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DIREITO PENAL Prof. Tácito Alves

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DIREITO PENAL

Prof. Tácito Alves

1.CONCEITO: “Direito Penal é umconjunto de


normasque qualifica certos comportamentos
humanos comoinfrações penais, define os seus
agentes e fixa assançõesa serem-lhes aplicadas.”
CrimesInfrações penaisContravenções penais
PenasSanções penaisMedidas de
Segurança

2.O crime depende da reunião de três elementos (fato


típico,fato antijurídico (ou ilicitude)eagente culpável
(ou Culpabilidade).A ausência de qualquer um dos
elementos implica, necessariamente, na exclusão do
crime e consequentemente na exclusão da sanção
correspondente . A pena depende, obviamente, da
existência de um crime e do preenchimento das
condições de punibilidade e do respeito ao devido
processo legal. Sem crime, sem punibilidade ou sem
devido processo legal não há como aplicar qualquer
sanção penal.
3.ESQUEMA GRÁFICO DO CRIME:

Fato típico
Crime

Fato ilícito

Sujeito
Devido processo
culpável
penal Culpabilidade

Pena
4.DO FATO TÍPICO:
4.1.Conceito:é o primeiro substrato do crime.
Fato humano social consistente numaconduta
produtora de um resultado com ajuste (formal e
material) a um tipo penal.

4.2.Elementos:
a)Conduta;
b)Resultado;
c)Nexo causal; e
d)Tipicidade.
4.2.1.CONDUTA: comportamento
humanovoluntário, psiquicamente dirigido a um
fim.
O comportamento humano involuntário é
causa deexclusão da CONDUTAe torna o fato
atípico (não criminoso). São exemplos o
sonambulismo, os atos reflexos, infartos etc.

4.2.1.1.Espécies de conduta:Consciência
VontadePrevisibilidade
FCON
ação Dolosa
omissão culposa
Conduta
Comissiva
Omissiva
4.2.1.1.1.CONDUTA DOLOSA:(artigo 18, I, Código
Penal).
-Diz-se que o crime é doloso quando o agente
quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-
lo;
-Dolo é mais que mera INTENÇÃO, é vontade
direcionada à consecução de um fim previsto ou
aceito;
-Existe duas espécies de Dolo:
-A) Dolo direto: configura-se quando o agente
prevê um determinado resultado, dirigindo sua
conduta na busca de realizá-lo; e
-B) Dolo indireto: configura-se quando o agente
prevê um determinado resultado, dirigindo sua
conduta na busca de realizá-lo (dolo alternativo
ou dolo eventual).
4.2.1.1.2.CONDUTA CULPOSA:(artigo 18, II,
Código Penal).
-“Art. 33, inc. II - CPM - culposo, quando o
agente, deixando de empregar a cautela,
atenção, ou diligência ordinária, ou especial, a
que estava obrigado em face das
circunstâncias,não prevê o resultado que podia
prever(culpa inconsciente) ou,prevendo-o,
supõe levianamente que não se realizaria ou que
poderia evitá-lo (culpa consciente).”
-Portanto, seus elementos são A
PREVISIBILIDADE e a FALTA DE CUIDADO
OBJETIVO NECESSÁRIO, caracterizado
pelaimprudência,negligênciaouimperícia.
4.2.1.1.3.CONDUTA COMISSIVA:É aquela em que
a conduta do agente se movimenta na busca do
resultado, ou seja, toda sua conduta é ativa na
busca do resultado;

4.2.1.1.4.CONDUTA OMISSIVA:É um não agir,


uma inação, de igual modo buscando a
concretização de um resultado. Divide-se em:
- a)OMISSÃO PRÓPRIA:O próprio tipo penal
descreve uma conduta omissiva (omissão de
socorro, art. 135, CP; abandono material, art.
244, CP; omissão de notificação de doença
compulsória, art. 269, CP).
b)OMISSÃO IMPRÓPRIA:O tipo incriminador descreve uma conduta positiva, ou
seja, uma ação. O sujeito, no entanto,devendo agirepodendo, nas
circunstâncias, impedir o resultado, fica inerte, incidindo no crime.

**Questão de concurso: “X, Policial Militar de serviço num dia de jogo dos
times Gama eCeilândia, ao final do jogo presencia uma jovem de 18 anos ser
cercada por torcedores rivais que, ato contínuo, arrancam a camisa da
torcedora. Como a mesma não usava roupa de baixo, os seus seios ficam à
mostra. Mesmo armado com pistola e podendo intervir para evitar a situação,
ao ver os belos seios da torcedora, “X” se mantém inerte apreciando a cena. Os
torcedores rivais aproveitam e estupram a torcedora, momento em que o
policial aproveita para se masturbar, excitado que ficara com a situação. Por
qual crime responderá o PM “X”?
Vejamos no quadro adiante:
4.2.2.NEXO CAUSAL:No Fato Típico, a conduta é
causa do resultado e o resultado é o efeito da
conduta. Essa relação de causa e efeito é
chamada de nexo causal (ou nexo de
causalidade). Trata-se de condição de existência
do Fato Típico e a sua exclusão implica na
exclusão do próprio crime e, por conseguinte, da
pena.
Veja o Art. 13, CP:
“Art. 13 - O resultado, de que depende a
existência do crime,somente é imputável a quem
lhe deu causa. Considera-secausa a ação ou
omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido.”
4.2.3.RESULTADO:É o efeito da conduta, sua
consequência .
Podem ser:

a)Naturalístico: Da conduta resulta alteração


física no mundo exterior.
Ex.: Morte, diminuição do patrimônio etc.

b)Jurídico:Da conduta resulta lesão ou perigo de


lesão aobem jurídico tutelado.
4.2.4.TIPICIDADE: É o perfeito ajuste do fato à
norma típica e a lesão ou perigo de lesão ao Bem
Jurídico Protegido.

-Espécies:
-A)Tipicidade formal:é o perfeito ajuste da
conduta ao tipo penal expresso em lei;
-B)Tipicidade material:é a conduta enquanto ato
de lesão ou perigo de lesão ao BJP.
-Para que haja tipicidade na conduta, é
necessário que estejam presentes as duas
espécies, sob pena do fato tornar-se atípico, ou
seja, o fato não será considerado como crime.
5.ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE: Por ilicitude,
entende-se a relação de contrariedade entre o
fato típico e o ordenamento jurídico como um
todo, não existindo qualquer exceção
determinando, incentivando ou permitindo a
conduta típica. É uma conduta típica não
justificada.

-Aqui se faz uma análise negativa do fato típico,


ou seja, apesar de ser típica a conduta, estará ela
amparada por alguma causa que exclua a
ilicitude do fato? Quais são essas causas de
exclusão?
6.CULPABILIDADE: A culpabilidade é o terceiro
substrato do crime. Juízo de reprovação extraído
da análise como o sujeito ativo se situou e
posicionou, pelo seu conhecimento e querer,
diante do episódio com o qual se envolveu.

