Sanovicz MST DR Ia
Sanovicz MST DR Ia
Sanovicz MST DR Ia
Monica Tinoco
A materialidade da cor:
algumas concepções de pintura contemporânea brasileira
SÃO PAULO
2019
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JULIO DE MESQUITA FILHO”
CAMPUS SÃO PAULO
INSTITUTO DE ARTES
Monica Tinoco
A materialidade da cor:
algumas concepções de pintura contemporânea brasileira
SÃO PAULO
2019
Ficha catalográfica preparada pelo Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de
Artes da UNESP
CDD 701.85
Monica Tinoco
A materialidade da cor:
algumas concepções de pintura contemporânea brasileira
––––––––––––––––––––––––––––––––––
Prof. Dr. Sérgio Mauro Romagno
––––––––––––––––––––––––––––––––––
Prof. Dr. José Paiani Spaniol
–––––––––––––––––––––––––––––––––––
Prof. Dr. Marco Garaúde Giannotti
–––––––––––––––––––––––––––––––––––
Prof. Dr. José Leonardo Nascimento
–––––––––––––––––––––––––––––––––––
Prof. Dr. Tiago Mesquita
Agradecimentos:
Prof. Dr. José Paiani Spaniol
Prof. Dr. Marco Garaúde Giannotti
Fabiana Mie
Vera Lúcia Cozani
Fábio Akio Maeda
Comissão de organização do Festival de Pintura
Monitores da disciplina Mídia III
Resumo
Abstract
8
Apresentação
Introdução
Aquilo que chamamos de cor na pintura - a tinta - é uma substancia obtida através
da combinação de pigmentos coloridos em pó - de origem vegetal ou mineral -
associados a meios fluidos - com propriedades aglutinantes e secativas - tais como
a gema de ovos, alguns tipos de óleos, resinas, vernizes e polímeros. A mistura
entre o pigmento seco e veículo líquido resulta num composto cuja materialidade
permite, não apenas que uma película colorida impermeável seja aplicada e fixada
sobre um suporte, mas também contribui para afirmar e assegurar a presença física
e concreta da cor, em relação à materialidade diversa do suporte e da espacialidade
do ambiente.
1
Para efeito deste estudo, consideraremos o método tradicional de pintura, onde a tinta é aplicada em camadas
sucessivas sobre um suporte planar.
10
O artista francês Yves Klein, em meados dos anos 1940, escolheu a cor como eixo
fundamental do seu projeto artístico. Inicialmente, suas propostas de pinturas
monocromáticas procuravam investigar o efeito visual do pigmento puro em
tonalidades de vermelho, de amarelo ou de azul.
Yves Klein. Sem título, 1959. Monocromo vermelho. Guggenheim Museum, Nova York. Disponível em:
<http://arteseanp.blogspot.com/2016/07/monocroma-vermelho.html>. Acesso em : 06/09/2018
No entanto, notou que quando uma cor em pó era associada ao veículo de base e
aplicada sobre a tela, a sua luminosidade e irradiação original perdia-se. Este fato o
levou a formular uma mistura de componentes que possibilitasse reproduzir
fielmente a intensidade luminosa que cada cor possuía em seu estado físico inicial.2
Com a colaboração de um químico profissional, o artista desenvolveu uma solução
azul-ultramar, extremamente saturada e luminosa, composta por éter e derivados de
petróleo, a qual também possuía a capacidade fixar o pigmento em qualquer
suporte. O pigmento azul, desenvolvido então por Klein, o chamado IKB3, produzia
uma superfície pictórica bem fosca, não refletora. Sua tonalidade luminosa,
profunda, não era nem muito clara, nem muito escura.
Yves Klein. Sem título, Monocromo azul.(IKB 82) 1959. Guggenheim Museum, Nova York. Disponível em:
<https://www.guggenheim.org/artwork/5638>. Acesso em : 06/09/2018
Entre 1956 e 1957, o artista se dedicou a desenvolver e a apresentar aquilo que ele
chamou de sensibilidade pictórica imaterial8: um estado que diz “respeito ao
indefinível na pintura” (KLEIN, 2006, p. 65). Porém, de maneira paradoxal, nos
monocromos azuis, Yves Klein pondera o vazio, o estado imaterial, justamente na
medida em que afirma, com o uso do IKB, a natureza fundamentalmente material da
cor no espaço pictórico.
6
Ibid.
7
No sentido do termo void em inglês
8
KLEIN, 2006, p. 63.
