Direito Penal Economico PDF
Direito Penal Economico PDF
Direito Penal Economico PDF
3
eximentes ou descriminantes. São normas permissivas, também chamadas tipos
permissivos, que permitem a prática de um fato típico.
4
2 - ITER CRIMINIS E REQUISITOS DOS TIPOS PENAIS
Nos termos do artigo 31 do CP, salvo disposição em contrário, o agente só passa a ter
punição quando ingressa nos atos de execução do delito.
a) Objeto jurídico: é o bem (aquilo que satisfaz necessidade humana) ou interesse (valor
que tem o bem) tutelado pela lei penal, ex: vida, patrimônio.
5
b) Objeto material: é a pessoa ou coisa sobre o qual recairá a conduta criminosa, ex:
pessoa no crime de homicídio; coisa no crime de roubo.
6
3 - SUJEITOS E CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
II) SUJEITO ATIVO é aquele que pratica a conduta descrita na lei, o fato típico. Abrange
tanto quem pratica o núcleo do tipo como quem colabora de alguma forma na conduta
típica.
III) SUJEITO PASSIVO é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta
criminosa.
IV) TIPO SUBJETIVO é a análise do dolo e da culpa para preenchimento do tipo penal.
Classificação de Crimes
Embora não se discutia neste momento toda a classificação dos crimes, os mesmos
ficarão consignados para um estudo futuro.
CRIME DE DANO: é aquele cuja consumação se exige a efetiva lesão do bem jurídico
tutelado. Em caso de ausência de efetiva lesão, o crime será tentado ou será um
indiferente penal.
CRIME DE PERIGO: é aquele que será consumado com a simples criação do perigo
para o bem jurídico tutelado, sem necessidade de efetivo dano. Divide-se em:
b) perigo abstrato: o perigo é presumido, não precisa ser provada a situação de perigo,
a lei contenta-se com a simples prática da ação que já se pressupões perigosa.
CRIMES MATERIAIS: são aqueles em que a lei descreve a conduta do agente e exige
a ocorrência do resultado natural para a consumação do crime. A ação e o resultado são
cronologicamente distintos.
7
CRIMES FORMAIS: são aqueles em que também se descreve o resultado, mas não se
exige sua ocorrência para a consumação. Exemplo:
Nos termos da lei, embora com desdobramentos posteriores, mas que não mais alteram
o fato típico. Ex: A obtenção de resgate é apenas o exaurimento do crime de sequestro
(art. 159 do CP). O fato posterior complementar é indiferente, ou apenas motivo para
aumento de pena.
CRIMES SIMPLES: são as formas básicas dos delitos. Ex: art. 121 “caput” do CP
(homicídio simples)
8
CRIMES PRIVILEGIADOS: São aqueles em que o acréscimo ao tipo básico serve para
diminuir a pena. Exemplo:
9
4 - CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES II
CRIMES DOLOSOS: são aqueles em que o agente quis praticar o fato criminoso, ou
assume o risco (art. 18-I do CP)
CRIMES CULPOSOS: são aqueles praticados pelo agente por negligência, imprudência
ou imperícia (art. 18, II do CP).
O agente será punido pela conduta dolosa (lesão) e pelo resultado culposo morte ( art.
129, § 3º do CP)
CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS (ou puros): são aqueles praticados mediante o “não
fazer” o que a lei manda (comportamento negativo), sem dependência de qualquer
resultado.
10
CRIMES COMISSIVOS POR OMISSÃO (ou omissivos impróprios): são aqueles em que
o agente, por deixar de fazer o que estava obrigado, produz o resultado. Além da
obrigação de agir, tem a obrigação de evitar o resultado.
11
5 - CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES III
CRIMES DE MÃO PRÓPRIA: são os que não exigem qualquer qualidade ou condição
pessoal, porém, só podem ser praticados pessoalmente pelo agente.
Não admitem co-autoria. Há, contudo, quem entenda possível a co-autoria nesses casos
(RT 641/386), e é majoritária.
CRIME DE AÇÃO ÚNICA: é aquele onde o tipo penal contém somente uma modalidade
de conduta, expresso pelo núcleo do tipo, ex: matar, subtrair.