Imputabilidade

Potencial
Culpabilidade consciência
da ilicitude

Exibilidadadede
conduta diversa
2º Ponto: DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL:
1.Princípio da Legalidade
-Encontra-se previsto no art. 5.º, XXXIX, da
Constituição Federal, bem como no art. 1.º do
Código Penal. Trata-se de cláusula pétrea.
-É vedada a edição de medidas provisórias sobre
matéria relativa a Direito Penal (CF, art. 62, § 1.º,
I, alínea b), seja ela prejudicial ou
mesmofavorável ao réu.
-Supremo Tribunal Federal historicamente
firmou jurisprudência no sentido de que as
medidas provisórias podem ser utilizadas na
esfera penal, desde que benéficas ao agente.
-STF no RHC 117.566/SP, rel. Min. LuizFux, 1.ª
Turma, j. 24.09.2013.
Como exemplo de medida provisória benéfica,
pode-se citar a Medida Provisória nº 417, de
2008 (posteriormente convertida na Lei n"
- FUNÇÕES DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade possui quatro funções
fundamentais:
a)proibir a retroatividade da lei penal
(nullumcrimennullapoenasinelegepraevia) ;
b)proibir a criação de crimes e penas pelos
costumes (nullumcrimennullapoena sine lege
scripta);
c) proibir o emprego de analogia para
criar crimes, fundamentar ou agravarpenas
(nullum crimen nulla poena sine lege stricta);
d) proibir incriminações vagas e
indeterminadas
(nullumcrimennullapoenasinelegecerta).
- Temos um exemplo bem nítido do que seja um conceito vago ou
impreciso no art. 9ª da Lei de Segurança Nacional (Leinª7.1 70/83), assim
redigido:
(Lei 7.170/83) Art. 9ª Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao
domínio ou à soberania de outro país:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 20 (vinte) anos.

1.1.Critérios do Princípio da Legalidade:


a) Formal: entende-se a obediência aos trâmites procedimentais previstos pela
Constituição para que determinado diploma legal possa vir a fazer parte de
nosso ordenamento jurídico.
b) Material: trata-se do que deve tratar o seu conteúdo, respeitando-se
suas proibições e imposições para a garantia de nossos direitos fundamentais
por ela previstos.
2.A LEI PENAL NO TEMPO
- A lei penal, mesmo depois de revogada, pode
continuar a regular fatos ocorridos durante sua
vigência ou retroagir para alcançar aqueles que
aconteceram anteriormente à sua entrada em
vigor. Essa possibilidade que é dada à lei penal
para se movimentar no tempo chama-seextra-
atividade.
- Pela teoria da atividade, tempo do
crime será o da ação ou da omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado.
-art. 4°, CP,: Considera -se praticado o crime no
momento da ação ou omissão, ainda que outro
seja o momento do resultado.
•ULTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL:quando a lei,
mesmo depois de revogada, continua a regular
os fatos ocorridos durante sua vigência;
•RETROATIVIDADE DA LEI PENAL:É a
Possibilidade conferida à lei penal de retroagir
no tempo, a fim de regular os fatos ocorridos
anteriormente à sua entrada em vigor.
O parágrafo único do art. 2º do Código Penal,
cuidando da lei penal no tempo, preconiza:

“Parágrafo único. A lei posterior, que de


qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por
sentença condenatória transitada em julgado”.

- O Não respeito sequer àcoisa julgada.

- Sempre benéfica.
•Aplicação danovatiolegisinpejusnos crimes
permanentes e continuados :
•Súmula 711/STF: A lei penal mais grave aplica-
se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à
cessação da continuidade ou da permanência.

•ABOLITIO CRIMINIS(art. 2º, CP)


“Art. 2" Ninguém pode ser punido por fato que
lei posterior deixa de considerar crime, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais
da sentença condenatória.
-Efeitos daAbolitio:
-a) faz cessar os efeitos penais da sentença penal
condenatória, MAS PERSISTEM OS EFEITOS CIVIS.
-b) Extingue a punibilidade do agente.
•Abolitiocriministemporalis:Tem-se entendido
porabolitiocriministemporária, ou suspensão da
tipicidade, a situação na qual a aplicação de
determinado tipo penal encontra--se
temporariamente suspensa, não permitindo,
consequentemente, a punição do agente que
pratica o comportamento típico durante o prazo
da suspensão. (Entrega de arma de fogo – crime
de porte).
•Súmula nº 513/STJ:
Aabolitiocriministemporária prevista na Lei nº
10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de
arma de fogo de uso permitido com numeração,
marca ou qualquer outro sinal de identificação
raspado, suprimido ou adulterado, praticado
somente até 23/10/2005.

•PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO


TÍPICA
•Ver crime de AVP e a Lei 12.015/09.
LEI PENAL
CLASSIFICAÇÃODASNORMASPENAIS

a)Normaspenaisincriminadoras–Sãoaquelas queestabelecema pena correlata.


b)Normaspenais nãoincriminadoras
Permissivas.Prescrevem causas de exclusão da ilicitude do fato. É o
casoda legítima defesa e do estado de necessidade. E.:arts. 24 e 25 do CP.
Explicativas. Esclarecem o significado de outras normas. Ex.: art.
327(esclarece quem pode ser considerado funcionário público para o fim
de aplicação da lei pena).
Ex2.: 150, § 4°, do Código Penal (esclarece o significado da expressão
“casa” para efeito de caracterizar o crime de violação de domicílio)
Complementares. São as que fornecem princípios gerais para a
aplicaçãoda lei penal, tal como a existente no art. 59 do Código Penal.
•CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS
•C)Normas penais Perfeitas– São aquelas
queapresentam todos os elementos da conduta
incriminadora(Art. 157, caput)
•d)Normas penais imperfeitas: São aquelas
quereservam a complementação da definição da
conduta criminosa a uma outra lei, a um ato
administrativo ou ao julgador.
•São asleis penal em brancoe ostipospenais
abertos;
NORMAS PENAIS EM BRANCO (CEGAS OU
ABERTAS)
As normas penais em branco são aquelas de
conteúdo incompleto, vago, exigindo
complementação por outra norma jurídica.

Rogério Greco as conceitua como “aquelas em


que há uma necessidade de complementação
para que se possa compreender o âmbito de
aplicação de seu preceito primário. Quer isto
significar que, embora haja uma descrição da
conduta proibida, essa descrição requer,
obrigatoriamente, um complemento extraído de
um outro diploma -leis, decretos, regulamentos
etc. - para que possam, efetivamente, ser
entendidos os limites da proibição ou imposição
Espécies:
a) Normas penais em branco em sentido lato ou homogêneas. Ex:
art. 237 do CP(“Contrair casamento, conhecendo a existência de
impedimento que lhe cause a nulidade absoluta”).É aquela cujo
conteúdo deve ser complementado por normas de categoria
hierárquica idêntica a da norma penal.
b) Normas penais em branco em sentido estrito ou heterogêneas.
Ex: art. 33 da Lei N.º11.343/2006 (“Importar, exportar, remeter,
preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer,
ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar).É aquela cujo complemento pode ser uma
norma de categoria diversa da norma penal, na hierarquia do
ordenamento jurídico”)
C) Normas penais em branco inversa ou ao avesso: O preceito penal
é completo mas osecundário precisa de complementação. Nesse
caso, obrigatoriamente deverá ser uma lei, sob pena de violação do
principio da reserva legal. Art. 1º e 2º da lei 2.889/56 (genocídio).
ANALOGIA
Conceito. Aplica-se a analogia sempre em casos de lacuna da lei,
isto é, sempre que se verifica uma situação concreta que não está
prevista na norma penal. Utiliza-se uma norma penal de um caso
semelhante em um caso que não está previsto na lei. Trata-se,
portanto, de uma forma deauto-integraçãoda norma, consistente em
aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a
um caso semelhante. Por meio desta, mesmo que em determinado
caso não haja norma expressa regulando-o, o juiz não pode eximir-se
de julgá-lo, embora ocorra uma lacuna na lei.
A questão consiste em saber se o Direito Penal admite a aplicação
de analogia. No sistema penal, não cabe a aplicação de analogia em
relação às normas penais incriminadoras, em razão do princípio da
reserva legal. Assim, tudo aquilo que não for expressamente proibido
é permitido em Direito Penal. As condutas que o legislador deseja
proibir devem vir descritas de forma clara e precisa, de modo que o
agente as conheça e as entenda sem maiores dificuldades.
LEI PENAL NO TEMPO

“Art. 4º - Considera-se praticado o crime


nomomento(TEMPO) da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento doresultado”

Teoria da atividade: considera-se praticado o


crime no momento da conduta.

