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Direito Penal Economico PDF

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SUMÁRIO:

1 - DIFERENÇA ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO.................................................. 3


2 - ITER CRIMINIS E REQUISITOS DOS TIPOS PENAIS ............................................. 5
3 - SUJEITOS E CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES ........................................................ 7
4 - CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES II ......................................................................... 10
5 - CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES III ........................................................................ 12
6 - DAS PENAS ............................................................................................................ 15
7 - REGIMES PRISIONAIS E APLICAÇÃO DA PENA ................................................ 17
8 - ESPÉCIES DE RITOS PROCESSUAIS .................................................................. 20
9 - APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA - ART. 168-A DO CP .................. 22
10 - SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – ART. 337-A DO CP .. 25
11 - CONTRABANDO OU DESCAMINHO – ART. 334 DO CP ................................... 27
12 - LAVAGEM DE CAPITAIS – LEI 12.683/12 ........................................................... 30
13 - PROCESSO DE LAVAGEM DE CAPITAIS .......................................................... 36
14 - OBRIGAÇÕES DE DETERMINADAS PESSOAS................................................. 38
15 - CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA ........................................................ 41
16 - CRIME DE USURPAÇÃO ..................................................................................... 43
17 - CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA ........................................................ 45
18 - COMPETÊNCIA E AÇÃO PENAL ......................................................................... 48
19 - DAS INFORMAÇÕES TRIBUTÁRIAS .................................................................. 52
20 - NOTAS FISCAIS E AUTORIDADES TRIBUTÁRIAS ............................................ 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:............................................................................ 57
1 - DIFERENÇA ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO

Conforme artigo 1º do DL 3914/41 (Lei de Introdução do Código Penal) será ao crime


atribuído pena de reclusão, detenção e/ou multa, enquanto na contravenção será
imposta pena de prisão simples e/ou multa.

Já o conceito formal refere-se ao mandamento, à conduta prevista em lei, o que esta


incrimina fixando sua abrangência como uma função de garantia, nos termos do artigo
5º, inciso XXXIX da CF/88 em que se encontra a expressão “não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, da mesma forma que o artigo 1º
do Código Penal.

O fato TÍPICO é composto por quatro elementos:

a) Conduta (ação/omissão) – somente o comportamento humano positivo (ação-


um fazer) ou negativo (omissão – um não fazer o que era preciso) pode ser
considerado crime. O direito penal não pune a mera intenção.
b) Resultado (nos crimes materiais)- modificação do mundo exterior provocada
pela conduta.
c) Nexo causal (nos crimes materiais)- é o elo de ligação entre conduta do agente
e resultado, por meio do qual é possível dizer se aquela deu ou não causa a
este.
d) Tipicidade – quando a conduta estiver definida por lei como crime, segundo o
princípio da reserva legal (art. 1º CP) e CF/88 art. 5º-XXXIX.

ANTIJURÍDICO (ilicitude) – quando o comportamento for contrário à ordem jurídica como


um todo, pois além das causas expressas que excluem a antijuridicidade (art.23CP), há
outras implícitas (supralegais), como art. 128 do CP (praticar aborto se não outro meio
de salvar a vida da gestante), 142 do CP (ofensa irrogada em juízo) etc.

As causas que excluem a antijuridicidade também são conhecidas como excludentes de


criminalidade, da antijuridicidade, causas justificativas, excludentes de ilicitude,

3
eximentes ou descriminantes. São normas permissivas, também chamadas tipos
permissivos, que permitem a prática de um fato típico.

CULPABILIDADE: elemento que condiciona a aplicação da pena. É a reprovação ao


agente pela contradição entre sua vontade e a vontade da lei.

São elementos da culpabilidade:

a) IMPUTABILIDADE: capacidade de entender o caráter ilícito do fato e


de determinar-se de acordo em este entendimento, ex: art. 26, 27 e 28 II
do CP;

b) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: condições de perceber


a ilicitude, ex: erro de proibição, art.21 do CP;

c)INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: possibilidade de exigir,


nas circunstâncias que ocorreu o fato, tivesse outro comportamento.
Além das causas supra legais, tem-se o artigo 22 do CP.

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2 - ITER CRIMINIS E REQUISITOS DOS TIPOS PENAIS

É o caminho, itinerário do crime a percorrer entre o momento da idéia de sua realização


até a consumação, composta de uma fase interna (cogitação) e uma fase externa (atos
preparatórios, atos de execução e consumação).

COGITAÇÃO: refere-se ao momento em que se pensa na prática do crime e que,


isoladamente, não constituindo um crime (ameaça, incitação ao crime, quadrilha ou
bando) não é punida.

ATOS PREPARATÓRIOS: são atos externos do agente, que passa da cogitação


à ação objetiva, como aquisição de arma, chave falsa para furto, estudo do local etc.
Também não são punidos desde que não sejam tipos penais autônomos como petrechos
para falsificação de moeda (291), que seria ato preparatório do crime de moeda falsa
(289) etc;

ATOS DE EXECUÇÃO são os dirigidos diretamente para a prática do crime, isto


é, quando o agente pratica conduta que se encaixa diretamente no verbo do tipo penal;
seria o ataque ao bem jurídico ou início da realização do tipo, ingressando no núcleo do
tipo.

CONSUMAÇÃO: nos termos do artigo 14, I do CP, quando se reúnem todos os


elementos de sua definição legal, isto é, quando se preenche todo o tipo penal.

Nos termos do artigo 31 do CP, salvo disposição em contrário, o agente só passa a ter
punição quando ingressa nos atos de execução do delito.

REQUISITOS DOS TIPOS PENAIS

Objeto: é tudo aquilo contra o qual se dirige a conduta criminosa.

a) Objeto jurídico: é o bem (aquilo que satisfaz necessidade humana) ou interesse (valor
que tem o bem) tutelado pela lei penal, ex: vida, patrimônio.

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b) Objeto material: é a pessoa ou coisa sobre o qual recairá a conduta criminosa, ex:
pessoa no crime de homicídio; coisa no crime de roubo.

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3 - SUJEITOS E CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES

II) SUJEITO ATIVO é aquele que pratica a conduta descrita na lei, o fato típico. Abrange
tanto quem pratica o núcleo do tipo como quem colabora de alguma forma na conduta
típica.

III) SUJEITO PASSIVO é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta
criminosa.

IV) TIPO SUBJETIVO é a análise do dolo e da culpa para preenchimento do tipo penal.

V) TIPO OBJETIVO é a forma de se praticar o ilícito, a descrição típica, os elementos


constantes do tipo penal, ex: matar, falsificar, subtrair etc.

Classificação de Crimes

Embora não se discutia neste momento toda a classificação dos crimes, os mesmos
ficarão consignados para um estudo futuro.

CRIME DE DANO: é aquele cuja consumação se exige a efetiva lesão do bem jurídico
tutelado. Em caso de ausência de efetiva lesão, o crime será tentado ou será um
indiferente penal.

CRIME DE PERIGO: é aquele que será consumado com a simples criação do perigo
para o bem jurídico tutelado, sem necessidade de efetivo dano. Divide-se em:

a) perigo concreto: é aquele onde deve ser demonstrada e comprovada a situação de


perigo.

b) perigo abstrato: o perigo é presumido, não precisa ser provada a situação de perigo,
a lei contenta-se com a simples prática da ação que já se pressupões perigosa.

CRIMES MATERIAIS: são aqueles em que a lei descreve a conduta do agente e exige
a ocorrência do resultado natural para a consumação do crime. A ação e o resultado são
cronologicamente distintos.

Exemplo: no homicídio, a ação é matar e o resultado é a morte.

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CRIMES FORMAIS: são aqueles em que também se descreve o resultado, mas não se
exige sua ocorrência para a consumação. Exemplo:

a) a calúnia, que se consuma com sua simples comunicação a outra pessoa,


independentemente da reputação do ofendido ficar ou não efetivamente abalada.

b) a extorsão mediante seqüestro, que independe da obtenção da vantagem indevida.

CRIMES DE MERA CONDUTA: são aqueles em que a lei só descreve a conduta do


agente, não aludindo a qualquer resultado naturalístico, de modo que se consumam com
a mera conduta do agente.

Exemplo: violação de domicílio; prática de ato obceno etc.

CRIME EXAURIDO (ou esgotado): é aquele que já está consumado:

Nos termos da lei, embora com desdobramentos posteriores, mas que não mais alteram
o fato típico. Ex: A obtenção de resgate é apenas o exaurimento do crime de sequestro
(art. 159 do CP). O fato posterior complementar é indiferente, ou apenas motivo para
aumento de pena.

Em outras palavras, o crime do art. 159 do CP se consuma com o sequestro da vítima.


A obtenção eventual do resgate é mero exaurimento de um crime que já estava
consumado.

CRIME COMPLEXO: é aquele que contém em si 2 ou mais figuras penais.