13
As obras que compõem a série 1000 Names são inspiradas nas pirâmides de
pigmento coloridos encontrados nos mercados e nos templos Indianos, utilizados em
rituais da cultura ancestral local9. As peças se assemelham às pilhas de pigmento
puro, em cores vibrantes, de variados formatos esculturais, as quais aparentemente
irradiam cor desde o seu interior, devido a sua saturação cromática.
9
Ver ANFAM, David. To fathom the abyss, In: ANFAM, 2009, p. 92.
14
10
Ver NAVES, R. Anish Kapoor: ainda arte e ilusão. In: NAVES, 2007. p. 409.
11
Ibid. p.409-410.
15
Anish Kapoor. Void Field, 1989. Pedra e pigmento. Disponível em: <http://anishkapoor.com/73/void-field>.
Acesso em: 06/09/2018
O pequeno buraco circular, recoberto de pigmento, produz uma fenda, não apenas
em cada uma das pedras, mas em todo o ambiente, já que o espaço ao redor da
obra parece escorrer um pouco para o interior de cada orifício12. O observador é
instigado a se aproximar da pedra para investigar o interior do buraco, como se cada
pequeno círculo fosse um portal aberto a um caminho que leva ao interior da pedra,
ao seu âmago. Funcionando como um poço, um vazio, um buraco negro que ‘suga’
o espaço exterior para o interior, a obra Void Field articula a ambiguidade entre
superfície e profundidade através do uso consciente da cor e da materialidade do
pigmento puro.
12
Ver DANTAS, M.; FARIAS, A. 2006. p. 35.
16
Anish Kapoor. Descent into Limbo, 1992. Concreto, estuque e pigmento. Disponível em:
<http://anishkapoor.com/75/descent-into-limbo>. Acesso em: 06/09/2018
A incerteza visual proposta pelo artista nesta obra produz no observador uma
interrogação em torno daquilo o que está a seus pés13, proporcionando um enigma,
quase metafísico, da existência de uma interioridade para além do solo, a qual é
inacessível e não se pode antever. O pigmento de tonalidade muito escura, com sua
materialidade fosca e porosa, contribui para exacerbar a sensação de presença de
um buraco negro, uma caverna, um vazio formal. O círculo negro no chão
representa uma membrana, a borda exterior de tal interioridade, uma via de mão
única que, ao ser atravessada, configura um ponto sem retorno, onde acontece a
suspensão da vida e da temporalidade: o local da transmutação daquilo que é
material em imaterial.
Clark passou a “explorar essa linha, fazendo quadros (ainda com tela e moldura) em
que a preocupação era de arrebentar o núcleo do quadro (tela) levando a cor desta
para a moldura” (CLARK, 1969, p. 89). Nas obras Descoberta da linha orgânica
(1954) e Quebra da moldura (1954) a própria espessura da moldura já entra como
elemento plástico16 e são pintadas de maneira a integrar cromaticamente a
composição, evidenciando a diferenciação e a percepção da linha orgânica.
14
Ver BUTLER , 2014, p.18
15
“Em 1956, achei a relação desta linha (que não era gráfica) com as linhas de junção de portas e caixilhos,
janelas e materiais que compõe um assoalho, etc. Passei a chamá-la “linha orgânica”, pois era real, existia em si
mesma, organizando o espaço. Era uma linha espaço, fato que eu só viria a perceber mais tarde.” (CLARK,
1969, p.89)
16
Ver CLARK, 1969, p.89
18
Lygia Clark - Quebra da moldura. Composição nº 5, 1954 – óleo sobre madeira e tela (106,5 x 92 x 2cm) – In:
BUTLER, Cornelia; PÉREZ-ORAMAS, Luis. Lygia Clark: The abandonment of art, 1948-1988. New York: MoMA,
2014, p.81
17
Ver PÉREZ-ORAMAS, 2014, p.33
19
Lygia Clark – Superfície modulada, 1955 – Frente e verso – tinta industrial sobre madeira (114 x 77cm) –In:
BUTLER, Cornelia; PÉREZ-ORAMAS, Luis. Lygia Clark: The abandonment of art, 1948-1988. New York: MoMA,
2014, p.95, p.42
Em 1957 Clark passa a empregar somente “o preto, branco e cinza, querendo evitar
que a interferência de outras cores expressasse qualquer espaço ótico” (CLARK,
1969, p. 89). Em 1958, com a série Planos em superfície modulada, “o espaço
passou a ser expresso através de uma relação de positivo e negativo (preto e
branco)” (CLARK, 1969, p. 89). A artista opera deslocamentos dos eixos ortogonais
das formas geométricas, aproveitando-se do contraste explicito promovido pela
oposição binária das cores, no sentido de tensionar o plano, não apenas procurando
criar a ilusão de tridimensionalidade, mas buscando também uma não distinção
daquilo que está dentro ou fora dos limites do quadro pintado: “A medida que o
espaço de fora, real, começou a ser utilizado, pensei em usá-lo compondo com o
que chamo de linha-externa”(CLARK, 1969, p.89).