Teoria do resultado: considera-se praticado o


crime no momento do resultado.

Teoria mista ou da ubiquidade: considera-se


praticado o crime no momento da conduta ou do
resultado.
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que
lei posterior deixa de considerar crime, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da
sentença condenatória(Abolitiocriminis)

Parágrafo único - A lei posterior, que de


qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por
sentença condenatória transitada em
julgado.(Retroatividade da lei penal mais
benéfica)
SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO
Quando há uma efetiva sucessão de leis penais, surge o conflito de leis
penais no tempo. Como decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, em
regra, a lei vigente ao tempo da realização do fato criminoso
(tempusregitactum).

Contudo, esta mesma regra (da irretroatividade) cede diante de alguns


casos, exceções fundamentadas em razões político-sociais.
Situações:
1) Quando darealização do fato não há lei – em momento posterior lei“A”
incrimina o fato: a lei “A” é irretroativa (art. 1º CP)
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal.
2) Quando da realização do fato existia a lei “A”
com condenação de 2 a 4 anos – em momento
posterior surge a lei “B” aumentando a pena
para de 3 a 8 anos:a lei “B” é irretroativa(art. 1º
CP).
3) quando da realização do fato existia a lei “A”
com pena de 2 a 4 anos – em momento
posterior a lei “A” é abolida (art. 2º CP).
4) quando da realização do fato existia a lei “A”
com pena de 2 a 4 anos – em momento
posterior surge a lei “B” com pena de 1 a 2
anos:a lei “B” retroage(art. 2º, parágrafo único
do CP).
AbilitioCriminis
É possível combinação de leis?
1ª corrente: não pode combinar leis, pois
assim agindo o juiz estarálegislando, criando
uma terceira lei (lextertia) – Nelson Hungria.
Prevalece na doutrina clássica, no STF e no
STJ, tendo, inclusive, o STF consolidado esse
entendimento no primeiro semestre de 2015.
EXTRATIVIDADE DA LEI PENAL

É a possibilidade de aplicação de uma lei a fatos ocorridos fora do âmbito


de sua o vigência(mobilidade da lei penal no tempo, em favor do réu,
somente é viável entre a data do fato e a extinção da punibilidade)

EXTRATIVIDADE DA LEI PENAL :

a)Retroatividade:Do ponto de vista do fato, leis novas, surgidas após a


prática do crime, retroagem no tempo, como se vigorassem à época da
infração penal para aplicação;
b)Ultratividade:Do ponto da sentença, leis já revogadas, que vigoram a
data do delito, são ressuscitadas para aplicação em favor do acusado.
LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora


decorrido o período de sua duração ou cessadas
as circunstâncias que a determinaram, aplica-se
ao fato praticado durante sua vigência.
Lei temporária:
Tem prefixado o tempo de vigência(duração)

Lei excepcional
Aplicadas em situações de emergência (guerra,
calamidade, epidemia, etc.), perdurando durante
todo período excepcional.
Em ambos os casos tais leis serão sempreULTRA-
ATIVAS, UMA VEZ QUE NÃO SE MOVIMENTAM
NO TEMPO, SENDO APLICADAS FORA DE SUA
VIGÊNCIA COMO SE AINDA EXISTISSEM.
LUGAR DO CRIME

“Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou


omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
se o resultado “

Teoria da atividade: considera-se local do delito aquele onde foi praticada a


conduta(atos executórios);

Teoria do resultado: Local do crime é aquele onde


ocorreu o resultado(consumação);

Teoria mista ou da ubiquidade: é o local do crime, tanto onde houve a conduta,


quanto o local onde se deu o resultado
PASSSAGEM INOCENTE
Se no Brasil só ocorre mero planejamento ou meros atos
preparatórios não se configura o lugar do crime. Assim, para
configurar-se local do crime é necessário que tenha havido o início da
execução.

Nelson Hungria fala que basta a execução do crime pincelar no


território brasileiro que será aplicada a lei brasileira. (esta visão é
excetuada pela “Passagem Inocente”.

Hoje é amplamente aplicada a chamada “passagem inocente”:


quando o Navio passa pelo território nacional apenas como passagem
necessária para chegar ao seu destino (no nosso território não
atracará) não se aplica a lei brasileira.

A passagem inocente está prevista na Convenção de Direito do Mar


(MontegoBay, 1982), nosarts. 17 a 28, e só se refere a navios. Mas a
doutrina a estende a aeronaves, pois não vê razão para tratar
desigualmente situações iguais.
TERRITORIALIDADE

Conceito: Aplicação das leis brasileiras aos


delitos cometidos dentro do território nacional,
decorre da soberania.

-Princípiosque regem a aplicação da lei Penal no


espaço:

1)Princípio da territorialidade: aplica-se a lei


penal do local do crime (não importando
anacionalidade dos sujeitos ou do bem jurídico).

1)2) Princípio da nacionalidade ativa:


aplica-se a lei da nacionalidade do sujeito ativo
(nãoimportando nacionalidade da vítima ou do
4) Princípio da defesa ou real: aplica-se a
lei da nacionalidade da vítima ou do bem
jurídico (nãoimportando a nacionalidade do
agente ou local do crime).
5) Princípio da justiça penal internacional:
o agente fica sujeito à lei do país onde for
encontrado(não importando a nacionalidade dos
sujeitos ou local do crime).
6) Princípio da representação
(dasubsidiariedadeou da bandeira): a lei penal
nacional aplica-seaos crimes praticados em
aeronaves e embarcações privadas, quando no
estrangeiro e aí não sejam julgados.
O Brasil adotou, como regra, oprincípio da
territorialidade temperada pela
intraterritorialidade(art. 5º, CP).
•TERRITORIALIDADE
TERRITORIALIDADE
Fato ocorre no Brasil
Lei aplicável: brasileira
Art. 5º do CP

EXTRATERRITORIALIDADE
•Fato ocorre no estrangeiro
•Lei aplicável: brasileira
•Art. 7º do CP
INTRATERRITORALIDAE
•Fato ocorre no Brasil
•Lei aplicável: estrangeira
•Ex: Imunidade Diplomática, TPI.