Exemplo: O crime de roubo é composto pelo furto + ameaça ou violência à pessoa

CRIMES SIMPLES: são as formas básicas dos delitos. Ex: art. 121 “caput” do CP
(homicídio simples)

CRIMES QUALIFICADOS: são aqueles em que a lei acrescenta alguma circunstância


ao tipo básico, para elevar a pena, alterando a pena mínima e máxima em relação ao
caput.

Exemplo: art. 121, § 2º do CP (homicídio qualificado)

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CRIMES PRIVILEGIADOS: São aqueles em que o acréscimo ao tipo básico serve para
diminuir a pena. Exemplo:

art. 121, § 1º do CP (homicídio privilegiado)

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4 - CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES II

CRIMES INSTANTÂNEOS: aquele que realizado os seus elementos nada mais se


poderá fazer para impedir sua ocorrência. Independente da vontade do agente, o crime
se esgota com a ocorrência do resultado, cuja consumação não tem continuidade no
tempo.

CRIMES PERMANENTES: é aquele cuja consumação se prolonga no tempo, onde


depende da vontade do sujeito ativo fazer cessar, ex: sequestro

CRIMES DOLOSOS: são aqueles em que o agente quis praticar o fato criminoso, ou
assume o risco (art. 18-I do CP)

CRIMES CULPOSOS: são aqueles praticados pelo agente por negligência, imprudência
ou imperícia (art. 18, II do CP).

CRIMES PRETERINTENCIONAIS (ou preterdolosos): são aqueles em que há dolo no


antecedente e culpa no consequente.

Exemplo:“A” dá um soco em ‘B” com a intenção de causar-lhe lesões corporais. “B”, no


entanto, cai e bate a cabeça vindo a falecer.

O agente será punido pela conduta dolosa (lesão) e pelo resultado culposo morte ( art.
129, § 3º do CP)

CRIMES COMISSIVOS: são aqueles que requerem comportamento positivo (ação) do


agente visando o ilícito.

Exemplo: matar ou ferir alguém, furtar algo etc.

CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS (ou puros): são aqueles praticados mediante o “não
fazer” o que a lei manda (comportamento negativo), sem dependência de qualquer
resultado.

Exemplo: omissão de socorro.

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CRIMES COMISSIVOS POR OMISSÃO (ou omissivos impróprios): são aqueles em que
o agente, por deixar de fazer o que estava obrigado, produz o resultado. Além da
obrigação de agir, tem a obrigação de evitar o resultado.

Exemplos: a mãe que deixa de alimentar o recém-nascido, causando-lhe a morte; o


enfermeiro que não administra ao paciente o remédio prescrito, dando causa à sua
morte.

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5 - CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES III

CRIMES COMUNS são aqueles praticados por qualquer pessoa.

CRIMES PRÓPRIOS: são os que exigem do agente uma determinada qualidade ou


condição pessoal, como a de mãe no infanticídio, ou a de funcionário público no peculato,
e podem ser praticados através de outras pessoas.

CRIMES DE MÃO PRÓPRIA: são os que não exigem qualquer qualidade ou condição
pessoal, porém, só podem ser praticados pessoalmente pelo agente.

Exemplo: Crime de falso testemunho.

Não admitem co-autoria. Há, contudo, quem entenda possível a co-autoria nesses casos
(RT 641/386), e é majoritária.

CRIME DE AÇÃO ÚNICA: é aquele onde o tipo penal contém somente uma modalidade
de conduta, expresso pelo núcleo do tipo, ex: matar, subtrair.

CRIMES DE AÇÃO MÚLTIPLA (ou de conteúdo variado): referem-se aos tipos


alternativos ou mistos, em que se descrevem 2 ou mais condutas, perfazendo-se o crime
com a realização de qualquer delas. O crime será um só, embora praticadas 2 ou mais
ações.

Exemplo: induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (art. 122 do CP).

CRIMES UNISSUBJETIVOS é aquele que pode ser praticado por um único agente.

CRIMES PLURISSUBJETIVOS: são os de concurso necessário de agentes, exige-se


duas ou mais pessoas. Exemplo:

a) Crime de quadrilha ou bando (paralela);

b) bigamia (convergente);

c) rixa (divergente).

CRIME PROGRESSIVO: é aquele cujas etapas anteriores também constituem crime.

Exemplo: Caso de homicídio com relação às lesões corporais, que são absorvidas.

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CRIMES VAGOS: são aqueles em que o sujeito passivo é uma coletividade sem
personalidade jurídica, como a família, o público ou a sociedade.

Exemplo: ato obsceno (art. 233 do CP)

CRIMES UNISSUBSISTENTES: são os que, na prática, costumam ser realizados com


um só ato. O processo de execução não admite fracionamento, coincidindo
temporalmente com a consumação, sendo, no entanto, impossível a forma tentada.

Exemplo: injúria verbal (art. 140 do CP).

CRIMES PLURISSUBSISTENTES: são os que costumam realizar-se através de vários


atos. A execução desdobra-se em vários atos sucessivos, onde a ação e o resultado
típico separam-se no tempo, como no caso dos crimes materiais.

Exemplo: Crime de redução à condição análoga à de escravo (art. 149 do CP com as


alterações da lei 10.803/03).

CRIME DE FLAGRANTE PROVOCADO: ocorre quando o agente é levado à ação por


instigação de alguém que, ao mesmo tempo, toma todas as medidas para evitar a
consumação do delito, com a prisão em flagrante do agente.

OBSERVAÇÃO: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela policia torna


impossível sua consumação”. (Súmula 145, STF)

CRIMES HEDIONDOS: são considerados hediondos e assemelhados os crimes


previstos na Lei 8072/90, reputados como horrendos, gravíssimos.

CRIMES HABITUAIS: são aqueles constituídos por uma reiteração de atos, penalmente
indiferentes, mas que constituem um todo, um único crime, traduzindo geralmente um
modo ou estilo de vida. Embora a prática de um único ato não seja típico, o conjunto,
com habitualidade, configurará o crime. Exemplos:

Crime de exercício ilegal da medicina;

Crime de casa de prostituição etc.

CRIME FALHO: é aquele que corresponde à “tentativa” perfeita, em que o agente pratica
todos os atos necessários para o resultado, mas este acaba não ocorrendo.

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Existem ainda outras classificações no próprio código penal como crime impossível,
continuado, consumado, tentado etc.

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6 - DAS PENAS

Pena é tida como a imposição da perda ou diminuição de um bem jurídico, prevista em


lei e aplicada pelo órgão judiciário, a quem praticou ilícito penal.

Nos termos do Código Penal em seu artigo 32, são espécies de penas:

privativa de liberdade

restritivas de direitos

penas de multa (pecuniárias)

a) as penas privativas de liberdade estão previstas no artigo 33/42 do CP

São as mais utilizadas nas legislações modernas, apesar da falência do sistema


prisional. É dividida em prisão perpétua e temporária, sendo vedada a prisão perpétua
pelo art. 5º-XLVII-“b” da CF/88.

A pena privativa de liberdade é dividida em 3 espécies, sendo tal divisão em razão da


gravidade do ilícito:

1. Reclusão, cabível nos delitos mais graves;

2. Detenção, cabível nos ilícitos de média gravidade;

3. Prisão simples, cabível nos ilícitos de menor gravidade, ex: contravenções penais
(DL 3688/41)

Não obstante às espécies anteriores, tem-se ainda os regimes de cumprimento de pena,


que também são 3 (três), sendo:

I) Regime fechado – cumprimento de pena em estabelecimento de segurança máxima


ou média (entre muralhas).

II) Regime semiaberto – cumprimento em colônia agrícola, industrial ou similar (entre


muros ou cercas), no qual o reeducando retoma o gosto pela vida e cultiva os benefícios
da convivência em sociedade.

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III) Regime aberto – cumprimento da pena em casa do albergado ou estabelecimento
adequado (art. 97 da lei 7210/84), sendo que na falta poderá ser imposta prisão domiciliar
(art. 117 da lei 7210/84).

Em caso de eventual condenação, a pena prevista e imposta refletirá no regime prisional.


Se o crime for apenado com reclusão, caberá qualquer regime para cumprimento inicial
da pena. Porém, caso o ilícito seja apenado com detenção ou prisão simples, o regime
inicial será sempre o semiaberto ou aberto, jamais o fechado.

Ainda, é forçoso salientar que o quantum da pena também refletirá no regime de pena a
cumprir, nos termos do artigo 33 do Código Penal. Caso a condenação seja igual ou
inferior a 4 anos e o condenado seja primário, o regime será o aberto. Tratando-se de
condenação superior a 4 anos e que não exceda a 8, poderá iniciar em regime semi-
aberto tratando-se de primário. Condenado com pena superior a 8 anos o regime será
obrigatoriamente inicial fechado.

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7 - REGIMES PRISIONAIS E APLICAÇÃO DA PENA

No Brasil, existem 3 tipos de penas: Privativa de liberdade, restritiva de direitos e pena


de Multa.