CRIMES UNISSUBJETIVOS é aquele que pode ser praticado por um único agente.
b) bigamia (convergente);
c) rixa (divergente).
Exemplo: Caso de homicídio com relação às lesões corporais, que são absorvidas.
12
CRIMES VAGOS: são aqueles em que o sujeito passivo é uma coletividade sem
personalidade jurídica, como a família, o público ou a sociedade.
CRIMES HABITUAIS: são aqueles constituídos por uma reiteração de atos, penalmente
indiferentes, mas que constituem um todo, um único crime, traduzindo geralmente um
modo ou estilo de vida. Embora a prática de um único ato não seja típico, o conjunto,
com habitualidade, configurará o crime. Exemplos:
CRIME FALHO: é aquele que corresponde à “tentativa” perfeita, em que o agente pratica
todos os atos necessários para o resultado, mas este acaba não ocorrendo.
13
Existem ainda outras classificações no próprio código penal como crime impossível,
continuado, consumado, tentado etc.
14
6 - DAS PENAS
Nos termos do Código Penal em seu artigo 32, são espécies de penas:
privativa de liberdade
restritivas de direitos
3. Prisão simples, cabível nos ilícitos de menor gravidade, ex: contravenções penais
(DL 3688/41)
15
III) Regime aberto – cumprimento da pena em casa do albergado ou estabelecimento
adequado (art. 97 da lei 7210/84), sendo que na falta poderá ser imposta prisão domiciliar
(art. 117 da lei 7210/84).
Ainda, é forçoso salientar que o quantum da pena também refletirá no regime de pena a
cumprir, nos termos do artigo 33 do Código Penal. Caso a condenação seja igual ou
inferior a 4 anos e o condenado seja primário, o regime será o aberto. Tratando-se de
condenação superior a 4 anos e que não exceda a 8, poderá iniciar em regime semi-
aberto tratando-se de primário. Condenado com pena superior a 8 anos o regime será
obrigatoriamente inicial fechado.
16
7 - REGIMES PRISIONAIS E APLICAÇÃO DA PENA
Aqueles que são condenados a 8 ou mais anos de reclusão são encaminhados para o
regime fechado, devendo passar todos os dias na unidade prisional, visto que se trata
de uma pena de restrição de liberdade.
Para o Regime Semi-aberto são encaminhados aqueles que são condenados pelo
período de 4 a 8 anos de prisão, caso não seja reincidente, pois se for deverá iniciar o
cumprimento da pena no regime fechado. Nesse regime o prisioneiro é encaminhado
para uma colônia agrícola ou industrial, porém deverá retornar para passar a noite na
prisão.
No Regime aberto, aqueles que forem condenados em até 4 anos de prisão, desde que
não seja reincidente têm o direito de cumprir 100% da pena fora do estabelecimento
prisional e respeitando a restrição de alguns comportamentos.
Parágrafo 3º: No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças
ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são,
cumulativamente:
17
1) não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
2) não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
3) ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
4) ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento;
5) não ter integrado organização criminosa;
6) O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do
benefício previsto no § 3º deste artigo.
Não se trata de qualquer mulher, e sim da mulher gestante ou que for mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência. As regras gerais sobre a
progressão de regime previstas no art. 112, caput, bem como as regras previstas na Lei
dos Crimes Hediondos, art. 2º, §2º, não se aplicam, pois “A progressão de regime, no
caso dos condenados pelos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento
de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se
reincidente, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 112 da Lei nº 7.210”
Institui-se também a regressão, que é a transferência para regime mais rigoroso (artigo
33, §2º do CP e art. 118 da lei nº 7.210/84), quando pratica crime doloso ou falta grave
(art. 50 da lei 7210/84).
Previstas nos artigos 43-48 CP, as penas restritivas de direitos possuem as seguintes
características:Nos termos do artigo art. 5º, inciso XLVI da CF/88, a prisão deve ser
imposta em último caso, devendo, sempre que possível, serem aplicadas penas
substitutivas. Estas penas estão disciplinadas nos artigos 43 a 48 do Código Penal e
sempre substituem a pena de prisão, nunca são cumuladas. São elas: restação
18
pecuniária; perda de bens e valores; limitação de fim de semana; prestação de serviço à
comunidade ou a entidades públicas e interdição temporária de direitos.