REGRA: Territorialidade: Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território


nacional(Art. 5º caput do CP);

EXCEÇÕES:
Imunidades diplomática e consular: Art. 5º caput do CP (convenções tratados e
regras de Direito Internacional)
Imunidades Parlamentares: Art. 53 caput e § 3º da CF;

Extraterritorialidade: é a aplicação da lei brasileira ao crime


cometido no exterior: Art. 7º do CP.
•OBS: Embaixada não é extensão do território que representa, mas é inviolável.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora
cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente
da República(Princípio da Defesa);
b) contra o patrimônio ou a fé pública da
União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou
fundação instituída pelo Poder Público(Princípio
da Defesa);
c) contra a administração pública, por quem
está a seu serviço(PrincípiodaDefesa);
d) de genocídio, quando o agente for
brasileiro ou domiciliado no Brasil;
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;(Princípioda
Justiça Penal Universal)
b) praticados por brasileiro;(Princípio da Nacionalidade Ativa)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam
julgados.(Princípio da Representação)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda
que absolvido ou condenado no estrangeiro.
Casos de “Extraterritorialidade Incondicionada”
Não importa se o agente já foi condenado no estrangeiro.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do
concurso das seguintes condições: (requisitos cumulativos, ou seja,
faltandoum deles a lei penal não pode “sair” do Brasil)
São os casos de “Extraterritorialidade Condicionada”
A lei brasileira para ser aplicada no estrangeiro depende de condições.
a) entrar o agente no território nacional;
Não significa permanecer no território nacional, apenas bastando para o
preenchimento desta condição que o agente toque no território nacional,
mesmo que no segundo seguinte saia do território.
Para a doutrinaé uma condição de procedibilidade,ou seja, sem a
provadessa condição o juiz não pode aceitar a denúncia ou queixa (tem a
mesma natureza da Requisição do Ministro da Justiça).
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
É a chamada dupla tipicidade.
É condição objetiva de punibilidade (não impede o processo, mas se
ausente GERA a absolvição).
Ex: bigamia em países islâmicos não é punível no Brasil, pois nestes
países esta conduta não se configura crime.
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição;
É apenas uma referência, não se está falando de extradição.
É condição objetiva de punibilidade (não impede o processo, mas se
ausente gera a absolvição).
Ex: homicídio pode extraditar.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a
pena;
É condição objetiva de punibilidade (não impede o processo, mas se ausente
absolvição).
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
É condição objetiva de punibilidade (não impede o processo, mas se ausente
absolvição).
Ex: se já prescreveu no outro país, o Brasil não pode punir mais o fato.
Resumo do Art. 7, §2º
a) Condição de Procedibilidade
b), c), d) ee) – Condições Objetivas de Punibilidade
onão impedem o processo, mas, se ausentes, deve dar-se a absolvição.
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO

“Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a


pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas”.

Ex1: No estrangeiro: pena privativa de liberdade de


10 anos. No Brasil pena privativa de liberdade de 20
anos. Computam-se os 10 anos já cumpridos e agora
precisa cumprir apenas os 10 restantes.
Ex2: Se forem penas de natureza diversa, atenua a
privativa de liberdade devida (no estrangeiro, pena de
multa e no Brasil pena privativa de liberdade de 10
anos).
EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA

Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei


brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode
serhomologadano Brasil para:
I - obrigar o condenado àreparação do dano, arestituiçõese a
outrosefeitos civis;
II - sujeitá-lo amedida de segurança.
Parágrafo único - A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, depedido da
parteinteressada;
b) para os outros efeitos, da existência detratado de
extradição como país de cuja autoridade judiciária emanou a
sentença, ou, na falta de tratado, derequisição do Ministro da
Justiça.
Necessidade de Homologação
Em razão da soberania nacional, uma sentença estrangeira não pode produzir
efeitos no Brasil, sem homologação feita por um tribunal pátrio;

Nacionalização de uma sentença estrangeira;

Competência para homologação


Compete aoSuperiorTribunal deJustiça: I - processar e julgar, originariamente:
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão deexequaturàs cartas
rogatórias;

Reparação civil do dano causado à vítima:


Para que a vítima não possa dar inicio a um processo de indenização ,
provando-se novamente a culpa do infrator, pois, uma vez homologada,
concretiza-se a formação de um título executivo
Aplicação de Medida de segurança
O termo “condenado” é relativamente impróprio nesse caso, pois o inimputável,
sujeito a medida de segurança, é absolvido, ficando sujeito a internação ou ao
tratamento ambulatorial(Art. 97 do CP);
O semi-imputável pode ter sua sanção penal substituída por medida de
segurança(internação ou ao tratamento ambulatorial), conforme previsão do Art.
98 do CP;
Não há no Brasil, medida de segurança para o imputável, utiliza-se tal expressão
em beneficio do sentenciado
Hipótese prevista na lei de lavagem de Dinheiro(Art. 8º , Lei 9.613/98)
O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou convenção
internacional e por solicitação de autoridade estrangeira competente, a
apreensão ou o sequestro de bens, direitos ou valores oriundos de crimes
descritos no art. 1º, praticados no estrangeiro. Através de pena de perdimento de
bens;
Condição Indispensável para medida de Segurança
Exige-se tratado de extradição com o Estado alienígena ou requisição do
Ministro da Justiça

Efeitos da sentença condenatória estrangeira, que independem de


homologação(basta apenas a prova da sentença estrangeira)
Há casos em que a sentença estrangeira produz efeitos no Brasil,
independente de homologação pelo STJ;
Gerar reincidência (Art. 63 CP);
Servir de pressuposto da extraterritorialidade incondicionada( Art. 7º, II
e§ 2º,”d” e “e”CP);
Impedir o sursis(Art77, I do CP);
Prorrogar o prazo de livramento condicional( Art. 83, II do CP);
Gerar maus antecedentes(Art. 59 CP)
CONTAGEM DO PRAZO

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do


prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.

Frações não computáveis da pena

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de


liberdade e nas restritivas de direitos, as frações
de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-


se aos fatos incriminados por lei especial, se
esta não dispuser de modo diverso.
CONFLITO APARENTE DE NORMAS

Requisitos:
Unidade de Fato;
Pluralidade de leis penais;
Vigência simultânea de todas elas
Finalidade
Manter a coerência sistemática do
ordenamento jurídico, bem como, preservar
ainaceitabilidadedobis in idem.
Diferença com o concurso de crimes
Concurso: É a situação que ocorre quando,
mediante uma ou mais condutas, o agente
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não.
São disciplinado pelosarts. 69 a 72 do CP

Principais diferenças:
O conflito aparente de normas não possui
regramento legislativo,
tratando-se de construção doutrinária e
jurisprudencial, ao passo que o concurso foi
regulamentado à risca pelo CP;
No concurso de crimes, todas as leis violadas
serão aplicadas no caso em concreto, implicando
a soma ou majoração das penas previstas para
cada uma delas. Em suma, tudo que foi
Princípios para solução de
conflito:
S=Subsidiariedade
E=Especialidade
C=Consunção
A=Alternatividade.
Especialidade –Lexspecialisderogatgenerali.
Especial é a norma que possui todos os elementos da geral e mais alguns,
denominadosespecializantes, que trazem umminusou umplusde severidade.
A lei especial prevalece sobre a geral, a qual deixa de incidir sobre aquela
hipótese.
Não é necessário analisar o fato concreto praticado, sendo suficiente que se
comparem abstratamente as descrições contidas nos tipos penais.
O tipo fundamental é excluído pelo qualificado ou privilegiado.
Ex.: Um sujeito que está dirigindo um automotor e atropela alguém e mata.
Usamos o 121 do CP ou o 302 do CTB?
R: Usa-se o 302 do CTB, de forma culposa, porque é lei especial.
Subsidiariedade–“Lex
primariaderogatsubsidiariae”
Subsidiária é a norma que descreve um grau
menor de violação de um mesmo bem jurídico,
isto é, um fato menos amplo e menos grave, o
qual, embora definido como delito autônomo,
encontra-se também compreendido em outro
tipo como fase normal de execução de crime
mais grave.
A norma primária prevalece sobre a
subsidiária.
É imprescindível a análise do caso concreto.
Não existe elementoespecializante, mas
descrição típica de fato mais abrangente e mais
grave.
Subsidiariedade–“Lex primariaderogatsubsidiariae”
Expressa ou explícita: a própria norma reconhece seu caráter
subsidiário(arts. 132, 129, § 3º);
Ex.: Art. 15 da Lei de Armas – “desde que essa conduta não tenha
como finalidade a pratica de outro crime”. Só aplica o 15 se você
disparar por disparar, sem colocar qualquer bem jurídico em risco. Se o
tiro foi dado para matar, desconsidere o 15 e considere o CP. O 15 é
subsidiário.
Tácitaou implícita: norma nada diz, mas diante do caso concreto
verifica-se.