20
Lygia Clark – Planos em superfície modulada nº1, versão 01, 1957 – tinta industrial sobre madeira (87 x 59,8 x
1cm) –In: BUTLER, Cornelia; PÉREZ-ORAMAS, Luis. Lygia Clark: The abandonment of art, 1948-1988. New
York: MoMA, 2014, p.107
Lygia Clark – Casulo nº2, 1959 – metal galvanizado pintado (12 x 30 x 30 cm) –In: BUTLER, Cornelia; PÉREZ-
ORAMAS, Luis. Lygia Clark: The abandonment of art, 1948-1988. New York: MoMA, 2014, p.149
21
Uma concepção de corporificação da cor foi desenvolvida pelo artista brasileiro Hélio
Oiticica (1937-1980) em obras realizadas entre 1956 e 196918. Oiticica procura
conscientemente relacionar-se com a história da arte moderna, especificamente com
o paradigma do monocromo como origem e limite da pintura19.
Em seguida, realiza a série Branca (1958) – uma versão das pinturas em branco
sobre branco de Kazimir Malevich (1878-1935), de 1918 –, na qual quadrados com
diversos níveis de saturação de pigmento criam uma diferenciação tonal entre os
brancos, deslocando a ênfase de uma abstração purificada para o encontro
experiencial21 promovido pela percepção da cor.
18 E também amplamente conceituada em seus escritos reunidos no livro Aspiro ao grande labirinto (Rio de
Janeiro: Rocco, 1986).
19 Ver SMALL, 2017, p. 256.
20 BRAGA, 2013, p. 21.
21 Ibid.
22
Hélio Oiticica, Série vermelha, óleo e caseína sobre madeira, 1959. Disponível em:
<http://www.tate.org.uk/whats-on/tate-modern/exhibition/helio-oiticica/helio-oiticica-exhibition-guide/
helio-oiticica-2>. Acesso em: 15/06/2016
Nas pinturas monocromáticas das séries Vermelha (1959) e Amarela (1959), Oiticica
procura variar as qualidades da pintura e produz estruturas geométricas de madeira
pintadas que investigam relações entre a interação da luz e a fisicalidade da cor. A
tinta é aplicada em camadas de tonalidades bem próximas, com pinceladas que
mudam de direção de modo que a mesma cor assume aspectos diferentes22, de
acordo com a incidência da luz. Nesses trabalhos, a cor pode ser percebida
simultaneamente como sendo única ou tendo várias intensidades. As obras são
denominadas Invenções, já que afastam a pintura da parede e deste modo
antecipam as possibilidades de inovação que o artista desenvolve a seguir, com os
Bilaterais (1959) e os Relevos espaciais (1960), nos quais a estrutura geométrica
que suporta a cor é efetivamente “solta” no espaço.
Hélio Oiticica, Bilateral Equali e Relevo Espacial 036, madeira pintada, 1959.
Disponível em: < http://inspiringlandestudio.tumblr.com/post/47798514522/crematorie-h%C3%A9lio-oiticica-
bilateral-equali>;<http://www.tate.org.uk/art/artworks/oiticica-spatial-relief-red-rel-036-t12763>
Acesso em: 15/06/2016
22 OITICICA, op. cit., p. 16.
23
23 OITICICA, op. cit., p. 23.
24
Entre 1963 e 1966, Oiticica realiza uma série de caixas – de madeira e diversos
tipos de vidros – intituladas Bólides. Nessas obras, o artista coloca o espectador em
contato com estruturas que se abrem como escaninhos, de onde emana uma
luminosidade interior e se abrem perspectivas, através de pranchas que se
deslocam, apresentando gavetas cheias de terra ou de pó colorido que podem ser
manipuladas pelo participador.
Hélio Oiticica, B11 Bólide caixa 09, pigmento em pó, madeira e vidro pintados, 1964.
Disponível em: <http://www.tate.org.uk/art/artworks/oiticica-b11-box-bolide-09-t12452>. Acesso em:
15/06/2016.