A pena de Multa é a terceira das três espécies de sanções que o art. 32 do CP prevê,
sendo disciplinado como regra no artigo 49/52 do Código Penal.
DA APLICAÇÃO DA PENA
Em seu artigo 68, acolheu a posição de NELSON HUNGRIA, que sustentava que o
processo individualizador da pena deveria desdobrar-se em três etapas:
b) atenuantes e agravantes;
19
8 - ESPÉCIES DE RITOS PROCESSUAIS
1 – comum ou ordinário (394/405 CPP) – (394, par. 1º , I CPP) – pena igual ou superior
a 04 anos de privativa de liberdade
2 – comum ou sumário (531/536 CPP) – (394, par. 1º, II do CPP) – pena inferior a 04
anos
4- especiais:
No CPP:
a. procedimento comum/ordinário
Nos termos do art. 401 do CPP, serão arroladas até 08 testemunhas pela acusação e
defesa. Pelo parágrafo 1º do 401 CPP não se compreendem as que não prestam
compromisso e referidas.
Nota: 08 testemunhas por parte (Nucci, Tourinho), porém, há julgados permitindo até 08
testemunhas por fato (TJSP, Apel. 203.161-3, 2ª Câmara, 01.06.1998).
20
I - for manifestamente inepta;
21
9 - APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA - ART. 168-A DO CP
• Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, em que o agente somente pode ser a pessoa
responsável pelo repasse, à Previdência Social, do montante recolhido dos contribuintes
a título de contribuição previdenciária.
• Conduta: a conduta típica vem expressa pelo verbo deixar, que denota omissão própria.
22
• Figuras Assemelhadas – § 1º do art. 168-A - as mesmas penas do caput para quem
deixar de:
(b) recolher contribuições relativas à previdência social que tenham integrado despesas
contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
(c) pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem
sido reembolsados à empresa pela previdência social.
(c) que o agente efetue as condutas acima espontaneamente, e na forma definida em lei
ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
Ação fiscal: não se confunde, obviamente, com a ação penal. Pela primeira, que se inicia
com a notificação do lançamento do tributo, objetiva o Estado a cobrança coercitiva das
contribuições, importâncias ou valores devidos, recolhidos dos contribuintes pelo agente,
e não repassados à Previdência Social, no prazo e forma legal ou convencional.
Em resumo:
23
(a) se o pagamento ocorrer até o início da ação fiscal: extinção da punibilidade (§ 2º);
(b) se o pagamento ocorrer após o início da ação fiscal e até o oferecimento da denúncia:
perdão judicial ou multa (§ 3º);
(a) tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o
pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
(b) o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais.
Prevê, ainda, o mesmo dispositivo penal, a possibilidade de o juiz aplicar somente a pena
de multa.
24
10 - SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – ART. 337-A DO CP
Bem Jurídico: o patrimônio do ente público dotado de capacidade ativa para arrecadar a
contribuição da Seguridade Social.
Sujeito Passivo: o Estado, representado pela União e por sua autarquia, ora denominada
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), dotada de capacidade ativa para arrecadar
as contribuições previdenciárias.
25
III – omitindo, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas
ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias (art.
337-A, I a III).
Tentativa: é admissível.
26
11 - CONTRABANDO OU DESCAMINHO – ART. 334 DO CP
Sujeito Ativo: particular, podendo se tratar de funcionário público (caput). Nas hipóteses
do artigo 334, parágrafo 1º, a e b pode ser qualquer pessoa (delito comum), contudo nas
alíneas c e d, somente será o comerciante ou industrial (delito especial próprio).
Tipo Objetivo:
Tentativa: é admissível.
O funcionário público que concorrer para o crime responderá pelo artigo 318 do CP se
violar dever funcional, caso contrário será este 334 do CP.
27
Incidirá o princípio da insignificância e serão arquivados os autos a requerimento da
Procuradoria da Fazenda Nacional execuções fiscais, inscritas na dívida ativa da União
quando o valor não ultrapassar R$ 10.000,00, conforme lei 10.522/02, alterada pela lei
11.033/04.