Ex.: O roubo está no latrocínio. Assim, o 1º crime é subsidiário do


latrocínio.
Logo: o roubo afasta o furto. E se for latrocínio, esqueça o roubo.
CONSUNÇÃO:
Consunção –
“Lexcosumensderogatconsumptae”
Um fato mais amplo e mais grave consome,
isto é, absorve, outros fatos menos amplos e
graves, que funcionam como fase normal de
preparação ou execução ou como
meroexaurimento.
Fato principal absorve o acessório.
Sequências de situações diferentes no tempo
e no espaço, ou seja, um sucessão de fatos, na
qual o fato mais grave absorve o menos grave.
CONSUNÇÃO:
Hipóteses:
1ª) Crime progressivo: Ocorre quando o
agente, objetivando, desde o início,produzir o
resultado mais grave, pratica, por meio de atos
sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico.
Elementos: unidade de elemento subjetivo;
pluralidade de atos; progressividade na lesão
ao bem jurídico.
O agente só responde pelo resultado mais
grave.
Ex.: Homicídio. Ele sempre passa antes pela
lesão corporal. O Roubo passa pelo furto. O
Latrocínio passa pelo roubo. O delito pelo qual eu
passo para chegar ao maior é oCRIME DE
PASSAGEM.
CONSUNÇÃO:
Hipóteses:
2ª) Crime complexo: Resulta da fusão de dois
ou mais delitos autônomos, quepassam a
funcionar como elementares ou circunstâncias
no tipo complexo.
O fato complexo absorve os fatos autônomos.
Ex.:Roubo– lesão + subtração de um bem.
Aplica-se oprincipio da Consunção também. Os
dois em separado são crimes autônomos. Mas,
o STF entende, por exemplo, que o estupro é um
crime complexo =constranger alguém + sexo.
Alguns discordam porque entendem que o sexo
por si só não é crime. (E o sexo não permitido???)
CONSUNÇÃO:
Hipóteses:
3ª) Progressão Criminosa:
a) em sentido estrito:o agente deseja inicialmente produzir um
resultado e, após atingi-lo,decide prosseguir e reiniciar sua agressão
produzindo uma lesão mais grave.

O agente responde pelo fato final, mais grave.


Elementos: pluralidade de desígnios, pluralidade de fatos,
progressividade na lesão ao bem jurídico.
Ex.: o sujeito quer lesar, vai lá e bate. Quer lesão, vai lá e
consuma. Depois, ele diz para a vitima que ela tem que
morrer. Ele então delibera o maior e executa.
CONSUNÇÃO:
Hipóteses:
3ª) Progressão Criminosa:
b) Fato anterior (antefactum) não
punível:sempre que um fato anterior menos
gravefor praticado como meio necessário para a
realização de outro mais grave, ficará por este
absorvido.
Ex.: Grave Ameaça + estupro. (Ameaçar com a
arma que alguém tire a roupa para haver o
estupro)
Ex.:Se tem coito anal e vaginal também, pela
jurisprudência atual, há crime único.
CONSUNÇÃO:
Hipóteses:
3ª) Progressão Criminosa:
c) Fato posterior (postfactum)não punível:
após realizada a conduta, o agentepratica novo
ataque contra o mesmo bem jurídico, visando
apenas tirar proveito da prática anterior.
Fato posterior é tomado como
meroexaurimento.
Ex.: O sujeito furta o objeto, e depois destrói o
objeto. Ha aqui um crime ou 2 crimes?
É furto? Ou dano? Ou os dois?
R: Aplica-se ao crime a absorção. É só furto.
Alternatividade
A norma descreve várias formas de realização da figura típica, em que a
realização de uma ou de todas configura um único crime.
(tipos mistos alternativos)
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar,
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
Por força deste principio, várias condutas (condutas alternativas), no mesmo
contexto fático, significam crime único.
DA CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
•Fases do crime/Itercriminis
•Conceito: caminho do crime
•Etapas:
•a) Cogitação (Fase interna)
•b) Preparação
•c) Execução
•d) Consumação (Fase externa)
•e)Exaurimento
Preparação
O agente após, escolher o crime a ser praticado, passa à ação objetiva:
“seleciona os meios aptos a chegar ao resultado por ele pretendido,
procura o lugar mais apropriado à realização de seus atos...” (RG). Há
prática de atos externos relevantes para a execução .

Nesse caso, a lei (art. 31 CP) é clara em estabelecer que o ajuste, a


determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
tentado.

Em regra não é punível. “Apenas por exceção são tipificados, na parte


especial, alguns atos preparatórios, como ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
(art.288) e petrechos para falsificação de moeda (art.291)”
(Zaffaroni)
“FURTO - Agente preso em flagrante no quintal
de residência, onde ingressou mediante
escalada, em plena madrugada, para subtrair
mantimentos e outros pertences da vítima -
Configuração da tentativa - Atos meramente
preparatórios - Não ocorrência: Configura furto
tentado a conduta do agente preso em flagrante
no quintal de residência, onde ingressou
mediante escalada, em plena madrugada, para
subtrair mantimentos e outros pertences da
vítima, só não o fazendo por circunstâncias
alheias à sua vontade, não havendo, portanto,
que falar em atos meramente preparatórios.
(TACRIMSP - Ap. 1.351.163/4 - Mogi Mirim-
3ªCâm. -Rel.JuizCarlos Bueno - J. 02.12.2003)
“ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. NÃO CARACTERIZAÇÃO. ATOS
PREPARATÓRIOS APENAS. Valeu para a denúncia a afirmação da vítima no
auto de flagrante, segundo a qual fora obrigada àfelação, notícia que ela não
repetiu em Juízo, dizendo apenas que ele praticara atos libidinosos, como
passar seu pênis pelo seu
corpo e pelo seu rosto, nada mais constando dessa parte.
Quer isto tudo significar que o crime de atentado violento ao pudor,
representado por atos libidinosos, não violento ao pudor, não ficou
sobejamente comprovado, como se impunha, tanto que até mesmo a
denúncia anunciou que a alegada "felação" não passava de "ato
preparatório"da conjunção carnal. Os atos libidinosos tiveram o caráter de
prelúdio da relaçãovagínica. (TJSP - Ap. Crim. 219.292-3 - J. em 03.04.1997 -
Rel. Des. DjalmaLofrano)”.
Execução

Atos de execução “são os dirigidos diretamente à


prática do crime”.