As penas privativas de liberdade englobam a Reclusão e a Detenção as quais obedecem


aos regimes: Regime Fechado, regime semi-aberto e regime aberto.

Aqueles que são condenados a 8 ou mais anos de reclusão são encaminhados para o
regime fechado, devendo passar todos os dias na unidade prisional, visto que se trata
de uma pena de restrição de liberdade.

Para o Regime Semi-aberto são encaminhados aqueles que são condenados pelo
período de 4 a 8 anos de prisão, caso não seja reincidente, pois se for deverá iniciar o
cumprimento da pena no regime fechado. Nesse regime o prisioneiro é encaminhado
para uma colônia agrícola ou industrial, porém deverá retornar para passar a noite na
prisão.

No Regime aberto, aqueles que forem condenados em até 4 anos de prisão, desde que
não seja reincidente têm o direito de cumprir 100% da pena fora do estabelecimento
prisional e respeitando a restrição de alguns comportamentos.

Adota-se a possibilidade da progressão de regime, que segundo o artigo 112 da Lei


10.792/2003: A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso
tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as
normas que vedam a progressão.

Contudo, a Lei nº 13.769/2018, alterou a Lei de execuções penais e prevê algumas


condições para que haja a progressão de regime, são elas:

Parágrafo 3º: No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças
ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são,
cumulativamente:

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1) não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
2) não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
3) ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
4) ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento;
5) não ter integrado organização criminosa;
6) O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do
benefício previsto no § 3º deste artigo.

Não se trata de qualquer mulher, e sim da mulher gestante ou que for mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência. As regras gerais sobre a
progressão de regime previstas no art. 112, caput, bem como as regras previstas na Lei
dos Crimes Hediondos, art. 2º, §2º, não se aplicam, pois “A progressão de regime, no
caso dos condenados pelos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento
de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se
reincidente, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 112 da Lei nº 7.210”

Institui-se também a regressão, que é a transferência para regime mais rigoroso (artigo
33, §2º do CP e art. 118 da lei nº 7.210/84), quando pratica crime doloso ou falta grave
(art. 50 da lei 7210/84).

Na Remição ocorre a diminuição de pena pelo trabalho ou estudo. A contagem é feita


(artigo 126 da lei nº 7.210/84) à razão de um dia de pena por três de trabalho ou 12 horas
de estudo dividido em 3 (três) dias. Depende de declaração do juiz, ouvido previamente
o MP (art. 66 da lei nº 7.210/84).

Na detração (artigo 42 do CP) ocorre o cômputo de toda prisão provisória na pena


privativa de liberdade ou medida de segurança.

Previstas nos artigos 43-48 CP, as penas restritivas de direitos possuem as seguintes
características:Nos termos do artigo art. 5º, inciso XLVI da CF/88, a prisão deve ser
imposta em último caso, devendo, sempre que possível, serem aplicadas penas
substitutivas. Estas penas estão disciplinadas nos artigos 43 a 48 do Código Penal e
sempre substituem a pena de prisão, nunca são cumuladas. São elas: restação

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pecuniária; perda de bens e valores; limitação de fim de semana; prestação de serviço à
comunidade ou a entidades públicas e interdição temporária de direitos.

A pena de Multa é a terceira das três espécies de sanções que o art. 32 do CP prevê,
sendo disciplinado como regra no artigo 49/52 do Código Penal.

Consiste na imposição ao condenado de obrigação de pagar determinada quantia em


dinheiro, calculada na forma de dias-multa, atingindo o patrimônio do condenado.

Ela é intransmissível, isto é, cabe somente ao condenado, não se transmite ao seus


herdeiros (CF/88- art.5º-XLV).

 DA APLICAÇÃO DA PENA

Emprego do sistema trifásico para aplicação da pena:

Em seu artigo 68, acolheu a posição de NELSON HUNGRIA, que sustentava que o
processo individualizador da pena deveria desdobrar-se em três etapas:

a) o juiz fixa a pena de acordo com as circunstancias judiciais (art. 59 do CP);

b) atenuantes e agravantes;

c) diminuição e aumento de pena.

É imposição que decorre da norma constitucional da individualização da pena (CF/88-


5º-XLVI). Alberto Silva Franco sustenta que há uma 4ª fase, consistente na operação de
substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos ou pela pecuniária.

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8 - ESPÉCIES DE RITOS PROCESSUAIS

1 – comum ou ordinário (394/405 CPP) – (394, par. 1º , I CPP) – pena igual ou superior
a 04 anos de privativa de liberdade

2 – comum ou sumário (531/536 CPP) – (394, par. 1º, II do CPP) – pena inferior a 04
anos

3 – sumaríssimo – lei 9099/95 (artigo 798 do CP).

4- especiais:

No CPP:

a) júri – art. 406 a 497 do CPP (11.689/08)

b) resp. de funcionário público – 513/518 CPP

c) contra a honra – 519/523 CPP (obs lei 9099/95)

d) contra a propriedade imaterial – 524/530 CPP

a. procedimento comum/ordinário

Há um procedimento regra para os crimes com pena igual ou superior a 04 anos de


privativa de liberdade.

1. oferecimento da denúncia (46 CPP – 05 dias)

Nos termos do art. 401 do CPP, serão arroladas até 08 testemunhas pela acusação e
defesa. Pelo parágrafo 1º do 401 CPP não se compreendem as que não prestam
compromisso e referidas.

Nota: 08 testemunhas por parte (Nucci, Tourinho), porém, há julgados permitindo até 08
testemunhas por fato (TJSP, Apel. 203.161-3, 2ª Câmara, 01.06.1998).

Caso não receba a denúncia/queixa – RESE – 581, I do CPP

2. rejeição da denúncia/queixa – 395 do CPP, que foi o dispositivo que revogou 43 do


CPP.

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I - for manifestamente inepta;

II – faltar pressuposto processual ou condição para a ação;

III – faltar justa causa

3. recebimento da denúncia/queixa, isto se não rejeitá-la liminarmente (396 CPP),


determinando a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de
10 dias

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9 - APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA - ART. 168-A DO CP

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições


recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou
convencional:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa

§1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:


I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância
destinada à previdência social que tenha sido descontada de
pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do
público;

II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham


integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de
produtos ou à prestação de serviços;

III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas


cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela
previdência social.

Bem Jurídico: é a tutela do patrimônio da Previdência Social.

• Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, em que o agente somente pode ser a pessoa
responsável pelo repasse, à Previdência Social, do montante recolhido dos contribuintes
a título de contribuição previdenciária.

• Sujeito passivo: é o Estado, responsável pela Previdência Social.

• Conduta: a conduta típica vem expressa pelo verbo deixar, que denota omissão própria.

• Elemento subjetivo: é o dolo.

• Consumação: trata-se de norma penal em branco, uma vez que o aperfeiçoamento do


crime está subordinado ao prazo e forma legal ou convencional, que vêm estabelecidos
pela Lei nº 8.212, de 24-7-1991.

• Tentativa: não é admitida, por se tratar de crime omissivo próprio.

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• Figuras Assemelhadas – § 1º do art. 168-A - as mesmas penas do caput para quem
deixar de:

(a) recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência


social que tinha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou
arrecadada do público;

(b) recolher contribuições relativas à previdência social que tenham integrado despesas
contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;

(c) pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem
sido reembolsados à empresa pela previdência social.

Extinção da punibilidade – o §2º do art. 168- A estabelece causa especial de extinção da


punibilidade do delito, que se subordina ao cumprimento dos seguintes requisitos:

(a) declaração, confissão e efetivo pagamento, pelo agente, das contribuições,


importâncias ou valores devidos à Previdência Social;

(b) prestação das informações devidas, pelo agente, à Previdência Social;

(c) que o agente efetue as condutas acima espontaneamente, e na forma definida em lei
ou regulamento, antes do início da ação fiscal.

Ação fiscal: não se confunde, obviamente, com a ação penal. Pela primeira, que se inicia
com a notificação do lançamento do tributo, objetiva o Estado a cobrança coercitiva das
contribuições, importâncias ou valores devidos, recolhidos dos contribuintes pelo agente,
e não repassados à Previdência Social, no prazo e forma legal ou convencional.

Arrependimento posterior: no que tange à ação penal, poderá o agente beneficiar-se do


arrependimento posterior, nos termos do que estabelece o art. 16 do CP.

Existe decisão do STF em que se reconhece o princípio da insignificância utilizando-se


do artigo 20 da lei 10.522/02, em que o valor de até R$ 10.000,00 é determinado o
arquivamento de execuções fiscais de débitos da dívida da União (Jornal do Advogado
nº 338, abril/09).

Em resumo:

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(a) se o pagamento ocorrer até o início da ação fiscal: extinção da punibilidade (§ 2º);

(b) se o pagamento ocorrer após o início da ação fiscal e até o oferecimento da denúncia:
perdão judicial ou multa (§ 3º);

(c) se o pagamento ocorrer após o oferecimento, mas antes do recebimento da denúncia:


arrependimento posterior (art. 16 do CP);

(d) se o pagamento ocorrer após o recebimento da denúncia: atenuante genérica (art.