Tipo Objetivo:
vender, expor à venda, manter em depósito ou, de qualquer forma, utilizar em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no país ou importou
fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território
nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem (art. 334, § 1º, c);
Tipo Subjetivo: o dolo e nas hipóteses do parágrafo 1º, alíneas c e d, além do dolo, exige-
se o elemento subjetivo do injusto, manifestado pela expressão em proveito próprio ou
alheio.
28
(art. 334, § 1º, b); com a venda ou utilização, em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, de mercadoria estrangeira introduzida
clandestinamente no País ou importada fraudulentamente e, nas condutas de expor à
venda e manter em depósito, a consumação protrai-se no tempo (art. 334, § 1º, c); com
a aquisição ou recebimento, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, de mercadoria estrangeira, desacompanhada de documentação
legal, ou acompanhada de documentos sabidamente falsos e, na conduta ocultar, a
consumação protrai-se no tempo (art. 334, § 1º, d).
Tentativa: é admissível.
29
12 - LAVAGEM DE CAPITAIS – LEI 12.683/12
Em princípio, deve ser levado em consideração que a lei que trata da lavagem de capitais
sofreu alteração relevante pela lei 12.683, de 09/07/12, a Nova Lei de lavagem de
Dinheiro, que nos termos do artigo 1º desta última, procurou tornar mais eficiente a
persecução penal nos crimes de lavagem de dinheiro.
Uma vez excluído o rol, não há que se falar em crime antecedente, acatando qualquer
modalidade de infração penal. Persiste apenas a exigência de que a dissimulação ou
ocultação seja de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de
infração penal, de acordo com o caput do atual artigo 1º:
Desta forma, delitos que anteriormente eram utilizados com o fim de “lavar dinheiro” sem
que fosse considerado crime, agora o são. Isto é, uma maior variedade de condutas
passou a ser abrangida. É o caso, por exemplo, do jogo do bicho, previsto apenas como
contravenção penal.
30
Outra modificação foi a possibilidade de venda antecipada de bens arrecadados
mediante as medidas assecuratórias previstas no artigo 4º da nova lei, resguardada a
possibilidade de pedido de restituição dos bens.
Outro destaque da Nova Lei de Lavagem é o artigo 17-B, que prevê o acesso da
autoridade policial e do Ministério Público aos dados cadastrais do investigado,
independente de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empresas
telefônicas, pelas instituições financeiras, pelos provedores de internet e pelas
administradoras de cartão de crédito.
Assim, a redação do artigo 9°, parágrafo único, XIV, da Lei 12.683/12 buscou compelir o
maior número de pessoas físicas e jurídicas a identificar e cadastrar seus clientes, bem
como comunicar atividades suspeitas aos órgãos competentes para fiscalizar, investigar
e punir. merece especial atenção a inclusão dos profissionais da área jurídica dentre
aqueles sujeitos a obrigação de prestar esclarecimentos, o que vai contra o dever de
preservação de sigilo do cliente inerente à advocacia. Por outro lado, o legislador não
especificou quais profissionais da área jurídica devem colaborar.
31
Em que pese a anterior previsão na lei n° 9613/98, a nova lei trouxe a possibilidade de
que o juiz se utilize do instituto a qualquer tempo, seja na investigação ou até a sentença
de mérito, inclusive na execução penal.
O tipo penal da lavagem de capitais se desdobra em três categorias, que têm a mesma
pena: reclusão de três a dez anos e multa.
A segunda atitude criminosa é prevista para quem converte os bens em ativos lícitos,
quem os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em
depósito, movimenta ou transfere ou quem importa ou exporta bens com valores não
correspondentes aos verdadeiros, desde que essas atitudes tenham a finalidade de
ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de qualquer
32
dos crimes antecedentes retrorreferidos (art. 1º, § 1º). Nessa segunda forma de praticar
o crime percebemos atitudes mais concretas por parte do agente no sentido negocial.