Na execução, começa a relevância penal. Pela


extrema importância da definição, há várias
teorias (e pouca definição) sobre o exato
momento do início da execução do crime), sendo
satisfatório entender que se dá com o início da
ação do verbo-núcleo do tipo penal.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA - PROCESSUAL PENAL TRÁFICO INTERNACIONAL
DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE - REMESSA PELA VIA POSTAL - CONSUMAÇÃO
– APREENSÃO ALFANDEGÁRIA - APLICAÇÃO DO ART. 70 DO CPP - 1 - O disposto
no art. 12 da Lei nº 6.368/76 tipifica dezoito ações identificadas por diversos
verbos ou núcleos do tipo, sendo que o delito se consuma com a prática de
qualquer das condutas elencadas, por se tratar de crime de perigo abstrato e
de ação múltipla.2 - Na hipótese vertente, restou caracterizada a conduta de
remeter cocaína para o exterior, podendo ser enquadrada na modalidade
remeter ou exterior, podendo ser enquadrada na modalidade remeter ou
exportar, conforme análise do juízo competente. Não há falar em tentativa,
mas em consumação do crime de tráfico, pois houve a completa realização do
ato de execução com a remessa da droga. Ressalte-se ser desnecessária para a
consumação do crime que a substância entorpecente enviada chegue ao seu
destinatário, o que configuraria meroexaurimentodo delito. Aplicação do art.
70 do Código de Processo Penal. [...](STJ - CC 41.775 - RS - 3ª S. -
RelªMinªLauritaVaz - DJU 14.06.2004)
Consumação

Ocorrerá a consumação quando todos os


elementos do fato estiverem presentes.

Disposição legal:

“Art. 14 - Diz-se o crime:


Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os
elementos de sua definição legal;”
Exaurimento
“ É a fase que se situa após a consumação do delito, esgotando-o
plenamente”.

Nem todos os doutrinadores o consideram como fase doitercriminis. CIRINO


chama oexaurimentode consumação material, pois é o momento em que o
sujeito ativo atinge o bem jurídico que buscava ferir.
Luiz Flávio entende como consumação material o momento em que, em
qualquer crime, ocorre o resultado jurídico de lesão ou perigo que a norma
busca evitar.
Conforme Queiróz, oexaurimentopode ser irrelevante penal, como na
maioria dos casos, mas pode configurar crime autônomo (ocultação de
cadáver) ou mesmo qualificadora ou causa de aumento de pena
(inexecução do ato no crime de resistência) .
Tentativa

“ A tentativa é a realização incompleta do tipo


penal, do modelo descrito na lei.”

Disposição legal:

Art. 14 - Diz-se o crime:


Tentativa
II - tentado, quando,iniciada a execução, não se
consuma porcircunstâncias alheias à vontade do
agente.
•Norma de ampliação de adequação
típica.

•Punição na tentativa:
redução inversamente proporcional à
proximidade com a consumação.

1/3 – 2/3. Juiz deve fundamentar os


motivos da
redução
Elementos da tentativa
A) Conduta dolosa- querer praticar o crime;
B) Atos de execução;
C) Só não consiga chegar a consumação do crime
por circunstâncias alheias à sua vontade
(qualquer fato externo), pois não há modificação
do dolo.
Para compreender “circunstâncias alheias”, vale
a fórmula de FRANK: quer, mas não pode =
tentativa. Se pode, mas não quer, não é tentativa
(podendo configurar desistência voluntária ou
arrependimento eficaz, como será estudado).
Infrações penais que não admitem
Tentativa
•Contravenções penais (art. 4º LCP)
•Crimes habituais
•Crimes culposos
•Crimespreterdolosos
•Crimesunissubsistentes(caracterizados por um só ato(ex.: Injúria);
•Crimes omissivos próprios
•Crimes de atentado (Aqueles em que está previsto o núcleo TENTAR como
forma de consumação. Ex.:
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a
medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a (um) ano, além da pena correspondente à
violência.
Admitem tentativa

• Os crimes formais e de mera conduta (Em


regra);
• Crimes qualificados pelo resultado em que o
resultado é doloso;
Problema: tentativa e consumação nos crimes
complexos (doutrina x Súmula 610 STF)

“SÚMULA 610 - "Há crime de latrocínio, quando


o homicídio se consuma, ainda que não realize o
agente a subtração de bens da vítima."
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA,ARREPENDIMENTO
EFICAZ, ARREPENDIMENTO POSTERIORE CRIME
IMPOSSÍVEL ( ARTIGOS 15, 16 E 17 DO
CÓDIGOPENALBRASILEIRO
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

Crime impossível
17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
CONCURSO DE CRIMES
CONCEITO: Ocorre quando o agente com uma ou
várias condutas realiza mais de um crime.

ESPÉCIES
a) Concurso Material
b) Concurso Formal
c) Crime Continuado

- Todas as infrações penais admitem concurso de


crimes? Sim, em tese todas as infrações penais
admitem o concurso de crimes;
CONCURSO MATERIAL OU REAL
“Art. 69 - Quando o agente, mediantemais de
uma ação ou omissão, praticadois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicam-se
cumulativamente as penas privativas de
liberdade em que haja incorrido.No caso de
aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro
aquela.”(RECLUSÃO).

REQUISITOS:
-Pluralidadede condutas.
- Pluralidade de crimes.
ESPÉCIES DE CONCURSO MATERIAL:

a)Homogêneoos crimes são da mesma


espécie.
Ex: dois roubos cometidos em datas muito
distantes.
b)Heterogêneoos crimes são de espécies
diferentes.
Ex: um roubo e um estupro – Ex: art. 157 e 213,
CP.
REGRAS DE FIXAÇÃO DA PENA NO CONCURSO
MATERIAL:
Sistema da Cumulação.
Ex: art. 157 e 213, CP. Juiz aplica pena para o
roubo e para o estupro, observando o critério
trifásico em ambos os crimes. Para o roubo,
aplica pena de 4 anos e para o estupro, pena de
6 anos. Ao final, as penas são somadas,
chegando-se ao total de 10 anos.
Exemplo:
•Crime X: Punido com reclusão
•Crime Y: Punido com detenção
•RESPOSTA: art. 69,caput, in fine, CP.No caso de
aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela.(RECLUSÃO).
•Crime X – privativa de liberdade
•Crime Y – restritiva de direitos
•RESPOSTA:ART. 69, § 1º, CP. Na hipótese deste
artigo, quando ao agente tiver sido aplicada
pena privativa de liberdade,não suspensa, por
um dos crimes, para os demais será incabível a
substituição de que trata o art. 44 deste Código.
•Só é possível Privativa de liberdade com
restritiva de direitos se a privativa de liberdade
for objeto de sursis. Se a privativa de liberdade
não for suspensa, não cabe restritiva de direitos
para o crime Y.
•Crime X – restritiva de direitos
•Crime Y – restritiva de direitos
•RESPOSTA: Art. 69, § 2º, CP - Quando forem
aplicadas penas restritivas de direitos, o
condenado cumprirá simultaneamente as que
forem compatíveis entre si e sucessivamente as
demais.

Art. 66, III, a, LEP - Compete ao Juiz da execução:


III - decidir sobre:
a) soma ou unificação de penas;
CONCURSO FORMAL OU IDEAL

“Art. 70, CP - Quando o agente, medianteuma só


ação ou omissão,pratica dois ou mais
crimes,idênticos ou não,aplica-se-lhea mais
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso,
de um sexto até metade.As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão édolosae os crimes concorrentes
resultam dedesígnios autônomos, consoante o
disposto no artigo anterior.”
REQUISITOS:
-Unidadede conduta. Não importa, obrigatoriamente, em ato único. Pode haver fracionamento
da conduta em vários atos.
Ex: roubo a ônibus - cada passageiro roubado é um ato de uma só conduta geradora de vários
crimes – posição STF.
-Pluralidade de crimes.
ESPÉCIES DE CONCURSO FORMAL:
a) Homogêneoquando os crimes são idênticos.
Ex: roubo aos passageiros de um ônibus.
b) Heterogêneoquando os crimes não são idênticos.
Ex: em um acidente de trânsito, tem-se a morte de uma pessoa e lesão corporal em outras.
c) Perfeito ou Normal ou Próprioquando não há vontades autônomas (desígnios autônomos)
em relação a cada crime.
Ex: acidente de trânsito.
d) Imperfeito ou Anormal ou Imprópriohá vontades autônomas em relação a cada crime.
Ex: roubo aos passageiros de um ônibus.
REGRAS DE FIXAÇÃO DA PENA NO CONCURSO FORMAL:

a) No concurso formal perfeito:Sistema da Exasperação.