A partir da referência das escolas de samba cariocas, essas capas coloridas fazem
a cor dançar, ganhando vida e presença espacial. Nos Parangolés, os giros e pulos
da dança conferem à cor uma mobilidade esvoaçante, como se fossem uma nova
pele aderida ao corpo, ou uma parte do corpo formado pela cor, no qual o
participador e a capa, juntos, na dança do samba que os integra, são capazes de
alargar a percepção e a vivência corpórea numa experiência estética de êxtase. A
obra passa a ser o efeito sensorial causado pela integração entre o corpo do
participador, a cor e o ambiente, na temporalidade da experiência, em oposição à
aceitação contemplativa da obra de arte como espetáculo.
27 Ibid. p. 258.
28 A palavra “parangolé” é uma gíria carioca, adotada pelos jovens da época. Perguntar a alguém “qual é o
parangolé?” tem o mesmo sentido que dizer: “O que é que há?”; “como vão as coisas?”
29 “A chegada à cor única, ao puro espaço, ao cerne do quadro, me conduziu ao próprio espaço tridimensional,
já aqui com o achado do sentido do tempo. Já não quero o suporte do quadro, um campo a priori onde se
desenvolva o ‘ato de pintar’, mas que a própria estrutura desse ato se dê no espaço e no tempo. A mudança não
é só dos meios mas da própria concepção da pintura como tal; é uma posição radical em relação à percepção do
quadro, à atitude contemplativa que o motiva, para uma percepção de estruturas-cor no espaço e no tempo,
muito mais ativa e completa no seu sentido envolvente.” OITICICA, op. cit., p. 51.
26
Hélio Oiticica nos convida a andar na beirada, a ser marginal e olhar para o entorno
com atenção, não somente exercitando nossas percepções da arte dentro de
museus ou galerias. Assim, faz uma proposta de trânsito constante entre meios,
conceitos, práticas e suportes. O artista sugere que a obra de arte seja um motivo de
se agir no mundo, uma forma de comportamento e um processo que transfigura o
corpo em obra.
A artista Dora Longo Bahia, em suas pinturas realizadas desde a década de 1990,
aborda temas como violência, sexo e morte30. No conjunto de serigrafias,
combinadas à água-tinta, da série Imagens Infectas (1999) ela apresenta imagens
cotidianas deterioradas e alteradas como que pela ação de fungos, evidenciando a
atuação do tempo sobre as lembranças.31 Estes trabalhos afirmam a impossibilidade
de se preservar a memória e manter intactos os registros dos nossos momentos, e
30
Ver: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10511/dora-longo-bahia>. Acesso em: 24/06/2016.
31
Ibid.
27
nos alertam que “toda a matéria traz dentro de si o germe da sua decadência e
desaparição futuras.”32
32
FARIAS, Let it Bleed, p. 5.
33
Ibid.
28
A partir dos anos 2000, Dora inicia uma série de pinturas as quais denominou
Escalpos, cujo significado do nome já inclui o conceito de sua elaboração: a
dimensão antropomórfica incorpora o processo de execução.
34
FARIAS, op. cit., pg. 5.
29
Dora Longo Bahia, Escalpo 5063, 2009, acrílica sobre o piso. 28ºBienal Internacional de São Paulo Disponível
em: <http://www.galeriavermelho.com.br/pt/artista/75/dora-longo-bahia>. Acesso em: 24/06/2016.
Dora Longo Bahia, Escalpo Ferrado (Paquistão), 2010, acrílica sobre ferro velho.
Disponível em: <http://www.galeriavermelho.com.br/pt/artista/75/dora-longo-bahia>. Acesso em: 24/06/2016.
35
LONGO BAHIA, 2008.
30
Nas obras desta série, a película de tinta - aquilo a que a artista se refere como
‘escalpo’ - na transposição entre o suporte onde originalmente foi configurado e o
suporte onde finalmente é colocado, sofre alterações em sua fisicalidade.
Acontecem rasuras, corrosões e rupturas as quais transformam a imagem pictórica
original, deixando marcas na sua aparência e corporeidade final, como se fossem
cicatrizes do processo de descolamento e deslocamento a que foram submetidas.
Deste modo, a artista denuncia a fragilidade e a vulnerabilidade do corpo da obra,
não apenas através da imagem representada em suas pinturas, mas também na
materialidade do próprio corpo pictórico.