65, III, b, do CP).

Perdão judicial: o § 3º do art. 168-A do CP estabelece caso de perdão judicial ao agente


primário e de bons antecedentes desde que:

(a) tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o
pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou

(b) o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais.

Prevê, ainda, o mesmo dispositivo penal, a possibilidade de o juiz aplicar somente a pena
de multa.

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10 - SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – ART. 337-A DO CP

Trata-se de crime consistente na supressão ou redução de contribuição previdenciária


ou acessórios, mediante as seguintes condutas alternativas:

 omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações


previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário,
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe
prestem serviços;
 deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa
as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo
tomador de serviços;
 omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou
creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias.

Bem Jurídico: o patrimônio do ente público dotado de capacidade ativa para arrecadar a
contribuição da Seguridade Social.

Sujeito Ativo: empresário individual e aqueles que ocupam cargos administrativos ou


técnico-contábil-financeiros nas sociedades empresariais.

Sujeito Passivo: o Estado, representado pela União e por sua autarquia, ora denominada
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), dotada de capacidade ativa para arrecadar
as contribuições previdenciárias.

Tipo Objetivo: suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório,


mediante as seguintes condutas:

I – omitindo de folha de pagamento da empresa ou de documentos de informações


previsto pela legislação previdenciária todos os segurados a serviço da empresa;

II – deixando de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa


as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador
de serviços;

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III – omitindo, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas
ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias (art.
337-A, I a III).

Tipo Subjetivo: o dolo.

Consumação: com a supressão ou redução de contribuição social previdenciária e


qualquer acessório (delito de resultado).

Tentativa: é admissível.

Extinção da Punibilidade: é extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara


e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal
(art. 337-A, § 1º).

Perdão Judicial: é facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de


multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que o valor das
contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento
de suas execuções fiscais (art. 337-A, § 2º, II).

Redução da Pena ou Aplicação Exclusiva da Pena Pecuniária: quando o empregador


não for pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassar R$ 1.510,00
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade
ou aplicar a multa (art. 337-A, § 3º).

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11 - CONTRABANDO OU DESCAMINHO – ART. 334 DO CP

Bem Jurídico: Contrabando – prestígio da Administração Pública, interesse


socioeconômico do Estado e, ainda, a moralidade e a segurança públicas e, por vezes,
o produto nacional.

Descaminho – prestígio da Administração Pública e o interesse socioeconômico do


Estado.

Sujeito Ativo: particular, podendo se tratar de funcionário público (caput). Nas hipóteses
do artigo 334, parágrafo 1º, a e b pode ser qualquer pessoa (delito comum), contudo nas
alíneas c e d, somente será o comerciante ou industrial (delito especial próprio).

Sujeito Passivo: Contrabando – União

Tipo Objetivo:

Contrabando – a conduta típica consiste em importar e exportar mercadoria proibida (art.


334, caput, 1ª parte, contrabando próprio).

Descaminho – fraudar o pagamento de tributo devido à Fazenda Pública pela exportação


ou importação de mercadoria (art. 334, caput, 2ª parte, contrabando impróprio).

Tratando-se de drogas (11.343/06) ou armas de fogo (10.826/03), prevalecerão estas


leis pelo princípio da especialidade, conforme determina o artigo 12 do CP.

Tipo Subjetivo: o dolo.

Consumação: o descaminho se perfaz com a liberação da mercadoria pela alfândega e,


no caso do crime praticado em outro local, quando a mercadoria transpõe a linha de
fronteira do território nacional (exportação) ou no momento em que o produto ingressa
no país, ainda que se encontre nos limites da zona fiscal.

Tentativa: é admissível.

A competência é da Justiça Federal, conforme Súmula 151 do STJ.

O funcionário público que concorrer para o crime responderá pelo artigo 318 do CP se
violar dever funcional, caso contrário será este 334 do CP.

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Incidirá o princípio da insignificância e serão arquivados os autos a requerimento da
Procuradoria da Fazenda Nacional execuções fiscais, inscritas na dívida ativa da União
quando o valor não ultrapassar R$ 10.000,00, conforme lei 10.522/02, alterada pela lei
11.033/04.

Com o pagamento do tributo devido extingue-se a punibilidade conforme Súmula 560 do


STF.

Contrabando ou Descaminho por Assimilação

Tipo Objetivo:

praticar navegação de cabotagem (navegação dentro do país entre portos ou


pontos do território brasileiro, utilizando-se da via marítima ou esta e as vias navegáveis
interiores, art. 2º, IX da lei 9432/97), fora dos casos permitidos em lei (art. 334, § 1º, a);

praticar fato assimilado, em lei especial, a contrabando e descaminho (art. 334, §


1º, b), como no caso da saída de mercadorias da zona franca de Manaus além do limite
permitido para isenção de tributos, conforme DL 288/67, art. 39;

vender, expor à venda, manter em depósito ou, de qualquer forma, utilizar em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no país ou importou
fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território
nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem (art. 334, § 1º, c);

• adquirir, receber ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade


comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de
documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos (art. 334,
§ 1º, d).

Tipo Subjetivo: o dolo e nas hipóteses do parágrafo 1º, alíneas c e d, além do dolo, exige-
se o elemento subjetivo do injusto, manifestado pela expressão em proveito próprio ou
alheio.

Consumação: com a prática da navegação de cabotagem não permitida (art. 334,


§ 1º, a); com a prática de fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho

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(art. 334, § 1º, b); com a venda ou utilização, em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, de mercadoria estrangeira introduzida
clandestinamente no País ou importada fraudulentamente e, nas condutas de expor à
venda e manter em depósito, a consumação protrai-se no tempo (art. 334, § 1º, c); com
a aquisição ou recebimento, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, de mercadoria estrangeira, desacompanhada de documentação
legal, ou acompanhada de documentos sabidamente falsos e, na conduta ocultar, a
consumação protrai-se no tempo (art. 334, § 1º, d).

Tentativa: é admissível.

Causa de Aumento de Pena: se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em


transporte aéreo, aplica-se a pena em dobro (art. 334, § 3º).

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12 - LAVAGEM DE CAPITAIS – LEI 12.683/12

Em princípio, deve ser levado em consideração que a lei que trata da lavagem de capitais
sofreu alteração relevante pela lei 12.683, de 09/07/12, a Nova Lei de lavagem de
Dinheiro, que nos termos do artigo 1º desta última, procurou tornar mais eficiente a
persecução penal nos crimes de lavagem de dinheiro.

Consiste a lavagem de capitais em ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,


disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes,
direta ou indiretamente, de crime, entre outras condutas.

O rol taxativo previsto no art. 1º da Lei 9.613/1998 foi extinto.

Uma vez excluído o rol, não há que se falar em crime antecedente, acatando qualquer
modalidade de infração penal. Persiste apenas a exigência de que a dissimulação ou
ocultação seja de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de
infração penal, de acordo com o caput do atual artigo 1º:

Art. 1º: Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação


ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de
infração penal.

Desta forma, delitos que anteriormente eram utilizados com o fim de “lavar dinheiro” sem
que fosse considerado crime, agora o são. Isto é, uma maior variedade de condutas
passou a ser abrangida. É o caso, por exemplo, do jogo do bicho, previsto apenas como
contravenção penal.

A ocultação do produto de qualquer crime ou contravenção penal acarretará grave pena,


independentemente de dizer respeito à valores irrisórios. A pena de três a dez anos será
aplicada tanto ao grande traficante que tenta tornar lícita grande quantia em dinheiro
quanto ao organizador de uma pequena rifa.

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Outra modificação foi a possibilidade de venda antecipada de bens arrecadados
mediante as medidas assecuratórias previstas no artigo 4º da nova lei, resguardada a
possibilidade de pedido de restituição dos bens.

Outro destaque da Nova Lei de Lavagem é o artigo 17-B, que prevê o acesso da
autoridade policial e do Ministério Público aos dados cadastrais do investigado,
independente de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empresas
telefônicas, pelas instituições financeiras, pelos provedores de internet e pelas
administradoras de cartão de crédito.

Aqui, há grande discussão doutrinária acerca de eventual violação à intimidade


individual, em desatendimento ao artigo 5º, inciso XII da Constituição Federal de 1988.

Ainda buscando maior amplitude no combate ao crime de lavagem de dinheiro, intenção


do legislador é trazer maior eficiência com a participação de entes privados. O teto
máximo agora será de 20 milhões de reais e não mais de apenas R$ 200 mil reais, como
previa a legislação anterior.

Assim, a redação do artigo 9°, parágrafo único, XIV, da Lei 12.683/12 buscou compelir o
maior número de pessoas físicas e jurídicas a identificar e cadastrar seus clientes, bem
como comunicar atividades suspeitas aos órgãos competentes para fiscalizar, investigar
e punir. merece especial atenção a inclusão dos profissionais da área jurídica dentre
aqueles sujeitos a obrigação de prestar esclarecimentos, o que vai contra o dever de
preservação de sigilo do cliente inerente à advocacia. Por outro lado, o legislador não
especificou quais profissionais da área jurídica devem colaborar.