Ex1: uma conduta produzindo dois homicídios culposos – crimes iguais.
Escolhe qualquer crime. Aplica o critério trifásico e na 3ª fase de aplicação
da pena, aumenta-se de 1/6 a ½. Quanto mais crimes, mais próximo de ½,
quanto menos crime, mais próximo de 1/6.
Ex2: uma conduta produzindo um homicídio culposo e uma lesão culposa –
crimes diferentes.
Escolhe o crime que tem a maior pena. Aplica o critério trifásico e na 3ª
fase de aplicação da pena, aumenta-se de 1/6 a ½. Quanto mais crimes,
mais próximo de ½, quanto menos crime, mais próximo de 1/6.
Há casos em que o cúmulo material é mais
benéfico, e nesse caso, esquece-se o Sistema da
Exasperação e aplica a cumulação,é o cúmulo
material benéfico.
Ex3: uma conduta produzindo um homicídio
doloso (6 a 20 anos) e uma lesão corporal (2
meses a 1 ano).
Sistema da exasperação: 1ª fase: 6 anos; 2ª fase:
6 anos; 3ª fase: 6 anos + 1/6 = 7 anos.
Cúmulo Material: 6 anos (homicídio) + 2 meses
(lesão corporal) = 6 anos e 2 meses.

Art. 70, § único, CP.Não poderá a pena exceder a


que seria cabível pela regra do art. 69 deste
Código.
b) No concurso formal imperfeito:Sistema da
Cumulação.

“Art. 70, caput, in fine, CP.Quando o agente,


mediante uma só ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes, idênticos ou não,aplica-se-lhea
mais grave das penas cabíveis ou, se iguais,
somente uma delas, mas aumentada, em
qualquer caso, de um sexto até metade.As penas
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a
ação ou omissão é dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.”
CRIME CONTINUADO:

Art. 71, CP.


“Quando o agente, mediante mais de uma ação
ou omissão, pratica dois ou maiscrimes da
mesma espéciee, pelas condições de tempo,
lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem ossubseqüentesser havidos
como continuação do primeiro,aplica-se-lhea
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
mais grave, se diversas, aumentada, em
qualquer caso, de um sexto a dois terços.”
ESPÉCIES DE CRIME CONTINUADO:
a)Genéricoart. 71, caput, CP.

“Art. 71, CP - Quando o agente, mediantemaisde


uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espéciee, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem ossubseqüentesser havidos
como continuação do primeiro,aplica-se-lhea
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
mais grave, se diversas, aumentada, em
qualquer caso, de um sexto a dois terços.”
REQUISITOS:
-Pluralidade de condutas.
-Pluralidade de crimes damesma espécie(são crimes previstos nomesmo
tipo penale que protegem omesmo bem jurídico).

É possível continuidade delitiva entre roubo (art. 157) e extorsão (art. 158)?
Não é possível continuidade delitiva neste caso.

É possível continuidade delitiva entre estupro (art. 213) e atentado violento


ao pudor (art. 213)? Antes da lei 12.015/09 não era possível; Depois da lei
12.015/09 já se pode falar em continuidade delitiva.

É possível continuidade delitiva entre roubo (art. 157) e latrocínio (art. 157,
§ 3º)?
Não é possível, pois protegem bens jurídicos diversos. Roubo – patrimônio;
Latrocínio – vida. Posição do STF.
-Elo de continuidade– nas mesmas condições de:
--Tempo: só existe crime continuado quando as
infrações se distanciam uma da outra até 30
diascriação jurisprudencial.
EXCEÇÃO: o tempo suplanta 30 dias, mas a
jurisprudência acata a continuidade delitiva:
Crimes Contra a Ordem Tributária – intervalo
temporal de até 3 anos.
--Lugar: apenas os delitos cometidos na mesma
comarca ou em comarcas vizinhas admitem
continuidadecriação jurisprudencial.
--Modo de Execução.
REGRAS DE FIXAÇÃO DA PENA NO CRIME CONTINUADO GENÉRICO:Sistema da
Exasperação.
Vários crimes praticados em continuidade delitiva, o juiz trabalha com a pena de
um só crime, aplica o critério trifásico e na 3ª fase, a pena é aumenta de 1/6
(menos crimes) a 2/3 (mais crimes).

CONTINUIDADE DELITIVA ESPECÍFICA.


“Art. 71, § único, CP. Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos
com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes,
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do
parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.”
REQUISITOS:
- Os mesmos do crime continuado genérico.
- Crimes dolosos.
- Vítimas diferentes.
- Cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa.

REGRAS DE FIXAÇÃO DA PENA NO CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO:Sistema da


Exasperação.
Ex: quatro estupros praticados em continuidade delitiva.
Juiz trabalha com um só estupro para fins da pena (6 a 10 anos). Aplica o critério
trifásico e na 3ª fase, aumenta a pena de 1/6 a 3x.

OBSERVAÇÃO: Considera-se o cúmulo material benéfico


CRIME CONTINUADO E HOMICÍDIO

Súmula 605/STF: “Não se admite a continuidade delitiva nos crimes dolosos contra a
vida”.

Não obstante, a jurisprudência recente, mas ainda isolada, tem admitido a incidência
do crime continuado nos homicídios (uma verdadeira promoção contra a vida
humana!”.

“Recurso ordinário em habeas corpus. 2. Continuidade delitiva e homicídio.


Possibilidade. 3. Vítimas diferentes. Art. 71, parágrafo único, do CP. Continuidade
delitiva específica. 4. Recurso parcialmente conhecido e, nessa extensão, provimento
negado. (RHC 105401, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado
em 24/05/2011)”
Também o STJ:

“HABEAS CORPUS. TRIPLO HOMICÍDIO QUALIFICADO (SENDO UM, TENTADO). PRETENSÃO DE


RECONHECIMENTO DA CONTINUIDADE DELITIVA. POSSIBILIDADE. PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS LEGAIS. AÇÕES SUBSEQUENTES HAVIDAS COMO DESDOBRAMENTO DA INICIAL.
1. Caracteriza-se a continuidade delitiva quando o agente, mediante mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem ossubseqüentesser havidos como
continuação do primeiro.
2. No caso, a paciente contratou um terceiro para matar seuex-cônjuge. Ocorre que a vítima
chegou ao local do crime acompanhado de outras duas pessoas, também vitimadas pelo
executor, que visava não deixar testemunhas da ação delituosa inicial.
3. Uma vez reconhecida a tese da continuidade delitiva, impõe-se o redimensionamento da
pena, nos ditames do art. 71, parágrafo único, do Código Penal. Tal tarefa deve ficar a cargo do
Juízo das Execuções, em razão de a condenação já ter transitado em julgado. (...)

(HC 77.814/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em


24/08/2010,DJe20/09/2010)
CONCURSO DE PESSOAS

É o número plural de pessoas concorrendo para o mesmo evento.

Classificação do delito quanto ao concurso de pessoas

Concurso eventual ou monossubjetivo


Pode ser cometido por uma ou várias pessoas. É a regra do CP.