Dudi Maia Rosa, Sem Título, 1983. Resina poliéster, pigmento e fibra de vidro, 170x492 cm. Coleção Renata
Mellão. Sem Título, 1983. Resina poliéster, pigmento e fibra de vidro, 200x574 cm. Coleção Gema Giaffone. In:
COSTA, Oswaldo Corrêa da. Dudi Maia Rosa e as mortes da pintura. São Paulo, Metalivros, 2005, pg. 62
Dudi Maia Rosa, Sem Título, 1983. Resina poliéster, pigmento e fibra de vidro, 200x200 cm. Coleção João Leão
Sattamini/Comodato Museu de Arte Contemporânea de Niteroi. Sem Título, 1983. Resina poliéster, pigmento e
fibra de vidro, ø 210 cm. Coleção Augusto Livio Malzoni. In: COSTA, Oswaldo Corrêa da. Dudi Maia Rosa e as
mortes da pintura. São Paulo, Metalivros, 2005, pg. 63
36
DUDI MAIA ROSA in: COSTA, 2005, p. 58
32
Dudi Maia Rosa, Sem Título, 1984. Resina poliéster, pigmento e fibra de vidro, sem dimensões. Coleção Kim
Esteve. Sem Título, 1984. Resina poliéster, pigmento e fibra de vidro, sem dimensões. Coleção Conrado
Malzoni. Sem Título, 1984. Resina poliéster, pigmento e fibra de vidro, sem dimensões. Coleção particular. In:
COSTA, Oswaldo Corrêa da. Dudi Maia Rosa e as mortes da pintura. São Paulo, Metalivros, 2005, pg. 70-71
Dudi Maia Rosa, Janela Antroposófica, 1983. Resina poliéster, pigmento e fibra de vidro, 210x246 cm. Coleção
João Leão Sattamini/Comodato Museu de Arte Contemporânea de Niteroi. In: COSTA, Oswaldo Corrêa da. Dudi
Maia Rosa e as mortes da pintura. São Paulo, Metalivros, 2005, pg. 65
Os métodos usados por Maia Rosa para moldar resina foram se transformando ao
longo do tempo37. Inicialmente construía uma fôrma com ripa de plástico flexível
sobre o chão de concreto do estúdio, protegendo tudo com uma substância
37
COSTA, op. cit., p. 58
33
38
Ibid.
39
Ibid.
40
COSTA, op. cit., p. 113
41
Ibid., p. 121
34
Dudi Maia Rosa, Aos polignanenses, 1994. Resina poliéster, pigmento e fibra de vidro, 215 x 300 cm. Coleção
Zeca Revoredo. In: COSTA, Oswaldo Corrêa da. Dudi Maia Rosa e as mortes da pintura. São Paulo, Metalivros,
2005, pg. 120.
Para realizar a obra Aos polignanenses (1994), o artista delimitou, ao centro, uma
área retangular sobre a folha de celofane. Ali despejou 20 litros de resina
pigmentada. Ao secar, a resina da área central puxou a folha em direção a si,
criando rugas.42Em seguida, despejou resina na área restante e ao final, selou o
trabalho por trás com uma folha de resina da mesma cor, transformando-o em uma
caixa.43
Dudi Maia Rosa, esquema para a confecção da obra Aos polignanenses, 1994.
In: COSTA, Oswaldo Corrêa da. Dudi Maia Rosa e as mortes da pintura. São Paulo, Metalivros, 2005, pg. 120.
42
COSTA, op. cit., p. 121
43
Ibid.
35
Na exposição intitulada Vrido (Galeria Millan, São Paulo, 2016), o artista apresenta
uma série de trabalhos os quais incorporam ao quadro a representação da moldura.
Dudi Maia Rosa, Sem título, 2016. Resina poliéster, pigmento e fibra de vidro, 18 x 21,3 cm.
Disponível em: <http://www.galeriamillan.com.br/ptBR/exposicoes/busca?utf8=%E2%9C%93&tipo_evento
=Galeria+Millan&data=&commit=ok>. Acesso em: 27/06/2016.
Nestas obras, a tinta, a tela, o chassi, até a moldura, são uma coisa só,
amalgamada44. O artista funde um quadro inteiriço no qual os quatro elementos –
aqueles que caracterizam tradicionalmente uma pintura – se unem, transformando
todo o conjunto num único corpo pictórico.
44
OSWALDO CORRÊA DA COSTA. A pintura falando de si: sobrevida do pictórico em Dudi Maia Rosa,
Ilustríssima 3, Folha de São Paulo. São Paulo, 05 de junho de 2016.