Assim, podemos afirmar que o crime de lavagem de capitais pode ser dividido em três
fases, sendo punidas cada uma delas. Em suma: 1ª fase: distanciamento dos bens da
origem ilícita; 2ª fase: aquisição de bens aparentemente lícitos, com o dinheiro espúrio
e; 3ª fase: reinserção do dinheiro ilícito no sistema econômico (integração), sob a
roupagem da licitude.
As técnicas de lavagem podem ser: (a) mescla _o agente mistura seus recursos com os
recursos legítimos; (b) empresa de fachada _uma empresa legalmente constituída que
participa ou aparenta participar de negócios lícitos, mas tem como fim a lavagem; (c)
contrabando de dinheiro _transporte físico do dinheiro. Outras técnicas: transferência
eletrônica de fundos, faturas falas, concessão de bolsas de estudos, negociação com
joias, cavalos.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o sujeito passivo é o Estado. O tipo subjetivo
é o dolo, a vontade livre e consciente de ocultar ou dissimular bens, valores e direitos
provenientes de crime.
Por regra expressa, é punida a tentativa (art. 1º, § 3°) pois, é cediço que em crimes
materiais (salvo o crime de participação em suicídio – art. 122 do CP) sempre cabe a
tentativa.
33
Por outro lado, a pena será aumentada de um a dois terços se o crime for cometido de
forma habitual ou por intermédio de organização criminosa.
Importante observar que o Código Penal (art. 44), em regra, possibilita essa substituição
se a pena for de até quatro anos em crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa. A
outro turno, o Código Penal prevê o início no regime semiaberto quando a pena for maior
que quatro até oito anos e regime fechado se a pena for superior a oito anos.
Dessa maneira, a Lei de Lavagem de Capitais traz exceções à regra geral, quando a
pena for superior a quatro anos. Relembre-se, por oportuno, que a pena varia de três a
dez anos.
Ainda, uma nova alteração na Lei de lavagem de dinheiro nº 12.683/2012 foi feita pela
Lei Complementar nº 167/2019, que tráz responsabilidade sobre a Identificação dos
Clientes e Manutenção de Registros e a comunicação de Operações Financeiras (artigos
10 e 11 da Lei 12.683/2012) às empresas de arrendamento mercantil (leasing), empresas
de fomento comercial (factoring) e empresas simples de crédito (ESC):
34
V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing), as empresas
de fomento comercial (factoring) e as Empresas Simples de Crédito
(ESC)
35
13 - PROCESSO DE LAVAGEM DE CAPITAIS
O processo e julgamento dos crimes sobre lavagem de capitais seguirá o rito ordinário
(394/405 CPP).
Serão julgados pela Justiça Federal quando: praticados contra o sistema financeiro e a
ordem econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da
União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas ou o crime antecedente
for de competência da Justiça Federal.
No momento em que a lei expressa a Competência da Justiça Federal, desta será, mas,
quando a lei não mencionar, a competência para o processamento e julgamento do delito
de lavagem de dinheiro, bem como, do delito antecedente, será da Justiça Estadual.
O art. 366 do CPP não se aplica aos crimes de lavagem de capitais. Menciona o Código
de Processo Penal, no referido artigo, que se o réu for citado por edital e não comparecer
ou não constituir defensor, o processo fica suspenso, assim como o prazo prescricional.
Isso não ocorrerá nos crimes em tela. Desse modo, o processo deverá seguir
normalmente, com a nomeação de defensor dativo para o réu.
Como em qualquer processo penal, havendo fumus boni juris (materialidade delitiva e
indícios de autoria) e periculum in mora (necessidade premente da medida), o juiz, de
ofício, a requerimento do Ministério Público, ou representação da autoridade policial,
poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão ou o sequestro de
bens, direitos ou valores do acusado, ou existentes em seu nome, objeto dos crimes
previstos nesta Lei, procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do CPP (medidas
assecuratórias), que serão levantados se a ação penal não for iniciada em 120 dias,
36
contados da data em que for concluída a diligência ou quando comprovada a licitude de
sua origem.
Se o réu não comparecer ao processo (caso da não aplicação do art. 366 do CPP),
nenhum pedido de restituição será conhecido.
O juiz também poderá, ouvido o Ministério Público, nomear pessoa qualificada para a
administração dos bens, direitos ou valores apreendidos ou sequestrados, mediante
termo de compromisso.