Outro ponto é a Delação Premiada que trata da possibilidade de redução de um a dois


terços da pena e de cumprimento em regime aberto ou semi-aberto, quando o envolvido
no crime de lavagem colaborar espontaneamente com as autoridades, isto é, preste
esclarecimentos importantes à apuração dos fatos, no que tange inclusive a identificação
de outros agentes e localização de proventos do crime.

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Em que pese a anterior previsão na lei n° 9613/98, a nova lei trouxe a possibilidade de
que o juiz se utilize do instituto a qualquer tempo, seja na investigação ou até a sentença
de mérito, inclusive na execução penal.

Outra alteração importante ocorreu no §5º do art. 1º.


Anteriormente, quando ocorria a colaboração do infrator com as autoridades
(delação premiada), a pena era diminuída e seria cumprida em regime aberto.
Atualmente, a pena pode ser reduzida (a critério do Juiz) e pode ser iniciado
seu cumprimento em regime abertou ou semiaberto.

Também houve alteração dos dispositivos que criam o Conselho de Controle de


Atividades Financeiras (COAF), ampliando os tipos de profissionais obrigados a enviar
informações sobre operações suspeitas, alcançando doleiros, empresários que
negociam direitos de atletas, comerciantes de artigos de luxo etc. Também será possível
apreender bens em nomes de "laranjas" e vender bens apreendidos antes do final do
processo, cujos recursos ficarão depositados em juízo até o final do julgamento. O
patrimônio apreendido poderá ser repassado a estados e municípios, e não apenas à
União.

O tipo penal da lavagem de capitais se desdobra em três categorias, que têm a mesma
pena: reclusão de três a dez anos e multa.

A primeira é ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,


movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, dos crimes supramencionados (art. 1º, caput). Ocultar é esconder e
dissimular é enganar, falsear a verdade.

A segunda atitude criminosa é prevista para quem converte os bens em ativos lícitos,
quem os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em
depósito, movimenta ou transfere ou quem importa ou exporta bens com valores não
correspondentes aos verdadeiros, desde que essas atitudes tenham a finalidade de
ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de qualquer

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dos crimes antecedentes retrorreferidos (art. 1º, § 1º). Nessa segunda forma de praticar
o crime percebemos atitudes mais concretas por parte do agente no sentido negocial.

Uma terceira forma de praticar a lavagem de capitais é utilizar, na atividade econômica


ou financeira, bens, direitos ou valores que sabe serem provenientes de qualquer dos
crimes antecedentes, participar de grupo, associação ou escritório, tendo conhecimento
de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos na
Lei de Lavagem de Capitais.

Assim, podemos afirmar que o crime de lavagem de capitais pode ser dividido em três
fases, sendo punidas cada uma delas. Em suma: 1ª fase: distanciamento dos bens da
origem ilícita; 2ª fase: aquisição de bens aparentemente lícitos, com o dinheiro espúrio
e; 3ª fase: reinserção do dinheiro ilícito no sistema econômico (integração), sob a
roupagem da licitude.

As técnicas de lavagem podem ser: (a) mescla _o agente mistura seus recursos com os
recursos legítimos; (b) empresa de fachada _uma empresa legalmente constituída que
participa ou aparenta participar de negócios lícitos, mas tem como fim a lavagem; (c)
contrabando de dinheiro _transporte físico do dinheiro. Outras técnicas: transferência
eletrônica de fundos, faturas falas, concessão de bolsas de estudos, negociação com
joias, cavalos.

O objeto jurídico tutelado é a Administração Pública.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o sujeito passivo é o Estado. O tipo subjetivo
é o dolo, a vontade livre e consciente de ocultar ou dissimular bens, valores e direitos
provenientes de crime.

Consuma-se o delito com a simples ocultação ou dissimulação de bens, direitos ou


valores espúrios, independentemente do efetivo proveito.

Causas de Aumento e Diminuição de Pena

Por regra expressa, é punida a tentativa (art. 1º, § 3°) pois, é cediço que em crimes
materiais (salvo o crime de participação em suicídio – art. 122 do CP) sempre cabe a
tentativa.

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Por outro lado, a pena será aumentada de um a dois terços se o crime for cometido de
forma habitual ou por intermédio de organização criminosa.

Haverá, ao revés, a redução de pena de um a dois terços no caso de colaboração


premiada.

Com efeito, se o agente (autor, co-autor ou partícipe) colaborar espontaneamente (de


iniciativa própria, sem que outra pessoa traga essa idéia) com as autoridades (Judicial,
Policial e Ministério Público), prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das
infrações penais e de sua autoria ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto
do crime.

O agente beneficiado pela colaboração premiada poderá cumprir a pena privativa de


liberdade em regime aberto, receber o perdão judicial, ou ter sua pena privativa de
liberdade substituída por restritiva de direitos.

Importante observar que o Código Penal (art. 44), em regra, possibilita essa substituição
se a pena for de até quatro anos em crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa. A
outro turno, o Código Penal prevê o início no regime semiaberto quando a pena for maior
que quatro até oito anos e regime fechado se a pena for superior a oito anos.

Dessa maneira, a Lei de Lavagem de Capitais traz exceções à regra geral, quando a
pena for superior a quatro anos. Relembre-se, por oportuno, que a pena varia de três a
dez anos.

Ainda, uma nova alteração na Lei de lavagem de dinheiro nº 12.683/2012 foi feita pela
Lei Complementar nº 167/2019, que tráz responsabilidade sobre a Identificação dos
Clientes e Manutenção de Registros e a comunicação de Operações Financeiras (artigos
10 e 11 da Lei 12.683/2012) às empresas de arrendamento mercantil (leasing), empresas
de fomento comercial (factoring) e empresas simples de crédito (ESC):

Art. 9º: Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as


pessoas físicas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou
eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente
ou não:

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V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing), as empresas
de fomento comercial (factoring) e as Empresas Simples de Crédito
(ESC)

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13 - PROCESSO DE LAVAGEM DE CAPITAIS

O processo e julgamento dos crimes sobre lavagem de capitais seguirá o rito ordinário
(394/405 CPP).

É imperioso mencionar que esse processo independe do processo do crime antecedente,


não importando ainda que desconhecido ou isento de pena o autor daquele crime. No
entanto, é imprescindível um mínimo de provas em relação ao crime antecedente. Não
há necessidade de se narrar com exatidão toda a sequência da lavagem do dinheiro.

Serão julgados pela Justiça Federal quando: praticados contra o sistema financeiro e a
ordem econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da
União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas ou o crime antecedente
for de competência da Justiça Federal.

No momento em que a lei expressa a Competência da Justiça Federal, desta será, mas,
quando a lei não mencionar, a competência para o processamento e julgamento do delito
de lavagem de dinheiro, bem como, do delito antecedente, será da Justiça Estadual.

O art. 366 do CPP não se aplica aos crimes de lavagem de capitais. Menciona o Código
de Processo Penal, no referido artigo, que se o réu for citado por edital e não comparecer
ou não constituir defensor, o processo fica suspenso, assim como o prazo prescricional.
Isso não ocorrerá nos crimes em tela. Desse modo, o processo deverá seguir
normalmente, com a nomeação de defensor dativo para o réu.

 Apreensão de Bens e Ação Controlada

É possível a ação controlada no caso de crimes de lavagem de capitais.

Como em qualquer processo penal, havendo fumus boni juris (materialidade delitiva e
indícios de autoria) e periculum in mora (necessidade premente da medida), o juiz, de
ofício, a requerimento do Ministério Público, ou representação da autoridade policial,
poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão ou o sequestro de
bens, direitos ou valores do acusado, ou existentes em seu nome, objeto dos crimes
previstos nesta Lei, procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do CPP (medidas
assecuratórias), que serão levantados se a ação penal não for iniciada em 120 dias,

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contados da data em que for concluída a diligência ou quando comprovada a licitude de
sua origem.

Se o réu não comparecer ao processo (caso da não aplicação do art. 366 do CPP),
nenhum pedido de restituição será conhecido.

A ação controlada surge quando a execução imediata de ordem de prisão de pessoas


ou da apreensão ou sequestro de bens, direitos ou valores, possa comprometer as
investigações. Nesse caso, ouvido o Ministério Público, o Juiz suspende a execução da
medida, postergando-a e com isso possibilitando a continuidade das investigações (ação
controlada).

O juiz também poderá, ouvido o Ministério Público, nomear pessoa qualificada para a
administração dos bens, direitos ou valores apreendidos ou sequestrados, mediante
termo de compromisso.

Esse administrador será remunerado, prestará informações periódicas da situação dos


bens sob sua administração, bem como explicações e detalhamentos sobre
investimentos e reinvestimentos realizados.