36
Fernando Burjato, Sem Título, 2010, óleo sobre tela. In: FERNANDO CIDADE BROGGIATO. Pintura e objeto,
Dissertação de mestrado. São Paulo, Unesp, 2011, pg. 15. Disponível em:
<http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/86968/broggiato_fc_me_ia.pdf?sequence=1>. Acesso em:
26/06/2016
Fernando Burjato, esquema de execução de uma pintura. In: FERNANDO CIDADE BROGGIATO. Pintura e
objeto, Dissertação de mestrado. São Paulo, Unesp, 2011, pg. 21. Disponível em:
<http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/86968/broggiato_fc_me_ia.pdf?sequence=1>. Acesso em:
26/06/2016
Fernando Burjato, Sem Título, 2008, óleo sobre tela. In: FERNANDO CIDADE BROGGIATO. Pintura e objeto,
Dissertação de mestrado. São Paulo, Unesp, 2011, pg. 17. Disponível em:
<http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/86968/broggiato_fc_me_ia.pdf?sequence=1>. Acesso em:
26/06/2016
Fernando Burjato, Sem Título, 2009, óleo sobre tela. In: FERNANDO CIDADE BROGGIATO. Pintura e objeto,
Dissertação de mestrado. São Paulo, Unesp, 2011, pg. 20. Disponível em:
<http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/86968/broggiato_fc_me_ia.pdf?sequence=1>. Acesso em:
26/06/2016
39
sem título 2006 acrílica sobre tela 50x40 cm. sem título 2006 acrílica sobre tela 50x40 cm. sem título
2006 acrílica sobre tela 50x40 cm
sem título 2006 acrílica sobre tela 50x40 cm. sem título 2006 acrílica sobre tela 50x40 cm
41
sem título 2007 óleo sobre papel 40x30 cm cada Coleção particular
43
sem título 2012 acrílica sobre tela 20x20 cm cada Coleção particular
Obra participante da exposição coletiva Abstração como Imagem, Galeria Tato, 2015
44
sem título 2016 acrílica sobre tela 12x9 cm. sem título 2016 acrílica sobre tela 12x9 cm
45
depois do Rodrigo 2012 acrílica sobre laminado plástico 40x40 cm. Coleção particular
46
Safari #1 2012 acrílica sobre laminado plástico 20x90 cm. 37º Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional –
Contemporâneo
Safari #3 2012 acrílica sobre laminado plástico 25x25 cm. 37º Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional –
Contemporâneo. sem título 2019 acrílica sobre laminado plástico 30x40 cm
48
sem título 2012/2018 acrílica sobre pelúcia 12x9 cm. Coleção particular
Safari #2 2012 acrílica sobre pelúcia 40x40 cm. 37º Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional –
Contemporâneo
49
sem título 2012 acrílica sobre laminado plástico 20x30 cm. sem título 2012/2019 acrílica sobre laminado
plástico 30x40 cm
51
sem título 2012 acrílica sobre tela, acrílica sobre tecido 40x30 cm cada. Coleção particular
sem título 2012 acrílica sobre tela 24x18 cm cada. Coleção particular
sem título 2013 acrílica sobre tela 80x60 cm cada. Coleção particular
sem título 2017 massa modelar sobre compensado 45x36 cm. sem título 2017 massa modelar sobre
compensado 45x36 cm
sem título 2019 acrílica sobre tela 30x20 cm. sem título 2017 acrílica sobre tela 40x30 cm
58
sem título 2016 acrílica sobre tela 20x20 cm cada. Coleção particular
sem título 2017 acrílica sobre tela 20x20 cm. sem título 2017 acrílica sobre tela 20x20 cm. sem título 2017
acrílica sobre tela 20x20 cm. sem título 2017 acrílica sobre tela 20x20 cm
sem título 2017 acrílica sobre tela 20x20 cm. sem título 2017 acrílica sobre tela 20x20 cm. sem título 2017
acrílica sobre tela 20x20 cm. sem título 2017 acrílica sobre tela 20x20 cm
59
sem título 2018 acrílica sobre tela 25x25 cm. sem título 2017 acrílica sobre tela 19x27 cm
sem título 2019 acrílica sobre tela 40x40 cm. sem título 2012/2019 acrílica sobre tela 40x30 cm
60
sem título 2019 acrílica sobre compensado 20x20 cm. sem título 2019 acrílica sobre compensado 20x20
cm. sem título 2019 acrílica sobre compensado 20x20 cm
sem título 2019 acrílica sobre compensado 20x15 cm. sem título 2019 acrílica sobre compensado 20x15
cm
61
4. Considerações finais
Referências bibliográficas
BRAGA, Paula. Hélio Oiticica. 1º edição. São Paulo: Folha de São Paulo, Instituto Itaú
Cultural, 2013.