Efeitos da Condenação
A lei em apreço contempla outros efeitos da condenação além dos previstos no Código
Penal.
São eles: a perda, em favor da União, dos bens, direitos e valores objeto de crime
previsto nesta Lei, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, e a interdição
do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de membro
de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas abaixo
(pessoas sujeitas à lei), pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada.
37
14 - OBRIGAÇÕES DE DETERMINADAS PESSOAS
38
A lei, na verdade, cria responsabilidades para essas pessoas, para tentar combater a
lavagem de capitais espúrios. Por esse vértice, as pessoas supracitadas deverão:
a) todas as transações que ultrapassarem limite fixado, para esse fim, pela mesma
autoridade e na forma e condições por ela estabelecidas, devendo ser juntada a
identificação a que se refere o inciso I do mesmo artigo;
Às pessoas mencionadas, bem como aos administradores das pessoas jurídicas, que
deixem de cumprir as obrigações previstas acima, serão aplicadas, cumulativamente ou
não, pelas autoridades competentes, as seguintes sanções:
advertência;
multa;
39
inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o exercício do cargo de
administrador das pessoas jurídicas referidas;
cassação da autorização para operação ou funcionamento.
Resta salientar que a Lei 9.613/1998 criou, de forma agregada ao Ministério da Fazenda,
o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, que tem como missão
disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências
suspeitas de atividades ilícitas previstas na Lei, ressalvada a competência de outros
órgãos e entidades.
40
15 - CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA
LEI 8176/91
Sujeito ativo: nas modalidades de conduta do inciso I, sujeito ativo é o proprietário, diretor
ou gerente de estabelecimento industrial ou comercial. Na modalidade de conduta do
inciso II, sujeito ativo é qualquer pessoa.
41
Norma penal em branco: o tipo penal depende de complementação para caracterização.
Assim, a prática das condutas em desacordo com as normas estabelecidas na forma da
lei é que tipifica este crime.
Objeto material: no inciso I são os derivados de petróleo, o gás natural e suas frações
recuperáveis, o álcool etílico hidratado carburante e demais combustíveis líquidos
carburantes. No inciso II, é o gás liquefeito de petróleo - GLP.
Tentativa: não se admite na modalidade de conduta “usar”. Admite-se nos demais casos.
42
16 - CRIME DE USURPAÇÃO
LEI 8176/91
“§ 1º - Incorre na mesma pena aquele que, sem autorização legal, adquirir, transportar,
industrializar, trazer consigo, consumir ou comercializar produtos ou matéria-prima,
obtidos na forma prevista no caput deste artigo,
“§ 2º - No crime definido neste artigo, a pena de multa será fixada entre dez e trezentos
e sessenta dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e a
prevenção do crime,
“§ 3º - O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a quatorze nem superior a
duzentos Bônus do Tesouro Nacional (BTN)”.
Tipo Objetivo: no caput, as condutas incriminadas são “produzir” (gerar, engendrar, fazer)
bens e explorar (aproveitar, tirar lucro) matéria-prima pertencentes à União, sem
autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo.
No parágrafo 1º as condutas incriminadas são “adquirir” (conseguir, obter), “transportar”
(levar de um local para o outro), “industrializar’ (promover o desenvolvimento industrial),
“ter consigo” (ter em poder, portar), “consumir” (gastar, usar) ou “comercializar” (comprar
e vender, negociar) produtos ou matéria-prima, obtidos na forma prevista no caput do
artigo.
43
Elemento subjetivo: o dolo.
Tentativa: admite-se.
44
17 - CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
Embora não haja um consenso, entende-se que a Lei n. 8.137/90 derrogou a Lei n.
4.729/65, que previa os crimes de sonegação fiscal.
Porém, não há revogação integral da Lei de Sonegação Fiscal, vez que foi mantido o
disposto no art. 5º, que tipifica o crime de contrabando ou descaminho.