 Efeitos da Condenação

A lei em apreço contempla outros efeitos da condenação além dos previstos no Código
Penal.

São eles: a perda, em favor da União, dos bens, direitos e valores objeto de crime
previsto nesta Lei, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, e a interdição
do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de membro
de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas abaixo
(pessoas sujeitas à lei), pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada.

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14 - OBRIGAÇÕES DE DETERMINADAS PESSOAS

As pessoas jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade


principal ou acessória, cumulativamente ou não de captação, intermediação e aplicação
de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; de compra e
venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial; de
custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração
de títulos ou valores mobiliários, estão sujeitas a obrigações administrativas impostas
pela Lei de Lavagem de Capitais.

Igualmente, também se sujeitam as bolsas de valores e bolsas de mercadorias ou


futuros; as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência
complementar ou de capitalização; as administradoras de cartões de credenciamento ou
cartões de crédito, bem como as administradoras de consórcios para aquisição de bens
ou serviços; as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro
meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos; as
empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring); as
sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis,
mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante
sorteio ou método assemelhado; as filiais ou representações de entes estrangeiros que
exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma
eventual; as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão
regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros; as pessoas
físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agentes,
dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses
de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas; as pessoas jurídicas
que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis; as
pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e metais preciosos, objetos
de arte e antiguidades e as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo
ou de alto valor ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em
espécie.

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A lei, na verdade, cria responsabilidades para essas pessoas, para tentar combater a
lavagem de capitais espúrios. Por esse vértice, as pessoas supracitadas deverão:

 identificar seus clientes e manter cadastro atualizado, nos termos de instruções


emanadas das autoridades competentes;
 manter registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títulos e
valores mobiliários, títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo passível de ser
convertido em dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela autoridade competente
e nos termos de instruções por esta expedidas;
 atender, no prazo fixado pelo órgão judicial competente, as requisições
formuladas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras, que se
processarão em segredo de justiça;
 dispensar especial atenção às operações que, nos termos de instruções
emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios
dos crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se; comunicar, abstendo-
se de dar aos clientes ciência de tal ato, no prazo de 24 horas, às autoridades
competentes:

a) todas as transações que ultrapassarem limite fixado, para esse fim, pela mesma
autoridade e na forma e condições por ela estabelecidas, devendo ser juntada a
identificação a que se refere o inciso I do mesmo artigo;

b) a proposta ou a realização de transação prevista no inciso I deste artigo.

Os cadastros supramencionados deverão ser conservados durante o período mínimo de


cinco anos a partir do encerramento da conta ou da conclusão da transação, prazo este
que poderá ser ampliado pela autoridade competente.

Às pessoas mencionadas, bem como aos administradores das pessoas jurídicas, que
deixem de cumprir as obrigações previstas acima, serão aplicadas, cumulativamente ou
não, pelas autoridades competentes, as seguintes sanções:

 advertência;
 multa;

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 inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o exercício do cargo de
administrador das pessoas jurídicas referidas;
 cassação da autorização para operação ou funcionamento.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF

Resta salientar que a Lei 9.613/1998 criou, de forma agregada ao Ministério da Fazenda,
o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, que tem como missão
disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências
suspeitas de atividades ilícitas previstas na Lei, ressalvada a competência de outros
órgãos e entidades.

Compõem o COAF servidores públicos de reputação ilibada e reconhecida competência,


designados em ato do Ministro de Estado da Fazenda, dentre os integrantes do quadro
de pessoal efetivo do Banco Central do Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários, da
Superintendência de Seguros Privados, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da
Secretaria da Receita Federal, de órgão de inteligência do Poder Executivo, do
Departamento de Polícia Federal, do Ministério das Relações Exteriores e da
Controladoria-Geral da União, atendendo, nesses quatro últimos casos, à indicação dos
respectivos Ministros de Estado.

Por outro lado, quem nomeia o Presidente do Conselho é o Presidente da República.

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15 - CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA

LEI 8176/91

– Define crimes contra a ordem econômica e cria o Sistema de Estoques de


Combustíveis.

Art. 1º - Constitui crime contra a ordem econômica:

I - adquirir, distribuir e revender derivados de petróleo, gás natural e suas frações


recuperáveis, álcool etílico, hidratado carburante e demais combustíveis líquidos
carburantes, em desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei;

II - usar gás liquefeito de petróleo em motores de qualquer espécie, saunas, caldeiras e


aquecimento de piscinas, ou para fins automotivos, em desacordo com as normas
estabelecidas na forma da lei.

Pena: detenção de um a cinco anos.

Objetividade jurídica: a política econômica do Estado relativa à normalidade do


abastecimento nacional de petróleo, de seus combustíveis derivados, de álcool
destinado para fins carburantes e de outros combustíveis líquidos carburantes, além do
Sistema Nacional de Estoque de Combustíveis.

Sujeito ativo: nas modalidades de conduta do inciso I, sujeito ativo é o proprietário, diretor
ou gerente de estabelecimento industrial ou comercial. Na modalidade de conduta do
inciso II, sujeito ativo é qualquer pessoa.

Sujeito passivo: a coletividade, e, secundariamente, a pessoa eventualmente


prejudicada. Tipo Objetivo: no inciso I, as condutas incriminadas são adquirir (comprar,
obter), distribuir (espalhar, dispor) e revender (tornar a vender) derivados de petróleo,
gás natural e suas frações recuperáveis, álcool etílico, hidratado carburante e demais
combustíveis líquidos carburantes, em desacordo com as normas estabelecidas na
forma da lei. No inciso II, a conduta incriminada é usar (utilizar, empregar) GLP em
desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei.

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Norma penal em branco: o tipo penal depende de complementação para caracterização.
Assim, a prática das condutas em desacordo com as normas estabelecidas na forma da
lei é que tipifica este crime.

Objeto material: no inciso I são os derivados de petróleo, o gás natural e suas frações
recuperáveis, o álcool etílico hidratado carburante e demais combustíveis líquidos
carburantes. No inciso II, é o gás liquefeito de petróleo - GLP.

Elemento subjetivo: o dolo.

Consumação: ocorre com a efetiva aquisição, distribuição e revenda dos derivados de


petróleo, gás natural e suas frações recuperáveis, álcool etílico, hidratado carburante e
demais combustíveis líquidos carburantes, em desacordo com as normas estabelecidas
na forma da lei; ocorre também com a utilização de GLP em motores de qualquer
espécie, saunas, caldeiras e aquecimento de piscinas, ou para fins automotivos, em
desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei.

Tentativa: não se admite na modalidade de conduta “usar”. Admite-se nos demais casos.

Competência: a questão não é pacífica. O STF tem entendido que a competência é da


Justiça Estadual, uma vez que não há lesão a interesse da União.

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16 - CRIME DE USURPAÇÃO

LEI 8176/91

Art. 2º - Constitui crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, produzir bens


ou explorar matéria-prima pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo
com as obrigações impostas pelo título autorizativo.

Pena: detenção, de um a cinco anos e multa,

“§ 1º - Incorre na mesma pena aquele que, sem autorização legal, adquirir, transportar,
industrializar, trazer consigo, consumir ou comercializar produtos ou matéria-prima,
obtidos na forma prevista no caput deste artigo,

“§ 2º - No crime definido neste artigo, a pena de multa será fixada entre dez e trezentos
e sessenta dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e a
prevenção do crime,

“§ 3º - O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a quatorze nem superior a
duzentos Bônus do Tesouro Nacional (BTN)”.

Objetividade jurídica: patrimônio público.

Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.

Sujeito passivo: o Estado e a coletividade.

Tipo Objetivo: no caput, as condutas incriminadas são “produzir” (gerar, engendrar, fazer)
bens e explorar (aproveitar, tirar lucro) matéria-prima pertencentes à União, sem
autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo.
No parágrafo 1º as condutas incriminadas são “adquirir” (conseguir, obter), “transportar”
(levar de um local para o outro), “industrializar’ (promover o desenvolvimento industrial),
“ter consigo” (ter em poder, portar), “consumir” (gastar, usar) ou “comercializar” (comprar
e vender, negociar) produtos ou matéria-prima, obtidos na forma prevista no caput do
artigo.

Objeto material: são os bens e a matéria-prima pertencentes à União.

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Elemento subjetivo: o dolo.

Consumação: ocorre com a efetiva produção de bens ou exploração de matéria-prima


pertencentes à União sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações
impostas pelo titulo autorizativo. Consuma-se, ainda, com a efetiva aquisição, transporte,
industrialização, posse, consumo ou comercialização de produtos ou matéria-prima
produzidos ou explorados sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações
impostas pelo título autorizativo.

Tentativa: admite-se.

Competência: da Justiça Federal, uma vez que há lesão ao patrimônio da União.

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17 - CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

Embora não haja um consenso, entende-se que a Lei n. 8.137/90 derrogou a Lei n.
4.729/65, que previa os crimes de sonegação fiscal.

