação de sectores públicos empresariais com peso significativo nas economias
nacionais encontra-se historicamente ligada à experiência das nacionalizações. “Assim, em
Moçambique a figura de empresa estatal ganhou relevância política e económica com as
nacionalizações” (Pauperio, 1983, p. 136). Não obstante tal realidade, não se pode esquecer
a relevância prática da figura da intervenção estatal para o respectivo sector.

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Conclusão

Diante o exposto, podemos compreender que a intervenção do Estado moçambicano no


domínio econômico é acto que restringe, condiciona ou suprime a iniciativa privada em
determinada área econômica, tendo como finalidade o desenvolvimento nacional e a justiça
social, assegurando os direitos e garantias individuais.

O fracasso do mercado e a necessidade de recriá-lo com um Estado que garantisse a livre


competição e eliminasse a desigualdade, fruto do liberalismo econômico, como já
mencionado, foram fatores determinantes para intervenção estatal na economia.

Contudo, tal atuação acontece apenas dentro das limitadas hipóteses constitucional. De tal
modo, o Estado só atua como empresário nas situações em que há interesse coletivo
relevante ou pela manutenção da soberania nacional.

Igualmente, a intervenção teve por fim garantir a livre competição e a eliminação da


desigualdade. Portanto, o Estado passou a atuar em prol da justiça social por meio de uma
distribuição justa de renda, e finalmente, passa a atuar na actividade econômica como
empresárial, tendo como intuito conseguir mais prontamente metas que demandariam maior
tempo pelos particulares.

Por fim, foi possível concluir que o debate acerca da intervenção do Estado moçambicano
na economia não deve levar em consideração somente o que pregam ideologias e teorias
econômicas. Antes de tudo, cabe a averiguação da perspectiva constitucional. É a
constituição, e não somente as teorias econômicas, o marco das reflexões sobre as
circunstâncias em que processos de intervenção do estado atendem ao interesse público,
diante de um paradigma ampliado de Direito, que não se baseia na ideia de competição
entre estado e mercado, mas sim na colaboração entre ambos.

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Bibliografia

Bobbio, N. (2000). Igualdade e liberdade. (4ª ed.). Rio de Janeiro: Ediouro.

Bonavides, P. (2000). Ciência Política. (10ª ed.). São Paulo: Malheiros.

Constituição da República de Moçambique de 1975.

Cordeiro, A. M. S/D. Direito da Economia, I Vol. Lisboa: Edição da Associação


Académica da Faculdade de Direito de Lisboa.

Dallari, D. A. (1991). Elementos de teoria geral do Estado. (16ª ed.). São Paulo: Saraiva.

Lei nº 23/2007, de 1 de Agosto – Lei do Trabalho

Lei nº 9/87, de 19 de Setembro – Lei de Defesa da Economia.

Manual do curso de Licenciatura em Direito: Direito Economico, ISCED.

Pauperio, A. M. (1983). A legalidade, a realidade social e a justiça: a ordem política,


social e econômica e os valores humanos. Rio de Janeiro: Freitas Bastos.

Silva, J. A. (2006). Comentário contextual à constituição. (2ª ed.). São Paulo: Malheiros
Editores.

Vaz, M. A. S/D. Direito Económico – A ordem Económica Portuguesa. Coimbra: S/ Ed

Waty, T. A. (2011). Direito Económico. Maputo: WW Editora Limitada.

Vasconcellos, M. A. & Garcia, M. E. (2005). Fundamentos de Economia. (2ª ed.). São


Paulo: Saraiva.

Weber, M. (1999). Economia e Sociedade. Fundamentos da sociologia compreensiva. São


Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

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