BUTLER, Cornelia. Lygia Clark: A space open to time, 2014. In: BUTLER, Cornelia; PÉREZ-
ORAMAS, Luis. Lygia Clark: The abandonment of art, 1948-1988. New York: MoMA, 2014,
p. 12-29.
CLARK, Lygia. Lygia Clark e o espaço: Depoimento concedido a Eldelweiss Sarmento. Rio
de Janeiro: Jornal do Brasil, 7/02/1969. In: BUTLER, Cornelia; PÉREZ-ORAMAS, Luis. Lygia
Clark: The abandonment of art, 1948-1988. New York: MoMA, 2014, p. 89.
COSTA, Oswaldo Corrêa da. Dudi Maia Rosa e as mortes da pintura. São Paulo: Metalivros,
2005.
DANTAS, M.; FARIAS, A. Anish Kapoor: Ascencion. São Paulo: MAG Mais Rede Cultural,
2006. p. 35.
GULLAR, Ferreira. Lygia entre o brinquedo e a máquina, 1964. In: AMARAL, Aracy. Projeto
construtivo brasileiro na arte: 1950-1962. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo,
2014, p. 255-256.
KLEIN, Yves. Manifesto do Hotel Chelsea (1961). In: COTRIM, Cecília; FERREIRA, Glória.
Escritos de artistas - anos 60/70. São Paulo, Jorge Zahar, 2006, p. 58- 66.
LONGO BAHIA, Dora in: Entrevista a José Rocca 05/05/2008. Disponível em:
<http://www.galeriavermelho.com.br/sites/default/files/artistas/textos/Jos%C3%A9%20Roca_
ENTREVISTA%20Dora%20Longo%20Bah%C3%ADa.pdf. > Acesso em 31/05/2016.
NAVES, Rodrigo. O vento e o moinho: ensaios sobre arte moderna e contemporânea. São
Paulo: Companhia das Letras, 2007.
PEDROSA, Mario. Arte ambiental, arte pós moderna, Hélio Oiticica. In: OITICICA, Hélio.
Aspiro ao grande labirinto. Rio de Janeiro: Rocco, 1986, págs. 9-13.
PÉREZ-ORAMAS, Luis. Lygia Clark: If you hold a stone, 2014. In: BUTLER, Cornelia;
PÉREZ-ORAMAS, Luis. Lygia Clark: The abandonment of art, 1948-1988. New York: MoMA,
2014, p. 31-49.
SMALL, Irene. Pigment pur e o Corpo da cor: prática pós-pictórica e transmodernidade. In:
ARS v.15, nº30. São Paulo: USP, 2017, p. 255-276. ISSN: 2178-0447. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/ars/article/view/138499>. Acesso em: 05/01/2018.
WEITEMEIER, Hannah. Yves Klein 1928-1962, International Klein Blue. Köln: Taschen,
2001.
Bibliografia geral
ALBERS, Josef. A interação da cor. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
ARGAN, Giulio Carlo. História da Arte Italiana, vol.1 a vol.3. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: Uma psicologia da visão criadora. Nova versão.
São Paulo: Cengage Learning, 2014.
_______________. The power of the center: A study of composition in the visual arts. The
new version. Berkeley: University of California Press, 1988.
BARROS, Lilian Ried Miller. A cor no processo criativo: um estudo sobre a Bauhaus e a
teoria de Göethe. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2006.
BOIS, Yves-Alain. A pintura como modelo. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
CELANT, Germano. When atittudes become form – Bern 1969/Venice 2013. Milão: Progetto
Prada Arte, 2013.
CHIPP, H. B. Teorias da Arte Moderna. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
COTRIM, Cecília; FERREIRA, Glória. Escritos de artistas - anos 60/70. São Paulo: Jorge
Zahar, 2006.
DAMISCH, Hubert. Fenêtre jaune cadmiun, ou, les dessous de la peinture. Paris: Seuil,
1984.
DANTO, Arthur C. A transfiguração do lugar comum: uma filosofia da arte. São Paulo: Cosac
& Naify, 2005.