Isto porque a Lei n. 8.137/90 preservou integralmente as figuras típicas contidas na


legislação anterior além de criar novas figuras típicas.

Porém, não há revogação integral da Lei de Sonegação Fiscal, vez que foi mantido o
disposto no art. 5º, que tipifica o crime de contrabando ou descaminho.

Sujeito ativo (quem pratica o crime)

É o contribuinte. Excepcionalmente, poderá ser qualquer pessoa, como nas hipóteses


do art. 2º, III e V. Se a lei estabelecer substituto passivo tributário, este será o sujeito
ativo do crime. Neste sentido RT 613/348.

Concurso de pessoas

O concurso de pessoas vem previsto pelo art. 11 da Lei n. 8.137/90, sendo admitido na
modalidade «co-autoria» e «participação». Inclusive, «o empregado que colabora com o
patrão na sonegação de impostos ou contribuições não pode alegar que recebeu ordens
para tanto, pois tal ordem, à evidência, terá sido ilegal, não obrigando quem quer que
seja» (Leis penais especiais e sua interpretação jurisprudencial, Coord. Alberto Silva
Franco e Rui Stoco, 7. ed. rev., atual. e ampl., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001,
v. 1, p. 630).

Sujeito passivo dos crimes de sonegação fiscal (vítima do ilícito)

Sujeito passivo: é o Estado (Fazenda Pública - federal, estadual e municipal).

Sonegação fiscal

Conforme ressaltam Alexandre de Moraes e Gianpaolo Poggio Smanio , «sonegação


fiscal é a ocultação dolosa, mediante fraude, astúcia ou habilidade, do reconhecimento
de tributo devido ao Poder Público».

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E concluem: «Note-se, porém, que a lei não conceituou o que seja sonegação fiscal,
adotando outro critério de identificação, qual seja, considerando delitos contra a ordem
tributária a supressão ou redução de tributos ou contribuição social ou acessório, e
depois enumerando, taxativamente, quais as modalidades de conduta que podem levar
a tal supressão ou redução, constituindo genericamente o que seja sonegação fiscal».

Objetividade jurídica (forma de prática do ilícito)

O objeto jurídico vem representado pelos interesses estatais vinculados à arrecadação


de tributos devidos à Fazenda Pública. Protege-se o erário público, a fé pública e a
Administração Pública.

Objeto material (onde recai a conduta)

O objeto material vem representado pelo tributo, contribuição ou qualquer acessório,


reduzido ou suprimido por uma das condutas estampadas em cada tipo penal.

Condutas

Vêm previstas nos arts. 1» e 2». Podem ser comissivas ou omissivas, de acordo com
cada hipótese.

Elemento subjetivo

É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar as condutas típicas.


Devem as condutas expressas nos arts. 1º e 2º da lei serem praticadas com o fim ou
com a intenção de suprimir ou reduzir tributo ou contribuição, ou de eximir-se, total ou
parcialmente, de pagamento de tributo. Caso as condutas tipificadas sejam praticadas
sem que ocorra a efetiva sonegação, não estará configurado o crime contra a ordem
tributária, mas sim outras condutas típicas previstas no Código Penal.

Nesse sentido: «O crime de sonegação fiscal apenas se consuma quando presente o


dolo específico em fraudar o fisco» (TJSP-Ap. 245.615-3 - j. 29-3-2000).

Consumação

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Ocorre com a supressão ou redução do tributo, contribuição social ou acessório. Trata-
se de crimes materiais, pois, sem que ocorra a efetiva sonegação (supressão ou
redução) do tributo, não haverá conduta típica, não se configurando o delito.

Da forma tentada

É admitida nas condutas comissivas que permitam o fracionamento do iter criminis. Nas
condutas omissivas e nos crimes instantâneos, não se admite a chamada tentativa.

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18 - COMPETÊNCIA E AÇÃO PENAL

A competência para processar e julgar os crimes contra a ordem tributária previstos na


Lei n. 8.137/90 é da Justiça Comum Estadual.

Excepcionalmente, quando algum interesse da União for afetado (art. 109 da CF), a
competência será da Justiça Federal.

A ação penal é pública incondicionada.

Representação fiscal

Dispõe o art. 83 da Lei n. 9.430/96:

Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem
tributária definidos nos arts. Iº e 2º da Lei n. 8.137/90, será encaminhada ao Ministério
Público após proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal
do crédito tributário correspondente.

§ 6o As disposições contidas no caput do art. 34 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de


1995, aplicam-se aos processos administrativos e aos inquéritos e processos em curso,
desde que não recebida a denúncia pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).

A mencionada representação não se confunde com aquela condição de procedibilidade


para a propositura de ação penal pelo Ministério Público, já que a ação penal nos crimes
contra a ordem tributária é pública incondicionada.

Nesse sentido: «Em sede de crimes contra a ordem tributária, a representação fiscal a
que se refere o art. 83 da Lei n. 9.430/96 não é condição de procedibilidade para a
promoção da ação penal, podendo o Ministério Público, no exercício de sua competência
legal, valer-se de quaisquer outros elementos informativos da ocorrência do delito para
oferecer a denúncia» (STJ - RT, 770/516).

Autonomia da instância penal e esgotamento da via administrativa

Em princípio, não há subordinação entre as instâncias penal e administrativa no que


tange aos delitos de sonegação fiscal. Entretanto, há de se considerar a independência

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relativa entre as instâncias uma vez que pode haver repercussão das decisões de uma
em outra.

Nesse sentido, vale lembrar a lição de Rui Stocco: «Ora, a decisão no Juízo cível, com
trânsito em julgado, ou o acolhimento de recurso administrativo pelo Fisco, entendendo
não ter havido supressão ou redução de tributo, descaracteriza a ação ou omissão do
contribuinte como crime».

E prossegue: «Isso quer dizer que, se, por um lado, a existência de situação pendente
em Juízo ou na esfera administrativo-fiscal não impede o dominus litis da ação penal de
denunciar o contribuinte, ou seu representante (pessoa física), por outro lado, a definição
dessa situação pelo Fisco, a favor do agente, inibe a ação penal, impedindo-a (caso
ainda não aviventada), tem força para trancá-Ia, caso já tenha sido proposta, ou, ainda,
influenciar na absolvição do acusado, por ausência de fato típico”. (Leis penais especiais
e sua interpretação jurisprudencia1, Coord. Alberto Silva Franco e Rui Stoco, 7. ed., rev.,
atual. e ampl., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001,n. 1,p. 665).

A propósito, também: “Não está o Ministério Público impedido de agir antes da decisão
final no procedimento administrativo”(STF -ADIn 1.571, j. 2-3-1997).

Outrossim, na lição de Alexandre de Moraes e Gianpaolo Poggio Smanio (Legislação


penal especial, 7. ed., São Paulo: Atlas, 2004, p. 93), “as instâncias penal e administrativa
são autônomas, não sendo necessário para a propositura da ação penal, ou mesmo para
a instauração do inquérito policial, o prévio esgotamento da via administrativa. Ressalte-
se que a apuração do débito fiscal, na instância administrativa, não constitui condição de
procedibilidade da ação penal”.

O Supremo Tribunal Federal, entretanto, atualmente, tem entendido que, pendente o


lançamento do tributo de decisão definitiva na esfera administrativa, inexiste justa causa
para a ação penal, estando suspenso o curso da prescrição enquanto obstada a sua
propositura pela falta de lançamento definitivo.

Nesse sentido: “AÇÃO PENAL. Crime tributário, ou crime contra a ordem tributária. Art.
1”’, I e 11, da Lei n. 8.137190. Delito material. Tributo. Processo administrativo.
Suspensão por decisão do Conselho de Contribuintes. Crédito tributário juridicamente

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inexistente. Falta irremediável de elemento normativo do tipo. Crime que se não tipificou.
Condenação. Inadmissibilidade. Absolvição decretada. HC concedido para esse fim.
Precedentes. Não se tipificando crime tributário sem o lançamento fiscal definitivo, não
se justifica pendência de ação penal, nem a condenação a esse título, quando está
suspenso o procedimento administrativo por decisão do Conselho de Contribuintes” (STF
- 2aT. - HC 86.236/PR - ReI. Min. Cezar Peluso - j. 2-6-2009 - D) 26-6-2009).

Extinção da punibilidade e Impossibilidade de pagar o tributo

A extinção da punibilidade nos crimes de sonegação fiscal ocorre, em regra, com o


pagamento do tributo antes do recebimento da denúncia.

Nesse sentido, dispõe o art. 34 da Lei n. 9.249/95:

«Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei n. 8.137, de 27 de


dezembro de 1990, e na Lei n. 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover
o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do
recebimento da denúncia».

Impossibilidade de pagar o tributo

A doutrina e a jurisprudência vêm entendendo que, estando o contribuinte insolvente, em


grave crise financeira, a que não deu causa, impossibilitado de pagar o tributo ou
contribuição, não deverá ser penalizado.