Concurso necessário ouplurissubjetivo


Só pode ser praticado por número plural de agentes. O concurso passa a ser elementar do
tipo. Subdivide-se em:
De condutas paralelas– as várias condutas auxiliam-se mutuamente – Art. 288 do CP ;
De condutas contrapostas– as condutas praticadas umas contra as outras – Art. 137 do CP ;
De condutas convergentes– as condutas se encontram e desse modo nasce o crime – Art.
235 do CP .
Delito de concurso eventual
O crime pode ser praticado:
a) Por uma só pessoa – é o autor;
b) Por número plural de pessoas – autor +
partícipe; ou vários autores.

Portanto, classificam-se os crimes, quanto ao


número dos sujeitos dos delitos,
emMonossubjetivoseplurissubjetivos.
Quem é o autor do fato?

•Teoria do domínio do fato– autor é quem tem o


domínio final do fato, tem poder de decisão.
•Aplica-se a teoria do domínio do fato para a
delimitação entre coautoria e participação,
sendocoautoraquele que presta contribuição
independente, essencial à prática do delito, não
obrigatoriamente em sua execução.
•Entende-se porpartícipeo coadjuvante do crime.
O crime quer dizer fato determinado praticado
por autor conhecido e individualizado.
Punição do partícipe
A conduta do partícipe é acessória.

Teoria daacessoriedademédia ou limitada


- Teoria adotada pelo Código Penal
Para se punir o partícipe, a conduta principal
deve ser típica e ilícita.
Autoria mediata
Considera-se autor mediato aquele que, sem
realizar diretamente a conduta prevista no tipo,
comete o fato punível por meio de outra pessoa,
usada como seu instrumento.
Requisitos do concurso de pessoas
1) Pluralidade de agentes
Logicamente deve haver a participação de mais de um agente.
2) Relevância causal das várias condutas
É o nexo causal.
3) Liame subjetivo entre os agentes
•É o nexo psicológico. Deve o concorrente estar animado da consciência
que coopera e colabora para o ilícito, convergindo a sua vontade ao ponto
comum da vontade dos demais participantes.
•OBS1: é imprescindível a homogeneidade de elementos subjetivos. Só
existe participação dolosa em crime doloso; só existe participação culposa
em crime culposo.
•OBS2: liame subjetivo não significa, necessariamente, acordo de
vontades, reclamando apenas vontade de participar e cooperar na ação
de outrem.
Autoria colateral– fala-se em autoria colateral
quando dois agentes, embora convergindo suas
condutas para a prática de determinado fato
criminoso, não atuam unidos pelo liame
subjetivo.
ATENÇÃO
O agente responsável pelo resultado responde
por crime consumado; o outro, pela tentativa.
Autoria incerta– nada mais é que espécie de
autoria colateral, porém não se consegue
determinar qual dos comportamentos causou o
resultado.
ATENÇÃO
Na dúvida, os dois concorrentes respondem por
tentativa (aplicação doindubioproreo).
4) Identidade de infração penal
OBS: a doutrina moderna trata a “identidade de
infração penal” como consequência regra do
concurso de agentes e não como requisito.

Consequências do concurso de pessoas


Teoriamonistaou unitária
Os vários concorrentes respondem pela mesma
infração penal.ADOTADA. Art. 29 do CP .

“Art. 29 -Quem, de qualquer modo, concorre


para o crime incide nas penas a este cominadas,
na medida de sua culpabilidade.”
Teoria dualista
Os autores respondem por infrações penais
distintas dos partícipes.
Teoria pluralista
Os vários concorrentes respondem por infrações
diversas. Não há identidade de infrações.
IMPORTANTE
A teoria pluralista é usada como exceção. EX:
Art. 317 e Art. 333 do CP; Art. 124 e Art. 126 do
CP.É a exceção a teoriamonista.
Art. 29, §1º do CP . É a participação de menor importância.
É causa geral de diminuição de pena.
O que significa participação de menor importância?

Significa de pequena eficiência para a execução do crime.


Não se aplica para o caso de coautoria. Só é aplicável para a participação.

§ 1º- Se a participação for de menor importância, a pena pode ser


diminuída de um sexto a um terço.

A colaboração de menor importância, a facultar ao magistrado a redução


da pena, exvi do § I" do art. 29 do Código Penal. 'éaquela secundária,
praticamente dispensável, e que, embora dentro da causalidade, se não
prestada não impediria a realização do crime.
Art. 29, §2º do CP . É a participação em crime menos grave (cooperação dolosamente distinta).

§ 2º- Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a
pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.

EX: Caio eTíciocombinam furtar objetos da residência deMévio. Enquanto Caio, do lado de fora,
observa a aproximação de estranhos,Tícioentrou no imóvel para subtrair pertences.Tício,
surpreso, se depara comMévio, empregando violência para subtrair os objetos desejados.
O furto se transformou em roubo. Qual crime praticaTícioe qual pratica Caio?
Tíciopraticou roubo (empregou violência); já Caio vai responder de acordo:
Desdobramento (violência) imprevisível– Caio responde por furto;
Desdobramento (violência) previsível– Caio responde por furto com a pena aumentada de 1/2;
Desdobramento (violência) previsto e aceito– Caio responde por roubo (dolo eventual).
É possível participação por omissão?
Sim, desde que:
Oomitentetenha o dever jurídico de evitar o resultado (Art. 13,§2º do
CP );

§ 2º- A omissão é penalmente relevante quando oomitentedevia e podia


agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;(Incluído
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.
E se oomitentenão tem o dever jurídico de agir?
Ele não é personagem do Art. 13, §2º do CP. A
abstenção de atividade pode determinar uma
participação penalmente relevante se foi
anteriormente prometida peloomitentecomo
condição para o êxito da ação criminosa. EX: o
vizinho não tem o dever jurídico de impedir o
furto na casa ao lado; o segurança do
condomínio tem o dever de evitar. Se o vizinho
prometer aos criminosos que não faria nada,
responderá como partícipe.
CUIDADO
Se oomitentenão tinha o dever de agir, nem
prometeu sua omissão ao agente, temos mera
conivência impunível (participação negativa).
Como fica o concurso de pessoas em crimes omissivos?
OBS1: a doutrina admite participação em crime omissivo próprio.
EX: “A” induz “B” a não socorrer “C”. “A” é partícipe de omissão de
socorro.
OBS2: a doutrina diverge quanto à possibilidade de coautoria em
crime omissivo próprio.
1ª corrente – não admite, pois cada omitente é autor do crime
omissivo isoladamente;
2ª corrente – admite.
OBS3: a doutrina admite participação em crimes omissivos
impróprios. EX: “A” instiga “B” a não alimentar o próprio filho. “A”
é partícipe do homicídio por omissão imprópria, praticado pelo
“B”.
OBS4: prevalece ser possível coautoria em crime omissivo
impróprio. EX: o casal “A” e “B” deixa de alimentar o filho. “A” e
“B” são coautores.
Como fica o concurso de pessoas em crimes
culposos?
EX1: dois operários de obra que lançam na rua
uma tábua atingindo e matando o pedestre. É
caso de coautoria?
EX2: passageiro instiga motorista a acelerar o
veículo. Existe a figura do partícipe?
A maioria da doutrina admite coautoria, mas não
participação em crime culposo. O crime culposo
é normalmente definido por um tipo aberto, e
nele se encaixa todo e qualquer comportamento
que viola o dever de cuidado objetivo. Logo,
aconcausaçãoculposa importa sempre em
autoria.

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