DIDEROT, Denis. Ensaios sobre a pintura. Campinas: Papirus, Editora Unicamp, 1993.
66
_______________________. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Editora 34, 2013.
DIEGUES, Isabel; COELHO, Frederico (org.). Pintura brasileira século XXI. Rio de Janeiro:
Cobogó, 2011.
FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: Ensaios para uma futura filosofia da fotografia.
São Paulo: Annablume, 2011.
GIANNOTTI, Marco. Breve história da pintura contemporânea. São Paulo: Claridade, 2009.
GOETHE, Johann Wolfgang von. Doutrina das cores. Tradução, seleção e notas de Marco
Garaude Giannotti. 4ªedição. São Paulo: Nova Alexandria, 2013.
GREENBERG, Clement. Arte e cultura: ensaios críticos. São Paulo: Editora Ática, 1996.
KLEE, Paul. Notebooks Volume 1: The thinking eye. Londres: Lund Humphies, 1973.
_________. Notebooks Volume 2: The nature of nature. Londres: Lund Humphies, 1973.
LEWISON, Jeremy. Anish Kapoor: Drawings 1997 – 2003. Köln: Verlag der Buchhandlung
Walther König, 2005.
LICHTENSTEIN, Jaqueline (org.). A pintura: textos essenciais vol.1 a vol.14. São Paulo:
Editora 34, 2006.
MAMMI, Lorenzo. O que resta: arte e crítica de arte. São Paulo: Companhia das Letras,
2012.
MORAES, Marcos. Luiz Sacilotto. São Paulo: Folha de São Paulo, Instituto Itaú Cultural,
2013.
MOTHE, Alain. Ce que voyait Cézanne: les paysages impressionnistes à la lumière des
cartes postales. Paris : Grandpalais, 2011.
_____________.Das coisas nascem coisas. 2ª Edição. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
NAVES, Rodrigo. A forma difícil: ensaios sobre arte brasileira. São Paulo: Companhia das
Letras, 2011.
PASTA, Paulo. A educação pela pintura. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.
PECCININI, Daisy. Pintura no Brasil: Um olhar no século XX. São Paulo: Nobel, 2000.
67
RIOUT, Denys. Yves Klein: Expressing the immaterial. Paris: Editions Dilecta, 2010.
PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto
Chateaubriand. Rio de Janeiro: Editora JB, 1987.
SARDENBERG, Ricardo (org.); TASSINARI, Alberto. Nuno Ramos. Rio de Janeiro: Cobogó,
2010.
SOLANA, Guillermo. Cézanne site/non-site. Madrid: Museo Thyssen-Bonermisza, 2014.
SPILLER, Jürg. Introduction: How the pedagogic writings came into being. In: KLEE, Paul.
Notebooks Volume 1: The thinking eye. Londres: Lund Humphies, 1973, pg.21-42.
STEINBERG, Leo. Outros critérios: confrontos com a arte do século XX. São Paulo: Cosac
Naify, 2008.
TASSINARI, Alberto; PALHARES, Taisa. Rodrigo Andrade. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
Catálogos de exposições
AMARAL, Aracy. Projeto construtivo brasileiro na arte. RJ SP: MAMRJ Pinacoteca do
Estado, 1977.
ARAUJO, Marcelo Mattos; MESQUITA, Ivo; TONI, Lilian; RIPOLI, Juliana. Leda Catunda:
1983-2008. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2009.
MILHAZES, Beatriz. Meu Prazer - 24o Bienal Internacional de São Paulo. São Paulo:
Fundação Bienal de São Paulo, 2004.
PÉREZ-ORAMAS, Luis. Catálogo da 30ª Bienal de São Paulo: A iminência das poéticas.
São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2012.
TEIXEIRA DE BARROS, Regina; MESQUITA, Ivo. Willys de Castro. São Paulo: Pinacoteca
do Estado, 2012.
http://www.radicalmatters.com/radical.matters.cd.cdr.catalogue.asp?tp=2&c=406 Szeemann-
Harald_Live-In-Your-Head_When-Attitudes-Become-Form_1969.pdf
Teses e dissertações
BRUEL, Debora. Caetano de Almeida: Injunções da alegoria na arte contemporânea,
dissertação de mestrado. Florianópolis: CEART/UDESC, 2008.
Textos em periódicos
COSTA, Oswaldo Corrêa da. A pintura falando de si: sobrevida do pictórico em Dudi Maia
Rosa. In: Ilustríssima 3. São Paulo: Folha de São Paulo, 05 de junho de 2016.