Concurso de pessoas
O concurso de pessoas vem previsto pelo art. 11 da Lei n. 8.137/90, sendo admitido na
modalidade «co-autoria» e «participação». Inclusive, «o empregado que colabora com o
patrão na sonegação de impostos ou contribuições não pode alegar que recebeu ordens
para tanto, pois tal ordem, à evidência, terá sido ilegal, não obrigando quem quer que
seja» (Leis penais especiais e sua interpretação jurisprudencial, Coord. Alberto Silva
Franco e Rui Stoco, 7. ed. rev., atual. e ampl., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001,
v. 1, p. 630).
Sonegação fiscal
45
E concluem: «Note-se, porém, que a lei não conceituou o que seja sonegação fiscal,
adotando outro critério de identificação, qual seja, considerando delitos contra a ordem
tributária a supressão ou redução de tributos ou contribuição social ou acessório, e
depois enumerando, taxativamente, quais as modalidades de conduta que podem levar
a tal supressão ou redução, constituindo genericamente o que seja sonegação fiscal».
Condutas
Vêm previstas nos arts. 1» e 2». Podem ser comissivas ou omissivas, de acordo com
cada hipótese.
Elemento subjetivo
Consumação
46
Ocorre com a supressão ou redução do tributo, contribuição social ou acessório. Trata-
se de crimes materiais, pois, sem que ocorra a efetiva sonegação (supressão ou
redução) do tributo, não haverá conduta típica, não se configurando o delito.
Da forma tentada
É admitida nas condutas comissivas que permitam o fracionamento do iter criminis. Nas
condutas omissivas e nos crimes instantâneos, não se admite a chamada tentativa.
47
18 - COMPETÊNCIA E AÇÃO PENAL
Excepcionalmente, quando algum interesse da União for afetado (art. 109 da CF), a
competência será da Justiça Federal.
Representação fiscal
Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem
tributária definidos nos arts. Iº e 2º da Lei n. 8.137/90, será encaminhada ao Ministério
Público após proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal
do crédito tributário correspondente.
Nesse sentido: «Em sede de crimes contra a ordem tributária, a representação fiscal a
que se refere o art. 83 da Lei n. 9.430/96 não é condição de procedibilidade para a
promoção da ação penal, podendo o Ministério Público, no exercício de sua competência
legal, valer-se de quaisquer outros elementos informativos da ocorrência do delito para
oferecer a denúncia» (STJ - RT, 770/516).
48
relativa entre as instâncias uma vez que pode haver repercussão das decisões de uma
em outra.
Nesse sentido, vale lembrar a lição de Rui Stocco: «Ora, a decisão no Juízo cível, com
trânsito em julgado, ou o acolhimento de recurso administrativo pelo Fisco, entendendo
não ter havido supressão ou redução de tributo, descaracteriza a ação ou omissão do
contribuinte como crime».
E prossegue: «Isso quer dizer que, se, por um lado, a existência de situação pendente
em Juízo ou na esfera administrativo-fiscal não impede o dominus litis da ação penal de
denunciar o contribuinte, ou seu representante (pessoa física), por outro lado, a definição
dessa situação pelo Fisco, a favor do agente, inibe a ação penal, impedindo-a (caso
ainda não aviventada), tem força para trancá-Ia, caso já tenha sido proposta, ou, ainda,
influenciar na absolvição do acusado, por ausência de fato típico”. (Leis penais especiais
e sua interpretação jurisprudencia1, Coord. Alberto Silva Franco e Rui Stoco, 7. ed., rev.,
atual. e ampl., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001,n. 1,p. 665).
A propósito, também: “Não está o Ministério Público impedido de agir antes da decisão
final no procedimento administrativo”(STF -ADIn 1.571, j. 2-3-1997).
Nesse sentido: “AÇÃO PENAL. Crime tributário, ou crime contra a ordem tributária. Art.
1”’, I e 11, da Lei n. 8.137190. Delito material. Tributo. Processo administrativo.
Suspensão por decisão do Conselho de Contribuintes. Crédito tributário juridicamente
49
inexistente. Falta irremediável de elemento normativo do tipo. Crime que se não tipificou.
Condenação. Inadmissibilidade. Absolvição decretada. HC concedido para esse fim.