Alguns entendem tratar-se de estado de necessidade. Outros entendem haver causa


excludente genérica de criminalidade. E outra corrente pugna pela ocorrência de
inexigibilidade de conduta diversa.

O estado de necessidade, como causa de exclusão da antijuridicidade, requer, para sua


configuração, a ocorrência de situação de perigo, em que se encontram em conflito dois
ou mais bens jurídicos, sendo lícito ao agente, para evitar o sacrifício ao seu, atingir ou
deixar perecer o bem jurídico alheio. Assim, poder-se-ia falar em estado de necessidade,
a nosso ver, apenas em situação de iminência de quebra ou demissão de número
considerável de funcionários, fazendo com que o agente opte por preservar o emprego

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de seus contratados ou manter o funcionamento da empresa, em vez de honrar o débito
do tributo ou contribuição social.

Afora esse caso de situação de perigo, poder-se-ia falar em causa excludente da


culpabilidade (juízo de reprovação social), consistente na inexigibilidade de conduta
diversa, quando o agente, por exemplo, antevendo a ruína de seu negócio, a ela se
antecipa e, para sanar os problemas financeiros da empresa, mantendo-a em
funcionamento e honrando as obrigações trabalhistas, deixa de efetuar o devido
recolhimento dos tributos e contribuições.

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19 - DAS INFORMAÇÕES TRIBUTÁRIAS

Supressão ou redução de tributo ou contribuição social ou qualquer acessório

Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição
social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:....

Objetividade jurídica: a tutela do erário público. Sujeito ativo: o contribuinte, pessoa física.

Sujeito passivo: o Estado, representado pela Fazenda Pública federal, estadual e


municipal. Conduta: vem representada pelo verbo «suprimir», que significa eliminar,
cancelar, extinguir ou impedir o pagamento do tributo, e pelo verbo «reduzir», que
significa diminuir o tributo a ser pago.

Elemento subjetivo: é o dolo, representado pela vontade livre e consciente de praticar as


condutas típicas. Deve haver, ainda, a finalidade específica de suprimir ou reduzir tributo
ou contribuição social e acessório.

Consumação: ocorre com a efetiva supressão ou redução do tributo, contribuição social


e qualquer acessório.

Tentativa: admite-se, em tese, se fracionável o iter criminis.

Omissão de informação ou prestação de declaração falsa às autoridades


fazendárias

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;

Objetividade jurídica: a tutela do erário público.

Sujeito ativo: o contribuinte, pessoa física, sujeito passivo da obrigação fiscal, que tem a
obrigação de informar ou prestar declarações às autoridades fazendárias.

Sujeito passivo: o Estado, representado pela Fazenda Pública federal, estadual e


municipal. Conduta: vem representada pelo verbo “omitir”, que significa deixar de prestar
ou ocultar a informação (crime omissivo), e pelo verbo “prestar”, referindo-se a
declaração falsa, que significa fornecer informação ao Fisco que não corresponde à
verdade. Essa falsidade poderá ser material ou ideológica. Existe a necessidade de que

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a omissão ou falsidade vise à redução ou supressão do pagamento do tributo,
contribuição ou acessório.

Elemento subjetivo: é o dolo, representado pela vontade livre e consciente de praticar as


condutas típicas. Deve haver, ainda, a finalidade específica de suprimir ou reduzir tributo
ou contribuição social e acessório.

Consumação: ocorre com a efetiva supressão ou redução do tributo, contribuição social


e qualquer acessório através da omissão de informação ao Fisco ou da prestação de
falsa declaração às autoridades fazendárias.

Tentativa: embora não haja consenso, entendemos que, em tese, poderia haver a forma
tentada, a qual, por si só, já seria punida como crime consumado previsto no art. 2º, I,
da lei em comento.

Fraude à fiscalização tributária

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação


de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

Objetividade jurídica: a tutela do erário público. Sujeito ativo: o contribuinte, pessoa física.

Sujeito passivo: o Estado, representado pela Fazenda Pública federal, estadual e


municipal. Conduta: vem representada pelos verbos “elaborar” (preparar, formar),
“distribuir” (repartir), “fornecer” (entregar), “emitir” (enviar) e “utilizar” (empregar, usar).

Objetivo material: é o documento (art. 232 do CPP) falso (material ou ideológico) ou


inexato. Elemento subjetivo: é o dolo, representado pela vontade livre e consciente de
praticar as condutas típicas. Deve haver, ainda, a finalidade específica de suprimir ou
reduzir tributo ou contribuição social e acessório. Na expressão «deve saber», admitiu o
legislador o dolo eventual como elemento subjetivo.

Consumação: ocorre com a efetiva elaboração, distribuição, fornecimento, emissão ou


utilização do documento falso ou inexato, obtendo o agente o proveito consistente na
supressão ou redução do tributo, contribuição social e qualquer acessório.

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Tentativa: em tese também poderia haver.

Falsificação ou alteração de documento relativo a operação tributável

Elemento subjetivo: é o dolo, representado pela vontade livre e consciente de praticar as


condutas típicas. Deve haver, ainda, a finalidade específica de suprimir ou reduzir tributo
ou contribuição social e acessório.

Consumação: ocorre com a efetiva supressão ou redução do tributo, contribuição social


e qualquer acessório através da omissão de informação ao Fisco ou da prestação de
falsa declaração às autoridades fazendárias.

Tentativa: embora não haja consenso, entendemos que, em tese, poderia haver a forma
tentada, a qual, por si só, já seria punida como crime consumado previsto no art. 2º, I,
da lei em comento.

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20 - NOTAS FISCAIS E AUTORIDADES TRIBUTÁRIAS

Negativa ou ausência de fornecimento de nota fiscal ou fornecimento em


desacordo com a legislação

v - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento


equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente
realizada, ou fornece-Ia em desacordo com a legislação.

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Objetividade jurídica: a tutela do erário público. Sujeito ativo: o contribuinte, pessoa física.

Sujeito passivo: o Estado, representado pela Fazenda Pública federal, estadual e


municipal. Conduta: vem representada pelos verbos «negar» (não conceder, recusar) ou
«deixar de fornecer» (recusar-se a fornecer, recusar-se a entregar), caracterizando
condutas omissivas. Também pelo verbo «fornecer» (entregar, dar), caracterizando
conduta comissiva.

A entrega ou fornecimento da nota fiscal ou documento equivalente deve ser obrigatória.


Na conduta comissiva, o fornecimento deve dar-se «em desacordo com a legislação»,
ou seja, sem observância das normas fiscais em vigor.

Vale ressaltar:

«O crime definido no inc. V do art. 1º V da Lei 8.137/90, sob a modalidade de omissão


quanto à expedição de nota fiscal ou documento obrigatório, pode consumar-se
independentemente da pretendida providência administrativa de intimação prévia do
contribuinte, para que, em prazo não excedente a dez dias, venha a atender sua
obrigação fiscal, a que se refere o parágrafo único do citado dispositivo» ( RT 798/309).

«Por tratar-se de tipo autônomo, o crime previsto no art. 1º, V, da Lei n. 8.137/90
independe de qualquer outra circunstância para sua caracterização, senão a recusa
imotivada em apresentar documentos necessários à fiscalização» (RT 755/595).

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Elemento subjetivo: é o dolo, representado pela vontade livre e consciente de praticar as
condutas típicas. Deve haver, ainda, a finalidade específica de suprimir ou reduzir tributo
ou contribuição social e acessório.

Consumação: ocorre com a prática de uma das modalidades de conduta previstas, com
a consequente supressão ou redução do tributo, contribuição social e qualquer
acessório.

Tentativa: para parcela da doutrina, trata-se de crime instantâneo, que não admite
tentativa.

Falta de atendimento da exigência da autoridade

Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez)


dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da
matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração
prevista no inciso V.

Por essa disposição, o legislador equiparou a falta de atendimento da exigência da


autoridade ao crime previsto no inciso V, anteriormente analisado.

Conforme ressalta Rui Stoco, «a fiscalização sempre se ressentiu da dificuldade


encontrada na obtenção de informações e acesso aos documentos e livros contábeis,
cuja verificação é fundamental aos trabalhos de auditoria fiscal junto a empresas».

E prossegue: «Assim, o contribuinte tem obrigação de colocar à disposição da autoridade


todos os documentos constantes de seus arquivos, relativos à venda de mercadorias ou
a prestação de serviços, tais como talonários com cópias de notas fiscais, guias de
recolhimento, cópias de informações fiscais, controle de emissão de faturas e duplicatas,
livros de registro diversos, ainda que a contabilidade seja feita com o auxílio da
informática».

Deve ser ressaltado, entretanto, que, para a configuração do delito, a requisição, pela
autoridade, de informações, deverá ser feita por meio de notificação escrita, onde conste
especificamente quais os documentos a serem apresentados, quando, só então poder-
se-á comprovar a omissão do contribuinte. Nesse sentido RT 739/388.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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criminológicos. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.

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