Precedentes. Não se tipificando crime tributário sem o lançamento fiscal definitivo, não
se justifica pendência de ação penal, nem a condenação a esse título, quando está
suspenso o procedimento administrativo por decisão do Conselho de Contribuintes” (STF
- 2aT. - HC 86.236/PR - ReI. Min. Cezar Peluso - j. 2-6-2009 - D) 26-6-2009).
50
de seus contratados ou manter o funcionamento da empresa, em vez de honrar o débito
do tributo ou contribuição social.
51
19 - DAS INFORMAÇÕES TRIBUTÁRIAS
Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição
social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:....
Objetividade jurídica: a tutela do erário público. Sujeito ativo: o contribuinte, pessoa física.
Sujeito ativo: o contribuinte, pessoa física, sujeito passivo da obrigação fiscal, que tem a
obrigação de informar ou prestar declarações às autoridades fazendárias.
52
a omissão ou falsidade vise à redução ou supressão do pagamento do tributo,
contribuição ou acessório.
Tentativa: embora não haja consenso, entendemos que, em tese, poderia haver a forma
tentada, a qual, por si só, já seria punida como crime consumado previsto no art. 2º, I,
da lei em comento.
Objetividade jurídica: a tutela do erário público. Sujeito ativo: o contribuinte, pessoa física.
53
Tentativa: em tese também poderia haver.
Tentativa: embora não haja consenso, entendemos que, em tese, poderia haver a forma
tentada, a qual, por si só, já seria punida como crime consumado previsto no art. 2º, I,
da lei em comento.
54
20 - NOTAS FISCAIS E AUTORIDADES TRIBUTÁRIAS
Objetividade jurídica: a tutela do erário público. Sujeito ativo: o contribuinte, pessoa física.
Vale ressaltar:
«Por tratar-se de tipo autônomo, o crime previsto no art. 1º, V, da Lei n. 8.137/90
independe de qualquer outra circunstância para sua caracterização, senão a recusa
imotivada em apresentar documentos necessários à fiscalização» (RT 755/595).
55
Elemento subjetivo: é o dolo, representado pela vontade livre e consciente de praticar as
condutas típicas. Deve haver, ainda, a finalidade específica de suprimir ou reduzir tributo
ou contribuição social e acessório.
Consumação: ocorre com a prática de uma das modalidades de conduta previstas, com
a consequente supressão ou redução do tributo, contribuição social e qualquer
acessório.
Tentativa: para parcela da doutrina, trata-se de crime instantâneo, que não admite
tentativa.
Deve ser ressaltado, entretanto, que, para a configuração do delito, a requisição, pela
autoridade, de informações, deverá ser feita por meio de notificação escrita, onde conste
especificamente quais os documentos a serem apresentados, quando, só então poder-
se-á comprovar a omissão do contribuinte. Nesse sentido RT 739/388.
56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
NUCCI, Guilherme de Souza: Leis Penais Especiais Comentadas. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2009.
ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Direito Penal Tributário: crimes contra a ordem
tributária e contra a previdência social. São Paulo: Atlas.
COSTA, José de Faria; et al. Direito Penal Econômico e europeu: textos doutrinários. v.
1 Coimbra: Coimbra.
D’ÁVILA, Fábi R bert . O Modelo de Crime Como Ofensa ao Bem Jurídico. Elementos
para a legitimação do direito penal secundário. In: D’ÁVILA, Fábi R bert ; OUZA,
Vinícius Sporleder de. (Coord.) Direito Penal Secundário: estudos sobre crimes
econômicos, ambientais, informáticos e outras questões. São Paulo: Revista dos
Tribunais. 7.
LEONARDO, Marcelo. Crimes de Responsabilidade Fiscal: crimes contra as finanças
públicas, crimes nas licitações, crimes de responsabilidade de prefeitos. Belo
Horizonte: Del Rey.
LUISI, Luiz. Um Direito Penal do Inimigo: O Direito Penal Soviético. In: STRECK, Lenio
Luiz (Org.). Direito Penal Em Tempos de Crise. Porto Alegre: Livraria do Advogado.
PEDRAZZI, Cesare; COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Direito Penal Societário. São
Paulo: DPJ.
PODVAL, Roberto. (Org.) Temas de Direito Penal Econômico. São Paulo: Revista dos
Tribunais.
57